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História Contemporânea (20 Unid - História - SEC) (1)

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HISTÓRIA
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA
Wagner Montanhini 
http://www.unar.edu.br
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Wagner Montanhini 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ............................................................................................................. 3 
PROGRAMA DA DISCIPLINA ..................................................................................................................... 4 
UNIDADE 01. O ILUMINISMO: POLÍTICA, CIÊNCIA E RAZÃO NA GERAÇÃO DAS “LUZES”.6 
UNIDADE 02. OS PENSADORES E SUAS IDEIAS ILUSTRADAS....................................................29 
UNIDADE 03. A REVOLUÇÃO FRANCESA: NOVOS CAMINHOS AO HOMEM 
CONTEMPORÂNEO.....................................................................................................................................40 
UNIDADE 04. AS FASES DA REVOLUÇÃO FRANCESA .................................................................. 45 
UNIDADE 05. A ERA NAPOLEÔNICA ................................................................................................... 55 
UNIDADE 06. O CONGRESSO DE VIENA ........................................................................................... 61 
UNIDADE 07. LIBERALISMO .................................................................................................................... 71 
UNIDADE 08. O SOCIALISMO: UM PARADIGMA ADVERSO AO LIBERALISMO .................82 
UNIDADE 09. AS REVOLUÇOES DE 1830, 1848 E A COMUNA DE PARIS...............................90 
UNIDADE 10. UNIFICAÇÃO ITALIANA A ALEMÃ ............................................................................ 95 
UNIDADE 11. O IMPERIALISMO ..........................................................................................................101 
UNIDADE 12. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-18).........................................................108 
UNIDADE 13. A REVOLUÇÃO RUSSA ................................................................................................116 
UNIDADE 14. NAZISMO E FASCISMO: UMA DIMENSÃO TOTALITÁRIA SEM 
PRECEDENTES. ...........................................................................................................................................125 
UNIDADE 15. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ............................................................................139 
UNIDADE 17. O MUNDO PÓS-GUERRA ..........................................................................................161 
UNIDADE 18. A REVOLUÇAO CUBANA E O SOCIALISMO NO MUNDO .............................165 
UNIDADE 19. CONFLITO ISRAELENSE-PALESTINO: UM CONFLITO DE VÁRIAS 
INTIFADAS SEM FIM ................................................................................................................................172 
UNIDADE 20. O PROCESSO DE DESCOLONIZAÇÃO AFROASIÁTICA ...................................177 
 
 
 
3 
 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
 
Caro aluno(a) seja bem-vindo(a)! 
A partir deste momento, você inicia o estudo da disciplina História 
Contemporânea em universo EAD. A História é uma disciplina que estuda as 
relações humanas ao longo dos séculos, feita de transformações e 
permanências, em vários aspectos e contextos das culturas. Por meio dela, 
podemos buscar a conscientização das pessoas, grupos sociais, em que vivem. 
Ao estudarmos a História Contemporânea, temos a compreensão do 
mundo atual em que vivemos, buscando respostas às indagações de nosso 
meio; de uma modernidade em que se observa, ao mesmo tempo, tolerância, 
guerra, paz, totalitarismo e direitos humanos. 
Nos estudos referentes à disciplina de História Contemporânea 
abordaremos: a questão do Iluminismo, política, ciência e razão na geração das 
“Luzes”; a Revolução Francesa e procuraremos entender os novos caminhos do 
homem contemporâneo e seus ideais de liberdade política; a Era Napoleônica e 
o Congresso de Viena; O Liberalismo e o socialismo procurando entender um 
pouco do novo olhar das ideologias políticas; as Revoluções de 1830, 1848 e a 
Comuna de Paris que são pontos principais para uma nova visão de socialismo 
e tomada de poder; o processo de unificação italiana e alemã; o Imperialismo e 
a Primeira Grande Guerra Mundial. Início de um século unindo tecnologia e 
morte; a Revolução Russa de 1917; o Nazismo e o fascismo: uma dimensão 
totalitária sem precedentes; a Segunda Guerra Mundial e as atrocidades do 
poder; o mundo Pós-Guerra: soviéticos e americanos na era do medo nuclear e 
o processo de descolonização Afro-asiática. 
Esperamos que você tenha um bom e profícuo período de estudos e que 
se valha de todos os recursos que o UNAR tem a lhe oferecer. 
 
4 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
Ementa 
A sociedade contemporânea nos aspectos sociais, econômicos, políticos 
e culturais. Sua forma de se organizar e as principais manifestações políticas e a 
constituição de uma nova ordem mundial. Os grandes blocos econômicos. A 
bipolarização mundial: capitalismo e socialismo. Movimentos políticos 
personificadores do poder. Reconfiguração da divisão política da Europa. 
 
Objetivos 
 Compreender os processos que se fizeram presentes nas rupturas e 
permanências da história ao longo dos séculos XVIII (final), XIX e XX. 
 Analisar os principais marcos da contemporaneidade, levantando com 
isso questões vivas para uma racionalidade histórica do homem presente. 
 
Bibliografia Básica 
ANDERSON, Perry. Considerações sobre Marxismo Ocidental. São Paulo: 
Brasiliense, 1989. 
HOBSBAWN, Eric J. A Era do Capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. 
______ A Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: 
Companhia das Letras, 1995. 
 
Bibliografia Complementar 
CARR, Edward Hallett. A Revolução Bolchevique (1917–1923). Porto: 
Afrontamentos, 1977. Vol. 1. 
FERRO, Marc. A Revolução Russa de 1917. 2ª Ed. São Paulo: Perspectiva, 
1988. 
HOBSBAWN, Eric J. e RANGER, Terence. A Invenção das Tradições. Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 1984. 
 
5 
 
HOBSBAWN, Eric. J. A Era das Revoluções. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e 
Terra, 1991. 
MARX, Karl. A Ideologia Alemã. 5ª. Ed. São Paulo: Hucitec, 1986. 
 
 
6 
 
UNIDADE 01. O ILUMINISMO: POLÍTICA, CIÊNCIA E 
RAZÃO NA GERAÇÃO DAS “LUZES”. 
Quase toda a história não é senão uma longa série de atrocidades 
desnecessárias. 
 (Voltaire, Ensaio sobre os costumes) 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos 
Identificar as principais características do iluminismo e seu impacto na 
forma de organização da cultura e da sociedade. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O Iluminismo propunha um conjunto de críticas da burguesia ao Antigo 
Regime que se compunha de mercantilismo, absolutismo e sociedade 
estamental. Mas, além das críticas, estava a proposta de uma nova ordem, 
formada pela liberdade econômica, democracia representativa e uma igualdade 
jurídica. Com isso, os principais pontos foram o racionalismo, o individualismo, a 
liberdade econômica, pensamento, expressão, defesa da propriedade privada e 
igualdade jurídica. 
Os passos do Iluminismo e as Formas da Razão. 
O termo iluminismo deriva propriamente do latim iluminare, designa um 
dos mais importantes períodos da História Moderna marcado pela sua vida 
intelectual e cultural. 
Sociedade e Cultura 
Em oposição à abordagem intelectual historiográfica do Iluminismo, que 
examina as várias correntes, ou discursos do pensamento intelectual, no 
contexto europeu durante os séculos XVII e XVIII, a abordagem cultural (ou 
 
7 
 
social) examina as mudanças culturais que ocorreram na sociedade e na cultura 
europeia. Sob essa abordagem, o Iluminismo é uma coleção de pensamento de 
um processo de mudança de sociabilidades e práticas culturais. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Revista Crítica Histórica Ano II, Nº 4, Dezembro/2011 ISSN 2177-9961 
 
O PENSAMENTO ILUMINISTA E ODESENCANTAMENTO DO MUNDO: 
Modernidade e a Revolução Francesa como marco paradigmático 
 
Vico Denis S. de Mello* 
Manuella Riane A. Donato** 
 
O presente trabalho busca analisar o processo de mudança da concepção 
entre antigo/moderno, passado/presente, além de como o iluminismo 
influenciou sobremaneira na formação de um pensamento hegemônico na 
sociedade ocidental. Ressalta-se que esse processo começa a ter maior 
aceitação entre os séculos XVII e XVIII. É nesta época que grandes cientistas e 
filósofos acabariam por estabelecer e mapear o campo teórico que ainda hoje 
nos sustentamos. 
Paradigmas consolidados em um primeiro momento no saber 
eclesiástico – a ideia da providência divina e na escatologia – e, em um segundo 
momento, no saber científico –consolidada pela Revolução Francesa – 
conjugado com a técnica, que proporcionaria uma mudança drástica no estilo 
de vida humano. A mudança trazida pela revolução capacitaria o“progresso” da 
sociedade: responsável pela promoção das potencialidades humanas e da 
condução do conhecimento tecnológico – vivenciados até hoje por nós. 
 
8 
 
Foi através de pensadores como Copérnico, Galileu, Newton – 
fundadores da ciência natural – e também por filósofos como Locke, 
Montesquieu e Rousseau que se deu o desenvolvimento do pensamento 
iluminista. Nesse movimento que iniciou e aprofundou-se o processo da 
transformação social e técnica – em detrimento da metafísica e dos cálculos 
esotéricos – sem precedentes na história da humanidade. 
Era, então, com a popularização da ciência que alcançaríamos um grau 
de desenvolvimento. Ou seja, este foi um dos ícones daquele século, que 
marcou o sucesso definitivo de uma doutrina geral de progresso. O avanço da 
astronomia – com a perda do privilégio cósmico da Terra – e a necessidade de 
admitir que podemos não estar sós no universo tiveram uma profunda 
influência no pensamento humano. O destino universal do homem, defendido 
pela Igreja, sofreu forte abalo; restava-nos perdidos na imensidão do universo, 
encontrar uma teoria menos grandiosa para iluminar nosso futuro de habitantes 
desse pequeno planeta (DUPAS, 2006, p. 40). 
Processo este, que levou à dissolução dos mitos e a substituição da 
imaginação pelo saber racional e científico. Dessa forma, terminada a era das 
explicações metafísicas, a racionalidade acabava por tomar seu lugar com 
sentido único e absoluto para a validação do conhecimento humano, perdendo 
a natureza o seu fator de encantamento e receio ao homem e passando a ser 
sobreposta pelo pensamento racional e técnico da sociedade (ADORNO; 
HORKHEIMER, 1985; SILVA, 2005). 
Todavia, seria só após a Revolução Francesa que este modelo de 
racionalidade se estenderia mais fortemente às outras nações e sociedades. 
Paradigmas que acabavam por reconduzir a duas distinções fundamentais do 
saber: primeiro, o conhecimento científico sobrepondo-se ao conhecimento 
religioso e do senso comum e; em segundo, entre a natureza e a sociedade. O 
 
9 
 
conhecimento, portanto, avançaria as fronteiras do imaginário e teria um caráter 
descomprometido e livre pela observação científica (SANTOS, 1987). 
 
O Antigo e o Passado 
O antigo e o passado podem ser determinados, a partir de uma visão 
ocidentalista, dentro de uma percepção da temporalidade histórica e seu 
processo de transmutação ao longo dos séculos. Estariam ligados diretamente à 
história da Cristandade, sustentada em dois pilares: a primeira seria a 
construção do medo, ou seja, a criação de perturbações no imaginário como: 
medo da noite, dos mares, do “outro”, do novo e do “moderno”, e; à espera do 
fim do mundo fundamentado na escatologia. 
A Igreja conseguiria afirmar seus preceitos, a partir da ascensão do 
cristianismo no continente europeu, desde o declínio do Império Romano ao 
fim da Idade Média. Com a expansão das navegações e das ciências, a idéia de 
providência continuou como dominantes no continente, mesmo à época da 
Reforma, onde todos esses formatos estariam ainda ligados à realidade 
histórica. 
E, apesar da Reforma surgir como um movimento de ruptura e de 
renovação religiosa, ela trazia consigo, também, todos os sinais do provável fim 
do mundo. Pois, apesar de trazer em suas bases uma renovação dos preceitos 
religiosos, ela não perdia a característica escatológica, fundamentada na própria 
bíblia. Chegaria o próprio Lutero1 a afirmar frequentemente o breve fim, não 
tardando mais que um ano. Isso acaba indicando uma abreviação temporal e de 
grande velocidade, embora permanecesse oculta a data desse possível fim. 
A Igreja era a garantia dessa ordem até que viesse o fim do mundo, não 
podendo, portanto, ser ameaçada a sua unidade. Assim, o futuro do mundo e o 
seu fim foram incorporados à Igreja. Percebemos através disto que o futuro é 
integrado ao tempo, mas não se localizando no fim dos tempos. Este último, 
 
10 
 
por entendimento, só pôde ser vivenciado, pois fora colocado em suspensão 
pela Igreja, permitindo a esta que se perpetuasse como a benfeitora da própria 
história da salvação. 
Entretanto, a celebração da paz religiosa em Augsburg marcaria o início 
do processo de derrocada dos partidos religiosos. Baseado na impossibilidade 
de encontrarem de fato um equilíbrio e união, entre as partes. Nesse sentido, a 
paz e a unidade religiosa deixariam de ser coisas idênticas. Paz significaria, 
agora, pacificar as frentes de batalha da guerra civil ou simplesmente congelá-
las. 
Tendo em vista a celebração deste acordo, este trazia consigo a 
necessidade de um novo princípio, o da “política” que viria a se disseminar mais 
fortemente no século seguinte, a qual os políticos valorizam em seu escopo, 
somente o temporal e não o eterno. Portanto, o que começara como uma 
guerra civil religiosa no Sacro Império Romano, terminava com um acordo de 
paz entre os senhores territoriais. 
Retirava-se desse ocorrido uma experiência acerca da idéia do fim dos 
tempos, reconhecendo-se que as guerras civis religiosas não prenunciariam o 
Juízo Final. A paz, então, só tornaria possível à medida que as potências 
religiosas se esgotassem ou se consumissem em luta aberta, à medida que 
fosse possível cooptá-las politicamente ou neutralizá-las. Iria se constituindo, 
através destes acontecimentos, em um novo e inédito tipo de futuro. 
Nesse sentido, é de constatar que as profecias acerca do fim do mundo, 
foram sendo adiadas cada vez mais, a partir do século XV. A própria astrologia 
teria um papel interessante à época, sendo levada ao descrédito com a 
ascensão das ciências naturais. As ciências naturais deslocavam o fim para um 
futuro cada vez mais distante, diferentemente das expectativas escatológicas. 
Por outro ângulo, o Sacro Império Romano-Germânico perdia sua função 
escatológica, com a formação de novos conceitos – como a de soberania por 
 
11 
 
Bodin, após a Paz de Westfália –, cabendo agora ao Estado a tarefa de 
manutenção da paz e não de um Império providencial. 
Portanto, o cálculo político e a contenção humanista delimitaram um 
novo horizonte para o futuro. Desta forma, o grande número de presságios em 
relação ao fim dos tempos e os que previam inúmeros eventos de menor 
abrangimento, seriam incapazes de prejudicar o curso das coisas humanas. 
Acabaria por ser inaugurado um tempo diferente e novo. 
 
A Modernidade e o Iluminismo 
Essa mudança subjetiva surgiria com a ideia de progresso, de ruptura 
com o passado – tratado brevemente na introdução. E, em geral, se encontraria 
associada com algum evento significativo tomado como um marco histórico – 
neste caso, a Revolução Francesa. Estaria por um lado, o prognóstico do 
racionalismo e, do outro, a filosofia da história. Assim, estes conceitos surgiriam 
em antagonia às antigas profecias, onde os homens poderiam ser os senhores 
de seu próprio destino e conhecedor das leis naturais – física e humana. 
Seria, também, com o adventoda filosofia da história, a inauguração da 
possibilidade de interpretação de um futuro inédito à nossa modernidade. 
Imiscuiria-se também na filosofia do progresso uma mistura entre prognósticos 
racionais e previsões de caráter salvacionistas. Essa concepção, de acordo com 
Chauí (2000, p. 59), seria de que os seres humanos, as sociedades, as ciências, as 
artes e as técnicas melhoram com o passar do tempo, acumulam conhecimento 
e práticas, aperfeiçoando-se cada vez mais, de modo que o presente é melhor e 
superior, se comparado ao passado, e o futuro será melhor e superior, se 
comparado ao presente. 
Assim, o progresso se desenvolveria na medida em que o Estado e seus 
prognósticos não fossem mais capazes de satisfazer a exigência soteriológica, e 
sua motivação seria forte o suficiente para chegar a um Estado que, em sua 
 
12 
 
existência, dependesse da eliminação das profecias apocalípticas (KOSELLECK, 
2007, p. 35-36). 
Deste modo, o futuro desse progresso se caracteriza pela aceleração que 
se poria à nossa frente e ao seu caráter desconhecido. A aceleração tornar-se-ia 
uma tarefa de planejamento temporal, principalmente a partir do século XVIII e 
pós-Revolução, onde o vetor fundamental da moderna filosofia da história seria 
o cidadão emancipado do absolutismo e da Igreja. 
Mas, isto só adviria através da arte do cálculo político, adquirindo seu 
refino ao longo dos séculos XV ao XVIII, sendo os pensadores do século XVIII, 
responsáveis sobremaneira pela mudança histórica abarcada pela Revolução. 
Resultado auferido pelo aprofundamento do pensamento iluminista, que 
acabaria por se conhecer como Século das Luzes. Pensamento este que tornaria 
o futuro um campo de possibilidades finitas, organizadas segundo o grau de 
probabilidade. 
Eliminava, então, a certeza ideológica dos partidos religiosos da chegada 
de um Juízo Final e de uma única alternativa entre o Bem ou o Mal. Ou seja, o 
Iluminismo introduzia a problemática da secularização no momento em que as 
ordens religiosas eram questionadas, além de denunciar as intromissões e 
injustiças promovidas pela instituição na política dos Estados. 
 
Formatação de novos paradigmas 
O pensamento iluminista tem como fundamentos a crença no poder da 
razão humana de compreender nossa verdadeira natureza e de ser consciente 
de nossas circunstâncias. O homem, então, creía ser o detentor de seu próprio 
destino, formulando o racionalismo e contrariando as imposições de caráter 
religioso, sua “razão” divina de existir, e os privilégios dados à nobreza e ao 
clero – ainda predominantes à época (séculos XVII e XVIII). 
 
13 
 
A preocupação com a ciência se originou do projeto de se fazer com que 
todo conhecimento fosse seguro. Seu bastião, René Descartes (1596-1650), 
propugnava a busca por proposições das quais não se pudesse duvidar, 
questionando o “método antigo” de costumes transmitidos. 
Descartes desenvolveu um método contrário aos citados costumes: se 
imaginasse a existência de uma dúvida – por menor que fosse – contida na 
afirmação de falsidade de um objeto, não o teria preliminarmente como falso, 
negando a dúvida e aquele que se propunha a negar, até que se eliminassem 
todas as dúvidas. 
O projeto iluminista esteve associado também a autores como 
Montesquieu (1689-1755), Rousseau (1712-1778), Kant (1724-1804), e aos 
empiristas ingleses Locke (1632-1704) e Hume (1711-1776). A liberdade 
individual se torna o centro da discussão sobre política, à medida que a filosofia 
política iluminista promovia a centralidade dos direitos individuais, 
diferenciando os compromissos dos antigos e medievais da ordem e hierarquia. 
Nesse sentido, podemos afirmar que o iluminismo teve sua primeira 
expressão teórica, mais concentrada, em fins do século XVII, com o inglês John 
Locke – considerado o pai do liberalismo –, preocupado em “modificar” a 
concepção de súditos da coroa britânica para cidadãos. Defenderia a liberdade 
e a tolerância religiosa, além de fundar o empirismo – o qual todo pensamento 
deriva de alguma experiência. 
A época vivenciada por Locke, e que resultou nos seus inúmeros 
trabalhos sobre a questão da liberdade, teria como ponto de influência o 
momento presenciado em vida. É nesse sentido que a Inglaterra vivia uma longa 
disputa entre a Coroa e o Parlamento – tendo como defensores da primeira, os 
Stuart e grande parte da nobreza e, da segunda, a burguesia ascendente, 
respectivamente. O país vivia uma grande guerra civil e de conturbação política, 
 
14 
 
social e econômica, nos anos referentes entre 1640-1689, com a vitória das 
forças parlamentares sobre a absolutista. 
É imerso nesse momento histórico que uma das grandes temáticas e de 
defesa do pensador inglês em suas obras consistiu em definir os direitos dos 
cidadãos e a responsabilidade do Estado para estes. Assim, buscou estabelecer 
o poder legislativo enquanto primeira lei natural fundamental, pois este 
emanaria diretamente da sociedade – tendo caráter de poder supremo, acima 
do executivo e federativo. 
Outro grande objetivo do ingresso dos homens em sociedade seria a 
posse da propriedade em paz e segurança, onde as leis estabelecidas nessa 
sociedade protegeriam o indivíduo. Esse poder teria caráter pétreo nas mãos da 
comunidade, uma vez que o tenha declarado. Assim, não poderia qualquer 
edito, ter a força e a obrigação de uma lei, se não tiver a sanção do legislativo, 
escolhido e nomeado pelos cidadãos. 
O pensamento lockeano acabou, também, por influenciar uma gama de 
intelectuais europeus, que discordavam da situação política no continente. Entre 
as nações européias, é na França, pré-1789, onde o pensamento liberal 
encontrou grande aceitação e divulgação de seus ideais. Nesse processo de 
aprofundamento filosófico da teoria, angariaram grande exposição, dois 
franceses: Montesquieu (1689-1755) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). 
O primeiro – citado logo acima – abarcou respeitabilidade e uma visão 
avançada a partir de suas obras “Cartas Persas” e, principalmente, em “O Espírito 
das Leis”. “Cartas Persas” foi uma obra de ficção escrita sob forma de cartas por 
um persa de passagem pela Europa à seus familiares que se encontravam em 
seu terra de origem. Essa obra, tem como relevância a tentativa do autor de 
desprender-se dos valores europeus culturais, emocionais e políticos e ver o 
continente de um ponto de vista externo – abarcado pelo estranhamento do 
viajante com a civilização européia e as diferenças; 
 
15 
 
Já “O Espírito das Leis” é vista como uma obra de importância ímpar na 
história da filosofia liberal, o qual defendia a divisão do poder político em 
Legislativo, Executivo e Judiciário, vindo ser a primeira a desenvolver a teoria da 
divisão de poderes, supracitados. Outra característica do pensamento de 
Montesquieu, de acordo com Althusser (1977, p. 24), é que A necessidade que 
governa a história, para começar a ser científica, deve deixar de beber a sua 
razão em qualquer ordem que transcenda a história. É, portanto necessário 
varrer do caminho da ciência pretensões de uma teologia ou de uma moral que 
pretenderiam ditar-lhes leis. (...) Não é a teologia que cabe enunciar a verdade 
dos factos da política. (...) introduzir a teologia em história, é confudir as ordens 
e misturar as ciências. 
Assim, Montesquieu buscava tentar explicar as leis e instituições 
humanas, sua permanência e evolução, através de leis da ciência política. Ou 
seja, tirava as leis de uma ordem natural, emanadas de Deus e imutáveis, para 
afirmar que é uma formulação humana, rompendo com a tradicional submissão 
da política à teologia. 
Rousseau se destacou entre os filósofos do “Século das Luzes” por suas 
críticas ao processo de evolução da ciência, assim como pela condição do povo 
nas questões políticosociais. 
Assim, afirmaria acidamente que a ciência e a ideia de progresso 
inconteste, promulgada por pensadoresdesde o século XV e aprofundada no 
pensamento iluminista, havia se corrompido. Para ele, ela não tinha produzido 
avanço significativo para a sociedade ao todo. 
Entretanto, isto não caracterizaria como uma recusa, mas sim com o 
intuito de um aprimoramento de seu ideal. 
Ou seja, para Rousseau (1985, p. 09), O que há de mais cruel é que todos 
os progressos da espécie humana distanciam-na cada vez mais de seu estado 
primitivo, quanto mais acumulamos novos conhecimentos, tanto mais nos 
 
16 
 
privamos dos meios de adquirir o mais importante de todos, e que é, de certa 
forma, de tanto estudar o homem que perdemos a capacidade de conhecê-lo. 
Tratou exaustivamente sobre diversos temas da filosofia política, como o 
estado civil, da liberdade civil e entre o governo e o soberano7. O que o 
colocaria em destaque entre os que inovaram no pensamento político estaria a 
defesa da concepção do exercício da soberania pelo povo, como garantia para 
sua libertação. Afirmaria que a primeira e mais importante consequência dos 
princípios acima estabelecidos está em que somente a vontade geral tem 
possibilidade de dirigir as forças do Estado, segundo o fim da sua instituição, 
isto é, o bem comum. 
O autor do projeto de paz perpétua definiu soberania não como 
independência, mas como liberdade moral, o que vem a derrubar a 
incompatibilidade entre a soberania e a participação em uma confederação com 
outras soberanias. É através da possibilidade de fazer o que se pretende sem 
oposição, sem temer os resultados e sem ofender ninguém, que se tem maior 
liberdade, ou seja, a independência de uma soberania se realiza quando numa 
sociedade em que há confiança, segurança e justiça entre as partes: “when no 
sovereign is able to offend the common interests, each can be ‘free’ as well as 
‘independent’”(ROUSSEAU apud AIKO, 2006). 
Tendo isso em vista, a soberania seria um exercício da vontade geral, a 
qual jamais poderia se tornar fruto de alienação. Ela viria a balizar e dar 
assistência na formatação de um estado democrático, que garantisse o viés da 
igualdade para todos os cidadãos. 
É nesse sentido, que o movimento Iluminista surgia pela França em 
meados do século XVII, e defendendo o domínio da razão sobre a visão 
teocêntrica que predominava na Europa Não será tratado nesse artigo outros 
pontos levantados por Rousseau – como a questão do estado de natureza, 
contrato social, etc. –, em vista da temática proposta por este trabalho. 
 
17 
 
desde a Idade Média. Esta forma de pensamento advinha fortemente dos ideais 
liberais e tinha como propósito, o de iluminar as “trevas” em que se encontrava 
a sociedade européia dos regimes absolutistas. 
Os filósofos que defendiam estes ideais – tratados anteriomente –, 
acreditavam que o pensamento racional deveria se sobrepor às crenças 
religiosas e ao misticismo, predominantes àquela época, e que, segundo eles, 
bloqueavam o progresso do homem. Nesse sentido, o homem deveria ser o 
centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram 
justificadas somente pela fé. 
A filosofia iluminista se prostrava otimisticamente, pois acreditava no 
progresso por meio do uso crítico e construtivo da razão, sendo o homem o 
detentor de seu próprio destino e formulador do racionalismo. Por esta 
perspectiva, contrariavam as imposições de caráter religioso, ao absolutismo e 
sua “razão” divina, além dos privilégios dados à nobreza e ao clero O 
movimento atingiria o seu apogeu no século XVIII, o qual passaria a ser 
conhecido como o “Século das Luzes”. O Iluminismo encontrou maior força e 
recepção aos seus princípios na França – palco de problemas econômicos, 
religiosos, políticos e sociais –, onde influenciaria sobremaneira a Revolução 
Francesa através da: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” – lema basilar no 
processo revolucionário. 
É através destas formulações teóricas que tornou possível transportar 
para a realidade histórica – antes dominadas pelo pensamento clerical e 
escatológico –, ficções como o império que deveria durar mil anos ou a 
sociedade sem classe. Seria necessário um indicativo histórico, que visasse 
ultrapassar os prognósticos racionais, relativizando o projeto dessa mesma 
filosofia. 
Portanto, é a partir destas percepções que a Revolução Francesa poderia 
ser vista como a última grande querela dos antigos e dos modernos: querela 
 
18 
 
política, focalizada sobre a questão da liberdade, mas onde, no fundo, cada qual 
se pretendia moderno. É nessa perspectiva, que os revolucionários se lançavam 
a fio para se tornarem plenamente moderno, lançando mão das “antigas 
repúblicas” (KOSELLECK, 2007). 
 
Revolução e Mudança na Perspectiva Histórica 
A construção e o estabelecimento dessas perspectivas de visão de 
mundo viriam a influenciar os movimentos revolucionários, tendo a Revolução 
Francesa como marco histórico desse rompimento. Outra marca do pós-1789 na 
concepção de revolução, seria a introdução da “experiência”, da “esperança”, do 
“progresso” e do “escopo universalista”, de cunho epocal. 
Assim, esta Revolução se diferenciaria das demais revoluções liberais 
ocorridas – caso da Americana, em um grau menor, e, em maior relevância, da 
Inglesa – pela sua forma e por seus ideais fundamentais. Traria em suas 
reivindicações, movimentos de cunhos sociais descontentes com a exclusão e 
opressão das populações não-privilegiadas. Se basearia, não apenas de uma 
mudança social, mas de mudança social com caráter de emancipação – 
caracterizando como uma nova era das “sociedades”. 
Portanto, para entender este processo, o atual capítulo buscou lançar 
mão de uma pesquisa acerca do movimento revolucionário francês, detendo-se 
numa análise do Terceiro Estado e sua densa participação no processo. Além 
disto, visou-se examinar o arcabouço conceitual trazidos pelo iluminismo, sua 
influência pré e pós-Revolução Francesa e a ascensão do universalismo, que 
levariam a cisão com os ideários até então predominantes. 
O Terceiro Estado Na vigência do Antigo Regime, na França, os Estados 
Gerais representavam o reino em épocas de conturbações políticas, sociais, 
religiosas ou econômicas. A datação da primeira atuação dos Estados Gerais 
pode ser creditada em 1483, pelo falecimento de Luís XI, os quais foram 
 
19 
 
convidados a emitir um parecer acerca da organização da regência. Foram ainda 
reunidos em 1560, na tentativa de remediar uma crise financeira; em 1576-77 e 
1588-89, por motivos de questões religiosas, e; em 1614, pelo assassinato de 
Henrique IV, levando, consequentemente, a uma rebelião. 
No entanto, os Estados Gerais só deviam suas reuniões a partir da 
iniciativa do governo que os mantinham ou os extiguiam, conforme bem 
entendesse. Estes não detinham, portanto, poder decisório no reino, tornando-
se mais em uma representação com intuito de prover consenso ao monarca, ao 
qual daria subsídios e apoio a decisões políticas e econômicas tomadas pelo 
regente. 
Os Estados Gerais ficariam inativos por mais de um século, em vista do 
fortalecimento e consolidação do regime monárquico, no reinado de Luis XIV 
(1643-1715). Este tipo de regime alcançaria tanto o seu ponto máximo como 
também a sua decadência. Pois, não haveria mais de ter os meios necessários 
para o provimento da evolução econômica e produtiva exigidas por sua época, 
tendo o regime feudal já cumprido o seu tempo (MANFRED, 1965, p. 08). 
Só em fins do século XVIII – mais precisamente em 1788 – que o rei Luis 
XVI convocaria os seus “Estados”. Assim como das outras situações constatadas 
anteriormente, esta adviria de uma crise sistêmica. Crise esta, baseada no 
estrangulamento do regime absolutista, além dos problemas de cunho 
produtivo como: déficit financeiro, escassez de gêneros alimentícios e pressão 
popular. 
É nas palavras de Hobsbawm (2007, p. 90) que se percebe a tentativa 
desta instituição e sua respectiva queda, aqual a primeira brecha no fronte do 
absolutismo foi uma “assembléia dos notáveis” escolhidos a dedo, mas assim 
mesmo rebeldes, convocadas em 1787 para satisfazer as exigências 
governamentais. A segunda e decisiva brecha foi a desesperada decisão de 
convocar os Estados Gerais, a velha assembléia feudal do reino, enterrada desde 
 
20 
 
1614. Assim, a revolução começou como uma tentativa aristocrática de retomar 
o Estado. Esta tentativa foi mal calculada por duas razões: ela subestimou as 
intenções independentes do ‘Terceiro Estado’ – a entidade fictícia destinada a 
representar todos os que não eram nobres nem membros do clero, mas de fato 
dominada pela classe média – e desprezou a profunda crise socio-econômica 
no meio da qual lançava suas exigências políticas. 
É inserido nessa conturbação política e por pressão dos parlamentos que 
exigiam que, qualquer reforma tivesse o crivo dos Estados-Gerais. Acabaria isto 
por gerar outros tipos de reivindicações, como a ascensão de um ator inédito 
na respectiva conjuntura: o Terceiro Estado. 
Buscaria uma maior representação no interior da instituição, aspirando 
uma igualdade as outras duas ordens e tentar pôr em prática sua 
preponderância pelo voto individual. 
Esse número de demandas promovidas pelo Terceiro Estado era em vista 
de sua inoperância em relação ao Primeiro e Segundo Estado. As duas primeiras 
ordens tinham preponderância sobre o poder popular, visto que a forma de 
votação dos “Estados” se dava por ordens e não por voto individual – 
caracterizado como a grande reivindicação das camadas mais baixas. Esse 
detrimento também pode ser visto pelo número que cada Estado representava 
na nação. 
É nesse sentido que Siyés (1943, p. 62-65) analisa os números de 
representados referentes a cada ordem e a disparidade destes na realidade 
social francesa. Assim, o Primeiro Estado – formado pelo clero –, representava 
80.400 eclesiásticos. Já o Segundo – formado pela nobreza –, tinham na sua 
base 110.000 nobres. Por último, o Terceiro detinha entre 25 a 26 milhões de 
pessoas na nação – abarcadas em sua amplitude por camponeses, pequenos 
burgueses e artesãos. 
 
21 
 
Essa desproporção seria responsável pela maior parte das exigências da 
ordem inferior, assim como a presença de princípios liberais em seu escopo 
basilar. Haveria então uma pressão para o Terceiro Estado convocar e compor a 
Assembléia Nacional, pois teria a procuração da maioria. Também estaria 
garantido na razão e na equidade, buscando garantir os direitos civis e políticos, 
já que nenhuma das outras ordens seriam representantes da nação. Portanto, o 
movimento posto pelo Terceiro Estado seria o “pontapé” inicial para Grande 
Revolução. 
 
A Revolução 
A França vivia no extremo de uma revolução, devido às situações sociais, 
à enorme insatisfação popular e crise econômica. Somando-se as exigências do 
Terceiro Estado e sua maior atuação com o povo, ficou uma situação 
insustentável para o absolutismo. É nesse sentido que a população, em 
14/07/1789, tomaria o poder e destronaria a monarquia, comandada pelo rei 
Luis XVI, marcando o início do processo revolucionário. Tomariam como 
primeiro alvo a Bastilha, prisão política e símbolo da monarquia francesa. 
No desenrolar da guerra civil, a Assembléia Constituinte inicia reunião 
com intuito de dar provimento ao movimento. Os deputados aprovariam a 
abolição dos direitos feudais como: as obrigações devidas pelos camponeses ao 
rei e à Igreja; as obrigações devidas aos nobres, e; o cancelamento de todos os 
direitos feudais sobre o campesinato. 
Em menos de um mês após a queda da Bastilha – mais exatamento no 
mês de agosto de 1789 –, a Assembléia Constituinte promulgaria a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão. Este documento, de importância ímpar, 
trazia em seu escopo significativos avanços sociais, garantia de direitos iguais 
aos cidadãos e maior participação política para o povo. Além destes avanços, 
 
22 
 
ele teria grande repercussão pela sua intenção de se tomar como um preceito 
universal. 
Com o aprofundamento da revolução, o rei Luis XVI tentou fugir em 
meados de 1791, mas sendo capturado ainda na França. Com o receio de que o 
movimento se espalhasse pelo continente, diversos países começam a 
movimentar-se para sufocar a revolução. Entretanto, a ameaça de invasão 
acabava por aumentar a radicalização interna, que desembocaria na época do 
Terror. 
Mas é relevante ressaltar que nem todas as situações de extremo perigo 
nacional levam os povos ao Terror revolucionário. A verdade é que o Terror faz 
parte da ideologia revolucionária, na qual supervaloriza o sentido das 
“circunstâncias”. Não há circunstâncias revolucionárias, mas sim, uma Revolução 
que se alimenta de circunstâncias. As “circunstâncias” formam o terreno sobre o 
qual esse sistema se desenvolve e ocupa a esfera do poder, produzindo o tecido 
factual da história da Revolução (FURET, 1989). 
Nesse sentido, os girondinos eram, desde o fim de 1791, os apóstolos 
mais eloquentes da guerra contra o monarca, por estarem convencidos que esta 
é a condição de seu poder, tendo à sua frente Robespierre. E, o extremo perigo 
nacional daria uma aparência de justificação racional à conspiração dos 
adversários e às violências da repressão. Esse tipo de situação constituiria num 
terreno favorável à intensificação da guerra civil e o derramamente de sangue, 
perdendo a revolução sua razão inicial. Não teria, à época, nenhum lugar para a 
política, além do consenso ou da morte. 
É durante esse processo revolucionário, que grande parte da nobreza 
deixa a França, além da tentativa de fuga da família real. Preso os integrantes da 
monarquia, entre eles o rei Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta, tiveram como 
destino a guilhotina em 1793. Tornava-se o regicídio na França o segundo 
 
23 
 
acontecimento na história do continente europeu. O clero também não sairia 
impune, tendo os bens da Igreja confiscados. 
Mas, com a intensificação e o receio dos rumos tomados pelas medidas 
da Salvação, Robespierre acabava por ser deposto. Assim, buscou-se restaurar a 
legitimidade representativa, tão expressada na raiz da revolução. Eles, portanto, 
fizeram mais que parar o “Terror”, o desmoralizam como forma de poder. No 
entanto, ainda apelariam a ele, envergonhadamente, em certos momentos, 
como se fosse um expediente e não mais um princípio. Este episódio ficaria 
conhecido como “9 Termidor” – revolta contra a política do Terror. 
O “9 Termidor” colocaria colocaria fim à exclusão das massas no governo 
da República. 
Essa participação era completamente inexistente na ditadura 
robespierrista, a qual esse sistema de poder que os conjurados derrubam, não 
mais seria utilizado. Portanto, se o Terror tornou-se “impossível” após “9 
Termidor”, isso se deveu simplesmente ao fato de a sociedade ter recuperado 
sua autonomia em relação à situação política. 
Mas seriam outros acontecimentos que fariam a Revolução Francesa 
perdurar como a promotora e detentora destes paradigmas. Seria, portanto, só 
após o seu estrondar que a sociedade ocidental se assentaria sobre as suas 
bases. 
 
Ruptura Paradigmática 
É a partir da Revolução Francesa que haveria a possibilidade de desenhar 
um espaço político inédito, invocando-se ao mesmo tempo os heróis da 
Antiguidade e recusando sua imitação, em nome da proclamada e inovadora 
revolução. Assim, a Antiguidade invocada, era uma figura de ruptura e também 
tranqüilizadora, pois procuravam fazer com que o passado viesse para o 
 
24 
 
presente, com intuito de se fazerem reconhecidos e exprimir o inédito de sua 
própria ação. 
Assim, derrubaria por completo o regime absolutista feudal, além de 
golpear a feudalidade mortalmente, abrindo espaço para o progresso 
capitalista. Ao mesmo tempo, a revolução destruiu as relações de produção 
medievais e harmonizaria as novas formas de produçãoadvindas da Revolução 
Industrial. A Revolução francesa, inauguraria, então, a livre iniciativa privada – 
em detrimento da idéia do público – e a consolidação do desenvolvimento 
capitalista. 
O exército teria a sua criação e consolidação a partir da revolução, 
perdendo o caráter de voluntarismo. Esse “voluntarismo” era representado pela 
nobreza, a representante e detentores dos altos cargos da instituição. Com o 
fim desta política de organização militar, se instalaria na instituição o 
convocamento obrigatório, estendido para todos os homens da nação. 
Outra mudança seria o fim dos privilégios e a diferenciação por castas na 
sociedade francesa – e logo depois espalhada pelo ocidente. Seria introduzido a 
concepção da meritocracia, em detrimento dos títulos nobiliárquicos. Ou seja, a 
forma de ascensão social, econômica ou política se daria não mais por títulos, 
mas sim pelo mérito pessoal, intransferível. 
O indivíduo se tornaria o ente máximo no e pós-Revolução, tornando-se 
os detentores de direitos, como indicado pela “Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão”, aprovada pela Assembléia Constituinte Francesa em 
26/08/1789. Segundo os preceitos de que “os homens nascem e permanecem 
livres e iguais em direito; a associação política tem por finalidade assegurar a 
liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. 
Assim, o indivíduo exprimiria a afirmação e a sua liberdade a um grupo, à 
sociedade e ao Estado. Diferentemente à época medieval, onde o indivíduo era 
 
25 
 
visto como parte do coletivo, não sendo destacável do todo, a Revolução 
quebraria uma vez por todas com esse pensamento. 
O homem seria colocado como o centro do universo, livre e responsável 
pelos seus atos, além de base para implementação de um Estado democrático. 
Caberia então, elaborar a distância entre uma nação moderna e as pequenas 
repúblicas da antiguidade, entendendo a liberdade dos antigos e a liberdade 
dos modernos. Nesse intuito, a liberdade moderna seria nada menos que a 
liberdade civil/individual e a liberdade antiga, a participação coletiva dos 
cidadãos no exercício da soberania. 
A ciência, portanto, seria atingida por um novo paradigma, abarcada por 
uma dimensão social e pessoal, atingindo as regiões mais profundas da 
existência humana. Perderia o os valores eclesiásticos, predominantes em seu 
pensamento pré-liberais. O Universo perderia o seu encanto. Além de ser 
despojado das suas características mais significativas, que dariam, 
subjetivamente, sentido à vida como um todo. 
Era cavado, portanto, uma distância longínqua entre o homem antigo e o 
moderno. Em relação ao primeiro, respectivamente, fonte de uma participação 
ativa e constante do poder coletivo; já ao segundo, fruto de uma soberania que 
já não era mais que uma suposição abstrata, obtendo o gozo sossegado da 
independência privada. 
Considerações Finais O presente trabalho busca analisar a Revolução 
Francesa e suas mudanças de paradigmas na sociedade ocidental. Fruto dessas 
mudanças paradigmáticas encontra-se a evolução do pensamento liberal e suas 
vertentes, como grandes responsáveis pelos movimentos de ruptura no sistema 
internacional e de Estados, além da subjetividade do pensamento humanístico, 
que desembocaria no que conhecemos como modernidade. 
Como elencado, a ideia de modernidade surge através da possibilidade 
de separação entre o antigo e passado, pelo presente e moderno. Essa 
 
26 
 
separação visava relatar os antagonismos entre as duas “épocas” e suas 
mudanças conceituais acerca de/do mundo. 
O antigo, representado pelo pensamento clerical e sustentados pela ideia 
da escatologia e da providência divina, visaria à manutenção de um status quo 
da Igreja sobre a sociedade. 
Preponderância esta, baseada no medo como uma forma de dominação 
do imaginário coletivo. 
Teria este como ponto principal a afirmação da brevidade do fim dos tempos. 
O pensamento liberal e os filósofos – e claro, dos cientistas do 
renascimento até o Século das Luzes – representantes do Iluminismo, viriam a 
romper com essa forma de pensamento pré-Revolução Francesa, até então 
dominante. Colocaria o homem no centro do universo, tirando a concepção da 
providência divina dos acontecimentos históricos. O indivíduo também surgiria 
como um ente a parte, tendo sua importância elevada a maior nível. 
A Revolução Francesa seria esse marco histórico, como fator chave de 
ruptura paradigmática no pensamento ocidental. A Igreja perderia o espaço na 
sociedade como fonte do “saber”, ficando relegada na incumbência de 
transmissão da fé – sem mais indícios de uma actualidade crível ou científica. 
Assim, a ciência se destacaria como detentora e promotora da construção dos 
saberes. 
Nesse sentido, a modernidade teria incrustado na sociedade as formas 
de pensamento trazidas pelo pensamento liberal, em sua maior parte. Tendo o 
homem saído de um mero expectador dos acontecimentos históricos, políticos 
e sociais – base do pensamento eclesiástico – , para um agente ativo e indutor 
das ações humanas. Portanto, o homem tomaria para si as “rédias” dos novos 
rumos da sociedade levando a concepção de progresso as ciências – físicas, 
sociais e humanas. 
 
 
27 
 
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29 
 
FISIOCRATAS: Inspirados pelos conceitos da razão iluminista, o integrantesdesta escola tentaram definir quais seriam as leis que naturalmente regiam 
o desenvolvimento de qualquer economia. Para eles, toda aquela prática 
que fosse empiricamente apontada como natural ao desenvolvimento 
econômico não poderia ser maléfica, pois ela estaria harmoniosamente 
ligada às demais leis que regem a natureza e o comportamento do homem. 
Nesse sentido, os fisiocratas tiveram interesse particular em refletir sobre as 
ações orientadoras das políticas mercantilistas, que, nessa época, 
predominavam em boa parte dos governos europeus. Segundo suas 
concepções, as diversas intervenções que marcavam as políticas 
mercantilistas não poderiam garantir um desenvolvimento real da 
economia, já que eram estabelecidas pelos instrumentos de intervenção 
política do governo monárquico. 
De acordo com a fisiocracia, o lucro gerado pela indústria e pelo comércio 
não poderiam ser geradores de riqueza. As mercadorias e outros bens que 
circulavam nesses dois setores econômicos somente representavam uma 
transformação daquilo que era gerado pelo uso da terra, lugar que seria 
fonte de toda e qualquer riqueza. Desse modo, o pensamento fisiocrata 
acreditava que os proprietários de terra deveriam ser vistos como os 
verdadeiros geradores de toda a riqueza nacional. 
Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/historiageral/fisiocracia.htm. 
Acesso em 18 de junho de 2011. 
UNIDADE 02. OS PENSADORES E SUAS IDEIAS 
ILUSTRADAS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos 
 Analisar os postulados dos principais pensadores: John Locke, Kant, 
Rousseau e Montesquieu. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Alguns iluministas formavam escolas de conhecimento, como os 
fisiocratas (physis = Natureza), entre eles Quesnay e Gournay onde se 
baseavam no chamado Quadro Econômico, segundo o qual a riqueza de uma 
nação se baseia na agricultura. Além disso, eram contra a intervenção do Estado 
na economia. 
 
30 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Para o pensamento de John Locke, destacadamente na sua obra 
intitulada Segundo Tratado Sobre o Governo Civil, os homens viviam num 
completo estado de Natureza, sem governo, sem leis, sem instituições, com 
direitos naturais do homem como o direito à vida, liberdade e à propriedade. 
Locke produz também o Contrato Social e a ideia de governo civil, cuja 
finalidade do Estado está em garantir os direitos naturais dos homens, como o 
direito à rebelião. 
 
John Locke. Quadro pintado por Sir Godfrey Kneller 
 
"A liberdade natural do homem não está a reconhecer qualquer poder sobre a 
terra que é maior, de estar submetida à vontade ou da autoridade legislativa da 
liberdade s pessoa (...). homem na sociedade não deve ser vinculado 
exclusivamente pelo legislador estabelecido por acordo mútuo com o Estado, e 
não reconhecer qualquer autoridade ou qualquer outra lei do que aqueles 
criados por este poder, em a missão confiada a ele (...). É evidente, portanto, que 
a monarquia absoluta, considerada por alguns como o único governo no 
mundo, é de fato incompatível com a sociedade civil (...). O vasto fim para o 
qual os homens entram em sociedade é desfrutar de suas propriedades em paz 
e segurança. Mas fazer leis nesta sociedade é a melhor maneira de atingir este 
fim. Como resultado, em todos os estados, primeira e fundamental lei positiva é 
aquela que estabelece a autoridade legal (...). E não há edital, qualquer que seja 
 
31 
 
sua forma ou o poder que a sustenta, tem força de lei se ele não é aprovado 
pelo Legislativo, escolhido e nomeado pelo povo (...). 
 
Outro intelectual de destaque foi Charles-Louis de Secondat, barão de La 
Brède et de Montesquieu, conhecido como Montesquieu (batizado em 18 de 
janeiro de 1689 no castelo de La Brède em Bordeaux, 10 de fevereiro de 1755 
em Paris). Foi um escritor francês, filósofo e teórico político do Iluminismo. Ele é 
considerado o precursor da sociologia, grande filósofo político e co-fundador 
da história moderna da ciência. 
O Barão de Montesquieu escreveu o livro “O Espírito das Leis”, em que 
propõe a divisão dos poderes legislativo, executivo, judiciário. São poderes 
independentes e marcados pela Monarquia constitucional e pelo voto 
censitário. 
 Barão de Montesquieu 
 
Dos Três Poderes (Montesquieu, 1689-1755) 
"(...) Nas democracias o povo parece fazer o que ele quer, mas a 
liberdade política não consiste em fazer o que queremos. Em um estado que 
está a dizer em uma sociedade onde existem leis, a liberdade só pode consistir 
capaz de fazer o que devemos desejar e não ser obrigado a fazer o que não 
devemos tentar. 
Temos que colocar em mente o que é independência, eo que significa 
liberdade. Liberdade é o direito de fazer o que as leis o permitirem, e se um 
 
32 
 
cidadão pudesse fazer o que eles defendem, não teria a liberdade, porque os 
outros ainda teria esse poder. 
A democracia ea aristocracia não são Estados livres por natureza. A 
liberdade política só se encontra nos governos moderados. Mas não é sempre 
nos Estados moderados, e isso é que quando não há abuso de poder, mas é 
uma experiência eterna que todo homem que tem poder é aumentado para 
abuso, ele vai até que ele encontra seus limites. (...) 
Para não se pode abusar do poder, deve, pelo arranjo das coisas, o poder 
pode conferir poder. Uma constituição pode ser tal que ninguém será forçado a 
fazer coisas que a lei não exige isso, e não fazer aquelas a lei permite. (...) 
Existe em cada Estado três tipos de poder: o poder legislativo, poder 
executivo das coisas que dependem do direito internacional e do poder 
executivo daquelas que dependem do direito civil. 
No primeiro, o príncipe ou magistrado faz leis por um tempo ou para 
sempre, e corrige ou revoga os feitos. Para o segundo, ele faz a paz ou a guerra, 
envia ou recebe embaixadas, estabelece a segurança pública, impedir invasões. 
No terceiro, ele pune os criminosos, ou julgar disputas dos indivíduos. 
Chamamos-lhe o poder de julgar e, o outro simplesmente poder executivo do 
estado. 
A liberdade política num cidadão é que a paz de espírito que vem da 
opinião de cada pessoa tem de sua segurança, e para ter essa liberdade, o 
governo deve ser tal que um cidadão não pode ter medo de um outro cidadão. 
Quando a mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistrados, o poder 
legislativo está unido com o poder executivo, não há liberdade, porque as 
apreensões podem resultar que o mesmo monarca ou senado faz as mesmas 
leis tirânicas para executar. 
Ainda não há liberdade se o poder de julgar não estiver separado do 
poder legislativo e do executivo. Se fosse unido ao poder legislativo, o poder 
 
33 
 
sobre a vida e a liberdade dos cidadãos seria arbitrário, pois o juiz seria 
legislador. Se fosse ligado ao poder executivo, o juiz poderia ter a força de um 
opressor. 
trecho de Charles de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, "De 
l'Esprit des Lois", XI, Capítulos III-VI. Genebra, 1748. Editado por Robert 
DERATHÉ, Paris, Garnier, 2 volumes, 1973, p. LXXXII-566, 753 p 
Os cafés do século XVIII 
"O café está em uso em Paris. Há um grande número de casas públicas onde é 
distribuído, em algumas destas casas, segundo dizem, o novo; em outros, 
vamos jogar xadrez há um, onde se prepara o café para que ele dê o espírito 
para aqueles que lá estão: no mínimo, todos aqueles que deixam, não há 
ninguém que não acredita que ele tem quatro vezes mais do que quando 
entrou nela. 
Mas o que me choca em relação a estas grandes mentes é que eles não vão 
ajudar o seu país, e divertir os seus talentos para as coisas infantis. Por exemplo, 
quando cheguei em Paris, descobri-los em uma discussão acalorada, o mais fino 
pode-se imaginar: era a reputação de um velho poeta grego, cujos últimos dois 
mil anos, não está claro país, bem como a data da sua morte (1). Ambas as 
partes admitiram que foi um grande poeta, ele era apenas uma questão de 
mérito, mais ou menos que ele lhe dera.Todos queriam dar o ritmo, mas entre 
os distribuidores de reputação, alguns eram melhores do que o outro peso. Que 
a briga! Ela era muito forte, pois é disse cordialmente, em ambos os lados, de 
tal graves insultos, piadas se era amargo, que eu admirava, pelo menos não 
como jogar, o objecto do litígio ". 
excerto de Montesquieu, Cartas Persas, 1721, Carta XXXVI. 
 
Kant, filósofo alemão do Iluminismo, nasceu em Königsberg, em 22 de 
abril de 1724, morreu na mesma cidade, em 12 de fevereiro, 1804. Ele é um dos 
 
34 
 
mais importantes representantes da filosofia ocidental. Sua Crítica da Razão 
Pura marca uma viragem na história da filosofia e o início da filosofia moderna. 
Não só no campo da epistemologia, mas também na ética com o trabalho de 
base Crítica da Razão Prática e da estética e da Crítica do Juízo. Seus principais 
escritos são sobre o direito, religião e filosofia da história. De seu pensamento 
foi criada uma perspectiva nova e abrangente da filosofia, na qual a discussão 
para o século XXI ainda se faz presente. 
 
 
Imanuel Kant 
"Iluminismo é a saída do homem de estado minoritário que ele deve ser 
imputada a ele. Imaturidade é a incapacidade de confiar em seu próprio 
entendimento sem a orientação de outro. Atribuível aos acionistas minoritários 
se esta é a causa dela não depende de falta de inteligência, mas a falta de 
decisão e coragem de usar seu próprio entendimento sem a orientação de 
outro. Sapere Aude! Tenha a coragem de usar sua própria inteligência! - É, 
portanto, o lema do esclarecimento. Só que não há necessidade para essa luz 
que a liberdade, e os mais nocivos de todas as liberdades, isto é, para fazer uso 
público da razão em todos os campos. Mas eu ouço de todos os lados a gritar: - 
Não discuta! - O policial diz: - Não discuta, faça exercícios militares. - A 
utilização dos fundos: - Não discuta, pagar! - O homem da igreja: - Não discuta, 
mas acredito. " 
 
35 
 
 (Immanuel Kant, "Resposta à Pergunta: O que é Iluminismo) 
Resposta à pergunta: Que é "Esclarecimento"?(Aufklärung). In: Textos 
Seletos. Trad. Floriano de Sousa Fernandes. 3ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 
2005c. 
 
Jean-Jacques Rousseau, nascido em 28 de junho de 1712, em Genebra, 
Suíça, foi um escritor calvinista, filósofo, educador, naturalista e compositor do 
Iluminismo. O filósofo é um dos grandes precursores da Revolução Francesa e 
teve grande influência sobre a pedagogia e as teorias políticas dos séculos XIX e 
XX. Suas principais obras são:Tratado sobre a ciência e arte, 1750; Tratado sobre 
a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, em 1755; Julia ou a 
Nova Heloísa, 1761; O Contrato Social ou Princípios de Direito Constitucional, 
1762; Emílio ou a educação; Confissões, 1782; Os sonhos do caminhante solitário, 
1782; Dicionário de Música, 1768 
Rousseau iniciou duas das mais famosas peças do teatro "burguês" do 
Século XIX: aldeia com o jornalista para sua Lettre sur la musique française 
(1753), apoiado Intermezzo Le Devin du (1752), fundou a Ópera Cómica, e com 
o seu Pigmaleão melodrama (1770, música de Coignet) criou o 
Theatermelodram. Através de sua música e do dicionário Dictionnaire de 
musique (1767), ele foi também um dos estetas mais citados do Século XVIII. 
 
Jean-Jacques Rousseau 
 
36 
 
O ponto de partida do pensamento de Rousseau é o horror da 
cultura estabelecida pela sociedade de seu tempo. Ele observou que as pessoas 
que vivem em sociedade estão mal. Conflitos de interesse levá-os a esconder 
suas verdadeiras intenções para o outro. 
As pessoas estão com raiva, uma experiência triste e contínua não é necessário 
provar, no entanto, o homem é bom por natureza, eu acredito que eu tenho 
provado isso, [...] Você admira a sociedade humana tanto quanto você quer, é, 
portanto, não ser menos verdade que, necessariamente, incitam ao ódio em 
proporção à cruz de seu interesse, também revelar-se mutuamente serviços 
aparentes, e na realidade, todos os males imagináveis para infligir”. Segundo 
Discurso, IX Nota 
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos das 
desigualdades entre os homens. Tradução de Rolando Roque da Silva. São Paulo: 
Editora Cultrix, s/data. 
 
Rousseau critica não apenas a sociedade de seu tempo, mas a 
socialização do ser humano. Ele está em forte contraste com o pensamento de 
seu tempo: suas teorias foram rejeitadas pelos representantes das igrejas cristãs 
e por muitos pensadores do Iluminismo. As igrejas cristãs postulam que a ideia 
do "bom selvagem" não é razoável, e o homem foi acusado por eles, com base 
no princípio do pecado original. Os escuteiros, finalmente olharam para o 
homem como um ser racional e socialmente aceitável. 
No entanto, se o homem é um ser capaz de viver em comunidade (em 
grego: politikon zoon) haveria, como afirmou Aristóteles, de prevalecer a 
harmonia em todos os lugares. Uma vez que este não é o caso, ele conclui que 
o homem é por natureza um caráter anti-social e somente fora da empresa 
"boa". Esta tese que ele projeta, utilizando o método de genética para o seu 
início lógico e temporal e atingiu o estado do conceito de natureza. 
Rousseau levantou, em seus textos, pensamentos relevantes a respeito da 
teoria política. Rousseau acredita que as pessoas no estado de natureza, vivem 
de forma independente. Você tem bens suficientes e são pacíficos. Em 
 
37 
 
particular, nem o homem da filosofia e da ciência tem se saído da presença 
atraente da luxúria e dos bens de luxo. Ao contrário de Hobbes, Locke e 
Rousseau traçam um retrato positivo do homem na condição selvagem, 
relacionadas com os animais. 
Crítica social de Rousseau. 
"Você confia em ordem existente da sociedade, sem pensar que esta ordem 
está sujeita a revoluções inevitáveis (...). Estamos nos aproximando de um 
estado de crise e do século das revoluções. Quem pode responder isso você vai 
se tornar? Tudo era feito pelos homens, os homens podem destruí-la, tem-se 
indelevelmente como aqueles que a impressão da natureza ea natureza não fez 
príncipes ou nobres e ricos (. ..) Quem come no ócio que ele não ganhou-se a 
voar Deve o seu trabalho de manutenção de preços:... isso não é nenhuma 
exceção trabalho é um direito indispensável para homem social. Ricos ou 
pobres, poderosos ou fracos, cada cidadão ocioso é um patife. " 
em Jean Jacques Rousseau, Emile III, do Livro. 
A ordem social, o resultado de um contrato 
"O homem nasce livre e em toda parte se encontra acorrentado (...) Se eu fosse 
considerar a força eo efeito derivado dele, eu diria:."Enquanto as pessoas são 
obrigadas a obedecer e ele obedece, ele faz bem, logo que ele possa sacudir o 
jugo eo sacode, é ainda melhor porque cobrindo sua liberdade, pela mesma lei 
que oo fazem feliz , oué baseada na currículo, ou você foi o ponto de tirar. "Mas 
a ordem social é um direito sagrado que serve de base para todos os outros. 
Contudo, esse direito não vem da natureza, que se baseia na convenções. A 
questão é quais são essas convenções. " 
em Rousseau, O Contrato Social (Capítulo 1, "O tema deste primeiro livro"). 
 
Outro grande pensador iluminista, que muito influenciou o seu período e 
ainda hoje, é Voltaire, na verdade, François Marie Arouet. Foi ele um dos 
 
38 
 
escritores mais lidos e influentes do Iluminismo francês e europeu. Nascido em 
21 de novembro de 1694 em Paris e falecido, na mesma cidade, em 30 de maio 
de 1778. Na França, o chamado século XVIII é, portanto, "o século de Voltaire" 
(Le Siècle de Voltaire). O iluminista Voltaire escreveu para uma classe superior, 
que não incluia apenas os aristocratas, mas também a classe média emergente. 
Muitas de suas 750 obras foram traduzidas para outras línguas europeias. 
Voltaire passou uma parte considerável de sua vida fora da França em Holanda, 
Inglaterra, Alemanha e Suíça. A crítica dos abusos do absolutismo e do 
feudalismo edo monopólio ideológico da Igreja Católica são seus pontos 
principais de ataque. Voltaire foi um importante pioneiro da Revolução 
Francesa. Suas armas na luta por suas ideias eram um imenso conhecimento, 
feito de imaginação, empatia, estilo preciso e de fácil compreensão, além de 
sarcasmo e ironia. 
 
 
Voltaire , por Nicolas de Largillière 
http://blogdocachito.blogspot.com/2011/02/livros_21.html 
 
Contra a escravidão 
"Ao se aproximar da cidade, eles viram um negro estendido no chão, com 
apenas metade de seu casaco, ou seja, uma gavetas de linho azul, faltou perna 
http://de.wikipedia.org/wiki/Nicolas_de_Largilli%C3%A8re
 
39 
 
esquerda deste pobre homem e na mão direita. 
"Oh meu Deus", disse Cândido em holandês, "o que está fazendo, meu amigo, 
em condições horríveis, quando te vejo? - Eu espero por meu mestre, Sr. 
Vanderdendur, o famoso comerciante", respondeu o negro. - O Sr. 
Vanderdendur disse Cândido, que o tratou bem? - Sim, senhor ", disse o negro, 
é habitual Recebemos uma gavetas de linho para a roupa duas vezes por ano.. 
Quando nós trabalhamos para fábricas, e arrebata o moinho dedo espera, eles 
cortam a mão quando queremos fugir, eles cortaram a perna, eu me encontrei 
em ambos os casos. Este é o preço que você . comem açúcar na Europa, no 
entanto, quando minha mãe me vendeu dez coroas na costa patagônica da 
Guiné, ela disse: "Meu querido filho, abençoar nossos fetiches, ama ainda, eles 
vão fazer-te viver feliz você tem o honra de ser um escravo de nossos senhores 
brancos, e você está fazendo pela fortuna de teu pai e tua mãe. "Ai, eu não sei 
se fizeram a sua fortuna, mas eles não eram meus. Os cães, macacos e 
papagaios são mil vezes menos miserável do que fetiches holandês que se 
converteu em mim, me dizer a cada domingo que todos nós somos filhos de 
Adão, branco e preto. Eu não sou um genealogista, mas se esses pregadores 
dizem a verdade, somos todos primos. Agora você deve confessar que não 
podemos do usuário com seus pais em um horrível mais. " 
 
(Voltaire Cândido ou Otimismo ", de 1759. 
em Candide, Paris, Librio, 2003 (1759), Cap. XVIII, p. 54-5) 
 
 
40 
 
UNIDADE 03. A REVOLUÇÃO FRANCESA: NOVOS 
CAMINHOS AO HOMEM CONTEMPORÂNEO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos 
 Analisar os conceitos que dão sustentação para o processo de revolução 
francesa; 
Nesta unidade, abordamos a revolução Francesa como um fato que 
abriu novos caminhos ao homem contemporâneo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Conceitos e fatores de uma Revolução 
Um dos primeiros conceitos a serem trabalhados e que iremos agora nos 
deter é o fenômeno da Revolução. Inicialmente, podemos dizer que foi tomada 
do poder, golpe de Estado, violência, guerra civil e, além disso, transformações 
estruturais. 
Outro conceito ligado à Revolução Burguesa é a ideia de que a mesma 
destruiu o Antigo Regime, consolidou o sistema capitalista e a burguesia 
tornou-se uma hegemonia econômica e política. 
Fatores 
Entender a Revolução Francesa é entender os fatores que estão a lhe 
convergir. São aspectos intrínsecos ligados a um fenômeno social na França do 
século XVIII. Vamos agora procurar entender de que modo todo esse amplo 
fenômeno aconteceu e o que causou a Revolução. 
Primeiramente, a França era uma Nação essencialmente de base agrária. 
Para se ter uma ligeira ideia, ela possuía um população estimada em 26 milhões 
 
41 
 
de habitantes, sendo que a maioria, 22 milhões de habitantes, estava 
concentrada no campo. 
Começaram a ocorrer uma série de péssimas colheitas (1784-89), 
enchentes e seca, o que vinha ocasionando alta de preços e prejudicando os 
menos abastados. Além disso, falência dos agricultores, gerando alta do preço 
dos cereais e os terríveis invernos rigorosos causaram certas dificuldades de 
abastecimento. Ou seja, vários fatores contribuíram para uma celeuma aos 
cofres do Estado. 
Foi pelo Tratado de Éden, de panos e vinhos, que ocorreu uma trágica 
falência da manufatura francesa, ocasionando com isso um déficit em sua 
balança comercial. Esse déficit Público crônico estimou-se pela arrecadação de 
503 milhões de libras (ouro), mais despesas em torno de 629 milhões de libras, 
gastos militares por volta de 165 milhões. Além disso, um corte com gastos que 
geravam em 36 milhões de libras, a educação e assistência em torno de 12 
milhões e encargos da dívida, 310 milhões. 
A sociedade francesa era basicamente estamental, dotando de privilégios 
sociais o 1º e o 2º Estados, somente por meio de tribunais especiais, uma gama 
imensa de isenção fiscal, além do monopólio de cargos públicos. Isso tudo 
referia-se ao exército, diplomacia, secretários de Estado e ministérios (com o 
controle dos altos cargos da Igreja). Com o absolutismo da dinastia Bourbon, 
houve uma manutenção do Antigo Regime. 
“A Revolução Francesa pode não ter sido um fenômeno isolado, mas foi muito 
mais fundamental do que os outros fenômenos contemporâneos e suas 
conseqüências foram, portanto mais profundas. Em primeiro lugar, ela se deu 
no mais populoso e poderoso Estado da Europa (...). Em segundo lugar, ela foi, 
diferentemente de todas as revoluções que a precederam e a seguiram , uma 
revolução social de massa, e incomensuravelmente mais radical do que 
qualquer levante comparável. (...) Em terceiro lugar, entre todas as revoluções 
 
42 
 
contemporâneas, a Revolução Francesa foi a única ecumênica. Seus exércitos 
partiram para revolucionar o mundo; suas idéias de fato o revolucionaram.” 
HOBSBAWM, E. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. RJ: Paz e Terra, 1977, 
p. 72. 
 
 
A Liberdade Guiando o Povo, por Eugène Delacroix. 
 
A Revolta dos Notáveis (1787-88). 
Um dos pontos que antecedeu a tomada do processo revolucionário foi a 
chamada revolta dos notáveis. Isso se deu inicialmente com Turgot, que era o 
controlador geral das finanças. O objetivo seu era o de contribuição dos nobres 
para reduzir o déficit público. Isso fez com que fosse demitido por pressão dos 
nobres. Dessa forma, escolheram outros sucessores, de Necker a Calonne, 
depois Brienne e, por fim, Necker, novamente. Tudo era proposto em termos 
técnicos, tal como publicação dos “Cálculos do Tesouro” e a intransigência da 
nobreza, colocando em risco a vida financeira e econômica de uma Nação. 
 
43 
 
“Se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a 
influencia da revolução industrial britânica, sua política e ideologia foram 
formadas fundamentalmente pela Revolução Francesa. A Grã-Bretanha forneceu 
o modelo para as ferrovias e fábricas, o explosivo econômico que rompeu com 
as estruturas socioeconômicas tradicionais do mundo não europeu; mas foi a 
França que fez suas revoluções e a elas deu suas idéias, a ponto de bandeiras 
tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de 
praticamente todas as nações emergentes, e a política européia ( ou mesmo 
mundial) entre 1789 e 1917 foi em grande parte a luta a favor e contra os 
princípios de 1789, ou os ainda mais incendiários de 1793. a França forneceu o 
vocabulário e só temas da política liberal e radical democrática para a maior 
parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o 
vocabulário de nacionalismo. A França forneceu os códigos legais, o modelo de 
organização técnica e cientifica e o sistema métrico de medidas para as maiores 
dos países. A ideologia do mundo moderno atingiu as antigas civilizações que 
tinham ate então resistido as idéias européias inicialmente através da influência 
francesa. Esta foi a obra da Revolução francesa.” 
 (HOBSBAWM, E A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. RJ: Paz e Terra, 1977, 
p. 72) 
 
Um dos pontos dessa crise foi a Convocação da Assembleia dos Estados 
Gerais, no ano de 1789. O que se propunha era uma assembleia com 
representantes dos três estados, uma assembleia consultiva, já que a votação 
era em separado – por Estado,pois a Assembleia Geral não era convocada, 
desde 1614. 
Dessa forma, o Terceiro Estado exigiu aumento no número de 
representantes para 600 deputados, voto nominal, com que Luís XVI concordou 
 
44 
 
somente em aumentar o número de deputados. Fora isso, tudo mais estava fora 
de cogitação para os membros da alta nobreza. 
 
 
45 
 
UNIDADE 04. AS FASES DA REVOLUÇÃO FRANCESA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos 
 Identificar os principais episódios que definiram as diferentes fases do 
processo revolucionário. 
 Analisar os direitos humanos como resultado do processo revolucionário. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A 1ª Fase da Revolução Burguesa 
A revolução francesa, para os historiadores, é composta por mais de uma 
fase. Foram momentos importantes que fizeram desse fato histórico o ponto de 
contrapeso, para o que viria futuramente para a sociedade ocidental. 
A chamada fase das Assembleias (1789-92) é também chamada por 
muitos como o início da Revolução, ressaltando-se a Assembleia dos Estados 
Gerais, proposts pelo Terceiro Estado, que se pautou em uma lista única de 
chamada com discussões em conjunto e voto nominal. Houve uma adesão de 
deputados, do clero e da nobreza, participantes do baixo clero e nobreza liberal. 
Mas Luís XVI fechou a Assembleia dos Estados Gerais, ocasionando a revolta por 
parte dos deputados, isso em pleno Jogo de Pela. 
Houve uma tentativa do rei de reprimir os deputados, contudo, uma 
grande reação popular ocorria pela cidade de Paris. A organização de um 
exército popular se fazia rapidamente e em questão de horas haveria a Tomada 
da Bastilha (14/07/1789). Uma força social vindo e tomando todas as ruas de 
Paris, ocasionando com isso o chamado “Grande Medo”, pois, embutido a isso, 
estavam as revoltas camponesas. Irados, não deixavam nada pelo caminho. 
Dessa forma, houve a fuga dos nobres para o exterior e um grande número de 
“emigrados”, em preparação para um processo de contra-revolução. 
 
46 
 
 
 
Tomada da Bastilha 
http://doutorgoogle.blogspot.com/2010/09/historia-geral-revolucao-
francesa.html 
 
Após o processo de tomada de força pelo Terceiro Estado, seus 
deputados, em meio ao clima instalado, colocaram em vigência a “Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão”, que procurou proclamar a liberdade e a 
igualdade, aboliu a servidão e acalmou a nação. No ano de 1791, a Constituição 
seria estabelecida, em 1791, com os seguintes itens: monarquia constitucional, 
três poderes constituídos e voto censitário. 
Outro ponto a ser levantado pelos revolucionários foi a Constituição Civil 
do Clero, por meio da qual os padres tornaram-se funcionários públicos. Trata-
se de um processo chamado de secularização dos bens eclesiásticos, além da 
emissão de bônus, intitulado também de “assignats”. O Papa chegou a 
condenar todo o processo da Revolução, além de causar uma ruptura do clero 
entre os refratários e os juramentados. 
 
47 
 
A 2ª Fase: Uma Revolução Popular 
A segunda fase da Revolução francesa tem início com a Convenção 
Nacional (1792-95). Podemos dizer que isso é desencadeado com as chamadas 
Guerras contra as Coligações, envolvendo a Inglaterra e as Nações absolutistas. 
Na Convenção Nacional, havia partidos participantes em seu contexto. Os 
principais foram os Girondinos, com representantes da alta burguesia e que se 
sentavam à direita da mesa diretora parlamentar. Tinham-se os Jacobinos, 
pequena e média burguesia que se sentavam à esquerda e o Pântano, 
ocupando uma posição política duvidosa, pois se sentavam no centro. Já os 
Sans Culottes não faziam parte de partido político algum, mas eram partes de 
setores populares de Paris e acompanhavam os debates dos deputados e até 
chegavam a pressioná-los com muita firmeza. 
Ainda nesta segunda fase ocorreu a tentativa de fuga do rei, o 
julgamento e execução de Luís XVI e, com isso, a Proclamação da República. 
Essa medida radical chegou por meio da ascensão do partido jacobino ao 
poder, procurando dar as seguintes orientações à nação francesa: uma nova 
constituição, voto universal, novo calendário, congelamento de preços e 
reforma agrária. Tem-se ainda a criação do Comitê de Salvação Pública, que 
governava com decreto-lei que era discutido na Convenção, sendo proposto 
pelos jacobinos e aprovado sob pressão dos sans culottes uma criação do 
tribunal revolucionário e o uso da guilhotina. Era o início do período do “terror”. 
Mas os jacobinos não eram mil maravilhas não. Uma boa divisão interna 
dos jacobinos se fazia sentir em suas fileiras. Cabe-nos citra o seu principal líder, 
Robespierre, a governar com mãos de ferro; os moderados, seguidos por 
Danton e os radicais, Saint Just, Marat e Hebert. Diante de uma forte divisão, 
Robespierre passou a eliminar os seus próprios partidários, o que começou a 
levar a uma perda do apoio popular e a um isolamento dos jacobinos. Algo teria 
que se feito a chamada contra-Revolução Burguesa, organização da guarda 
 
48 
 
nacional e tomada do poder no Golpe Nove do Termidor foi trabalhada pelos 
Girondinos. 
A 3ª Fase: Uma Contra-Revolução Burguesa 
A revolução já estava em seus dias finais. Chegava-se à fase do Diretório 
(1795-99), com a reação Termidoriana se fazendo valer com a volta da alta 
burguesia ao poder, prisão e execução de Robespierre, o homem que causou 
pânico, medo e terror a uma Nação. 
Houve a substituição do Comitê de Salvação Pública por cinco diretores, 
a anulação dos atos do “terror”, corrupção e especulação foram perseguidas. 
A “Conjuração dos Iguais”, nesse mesmo período, foi a tentativa de 
tomada do poder pela “sociedade dos iguais”, na qual o líder era Grachus 
Babeuf, um socialista. O caminho da alta burguesia era levar alguém de porte 
político para firmar uma nova forma de poder na França. Com isso, a ascensão 
de Napoleão Bonaparte se faz plenamente desejável por amplos setores. O 
mesmo tinha em muitos a questão das campanhas militares vitoriosas, o que 
lhe transformou em um grande herói nacional. Era o que faltava para os 
entendimentos entre a alta burguesia e Napoleão 
Por fim, o Golpe 18 de Brumário de Napoleão, no qual firma o fim do 
diretório e do início ao consulado de Napoleão, pondo fim a uma Revolução, 
inicialmente popular, mas agora em mãos de uma alta ala burguesa. 
 
 
 
Napoleão Bonaparte 
http://www.google.com.br
/imgres?imgurl=http://www.gru
poescolar.com/a/b/ 
 
 
49 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
Representação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 
Tribuna do Povo 21 de novembro de 1795 François-Noël Babeuf 
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos na Sociedade 
 
Anónimo 
Extrato da ata da Assembléia Nacional, 20, 21, 23, 24 e 26 de agosto e 01 
outubro de 1789 aceito pelo Rei 05 de outubro de 1789. 
Os representantes dos povos Francis, constituída a Assembleia Nacional, 
considerando que a ignorância, esquecimento ou o desprezo dos direitos do 
homem são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção dos 
governos, resolveram expor em uma declaração solene os direitos naturais, 
inalienáveis e sagrados, para que esta Declaração, constantemente presente a 
todos os membros do corpo social, lhes lembre permanentemente seus direitos 
e deveres, de modo que os atos do legislador, e os do Executivo pode, a 
qualquer momento ser comparado com o objetivo de toda instituição política, 
sejam mais respeitados, de modo que as queixas dos cidadãos, doravante 
fundadas em princípios simples e incontestáveis, se tende para a manutenção 
da Constituição, e da felicidade de todos. 
Assim, a Assembléia Nacional reconhecer e declarar, na presença e sob os 
auspícios do Ser Supremo, sucedendo os direitos do Homem e do Cidadão. 
I. Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções 
sociais não podem ser fundadas senão sobre a utilidade pública. 
II. O objetivo de toda associação política

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