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Anamnese Ginecológica 1. Situações Rotina ginecológica: A partir do momento em que a mulher se torna adulta, a mão orienta a filha a ir no ginecologista. Portanto, a mulher procura o médico por causa da sua rotina ginecológica (hábito de ir à consulta uma vez ao ano). No período pré-natal ou pré-concepcional: paciente ginecológica é orientada a retornar 2 meses antes de quando deseja engravidar. Assim, é possível fazer a avaliação do seu peso, glicemia e demais exames laboratoriais para que ela tenha uma gravidez saudável. Pré-matrimonial (nupcial): algumas mulheres fazem um check-up antes de casar por questões religiosas. Ingresso profissional: forças armadas e certas profissões (piloto e aeromoça):Nesses casos, as mulheres devem fazer, pelo menos, um exame de Papanicolaou ou um ultrassom pélvico antes de ingressar na profissão; Queixas mamárias, abdominais, genitais e endrocrinológicas. as mulheres procuram o médico ginecologista por diversas queixas, dentre elas corrimento, coceira, dor nas mamas, ganho de peso, acne, pele oleosa e irregularidade menstrual. 2. Anamnese ginecológica A consulta se inicia pela anamnese ginecológica, seguida do exame físico geral (aparelho cardiovascular, pulmonar, outros), exame físico especial e exame ginecológico propriamente dito (avaliação do genital externo e interno). O exame físico especial deve se iniciar de cima para baixo do corpo da paciente: mamas, região abdominal, região pélvica, genital externo (grandes lábios e pequenos lábios) e genital interno (vagina e colo do útero). A inspeção estática dos genitais externos analisa a presença de lesão e corrimento na região genital, enquanto a inspeção dinâmica avalia a incontinência urinária (saída de urina após a mulher tossir ou fazer força). A avaliação do genital interno é realizada através do exame especular e do toque genital. No exame especular, deve- se analisar a parede vaginal, trofismo, lesões, alterações anatômicas, colo do útero, corrimento, tumor, coloração, secreção patológica, sangramento, etc. Posteriormente, realiza-se o toque vaginal, em mulheres que tem atividade sexual, ou o toque retal, em mulheres que não tem atividade sexual, mas que possuem queixa com provável origem no útero ou no ovário. Quando pertinente, deve-se solicitar os exames complementares. 2a. Identificação É comum que o mesmo médico atenda a mulher desde a adolescência até o final da vida; nesse sentido, o ginecologista atende desde queixas relacionadas às cólicas e TPM (em torno de 13 anos), contracepção, exames para IST (infecções sexualmente transmissíveis) e irregularidade menstrual (por volta dos 22 anos) até a menopausa e osteoporose (em torno dos 50 anos). Logo, é possível determinar queixas mais prevalentes de acordo com a faixa etárias das pacientes. A cor é importante para o aspecto obstétrico, visto que as negras apresentam 20% mais chance de desenvolver hipertensão arterial durante a gravidez. Por causa desse risco potencial, deve-se focar na mensuração da pressão arterial, na dieta e no peso dessas pacientes. O estado civil costumar estar relacionado com a quantidade de parceiros sexuais, gravidez e número de filhos. Sabe-se que o estado de comunhão interfere no ciclo gravídico puerperal. Quando a mulher é casada, a tendência é que a gestação seja planejada e que o cônjuge participe mais ativamente das consultas médicas, consequentemente, isso interfere no estado psicológico na mulher. Determinadas profissões, tais quais aeromoça e anestesista, apresentam relação com algumas doenças. É comum que as aeromoças tenham distúrbios endocrinológicos e alterações do sono, devido à prolactina (hormônio com ação circadiana que depende do escuro para atuar). Por sua vez, as anestesistas devem ser dispensadas do centro cirúrgico, visto que o halotano (anestésico halogenado) é teratogênico. Por fim, a procedência da paciente evidencia as suas condições socioeconômicas. As pacientes da periferia geralmente têm menos acesso aos serviços de saúde (por exemplo, o diagnóstico de câncer de mama é tardio) e às medicações (por exemplo, o médico não deve prescrever um anticoncepcional caro). Além disso, o índice de câncer de colo do útero é maior nas regiões com más condições sanitárias. 2b. Nível socioeconômico Condições habitacionais, sanitária e de instrução. O nível socioeconômico impacta diretamente no acesso ao tratamento e na adesão da paciente às orientações do médico, algo fundamental durante a gravidez. Quanto menor é o nível de instrução da paciente, mais difícil é o acompanhamento médico. 2c. Queixa principal e HPMA Há 4 principais queixas em ginecologia: dor (é comum que a mulher pense que tem um câncer quando sente dor mamária ou pélvica.), sangramento (o sangramento é incômodo para a mulher e causa desconforto social e sexual), corrimento (o corrimento provoca desconforto social e sexual, visto que pode apresentar odor fétido) e tumor (geralmente, a mulher associa a existência de um nódulo na mama com câncer.). 2ca. Dor É fundamental saber todas as características da dor. Localização: a dor aguda em baixo ventre está relacionada com ruptura de cisto ovariano. Se o estado geral da paciente é bom, a conduta consiste em administrar um analgésico para que dentro de cinco dias ela melhore. A dor pélvica pode estar relacionada a patologias do trato urinário, por exemplo, uma infecção urinária. Intensidade deve-se caracterizar se é uma dor fraca ou intensa ou se apresentou mudança na intensidade conforme o quadro evoluiu. Irradiação Constante ou intermitente Na Ginecologia, é importante saber se é uma dor cíclica ou acíclica. A dor cíclica corresponde à dor ovulatória, a qual pode ser conhecida como “dor do meio (do ciclo)”. Essa é uma dor normal, localizada na fossa ilíaca (esquerda ou direita), dura de 3 a 4 dias e pode ser acompanhada por um pequeno sangramento vaginal ou pela saída de muco. Por sua vez, uma dor acíclica pode ser representada como uma dor insidiosa, que começou fraca e foi se intensificando, decorrente de processos infecciosos ou inflamatórios. Tipo Fatores de melhora e de piora e fatores acompanhantes. Deve-se questionar quais os fatores de melhora e de piora, além de possíveis fatores acompanhantes, por exemplo, disúria e hematúria Relação sexual: dor durante a relação sexual é chamada de dispaurenia. Em mulheres que nunca tiveram dor durante o sexo e começaram a apresentar essa queixa, é necessário investigar patologias que acometem o útero, os ovários (ex.: cisto de ovário) e/ou as trompas (ex.: DIP – doença inflamatória pélvica, a qual é causada principalmente por Chlamydia trachomatis e gonococo que é Neisseria gonorrhoeae). As mulheres que fizeram cesariana comumente relatam dor na relação sexual. Ciclo menstrual, etc: a dor pélvica e a dor mamária (período pré-menstrual) estão intimamente relacionadas ao ciclo menstrual. Nos casos em que a dor é exacerbada, é necessário tomar medidas para aliviar o desconforto e melhorar a qualidade de vida da paciente. 2cb. Sangramento Ciclo menstrual: questionar se o ciclo menstrual da mulher é normal (em torno de 25 a 30 dias, considerando no máximo 35 dias) ou não. Considera-se que o ciclo menstrual dura, em média, 28 dias. Intensidade (coágulos, nº de absorventes, observação empírica): considera-se que o volume de sangramento é de 50 a 90 ml por ciclo Não é possível que o médico saiba que a mulher está com sangramento mais intenso; nesses casos, a mulher percebe tal alteração e, por isso, procura o ginecologista. Cada mulher possui um padrão referente ao seu ciclo menstrual, entretanto, se a qualidade de vida e as atividades laborais começam a ser prejudicadas, é necessário que a mulher receba tratamento. Quanto mais a mulher sangra, mais cólica ela tende a ter (dismenorreia) Duração em dias: considera-se que o sangramento dura,em média, de 3 a 5 dias por ciclo. Traumas: o sangramento pode ocorrer após traumas, por exemplo, após relações sexuais (sangramento pós-coito). A vagina é uma região muito vascularizada, logo, uma lesão no local resulta em sangramento. Os casos de violência sexual provocam sangramento mais abundante, devido à ausência de lubrificação e de relaxamento vaginal. Uso de hormônios: aproximadamente, 20 a 30% das mulheres que fazem uso de anticoncepcional combinado apresentam sangramento durante o uso. Se for um sangramento esporádico, é normal, pois faz parte do contraceptivo. Nesses casos, o sangramento é denominado de sangramento de escape ou spotting e a mulher refere que ela sangrou no meio da cartela ou faltando uma semana para a cartela terminar. Porém, se for um sangramento prolongado (acima de 3 meses), é necessário tratar. Além do uso de anticoncepcionais, o tratamento de reposição hormonal em mulheres menopausadas também pode ocasionar sangramentos. Doenças sistêmicas, etc: a deficiência do fator de von Willebrand é a principal causa de sangramento sistêmico vaginal nas mulheres. É importante investigar essa doença em adolescentes com menstruações excessivas. Ademais, pacientes com trombose venosa que utilizam heparina para anticoagulação também podem apresentar sangramentos, sendo necessário ajustar a dose do medicamento para melhorar o quadro. 2cc. Corrimento O corrimento também pode ser referido como secreção vaginal. Cor: a cor normal do corrimento é “água de trigo”, assemelhando-se à farinha de trigo diluída em água. O corrimento amarelado está relacionado com infecções. Obs.: A calcinha ficar amarelada ao final do dia é algo normal por causa das secreções (suor, urina e fezes) ao longo do dia. Essa situação é diferente de quando a paciente apresenta corrimento amarelado logo após se higienizar. Odor: odor do corrimento é característico, além de não ser fétido e desagradável. O odor de putrescina e cadaverina, popularmente chamado de “odor de peixe”, está relacionado com infecção genital. O quadro de vaginose bacteriana, causado principalmente pelo patógeno Gardnerella, provoca um corrimento com odor extremamente fétido, além de ser uma das queixas ginecológicas mais comuns. Consistência: a consistência do corrimento pode ser mais fluida ou mais espessa (secreção mucosa). Durante o período ovulatório, é normal que a mulher elimine muco. Sendo assim, na metade do ciclo menstrual (em torno de 2 semanas antes de menstruar, caso a mulher não utilize contraceptivo hormonal), a vagina fica mais úmida e libera o muco cervical, o qual é fisiológico e é semelhante à clara de ovo. Quantidade: vale lembrar que a secreção vaginal tem função protetora, portanto, a quantidade será fisiológica. Há aumento da quantidade do corrimento em casos de infecção. Além disso, a paciente apresentará outras alterações concomitantemente, como mudança na cor e no odor da secreção. Algumas mulheres referem (erroneamente) que tem muito corrimento e, por isso, utilizam absorvente; porém, esse hábito abafa a vagina, fazendo com que aumente ainda mais a secreção. Prurido (coceira): geralmente, o prurido é intenso O prurido está relacionado com quadros de candidíase, ou seja, infecção causada por Candida albicans. Tal microorganismo é simbiótico e causa infecção quando a imunidade diminui. Além disso, também está relacionado com alteração do pH vaginal, como em situações em que a mulher vai para a praia e fica com a roupa molhada o dia todo, predispondo infecções. Relacionado à dor vulvovaginal, dispaurenia (dor durante a relação sexual), uso de antibióticos, ciclo menstrual e sangramento: existem três tipos de dispaurenia: vaginal, profundidade e penetração. Na dispaurenia vaginal, a mulher refere a sensação de estar com “areia na vagina” durante a relação sexual. Isso está frequentemente relacionado à candidíase. Na dispaurenia de profundidade, a mulher refere dor na barriga quando o pênis entra. Na dispaurenia de penetração, a mulher refere dor na vagina quando o pênis entra, seja por inflamação na vagina ou por fatores psicológicos (ex.: paciente que foi estuprada). Alguns antibióticos, por exemplo, Amoxicilina (utilizada em quadros de amigdalite bacteriana), matam as bactérias protetoras da vagina, causando desequilíbrio vaginal. Assim, aproximadamente três dias após o início da antibioticoterapia, a mulher apresenta candidíase, coceira e corrimento vaginal. O corrimento relacionado ao ciclo menstrual é caracterizado pela eliminação de muco durante o período ovulatório, sendo normal a saída de secreção “água de trigo”. Normal: “água de trigo” 2cd. Tumor De maneira geral, as pacientes são cancerofóbicas. Localização Dor Tamanho Consistência: o tumor pode ter consistência endurecida ou cística. Bordas: as bordas podem ser delimitadas ou não. Cor Mobilidade aos planos e tempo de aparecimento: o tumor pode ser móvel ou fixo (aparenta estar preso) em relação à pele Ex.: Tumor de mama Doença benigna da mama (ex.: fibroadenoma): nódulo mamário de 2 cm, bordas nítidas, semelhante à uma ervilha, totalmente móvel Câncer de mama: nódulo mamário irregular, aparenta ter 2 cm, bordas não delimitadas, fixo. Consequentemente, a palpação da mama permite um direcionamento a respeito da morbimortalidade relativa ao nódulo de mama. 3. Antecedentes pessoais Doenças da infância (vacinação) e sistêmicas relacionadas ao futuro obstétrico (HAS, DM, cardiopatia, pneumopatia, doenças reumáticas, etc) A gestante não pode receber vacina da rubéola durante a gravidez, pois é feita com o vírus atenuado e é teratogênica. Por sua vez, a vacina da febre amarela deve ser administrada com base no risco-benefício. O ideal é avaliar a carteira de vacinação da paciente para garantir que ela tome todas as vacinas, principalmente na primeira infância e na adolescência. Caso a paciente engravide e ocorra um surto de rubéola, ela estará exposta a uma doença, cuja vacina é teratogênica, por falta de atenção do médico e da paciente. As doenças sistêmicas aumentam a mortalidade materna, cuja principal causa no mundo é a doença hipertensiva específica da gravidez (hipertensão gestacional). Já o diabetes mellitus está relacionado com fetos prematuros e com o aumento da morbidade da mulher, além de ser a principal causa de cardiopatia congênita no feto. Na gravidez, há aumento da volemia em 50%, por isso, a mulher começa a ter dispneia decorrente à insuficiência cardíaca congestiva. Outro fator que contribui para a dispneia é a retificação do diafragma. Dentre as doenças reumáticas, podemos citar o lúpus, que é uma das principais causas de aborto na gravidez, além de causar cardiopatia congênita. Cirurgias: algumas cirurgias no períneo podem impedir a ocorrência de um parto normal. Tabagismo e drogas, etc: tabagismo leva à restrição de crescimento fetal. As drogas mais utilizadas são maconha e cocaína. A respeito da cocaína, ela se trata de um vasoconstritor, promovendo contração uterina e, por isso, seu uso está relacionado com trabalho de parto prematuro. Além disso, também causa lesão cortical no feto. 4. Medicações em uso Algumas drogas são incompatíveis com a gravidez, sendo o seu uso contraindicado, tais quais: anti-inflamatórios (Diclofenaco ou Cataflam, Nimesulida, Ibuprofeno → provocam hipertensão pulmonar fetal, Cetoprofeno, Naproxeno, outros), antibióticos (Tetraciclinas → agem na cartilagem do esqueleto fetal e Sulfametoxazol → resulta em retardo mental e kernicterus). 5. Antecedentes ginecológicos Menarca, ciclo menstrual (fluxo/frequência: 4/28, 2-7/30), dismenorreia e TPM A menarca ocorre, em média, de 9 a 16 anos, sendo que na maioria das meninas ocorre aos 11 ou 12 anos. Caso a paciente tenha mais de 16 anos e ainda não tenha menstruado, é indicado fazer o seu cariótipo. Por outro lado, abaixo de 9 anos considera-sepuberdade precoce e, consequentemente, a menina terá baixa estatura decorrente do fechamento do disco epifisário entre um a dois anos após a menarca. A grafia do ciclo menstrual na anamnese é baseada no fluxo sanguíneo e na frequência dos ciclos. Assim, um ciclo representado por 4/28 indica que a mulher tem 4 dias de fluxo, sendo a frequência a cada 28 dias; 2-7/30 indica que a mulher tem de 2 a 7 dias de fluxo, sendo a frequência a cada 30 dias. A dismenorreia corresponde à cólica menstrual. Deve-se questionar se a paciente sempre teve cólicas, configurando uma característica dela, ou se isso se tornou uma queixa recente, considerando uma suspeita de endometriose. A TPM (tensão pré-menstrual) pode ser branda ou mais grave, a qual é denominada de síndrome disfórica ou disforia. A relevância da TPM se dá pelo fato de apresentar repercussão social. DUM (1º dia da última menstruação - data): características do sangramento, climatério, menopausa e amenorreia A DUM corresponde ao primeiro dia da última menstruação, ou seja, quando começou o sangramento (“quando desceu”), e não quando ele parou. O climatério é um período longo, de 10 a 15 anos, cujo principal evento é a menopausa. Após um ano sem menstruar, considera-se que a mulher está menopausada, sendo que anteriormente a isso, ela estava no climatério. Os sintomas do climatério incluem: irregularidade menstrual, fogacho (calor no tórax até a face, de 4 a 5 vezes ao dia), insônia, depressão, dor nas articulações, formigamento, esquecimento, melancolia. Há alteração do comportamento, mas os primeiros sintomas são irregularidade menstrual, fogacho e melancolia. Vale citar que os sintomas do climatério são os mesmos da menopausa. Por conta disso, recomenda-se a terapia com reposição hormonal para as mulheres menopausadas passarem por essa fase de uma maneira mais tênue. Por fim, o climatério acomete, em média, as mulheres de 45 a 51 anos no mundo; já a média brasileira corresponde a 48 a 51 anos. O termo amenorreia deve ser utilizado quando a mulher fica 6 meses ou 3 ciclos consecutivos sem menstruar. Irregularidades menstruais fora desse período de tempo devem ser consideradas como atraso menstrual, por exemplo, uma mulher que menstrua a cada 30 dias e está com atraso de 20 dias. Deve-se considerar o quadro de menopausa precoce (doença que interrompe precocemente o funcionamento dos ovários) em mulheres acima de 35 anos que ficam sem menstruar, sem estarem utilizando anticoncepcional. 6. Contracepção Tipos (anticoncepcional oral, injetável, camisinha, etc) e tempo de uso. 7. DST e procedimentos ginecológicos (cirurgia – ex.: retirada de nódulo da mama, cauterização do colo do útero) 8.Antecedente sexual É imprescindível que a privacidade da paciente seja respeitada!!! - Coitarca (primeira relação sexual) e número de parceiros - Disfunção sexual 9.Violência sexual Dispareunia, anorgasmia e falta de libido estão intimamente relacionadas com casos de abuso sexual. 10. Desejo gestacional: > 30 anos a 35 anos? O desejo sexual é subjetivo. Considera-se que ele aumente aos 30 anos, pois a mulher tem mais segurança e conhecimento sobre seu próprio corpo. 11. Idade de gestação ideal: 18 a 35 anos A idade ideal para engravidar é entre 18 e 35 anos, pois é o período de maior fertilidade da mulher, apresentando 22% de chance de engravidar. Acima de 35 anos, a chance de engravidar cai para 18% e acima de 40 anos, para 8%. Acima de 35 anos, considera-se a gestante como idosa e o pré-natal de alto risco, visto que o ovário tem sua função diminuída (envelhecimento gonadal). Assim, a diminuição da fertilidade e o envelhecimento dos gametas aumentam em 2,5 vezes a chance de aborto, malformações e doenças específicas da gravidez. A ovo-doação é uma possibilidade para as mulheres acima de 40 anos que desejam engravidar. Nesse sentido, elas utilizam o óvulo de uma mulher em idade fértil e pagam a reprodução in vitro. Brasil: < % engravidam após essa idade. Aumento dos riscos: aborto, malformações, DHEG (doença hipertensiva específica da gravidez) ou pré-eclâmpsia e DMG (diabetes mellitus gestacional) 12. Classificação da gestante 1. Segundo o número de gestações – atualmente grávida → gesta Primigesta (primigrávida): descreve a mulher que se encontra grávida pela 1ª vez Secundigesta: segunda gestação Tercigesta: mulher que se encontra grávida pela 3ª vez Quartigesta: mulher que se encontra grávida pela 4ª vez 2. Segundo o número de partos – antecedente obstétrico → para Nulípara: mulher que nunca pariu Primípara: deu à luz apenas uma vez a um feto – já teve um filho, mas no momento não está grávida, diferentemente da primigesta que está grávida no momento Secundípara: deu à luz a dois fetos Multípara: > 2 filhos (é um termo genérico para mais de dois fetos) Paucípara: mulher que pariu poucas vezes (até três) 3. Antecedente obstétrico: Gesta (nº de gravidez), Paridade (nº de filhos nascidos/resultado da gravidez → quantos bebês nasceram no parto), Aborto (nº de abortos), Cesárea (nº de cesáreas) - nº Gesta, nº Parto, nº Aborto e nº Cesariana - G_P_A_C_ G2P2A0C2: 2 gestações, 2 partos, nenhum aborto, 2 cesáreas – logo, os dois partos foram cesáreas G2P1A1C0: 2 gestações, 1 parto, 1 aborto, nenhuma cesárea – logo, o parto foi parto normal G4P3A1C2: 4 gestações, 3 partos, 1 aborto, 2 cesáreas – logo, um parto foi normal e os outros dois foram cesáreas G5P0A5C0: 5 gestações, nenhum parto, 5 abortos, nenhum cesárea – logo, todos os fetos foram abortados G1P2A0C1 (gemelar): 1 gestação, 2 partos, nenhum aborto, 1 cesárea – logo, nasceram gêmeos em um parto cesárea, visto que tem apenas uma gravidez → nos casos de gemelaridade, é preciso identificar por escrito - Tipo de parto (15% de chance de parto prematuro novamente), peso do RN, APGAR, idade gestacional e intercorrências (hipertensão arterial, diabetes mellitus, ruptura prematura das membranas, entre outros) 13. História familiar Câncer de mama, ovário, endométrio, cólon, gemelaridade, malformações, HAS, DM, etc Casos de gemelaridade e de malformações são muito comuns em casamentos consanguíneos (entre primos), pois não há variabilidade genética. Sempre investigar: problemas mamários, intestinais e urinários. 14. Exame físico Exame físico geral: clínico Exame físico ginecológico: - Mamas: inspeção estática (em repouso) e dinâmica (em movimento) - Abdome: massas, visceromegalias, dores – Blumberg, hérnias, etc - Órgãos genitais externos: mulher em posição ginecológica – inspeção estática (lesões ou secreções) e dinâmica (médico pede para a paciente fazer força, tossir, realizar a manobra de Valsalva – distopias, incontinência urinária, prolapso genital) e pilificação (está relacionada com o perfil hormonal da paciente, apesar de muitas mulheres fazerem depilação) - Órgãos genitais internos: especular (introdução do espéculo para avaliação da vagina e do colo do útero) - Toque vaginal: temperatura, colo e tamanho uterino, dor 15. Exame ginecológico das mamas 15a. Inspeção Estática Na inspeção estática das mamas, a paciente deve estar em repouso, com as mãos na cintura. Número: o normal é a mulher possuir duas mamas, uma à direita e uma à esquerda; amastia (ausência de mama) ou polimastia (presença de mais de duas mamas); atelia (ausência de mamilo) ou politelia (presença de mais de dois mamilos) → mastia = mama e telia = mamilo Simetria: traçar uma linha no processo xifoide e a partir disso comparar as mamas; vale lembrar que nenhuma mama é igual a outra, assim, os casos em que as mamas forem muito diferentes entre si devem chamar atenção Volume: microplasia ou hipomastia (mama pequena) e hipertrofia (mama grande) Forma: cônicas, cilíndricas, esféricas, pendulares, túrgidas e flácidas; as formas são influenciadas pelas característicasfamiliares Contornos, pele e mamilos: as alterações nesses parâmetros podem sugerir câncer de mama. Uma das formas mais agressivas de câncer de mama envolve a hiperemia e o desvio mamário e a retração mamilar. Polimastia ou Hipertelia Em qualquer ponto da linha mamilar (linha imaginária que sai da axila e passa pelas mamas até a fossa ilíaca) podem existir mamas acessórias ou supranumerárias. Inspeção estática e dinâmica: simetria, formato, papilas, presença de abaulamentos, retrações e cicatrizes Em casos de tumor profundo, uma das mamas ficaria fixa e a outra se elevaria durante a inspeção dinâmica. Amastia: ausência de mama à direita, com presença do mamilo Mama supranumerária axilar: é comum que as pacientes se queixem de dor na axila ou abaulamento enquanto amamentam, pois há acúmulo de leite nessa mama Hipertelia: mamilo supranumerário na mama axilar Mamas pendulares com mamas axilares bilateralmente Hipermastia: mamas muito grandes Tumor filoides de mama: tumor indiferenciado que cresce rapidamente (dentro de 3 meses), mas não é tão agressivo Câncer de mama retromamilar: mamilo ressecado, retraído e com casquinhas, mama com aparência de casca de laranja (furinhos); esse câncer é mais comum em pacientes idosas e ele é agressivo por causa da região em que se localiza, sendo que o edema na pele indica metástase Abscesso mamário da amamentação: mamilo retraído e hiperemia da mama Hiperemia difusa da mama: carcinoma inflamatório, que é o câncer mais grave, em estádio 4; esse câncer é mais comum em pacientes idosas e apresenta mau prognóstico Retroversão do mamilo ou mamilo plano: é comum em pacientes de pele clara A cada 100 mulheres com câncer de mama, há 1 homem com esse diagnóstico, visto que o tecido glandular é pequeno no sexo masculino. Homens que trabalham expostos ao sol, como agricultores, pedreiros e bombeiros, têm maior incidência de câncer de mama masculino. 15b. Inspeção Dinâmica Na inspeção dinâmica das mamas, a paciente deve fazer força, comprimir a cintura com as mãos ou elevar os braços. Em condições normais, a mama fica solta sobre o gradeado costal e não é presa à nenhuma estrutura. Na vigência de um tumor invasivo, a mulher levanta os braços, mas a mama não sobe junto, revelando uma assimetria na inspeção dinâmica. Sentada: elevação dos braços ou apoiando no osso ilíaco, contraindo a musculatura Ao pressionar as mãos contra a cintura, há contração do músculo grande peitoral, permitindo que o médico avalie se a mama é móvel ou fixa (casos de tumor profundo). Palpação: usa-se a polpa digital em toda a extensão da mama até a axila (Bloodgood) - Expressão: usa-se a mão em pinça (quatro dedos unidos e polegar aberto) para apetar a base da mama em direção ao mamilo; láctea (saída de leite em casos de amamentação ou hiperprolactinemia), citrina (se tem tumor, provavelmente é câncer de mama), sanguinolenta (se tem tumor, existe 30% de chance de ser câncer de mama) e esverdeada (doença benigna da mama relacionada à amamentação) - Nódulo: tamanho, coalescência (união), superficial ou profundo, móvel ou fixo, consistência e borda Um nódulo coalescente, fixo, endurecido e com bordas irregulares tem altas chances de ser um câncer. - Pesquisa de linfonodos axilares e supraclaviculares A palpação deve ser feita nos quadrantes: QSE (quadrante superior externo), QSI (quadrante superior interno), QIE (quadrante inferior externo) e QII (quadrante inferior interno). É necessário localizar o nódulo no quadrante, por exemplo, nódulo de 2 cm no QSI a 4 cm do mamilo, além de ser móvel, ter bordas nítidas e não estar aderido a planos, caracterizando um nódulo benigno. Cadeia Linfática Após palpar as mamas, é necessário palpar a região axilar e supraclavicular. A paciente deve colocar seu braço sobre o ombro do médico, o qual deve palpar as cadeias linfáticas. Isso porque o primeiro foco de metástase do câncer de mama são os linfonodos axilares, mamários internos e supraclaviculares. 15c. Palpação A palpação das mamas deve ser feita por quadrantes: superior externo, superior interno, inferior externo e inferior interno. O crescimento mamário se inicia por volta dos 9 anos e é dependente dos receptores de estrogênio. É importante considerar a faixa etária das pacientes ao pensar em diagnósticos diferenciais: crianças podem ter infecção nas mamas por causa de uma picada de inseto; mulheres jovens costumam ter abscesso mamário com retração mamilar; e mulheres mais idosas costumam ter mais câncer. A palpação das mamas deve ser realizada com a polpa digital dos quatro dedos (exceto o polegar), dobrando um pouquinho as mãos, e não com a ponta dos dedos. Existem três tipos de métodos que podem ser realizados para fazer o auto-exame da mama: Linear: divida a mama em faixas verticais ou horizontais e faça a palpação do limite superior até inferior ou do externo até o limite interno, com movimentos ascendentes e descendentes Espiral: com movimentos circulares concêntricos, comece a palpação da periferia da mama até chegar ao mamilo Quadrantes: a mama é dividida em quatro quadrantes, passando duas linhas imaginárias na zona mediana da mama, uma na vertical e outra na horizontal, que se cruzam no mamilo. Os movimentos são de “vai e vem”, partindo da zona mais periférica e indo até ao mamilo repetindo este movimento, mas agora em sentido contrário Independentemente da técnica, o importante é garantir que toda a extensão da mama foi palpada. O autoexame das mamas é mais facilmente realizado quando a mulher está deitada. Sugere-se que a palpação das mamas seja feita da região externa para a região interna (“de fora para dentro”). Avaliação das axilas, fossas supraclaviculares, mama e expressão mamária (não é necessário utilizar ambas mãos). Expressão Para fazer a expressão mamilar, o médico deve estar com a mão em pinça e apertar a mama em direção ao mamilo, observando se há saída de leite ou alguma secreção do mamilo. Exame Axilar e Supraclavicular O exame axilar e supraclavicular, que consiste na palpação dos linfonodos, faz parte do exame das mamas. Abdome Inspeção: hérnias e abaulamentos Palpação: dor, massas, ascite, hérnias, diástases Percussão: tímpano, macicez, Skoda e piparote Ausculta: RHA Palpação inguinal: cânceres e DST 16. Órgãos geniatis externos- Inspeção estática e dinâmica Para a inspeção estática e dinâmica dos órgãos genitais, a mulher deve estar em posição ginecológica. Monte de vênus: região onde crescem os pelos Grandes lábios: região vulvar onde tem tecido folicular piloso, portanto, tem pelos Pequenos lábios: região vulvar onde não tem pelos Vestíbulo vaginal: região de entrada da vagina Clitóris Glândula de Skene: são glândulas laterais à uretra e seu abaulamento está relacionado com gonorreia Glândula de Bartholin: são glândulas localizadas na entrada da vagina e seu abaulamento está relacionado com gonorreia e clamídia Hímen: membrana na entrada da vagina Corpo perineal: avaliar presença de hemorroidas 16a. Inspeção estática Pilificação Pequenos e grandes lábios Secreção: patológicas (corrimento escorre pela vagina) e sangramento Lesões: úlceras (vulvares ou vaginais), tumores e ferimentos Trofismo Coloração: o trofismo e a coloração possuem relação com a menopausa. Em mulheres jovens, a vagina é rósea e possui rugas transversais (assemelha-se ao palato), ao passo que em mulheres menopausadas, a vagina é esbranquiçada e lisa (assemelha-se à bochecha, devido à perda das rugas). Algumas doenças, por exemplo melanoma (câncer de pele mais agressivo), dependem de predisposição genética e não de exposição solar. Assim, por ser um tumor com memória, ele pode crescer em qualquer parte do corpo, comumente na vulva e na vagina. 16b.Inspeção dinâmica Estando a pacienteem posição ginecológica, o médico afasta os pequenos lábios após solicitar que a mulher faça força ou tussa. Distopias (localização anormal de algum órgão): cistocele (“bexiga caída” – saída da bexiga) e retocele (saída do reto) que provocam prolapso da parede vaginal anterior e posterior As principais causas de cistocele e retocele são mulheres multíparas, obesidade e obstipação intestinal. Perdas: urinárias, fecal e sangramento Inspeção dinâmica: abertura da vagina para visualização do introito vaginal; saída da parede vaginal anterior e posterior devido à cistocele e retocele, respectivamente. Úlcera vaginal, vitiligo (partes esbranquiçadas na vagina, pólipos na uretra e hipertrofia no clitóris), nódulo na vagina (provavelmente fibroma) e câncer de reto que metastizou para o ânus Herpes aguda (primo-infecção, devido às múltiplas lesões) e sífilis (sífilis primária, devido à lesão única) Logo, é possível diagnosticar diversas doenças apenas fazendo a inspeção da vagina 17. Classificação de Tanner 18. Órgãos genitais internos- especular O exame especular pode ser realizado com espéculo de metal ou de plástico. Avaliar: Trofismo vaginal: vagina de pacientes jovens é elástica, enquanto a de pacientes menopausadas é inelástica, devido às baixas concentrações de estrogênio. Secreções: avaliar o odor, cor, fluidez, aderência à parede vaginal, presença de grumos, sangramento ou corpo estranho Sangramento Corpo estranho Perda de líquido Aborto: a gestantes podem perder líquido pela vagina ou um feto (aborto). Colo uterino Coleta de Papanicolaou Biópsia de colo, etc 19. Coleta de Papanicolau Corresponde ao final do exame especular. Consiste em um esfregaço do colo uterino, sendo um dos principais mecanismos de diagnosticar e reduzir os casos de câncer do colo do útero. Estratégias de Prevenção do Câncer de Colo Uterino Prevenção primária: pode ser realizada através do uso de preservativos durante a relação sexual, diminuindo o risco de contaminação pelo HPV A intenção da prevenção primária é evitar a contaminação pelo HPV! A incidência de HPV é alta no sexo feminino, visto que 1 a cada 6 mulheres tem HPV. Sabe-se que 70 a 98% dos casos de câncer do colo do útero são causados pelo HPV (papilomavírus humano), o qual possui diversos sorotipos. Os sorotipos mais virulentos estão relacionados ao câncer, ao passo que os menos virulentos são eliminados pelo organismo em 60% dos casos, aproximadamente. Quanto maior o número de parceiros sexuais, maior a exposição ao HPV, HIV, hepatite B e C. Prevenção secundária: realização do exame preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolaou (exame de colpocitologia oncótica) – baixa sensibilidade) ou pesquisa do DNA-HPV* (a coleta pode ser feita a cada 5 anos) Vacinação tetravalente – 2017: caráter preventivo para HPV para meninas dos 9 a 14 anos e meninos dos 11 a 14 anos. A vacina protege contra a contaminação pelo HPV sorotipos 6 e 11 (são os mais comuns e causam verruga na vagina) e sorotipos 16 e 18 (causam câncer de colo do útero). A pesquisa de DNA-HPV de alto risco: assim é considerada ferramenta atrativa de rastreio primário, principalmente em países com infraestrutura estabelecida.* ANVISA: a vacina tetravalente (sorotipos 6, 11, 16 e 18 – disponível no SUS) é aprovada para mulheres entre 9 e 45 anos e homens entre 9 e 26 anos e a vacina bivalente (sorotipos 16 e 18) para mulheres entre 10 e 25 anos. Pacientes que já tiveram HPV podem tomar a vacina, pois ela evita uma recidiva da doença e a transmissão da infecção, consequentemente, há redução no número de pessoas contaminadas. DIRETRIZES 2016 – INCA – MS Coleta do Papanicolaou – CO (Colpocitologia Oncótica) A partir dos 25 anos (primeira coleta) até os 64 anos Após 2 exames normais consecutivos, pode ser colhido a cada 3 anos As duas primeiras coletas devem ser feitas anualmente e, posteriormente, a cada três anos. Em mulheres > 64 anos, interromper a coleta se pelo menos dois exames negativos consecutivos, nos últimos cinco anos Quem nunca realizou o exame, deve colher dois preventivos com intervalo de um a três anos. Se os dois resultados forem negativos, alta Pesquisa de DNA-HPV: detecta mais de 90% das neoplasias intraepiteliais de alto grau. Deve ser colhido após os 30 anos a cada 5 anos 19a. Técnica da Coleta de Papanicolaou Não se deve realizar a coleta do Papanicolaou se a mulher estiver menstruada, porque a presença de hemácias (sangue) dificulta a visualização do material coletado. É necessário que a mulher fique três dias sem ter relações sexuais (o ideal seria cinco dias) e, pelo menos, uma semana sem menstruar. Obs.: O exame ginecológico pode ser feito normalmente estando a mulher menstruada! Colocar o espéculo de Collin e, se necessário, limpar o conteúdo vaginal com algodão e soro fisiológico Inspeção estática – avaliação visual do colo: localização, lesões e exsudações, coloração e características do orifício externo Após a avaliação da parede vaginal, trofismo e corrimento, deve-se analisar as características do colo do útero e tentar visualizar a JEC. Coleta do material endocervical e do orifício externo, visando a coleta de material da Junção Escamo-Colunar (JEC) A importância da JEC (junção escamo-colunar) reside no fato de que é o local de predileção para o crescimento do câncer de colo do útero. O tecido da porção externa do colo do útero corresponde ao tecido epitelial pavimentoso ou escamoso estratificado, enquanto o tecido da porção interna corresponde ao tecido glandular que é colunar. A transição entre esses epitélios é visível a olho nu e é denominada de JEC. O intuito do Papanicolaou é coletar material do canal endocervical e da JEC através do citobrush e da espátula de Ayres. Limpeza e embrocação com ácido acético 2% (coagula proteínas → branco) Após a coleta do Papanicolaou, deve-se manter o espéculo na vagina da paciente para aplicar ácido acético 2% no colo do útero, a fim de evidenciar as células alteradas. As células infectadas pelo HPV, pré-cancerígenas ou neoplásicas possuem alta atividade nuclear e sintetizam muitas proteínas. Assim, o ácido acético é responsável por coagular tais proteínas, resultando em uma coloração branca a olho nu. 19b. Teste do lugol ou Schiller (glicogênio → marrom) Posteriormente ao ácido acético, deve-se aplicar iodo no colo do útero, a fim de evidenciar as células alteradas. As células tumorais e infectadas pelo HPV possuem alto consumo de glicogênio para poderem crescer, resultando em baixa concentração de glicogênio na região. Assim, o iodo, que é marrom, é responsável por ressaltar as áreas pobres em glicogênio ao deixá- las com uma coloração marrom clara ou branca. Espéculo de Collin (à esquerda), citobrush e espátula de Ayres e colo uterino (à direita) Espéculo introduzido na vagina O citobrush deve ser introduzido no canal endocervical (1) e rotacionado em 180º para coletar as células (2), as quais devem ser fixadas em uma lâmina (3) É necessário fixar as células rapidamente na lâmina, visto que o material resseca. Após a fixação, deve-se aplicar um álcool na lâmina e encaminhá-la ao laboratório Após a coleta com o citobrush (à direita), deve-se realizar a coleta com a espátula de Ayres (à esquerda) A porção amarela corresponde ao tecido colunar, enquanto a porção roxa corresponde ao tecido pavimentoso e a transição entre ambos é a JEC A parte pontuda da espátula de Ayres deve ser posicionada no orifício externo do colo do útero e rotacionada em 180º para coletar as células, as quais devem ser fixadas em uma lâmina Nesse sentido, na coleta do Papanicolaou, tanto as células do canal endocervical, quanto as células da JEC são coletadas. Anatomy of the cervix The size and shape of the cervix vary widely with age, hormonal state and parity Inthe nulliparous female it is barrel shaped with a small circular external os at the center of the cervix (fig. 2a) In parous women, cervix is bulky and the external os becomes slit-like (figure b) Comparação entre o colo do útero normal de uma nulípara (em cima – colo puntiforme) e de uma mulher que já pariu (embaixo – colo em fenda) JEC- Junção escamo-colunar Internamente ao orifício externo do colo do útero, está o endocérvice com tecido epitelial cilíndrico/colunar simples e externamente, o ectocérvice com tecido epitelial pavimentoso estratificado. O HPV tem predileção pelas células da junção escamo- colunar, visto que são células hiperprodutoras de proteínas e com glicogênio. Histology of the normal cervix: squamocolumnar junction (fig. 5) The squamocolumnar junction: marks the boundary between the squamous-lined ectocervix and the columnar-lined endocervix (arrows) Pathological and histological images: Courtesy of Ed Uthman at Flickr Tecido pavimentoso à esquerda e tecido colunar à direita, sendo que a seta está indicando a JEC Sem partos (à esquerda) e com 1 ou mais partos vaginais (à direita) As mulheres jovens possuem rugas transversais na vagina, diferentemente das mulheres menopausadas O HPV entra diretamente na membrana basal e vai crescendo como tumor em direção à superfície. O câncer de colo do útero começa na JEC e, conforme evolui, se espalha para o paramétrio (ligamento que une o colo do útero à parede pélvica). Vale ressaltar que o ureter dista 1,5 cm dessa região, portanto, as pacientes com câncer de colo do útero morrem com insuficiência renal, pois o tumor invade o ureter, causando obstrução e insuficiência pós-renal. O câncer de colo do útero é operável enquanto está restrito ao colo (até o estágio IB). Uma vez que o paramétrio está comprometido, o câncer é inoperável (estágio IIB), pois se espalhou para os tecidos adjacentes ao útero. Nesse caso, as opções terapêuticas se restringem à quimioterapia e radioterapia, no intuito de diminuir o tumor. A cirurgia não traria benefícios, visto que cirurgias pélvicas estão relacionadas com alta mortalidade devido ao sangramento. Colo Ectrópio O colo ectrópio corresponde à situação em que a JEC está localizada fora de sua região. Assim, é possível visualizar o tecido cilíndrico glandular (mais avermelhado), além do tecido epitelial pavimentoso. O colo ectrópio pode ser fisiológico (aproximadamente aos 12 anos de idade), hormonal (uso de anticoncepcionais, principalmente com estrogênio) e sexual (atividade sexual). Em decorrência do ectrópio, o tecido glandular, que não é queratinizado, fica exposto. Assim, a paciente fica mais exposta e susceptível a pegar infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Nesses casos, é necessário realizar cauterização (queima da região com eletrodos) a fim de reepitelizar o colo do útero. Além disso, a cauterização também é feita para reduzir a secreção vaginal que é excessiva em casos de ectrópio. Portanto, o ectrópio predispõe as pacientes a contraírem ISTs, como HPV, HIV, gonorreia, sífilis, hepatite B e C, sendo que HIV e hepatite B são as mais letais. O iodo cora as células ricas em glicogênio de marrom; logo, o tecido epitelial pavimentoso fica marrom, porque possui células ricas em glicogênio e as células neoplásicas ficam brancas, porque consomem muito glicogênio. Teste de Schiler negativo (ou iodo positivo): coloração marrom Teste de Schiler positivo (ou iodo negativo): coloração esbranquiçada → provável tumor Primeiro, deve-se aplicar o ácido acético e, depois, o lugol Ácido acético (à esquerda) → coagulação de proteínas → coloração branca → células com HPV ou células cancerígenas = coloração branca Lugol (à direita) → células ricas em glicogênio → coloração marrom → células com HPV ou células cancerígenas = coloração clara Portanto, o ácido acético e o lugol direcionam o médico para uma região com provável alteração, na qual a biópsia deverá ser realizada para confirmar a existência de um câncer. Ácido acético (à esquerda): células brancas e com relevo irregular Lugol (à direita): células não foram coradas É fundamental utilizar tais métodos para direcionar a área de biópsia, pois, ao biopsiar outros locais do colo do útero, provavelmente o resultado estaria dentro da normalidade. Corrimento esbranquiçado mucopurulento – imagem em “véu de noiva”, característica de clamídia, que é uma das principais ISTs 19. Tipos de toque vaginal Simples Unidigital ou bidigital Dedo indicador e/ou médio extendido; anular e mínimo flexionado e polegar em hiperdistensão → tônus do elevador do ânus, condições vaginais (tônus, elasticidade, comprimento, pregas), colo (forma, consistência, superfície, posição e orifício externo) Combinado Deve-se realizar o toque vaginal combinado Abdominovaginal, abdominorretal e vaginorretal Feito com duas mãos, uma vaginal e outra abdominal → avaliação do corpo do útero (posição, consistência, volume e superfície), anexos (tumores (ex.: miomas), ovário (ex.: cisto de ovário) e trompa), dores (ex.: doença inflamatória pélvica) e abaulamento do fundo do saco de Douglas Aproximadamente, 60% dos úteros são anterovertidos (voltados para frente) e os 40% restantes são retrovertidos (voltados para trás). O tamanho normal de um útero é semelhante a uma pera pequena, em torno de 9 por 5 cm. Se for uma gestante, deve-se avaliar se o colo do útero está dilatado. Na vigência de uma inflamação, o fundo do saco de Douglas (região posterior) estará abaulado e dolorido ao toque. Toque vaginal combinado – abdominovaginal Primeiramente, deve-se introduzir o dedo indicador para a mulher ter a sensação tátil e promover laceamento vaginal. Posteriormente, deve-se introduzir o dedo médio para avaliar o colo do útero e o útero. Ao empurrar o colo do útero com a mão do tempo vaginal, o médico consegue avaliar o útero com a mão do tempo abdominal Após isso, o médico deve deslocar as mãos para a fossa ilíaca direita e esquerda a fim de avaliar as trompas e os ovários Regiões mais dolorosas ao toque bimanual A mulher pode sentir vontade de fazer xixi, devido à proximidade do útero com a bexiga. Posição do toque bimanual com os dedos indicador e médio inseridos Deve-se realizar a palpação do fundo do útero (foto à esquerda) e, depois, deslocar os dedos para a fossa ilíaca para a palpação das trompas e dos ovários (foto à direita)
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