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(um espaço) DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM EM BANANA DA TERRA (Musa paradisíaca). (um espaço) (um espaço) A.DAMBRÓS 1 , B.M.FEBBO 1 , K.W.TOLEDO 1 , M.M.C dos SANTOS 1 e L.O. WERLE 1 (um espaço) 1 Universidade Federal da Grande Dourados, Faculdade de Engenharia, Departamento de Engenharia de Alimentos. E-mail para contato: LeandroWerle@ufgd.edu.br (um espaço) (um espaço) RESUMO – A banana da Terra, Musa paradisíaca, é muito consumida devido seus nutrientes, se destacando principalmente por ser fonte de potássio. A obtenção de farinha de banana pode ser feita por meio de secagem natural ou artificial, fazendo uso de bananas verdes ou semi verdes.No processo de secagem, ocorre a remoção de água, presente na banana, na forma de vapor para a fase gasosa insaturada, que acontecem por meio de vaporização térmica (ou sublimação na liofilização), ou seja, verifica-se o fenômeno de transferência de calor e massa.Com isso o objetivo foi realizar uma cinética de secagem para fatia de banana da terra. A secagem foi realizada em um estufa de bandeja a 70ºC com circulação de ar a 62rpm. O processo foi efetivo pois a umidade de equilíbrio foi quase zero e a difusividade efetiva condiz como encontrado na literatura de 0,000722217 cm²/min. (um espaço) PALAVRAS-CHAVE: Banana da Terra; cinética de secagem; difusividade efetiva. (um espaço) 1. Introdução O Brasil destaca-se, dentre os países em desenvolvimento, como um dos maiores produtores mundiais de frutas, sendo a perda de produtos in natura estimada em torno de 50 % (Paraná, 2012), podendo estar relacionada à falta de tecnologias adequadas de pós-colheita, transporte e armazenamento. No país, o consumo e a produção de frutas tropicais ocupam o terceiro lugar mundial. A banana é uma fruta de destaque, representando 15,9 % do volume total da fruticultura produzida no Brasil (Paraná 2012), porém, o país apresenta o maior índice de desperdício da fruta (Sousa 2002, Jesus et al. 2004). A banana, Musa paradisíaca, é muito consumida devido seus nutrientes, se destacando principalmente por ser fonte de potássio, além de possuir outros minerais como magnésio, fósforo, ferro, cálcio, manganês, iodo, cobre, alumínio e zinco, bem como vitaminas A, C e complexo B (B1, B2 e B3), proteínas (albumina e globulina) e aminoácidos (asparagina, glutamina e histidina). O preço acessível e seu sabor são fatores que contribuem para o alto consumo (Adão, 2005; Trindade et al., 2004). As variedades mais cultivadas no Brasil são a Prata, Pacovan, Maçã, Mysore, Terra e D’angola. A variedade Terra (Musa paradisíaca) é bastante exigente em nutrientes, podendo chegar a produzir de 30 a 35 t/ha/ciclo em condições favoráveis ou sob irrigação (Trindade et al., 2000; Trindade et al., 2004). A polpa da banana verde contém alto teor de amido e baixo teor de açúcares, é rica em flavonoides e uma porção significativa de amido resistente. Também apresenta forte adstringência que se dá pela presença de compostos fenólicos solúveis, basicamente taninos. Tal adstringência diminui à medida que a banana amadurece, devido a polimerização dos compostos fenólicos, transformando quase todo amido em açúcares (sacarose, glicose e frutose), aumentando a doçura e reduzindo a acidez (Eerligen & Delcour, 1995; Vilas Boas, 2001). O desperdício na cadeia produtiva da banana é de até 60%, devido a falhas na colheita, pós- colheita e nos sistemas de transporte, distribuição e armazenamento, assim, uma alternativa interessante seria a utilização de banana verde para a produção de alimentos com propriedades funcionais, o que impulsionaria o uso industrial e minimizaria as perdas pós-colheita, uma vez que a banana verde é menos frágil que a fruta madura, facilitando o armazenamento pós-colheita. (Borges et al., 1998; Souza, 1993). A obtenção de farinha de banana pode ser feita por meio de secagem natural ou artificial, fazendo uso de bananas verdes ou semi verdes (SBRT, 2006). No processo de secagem, ocorre a remoção de água, presente na banana, na forma de vapor para a fase gasosa insaturada, que acontecem por meio de vaporização térmica (ou sublimação na liofilização), ou seja, verifica-se o fenômeno de transferência de calor e massa. (Ferrua & Barcelos, 2003). Tal operação unitária tem por objetivo diminuir o teor de água no alimento, que fará com que haja redução do volume, favorecendo o transporte e prolongando o tempo de prateleira do produto. (Park et. al., 2001). A velocidade com que o alimento perde umidade é conhecida como cinética de secagem. A cinética é controlada pelas características do alimento que será seco, e pelas condições de temperatura, velocidade e umidade relativa do ar. Também pode ser determinada por meio de modelos matemáticos semiempíricos ou puramente empíricos (Madamba, 2003). Com isso o objetivo do trabalho foi avaliar a cinética de secagem da banana da terra (Musa paradisíaca). 2. Materiais e métodos 2.1. Materiais A fruta banana da terra foi adquirida em um mercado local da região de Dourados – MS, Brasil. Na preparação das amostras, os frutos foram selecionados, retirando-se as partes danificadas, assim como qualquer parte de outro vegetal ou material estranho, e cortados latitudinalmente até obter rodelas de aproximadamente 3mm de altura. E pesou-se a amostra. Utilizando-se secador descontínuo de bandejas, em escala de bancada, com temperatura do ar de secagem de 70ºC e uma circulação de ar de 62rpm. Para a realização das pesagens, foi utilizada balança eletrônica semianalítica (OHAUS Modelo AR3130), com precisão de 0,01 g. 2.2. Métodos Obtenção das curvas de secagem e modelagem matemática: A secagem foi realizada em estufa de ar convectivo na temperatura de 70°C. As amostras foram colocadas na câmara e, após, foi mensurado o peso em intervalos de tempo; nas primeiras 2 horas, a amostra foi pesada em intervalos de 15 minutos, nas duas próximas horas, de 30 em 30 minutos, e a partir da quinta hora de experimento, pesou-se em intervalos de 1 hora até a obtenção de peso constante e foram calculados os parâmetros através das equações a seguir: Para encontrar a massa da amostra úmida (Wúmida), utilizou-se a equação 1. Wúmid =(massaamostra+ massavidro)–massavidro (1) A massa de água (WH2O) é calculada pela equação 2. WH2O = Wúmida - Wss (2) A umidade ao longo do tempo (Xt) é obtida usando a equação 3. Xt = WH2O/Wss (3) A umidade ao longo tempo media (Xt média) é atribuída pela equação 4. Xt média = (4) A umidade livre média (X livre médio) é calculada pela equação 5. X livre média = Xt médio – Xe (5) A variação da umidade livre média (∆X livre media) é dada através da equação 6. ∆Xlivremedia=Xlivremédio1-Xlivremédio2 (6) A variação de tempo (∆t) é obtida usando a equação 7. ∆t=(t2–t1)(7) A taxa de secagem (Ra) é dada pela equação 8. (8) O adimensional de umidade livre podemos obter através da equação 9. (9) As Equações 10 a 13 descrevem a modelagem utilizada para obtenção da difusividade efetiva empregando método gráfico com ajuste exponencial. A partir da Lei de Fick pela Equação 10: (10) Fazendo ajustes matemáticos, encontra-se a Equação 11: (11) Isolando-se K a partir da equação anterior, se obtém a Equação 12: ( ) (12) E por fim, a Equação 13 para a determinação da difusividade efetiva: (13) Onde: W = peso do sólido úmido, ao longo do tempo durante a secagem [g]; Wss = peso do sólido seco, ao final de 24h [g sólido seco = gss]; WH2O = peso da água [g]; Xt = umidade ao longo do tempo de secagem [g H2O / gss]; X livre = umidade livre [g H2O / gss]; X livre média = umidade livre média [g H2O /gss]; Xe = umidade de equilíbrio ou umidade final da secagem [g H2O / gss]; Xc = umidade crítica, obtida ao final do período de taxa de secagem constante e início da taxa decrescente [g H2O / gss]; X0 = taxa de secagem média inicial [g H2O / gss]; Ra = taxa de secagem [g H2O /min m2]. Def = difusividade efetiva (cm2 /min) L = espessura da fatia (cm) K = constante de secagem (min-1) 3. RESULTADO E DISCUSSÃO Na Figura 1 estão apresentadas as amostras de antes e depois da secagem da banana da terra (Musa paradisíaca), onde pode-se observar mudanças na característica física, como tamanho e cor, da amostra após ser submetida a secagem a 70ºC, por consequência da redução de sua umidade. Figura 1 - Amostra antes (A) e depois (B) da secagem a 70ºC) A B De acordo com Da Silva et al. (2013), durante a secagem, ocorre um encolhimento e uma modificação da difusividade de massa efetiva, que ocorre devido às modificações na estrutura interna do produto, devido ao encolhimento e à perda de água ao longo do tempo. As curvas de secagem permitem predizer o momento do processo em que se atinge o teor de umidade desejado e desta forma obter produto de boa qualidade. A Figura 2 mostra a variação no teor de umidade livre media da banana em função do tempo de secagem para a temperatura de ar de 70ºC. Figura 2 - Curva de secagem em condições constantes. A Figura 2 apresenta uma curva decrescente ao longo do período da secagem, de modo geral, os sólidos apresentam uma curva bem definida, porém como a umidade superficial da banana é muito baixa, quase nula, nota-se então um período decrescente na velocidade de secagem, onde ocorre a retirada da umidade intrínseca ao produto no interior da célula, por tanto a remoção de água se torna mais complexa nesse período. A umidade crítica é definida pelo ponto C sendo 1,3855 gH2O/gss e a umidade de equilíbrio pelo ponto D, sendo 0,00262 gH2O/gss. Em média foram necessárias 7 horas para que a fatia de banana secasse até massa constante. A diferença no teor de umidade no início não é muito elevada, porém aumenta conforme o tempo de secagem. No início do processo as diferenças são menores, pois a banana não contém a fase constante de secagem, com isso não há umidade livre na superfície, sendo assim sugere um processo de difusão de umidade do interior da amostra para a superfície, como é possível verificar na Figura 3 e também observado por Silvia et. Al. (2009). Figura 3 - Seguimento livre o qual representa a taxa decrescente de secagem. A difusividade do sólido é o principal parâmetro de análise de transferência de massa. A determinação desta variável é necessária para que durante o processo de operação unitária as características físicas, químicas e microbiológicas do alimento sejam mantidas nos padrões de produção, para garantir a qualidade requerida do produto final. Figura 4 - Cinética de secagem descrita pelo modelo de difusão de Fick. O ajuste da curva, Figura 4, fornece uma equação exponencial, que se correlaciona a lei de Fick, onde, através da equação 12, obtem-se a constante de secagem (k) igual a -0,0198 min-1 . Através da aplicação deste valor na equação 13, encontra-se que a difusividade efetiva do sólido é 0,000722217 cm²/min. Este valor é próximo ao encontrado por Da Silva et. Al. (2013) de 0,000732 cm²/min. 4. Conclusão O processo de secagem da fatia de banana foi eficiente, pois a umidade de equilíbrio encontrada é próxima a zero. Além disso, o valor da difusividade efetiva do solido condiz com o encontrado na literatura. 5. REFERÊNCIAS Adão, R. C.; Gloria, M. B. A. Bioactive amines and carboydrate changes during repening of Prata banana (Musa acuminata × M. balbisiana). Food Chemistry, v. 90, n. 4, p. 705-711, 2005. Borges, A. L.; Oliveira, A. M. G.; Ritzinger, C. H. S. P.; Almeida, C. O.; Coelho, E. F.; Souza, L. S.; Lima, M. B.; Fancelli, M.; Cordeiro, Z. J. M. A cultura da banana. 2. ed. rev. e aum. Brasília, DF: EMBRAPA, SPI, 1998. 94 p. (Coleção Plantar, 38). Borges, M. T. M. R. Potencial vitamínico de banana verde e produtos derivados. 2003. 60f. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. Da Silva, W.P.; Silva, C.M.D.P.S.; Gomes J.P. Drying description of cylindrical pieces of bananas in different temperatures using diffusion models Journal of Food Engineering., 117 (3) (2013), pp. 417-424. Eerligen, R.C., Delcour, J.A. Formation, analysis, structure and properties of Tipe III enzyme resistant starch. Journal of Cereal Science, London, v.22, p.120-130, 1995. Ferrua, F.Q.; Barcelos, M.F.P. Equipamentos e embalagens utilizados em tecnologia de alimentos. Lavras: UFLA/ FAEPE, 2003. Jesus, S. C. D., Folegatti, M. I. D. S., Matsuura, F. C. A. U., & Cardoso, R. L. (2004). Caracterização física e química de frutos de diferentes genótipos de bananeira. Madamba, P. S. 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Desidratação osmótica de banana com e sem vácuo com complemento de secagem em estufa de circulação de ar. 2002. 82 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2002. Souza, J. S. Mercado e comercialização de frutas. In: ENCONTRO ESTADUAL DE FRUTICULTURA, 1., 1993, Cruz das Almas, BA. Anais... Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 1993. p. 59-76. (Embrapa-CNPMF. Documentos, 39). Trindade, A. V.; Borges, A. L.; Souza, A. S.; Matos, A. P.; Almeida, C. O.; Alves, E. J.; Dantas, J. L. L.; Souza, J. S.; Lima, M. B.; Francelli, M.; Cordeiro, Z. J. M. Banana. Produção: aspectos técnicos, Brasília, DF, EMBRAPA Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000. Trindade, A. V.; Borges, A. L.; Teixeira, A. H. C.; Matos, A. P.; Ritzinger, C. H. S. P.; Almeida, C. O.; Costa, D. C.; Costa, E. L.; Matsuura, F. C. A. U.; Souza, J. S. Lima, M. B. O cultivo da bananeira, Cruz das Almas, BA, EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, 2004. Vilas Boas, E. V. 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