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EXAME GINECOLÓGICO Profa. Ms. Alessandra Bezerra Depende da colaboração da paciente e do cuidado do enfermeiro em demonstrar segurança em sua abordagem no exame Todos os passos do exame deverão ser comunicados previamente, em linguagem acessível ao paciente POSICIONAMENTO DA PACIENTE: O exame dos órgãos genitais deve ser feito numa sequência lógica: REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA EXTERNA Monte de Vênus ou Monte Pubiano É a região coberta de pêlos, em forma triangular, que representa um acúmulo de gordura Grandes Lábios São pregas cutâneas ricas em tecido adiposo que formam as porções laterais da vulva, são recobertas pela pele e pêlos Pequenos Lábios Pregas cutâneas finas e pigmentadas ricas em vasos e em glândulas sebáceas, usualmente recobertas pelos grandes lábios REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA EXTERNA Clitóris É o elemento rudimentar de estrutura cavernosa, lembrando um pênis atrofiado, localizado na borda inferior da sínfise púbica, funciona com centro nervoso do coito Vestíbulo Espaço elíptico situado internamente em relação aos pequenos lábios se estende do clitóris até a borda posterior do hímen Hímen Pequena membrana mucosa situada no introito vaginal Tecido altamente vascularizado, mas livre de inervação. REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA EXTERNA Ducto das Glândulas de Skene (Parauretrais) Pequenas glândulas sebáceas situadas na base da uretra importantes na lubrificação dos genitais no ato sexual. Glândulas Vulvovaginais ou de Bartholin São situadas bilateralmente sob os grandes lábios, lateralmente ao intróito vaginal. São também glândulas sebáceas responsáveis pela lubrificação da genitália no ato sexual. REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA EXTERNA Períneo Conjunto de partes moles (músculos e aponeuroses) que fecha interiormente a cavidade pelvina; REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA EXTERNA REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA EXTERNA REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA INTERNA REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA INTERNA Vagina Órgão tubular elástico, músculo membranoso, que comunica o útero com o meio externo Possui aproximadamente 10cm Responsável pela cópula, pela saída ao fluxo menstrual Juntamente com o útero forma o canal de parto Útero Órgão situado na pelve menor, entre o reto e a bexiga Apresenta-se em três porções: • Corpo • Istmo • Colo ou Cérvice REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA INTERNA Cérvice Uterina REVISÃO ANATÔMICA GENITÁLIA INTERNA Cérvice Uterina EXAME FÍSICO Disposição dos pêlos Conformação externa da vulva (grandes lábios) Inspeção da face interna dos grandes lábios, vestíbulo, hímen, pequenos lábios, clitóris Região das glândulas de Bartholin Períneo Integridade perineal Presença de ectoparasitas Forma do períneo Presença de lesões O estado da mucosa vaginal Forma e aspecto do colo Leucorréia Poderá ser realizada manobra de Valsalva para melhor identificar eventuais prolapsos genitais e incontinência urinária EXAME ESPECULAR NÃO UTILIZAR 48 HORAS ANTES DO EXAME: Duchas e medicamentos Anticoncepcionais locais Evitar relações sexuais Não deve ser feito no período menstrual Aguardar o 5º dia após término da menstruação COLETA DO PREVENTIVO/PAPANICOLAU/CITOLOGIA ONCÓTICA O principal objetivo é a coleta de células para análise citológica à procura de alterações neoplásicas ou pré- neoplásicas Colhe-se material da zona de transformação com a espátula de Ayres: girar 360° com a extremidade mais comprida no orifício cervical e fazer o esfregaço numa lâmina Coleta no canal endocervical: girar a escovinha 360° e fazer o esfregaço A lâmina deve ser fixada em álcool-éter em, no máximo, 20 segundos e enviada ao laboratório Identificação da Lâmina COLETA DA ECTOCÉRVICE COLETA ENDOCERVICAL CÂNCER DE COLO UTERINO Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o 3º tipo de câncer mais comum entre as mulheres Responsável pelo óbito de 274 mil mulheres por ano Em 2009, esta neoplasia representou a 3ª causa de morte por câncer em mulheres - 5.063 óbitos (BRASIL, 2012) Atingir alta cobertura da população definida como alvo é o componente mais importante no âmbito da atenção primária, para que se obtenha significativa redução da incidência e da mortalidade por câncer do colo do útero. Uma das mais importantes descobertas na investigação etiológica de câncer nos últimos 30 anos foi a demonstração da relação entre o HPV (papilomavírus humano) e o câncer do colo do útero (BRASIL, 2012). A infecção pelo HPV é muito comum, até 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas FATORES DE RISCO Infecção pelo HPV Imunidade Hereditariedade Comportamento sexual Idade acima 30 anos Tabagismo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Geralmente são assintomáticas, podendo ser detectadas por meio da realização periódica do exame citopatológico. Lesões precursoras • Sangramento vaginal (espontâneo, após o coito ou esforço) • Leucorreia e dor pélvica • Ao exame especular podem ser evidenciados sangramento, tumoração, ulceração e necrose no colo do útero • O toque vaginal pode mostrar alterações (forma, tamanho, consistência e mobilidade do colo do útero e estruturas subjacentes) Câncer do colo do útero no estágio invasor da doença PREVENÇÃO PRIMÁRIA A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV Uso de preservativo protege parcialmente Imunização Meninas 9 a 14 anos 2 doses Intervalo de 0 e 6 meses Homens e Mulheres vivendo com HIV/Aids 9 a 26 anos 3 doses Intervalo de 0, 2 e 6 meses Transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos 9 a 26 anos 3 doses Intervalo de 0, 2 e 6 meses PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: DETECÇÃO PRECOCE De acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2007), as estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce Rastreamento - aplicação do exame em uma população assintomática, aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões precursoras ou sugestivas de câncer e encaminhá-las para investigação e tratamento Abordagem de indivíduos com sinais e/ou sintomas da doença COBERTURA A realização periódica do exame citopatológico é a estratégia mais amplamente adotada ara o rastreamento do câncer do colo do útero Países com cobertura superior a 50% do exame citopatológico realizado a cada 3 a 5 anos apresentam taxas inferiores a 3 mortes por 100 mil mulheres por ano Países com cobertura superior a 70% do exame citopatológico, essa taxa é igual ou menor a 2 mortes por 100 mil mulheres por ano PERIODICIDADE O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame citopatológico Estudos mais recentes têm confirmado que o exame citológico realizado a cada 3 anos é seguro após 2 ou 3 resultados negativos. POPULAÇÃO-ALVO Mulheres que nunca tiveram relação sexual não correm risco de câncer do colo do útero por não terem sido expostas ao fator de risco necessário para essa doença: a infecção persistente por tipos oncogênicos do HPV O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual O rastreamento antes dos 25 anos deve ser evitado O rastreamento em mulheres com menos de 25 anos não tem impacto na redução da incidência ou mortalidade por câncer do colo do útero POPULAÇÃO-ALVO Os exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade Para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se submeteram ao exame citopatológico, deve-se realizar 2 exames com intervalo de 1a 3 anos Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais Amostra insatisfatória para avaliação O exame deve ser repetido em 6 a 12 semanas com correção, quando possível, do problema que motivou o resultado insatisfatório SITUAÇÕES ESPECIAIS Gestantes Gestantes têm o mesmo risco que não gestantes de apresentarem câncer do colo do útero ou suas lesões precursoras A coleta de espécime endocervical não parece aumentar o risco sobre a gestação quando utilizada uma técnica adequada Recomendações O rastreamento em gestantes deve seguir as recomendações de periodicidade e faixa etária como para as demais mulheres, devendo sempre ser considerada uma oportunidade a procura ao serviço de saúde para realização de pré-natal Mulheres na pós-menopausa Mulheres na pós-menopausa, sem história de diagnóstico ou tratamento de lesões precursoras do câncer de colo uterino, apresentam baixo risco para desenvolvimento de câncer O rastreamento citológico em mulheres com menopausa pode levar a resultados falso- positivos causados pela atrofia secundária ao hipoestrogenismo, gerando ansiedade na mulher e procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários. Recomendações Mulheres na pós-menopausa devem ser rastreadas de acordo com as orientações para as demais mulheres. Se necessário, proceder à estrogenização previamente à realização da coleta Histerectomizadas O rastreamento realizado em mulheres sem colo do útero devido à histerectomia por condições benignas apresenta menos de um exame citopatológico alterado por mil exames realizados Recomendações Mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem história prévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais. Em casos de histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá ser acompanhada de acordo com a lesão tratada Mulheres sem história de atividade sexual Considerando os conhecimentos atuais em relação ao papel do HPV na carcinogênese do colo uterino e que a infecção viral ocorre por transmissão sexual, o risco de uma mulher que não tenha iniciado atividade sexual desenvolver essa neoplasia é desprezível. Recomendações Mulheres sem história de atividade sexual não devem ser submetidas ao rastreamento do câncer do colo do útero Imunossuprimidas Alguns fatores de risco diretamente relacionados à resposta imunológica têm sido associados à maior chance de desenvolvimento de NIC Mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) Mulheres imunossuprimidas por uso de imunossupressores após transplante de órgãos sólidos Mulheres em tratamentos de câncer Usuárias crônicas de corticosteroides Recomendações O exame citopatológico deve ser realizado nesse grupo de mulheres após o início da atividade sexual com intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual enquanto se mantiver o fator de imunossupressão Mulheres HIV positivas com contagem de linfócitos CD4+ abaixo de 200 células/mm3 devem ter o rastreamento citológico a cada seis meses 1. Recrutamento da população-alvo, idealmente por meio de um sistema de informação de base populacional 2. Adoção de recomendações baseadas em evidências científicas Definição da população-alvo e do intervalo entre as coletas Elaboração de guias clínicos para o manejo dos casos suspeitos 3. Recrutamento das mulheres em falta com o rastreamento. 4. Garantia da abordagem necessária para as mulheres com exames alterados. 5. Educação e comunicação. 6. Garantia de qualidade dos procedimentos realizados em todos os níveis do cuidado.
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