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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS ANDRÉ SAVASSI FEAD Belo Horizonte 2011 Todos os direitos reservados ao Sistema Integrado de Ensino de Minas Gerais – SIEMG Rua Cláudio Manoel, 1.162 – Savassi – Belo Horizonte – MG Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização do SIEMG Atenção: pode acontecer de algum desses sites indicados não estar mais disponível devido ao dinamismo que caracteriza essa fonte de informação. S266f Savassi, André Fundamentos de Negócios Internacional / André Savassi. Belo Horizonte: FEAD, 2011. 144p. ISBN: 978-85-80340-31-2 1-Título I. Administração II. Negócios Internacionais CDU: 658 Publicado por FEAD Copyright©2011 FEAD Diretoria Geral José Roberto Franco Tavares Paes Capa David Teniers, o jovem - Sala de Guardas A Faculdade FEAD apresenta novo projeto, fundamentado em aspectos metodológicos da auto-aprendizagem, e inaugu- ra os cursos de graduação na modalidade a distância. Estudar na modalidade a distância é adquirir, além de co- nhecimento do conteúdo apresentado, competências hoje exi- gidas no campo profissional e pessoal: autonomia, interação, determinação, gerenciamento da própria formação e atualiza- ção continuada. A Instituição que se propõe formar empreendedores apre- senta atitude inovadora e ensina pelo próprio exemplo. O pro- jeto FEAD de Educação a Distância vem sendo desenvolvido desde 2004 e, agora, torna-se realidade. Buscar atingir a meta da qualidade em todos os projetos educacionais é o que move a comunidade FEAD. Projeto de muitas mãos e mentes, trabalho conjunto de professores, co- ordenadores, funcionários, empresas parceiras e direção, na busca de produzir o que há de consubstancial em aprendiza- gem na modalidade a distância. Sinta-se, em definitivo, participante e construtor deste novo tempo. Faça parte do seu mundo. Bem-vindo ao século XXI! Professor José Roberto Franco Tavares Paes Direção-Geral Olá, meu caro aluno! Sou o professor André, autor deste livro, que fiz para você com muito carinho e satisfação. O universo da logística é realmente fascinante e encantador, porque nos mostra, a cada dia, uma nova situação que nos traz novos conhecimentos. Espero que você também sinta isso com as aulas desta disciplina que preparei para você e que faça do estudo desse livro um ato prazeroso e envolvente. Sou formado em Comércio Exterior pelo Centro Universitário UNA e pós-graduado em Logística Empresarial - MBA. Em minha vida profissional, destaca-se atividades como consultor de empresas, sempre no setor logístico, e como gerente e supervisor de logística em diversas organizações. Sou professor universitário nos cursos de Administração de Empresas, Logística e Gestão da Produção. Acredito que, após o estudo desta disciplina, possamos nos tornar colegas de profissão! Um bom curso e sucesso em sua vida profissional! André Savassi Longo Fo to : A ut or Sumário Unidade 01 AULA 1 INTRODUÇÃO AO COMÉRCIO INTERNACIONAL ...................................................................9 AULA 2 EMPRESAS MULTINACIONAIS ..............................................................................................13 AULA 3 AS VANTAGENS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL .............................................................17 AULA 4 O REGIME ADUANEIRO BRASILEIRO ...................................................................................21 AULA 5 BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL ...................................................................25 AULA 6 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL ....................................................................29 AULA 7 O TRANSPORTE INTERNACIONAL .......................................................................................33 AULA 8 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA NO CONTINENTE AMERICANO ..............................................37 Unidade 02 AULA 9 ÓRGÃOS INTERVENIENTES ..................................................................................................41 AULA 10 SEGURO INTERNACIONAL ....................................................................................................45 AULA 11 DOCUMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ...............................................................49 AULA 12 PAGAMENTOS INTERNACIONAIS .........................................................................................53 AULA 13 O BALANÇO DE PAGAMENTOS INTERNACIONAIS .............................................................57 AULA 14 O MERCADO CAMBIAL ..........................................................................................................61 AULA 15 CENTROS FINANCEIROS E PARAÍSOS FISCAIS .................................................................65 AULA 16 SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES ......................................................................................69 Unidade 03 AULA 17 MERCEOLOGIA .......................................................................................................................73 AULA 18 EXPORTAÇÃO PASSO A PASSO ...........................................................................................77 AULA 19 EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO ........................................................................................83 AULA 20 EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO ........................................................................................89 AULA 21 EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO ........................................................................................95 AULA 22 INCOTERMS ..........................................................................................................................101 AULA 23 DECRETO Nº 4.543, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2002 .......................................................... 111 Unidade 04 AULA 24 IMPORTAÇÃO – PASSO A PASSO ....................................................................................... 117 AULA 25 SISCOMEX .............................................................................................................................121 AULA 26 SISTEMÁTICA DAS EXPORTAÇÕES ...................................................................................125 AULA 27 DIREITOS ADUANEIROS ......................................................................................................129 AULA 28 REGIME DE DRAWBACK ......................................................................................................133 AULA 29 FORMAÇÃO DE CUSTOS .....................................................................................................137 AULA 30 TRANSPORTE INTERNACIONAL .........................................................................................141 Objetivos • Entender o conceito de Comércio Internacional. • Entender o porquê de as organizações trabalharem no Comércio Exterior. • Conhecer generalidades sobre o Comércio Internacional. AULA 1 INTRODUÇÃO AO COMÉRCIO INTERNACIONAL Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS 10 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, é com muita satisfação que lhe recebo para estudarmos juntos a disciplina “Fundamentos de Negócios Internacionais”. Como se sabe, com a abertura dos mercados e a criação dos blocos econômicos, o mundo vive hoje uma constante mudança fazendo com que todos pos- sam comercializar aonde quiser e com o menor tempo possível. Vamos então iniciar esse tema abordando o porquê de o homem estar sempre em busca de novas oportunidades e principalmente de novos desafios. O ser humano, para sobreviver, necessita satisfa- zer algumas necessidades básicas, sem o que morre- ria. Precisade alimentos, de alguma coisa para se aga- salhar e de lugar para se abrigar. Portanto, temos aqui as três necessidades primárias: alimentos, vestuário e habitação. Essas necessidades eram as únicas para os homens pré-históricos. Entretanto, na medida em que o ser humano foi progredindo, outras começaram a sur- gir, tais como educação, lazer e conforto. Para satisfazer todas as necessidades, o homem precisa de bens. Por exemplo, quando você está com fome, ingere alimentos, não é verdade? Ocorre que os alimentos encontrados na natureza tornaram-se insuficientes. Isso o obrigou a plantar, o que significa produzir. O homem, ao fazer suas roupas, realizou um processo de produção. Ao fazer o seu abrigo, também produziu. Porém, o ser humano percebeu que era difícil pro- duzir tudo aquilo que precisava. Era mais fácil fazer dez coisas iguais do que sete diferentes. Assim, nasceu a divisão do trabalho: um indivíduo produzia apenas um tipo de objeto em quantidade superior a suas necessi- dades e trocava o excedente. Em épocas pré-históricas, as trocas ocorriam en- tre habitantes da mesma tribo. Com a evolução do relacionamento humano, o campo de ação das trocas ampliou-se, sucessivamente, para as cidades, nações e, finalmente, para o mundo. 2 COMÉRCIO INTERNACIONAL A troca, nos dias atuais, ultrapassou as fronteiras, tornando-se o que chamamos de Comércio Internacio- nal. Este é conhecido como uma via de duas mãos, em que as vendas são representadas pelas exportações e as compras, pelas importações. Agora, meu caro aluno, você deve estar se pergun- tando o porquê de importar e exportar? Os motivos são os seguintes: • desigual distribuição das jazidas minerais em nosso planeta. A título de exemplo, citamos o petróleo, que é inexistente em alguns lugares e abundantes em outros; • diferenças de solos e climas, o que diversifica a produção agrícola dos países; • diferença de estágios de desenvolvimento eco- nômico. A título de exemplo, o Brasil exporta aviões de porte médio (Embraer) e importa avi- ões de grande porte (Boeing e Airbus). Em virtude dos motivos apontados, aproximada- mente 25% dos bens produzidos no mundo são ex- portados. Isso nos mostra a importância do Comércio Internacional. 3 GENERALIDADES SOBRE O COMÉRCIO INTERNACIONAL Ao observador menos avisado, poderá parecer, à primeira vista, que o Comércio Internacional nada mais seria do que um prolongamento do comércio interno, podendo, ser analisado mediante a aplicação dos mes- mos critérios e métodos comumente utilizados para explicar o comércio interno. De fato, tanto o Comércio Internacional quanto o comércio interno apresentam várias semelhanças no que se refere a determinados aspectos. Ambos encontram-se alicerçados nos desejos e nas necessidades humanas e têm como objetivo pri- mordial o atendimento dessas necessidades e desejos. Outra identificação ocorre quando examinamos os mo- tivos que dão origem aos dois tipos de comércio. O principal deles é a impossibilidade de uma re- gião ou país produzir vantajosamente todos os bens e serviços de que seus habitantes tenham necessidade. Isso é decorrência de fatores diversos, dentre os quais podem ser destacados: a desigualdade na distribuição geográfica dos recursos naturais; as diferenças de cli- ma e de solo; e as diferenças de técnicas de produção. Algumas regiões ou países são detentores de re- cursos naturais que não são encontrados em outros. O carvão, por exemplo, é abundante na América do Norte e em alguns países da Europa, enquanto é escasso em outras regiões. O petróleo existe em determinados países apenas. No Estado de Minas Gerais, há uma AULA 1 • INTRODUÇÃO AO COMÉRCIO INTERNACIONAL 11 abundância de reservas de minério de ferro, enquanto em outras regiões do Brasil não. Ou, então, nessas ou- tras regiões há em menores quantidades. As diferenças de clima e de solo também contri- buem para essa distribuição desigual. Ainda no tocante às características apresentadas pelos dois tipos de comércio, outros pontos de seme- lhança podem ser encontrados. Ambos consistem na troca de determinados bens ou serviços e envolvem compradores e vendedores, benefícios mútuos para as partes, políticas de produção e de vendas, problemas de assistência creditícia, preferências de consumido- res, detalhes de transportes etc. Pelo que vimos até aqui, meu caro aluno, muitos poderiam concluir que um diretor ou gerente de ven- das bem sucedido no mercado interno estaria automa- ticamente capacitado a se tornar um eficiente diretor ou gerente de vendas internacionais. Porém, mesmo com a existência das semelhanças já apontadas, o Comércio Internacional tem vários pontos divergentes em relação ao comércio interno. Podemos afirmar que as diferenças entre o comércio interno e o Comércio Internacional são devidas principalmente às variações no grau de mobilidade dos fatores de produção, à natu- reza de mercado, à existência de barreiras aduaneiras, às longas distâncias e às variações na ordem monetá- ria e variações de ordem legal. 3.1 CONCEITO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL É o intercâmbio de bens e serviços entre países, resultante das especializações na divisão internacional do trabalho e das vantagens comparativas dos países. 3.2 CONCEITO DE COMÉRCIO EXTERIOR É a relação direta de comércio entre dois países ou blocos. São as normatizações com as quais cada país administra seu comércio com os demais, regulando as formas, métodos e deliberações para viabilizar esse comércio. Razões que levam uma empresa a ingressar no Comércio Exterior: • alternativa de mercado; • redução de custos; • redução de tributos; • aprimoramento da qualidade e da tecnologia; • oportunidades vislumbradas; • informações e tendências de mercado. 3.3 A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO EXTERIOR Operar no mercado internacional exige uma refle- xão sobre vários pontos. Dentre eles, ressaltam-se os mais importantes: • análise da capacidade exportadora da empre- sa; • disponibilidade de recursos humanos para que o trabalho possa ser bem estruturado, desen- volvido e analisado; • habilidade para operar em outra cultura; • disponibilidade de recursos financeiros, pois a inserção no mercado internacional exigirá investimentos, seja na área produtiva, seja na mercadológica ou na organizacional; • disponibilidade para estar aprendendo sempre. O Comércio Exterior assume cada vez mais um papel vital para a maioria dos países do mundo, cons- tituindo uma variável fundamental para o desenvolvi- mento das nações. Em razão de sua própria natureza, os fatos ligados ao Comércio Exterior têm profundas implicações com as relações internacionais, sejam es- tas vistas nas suas repercussões internas ou nas ex- ternas. Na ordem interna, o Comércio Exterior reflete a po- lítica de desenvolvimento do país, indicando não só o nível já alcançado nesse processo, como também as suas dependências, vulnerabilidades e outras deficiên- cias. Na ordem externa, o Comércio Internacional é igualmente uma variável estratégica. É o principal ins- trumento com o qual o mundo capitalista busca implan- tar a ordem econômica liberal, do ideal de integração e internacionalização da economia mundial. Em geral, a intervenção do governo brasileiro no seu Comércio Exterior pode ser resumida em três tipos de controle: • administrativo: o controle administrativo, mani- festado por meio das exigências e do estabele- cimento do tratamento administrativo e aplicá- vel a cada um dos produtos e a determinadas situações; • cambial: o segundo tratamento (cambial), por meio do controle da política cambial; 12 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS • aduaneiro: o terceiro (aduaneiro), pela institui- ção da tarifa aduaneira, que exige, para sua cobrança ou dispensa,a edição de legislação regulamentar pertinente. A aplicação e a exi- gência dessa legislação demandam a criação de uma estrutura administrativa denominada “alfândega” ou “aduana”, a qual estudaremos nas próximas aulas. 4 RESUMO Nesta aula, abordamos os principais motivos que fazem com que as organizações optem em trabalhar no âmbito internacional, além das principais vantagens dessa operação e, principalmente, a evolução do pen- samento do homem e suas necessidades básicas e secundárias. O advento da globalização intensificou ainda mais a comercialização entre os países e blocos, fazendo com que o consumidor possa adquirir determinados produtos com muito mais qualidade, sem, necessaria- mente, movimentar grandes distâncias, uma vez que, com a evolução tecnológica, o Comércio Exterior to- mou um impulso de bastante significância. 5 ATIVIDADES 1) Para você, quais são os principais proveitos que as organizações podem tirar ao optarem pela opera- ção com o Comércio Internacional? 2) Por meio de seus conhecimentos, faça uma lista de produtos os quais o Brasil tem potencial de expor- tar e outra lista com alguns produtos que o Brasil necessita de comprar do mercado externo. REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Entender o significado de empresas multinacionais. • Conhecer os fatores que beneficiam as multinacionais. • Entender as relações entre o Brasil e as multinacionais. AULA 2 EMPRESAS MULTINACIONAIS Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS 14 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos abordar as em- presas multinacionais, suas particularidades e o que essas empresas mais observam ao optarem por explo- rar determinados mercados. As empresas multinacionais existem há muito tem- po. Como exemplo, citamos a Companhia das Índias Ocidentais, que já operava no século XVII. Entretan- to, após a Segunda Guerra Mundial, elas cresceram e passaram a ganhar muita importância no Comércio Internacional. As multinacionais operam, simultaneamente, em vários países por meio de suas afiliadas ou subsidiá- rias, das quais mantêm controle e comando. As multinacionais passaram por três etapas: 1) Depois da Primeira Guerra Mundial. Conhecida como a era da economia internacional. Nessa época, as empresas dos países industrializa- dos procuravam encontrar matérias-primas a baixo custo. 2) Começou por volta de 1960. Conhecida como a era das multinacionais. Nessa época, as mul- tinacionais procuravam driblar o protecionis- mo, realizando investimentos para conquistar o mercado interno dos países receptores. 3) A partir dos anos de 1990. Conhecida como a era da economia global. O objetivo principal das multinacionais é a obtenção de maior pro- dutividade, “mundializando” a produção, mes- mo à custa do fechamento de fábricas no país de origem ou em qualquer outro. As multinacionais têm um lado positivo muito gran- de, porque produzem mercadorias mediante a utiliza- ção de alta tecnologia, geram empregos e reduzem preços. Elas também criam novos hábitos, como ocor- reu no Brasil e em grande parte do mundo com a Coca Cola, por exemplo. Os países, para protegerem a produção nacional, criam barreiras alfandegárias, que, dificultando a im- portação, estimulam o ingresso de multinacionais. Na década de 1960, a Europa foi invadida por mul- tinacionais americanas. Quando um país, particularmente de primeiro mun- do, adota medidas drásticas contra monopólios, como defesa, as grandes empresas expandem-se no exte- rior, criando multinacionais. Isso ocorreu com as corpo- rações americanas. 2 FATORES QUE BENEFICIAM AS MULTINACIONAIS Devido à elevada capacidade de recursos, as mul- tinacionais têm acesso ao crédito bancário, tanto no país, como no exterior, o que é difícil para as empresas genuinamente nacionais. Como se constituem numa rede espalhada pelos principais pontos do mundo, elas têm meios de: • mais rapidamente saber onde a matéria-prima é mais barata e maior facilidade de adquiri-las nos mercados externos; e • exportar seus produtos com mais facilidade. Há um comprador e distribuidor de suas mer- cadorias no exterior que é sua afiliada. Como o seu volume de produção é muito grande, permite: • ratear de forma menos onerosa os gastos ele- vados com pesquisas; e • reduzir os custos fixos, o que torna sua produ- ção mais barata. 2.1 RELACIONAMENTO COM OS PAÍSES E COM O POVO O relacionamento dos países e dos povos com as multinacionais tem sido, muitas vezes, marcado pelo conflito. As correntes nacionalistas as têm como ame- aça aos governos. Isso por que elas se tornaram or- ganismos muito poderosos e ganharam espaços nas economias nacionais. Na verdade, o raio de ação das multinacionais ultra- passa as fronteiras das nações, e quando, em algum país, elas sentem a inconveniência de continuar, liquidam suas instalações. Isso ocorreu na Argentina, onde a General Motors fechou sua fábrica, em 1978. Em fins de 1992, vol- tou para lá, por intermédio da General Motors do Brasil. 3 O BRASIL E AS MULTINACIONAIS Com o passar dos anos, as multinacionais foram instalando-se no Brasil. Praticamente, todas as gran- des corporações do mundo já têm filiais ou represen- tantes em nosso País. Na lista dos 500 maiores grupos internacionais, publicada pela revista Fortune, consta o fato de que 405 já estão aqui instaladas. A partir da década de 1990, a situação do Brasil em relação às multinacionais mudou de forma extraordinária: 15 AULA 2 • EMPRESAS MULTINACIONAIS • com a implantação do real (R$), a inflação dei- xou de assustar as multinacionais; • as taxas de juros passaram a ter valores acei- táveis. 3.1 ANÁLISE CRÍTICA Quando uma multinacional se instala num país do terceiro mundo: • leva know-how e se constitui como um veículo de difusão de tecnologia; • transfere capitais de países em que ele é abun- dante para nações em que é escasso, gerando empregos; • obriga a indústria nacional a progredir, porque quando não há concorrência, as empresas se acomodam. As multinacionais geram divisas, porque diminuem as importações dos produtos por elas fabricados e au- mentam as exportações. Foi o que aconteceu com a implantação das indústrias automobilísticas no Brasil. 3.2 INVESTIMENTOS DAS MULTINACIONAIS • Em 1980, 25% nos países do terceiro mundo. • Em 1990, 17% nos países do terceiro mundo. • Em 1990, Japão e Estados Unidos absorveram mais de 80% das aplicações. 3.3 MANIPULAÇÃO DE PREÇOS PARA TRANSFERIR LUCROS As multinacionais podem manipular a transferência do lucro por meio de uma política de preços. Exemplifi- cando, a empresa X tem suas instalações na França e nos Estados Unidos. Se o lucro na França for mais tri- butado do que nos Estados Unidos, a afiliada francesa passará a vender para os Estados Unidos a preço de custo. Não haverá imposto de renda na França; e todo o lucro será centralizado nos Estados Unidos, onde a tributação é mais conveniente. Dizem os nacionalistas que, apesar de todos con- troles do governo brasileiro, muitos lucros foram repa- triados para o exterior por meio de política dirigida de preços entre matriz e filial. 4 RESUMO Caro aluno, nesta aula, abordamos os principais motivos que fazem com que as empresas se tornem multinacionais, ou seja, tornem-se empresas “do mun- do” e não mais de um só mercado. Quando abordamos o assunto multinacionais, devemos nos atentar para que não somente sejam levantados os pontos positi- vos,ou seja, os pontos benéficos dessa modalidade comercial. Caso o país não tenha o seu parque indus- trial muito bem estruturado, certamente a entrada das multinacionais irá dificultar a evolução das indústrias locais, uma vez que as multinacionais, na maior par- te das vezes, entram nos mercados com tecnologias e know-how de primeiro mundo. Nesse caso, o governo daquela nação deverá criar “barreiras” para que seu parque fabril não seja “destruído” pelas potências que ali se instalaram. Por outro lado, podemos observar que o advento das multinacionais em determinados mercados faz com que o parque fabril daquela nação se fortaleça, caso o governo crie artifícios para isso. Conclui-se então que as multinacionais não fazem nem bem e nem mal para uma nação. O que irá de- terminar a evolução ou o desastre de uma nação será certamente suas políticas protecionistas. Agora, meu caro aluno, todas as vezes que você souber que está chegando uma empresa estrangeira para se instalar em nosso País, certamente você irá analisar com outros olhos, para saber se realmente será uma atratividade para a nação ou se será apenas mais uma que está se instalando em nosso País para tentar “derrubar” o nosso parque fabril. 5 ATIVIDADES 1) Faça um levantamento dos pontos positivos e dos pontos negativos relacionados à instalação de uma multinacional em nosso País? 2) Em quais segmentos, você acha que o nosso País está apto a receber indústrias multinacionais sem prejudicar o nosso parque fabril; e em quais seg- mentos, você acha que ainda precisamos melhorar mais, uma vez que, caso recebamos essas indús- trias, o nosso parque fabril ficará enfraquecido? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Entender a abordagem das limitações na especialização. • Conhecer o que vem a ser segurança nacional. • Entender a abordagem dos tratados e acordos internacionais. AULA 3 AS VANTAGENS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS 18 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos abordar as van- tagens que as empresas procuram adquirir ao adentra- rem no Comércio Internacional. Chega um momento que não se torna mais atrativo para as organizações pratica- rem transações comerciais somente em seus territórios. Necessita-se, então, descobrir novos mercados poten- ciais para a comercialização de seus produtos acabados e também para a aquisição de matérias-primas mais atrativas, seja no custo e também na qualidade. Devemos saber, meu caro aluno, que essa deci- são das organizações de adentrarem-se em novos mercados, às vezes, não parte somente delas, mas, na maioria das vezes, o próprio mercado começa a ditar as regras do jogo, ou seja, o concorrente começa a ad- quirir matérias-primas mais atrativas ou clientes mais atrativos; e assim a organização se vê na obrigação de mudar suas estratégias empresariais. 2 TEORIA E REALIDADE Pelo que diz a teoria do Comércio Internacional, cada país deveria especializar-se na produção daque- les artigos que pudesse produzir de maneira vantajosa, trocando, posteriormente, o excedente dessa produção por artigos produzidos por outros países. Com isso, meu caro aluno, haveria maior disponibili- dade de bens e serviços para as respectivas populações e, o que é mais importante, a preços mais acessíveis, aumentando suas possibilidades de consumo, o que se poderia traduzir por uma elevação de seu bem estar. Entretanto, não é o que verifica na prática. Os vários países procuram produzir praticamente tudo, aplicando as chamadas políticas de “substituição das importações” a qualquer custo e criando uma série de entraves ao Comércio Internacional. Com isso, os con- sumidores nacionais acabam sendo prejudicados, pois vão pagar mais caro por um artigo nacional de menor qualidade Por que isso ocorre? Vejamos algumas razões. 3 LIMITAÇÕES NA ESPECIALIZAÇÃO A especialização de produção apresenta limita- ções. Admitamos que um país resolva aplicar todos os seus fatores de produção na fabricação de um único artigo. Ora, quem lhe garante que todo o excedente dessa produção (isto é, produção menos o consumo in- terno) encontrará colocação no mercado internacional? Há de si considerar também que o esforço do país em atingir mercados mais distantes provocará um au- mento dos custos de transporte do produto, o que po- derá anular a vantagem comparativa que o país tenha em relação ao mesmo. Assim, o país irá concluir que não lhe é interes- sante aplicar todos os seus fatores de produção de um único bem. Consequentemente, irá usar os fatores dis- poníveis na produção de outros artigos, em relação aos quais, provavelmente, não possua qualquer vantagem comparativa. A um país como o Brasil, digamos, não interessará por dedicar-se somente à produção de um único artigo (café, por exemplo). Ele poderá utilizar parte dos fato- res de produção do café, mas o restante poderá apli- car na produção de outros artigos, mesmo sofisticados, como automóveis, computadores, aviões etc. 4 SEGURANÇA NACIONAL A especialização e o comércio livre criam uma interdependência entre os países. Por questões de segurança nacional, um país pode querer manter a capacidade de produzir certos bens, considerados es- tratégicos (alimentos, combustíveis, armamentos etc.), mesmo que tal atitude seja desinteressante em termos puramente econômicos, como, por exemplo, o caso da produção de álcool como combustível no Brasil. Enten- deu, meu caro aluno? 4.1 GRUPOS DE PRESSÃO Determinados grupos econômicos, com suficiente poder para pressionar os governantes, podem decidir produzir internamente determinados bens, embora es- tes pudessem ser adquiridos de outros países em con- dições mais vantajosas. Em decorrência, surgem as práticas restritivas ao Comércio Exterior, objetivando proteger tais grupos contra a competição de produtos similares estrangeiros. Aqui no Brasil, meu caro aluno, temos o exemplo da indústria automobilística. 4.2 O SONHO DA INDUSTRIALIZAÇÃO Por várias razões, os preços internacionais dos produtos primários sofrem constantes flutuações de preços. 19 AULA 3 • AS VANTAGENS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Em virtude dessas flutuações, os países subde- senvolvidos, pesadamente dependentes da produção e exportação de produtos primários, acabam rejeitan- do a teoria das vantagens comparativas e procurando industrializar-se a qualquer custo. Além disso, normal- mente, o rendimento per capta é mais elevado no setor industrial do que no setor primário. Assim, a transfe- rência de população do setor primário para o setor in- dustrial contribui, em muitos casos, para a elevação do nível de vida da população. Além das razões puramente econômicas para esse procedimento, existem também fortes razões políticas. Para um governante, é muito importante procurar introduzir indústrias em seu país, pois, po- liticamente, ele terá aumentado seu prestígio com a população. Está claro, meu caro aluno, que os aspectos exa- minados não implicam negarem-se as vantagens da divisão do trabalho e do Comércio Internacional. Deve-se levar em consideração esses princípios como ideia básica, completando-a ou alterando-a con- forme as situações peculiares que cada país tenha de enfrentar. Não se pode cair no extremo de uma economia to- talmente fechada, pois o Comércio Exterior é, indiscuti- velmente, uma alavanca importante no processo de de- senvolvimento econômico de um país e no bem-estar da população. 5 TRATADOS E ACORDOS INTERNACIONAIS Tratados são convenções celebradas entre na- ções, vigorandopor certo período, com o objetivo de nortear as relações comerciais entre elas. Podemos distinguir dois tipos de tratados comer- ciais: a) Bilateral – quando abrange apenas duas na- ções; b) Multilateral – quando as suas disposições se estendem a vários países, que as aprovam com o fim de harmonizar os seus interesses e de intensificar as suas relações comerciais. Um tratado comercial contém uma série de cláusu- las, abordando uma infinidade de aspectos, tais como instalação de serviços consulares, direitos e obriga- ções de empresas estrangeiras, proteção de marcas e patentes, direitos e obrigações dos navios das nações contratantes, fretes, direitos aduaneiros, tributação in- terna sobre os produtos importados etc. Entre as várias cláusulas constantes de um tratado comercial, podemos citar as seguintes: a) Cláusula de reciprocidade de tratamento: de- termina que novas vantagens ou redução nos direitos aduaneiros somente. Serão concedi- das aos signatários do tratado, mediante com- pensações equivalentes recebidas. b) Cláusula de salvaguarda: prevê que os países signatários poderão aplicar restrições à impor- tação dos produtos negociados, sempre que possam causar prejuízos a determinado setor produtivo nacional. Tais restrições normalmen- te vigoram por um ano. Existem algumas distinções entre os tratados co- merciais e os acordos comerciais. Os tratados são bastante amplos e complexos, abrangendo uma infinidade de aspectos. Os acordos já são mais simples e limitam-se, de modo geral, aos aspectos relativos aos produtos a se- rem transacionados entre os países, quantidades e va- lores. Outro ponto que distingue os tratados dos acordos comerciais é que os primeiros vigoram por um longo prazo e determinado. Os acordos comerciais, por sua vez, de modo geral não têm prazo certo de duração e podem ser rescindi- dos tão logo uma das partes contratantes o queira, bas- tando, para tanto, que a outra seja avisada com uma pequena antecedência, em geral de três ou seis meses. Agora, meu caro aluno, você já está começando a conhecer mais a fundo as particularidades do Comércio Internacional. Já deu para observar que as negociações internacionais não são tão simples como possamos ima- ginar, uma vez que estão envolvidas culturas, políticas e comportamentos de compras totalmente diferentes. 6 RESUMO Caro aluno, nesta aula, abordamos algumas parti- cularidades do Comércio Internacional, dando ênfase aos tratados e acordos internacionais e principalmente diferenciando-os. Outro ponto observado relaciona-se às limitações das nações quanto às especializações da produção. Uma nação não poderá se achar como detentora de 20 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS todo o processo produtivo de determinado produto. Caso faça isso, certamente estará deixando de inves- tir nos demais produtos, fortalecendo o seu parque industrial. A segurança nacional é outro ponto a ser discutido, uma vez que qualquer nação deve “proteger” seu par- que fabril, criando barreiras, sejam elas diretas ou indi- retas, relacionadas à conservação de suas indústrias quanto à entrada de produtos estrangeiros. 7 ATIVIDADES 1) Faça um comparativo entre o que vem a ser um acordo internacional e um tratado internacional? 2) Quando falamos em segurança nacional, explique como uma nação pode proteger seu parque fabril quanto à entrada de indústrias estrangeiras? Dê exemplos. 3) Para você, quando é mais interessante uma nação se especializar em determinado segmento e quando se torna mais viável adquirir de outros mercados? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Estudar o funcionamento do regime aduaneiro do Brasil. • Entender o que vem a ser valor aduaneiro. • Entender o papel do imposto de importação. • Entender o papel do imposto de exportação. • Conhecer os tipos de regimes aduaneiros especiais. AULA 4 O REGIME ADUANEIRO BRASILEIRO Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS 22 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos apresentar o funcionamento do regime aduaneiro brasileiro, suas particularidades e maneiras de tratar uma mercadoria para exportação e recebimento (importação). Cada país possui o seu regime, cabendo a cada nação respeitar e cumprir as normas já estabelecidas pelos países. A negociação internacional vai muito além de uma simples transação comercial, uma vez que devemos nos atentar para o que se refere às po- líticas praticadas pelos países e posteriormente nos adaptarmos a elas para que consigamos realizar uma comercialização com êxito. Praticar Comércio Internacional é muito mais crite- rioso do que se possa imaginar, meu caro aluno, exige profundos conhecimentos de mercado nos quais esta- mos potencializando uma negociação e também bas- tante “bagagem” cultural. Vamos então saber com mais profundidade como funciona o Regime Aduaneiro de nosso País. 1.1 O TERRITÓRIO ADUANEIRO O território aduaneiro compreende todo o território nacional e compõe-se de zona primária e zona secundária: • a zona primária compreende a área ocupada pelos portos alfandegados, aeroportos alfan- degados e adjacentes aos pontos de fronteira alfandegados e os terminais retroportuários. • a zona secundária compreende o restante do território nacional. 2 O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO O imposto de importação incide sobre as mercado- rias estrangeiras e tem como fato gerador sua entrada no território nacional. Considera-se estrangeira, para efeito de incidência do imposto: a) a mercadoria desnacionalizada que vier a ser importada; b) a mercadoria nacional ou nacionalizada reim- portada, quando descumpridas as condições do regime de exportação temporária; c) a mercadoria nacional ou nacionalizada que, após o processo de beneficiamento ou trans- formação realizada no exterior, resultar em es- pécie diversa àquela prevista no processo de exportação temporária. 3 VALOR ADUANEIRO O valor aduaneiro será determinado pela aplicação de um dos métodos a seguir: • 1º método: valor de transação da mercadoria importada; • 2º método: valor de transação de mercadoria importada idêntica à mercadoria objeto do des- pacho; • 3º método: valor de transação de mercadoria importada similar à mercadoria objeto de des- pacho; • 4º método: valor da revenda da mercadoria im- portada. 4 O IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO O Imposto de Exportação, embora de aplicação bem mais restrita que o imposto de importação, é pre- visto em nossa legislação. Este imposto incide sobre a exportação para o ex- terior de mercadoria nacional ou nacionalizada. Enten- de-se por nacionalizada a mercadoria estrangeira im- portada a título definitivo. A Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) divul- gará, quando for o caso, os nomes dos produtos que estarão sujeitos ao Imposto de Exportação. 4.1 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS A nossa legislação prevê vários regimes aduanei- ros especiais, tais como: Trânsito aduaneiro O regime de trânsito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadorias, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspen- são do pagamento de tributos. Podemos citar como exemplo de trânsito aduaneiro a passagem de merca- doria procedente do exterior (e a este destinada) pelo território aduaneiro. Admissão temporária O regime de admissão temporária é o que permite a importação de bens que devam permanecer no país durante período fixado, com suspensão total do pa- 23 AULA 4 • O REGIME ADUANEIRO BRASILEIRO gamento de tributos. Como exemplo, podemos citar a admissão doscarros de Fórmula 1 ao vir para a dispu- ta do Grande Prêmio Brasil em São Paulo. Esse nada mais é do que uma admissão temporária. Se as mer- cadorias forem entregues para consumo interno, paga- rão integralmente os tributos devidos, como no caso de uma importação. Exportação temporária Regime que permite a saída do país, com sus- pensão do pagamento do imposto de exportação, de mercadoria nacional condicionada a reimportação em prazo determinado, no mesmo estado em que foi ex- portada. Podemos citar como exemplo, meu caro alu- no, algumas obras de arte brasileiras que vão para uma exposição em Paris e, ao final da temporada, retornam para o Brasil. Loja Franca (Free Shop) Regime que permite o estabelecimento autorizado, instalado em zona primária (aeroportos, portos), para vender mercadoria nacional ou estrangeira a passagei- ro em viagem internacional, contrapagamento em che- que de viagem (traveller’s check) ou em moeda estran- geira conversível. A mercadoria estrangeira importada diretamente pelos concessionários das lojas francas permanecerá com suspensão do pagamento de tribu- tos até a sua venda quando, então, será transformada em isenção. Depósito Especial Este regime permite a estocagem de partes, pe- ças, componentes e materiais de reposição ou manu- tenção, com suspensão do pagamento de impostos, para veículos, máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, estrangeiros, nacionalizados ou não, nos casos definidos pelo Ministério da Fazenda. Depósito Franco Por esse regime, é permitida, em recinto alfande- gado, a armazenagem de mercadoria estrangeira para atender ao fluxo comercial de países limítrofes com ter- ceiros países. Somente é concedido quando autorizado em acordo ou convênio internacional firmado pelo Brasil. Existem no Brasil os seguintes depósitos francos, dentre outros: • Belém – para as mercadorias exportadas ou importadas pelo Peru. • Manaus – para as mercadorias exportadas ou importadas pelo Equador. • Paranaguá – para as mercadorias exportadas ou importadas pelo Paraguai. A Zona Franca de Manaus A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais. Essa Zona foi estabelecida com o ob- jetivo de criar no interior da Amazônia um centro indus- trial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento em face dos fatores locais e da grande distância em que se encontram os centros consumidores de seus produtos. São isentos dos tributos de importação sobre pro- dutos industrializados no âmbito da entrada, na Zona Franca de Manaus, mercadorias procedentes do es- trangeiro destinadas: • a seu consumo interno; • à industrialização; • à pesca e à agropecuária; • à exportação. E estão excluídas desses benefícios as seguintes mercadorias: • armas; • munições; • fumo; • bebidas alcoólicas etc. 5 PRINCIPAIS ÓRGÃOS INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO • Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co- mércio Exterior (MDIC); • Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA); • Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI); • Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro); • Banco Nacional do Desenvolvimento Econômi- co e Social (BNDES); • Agência de Promoção às Exportações (APEX). 24 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 5.1 A LOGÍSTICA E O COMÉRCIO INTERNACIONAL Direcionada ao Comércio Exterior, podemos pon- tuar como intenção da logística: disponibilizar os bens nos mercados e pontos de consumo, em âmbito glo- bal, com a máxima eficiência, rapidez e qualidade, com custos conhecidos e controlados. Nos trâmites do Comércio Internacional, são pre- vistas diversas tarefas ao longo dos diferentes estágios de distribuição física internacional: 1. retirada do produto da área de produção ou distribuição; 2. separação, embalagem e marcação; 3. consolidação do lote para exportação; 4. licença (se necessário) e despacho aduaneiro de exportação; 5. documentação para o transporte e apólices de seguro; 6. transporte interior até o terminal de embarque; 7. manuseio, empilhamento e armazenagem; 8. transferência da área de armazenagem até o costado do veículo; 9. estivagem (colocação e arrumação dentro do veículo); 10. transporte internacional; 11. desestivagem (retirada de dentro do veículo); 12. movimentação do costado até a área de arma- zenagem; 13. conferência, marcação, separação e empilha- mento; 14. licença (se necessário) e despacho aduaneiro de importação; 15. identificação, desempilhamento e entrega; 16. transporte interior até o centro de distribuição; 17. desconsolidação do lote; 18. distribuição final ou entrega local. Os passos a serem seguidos não são poucos, mas certamente são os necessários para que o tramite in- ternacional ocorra de maneira satisfatória e correta. Na maior parte das vezes, quem realiza essa operação são os despachantes aduaneiros, as empresas e as pessoas capacitadas para levar a seus clientes todo o “desembaraço” da carga até o destino final. Poste- riormente, iremos falar com mais profundidade sobre a função dos despachantes aduaneiros. 6 RESUMO Caro aluno, na aula de hoje, abordamos o funcio- namento do regimento aduaneiro brasileiro, apresen- tando a incidência dos impostos de importação e de exportação, além de como a tributação é aplicada. Conhecemos também os regimes aduaneiros es- peciais e suas particularidades, finalizando com a apre- sentação dos principais órgãos intervenientes no Co- mércio Exterior brasileiro. Acredito que você já deve estar pensando como é “trabalhoso”, ou melhor, burocrático trabalhar com Co- mércio Exterior. Certamente, a movimentação no Co- mércio Exterior não é tão simples como uma simples movimentação interna, uma vez que são realizadas, ao mesmo tempo, movimentações físicas e também docu- mentais. Caso a movimentação documental não seja eficiente, ou seja, caso ocorra a falta de algum docu- mento ou algo parecido, toda a operação logística de movimentação das mercadorias será interrompida. Este é o grande problema da Logística Internacio- nal: fazer com que os documentos e os produtos che- guem ao mesmo tempo a seus clientes. 7 ATIVIDADES 1) Por meio de seu conhecimento adquirido na aula de hoje, dê exemplos de zona primária e zona se- cundária? a) Dê exemplo de admissão temporária e de ex- portação temporária? b) Qual a importância da Logística para o Comér- cio Internacional? Dê a sua opinião? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Compreender o significado de proteção à produção. • Entender o significado de exploração da natureza (matéria-prima). • Compreender o significado de proteção ao trabalho. AULA 5 BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS 26 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, já vimos que o Comércio Internacio- nal é necessário porque nenhum país dispõe de todos os recursos naturais para seu sustento. Apesar disso, essa atividade defronta com uma série de barreiras. Quando comerciamos com Portugal, por exem- plo, temos de enfrentar o problema da diferença entre as moedas. Com a Alemanha, além do problema da diferença entre as moedas, temos dificuldade com o idioma, o qual é muito diferente do nosso. Com a Ingla- terra, além das dificuldades citadas, temos o problema com o sistema de pesos e medidas, que não é igual ao nosso.Se negociarmos com países da Ásia, até o alfabeto é diferente. Outra barreira é o conflito de legislações. Há paí- ses que não permitem a abertura de contas no exterior por seus cidadãos. Cada país tem sua própria moeda. Foram feitas diversas tentativas para ser estabelecida uma moeda universal. Ocorre que as moedas sofrem o efeito das políticas econômicas de seu próprio país, particular- mente no que diz respeito à inflação. A União Europeia (UE) instituiu a moeda única, de- nominada euro, a partir de 1º de janeiro de 1999. 2 PROTEÇÃO À PRODUÇÃO Hoje, há uma preocupação muito grande em prote- ger a produção nacional. Até os defensores do imposto único admitem a necessidade de ser mantido o imposto aduaneiro, com o fim exclusivo de proteger a produção nacional. Poderíamos até perguntar o que é necessário para produzir? A produção é o resultado de três fatores: • natureza (matéria-prima); • trabalho (mão de obra); • capital (investimentos). 3 PROTEÇÃO À EXPLORAÇÃO DA NATUREZA (MATÉRIA-PRIMA) Existe atualmente a preocupação sadia de prote- germos a natureza. Ela é válida por que o planeta Terra possui recursos finitos. Entretanto, existem outros tipos de proteção à matéria-prima que não preservam a na- tureza, mas prejudicam a vida humana. Exemplos im- portantes são a borracha e o petróleo. 4 PROTEÇÃO AO TRABALHO Com relação aos empregos, os países podem en- frentar três hipóteses: • falta de mão de obra; • pleno emprego (praticamente o número de em- pregos é igual ao número de trabalhadores); • desemprego (há mais trabalhadores do que emprego). 4.1 PROTEÇÃO AO CAPITAL Os países procuram proteger o capital nacional, criando, muitas vezes, barreiras inadequadas ao capi- tal estrangeiro. A empresa de capital nacional nem sempre dispõe de tecnologia para competir, dentro do próprio país, com a empresa de capital estrangeiro. Quando o Chile abriu a sua economia, 5.000 em- presas encerraram suas atividades, e o índice de de- semprego chegou a 30%. Entretanto, com o tempo, o problema foi superado; e hoje, o Chile tem a mais ágil economia da América Latina. Muitos países admitem o capital estrangeiro e, che- gando até a confiscá-lo, criam, posteriormente, obstá- culos para seu retorno. 4.2 DESVIOS DO MODELO DE COMÉRCIO LIVRE Dumping Consiste em vender um produto no exterior por pre- ço abaixo do custo de produção. O objetivo é destruir o concorrente e tornar-se dono do mercado. Dessa forma, quem faz o dumping terá meios de, futuramente, impor preços e condições. O governo brasileiro define o dum- ping como “a introdução de um bem no mercado domés- tico a preço de exportação inferior ao valor normal”. O cartel É uma forma de eliminar a concorrência. Várias produtoras fazem um acordo comercial para distribuir entre si quotas de produção, determinar preços, su- primindo a livre concorrência. Uma das características importantes é cada empresa conservar sua autonomia interna. Um bom exemplo de cartel é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que de- termina o preço do barril do petróleo e estabelece a quota de produção de cada associado. 27 AULA 5 • BARREIRAS AO COMÉRCIO INTERNACIONAL Oligopólio É a situação em que um mercado está “nas mãos” de apenas alguns concorrentes. Costumava-se dizer que a indústria automobilística no Brasil era um oli- gopólio. Até 1997, existiam apenas quatro empresas: Ford, Chevrolet, Fiat e Wolkswagen. 4.3 ESQUEMAS PROTECIONISTAS Também constituem barreiras ao Comércio Inter- nacional os esquemas protecionistas amparados em: • subsídios; • barreiras alfandegárias; • licenças de importação e exportação; • quotas de importação. a) Subsídios: é comum os governos subsidiarem a produção de algumas mercadorias com a finalida- de de que elas se tornem competitivas, em preços, com as produzidas no exterior. Quando o subsídio é destinado à exportação, ele poderá constituir-se num dumping, uma vez que estaremos “facilitando” o acesso de nossos produtos ao mercado externo. Normalmente, os subsídios trazem outras distor- ções que mais prejudicam do que ajudam. A produ- ção nacional não melhora por que está protegida e torna-se obsoleta. b) Barreiras alfandegárias: o crescimento demográfi- co exige a criação de novos empregos. Para sanar esse problema, os governos estimulam a implanta- ção de novas indústrias, muitas vezes, sem condi- ções de competitividade. Para mantê-las, torna-se necessário criar barreiras alfandegárias. Se essas barreiras forem temporárias e estabelecidas me- diante cronograma com tarifas decrescentes, as in- dústrias locais são obrigadas a se modernizar e po- derão enfrentar a concorrência externa. Se essas barreiras forem permanentes, as indústrias locais se acomodarão e continuarão produzindo artigos caros e ruins. Normalmente, costuma-se dizer que as barreiras alfandegárias são instrumentos de países subde- senvolvidos que não têm condições de competir com os do primeiro mundo. c) Licenças de Importação e de Exportação: quando um país enfrenta escassez de divisas (recursos financeiros), ele pode controlar a importação e a exportação, mediante a emissão de licenças. O go- verno designa um órgão que estuda suas neces- sidades e autoriza a importação de artigos essen- ciais, de acordo com as disponibilidades cambiais. Como há escassez de divisas, também é neces- sário controlar a exportação, para que o governo tenha a certeza de que toda receita de divisas foi entregue ao país. d) Quotas de Importação: o sistema de quotas obriga o país importador a criar um controle. Geralmente, ele é feito por meio de emissão de licenças de im- portação. As quotas de importação são barreiras não alfandegárias que afetam bastante as exporta- ções dos países em desenvolvimento. Exemplificando: a Inglaterra estabelece que, du- rante o ano vigente, somente poderão ser importa- dos um milhão de toneladas de fio de algodão do Brasil. É, portanto, uma restrição quantitativa. O sistema de quotas serve para suprir o mercado na quantidade de mercadoria a que a produção in- terna está impossibilitada de atender para o consu- mo nacional. Com isso, o povo beneficia-se dupla- mente: • não haverá falta de bens de consumo; • evita que a falta de mercadoria pressione o au- mento de preço da produção nacional. A OMC condena o uso de quotas. Por isso, quando o Brasil estabeleceu quotas de importação de automó- veis, ele teve de justificar a medida como necessária para a sobrevivência da indústria automobilística bra- sileira. Para finalizar a aula de hoje, meu caro aluno, diría- mos que as barreiras ao Comércio Internacional, enca- recendo a produção, prejudicam a qualidade de vida do povo. Entretanto, há dois fatores que podem modificar qualquer conclusão: guerra e explosão demográfica. Quando há risco de guerra, o país não pode depender de fontes externas, sob pena de passar sérias necessi- dades. Precisa produzir veículos, porque o fornecedor não pode atender a seus pedidos. Outro problema é a explosão demográfica. Para dar empregos à popula- ção, o País necessita de implantar indústrias (mesmo que elas não sejam competitivas) e criar barreiras aos concorrentes externos. 5 RESUMO Caro aluno, na aula de hoje, abordamos as princi- pais barreiras ao Comércio Internacional, tais como os subsídios, os quais são uma maneira de o governo fa- 28 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS cilitar a produção e a comercialização de determinados produtos. As barreiras alfandegárias são “artifícios” os quais os países utilizam para se resguardarem peran- te o mercado externo, “protegendo” suas indústrias. As licenças que podem ser tanto de importação como de exportação são utilizadas quando um país enfrenta es- cassez de divisas (recursos financeiros),podendo assim controlar a importação e a exportação de mercadorias. As quotas de importação são medidas que servem para suprir o mercado na quantidade de mercadoria a qual a produção interna está impossibilitada de atender para o consumo nacional. Agora, meu caro aluno, todas as vezes que você ouvir falar que o governo está criando barreiras ou quotas para determinados produtos vindo de determinados países, você saberá do que se trata, e assim poderá discutir com seus colegas sobre esse assunto que tanto é questionado pelas nações. 6 ATIVIDADES 1) Quais são as principais finalidades dos governos ao criar as barreiras alfandegárias? Dê a sua opi- nião. a) Diferencie cartel de oligopólio? b) O que vem a ser proteção da produção? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender as fases da integração econômica. • Entender o significado e a finalidade do GATT. • Entender o significado e a finalidade da Organização Mundial do Comércio (OMC). • Compreender o papel da União Europeia (UE). • Compreender o papel do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). AULA 6 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS 30 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, estaremos abordando os órgãos responsáveis por realizar a integração econô- mica entre as nações. Muito se houve falar do GATT e principalmente da OMC, mas poucos sabem a respeito do papel desempenhado por esses órgãos. A OMC, por exemplo, possui uma estrutura bastante complexa que atua como uma entidade intermediadora no que diz res- peito às transações comerciais entre países e blocos. Você irá conhecer também as diferenciações de políticas, começando por uma Zona de Livre Comércio até uma integração econômica total, a qual, podemos dizer, é o ápice de uma integração entre países atuan- tes no mesmo bloco. 2 AS FASES DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA 2.1 ZONA DE LIVRE COMÉRCIO Os países associados concordam em eliminar, pro- gressiva e reciprocamente, os gravames e outros obs- táculos incidentes sobre os produtos negociados entre eles. Cada país-membro, porém, tem ampla liberdade no que se refere à política interna, bem como no tocan- te à política comercial com os países não associados. Assim, se os países A, B e C instituírem uma Zona de Livre Comércio entre eles, um produto proveniente de um país estranho F poderá estar sujeito a três trata- mentos aduaneiros distintos, conforme se dirija ao país A, ao B ou ao C. 2.2 UNIÃO ADUANEIRA Além da eliminação recíproca de gravames (como na Zona de Livre Comércio), os Estados-membros pas- sam a adotar uma política comercial uniforme em relação aos países exteriores à União. Na União Aduaneira, vi- gora uma pauta aduaneira comum, idêntica em todos os países associados, para as importações provenientes de terceiros países. Assim, se os países A, B e C instituírem uma União Aduaneira, um produto de um país estranho F estará sujeito ao mesmo tratamento aduaneiro, pouco importando se o seu destino for o país A, o B ou o C. 2.3 MERCADO COMUM Superada a fase da União Aduaneira, atinge-se uma forma mais elevada de integração econômica, em que são abolidas não apenas as restrições sobre os produtos negociados, mas também as restrições aos fatores produtivos (trabalho e capital). 2.4 UNIÃO ECONÔMICA Esta fase associa a supressão de restrições sobre movimentos de mercadorias e fatores com certo grau de harmonização das políticas econômicas nacionais, de modo a abolir as discriminações resultantes de dis- paridades existentes entre essas políticas, tornando-as o mais semelhante possível. 2.5 INTEGRAÇÃO \ ECONOMIA TOTAL Passa-se a adotar uma política monetária, fiscal e social, bem como se delegam poderes a uma autorida- de supranacional para elaborar e aplicar essas políti- cas. As decisões dessa autoridade devem ser acatadas por todos os Estados-membros. Isso não significa, porém, que a integração econô- mica deverá passar obrigatoriamente por essas cinco fases. Um grupo de países poderá, por exemplo, insti- tuir uma União Aduaneira, sem necessidade de cons- truir, preliminarmente, uma Zona de Livre Comércio. 3 O GATT Após a depressão de 1930, muitos governos recor- reram a diversos tipos de barreiras comerciais prote- toras: estabelecimento de direitos elevados, restrições quantitativas às importações e exportações, controle de câmbio etc. A fim de evitar que essa situação permanecesse, foram realizados esforços no sentido de se retornar ao tipo de comércio multilateral existente antes da depres- são. Com esse objetivo, foram criados, pela Conferên- cia de Bretton Woods, o Fundo Monetário Internacio- nal (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Previu-se, também, a criação de uma Organização Internacional do Comércio (OIC), que teria como finalidade a redução dos obstáculos ao intercâmbio comercial (tarifas, quotas etc.), a elabora- ção de um código de normas comerciais, a supervisão dos ajustes e cartéis internacionais de produtos primá- rios, bem como atuar como um instrumento de ação in- ternacional no campo do desenvolvimento das trocas. Assim, embora o GATT nada mais fosse do que um arranjo contratual entre os diversos países, tendo sido instituído em caráter de emergência, na dependência 31 AULA 6 • INTEGRAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL da criação da OIC, passou a constituir o único instru- mento norteador das regras do Comércio Internacional. O GATT não era um organismo internacional, tipo FMI ou BIRD, mas sim um acordo, do qual faziam parte os países interessados, denominados Partes Contra- tantes. O GATT admitia a utilização, por parte de um pa- ís-membro, de subsídios à exportação, desde que tal atitude não causasse prejuízo a setores produtivos de outros países associados. 4 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO (OMC) De particular importância foi a criação, com vigên- cia a partir de 1º de janeiro de 1995, da Organização Mundial do Comércio (OMC), cuja sede é em Genebra, na Suíça. É a instituição responsável pela aplicação, admi- nistração e funcionamento dos diversos acordos co- merciais. É o foro para as negociações entre os paí- ses-membros no tocante às suas relações comerciais multilaterais. Trata das normas e procedimentos que regem a solução de controvérsias e administra o me- canismo de exame das políticas comerciais internacio- nais. Contando, atualmente, com 148 países-membros, a OMC é a única organização mundial relacionada com o comércio entre nações. No que se refere às principais diferenças entre a OMC e o GATT, podemos apontar: • o GATT era secretariado de um acordo comer- cial multilateral, de caráter provisório, e não um organismo. A OMC é um organismo internacio- nal, e seus acordos têm caráter permanente; • o GATT cuidava, basicamente, do comércio de bens. A OMC regulamenta, também, outros te- mas como serviços, investimento e proprieda- de intelectual; • ao contrário da OMC, o GATT não regulamen- tava, com profundidade, as questões das práti- cas desleais de comércio. 4.1 ESTRUTURA DA OMC No mais alto nível, encontra-se a Conferência Mi- nisterial, composta por representantes de todos os paí- ses-membros (normalmente os ministros das Relações Exteriores e/ou ministros de Comércio Exterior). Reú- nem-se, no mínimo, a cada dois anos. Tem autoridade para tomar decisões sobre todas as matérias. 4.2 RESULTADOS DA OMC Como se vê, a atuação da OMC deveria ser, em princípio, muito mais ampla do que a do GATT, mas, na realidade, seus resultados têm sido modestos. A verdadeé que a OMC não tem poder para obri- gar um país-membro a cumprir suas determinações. Poderá, quando muito, autorizar o país reclamante a retaliar contra o país condenado, mediante a criação de barreiras tarifárias ou não tarifárias. O Brasil tem procu- rado evitar a retaliação 4.3 SISTEMA GLOBAL DE PREFERÊNCIAS COMERCIAIS (SGPC) O Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC) é um esquema pelo qual os países desenvolvi- dos comprometem-se a eliminar ou reduzir substancial- mente os impostos de importação que incidem sobre determinados produtos originários de países subde- senvolvidos. O SGPC objetiva promover um comércio mútuo e o desenvolvimento dos países associados, além de con- tribuir para o aumento da produção e da taxa de empre- go nos mesmos. Foram negociadas listas de conces- sões relacionando as mercadorias com as respectivas margens de preferência. Os países menos desenvolvidos, segundo classifi- cação da ONU, terão tratamento privilegiado do ponto de vista comercial e tarifário, não se exigindo reciproci- dade de benefícios. É importante que exportadores e importadores ve- rifiquem se determinado produto goza de alguma prefe- rência tarifária ou outros benefícios, de modo a permitir uma possível redução de preços para o consumidor final. 5 A UNIÃO EUROPEIA (UE) O objetivo da União é acelerar o processo de in- tegração econômica e monetária e estabelecer polí- ticas comuns aos países associados. Foi prevista a criação de uma moeda única – o euro –, que passou a funcionar para todos os países-membros a partir de 1999. Em 1993, passou a haver a livre circulação de mercadorias, serviços, pessoas e capitais entre os 12 32 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS países até então associados que compõem a União Econômica e Monetária: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal. Em 2000, a UE e o México assinaram um acordo de livre comércio. Com isso, o México deverá reduzir sua dependência comercial em relação aos Estados Unidos. 6 O MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL) Em 26 de março de 1991, foi assinado o Tratado de Assunção para constituição de um mercado comum entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O Mercado Comum compreende: a) a eliminação de direitos aduaneiros para a cir- culação de mercadorias e outras medidas que se fizerem necessárias, de modo a permitir a livre circulação de bens, serviços e fatores pro- dutivos entre os países participantes; b) o estabelecimento de uma tarifa externa co- mum e a adoção de uma política comercial co- mum em relação a terceiros países ou grupos de países; c) a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os países participantes. No que se refere a impostos, taxas e outros gra- vames internos, os produtos originários de um país- membro gozarão, nos territórios de outros, do mesmo tratamento que se aplicar ao produto nacional. Como se pode ver, meu caro aluno, os países es- tão criando alternativas mais eficientes e organizadas para se relacionarem de modo mais harmonioso e pro- fissional, criando assim blocos econômicos capazes de suprirem as necessidades daqueles países ali as- sociados. Essa é a nova versão do intercâmbio entre as nações. 7 RESUMO Caro aluno, na aula de hoje, abordamos os princi- pais blocos econômicos existentes e suas particulari- dades. Você pôde observar, meu caro aluno, que exis- tem certos blocos que ainda não estão em níveis tão favoráveis como a União Europeia, por exemplo, que é hoje o bloco mais adiantado. Mas, mesmo assim, ainda não se chegou a uma integração total, algo que ainda deva demorar um pouco. O nosso MERCOSUL ainda necessita de maiores integrações para que se fortaleçam ainda mais as re- lações entre os países-membros. Para que esse bloco se potencialize ainda mais, exigem-se maiores com- prometimentos de seus participantes. Assim, hoje estão diminuindo-se as negociações entre países e aumentando-se cada vez mais as ne- gociações entre blocos. Com isso, os países tornam-se muito mais parceiros, e o poder de negociação também é algo de maior dimensão. 8 ATIVIDADES 1) Faça uma resenha referente às fases da integra- ção econômica? 2) O Brasil se encontra em qual fase da integração econômica? Justifique a sua resposta. 3) Diferencie o GATT da OMC? 4) O que você entende por Sistema Global de Prefe- rências Comerciais (SGPC)? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender as questões relacionadas ao transporte internacional. • Entender o significado de Incoterms. AULA 7 O TRANSPORTE INTERNACIONAL Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS 34 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos conhecer um pouco mais sobre o encantador mundo dos transportes internacionais. A partir do final da década de 1970, especialmente nos países de economias em desenvolvimento, surgiu a necessidade de procurar novas abordagens para se atingir maior competitividade nas operações de Comér- cio Internacional. O setor de transportes vem ganhando maior impor- tância na medida em que as relações comerciais inter- nacionais intensificam-se em virtude da interdependên- cia econômica dos países do globo. Com o advento da globalização, ocorreu a inserção de um maior número de países em desenvolvimento no cenário internacional. A competitividade aumentou, e a gestão de distri- buição tornou-se uma necessidade mundial. Alguns países desenvolvidos procuraram instalar seus parques fabris em outros Estados em desenvolvi- mento, à procura de menores custos de mão de obra, matéria-prima e facilidade para a entrada em novos mercados. Diante dessa mudança na economia global, perce- be-se a importância da logística como ciência que se adapta aos meios disponíveis e às formas estratégicas para o alcance dos propósitos das organizações. 2 O ADVENTO DO TRANSPORTE INTERNACIONAL O advento do transporte internacional permitiu às empresas nacionais: • tirar proveito das diferenças do custo da mão de obra mundial; • garantir o acesso a matérias-primas geografi- camente dispersas; • colocar seus produtos a preços competitivos em mercados distantes das fronteiras nacionais. Em termos de atuação, o setor de transportes é di- vidido da seguinte forma: o marítimo internacional domi- na mais de 50% do volume do comércio em dólares e 99% do peso total; o transporte aéreo movimenta 21% do valor em dólares; e o restante está “nas mãos” do transporte rodo/ferro/dutoviário interfronteiras nacionais. Obs.: o domínio de determinados modais é conse- quência da geografia daquele país. 2.1 PAGAMENTO DO TRANSPORTE INTERNACIONAL O pagamento do frete pode ocorrer de duas for- mas: • frete prepaid: é o pago no local do embarque; • frete collect; é o a ser pago, podendo ser efe- tuado em qualquer lugar do mundo, sendo que o transportador será avisado pelo seu agente sobre o recebimento do frete, para, então, pro- ceder à liberação da mercadoria. 2.2 SEGURO DO TRANSPORTE INTERNACIONAL • O transporte aéreo costuma ter tarifa de seguro equivalente à metade das modalidades maríti- ma e terrestre. • O transporte marítimo feito em contêineres tem redução no prêmio de seguro entre 10% e 20%. O seguro implica em pequena participação no pre- ço final das mercadorias, representando, atualmente, em média, 0,2% do preço FOB dos produtos. 2.3 DISTINÇÕES NO TRANSPORTE INTERNACIONAL Uma característica que distingue o transporte in- ternacional do doméstico é o número de intermediáriosou agentes existentes no processo, conhecidos como: • despachantes aduaneiros; • transitários; • agentes de exportação; • departamentos bancários internacionais; • corretores; • etc. 2.4 ALTERNATIVAS EM TERMOS DE LOCAIS PARA LIBERAÇÃO ADUANEIRA • Entreposto Aduaneiro; • Depósito Alfandegado Público (DAP); • Estação Aduaneira Interior (EADI); • Entreposto Industrial. 2.5 ESTAÇÃO ADUANEIRA INTERIOR (EADI) Conhecida como “porto seco”, é um terminal alfan- degado, situado em uma zona secundária, destinado à prestação, por terceiros, dos serviços públicos de mo- 35 AULA 7 • O TRANSPORTE INTERNACIONAL vimentação e armazenagem de mercadorias sob con- trole aduaneiro. As EADIs são, na verdade, zonas capazes de esti- mular as exportações, possibilitando a melhoria da ba- lança comercial brasileira. Obs.: servem para resolver um dos principais pro- blemas que temos frente à nossa geografia econômica: a logística. 2.6 A EMBALAGEM DO TRANSPORTE INTERNACIONAL O objetivo da embalagem de transporte é proteger o produto durante a sua movimentação, transporte e armazenagem. Cada país possui uma legislação própria em relação às embalagens, e as dificuldades das empresas em se manterem atualizadas surgem do fato de haver um gran- de número de órgãos autorizados a atuar na área. Uma vez acertadas entre o exportador e o impor- tador as especificações referentes às embalagens, é fundamental que as especificações sejam integralmen- te cumpridas. Elementos a serem considerados ao se escolher a embalagem de transporte, principalmente quando fala- mos no transporte internacional, uma vez que o tempo em trânsito é maior e o número de atravessadores também: a) condições de estocagem, movimentação e transporte; b) fragilidade do produto; c) desempenho dos materiais de embalagem; d) meio de transporte a ser utilizado. Quanto à qualidade do acondicionamento, é acon- selhável que o invólucro das mercadorias que segui- rão por via aérea seja o mais leve possível; já para o transporte marítimo, é fundamental limitar o volume da embalagem e reforçá-la. Com o processo de inovação tecnológica, vários materiais foram desenvolvidos para propiciar uma ade- quação de custos e segurança no manuseio e transpor- te de carga. Assim, surgiram os materiais flexíveis, que necessitam de uma quantidade menor de matéria-pri- ma, ocupam menos espaço e permitem várias opções de forma, design e estrutura. A embalagem deve levar em consideração também as exigências específicas, tanto nacionais quanto inter- nacionais. 2.7 A MARCAÇÃO DOS VOLUMES Os volumes destinados ao exterior deverão ser marcados pelo próprio exportador, de forma a facilitar sua própria identificação, não só no momento do em- barque das autoridades alfandegárias e fiscais, como também pelo importador e autoridades de seu país. Devem ser indicados os países de origem e destino da mercadoria, bem como o nome completo do expor- tador, do importador, o número de volume e a quantida- de total de volumes correspondentes para embarque. No caso de mercadorias especiais (frágeis, sen- síveis ao calor, à umidade etc.), colocar nos volumes os símbolos que identificam internacionalmente tais características, os quais podem ser ou não acompa- nhados de palavras ou expressões que os comprovem. Fonte: arquivo do autor. 3 TERMOS INTERNACIONAIS DO COMÉRCIO (INCOTERMS) Servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importa- dor, estabelecendo um conjunto-padrão de definições e determinando regras e práticas neutras: onde o ex- portador deve entregar a mercadoria, quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do se- guro etc. Na realidade, não impõem e sim propõem o enten- dimento entre vendedor e comprador quanto às tarefas 36 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino: embalagem, transportes internos, movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc. Os Incoterms são representados por siglas (FOB, CIF etc.) Posteriormente, meu caro aluno, iremos ter uma unidade abordando somente os Incoterms, por ser um assunto de grande importância e dimensão. 4 RESUMO Caro aluno, na aula de hoje, abordamos as princi- pais particularidades do transporte internacional. Analisando de forma amadora, até achamos que a operação de transporte nacional ou internacional seja realizada da mesma forma. Certamente, a base estru- tural da operação é similar, mas, a partir do momento em que começamos a analisar o país de destino, suas particularidades, sua política, cultura e principalmente sua distância (relacionada ao nosso ponto de origem), a operação torna-se muito mais complexa. O custo operacional também é algo que se deve levar em consideração, por meio de um profundo estu- do relacionado à escolha da modalidade de transporte mais interessante para determinada operação. A urgência da entrega é um fator de extrema rele- vância, ao escolhermos o modo de transporte, em que não se pode deixar de citar as características do pro- duto quanto ao manuseio, embalagens, validade etc. Espero que você tenha compreendido bem a uni- dade 1 que estamos finalizando agora, meu caro aluno. Iniciamos nossos estudos falando sobre a introdu- ção do Comércio Internacional nos países e o porquê das nações comercializarem entre si. Assim, concluí- mos mostrando as particularidades dos meios de trans- porte para que as devidas negociações sejam realiza- das com sucesso. Como já foi dito, as relações internacionais envol- vem não somente mercadorias, mas também docu- mentos. Tudo deve funcionar de maneira eficiente, sem erros, nem atrasos. 5 ATIVIDADES 1) Faça um paralelo entre o transporte doméstico e o internacional? Aponte diferenças, particularidades, tratamento das cargas etc. 2) Quais as vantagens que as organizações obtêm quando resolvem operar no mercado externo? 3) Ao escolhermos o meio de transporte mais ade- quado para escoamento dos produtos por meio do mercado externo, o que devemos levar em consi- deração? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Compreender o significado da Associação Latino- Americana de Livre Comércio (ALALC). • Estudar as características e objetivos da ALALC. • Conhecer o comportamento da ALALC. • Compreender o significado da Associação Latino- Americana de Integração (ALADI). AULA 8 INTEGRAÇÃO ECONÔMICA NO CONTINENTE AMERICANO Unidade 01 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TEORIAS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 38 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos abordar a In- tegração Econômica no Continente Americano, enfati- zando a Associação Latino-Americana de Livre Comér- cio (ALALC). A ALALC, criada em 1960, pelo Tratado de Mon- tevidéu, compreendia Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. 2 CARACTERÍSTICAS E OBJETIVOS DA ALALC As características e objetivos da ALALC eram: a) a ampliação das dimensões dos mercados nacionais por meio da eliminação gradual das barreiras ao comércio intrarregional; b) o melhor aproveitamento dos fatores de produ- ção disponíveis; c) a contribuição para o incremento do comércio dos países latino-americanos entre si e com o resto do mundo, por meio do fortalecimento das economias nacionais; e d) a busca de fórmulas de adaptação do comércio recíproco. Havia, ainda, estipulado um prazo não superior a 12 anos, contado a partir daentrada em vigor do Tra- tado, para eliminação gradual das tarifas e demais restrições que pudessem prejudicar, de alguma forma, o intercâmbio entre os países participantes. Posterior- mente, esse prazo foi prorrogado até 31 de dezembro de 1980, pelo chamado “Protocolo de Caracas”. Os instrumentos básicos da ALALC eram: • as listas nacionais, com as quais eram escritos os produtos para os quais cada país concedia redução de gravames para a sua importação dentro da Zona, em conformidade com as ne- gociações anuais; • a lista comum, contendo os produtos cujos gravames e outras restrições à importação se- riam eliminados dentro da Zona, por todos os países-membros; • as listas especiais, em que eram registradas as concessões tarifárias aos países de menor de- senvolvimento econômico relativo (Bolívia, Equa- dor, Paraguai e Uruguai), concessões essas não extensivas aos demais países da Zona; e • os acordos de complementação, incluindo os produtos de um determinado setor industrial, cuja complementação do respectivo proces- so industrial dos países-membros surgisse no sentido de facilitar mediante concessões tarifá- rias para o comércio recíproco. 2.1 COMPORTAMENTO DA ALALC Na etapa inicial (1962 a 1969), podemos dizer que a ALALC apresentou alguns resultados positivos. Com o decorrer do tempo, entretanto, sérias diver- gências surgiram, e o número de concessões a serem incluídas nas listas nacionais foi diminuindo sensivel- mente a partir de 1970, fazendo com que perdessem virtualmente sua condição de instrumento principal destinado a concretizar a ideia da Zona de Livre Co- mércio. A situação da ALALC, longe de melhorar, passou a se tornar mais difícil. Quanto às novas providências recomendadas pelo Protocolo de Caracas, diversas reuniões e negociações tiveram lugar a partir de 1974. Porém, todas elas foram infrutíferas. Você deve estar se perguntando: quais teriam sido os fatores que causaram essa situação? • instabilidade política em diversos países parti- cipantes, dificultando as negociações e o bom atendimento entre os governantes; • existência de um zeloso espírito de soberania nacional, impedindo uma cooperação maior entre os países-membros e esquecendo-se do princípio básico de que para obter vantagens é necessário também oferecê-las. Todos esses fatores contribuíram para que a situ- ação da ALALC chegasse a um impasse, finalizando com sua extinção e substituição pela Associação Lati- no-Americana de Integração (ALADI). 3 ASSOCIAÇÃO LATINO-AMERICANA DE INTEGRAÇÃO (ALADI) Em 12 de agosto de 1980, pelo documento deno- minado Tratado de Montevidéu, foi criada a Associa- ção Latino-Americana de Integração, constituída pelos mesmos 11 países que compunham a ALALC. Entrou em vigor efetivamente em 18 de março de 1981. AULA 8 • INTEGRAÇÃO ECONÔMICA NO CONTINENTE AMERICANO 39 Da mesma maneira que a ALALC, a ALADI se pro- põe a estabelecer, em longo prazo e de maneira gra- dual e progressiva, um mercado comum latino-ameri- cano. Entretanto, ao contrário da ALALC, que se fixava no princípio da multilateralidade, a ALADI enfatiza o bilateralismo. A ALADI deverá propiciar a criação de uma área de preferências econômicas na região, com o objetivo final de estabelecer um mercado comum latino-americano. 3.1 APOIO AOS ASSOCIADOS MENOS DESENVOLVIDOS Para efeito de classificação dos tratamentos dife- renciais, os países-membros foram classificados em três grupos: a) países de menor desenvolvimento econômico relativo: Bolívia, Equador e Paraguai; b) países de desenvolvimento intermediário: Chi- le, Colômbia, Cuba, Peru e Uruguai; c) outros países-membros: Argentina, Brasil e México. 3.2 ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL A ALADI tem três órgãos políticos e um órgão téc- nico: a) Conselho de Ministros das Relações Exterio- res; b) Conferência de Avaliação e Convergências; c) Comitê de Representantes. 3.3 RELACIONAMENTO EXTERNO O relacionamento externo da ALADI poderá ser de dois tipos: a) relacionamento com outros países e áreas de integração dentro da América Latina; e b) com outros países e áreas de integração eco- nômica fora da América Latina. Os países-membros poderão estabelecer e desen- volver vínculos de solidariedade e cooperação com os outros países em desenvolvimento ou áreas de integra- ção econômica fora da América Latina. 3.4 PREFERÊNCIA TARIFÁRIA REGIONAL Consiste em uma redução percentual calculada sobre os gravames que são aplicáveis na importação de produtos similares provenientes de terceiros países. O montante da redução varia conforme a categoria do país que concede a redução e o que a recebe. É a aplicação do chamado tratamento diferencial. A preferência tarifária não é aplicável aos produ- tos que constarem das listas de exceções organizadas pelos países-membros. Tais listas são revisadas perio- dicamente. Deve-se salientar que o acordo que estabelece a preferência tarifária regional está aberto à adesão dos países latino-americanos e do Caribe, não membros da ALADI, mediante negociação com os países-membros. 4 RESUMO Caro aluno, na aula de hoje, conhecemos um pou- co sobre a integração econômica no continente ameri- cano, enfatizando a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), objetivos, características e comportamento. E finalizamos citando o órgão atual que substituiu a ALALC: Associação Latino-Americana de Integração (ALADI). Todas as associações organizadas entre países para que se formem blocos econômicos têm como fi- nalidade, além de fortificar aquela região, colaborar no incremento e fomento de novos acordos e negociações entre os países-membros e também proporcionar uma relação harmoniosa desses países com terceiros, ou seja, com aqueles que não fazem parte do bloco eco- nômico então criado. Este é mais um fenômeno da globalização: criação de blocos comerciais e econômicos para dirimir confli- tos entre ambos e terceiros. 5 ATIVIDADES 1) Quais as principais funções dos blocos econômi- cos? 2) Faça um paralelo entre a ALADI e a ALALC, ou seja, quais as principais diferenças entre as duas associações? 3) O que você entende por: Apoio aos Associados menos Desenvolvidos? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender o significado dos órgãos gestores. • Entender o significado dos órgãos anuentes. • Entender o significado dos órgãos auxiliares. AULA 9 ÓRGÃOS INTERVENIENTES Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 42 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos conhecer os órgãos intervenientes do Comércio Exterior brasileiro: suas particularidades, funções e legislações. 2 ÓRGÃOS GESTORES São os órgãos que irão efetuar os controles e ga- rantir a operatividade do Comércio Exterior com base nas definições normativas. Os órgãos serão citados ressaltando as suas funções dentro da ótica do Comér- cio Exterior do Brasil: a) Secretaria da Receita Federal: órgão do Minis- tério da Fazenda responsável pelo controle e saída de mercadorias do País e pelo desem- baraço aduaneiro das mercadorias, bem como pelo estabelecimento da sistemática das ope- rações do Comércio Internacional. Supervisio- na a atividade de administração tributária fede- ral; regulamenta e aplica a legislação tributária federal; arrecada tributos e impostos; e estabe- lece medidas preventivas de combate ao con- trabando e descaminho das mercadorias. b) Banco Central do Brasil: órgão do Ministério da Fazenda que realiza o controle cambial brasi- leiro. Cabe-lhe também a responsabilidade de cumpriras disposições que regulam o funcio- namento do sistema e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional, além de controlar o funcionamento do sistema de movi- mentação de moeda estrangeira no País. c) SECEX / DECEX (Secretaria de Comércio Ex- terior / Departamento de Operações de Comér- cio Exterior): órgão do Ministério do Desenvol- vimento, Indústria e Comércio Exterior o qual conduz atividades inerentes ao Comércio Ex- terior, pronunciando-se sobre a conveniência da participação do Brasil em acordos ou con- vênios internacionais; emite licenças de expor- tação e importação; e controla as operações de Comércio Exterior. 3 ÓRGÃOS ANUENTES São os órgãos que, em razão da especificidade do produto, emitem pareceres técnicos sobre ele, poden- do ocorrer tanto na importação quanto na exportação. Cada órgão anuente responsabiliza-se, dentro de sua área de atuação, por atestar o cumprimento das exigi- bilidades nacionais em relação ao produto de sua área de competência. Os órgãos da administração que atuam como anuentes no Comércio Exterior são credenciados a acessar o Siscomex para se manifestar sobre as ope- rações relativas a produtos de sua competência, quan- do previsto em legislação específica. Dentre os órgãos, citamos alguns cujos produtos poderão necessitar da respectiva anuência: • Banco do Brasil (por meio de delegação da Secretaria de Comércio Exterior): emissão de Certificado de Origem. • Departamento de Operações de Comércio Ex- terior (DECEX): controle da utilização de cota de exportação. • Departamento da Polícia Federal: autorização prévia para comercialização industrial de folha de coca, plantas e sucos, dos quais possam ser extraídas substâncias entorpecentes que determinem dependência psíquica ou que pos- sam gerar dependência física. • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama): autorização prévia, desde que originário de criadouros e viveiros registrados: animais silvestres vivos, peixes ornamentais, lagostas, plantas orna- mentais silvestres, couros, coleções de exem- plares de botânica e coleções de exemplares raros de zoologia. • Ministério da Aeronáutica: autorização prévia para aeronaves nacionalizadas de emprego militar e para partes e peças. • Ministério da Ciência e Tecnologia: autorização prévia: coleções ou objetos de interesse para a mineralogia e paleontologia. • Ministério do Exército: autorização prévia para munições, pólvoras, armas de fogo, armas para partidas em competições esportivas, ar- mas para uso policial, armas brancas, dentre outros. • Ministério da Saúde: autorização prévia para a comercialização industrial de folha de coca e plantas, das quais possam ser extraídas subs- tâncias entorpecentes, córneas, ossos, peles ou quaisquer tecidos humanos, vivos ou con- servados, próprios para a realização de enxer- tos ou implantes. AULA 9 • ÓRGÃOS INTERVENIENTES 43 4 ÓRGÃOS AUXILIARES • Sebrae: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas é uma instituição técni- ca de apoio ao desenvolvimento da atividade empresarial de pequeno porte, voltada para o fomento e difusão de programas e projetos que visam a promoção e o fortalecimento das micro e pequenas empresas. • Trade Point: é uma entidade sem fins lucrati- vos que conta com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Seu principal objetivo é fomentar o Comércio Internacional, apresentando soluções eficazes e respostas rápidas para pequenas e médias empresas consultarem o mercado externo. • Os serviços disponíveis do Trade Point são in- formações sobre atividades de Comércio Exte- rior nos grandes mercados (europeus, asiático, norte-americano, sul-americano/MERCOSUL); prospecção de novos produtos e novas áreas. • Embaixadas e consulados estrangeiros: os en- carregados de negócios de embaixadas e con- sulados poderão fornecer informações sobre as estatísticas de comércio, tarifas e regulamen- tos alfandegários, relação de importadores de produtos agrícolas, minerais e industrializados, indicações para contatos com departamentos governamentais e organizações oficiais. • Federações de indústria e comércio: objetiva defender os interesses da indústria e do co- mércio, tendo como corolário do progresso o surgimento econômico. Órgão que dá suporte ao setor industrial por meio do apoio a inves- tidores, assessoria em Comércio Exterior e desenvolvimento tecnológico, meio ambiente e energia. • Câmaras de comércio: o exportador interessa- do em vender para determinados países pode- rá obter informações precisas sobre a identi- ficação de importadores, áreas de interesse, legislação local, normas técnicas e outras nas câmaras de comércio sediadas no exterior ou no Brasil. • Ministério das Relações Exteriores: tem um pa- pel fundamental no desenvolvimento do Comér- cio Exterior do Brasil, uma vez que ele atua no campo da política internacional, das relações di- plomáticas e consulares, nos Programas de Co- operação Internacional, além de participar das negociações bilaterais, técnicas e outras com os países e entidades estrangeiras. • BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): é uma empresa pública federal que tem como objetivo financiar em lon- go prazo os empreendimentos que contribuam para o País. Atualmente, o foco de sua ação está voltado para a ampliação e diversificação das exportações: reestruturação da indústria: melhoria de canais de acesso ao crédito para as micro, pequenas e médias empresas e ge- renciamento dos programas de privatização. • BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento: também conhecido como Banco Mundial, é um organismo que tem por finalidade contribuir nas obras de reconstrução e desenvolvimento em territórios dos países associados, facilitando a inversão de capitais para fins produtivos, inclusive a restauração das economias destruídas ou deslocadas pela guerra. • BID (Banco Interamericano de Desenvolvimen- to): tem por objetivo contribuir para a acelera- ção do desenvolvimento econômico, individu- al e coletivo de seus países-membros. Para tanto, tem as seguintes funções: promover a inversão de capitais públicos e privados para fins de desenvolvimento; estimular os inves- timentos privados em projetos; cooperar com países-membros na orientação de sua política de desenvolvimento econômico, objetivando a complementação da economia e o crescimento do Comércio Exterior. 5 RESUMO Como se pôde ver, meu caro aluno, o Comércio Ex- terior utiliza-se de seus órgãos intervenientes para fa- cilitar a movimentação internacional, por meio de pes- quisas, mercadorias, pessoas, políticas, ou seja, tudo aquilo que necessita de intermediações para qualificar as negociações internacionais. Você observou que todos os órgãos são muito bem estruturados, com objetivos bem traçados, cooperando com os investidores para que os negócios se concreti- zem com eficiência. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 44 6 ATIVIDADES 1) Por meio de seus conhecimentos, explique quais são as principais diferenças existentes entre os ór- gãos gestores, anuentes e auxiliares. 2) Diferencie BIRD de BID. REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender o significado e a função dos seguros na importação. • Entender o significado e a função dos Seguros na exportação. • Entender os tipos de coberturas de seguros e as situações em que são aplicadas. • Conhecer os tipos de apólices. AULA 10 SEGURO INTERNACIONAL Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOSINTERNACIONAIS 46 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos conhecer a importância de se fazer um seguro quando nos depa- ramos com um transporte internacional. Para você ter uma ideia de como é importante a contratação de um seguro no envio ou recebimento de mercadorias ao exterior, certamente você ou um parente bem próximo de você já contratou um seguro para cobertura de um veículo. Por exemplo, imagine, então, você compran- do uma mercadoria de altíssimo valor agregado vinda de outro continente utilizando várias modalidades de transporte durante o trajeto. Com certeza, a probabi- lidade de uma avaria com essa carga existe. Assim, o melhor modo de se resguardar é contratando um seguro. Antes de falar sobre o seguro internacional, impor- tante faz-se ressaltar a importância do seguro interno, uma vez que essa deverá ser a preocupação primei- ra do exportador, pois ele dará a cobertura contra os riscos normais aos quais a mercadoria estará sujeita, dentro do território nacional, até o local de transferên- cia de risco da mercadoria, que poderá ser desde o primeiro estabelecimento do exportador até o local de embarque da mercadoria. A contratação do seguro internacional ocorrerá de acordo com os Incoterms, ou seja, a parte que é res- ponsável pela contratação do seguro internacional de transporte de mercadoria é que deverá fazê-lo, a partir do ponto e na forma designada. Sobre os Incoterms, iremos abordá-los na próxima unidade. De acordo com a Resolução CNSP nº 3/71, de 18 de janeiro de 1971, do Conselho Nacional de Se- guros Privados, o seguro de transporte internacional de mercadorias importadas deverá ser realizado por intermédio de sociedades seguradoras estabelecidas no País, salvo raras exceções sujeitas à prévia e ex- pressa autorização do órgão competente. Essa deci- são não obriga a realização do seguro de transportes para mercadorias importadas. Optando-se por ele, no entanto, somente poderá ser feito por meio de segura- dora sediada no País. Apesar de não ser obrigatório, desaconselha-se sua omissão nos contratos de impor- tação, pois são muitos os riscos enfrentados pelas mer- cadorias em viagens internacionais, quer em trânsito, quer nas operações de carga e descarga e transbordo ou permanência em depósitos e armazéns portuários e alfandegados. Raramente, essa providência é despre- zada, inclusive pelas obrigações comerciais entre as partes e interesses em jogo. Portanto, a regra geral é que, nas importações, não é permitido o pagamento ao exterior da parcela cor- respondente ao prêmio de seguro. Essa medida visa proteger e incentivar as seguradoras nacionais, propor- cionando economia de divisas para o País. 2 SEGUROS NA IMPORTAÇÃO O custo do seguro é proporcional ao risco ao qual o objeto segurado está sujeito. O valor cobrado pela companhia seguradora denomina-se “prêmio”, impor- tância que deve ser paga ao segurador para preceder à cobertura da mercadoria. O “prêmio” corresponde a uma porcentagem sobre o valor segurado. Composição da importância segurada: a) valor do objeto segurado; b) frete internacional; c) despesas diversas (movimentação da carga, armazenagem etc.); d) impostos (IPI, ICMS, II). O seguro poderá cobrir também o lucro esperado. 3 SEGUROS NA EXPORTAÇÃO São seguráveis as verbas correspondentes a: a) preço de custo do objeto segurado; b) valor do frete internacional; c) prêmio do seguro; d) despesas diversas; e) impostos. O prêmio do seguro é fixado de acordo com a mo- dalidade de embarque, a espécie e o valor da merca- doria. O exportador deverá fornecer à seguradora, para fins de cotação, os seguintes itens: a) descrição minuciosa da mercadoria; b) valor a ser segurado; c) espécie e quantidade de volumes; d) modalidade de transporte; e) país de destino; f) previsão de embarque. Geralmente, o seguro internacional é feito na base de 110% do valor do objeto segurado: é evidente que tanto o exportador quanto as companhias seguradas têm interesse em que as mercadorias seguradas che- guem ao destino em perfeitas condições. A embalagem seja de transporte ou de consumo exercerá papel im- AULA 10 • SEGURO INTERNACIONAL 47 portante no cálculo do seguro, notadamente em se tra- tando de produtos frágeis ou perecíveis. Assim sendo, a escolha da embalagem adequada, em razão das ca- racterísticas do produto, do percurso a ser transportado e do manuseio, passa a ser fator determinante do cus- to. A utilização de contêiner no transporte porta a porta reduz substancialmente o prêmio do seguro. 4 TIPOS DE APÓLICE a) Apólice Avulsa (também denominada simples ou apólice única): recomenda-se para segura- dos que não efetuam embarques com frequên- cia e se destina a cobrir um único embarque, ou mais de um embarque, desde que as via- gens possam ser uma a uma caracterizadas. Sua validade só tem início com o pagamento do prêmio respectivo. b) Apólice Aberta (também denominada apólice a verificar): recomendada para segurados que, constantemente, efetuam embarques, sendo esses comunicados por meio de formulários próprios (inclusive os eletrônicos), fornecidos pela seguradora, denominados averbações. 5 TIPOS DE PERDAS Basicamente, existem três tipos de perdas que po- derão incorrer sobre a carga: • perda total; • avaria grossa; • avaria particular. Avaria é todo dano ou perda, parcial ou total, so- frida pela carga, durante a viagem, incluindo todas as despesas envolvidas na mesma até que chegue a seu termo. Avaria grossa ou comum é aquela provocada por um ato deliberado do comandante do navio diante de um perigo e decidido por ele apenas em face da con- juntura temporal, tendo sempre como ideal central o bem comum das partes e objetos envolvidos, de modo a tentar salvar a carga e o navio ou reduzir os danos ou perdas de todos os envolvidos na aventura marítima. Avaria particular é a perda ou dano que ocorre in- voluntariamente e afeta apenas uma das partes envol- vidas, ou seja, embarcador ou transportador. A parte afetada pela avaria arca com as consequências do fato. É direito de quem assume as despesas recorrer contra aquele que lhe causou o dano. As avarias parti- culares ou comuns não se referem à gravidade ou não da ocorrência, mas a um fato fortuito ou voluntário do comandante. 6 COBERTURAS Os seguros de transportes em geral oferecem três espécies de coberturas: 1) Básicas: são as que necessariamente consti- tuem o fundamento de um contrato de seguro. Sem uma das coberturas básicas, o seguro não pode ser contratado. É opção de o segurado escolher a cobertura básica que deseja. As co- berturas básicas têm maior ou menor amplitude, estão vinculadas ao meio de transporte utilizado e são representadas pelas seguintes siglas: – cláusula A (marítima); – cláusula B (marítima); – cláusula C (marítima); – RTA (aéreo); – All Risks (aéreo); – RR/RF (terrestre); – todos os riscos (terrestre). 2) Coberturas adicionais: são as coberturas para riscos adicionais que se deseja cobrir e que não estão incluídos ou estão excluídos da co- bertura básica e para os quais paga-se um prê- mio adicional. 3) Especiais: são as que visam cobrir riscos de guerra e greve. A mercadoria terá um prêmio de seguro por cober- tura escolhida. Podem ser feitas coberturas adicionais e especiais, de acordo com as necessidades ou prefe- rências dos segurados, desde que sejam contratadas com a cobertura básica. 6.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA TARIFAÇÃO DOS PRODUTOS Há vários fatores que influenciam na tarifação dos produtos, quais são: • riscos relacionados à perda, danos, vazamen- tos ou roubo em trânsito; • riscos decorrentes de imprevistos durante o transporte; • possibilidade de danificar outras cargas com as quais venham a entrar em contato; • tipos de contêineresou embalagens. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 48 6.2 O PRÊMIO E SEU PAGAMENTO Prêmio é o valor pago pelo segurado à empresa seguradora, de modo a ter seus bens protegidos, que cobre as indenizações pagas aos segurados em caso de sinistro. As taxas que servem de base para o cálculo do prêmio variam em função: • das coberturas contratadas; • do valor da mercadoria; • do meio de transporte (marítimo, aéreo ou ter- restre); • do tipo da embalagem; • da perecibilidade; e • do destino. A falta de pagamento do prêmio isenta a segura- dora da responsabilidade sobre o seguro efetuado. Em caso de sinistro, a seguradora não terá a obrigação de indenizar o segurado, com exceção da apólice aber- ta, cujos valores são cobrados por período. Portanto, o bem continua segurado, independentemente do pa- gamento, que ocorrerá, futuramente, desde que ocorra na data acordada, no geral, ao término de um período estabelecido, por exemplo, no final do mês. 7 RESUMO Na aula de hoje, conhecemos as particularidades dos seguros internacionais. Ficou bem explícito, meu caro aluno, que a não opção pela contratação de um seguro deixa as cargas muito vulneráveis a danos, con- tando com a “sorte” melhor dizendo. A não contratação de um seguro torna-se uma economia sem sentido, ou seja, o que se deixa de pagar no primeiro momento poderá vir em um prejuízo incalculável posteriormente. Certamente, é uma economia sem sentido, não que a falta de confiança entre as partes seja algo de maior relevância, mas o que se deve levar em consideração sempre serão os acontecimentos que possam vir a ocorrer com a mercadoria durante o transporte, carre- gamento, descarregamento, enfim, sinistros no decor- rer da operação. Já não falamos mais na opção de se contratar ou não um seguro, mas analisar qual a modalidade que será mais interessante para a respectiva carga, respei- tando suas características, seu país de origem e o de destino, seus atravessadores, ou seja, empresas res- ponsáveis em manuseá-las durante o trajeto. Enfim, deve-se observar, com muito critério, todo o caminho que a carga irá percorrer até seu destino. Agora, meu caro aluno, você já sabe o porquê da contratação de um seguro e a significância deste no contexto do Comércio Internacional. Como foi falado no início desta aula, a contratação de um seguro no mer- cado interno já é algo de suma importância. Imagine, então, quando se fala de uma movimentação intercon- tinental. 8 ATIVIDADES 1) Para você, qual a importância da contratação de um seguro? Faça uma resenha apontando as vantagens e o porquê desta opção. 2) Quando é mais interessante a contratação da apó- lice avulsa e quando é mais interessante a contra- tação da apólice aberta? 3) Dê exemplos de avarias grossas e de avarias par- ticulares? REFERÊNCIAS MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Conhecer os tipos de faturas. • Entender o significado de manifesto de carga. • Entender o significado e os tipos de conhecimentos de embarque. • Conhecer o significado de romaneio de embarque ou packing list. AULA 11 DOCUMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 50 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos abordar os prin- cipais documentos necessários para a realização de uma operação de Comércio Exterior. Você já conheceu, na aula passada, o documento de seguro internacional que certamente é de extrema relevância, mas além dele existem inúmeros outros documentos que irão comple- mentar a parte digamos “burocrática” dos negócios inter- nacionais, mas que infelizmente não podem ser despre- zados porque são facilitadores nas operações. Os documentos constituem extrema importância dentro do Comércio Internacional, possibilitando e de- sempenhando diversas funções. Dentre elas, estão: • documento de crédito; • documento indicador da posse da mercadoria; • guia de conferência dos documentos; • comprovação de uma relação comercial; • comprovação de origem, qualidade, peso e ou- tras. Assim sendo, o seu estudo é extremamente rele- vante, mesmo porque os bancos, nossos agentes in- termediários das operações financeiras, irão se basear neles para conceder crédito, efetuar pagamentos, re- cusar pagamentos e utilizá-los para ressarcimento de seus eventuais prejuízos. 2 FATURAS 2.1 FATURA PROFORMA É o primeiro documento representativo do negócio realizado após o contrato de compra e venda. O expor- tador emite a fatura proforma na qual constarão todos os detalhes da operação concluída. A fatura proforma servirá para o importador provi- denciar os trâmites de licenciamento de importação em seu país, apresentar ao seu banco para envio do pa- gamento antecipado, extrair dados para a abertura da carta de crédito e outros. Dados constantes na fatura proforma: • nomes e endereços completos do exportador, do importador, do fabricante etc.; • modalidade de pagamento; • condição de venda; • modalidade de embarque; • número, data de emissão e validade; • assinatura do exportador. 2.2 FATURA COMERCIAL A fatura comercial é o documento hábil para o de- sembaraço da mercadoria no país de destino. O seu preenchimento deverá ser feito sem erros, emendas ou rasuras, pelo próprio exportador, não exis- tindo um modelo oficial. Fica a critério do exportador a sua elaboração. 2.3 FATURA CONSULAR É um documento exigido nas exportações realiza- das para determinados países. Para a emissão da fa- tura consular, o exportador adquire o formulário próprio no consulado do país importador. 3 MANIFESTO DE CARGA É um documento emitido pelo transportador, que relaciona todos os conhecimentos de carga embarca- dos em determinado ponto e destinados a outro ponto. Para cada porto de destino, será emitido um manifesto de carga. Tipos de manifesto: • marítimo: manifesto de carga; • aéreo: rol de conhecimentos; • rodoviário: MIC (Manifesto Internacional de Cargas). 4 CONHECIMENTOS DE EMBARQUE É um título de crédito que representa as mercado- rias nele descritas, conferindo ao seu consignatário o direito à posse da mercadoria. É um contrato interna- cional de ampla aceitação, em que o emitente trans- portador ou armador declara ter recebido a mercadoria entregue pelo embarcador e se compromete a trans- portá-lo para o destino que lhe foi indicado. 4.1 CONHECIMENTO DE EMBARQUE AÉREO – AWB (AIR WAY BILL) É um dos mais importantes documentos do Co- mércio Internacional. É emitido pelo transportador da mercadoria ou pelo agente autorizado e serve como evidência do contrato de transporte, podendo ainda constituir prova do embarque das mercadorias. O AWB contém todas as informações sobre o em- barque: AULA 11 • DOCUMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 51 • descrição generalizada da mercadoria; • peso bruto; • valor e modalidade de frete; • moeda; • aeroporto de origem, destino e conexões. 4.2 CONHECIMENTO DE EMBARQUE MARÍTIMO – B/L (BILL OF LADING) O conhecimento de embarque, conhecido também como conhecimento de carga ou Bill of Lading, é o do- cumento que faz inteira prova entre todas as partes in- teressadas na carga e no frete – dentre elas, os segu- radores –, ficando salva a estes e aos donos do navio como prova em contrário. O conhecimento de embarque é o título represen- tativo da propriedade das mercadorias embarcadas. Representa o contrato de transporte da mercadoria, recibo desta após entrega e prova de embarque. A data de emissão do conhecimento será considerada a data de embarque que irá prevalecer para os fins contábeis, comerciais e fiscais. 4.3 CONHECIMENTO DE EMBARQUE RODOVIÁRIO O conhecimento internacionalde transporte rodovi- ário é o documento mais importante no sistema e tem a função de: • contrato de transporte terrestre; • recibo de entrega da carga; • título de crédito. Neste documento, devem constar dados tais como embarcador, locais de origem e destino da mercadoria, ponto de fronteira de liberação dela, descrição da mer- cadoria e sua embalagem com seus pesos e quantida- des, marcas especiais, valor do frete etc. Qualquer condição defeituosa da mercadoria deve- rá constar no conhecimento de embarque para salva- guardar o transportador e o destinatário da mercadoria. 4.4 CONHECIMENTO DE EMBARQUE DE TRANSPORTE MULTIMODAL DE CARGAS É aquele que, regido por um único contrato, utili- za duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino e é executado sob a responsabi- lidade única de um operador de transporte multimodal (OTM). 5 ROMANEIO DE EMBARQUE (PACKING LIST) O packing list ou romaneio de embarque não é um documento contábil e tem por finalidade auxiliar nos serviços de movimentação de carga, identificação das mercadorias pela alfândega e conferência por parte do importador. Os itens normalmente lançados no packing list são: • descrição das mercadorias; • número de volumes; • dimensão de cada volume; • quantidade contida em cada volume; • tipo de embalagem. 6 CERTIFICADOS 6.1 CERTIFICADO DE ORIGEM O certificado de origem tem como finalidade aten- der às exigências de acordos comerciais firmados entre o país exportador e o importador, no sentido de reduzir ou dispensar os direitos aduaneiros, evitar a triangula- ção de mercadorias, realizar o controle estatístico adu- aneiro e comprovar a origem das mercadorias. 6.2 CERTIFICADO DE INSPEÇÃO Certifica que foi realizada a inspeção da mercado- ria antes do embarque e as boas condições dela. 6.3 CERTIFICADO DE PESO Certifica os pesos brutos e líquidos do embarque. 7 VISTO CONSULAR Apesar de não ser um documento em si, há alguns países que exigem a apresentação da fatura ou visto consular apostos em alguns documentos de exportação, para fins de desembaraço aduaneiro no país importador. 8 ARQUIVO DOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO De acordo com a legislação brasileira, toda a docu- mentação referente aos processos mencionados deve- rá ficar arquivada por cinco anos. Esses são os principais documentos utilizados pelo Comércio Exterior brasileiro para assegurar um bom relacionamento entre as partes envolvidas, criando FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 52 harmonia e qualidade nos serviços prestados entre as nações interessadas. 9 RESUMO Na aula de hoje, conhecemos toda a documenta- ção necessária para a realização de uma operação de Comércio Exterior entre as nações. Iniciamos abordan- do o primeiro documento emitido em uma negociação internacional que é conhecido como fatura proforma, passando por todos os conhecimentos de embarque existentes, com destaque para as modalidades de transporte e finalizamos conhecendo os principais cer- tificados de origens utilizados. Ficou bastante claro que não necessariamente to- dos esses documentos serão utilizados em uma nego- ciação internacional. Irá depender das políticas e leis dos países envolvidos e também da modalidade de transporte escolhida. Certamente, existem alguns países dos quais o próprio mercado criou certa “desconfiança” ao se re- lacionar com eles, por questões de relações passadas não muito saudáveis. Podemos dizer que, quanto mais conturbado for o país, mais dificuldades serão criadas para que se resguardem as partes envolvidas. 10 ATIVIDADES 1) Para você, quais são as principais diferenças exis- tentes entre a fatura proforma e a fatura comer- cial? 2) Dê exemplo de uma mercadoria para a qual certa- mente poderão ser exigidos certificado de origem e certificado de inspeção ao ser negociada no mer- cado internacional? REFERÊNCIAS MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender a definição de contrato de câmbio. • Entender o significado e os tipos de documentos financeiros. • Compreender a definição de pagamento antecipado. • Compreender o significado de cobrança. AULA 12 PAGAMENTOS INTERNACIONAIS Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 54 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos conhecer os principais meios de pagamento existentes em uma ne- gociação internacional. Para iniciarmos este assunto, iremos primeiramente conhecer algumas particularida- des dessa política em nosso país. Os pagamentos internacionais no Brasil estão su- jeitos às determinações da política cambial que será im- posta aos operadores do mercado internacional. Uma vez que o Brasil adota um sistema de política cambial centralizador, em que o Banco Central (BACEN) con- trola todo o fluxo de capital estrangeiro que tramita pelo País, entende-se por política cambial o estabelecimen- to das regras impostas pelo BACEN com relação aos pagamentos das importações, registros de capitais e outras tantas que discorreremos mais à frente. Então, mãos a obra,,meu caro aluno! As operações em moeda estrangeira, necessaria- mente, terão de passar por um banco autorizado a ope- rar em câmbio (troca de moeda estrangeira pela moeda brasileira). 2 CONTRATO DE CÂMBIO Contrato firmado entre o comprador e o vendedor de moeda estrangeira, no qual existe troca do valor em moeda estrangeira a enviar ou receber por moeda nacional. A caracterização de “comprador e vendedor” será sempre do ponto de vista do banco, ou seja, se ele está vendendo moeda estrangeira a alguém, gerará um contrato de câmbio de venda. Se ele estiver com- prando moeda estrangeira de alguém, ele emitirá um contrato de câmbio de compra. 2.1 LIQUIDAÇÃO DE CÂMBIO Será realizada quando acontecer o recebimento, por parte do banco, das divisas que foram recebidas do exterior. 2.2 ADIANTAMENTO SOBRE O CONTRATO DE CÂMBIO São antecipações realizadas pelo banco, com base em linhas de crédito no exterior, ao exportador, baseada na relação comercial estabelecida entre o ex- portador e o banco. O objetivo dessa modalidade de financiamento é proporcionar recursos ao exportador, para que se possa fazer face às diversas fases do pro- cesso de produção e comercialização da mercadoria a ser exportada, constituindo-se assim em um incentivo à exportação. 2.3 ADIANTAMENTO SOBRE CAMBIAIS ENTREGUES São antecipações realizadas pelos bancos, basea- das em embarques já ocorridos. As cambiais são docu- mentos financeiros gerados após o embarque. O banco, com base na relação comercial com o exportador, ante- cipa o valor correspondente às divisas que o exportador tem direito a receber pelo embarque realizado. Porém, o pagamento no exterior ainda não foi realizado. 2.4 CÂMBIO TRAVADO É um tipo de contrato de câmbio de exportação que pode ser prévio ou posterior ao embarque, sem que seja feito adiantamento ao exportador. É o fechamento de câmbio realizado em que não há adiantamento do valor correspondente em moeda nacional referente à operação internacional. 2.5 CÂMBIO PRONTO É uma operação de câmbio cuja liquidação ocorre em até 48 (quarenta e oito) horas úteis. 2.6 TAXA CAMBIAL É o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. É a relação econômica quantitativa de equivalência entre uma moeda nacional e uma mo- eda estrangeira. 2.7 VINCULAÇÃO DE CÂMBIO É o ato de informar no contrato de câmbio o nú- mero do registro de exportação ou declaração de im- portação, conforme seja a operação de exportação ou importação. 3 DOCUMENTOS FINANCEIROS São letras de câmbio, notas promissórias, recibos de pagamentos ou outros instrumentos similaresutili- zados para obtenção de pagamento em dinheiro. 3.1 DOCUMENTOS COMERCIAIS São os documentos relativos ao embarque de mer- cadorias, ou seja, fatura comercial, conhecimento de embarque, packing list etc. AULA 12 • PAGAMENTOS INTERNACIONAIS 55 3.2 SAQUE OU CAMBIAL Documento financeiro emitido pelo credor (exporta- dor) contra o devedor (importador). Representa o direito do exportador às divisas decorrentes da venda de um produto a um país estrangeiro. O saque ocorre, normal- mente, nas operações sob a modalidade de cobrança e nas operações amparadas por carta de crédito. 3.3 LETRA DE CÂMBIO Titilo de crédito, de saque internacional, que obe- dece a modelo oficial e é impresso normalmente em inglês. É emitida pelo credor (exportador) contra um devedor (importador) à ordem do beneficiário indicado, que poderá endossá-lo a quem será pago o valor no prazo, data e local determinados. 4 PAGAMENTO ANTECIPADO É a modalidade de pagamento de menor risco para o exportador e, consequentemente, de maior risco para o importador. Nessa modalidade, o pagamento é feito antes do embarque. Motivos que levam o exportador a solicitar o paga- mento antecipado: • necessidade de recursos para fabricar, com- prar ou produzir a mercadoria a ser exportada; • sinal de pagamento: muito comum nos contra- tos de valores muito altos, de médio e longo prazo ou produtos feitos sob encomenda; • riscos comerciais ou políticos: quando não se confia na pontualidade do importador, no cum- primento dos seus compromissos e/ou o ris- co do país onde está localizado o importador, quanto à instabilidade política. 5 COBRANÇA 5.1 SIGNIFICADO DE COBRANÇA É a operação em que os bancos irão encaminhar ou receber do exterior ou para o exterior documentos de embarque para que seja efetuada a cobrança (soli- citação de pagamento) ao importador ou responsável. Os bancos intervenientes numa cobrança não assu- mem obrigações ou responsabilidades pelas consequ- ências que decorram de atrasos nas comunicações e interrupções de sua atividade e agirão de boa-fé com razoável cautela. Quanto à documentação, existem dois tipos de co- brança: 1) cobrança limpa: aquela em que somente os do- cumentos financeiros serão encaminhados via banco, para que ela seja efetuada. Isso quer dizer que os documentos comerciais originais foram enviados diretamente ao importador. 2) cobrança documentária: aquela que poderá se- guir via banco, para que seja efetuada: • documentos financeiros acompanhados de comerciais; ou • documentos comerciais não acompanha- dos de financeiros. 5.2 PARTES INTERVENIENTES NA COBRANÇA 1) Cedente (credor): é o cliente que solicita a ope- ração de cobrança ao seu banco. Pode ser no- meado, ainda, credor ou exportador. 2) Sacado (devedor): é aquele ao qual a apresen- tação deve ser feita, de acordo com a instrução de cobrança. Também poder ser nomeado de- vedor ou pagador. 3) Banco remetente: é o banco ao qual o cedente encarregou de realizar a operação de cobrança. 4) Banco cobrador: será qualquer banco que não o remetente envolvido na execução do proces- so de cobrança. 5) Banco apresentador: é o cobrador, que efetua a apresentação ao sacado. 5.3 CARTA DE CRÉDITO As cartas de crédito são garantias bancárias dadas às partes para que as essas estejam resguardadas. As partes intervenientes transacionam com documentos e não com mercadorias, serviços e/ou outros itens aos quais os documentos possam se referir. 5.4 CONFIRMAÇÃO DA CARTA DE CRÉDITO Há ocasiões em que os bancos instituidores ou o país dos bancos instituidores não inspiram confiança. Assim, o exportador, para sua segurança, exige a ga- rantia de um terceiro banco de sua confiança. É o que chama confirmação da carta de crédito, o banco que a confirma ou banco confirmador. Nesse caso, temos uma carta de crédito confirmada. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 56 Exemplificando: durante o período da moratória cambial, instituída pelo governo Sarney, um importador brasileiro abriu uma carta de crédito no Banco do Brasil para importar para a Alemanha. O exportador alemão, preocupado com a possibilidade de não receber as divisas, pede a confirmação de um banqueiro de sua confiança. Procura o Deutsch Bank, que a confirma. Assim, se o governo brasileiro impedir a transferência das divisas, o exportador receberá do Deutsch Bank, que irá, posteriormente, acertar com as autoridades brasileiras o reembolso do pagamento efetuado. 5.5 CARTA DE CRÉDITO PARA VIAJANTES Essa carta de crédito é internacionalmente conhe- cida como traveller’s letter of credit. Ela é instituída por um banco a favor de um indivíduo que vai viajar e não quer carregar dinheiro. Por meio dela, o banco institui- dor autoriza seus correspondentes a pagarem contra a apresentação da referida carta de crédito. O paga- mento pode ser total ou parcial. Os bancos que paga- rem parcialmente anotarão na própria carta de crédito o valor pago. Ela é pouco usual. Os viajantes preferem o traveller’s check. 6 RESUMO Na aula de hoje, conhecemos os meios de paga- mentos utilizados no Comércio Internacional e o porquê da utilização de cada um. Já deu para você observar, meu caro aluno, que países em dificuldade financeira, países instáveis, fazem com que as negociações inter- nacionais de seus povos com os demais sejam reali- zadas com maiores dificuldades, processos burocráti- cos mais complicados, uma vez que ninguém deseja tomar um “calote” financeiro em uma negociação, não é verdade? O seu cliente pode até ser idôneo, mas se o seu país estiver passando por dificuldades econômi- cas, certamente essa ocorrência irá interferir em suas negociações. Nesse caso, torna-se uma desconfiança política e não pessoal ou até mesmo organizacional. Quanto mais estável for o país, ou seja, quanto me- lhor for o seu risco país, mais fácil será a realização das transações comerciais com os demais mercados. Esse é o grande dificultador dos países subdesenvolvidos para participarem ativamente das negociações entre blocos econômicos desenvolvidos. A falta de credibi- lidade não os faz crescerem e serem vistos mundial- mente. 7 ATIVIDADES 1) Faça uma resenha abordando os tipos de opera- ções cambiais existentes? 2) Qual a função de uma carta de crédito? Aponte as vantagens e desvantagens existentes? 3) Qual a função do BACEN quando falamos em pa- gamentos internacionais? REFERÊNCIAS MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Entender o conceito de balanço de pagamentos. • Entender o funcionamento de balanço de pagamentos e as fases de desenvolvimento de um país. • Entender como funciona o balanço de pagamentos do Brasil. AULA 13 O BALANÇO DE PAGAMENTOS INTERNACIONAIS Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 58 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos estudar o ba- lanço de pagamentos internacionais, conceito e estru- tura relacionada ao Brasil, e como devemos analisar o balanço de pagamentos de uma nação. O principal objetivo do balanço de pagamentos in- ternacionais seria manter as autoridades devidamente informadas a respeito da posição internacional devedo- ra-credora do País, a fim de auxiliá-las nas questões re- lativas a pagamentos de transações comerciais e outras, de outro lado, além de servir para medir a influência das transações estrangeiras sobre o rendimento nacional. Mesmo as instituições privadas têm interesse em acompanhar a matéria, uma vez que medidas toma- das pelas autoridades com relação ao balanço de pa- gamentos acabam tendo repercussõessobre toda a economia nacional e, consequentemente, sobre a eco- nomia das empresas 2 BALANÇO DE PAGAMENTOS O balanço de pagamentos é uma sistemática con- tabilização das transações econômicas de uma nação com o restante do mundo, durante um dado período de tempo. 2.1 BALANÇA COMERCIAL A balança comercial compreende todas as exporta- ções e importações de bens. A diferença entre o valor das exportações e o valor das importações fornece o saldo da balança comercial. Todas as transações que resultam em entrada de divisas para o país são consideradas itens de crédito, e todas as que representam saída de divisas são consi- deradas itens de débito. 3 BALANÇO DE PAGAMENTOS E FASES DE DESENVOLVIMENTO DE UM PAÍS É interessante mencionar, meu caro aluno, as pos- síveis relações existentes entre a situação apresentada pelo balanço de pagamentos e as fases de desenvolvi- mento das economias nacionais. Assim, poderíamos ter as seguintes situações: a) País novo devedor: solicita empréstimos cons- tantemente, a taxas elevadas, para poder se desenvolver. A balança comercial apresenta déficit constante, enquanto a balança de capi- tais apresenta superávit, em virtude de grande entrada de capitais estrangeiros. b) País devedor adulto: a balança comercial co- meça a se apresentar equilibrada, em virtude de grandes exportações de matérias-primas e produtos alimentares. A balança de serviços se apresenta deficitária, em razão dos eleva- dos montantes de juros e dividendos pagos ao exterior. A balança de capitais normalmente é positiva, pela entrada de novos empréstimos, muitos dos quais destinados a permitir o reem- bolso de empréstimos anteriores. c) País devedor maduro: o balanço de pagamen- tos apresenta-se com superávits, os quais são utilizados para liquidação de dívidas anterior- mente adquiridas. d) País novo credor: as balanças de comércio e de serviços apresentam-se com saldos positi- vos, enquanto a balança de capitais apresenta- se devedora, em virtude da saída de capitais para aplicações no exterior. O balanço de pa- gamentos de modo geral é positivo. e) País credor adulto: a balança de comércio po- derá se apresentar positiva ou equilibrada, e a balança de serviços normalmente é positiva, em virtude do elevado montante de rendimen- tos recebidos do exterior, o que permite, ainda, a ocorrência e um saldo positivo no balanço de pagamentos. f) País credor maduro: absorve investimentos es- trangeiros, aceitando os reembolsos feitos por países devedores maduros, os quais, na maio- ria das vezes, não são suficientes para cobrir os déficits da balança comercial. Essa situação po- derá dar origem a um novo ciclo de crescimento. 4 O BALANÇO DE PAGAMENTOS DO BRASIL As primeiras tentativas para o levantamento do ba- lanço de pagamentos do Brasil ocorreram, em 1947, e foram promovidas pela carteira de câmbio do Banco do Brasil juntamente com a Fundação Getúlio Vargas. Os valores do balanço de pagamentos do Brasil são expressos em dólares americanos, não apenas com o objetivo de se unificar os valores sob uma unida- de monetária mais estável, como, também, em virtude AULA 13 • O BALANÇO DE PAGAMENTOS INTERNACIONAIS 59 de se tratar de documento divulgado internacionalmen- te, especialmente pelo Fundo Monetário Internacional, e de permitir comparações com os balanços de paga- mentos de outros países. 5 RESERVAS INTERNACIONAIS Assim como as pessoas ou empresas necessitam de reservas, para atender às suas obrigações financei- ras, os países também têm necessidade de manter re- servas monetárias para atendimento de seus compro- missos internacionais. É o que se denomina “liquidez internacional”. Em poucas palavras, é a capacidade de pagar prontamente. As reservas monetárias internacionais, também chamadas “reservas cambiais” ou simplesmente “re- servas internacionais”, compreendem moedas livre- mente conversíveis. Até a Primeira Guerra Mundial, as reservas eram representadas praticamente pelo ouro. Após a Guerra, em virtude da queda da produção de ouro e a neces- sidade de maior liquidez internacional, passaram a ser utilizados, também, os saldos em moedas fortes es- trangeiras. Posteriormente à Segunda Guerra Mundial, o dólar tornou-se o principal componente das reservas. A diminuição da participação do ouro deve-se, tam- bém, ao fato de esse metal apresentar alguns inconve- nientes: além de não render juros, acarreta custos de produção e de armazenamento. Já as divisas podem ser aplicadas e proporcionam rendimento aos seus possuidores. Qual seria o volume ótimo de reservas que um país deveria manter? Não há um critério único de aceitação geral. Po- derá corresponder a alguns meses de importação ou a um percentual do déficit de pagamentos em conta corrente ou outro critério qualquer. Tudo depende da situação especifica de um país. 5.1 RESERVAS INTERNACIONAIS BRASILEIRAS O Banco Central classifica as nossas reservas de três maneiras: 1) reservas de caixa são representadas por have- res prontamente disponíveis; 2) reservas de liquidez são as reservas de caixa mais os valores representativos de títulos de exportação; 3) reservas líquidas e ajustadas são as reservas brutas menos as obrigações. Nossas reservas vinham atingindo valores eleva- dos. Com o agravamento da situação financeira interna- cional, houve fuga de capitais do Brasil, não obstante as altas taxas de juros determinadas por nossas autorida- des monetárias. As mesmas também preferiram segurar a taxa do dólar, vendendo parte de suas reservas, em lugar de proceder a uma desvalorização do real. Com isso, nossas “despencaram”. A partir de 2001, começou a haver alguma recuperação com os bons re- sultados de nossas exportações e os saldos positivos de nossa balança comercial, tendo nossas reservas atingido mais de US$ 53 bilhões em 2005. 6 RESUMO Na aula de hoje, estudamos o balanço de paga- mentos Internacionais, apresentando o balanço de pa- gamentos relacionado às fases de desenvolvimento de um país e a particularidade do Brasil. Por meio de uma profunda análise do balanço de pagamentos de uma nação, podemos tirar conclusões muito eficientes quanto aos níveis de endividamento de uma nação, níveis de superávits, taxas de crescimento, enfim, por meio do balanço de pagamentos consegui- mos realizar um diagnostico real da situação daquele país naquele exato momento e também realizar proje- ções sobre médio e longo prazo. Podemos dizer que por meio do levantamento dos dados de um balanço de pagamentos, constrói-se um histórico daquele país com relação aos demais, abor- dando seus potenciais e fraquezas ao se depararem com o mercado externo. 7 ATIVIDADES 1) Quais as principais informações, conseguimos abstrair de um balanço de pagamentos? 2) O que você entende por reservas internacionais? 3) Diferencie balanço de pagamentos de balança comercial? REFERÊNCIAS MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Entender a estrutura do mercado cambial. • Entender o papel dos bancos. • Conhecer o significado e o papel dos operadores de câmbio. • Conhecer o significado e o papel dos corretores de câmbio. AULA 14 O MERCADO CAMBIAL Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 62 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos estudar o mer- cado cambial, como ele funciona e o porquê dessa operação existir. Você deve estar se perguntando: o que é e como funciona? O fato de não se aceitar moedas estrangeiras em pagamento das exportações, nem a moeda nacional em pagamento das importações, constituia base de um mercado em que são compradas e vendidas mo- edas dos diversos países: mercado esse denominado mercado cambial ou de divisas. Há cinco diferentes categorias de transações que são realizadas em um mercado cambial: a) transações entre bancos e clientes dentro do país; b) entre bancos do mesmo país; c) entre bancos localizados em diferentes países; d) entre bancos e bancos centrais dentro do mes- mo país; e) entre bancos centrais localizados entre diferen- tes países. 2 ESTRUTURA DO MERCADO CAMBIAL O mercado cambial compreende, além dos expor- tadores e importadores, também bolsas de valores, bancos, corretores e outros elementos que, por qual- quer motivo, tenham transações com o exterior. Even- tualmente, poderá abranger as chamadas autoridades monetárias (Tesouro e bancos centrais). 2.1 VENDEDORES E COMPRADORES Assim, vamos ter, de um lado, o grupo vende- dor, representado por todos aqueles elementos (ex- portadores, investidores, tomadores de empréstimos no exterior, vendedores de serviços, turistas e, às vezes, especuladores), que desejam vender divisas provenientes de exportações ou de outra operação qualquer; de outro, temos o grupo comprador no qual são incluídos todos aqueles elementos (importado- res, investidores, devedores de empréstimos, com- pradores de serviços e turistas), os quais desejam adquirir divisas, a fim de liquidar seus compromissos no exterior, provenientes de importações, pagamen- to de viagens etc. 2.1 OS BANCOS Agindo como intermediários entre esses dois gru- pos, vamos encontrar os bancos, os quais centralizam as compras e vendas de divisas. Aliás, meu caro alu- no, essa intervenção bancária é obrigatória, na maioria dos países, não podendo, pois, haver entendimentos diretos entre o grupo comprador e o grupo vendedor. No Brasil, é considerada operação ilegítima aquela que não transitar por estabelecimento autorizado pelas nossas autoridades monetárias. 2.2 OPERADORES DE CÂMBIO Na realização das operações cambiais, os bancos utilizam-se de funcionários altamente especializados (os operadores de câmbio), os quais se encarregam de comprar e vender as moedas estrangeiras. Tais operadores possuem, à disposição, vários equipamentos de comunicação (terminais de compu- tadores, linhas telefônicas diretas, etc.). Em bancos in- ternacionais de grande movimento, poderemos ter um operador para cada uma das principais moedas nego- ciadas, sob o comando de um operador-chefe. O local onde os operadores atuam é denominado mesa de operações. Poderá ser uma simples mesa, conforme o próprio nome indica, ou poderá ser uma enorme sala, onde se encontram inúmeros operadores e auxiliares, com diversos equipamentos eletrônicos, incluindo conexões via internet com agências de infor- mações que fornecem, constantemente, notícias sobre o que está ocorrendo nos diversos países do mundo. Os operadores devem acompanhar atentamente esse noticiário para tentar prever as tendências de compor- tamento das diversas moedas. Por exemplo, a queda de um ministro de um país importante poderá refletir imediatamente sobre as cotações de sua respectiva moeda. Além disso, o operador deve ficar de olho nos re- lógios que indicam qual a hora nas principais praças financeiras do mundo porque, em virtude das diferen- ças de fuso horário, quando alguns mercados estão ini- ciando suas operações (São Francisco, por exemplo), outros já estão terminando seu expediente (mercados europeus) ou já o encerraram (Tóquio). 2.3 CORRETORES DE CÂMBIO Como intermediários entre os bancos e as partes interessadas, encontramos os corretores de câmbio. AULA 14 • O MERCADO CAMBIAL 63 Normalmente, os operadores cambiais não efetuam as transações diretamente com os clientes, mas utilizam- se, por conveniência, desses corretores. O corretor procura, no mercado cambial, quais as melhores taxas e condições para seus clientes e apro- xima as partes interessadas para que os negócios se- jam concretizados. Em diversos países, esses corretores atuam apenas nas operações interbancárias e, assim mes- mo, em caráter facultativo. No Brasil, porém, até há pouco tempo, essa intervenção ocorria obrigatoria- mente entre os bancos e seus clientes, com algumas exceções. Embora não obrigatória, a utilização dos serviços de um corretor poderá ser conveniente para aqueles que operam em Comércio Internacional. Um bom cor- retor agirá como assessor, procurando melhores opor- tunidades de negócios no que se refere a taxas cam- biais, menores custos bancários etc. 2.4 FUNCIONAMENTO DO MERCADO CAMBIAL Ao iniciar as atividades do dia, operadores e corre- tores fazem uma sondagem do mercado, consultando- se uns aos outros e procurando determinar as taxas que têm interesse em realizar negócios. Para tanto, são considerados vários elementos, tais como taxas do dia anterior, informações de natu- reza econômica ou política que, de alguma maneira, possam influenciar essas taxas etc. Após essa sondagem, declaram os bancos quais as taxas em que irão operar. Essas taxas iniciais, cha- madas de abertura, poderão variar durante o dia, com maior ou menor intensidade, de acordo com o desen- volvimento das operações. As taxas cambiais são agrupadas em tabelas de cotações, que são afixadas nos bancos para conheci- mento do público, tabelas essas que contêm dois valo- res para a moeda estrangeira: um para a compra e ou- tro para a venda. A diferença entre esses dois valores representa o ganho do banco. 2.5 POSIÇÃO DE CÂMBIO Denomina-se posição de câmbio o registro que ex- pressa a situação de compras e de vendas de moedas efetuadas por um estabelecimento bancário durante um dado período. A posição de câmbio poderá se apresentar: a) nivelada: quando o total das compras é igual ao total das vendas; b) comprada: quando o total das compras supera o total das vendas; c) vendida: quando o total das vendas supera o total das vendas. A fim de facilitar as comparações, considerando-se que um estabelecimento bancário opera com diversas moedas, constuma-se converter as diferentes moedas em uma única (geralmente o dólar americano). Evidentemente, além da posição global, o banco manterá também uma posição individual para cada mo- eda. O banco deverá, igualmente, manter uma posição para as operações futuras. Outros tipos de posição po- derão existir, dependendo dos sistemas de controle do banco e das exigências das autoridades monetárias. A fim de se evitar riscos, os operadores procuram equilibrar sua posição, de modo que as compras sejam equivalentes às vendas. Tal balanceamento poderá ser considerado para cada moeda em particular, como também para a posição global. No Brasil, os bancos autorizados a operar em câm- bio devem observar, no movimento diário de compras e vendas de câmbio consideradas globalmente, todas as moedas e o conjunto dos departamentos credencia- dos no país para operações da espécie, determinados limites de posição periodicamente estabelecidos pelas autoridades monetárias. 2.6 MERCADO PARALELO DE CÂMBIO É bastante comum no Brasil a confusão entre mer- cado de câmbio manual e mercado paralelo de câmbio. O mercado manual de câmbio compreende a compra, venda ou troca de moedas em espécie ou traveller’s checks. É, portanto, uma atividade perfeita- mente legal, desde que exercida por pessoas ou enti- dades autorizadas a operar nesse mercado pelos orga- nismos facilitadores competentes. O mercado paralelo de câmbio, porém, compreen- de todas as operações conduzidas por meio de pes- soas físicas ou jurídicas não autorizadas a operar no mercado de câmbio. Trata-se, pois, de operações ilegí- timas. Assim, a denominação correta do citado merca- do seria mercado “negro” de câmbio ou mercado “clan- destino” de câmbio. Foi, porém, consagradoo uso da expressão “paralelo”, por ser menos chocante do que “negro” ou “clandestino”. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 64 As causas da existência do mercado paralelo se- riam: a) instabilidade política: faz com que políticos ou grupos econômicos periodicamente transfiram recursos para permanecerem depositados no exterior; b) instabilidade monetária: a desvalorização da moeda nacional estimula pessoas a converte- rem os seus haveres em moeda estrangeira, especialmente o dólar americano, em virtude da grande estabilidade do poder aquisitivo des- te; c) remessa clandestina de lucros: procedimento bastante comum por parte de filiais de empre- sas sediadas no exterior, visando transferir parcelas de lucros que são “podadas” do lucro total declarado pela empresa e que, assim, es- capam da incidência do imposto sobre a renda; d) pagamento de mercadorias contrabandeadas; e) tráfico de drogas; f) tráfico de armas; g) lavagem de dinheiro. Infelizmente, o mercado paralelo atua com uma participação de grande significância no território brasi- leiro. A obrigação do governo é intervir e, na medida do possível, realizar buscas para que esse mercado não tome grandes dimensões. 3 RESUMO Na aula de hoje, estudamos a estrutura do mer- cado cambial, abordando todos os seus participantes, diretos e indiretos e as funções de cada setor. Os ban- cos, juntamente com os corretores e os operadores de câmbio, são os principais responsáveis pelas opera- ções cambiais realizadas pelas nações. O grande problema enfrentado por esse setor é o chamado mercado paralelo, que é responsável em “desviar” as divisas por meio de operações irregulares, sigilosas e sem nenhum profissionalismo. A extinção das operações, no mercado paralelo, é algo quase que impossível, mas a diminuição de suas operações, acredito, é um objetivo a ser alcançado. 4 ATIVIDADES 1) Quais são os principais elementos existentes no mercado cambial? 2) O que você vê de ilegal no mercado paralelo? Dê sua opinião. 3) Diferencie operador de câmbio de corretor de câm- bio? 4) Quais são as principais funções de um banco em um mercado cambial? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Conhecer o que são e quais são os centros financeiros. • Entender o significado de agências bancárias offshore. • Compreender as características dos paraísos fiscais. AULA 15 CENTROS FINANCEIROS E PARAÍSOS FISCAIS Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 66 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos estudar os centros financeiros e os paraísos fiscais. A distribuição geográfica dos grandes centros financeiros faz com que o mercado financeiro internacional funcione 24 horas por dia. Assim, quando os grandes centros da Ásia estão fechando (Tó- quio e Cingapura), os da Europa estão abrindo (Frankfurt, Milão, Paris e Londres). Quando estes estão fechando, os da América estão abrindo (New York e Chicago). Para que um centro financeiro se torne importante, é necessário que: • inspire confiança nos investidores; • tenha uma legislação conveniente, que permita uma liberdade cambial; • tenha excelente sistema de telecomunicações; • ofereça rentabilidade conveniente; • mantenha sigilo bancário. Essas condições constituem as causas de os capi- tais migrarem de um centro financeiro para outro. Elas, portanto, ligam os mercados, equalizando taxas. Em ou- tras palavras, meu caro aluno, se as taxas de Londres fo- rem inferiores às de Caymam, Londres terá duas opções: • perder as aplicações; ou • oferecer taxas iguais às de Cayman. 2 AGÊNCIAS BANCÁRIAS OFFSHORE A tradução ao pé da letra de offshore seria “fora de praia”, ou melhor, “além-mar”, portanto fora do território doméstico. Embora esses centros financeiros fiquem fisica- mente localizados no país, sob o aspecto fiscal e jurí- dico, eles estão fora da nação e, consequentemente, não sujeitos às leis nacionais, o que os torna imunes às interferências governamentais. 3 PARAÍSOS FISCAIS Existem praças que, praticamente, não tributam as operações financeiras. São conhecidas como paraísos fiscais. Há cerca de 40 que não cobram impostos e, curiosamente, 95% são possessões britânicas ou ex- colônias inglesas. Além da isenção de impostos, a burocracia é mí- nina. Em alguns centros financeiros, é possível criar e regularizar uma empresa em apenas 24 horas. 3.1 CARACTERÍSTICAS DOS PARAÍSOS FISCAIS: Os paraísos fiscais precisam ter todas as qualida- des dos centros financeiros. Ocorre que, além daque- las características, há a necessidade de terem: • isenção fiscal para as operações; • liberdade cambial plena; • praticamente nenhuma interferência do gover- no. 3.2 ILHAS CAYMAN Um dos paraísos fiscais mais conhecidos são as Ilhas Cayman. Em um minúsculo território, no ano de 2000, havia 595 instituições financeiras, sendo 45 bra- sileiras. Ocorre que apenas 110 estabelecimentos têm presença física na região. Isso significa que os demais têm apenas endereço para formalidades e a maioria mantém a administração em New York. Por isso, diziam as más-línguas, meu caro aluno, que, se todos os ge- rentes de agências bancárias fossem para Cayman, as ilhas afundariam. 3.3 LAVAGEM DE DINHEIRO Os paraísos fiscais são acusados de dar abrigo ao dinheiro sujo, isto é, receitas provenientes de comér- cio ilícito, particularmente de drogas. Por esse motivo, foi instituído o Grupo de Ação Financeira (GAFI), cujo objetivo é combater a lavagem de dinheiro originário de drogas e de sonegação. Fazem parte do GAFI: Es- tados Unidos, Japão, Alemanha, França, Itália e Brasil. O GAFI organizou a lista negra, a qual inclui 15 países ou territórios que oferecem maior preocupação: • Liechtenstein; • Israel; • Líbano; • Filipinas; • Rússia; • Bahamas; • Ilhas Cayman; • Panamá; • República Dominicana; • St. Kitts; • Granada; • Ilhas Marshall; • Nauru; • Niue; • Ilhas Cook. AULA 15 • CENTROS FINANCEIROS E PARAÍSOS FISCAIS 67 Como se pôde ver, meu caro aluno, no Comércio Exterior, existem diversas operações ilícitas. O papel dos órgãos internacionais e blocos econômicos é pro- curar sempre uma solução para combater esse mau que atormenta as nações lícitas. 4 RESUMO Na aula de hoje, estudamos os centros financeiros dando ênfase aos paraísos fiscais, que nada mais são do que praças que, praticamente, não tributam as ope- rações financeiras. Abordamos também as agências bancárias conhecidas como offshore, ou seja, centros financeiros fisicamente localizados no país, mas que, sob o aspecto fiscal e jurídico, estão fora da nação. Finalizamos abordando o que chamamos de “lava- gem de dinheiro”, que nada mais são do que os para- ísos fiscais, acusados de dar abrigo ao dinheiro sujo, isto é, receitas provenientes de comércio ilícito, parti- cularmente de drogas. 5 ATIVIDADES 1) O que você entende por paraísos fiscais? 2) O que um país ganha e o que perde ao ser tachado como paraíso fiscal? 3) O que é necessário para que um centro financeiro se torne atrativo? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Entender o significado de importações permitidas. • Entender o significado de importações proibidas. • Entender o significado de importações suspensas. • Entender o significado de importações em consignação. AULA 16 SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES Unidade 02 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS PRINCÍPIOSFUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 70 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos estudar a sis- temática das importações, tomando como referência sempre o Comércio Exterior do Brasil. Quando fala- mos em sistemática das importações, o próprio nome já nos faz pensar nos sistemas que são utilizados para controlar a entrada de mercadorias em nosso território. Existem diversos métodos utilizados, uma vez que não são todos os tipos de mercadorias que podem ser co- mercializados ou consumidos em nosso território, seja por razões de segurança nacional, seja por questões estratégicas para proteção de nossos parques indus- triais. Vejamos, então, como são classificadas as im- portações. 2 TRATAMENTO ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES 2.1 IMPORTAÇÕES PERMITIDAS Dentro das importações permitidas, temos as de licenciamento automático e as de licenciamento não automático: a) licenciamento automático: as mercadorias não estão sujeitas a nenhuma autorização ou licen- ça para que ocorra o embarque no exterior; b) licenciamento não automático: tipo de licença em que as mercadorias que tiverem de ser em- barcadas do exterior deverão de ter uma LI – Licença de Importação – emitida e válida para embarque. 2.2 IMPORTAÇÕES PROIBIDAS São as importações que, por disposições legais ou acordos internacionais firmados, encontram-se proibi- das de entrada no país. A proibição poderá ser por cau- sa do país de origem ou da mercadoria. 2.3 IMPORTAÇÕES SUSPENSAS São as importações que têm caráter temporário, ou seja, estão impedidas temporariamente de entrar no país. 2.4 IMPORTAÇÕES EM CONSIGNAÇÃO São as importações que não têm o ânimo de permanência definitiva da mercadoria. Para elas, há acompanhamento até o destinatário. Deverão vir com cobertura cambial e com termo de responsabilidade, seguindo para local alfandegado. 2.5 IMPORTAÇÕES SEM COBERTURA CAMBIAL Nas operações de importação conduzidas sem co- bertura cambial, inexiste a contratação de câmbio, uma vez que não haverá necessidade de aquisição de mo- eda estrangeira. Poderão ser admitidas importações sem cobertura cambial para: a) peças e acessórios; b) doações; c) filmes cinematográficos; d) retorno de material remetido ao exterior para fins de teste, exame e/ou pesquisa, com finali- dade industrial ou científica; e) bens importados em regime de admissão tem- porária; f) bens importados em consignação. 2.6 IMPORTAÇÃO DE MATERIAL USADO Esse tipo de operação obedece a uma regulamen- tação especial, visto que sua concessão é de caráter excepcional. As várias restrições impostas visam, jus- tamente, evitar a importação de equipamentos conside- rados superados ou obsoletos, prejudiciais à elevação de nosso índice de produtividade, dificultando nossa competitividade no mercado internacional. Em todos os pedidos de importação, será exigida a apresentação do laudo de vistoria e avaliação, firmado por organizações especializadas e idôneas, constan- do entre outros o ano de fabricação do equipamento, a vida útil média do bem, o valor de mercado e o peso líquido. Exigências: a) os equipamentos importados devem ser desti- nados ao uso próprio do importador e participar diretamente do processo produtivo; b) os bens importados não devem ser produzidos no país do importador ou não terem a condição de substituição no mercado nacional; c) devem ser de interesse para a economia nacio- nal. Com relação à idade do equipamento, deverá ser observado o seguinte: AULA 16 • SISTEMÁTICA DAS IMPORTAÇÕES 71 a) equipamentos de precisão, destinados à pro- dução seriada não poderão ter idade superior a dez anos na data da apresentação do pedido de importação; b) equipamentos pesados não poderão ter idade superior a 20 anos na data da apresentação do pedido de importação. 3 EXAME DE SIMILARIDADE Estão sujeitas ao prévio exame de similaridade as importações amparadas por benefícios fiscais de isen- ção ou redução do imposto de importação, inclusive as realizadas pela União, estados, Distrito Federal, muni- cípios e as realizadas pelas respectivas autarquias. O exame de similaridade será realizado pelo DE- CEX (Departamento de Comércio Exterior), que obser- vará os critérios e procedimentos previstos no regula- mento aduaneiro. Considera-se similar ao estrangeiro o produto na- cional em condições de substituir o importado, obser- vados os seguintes parâmetros: a) qualidade equivalente e especificações ade- quadas ao fim a que se destine; b) preço não superior ao custo de importação, em moeda nacional, da mercadoria estrangeira; c) prazo de entrega normal ou corrente para o mesmo tipo de mercadoria. 4 VERIFICAÇÃO DE PREÇOS A SECEX (Secretária de Comércio Exterior) exerce o controle de preços na importação tendo, fundamen- talmente, como objetivo evitar a prática de superfatura- mento e a consequente transferência irregular ou fuga de divisas ao exterior. 5 TRANSPORTE NA IMPORTAÇÃO 5.1 MARÍTIMO As mercadorias com benefícios fiscais têm a obri- gatoriedade de embarcar em navios de bandeira na- cional. 5.2 AÉREO Não existe exigência para utilização de companhia aérea brasileira, a menos que a operação esteja sendo realizada por órgãos da administração pública federal. 6 DESPACHO ADUANEIRO Despacho aduaneiro de importação é o procedi- mento fiscal mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro. O desembaraço aduaneiro constitui o ato final do despacho aduaneiro em virtude do qual é auto- rizada a entrega da mercadoria ao importador. 7 DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO Documento o qual, após registro, dará início ao processo de despacho aduaneiro. É um conjunto de informações gerais da operação de importação reali- zada, por meio do qual é feita a solicitação para nacio- nalização da mercadoria. De modo geral, o seu registro somente é permitido após a chegada da mercadoria no território nacional. 8 COMPROVANTE DE IMPORTAÇÃO Documento que comprova a retirada da mercado- ria que deu entrada ao processo de nacionalização. 9 COMPROVANTE DE COMPRA Documento exigido quando da importação de mer- cadorias negociadas na bolsa de valores (açúcar, café etc.). 10 REGISTRO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (ROF) ROF é o documento ao qual as operações com prazo superior a 360 dias, investimentos estrangeiros no país, empréstimos, arrendamento mercantil / lea- sing etc. estão sujeitas. 11 PARAMETRIZAÇÃO Procedimento após o registro da declaração de im- portação, pagamento de impostos devidos e entrega dos documentos exigidos pela secretaria da receita fe- deral, em que a importação esta sujeita a alguma das conferências representadas pelos respectivos canais citados, para posteriormente ser liberada pela receita federal, por meio da conclusão do desembaraço: FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 72 a) Canal verde: a mercadoria é liberada automa- ticamente, independente de qualquer confe- rência, seja ela física, documental ou de valor aduaneiro. b) Canal amarelo: a mercadoria, para ser libera- da, está sujeita ao exame documental. c) Canal vermelho: a mercadoria está sujeita à conferência física e documental. d) Canal cinza: a mercadoria está sujeita à valora- ção aduaneira que é o processo de verificação de preço. Como se pôde ver, meu caro aluno, o processo de importação de mercadorias não é tão simples quanto imaginamos. Exige-se uma série de procedimentos, tomando como referência as particularidades de cada mercadoria e também as particularidades do país no ato da importação. 12 RESUMO Na aula de hoje, estudamos a sistemática das im- portações, tomando como referênciaas importações permitidas, importações proibidas, importações sus- pensas e importações em consignação. Abordamos também como funciona a importação de materiais usa- dos, tomando como referência evitar a importação de equipamentos considerados superados ou obsoletos, prejudiciais à elevação de nosso índice de produtivida- de, dificultando nossa competitividade no mercado in- ternacional. A parametrização das mercadorias vindas do mercado externo também é algo de extrema rele- vância, quando falamos em controle das mercadorias importadas em nosso território. Você já pode observar, meu caro aluno, que o Co- mércio Exterior é uma operação bastante burocrática e complexa, mas não há outra maneira de normatizar essa operação se não for por meio de critérios e mé- todos rigorosos, levando em consideração, também, a extensão territorial de nosso País, o que é um dificulta- dor a ser considerado. 13 ATIVIDADES 1) O que você entende por parametrização? 2) Para que serve o exame de similaridade? 3) Dê exemplo de um produto que pode ser tachado em determinado momento como: importação sus- pensa? Explique o porquê? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Conhecer um breve histórico das nomenclaturas. • Conhecer o significado de TEC (Tarifa Externa Comum). • Entender as regras gerais para classificação no SH. AULA 17 MERCEOLOGIA Unidade 03 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TÉCNICAS DAS SISTEMÁTICAS DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 74 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos estudar a Mer- ceologia do Comércio Exterior. Você deve estar se perguntado: mas o que vem a ser Merceologia? Fique tranquilo, pois iremos abordar esse assunto com bastante clareza. Merceologia é uma lista de produtos do mercado interno e/ou externo, ordenados segundo convenção internacional, levando-se em consideração a matéria constitutiva, o emprego, a aplicação e alguns outros as- pectos. Seu objetivo é evitar problemas de desentendi- mentos de ordem técnica entre os países, tais como as questões de impostos, nomenclaturas e denominação aduaneira de produtos. 2 FINALIDADES DA MERCEOLOGIA • Permitir que as autoridades fiscalizadoras re- conheçam se a importação pode ser autoriza- da ou não e em quais condições; • facilitar a cobrança dos impostos pelas autori- dades alfandegárias; • permitir o agrupamento conforme a natureza dos produtos e seu grau de essencialidade, possibilitando ao governo a elaboração de es- tatísticas melhores e, ao mesmo tempo, ter um controle aperfeiçoado dos movimentos de im- portação e exportação. 3 HISTÓRICO DAS NOMENCLATURAS • 1950 – NCAA (Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira): foi a primeira nomen- clatura adotada pela ONU (Organização das Nações Unidas). • 1971 – NBM (Nomenclatura Brasileira de Mer- cadorias): criada pelo Conselho de Política Aduaneira – equivale hoje à NCM. • 1985 – NBM / SH – Sistema Harmonizado / Convenção Internacional: são usados seis dí- gitos no mundo inteiro. • 1995: NCM (Nomenclatura Comum do MERCO- SUL): feita com base no Sistema Harmonizado – regime tarifário comum para os países do MER- COSUL e para o comércio extrarregional. 4 TEC (TARIFA EXTERNA COMUM) É um regime tarifário comum concluído após o período de transição do MERCOSUL para o comércio extrarregional. Assim, os tributos aduaneiros aplicados para o comércio com terceiros países poderão ser uni- formes para qualquer um dos Estados-parte. Essa no- menclatura comum com base no Sistema Harmonizado foi elaborada para satisfazer os interesses dos quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), bem como o tratamento administrativo (licença de importa- ção) dado a cada uma das mercadorias. Para os propósitos de classificação aduaneira, o Sistema Harmonizado também proporciona uma es- trutura lógica e legal dentro da qual se enquadram as posições em 96 capítulos que estão ordenados em 21 seções, e cada posição está identificada por uma cha- ve de quatro dígitos, em que os dois primeiros indicam o capítulo, enquanto os dois últimos dígitos indicam a posição dentro do respectivo capítulo. A Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) adota uma sistemática de classificação com base no Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH). Assim sendo, também está dividida em 21 se- ções e 96 capítulos, sendo que os capítulos 77, 98 e 99 ficam reservados para serem utilizados posteriormente e tem oito dígitos para cada posição. 5 GPEI (GUIA PRÁTICO DAS EXPORTAÇÕES E SEUS INCENTIVOS) Segue o mesmo parâmetro da TEC em termos de estrutura. A grande diferença é que ela se aplica à regu- lamentação da exportação, porém, as regras e critérios para a classificação tarifária, dicas e sugestões são exa- tamente as mesmas. Encontramos no guia toda a legis- lação que se refere à exportação, ou seja, tributação, caso haja, órgão anuente, possibilidade de realização da operação de consignação de mercadoria consultada, disponibilidade de financiamento e outras informações importantes com relação àquela mercadoria. Exemplo da NCM: 0406.30.00 04 = capítulo 06 = posição 3 = subposição simples 0 = subposição composta 0 = item 0 = subitem AULA 17 • MERCEOLOGIA 75 6 DICAS PARA CLASSIFICAÇÃO DAS MERCADORIAS • Busque informações sobre a mercadoria no que diz respeito a marca, tipo, cor, acessório, material constitutivo, composição, utilização etc.; • selecione as seções ou capítulos mais adequados; • categorize as mercadorias dentro dos capítulos; • leia as notas explicativas, pois elas são orientativas. Segue abaixo a classificação das mercadorias conforme suas particularidades: Seção Descrição I Animais vivos e produtos do reino animal. II Produtos do reino vegetal. III Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal. IV Produtos das indústrias alimentares; bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres; fumo (tabaco) e seus sucedâneos misturados. V Produtos minerais. VI Produtos das indústrias químicas ou das indústrias conexas. VII Plásticos e suas obras; borracha e suas obras. VIII Peles, couros, peleteria (peles com pêlo*) e obras desta matéria; artigos de correeiro ou de seleiro; artigos de viagem, bolsas e artefatos semelhantes; obras de tripa. IX Madeira, carvão vegetal e obras de madeira; cortiça e suas obras; obras de espataria ou cestaria. X Pastas de madeira ou de matérias fibrosas celulósicas; papel ou cartão de reciclar (desperdícios e aparas); papel e suas obras. XI Matérias têxteis e suas obras. XII Calçados, chapéus e artefatos de uso semelhante; guarda-chuvas, guarda-sóis, bengalas, chicotes e suas partes; penas preparadas e suas obras; flores artificiais; obras de cabelo. XIII Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou de matérias semelhantes; produtos cerâmicos; vidro e suas obras. XIV Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes; metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos e suas obras; bijuterias; moedas. XV Metais comuns e suas obras. XVI Máquinas e aparelhos, materiais elétricos e suas partes; aparelhos de gravação ou de reprodução de som, aparelhos de gravação ou de reprodução de imagens e de som em televisão, suas partes e acessórios. XVII Material de transporte. XVIII Instrumentos e aparelhos de óptica, fotografia ou cinematografia, medida, controle ou de precisão; instrumentos e aparelhos médicos-cirúrgicos;aparelhos de relojoaria; instrumentos musicais, suas partes e acessórios. XIX Armas e munições, suas partes e acessórios. XX Mercadorias e produtos diversos. XXI Objetos de artes, de coleção e antiguidades. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 76 Como se pôde ver, meu caro aluno, uma das maio- res dificuldades para se realizar uma operação de im- portação ou exportação de mercadorias está na classi- ficação das mesmas, uma vez que, por meio do código da mercadoria, podemos analisar as particularidades de tratamento do produto e quais procedimentos deve- se tomar. O interessante, meu caro aluno, é que esta classificação das mercadorias é universal. Ou seja, in- dependente do país onde você estiver, os dígitos se- rão os mesmos para uma específica mercadoria. Inde- pendente do idioma a ser utilizado, a classificação das mercadorias é algo inalterado para que todos possam falar a “mesma língua”. Na próxima aula, iremos falar sobre o passo a pas- so das exportações, ou seja, sobre quais os procedi- mentos necessários para realizarmos uma exportação com sucesso. 7 RESUMO Na aula de hoje, estudamos a Merceologia das mercadorias. Iniciamos o tema abordando a história das nomenclaturas e o porquê dessa especificação pa- dronizada. Posteriormente, conhecemos a TEC (Tarifa Exter- na Comum). Como o próprio nome já diz, está tarifa foi elaborada para satisfazer os interesses dos quatro países do MERCOSUL (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), bem como o tratamento administrativo (licen- ça de importação) dado a cada uma das mercadorias movimentadas por intermédio desse mercado. Observamos também as regras gerais para classifi- cação no Sistema Harmonizado (SH) e exemplificamos as seções e suas respectivas descrições referentes à natureza dos produtos. 8 ATIVIDADES 1) Quais as funções das nomenclaturas? 2) O que é a TEC? Faça uma resenha. REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2006. Objetivos • Entender a importância da atividade exportadora. • Compreender o funcionamento da internacionalização da empresa. • Entender o significado de exportação direta e indireta. • Conhecer os tipos de consórcios de exportação. AULA 18 EXPORTAÇÃO PASSO A PASSO Unidade 03 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TÉCNICAS DAS SISTEMÁTICAS DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 78 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, na aula de hoje, iremos estudar a im- portância da atividade exportadora, ou seja, iremos responder a seguinte pergunta: 1.1 POR QUE EXPORTAR? Dentre as vantagens que a atividade exportadora oferece às empresas, podem ser assinaladas as se- guintes: 1) Maior produtividade: exportar implica aumento da escala de produção, que pode ser obtida pela utilização da capacidade ociosa da em- presa e/ou pelo aperfeiçoamento dos seus pro- cessos produtivos. A empresa poderá, assim, diminuir o custo de seus produtos, tornando-os mais competitivos, e aumentar sua margem de lucro. 2) Diminuição da carga tributária: a empresa pode compensar o recolhimento dos impostos inter- nos, via exportação: a) os produtos exportados não sofrem a inci- dência do Imposto sobre Produtos Indus- trializados (IPI); b) o Imposto sobre a Circulação de Mercado- rias e Serviços (ICMS) tampouco incide so- bre operações de exportação de produtos industrializados, semielaborados, primá- rios ou prestação de serviço; c) na determinação da base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Se- guridade Social (COFINS), excluídas as receitas decorrentes da exportação; d) as receitas decorrentes da exportação são também isentas da contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimô- nio do Servidor Público (PASEP); e e) o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) aplicado às operações de câmbio vinculadas à exportação de bens e servi- ços tem alíquota zero. 3) Redução da dependência das vendas inter- nas: a diversificação de mercados (interno e externo) proporciona para a empresa maior segurança contra as oscilações dos níveis da demanda interna. 4) Aumento da capacidade inovadora: as empre- sas exportadoras tendem a ser mais inovado- ras que as não exportadoras, costumam utilizar número maior de novos processos de fabrica- ção, adotam programas de qualidade e desen- volvem novos produtos com maior frequência. 5) Aperfeiçoamento de recursos humanos: as empresas que exportam se destacam na área de recursos humanos – costumam oferecer melhores salários e oportunidades de treina- mento a seus funcionários. 6) Aperfeiçoamento dos processos industriais (melhoria na qualidade e na apresentação do produto, por exemplo) e comerciais (elabora- ção de contratos mais precisos, novos proces- sos gerenciais etc.): a empresa adquire melho- res condições de competição interna e externa. 7) Imagem da empresa: o caráter de “empresa exportadora” é uma referência importante nos contatos da empresa no Brasil e no exterior, assim como a imagem da empresa fica as- sociada a mercados externos, em geral mais exigentes, com reflexos positivos para os seus clientes e fornecedores. Em resumo, a exportação assume grande relevân- cia para a empresa, pois é o caminho mais eficaz para garantir o seu próprio futuro em um ambiente globaliza- do cada vez mais competitivo, que exige das empresas brasileiras plena capacitação para enfrentar a concor- rência estrangeira, tanto no Brasil como no exterior. Para o Brasil, a atividade exportadora tem também importância estratégica, pois contribui para a geração de renda e emprego para a entrada das divisas neces- sárias ao equilíbrio das contas externas e para a pro- moção do desenvolvimento econômico. 2 A INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA A internacionalização da empresa consiste em sua participação ativa nos mercados externos. Com a elimi- nação das barreiras que protegiam no passado a indústria nacional, a internacionalização é o ca- minho natural para que as empresas brasileiras se mantenham competitivas. Se as empresas brasileiras dedicarem-se exclusivamente a produzir para o mer- cado interno, sofrerão a concorrência das empresas estrangeiras dentro do próprio País. AULA 18 • EXPORTAÇÃO PASSO A PASSO 79 Por conseguinte, para manter a sua participação no mercado interno, deverão modernizar-se e tornarem-se competitivas em escala internacional. A atividade ex- portadora, contudo, não é isenta de dificuldades, inclu- sive porque o mercado externo é formado por países com idiomas, hábitos, culturas e leis muito diversos, dificuldades essas que devem ser consideradas pelas empresas que se preparam para exportar. As empresas podem participar do mercado inter- nacional de modo ativo e permanente ou de maneira eventual. Em geral, o êxito e o bom desempenho na atividade exportadora são obtidos pelas empresas que se inseriram na atividade exportadora como resultado de um planejamento estratégico, direcionado para os mercados externos. O planejamento estratégico envolverá pontos fra- cos, fortes, ameaças e oportunidades, os quais devem ser analisadas com antecedência, considerando a ne- cessidade de uma seleção mercadológica com base em critérios de pesquisa e definição de mercados prio- ritários. A pesquisa de mercado é a maneira certa de a em- presa iniciar suas atividades e obter sucesso no con- texto internacional. Aliada à visão de longo prazo, a exportação está baseada no tripé: pesquisa, promoção comercial (feiras e missões comerciais) e persistência. 3 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES As empresas brasileiras, interessadas em transfor-mar-se em exportadoras ativas, devem ter, entre ou- tros, os seguintes cuidados: a) para a conquista do mercado internacional, as empresas não devem considerar a exportação como uma atividade esporádica, ligada às flu- tuações do mercado interno. Uma parcela de sua produção deve ser sistematicamente des- tinada ao mercado externo; b) a empresa exportadora deverá estar em condi- ções de atender sempre às demandas regula- res de seus clientes no exterior; c) a concorrência internacional é derivada, entre outros fatores, da existência de maior número de exportadores do que de importadores. No mundo, outros fornecedores potenciais estarão buscando conquistar os mercados já ocupados pelas empresas brasileiras; d) os exportadores brasileiros devem saber utili- zar plenamente os mecanismos fiscais e finan- ceiros colocados à disposição pelo governo, a fim de aumentar o grau de competitividade de seus produtos; e e) todas as comunicações recebidas de importa- dores externos devem ser respondidas, mes- mo que, em um determinado momento, o ex- portador não tenha interesse ou condições de atender aos pedidos recebidos – o bom diálogo com os importadores, tanto efetivos como po- tenciais, prepara o campo para vendas futuras. 3.1 EXPORTAÇÃO DIRETA A exportação direta consiste na operação em que o produto exportado é faturado pelo próprio produtor para o importador. Esse tipo de operação exige da em- presa o conhecimento do processo de exportação em toda a sua plenitude. Cabe assinalar que a utilização de um agente co- mercial pela empresa produtora/exportadora não deixa de caracterizar a operação como exportação direta. Nessa modalidade, o produto exportado é isento do IPI e não ocorre a incidência do ICMS. Beneficia-se tam- bém dos créditos fiscais incidentes sobre os insumos utilizados no processo produtivo. No caso do ICMS, é recomendável consultar as auto- ridades fazendárias estaduais, sobretudo quando houver créditos a receber e insumos adquiridos em outros Estados. 3.2 EXPORTAÇÃO INDIRETA A exportação indireta é realizada por intermédio de empresas estabelecidas no Brasil, que adquirem pro- dutos para exportá-los. Essas empresas podem ser: • trading companies (a venda da mercadoria pela empresa produtora para uma trading que atua no mercado interno é equiparada a uma operação de exportação, em termos fiscais); • empresas comerciais exclusivamente exporta- doras; • empresas comerciais que operam no mercado interno e externo; • outro estabelecimento da empresa produtora: nesse caso, a venda para esse tipo de empre- sa é considerada equivalente a uma exporta- ção direta, assegurando os mesmos benefícios fiscais – IPI e ICMS; e • consórcios de exportação. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 80 Apesar de bem-sucedidos em vários países, os consórcios de exportação encontram-se em fase cres- cente de desenvolvimento no Brasil. Trata-se de as- sociações de empresas que conjugam esforços e/ou estabelecem uma divisão interna de trabalho, com vis- tas à redução de custos, aumento da oferta de produ- tos destinados ao mercado externo e ampliação das exportações. Os consórcios podem ser formados por empresas que ofereçam produtos complementares ou mesmo concorrentes. 4 TIPOS DE CONSÓRCIOS DE EXPORTAÇÃO • Consórcio de promoção de exportações: essa forma de consórcio é mais recomendável para empresas que já possuem experiência em Co- mércio Exterior. As vendas no mercado exter- no são realizadas diretamente pelas empresas que integram o consórcio. Sua finalidade é desenvolver atividades de promoção de negó- cios, capacitação e treinamento, bem como a melhoria dos produtos a serem exportados. • Consórcio de vendas: a formação desse tipo de consórcio é recomendada quando as empresas que dele pretendem participar não possuem ex- periência em Comércio Exterior. As exportações são realizadas pelo consórcio, por intermédio de uma empresa comercial exportadora. • Consórcio de área ou país: reúne empresas que pretendem concentrar suas vendas em um único país ou em uma região determinada. O consórcio pode ser de promoção de exporta- ções ou de vendas. Pode, ainda, ser monosse- torial ou multissetorial: consórcio monossetorial: agrega empre- sas do mesmo setor; consórcio multissetorial: os produtos fa- bricados pelas empresas podem ser complementares (produtos de diferentes segmentos da mesma cadeia produtiva) ou heterogêneos (produtos de diferentes setores), assim como destinados ou não a um mesmo cliente. 4.1 PESQUISA DE MERCADO Em um ambiente de acirrada competição interna- cional, a pesquisa de mercado assume um papel fun- damental para a obtenção de êxito nos mercados ex- ternos. Possibilita à empresa identificar importadores potenciais para o produto que pretende exportar, ca- racterísticas da demanda, tratamento tarifário e outras informações úteis. As empresas brasileiras podem contar com o apoio da divisão de informação comercial, que é responsável pela divulgação de pesquisas sobre as possibilidades de colocação de produtos ou grupos de produtos em mercados selecionados. 4.2 FEIRAS E EXPOSIÇÕES NO BRASIL E NO EXTERIOR Uma feira internacional pode significar negócios para uma empresa. Afinal, é muito relevante o contato pessoal com possíveis compradores, mas, com resul- tados, sempre em uma perspectiva de médio e longo prazo. Cabe ao exportador preocupar-se com a sua ade- quação à feira e até com a inclusão do evento no pro- jeto de exportação da empresa. O caminho é decidir de qual feira participar, e, para isso, é necessário definir o objetivo dessa participação: conquistar o mercado ou promover as vendas do produto no mercado. O primeiro ponto a ser considerado, na conquista do mercado, é se o custo de participação na feira será maior do que o custo de buscar outras alternativas, levando-se em consideração, inclusive, a possibilidade de contar com um agente no mercado desejado. Basi- camente, os custos envolvidos em uma feira interna- cional são os seguintes: registros (no catálogo oficial da feira); estande (aluguel, custo de instalação, aces- sórios e limpeza); e promoção (passagem aérea, hotel, refeições, locomoção e pessoal contratado). Ao definir pela participação na feira, o exportador deve considerar algumas questões: a) Seu produto é competitivo no mercado exter- no? Oferece ao comprador qualidade, design? b) O preço é competitivo? Recomenda-se, pelo menos, informar o preço, por exemplo, do valor FOB e o valor CIF do produto. c) Existe capacidade de aumentar a produção? d) Qual o processo de venda dos produtos simi- lares concorrentes? Foram contatados, antes da realização do evento, agentes, atacadistas, distribuidores, varejistas ou o consumidor final dos produtos de seu interesse? AULA 18 • EXPORTAÇÃO PASSO A PASSO 81 e) Qual é o perfil dos expositores e visitantes? Para colher os frutos da participação nas feiras, o exportador deve-se unir a um importador ou agente, agregando seu conhecimento do produto com o conhe- cimento dele do mercado importador. É importante ain- da definir a sua participação na feira: 1) A oferta é compatível com o tema da feira? 2) O produto é novo para o consumidor? 3) O período de exposição será suficiente para mostrar o produto? De qualquer maneira, o sucesso na feira interna- cional dependerá da capacidade de preparar-se e pla- nejar-se. 5 RESUMO Na aula de hoje, abordamos a primeira etapa do processo de exportação vivenciado pelas organiza- ções. Você já observou que até agora não falamos da parte documental da operação, dando ênfase, por en- quanto, à estrutura, ou seja, à base de toda a operação para que saia tudo conforme o desejo do vendedor e do comprador. Na próxima aula, iremos abordar o processode ex- portação, enfatizando a concretização do negócio em si. 6 ATIVIDADES 1) O que uma empresa ganha ao decidir fazer parte de um consórcio de exportação? 2) Diferencie exportação direta de exportação indireta? 3) O que devemos analisar, ao escolhermos uma feira internacional para divulgação de nossos produtos? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender a importância do marketing internacional. • Entender o funcionamento da comunicação entre o exportador e o importador. • Conhecer os aspectos culturais nas exportações. • Conhecer os fatores que contribuem para a aceitação do produto. AULA 19 EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO Unidade 03 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TÉCNICAS DAS SISTEMÁTICAS DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 84 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, iremos dar continuidade ao tema exportação, enfatizando as atividades de marketing juntamente com o mercado internacional e a comuni- cação entre o comprador e o vendedor. Já sabemos que os aspectos culturais são essenciais para uma negociação internacional. Necessitamos conhecer os desejos e comportamentos de compra dos consumi- dores dos outros mercados, uma vez que não neces- sariamente o que é aceito no Brasil será também atra- tivo na Itália, por exemplo. Então mãos a obra, meu caro aluno. 2 MARKETING INTERNACIONAL O marketing internacional é um conjunto de ativida- des destinadas à satisfação de necessidades específi- cas, que inclui a divulgação e a promoção da empresa exportadora e de seus produtos nos mercados exter- nos. O êxito nas exportações está intimamente rela- cionado à divulgação da empresa e de seus produtos no exterior, razão pela qual os exportadores brasileiros devem dar atenção especial a essa atividade. Cabe as- sinalar que a propaganda é apenas uma das atividades relacionadas ao marketing. 3 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO MARKETING São condições básicas para o desenvolvimento do marketing: 3.1 IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES DE CONSUMO O exportador deverá identificar, em um determi- nado mercado, necessidades de consumo de seu produto. 3.2 DISPONIBILIDADE DO PRODUTO Além das condições efetivas de oferta do produto, o exportador considerar as preferências dos consumi- dores em um determinado mercado, tais como cor, ta- manho, design e estilo. Além disso, deve-se atentar para: • materiais utilizados: observância das exigên- cias legais referentes à saúde e à segurança; • desempenho: facilidade de manutenção, dura- bilidade, credibilidade, força e imagem e resis- tência a condições específicas; • especificações técnicas: dimensões, voltagem, durabilidade etc. As especificações técnicas podem ser requeridas pelo importador ou pela legislação do país de destino do produto. 3.3 COMUNICAÇÃO ENTRE O EXPORTADOR E O IMPORTADOR A comunicação entre o exportador e o importador é o elo principal entre a oferta e a demanda. A ausên- cia de comunicação impossibilita o desenvolvimento da operação comercial. Dada a importância da boa impressão inicial, quan- do dos primeiros contatos com empresas estrangeiras importadoras, deve o exportador ter presente os se- guintes cuidados: • na correspondência comercial, utilizar papel timbrado com endereço e nome da empresa, inclusive e-mail e endereço de homepage na internet, se houver; • redigir o texto das cartas de forma breve, clara e precisa e, se possível, no idioma do destina- tário (importador estrangeiro), quando não em inglês; • não utilizar termos como “empresa tradicional” ou exaltar qualidades da empresa não direta- mente relacionadas à atividade ou o ao produto a ser exportado. 3.4 ASPECTOS RELEVANTES PARA O IMPORTADOR Para o importador, são relevantes: • o perfil da empresa: data de fundação, expe- riência exportadora, número de empregados, dimensões da fábrica, equipamentos utiliza- dos, referências bancárias etc. O fornecimento a empresas multinacionais, estabelecidas no Brasil, constitui boa referência, especialmente para a empresa que ainda não exporta; • a descrição dos produtos: folhetos ou catálogos a serem encaminhados ao importador devem conter o endereço da empresa (inclusive fax e e-mail), ilustrações fotográficas dos produtos. Cada produto pode ser identificado por um nú- mero, o que facilita a referência à respectiva AULA 19 • EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO 85 descrição (dimensão, volume, identificação do material utilizado, entre outras características); • a lista de preços: deve indicar preço FOB e/ou CIF de venda e não deve ser incorporada ao catálogo, uma vez que os preços podem mu- dar. Por isso, é mais apropriado utilizar folha avulsa, que seguirá com o catálogo. 4 ASPECTOS CULTURAIS NAS EXPORTAÇÕES Os aspectos culturais são de grande importância no processo decisório de compras e vendas internacionais. Veja a seguir algumas dicas úteis: a) Como funcionam as negociações na Europa Oci- dental: • propostas iniciais versus acordo final: exigên- cias iniciais moderadas; • apresentação de questões: uma de cada vez; • apresentações: formais; • tratamento de divergências: cortês, direto; • concessões: bastante lentas. b) Como funcionam as negociações na Europa Oriental: • propostas iniciais versus acordo final: exigên- cias iniciais elevadas; • apresentação de questões: podem ser agrupa- das; • apresentações: bastante formais; • tratamento de divergências: argumentativo; • concessões: lentas. c) Como funcionam as negociações na América La- tina: • propostas iniciais versus acordo final: exigên- cias iniciais moderadas; • apresentação de questões: uma a uma; • apresentações: informais; • tratamento de divergências: argumentativo; • concessões: lentas. d) Como funcionam as negociações na América do Norte: • propostas iniciais versus acordo final: elevadas exigências iniciais; • apresentação de questões: uma de cada vez; • apresentações: formais; • tratamento de divergências: franco; • concessões: lentas. e) Como funcionam as negociações no Oriente Médio e na África do Norte: • propostas iniciais versus acordo final: muitas exigências iniciais; • apresentação de questões: uma de cada vez; • apresentações: informais; • tratamento de divergências: bastante verbali- zado; • concessões: lentas. f) Como funcionam as negociações na Ásia e na orla do Pacífico: • propostas iniciais versus acordo final: exigên- cias moderadas a altas; • apresentação de questões: podem ser agrupa- das; • apresentações: bastante formais; • tratamento de divergências: cortês; • silêncio quando corretos; • concessões: lentas. g) Como funcionam as negociações na África subsa- ariana: • propostas iniciais versus acordo final: elevadas exigências iniciais; • apresentação de questões: isoladas; • apresentações: informais; • tratamento de divergências: direto. 5 FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A ACEITAÇÃO DO PRODUTO Dentre os vários fatores que contribuem para des- pertar o interesse de consumidores no exterior, podem ser relacionados: 5.1 PREÇO O exportador deve levar em consideração, para a definição do preço de exportação, tanto os custos para a sua empresa como os preços praticados no mercado em que pretende colocar o seu produto. Em princípio, o preço de exportação não deverá estar acima do pra- ticado no mercado-alvo. 5.2 EMBALAGEM A embalagem da mercadoria tem influência impor- tante na aceitação do produto. Nas atuais condições de competição, a embalagem deve tanto servir para pro- teger o produto como para torná-lomais atraente para os consumidores. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 86 5.3 ASSISTÊNCIA TÉCNICA Para certos tipos de produtos, a assistência técnica tem assumido um papel crucial na competição interna- cional e pode ser determinante na tomada de decisões do consumidor. A assistência técnica deve proporcionar ao consumidor os seguintes serviços: garantia, instru- ções sobre a utilização do produto, atendimento a re- clamações, reposição de peças com defeitos, reparo e manutenção e treinamento de mão de obra especiali- zada. 6 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO O canal de distribuição consiste no caminho per- corrido pela mercadoria, desde o produtor até os impor- tadores e usuários finais. A escolha do canal de distri- buição adequado é essencial para o êxito na atividade exportadora. São fatores que influenciam a escolha do canal de distribuição adequado: • natureza do produto: dimensão, peso, apre- sentação e perecibilidade; • características do mercado: hábitos de compra, poder aquisitivo, localização geográfica, desti- no do produto (consumo final ou industrial); • qualificação dos agentes intermediários: ex- periência, capacidade administrativa e outras referências. Há dois tipos principais de intermediários de vendas no exterior: os agentes e os comerciantes. O agente é uma pessoa física ou jurídica que atua na transferên- cia de bens e serviços, que, sem assumir a titularidade legal sobre os bens comercializados, recebe comissão por sua participação na operação. Diversamente, os comerciantes adquirem as mer- cadorias, isto é, assumem a titularidade e posse legal dos bens comercializados. 7 TIPOS DE AGENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR • Agente externo: é um representante do expor- tador, que possui exclusividade na venda de seus produtos em um determinado mercado e recebe comissão sobre as vendas realizadas. • Broker (corretor): é o agente especializado em certo grupo de produtos ou setor. Costuma ser utilizado em operações que envolvem produtos primários (commodities) e atua, de modo geral, nas bolsas de mercadorias e recebe comissão sobre os valores das operações. • Factor: é o agente que recebe mercadorias em consignação e é pago, igualmente, mediante comissão sobre as vendas realizadas. 8 TIPOS DE COMERCIANTES NO COMÉRCIO EXTERIOR • Importador-distribuidor: é o comerciante no país de destino que se dedica ao comércio de impor- tação e distribuição de mercadorias por atacado. • Subsidiária de vendas do produtor-exportador: empresa criada no país de destino, que se res- ponsabiliza pela montagem e manutenção de rede de distribuição própria naquele mercado. • Rede de comerciantes atacadistas e varejistas: estabelecida no país de destino, habitualmente mantém departamento próprio de importação e providencia a distribuição do produto, inclusive por intermédio de subsidiárias. 9 MATERIAL PROMOCIONAL No processo de difusão de seus produtos, é de fun- damental importância que a empresa invista recursos na elaboração de material promocional de qualidade, bem como em campanhas publicitárias: • Catálogo de exportação: deve conter imagens do produto ou dos produtos a serem exporta- dos, suas características e utilidade. • Publicidade: pode ser feita gratuitamente (por exemplo: publicação de matérias em revistas especializadas ou técnicas) ou mediante anún- cios pagos. • Divulgação de material promocional: por meio de mala-direta. • Divulgação de material destinado a promover vendas: pelo correio. • Página na internet: showroom eletrônico. • Setores de Promoção Comercial (Secoms): por meio do MRE. Vale salientar que o material promocional deve ser apresentado no idioma do mercado-alvo ou em inglês. As empresas brasileiras podem contar com o apoio dos Secoms para a divulgação de material promocional a empresas e entidades de classe estrangeiras. AULA 19 • EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO 87 10 COMÉRCIO ELETRÔNICO Nos últimos anos, tem-se intensificado o volume de transações por meio de intercâmbio eletrônico de dados, de modo geral entre empresas, dentro de gran- des corporações ou entre empresas e setor público. O que veio introduzir elemento novo nesse processo (e torná-lo também mais visível nos meios de comunica- ção) é a enorme disseminação do uso da internet como instrumento de comércio. Pode-se prever, contudo, que o forte incremento nas vendas eletrônicas de produtos e serviços diretamente aos consumidores finais, a um custo baixo e de maneira simples e rápida, não deverá alterar estimativas de que, no futuro próximo, a maior parte do comércio eletrônico no mundo – agora cres- centemente pela internet – continuará a ocorrer entre empresas. Nesse contexto, os efeitos da disseminação de práticas de comércio eletrônico tenderão a afetar de maneira marcante o universo de pequenas e médias empresas (PMEs). Esse universo, aliás, é exatamente um dos que apresentam maior potencial de ganho com o comércio eletrôni- co, por meio do qual se abrem novas oportunidades de exportação. De resto, mesmo nos casos em que não haja transações diretas pela internet, o crescimento do comércio eletrônico continuará a gerar modificações sensíveis em toda a estrutura de apoio ao comércio em geral: do acesso à informação comercial aos processos de negociação e contratos, passando também por no- vas práticas gerenciais. 11 PARA ONDE EXPORTAR? Uma das principais dificuldades para a empresa que deseja exportar é definir não apenas o que expor- tar, mas também para onde exportar, ou seja, identi- ficar potenciais mercados de destino no exterior. O Departamento de Promoção Comercial (DPR) oferece, por meio da série “Como Exportar”, informações sobre mercados específicos de interesse para a empresa que deseja se engajar na atividade exportadora. Nessa sé- rie de publicações, as empresas encontrarão estudos detalhados sobre países e blocos econômicos, indivi- dualmente considerados, com dados básicos, econô- micos e de Comércio Exterior, bem como sobre as relações econômico- comerciais bilaterais, condições de acesso ao merca- do, canais de distribuição, sistema tarifário e regula- mentação de importações, usos e costumes locais etc. 12 RESUMO Na aula de hoje, abordamos a importância do ma- rketing no mercado internacional, destacando os as- pectos culturais para divulgação e aceitação dos pro- dutos nos mercados externos. O tratamento entre os compradores e os vendedo- res também se diferem quando falamos em diferentes culturas, idiomas e principalmente comportamento de compras. Na próxima aula, iremos dar continuidade ao as- sunto: exportação – passo a passo. 13 ATIVIDADES 1) O que devemos considerar ao analisarmos a cultu- ra de outros mercados? 2) Qual a importância do marketing em uma negocia- ção internacional? 3) Reflita sobre esta pergunta: por que exportar? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender o processo de formação do preço de exportação. • Conhecer os fatores que influenciam o preço de exportação. • Conhecer os documentos exigidos na exportação. • Entender o significado de despacho aduaneiro de exportação. AULA 20 EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO Unidade 03 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TÉCNICAS DAS SISTEMÁTICAS DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 90 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, iremos dar continuidade ao tema exportação, enfatizando a formação de preços. Você poderá observar, meu caro aluno, que a formação de preços é algo a ser considerado uma vez que a for- maçãopropriamente dita ocorre em efeito cascata, ou seja, um imposto incide sobre o outro fazendo com que o preço final das mercadorias se torne, às vezes, algo irreal, ou seja, a mercadoria fique praticamente sem va- lor aceitável de venda. Vamos, então, iniciar este assunto que tanto mere- ce nossa atenção. 2 FORMAÇÃO DO PREÇO DA EXPORTAÇÃO A fixação do preço de exportação deve ser precedi- da de um estudo detalhado das condições de mercado, de forma a viabilizar a manutenção do esforço exporta- dor, sem prejuízo para a empresa. É elemento funda- mental para as condições de competição do produto a ser exportado. 2.1 DETERMINAÇÃO DO PREÇO A determinação do preço é influenciada por duas forças que atuam em direções opostas. Por um lado, o custo de produção e a meta de lucro máximo tendem a elevar o preço; por outro, as pressões competitivas no mercado internacional induzem à redução no preço. No médio prazo, o preço escolhido determinará a viabilida- de da atividade exportadora. A estratégia de comercialização do produto tam- bém afeta a formação do preço. Ao ser colocado em um mercado novo, um produto pouco conhecido deve ter, em princípio, um preço inferior ao praticado pelos concorrentes, na hipótese de que tenha o mesmo nível de qualidade. Ao contrário, um produto já reconhecido poderia ser comercializado com um preço superior, em razão de sua aceitação no mercado. Tal como ocorre no mercado interno, será necessá- rio, também no mercado externo, um acompanhamen- to permanente da entrada de novos produtos concor- rentes, das mudanças nos custos de produção e das alterações no nível da demanda. Cabe assinalar, ainda, que, em princípio, os preços de exportação não estão sujeitos à verificação por qual- quer entidade de controle no Brasil. A competição impos- ta pelo mercado internacional é o principal fator de con- trole do preço de exportação e da qualidade do produto. No processo de formação do preço de exportação, deve-se, primeiramente, conhecer e utilizar todos os benefícios fiscais e financeiros aplicáveis à exportação, a fim de se obter maior competitividade externa. O co- nhecimento da estrutura de custos internos da empre- sa é também imprescindível para a formação do preço de exportação. 3 FATORES QUE INFLUENCIAM O PREÇO DE EXPORTAÇÃO São fatores que influenciam o preço de exportação: • competidores potenciais; • custos de produção; • esquemas de financiamento à exportação; • tratamento tributário aplicável à exportação; • despesas de exportação (embalagem específi- ca para exportação, despesas portuárias, des- pesas com despachantes, gastos com pessoal especializado, frete e seguro interno até o local de embarque – caso a empresa não decida pela exportação indireta etc.); • preços praticados por competidores de tercei- ros países; • comportamento dos consumidores; • novas tecnologias. 3.1 METODOLOGIA PARA A FIXAÇÃO DO PREÇO DE EXPORTAÇÃO, COM BASE NO PREÇO DO PRODUTO NO MERCADO INTERNO O preço de exportação situa-se em um amplo inter- valo de variação, no qual o preço máximo é dado pelas condições de mercado, enquanto o preço mínimo é es- tabelecido pelo custo variável. É mais usual a empresa calcular preços diferenciados para as vendas internas e externas. Apresenta-se, a seguir, como referência, a estrutura de estabelecimento do preço de exportação, que toma, como ponto de partida, o preço praticado no mercado interno. Sugere-se, para efeito de cálculo: • excluir os elementos que compõem normalmen- te o preço do produto no mercado interno, mas que não estarão presentes no preço de exporta- ção (exemplos: ICMS, IPI, PIS,COFINS etc.); e AULA 20 • EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO 91 • incluir as despesas que não integram a com- posição do preço interno, mas farão parte do preço de exportação, na modalidade FOB. Exemplos: gastos com a embalagem de expor- tação, despesas com o transporte do produto até o local de embarque, comissão de agente no exterior etc. Com a finalidade de fornecer roteiro, que poderá ser adaptado segundo as peculiaridades de cada em- presa, segue exemplo de apuração do preço de expor- tação, baseado no preço de mercado interno: • O preço de mercado interno sem o IPI é (para efeito de cálculo das deduções) R$ 5.000,00. • O preço de mercado interno é (inclusive IPI de 14%) R$ 5.700,00. 3.2 DEDUÇÕES • IPI (14% sobre o preço de mercado sem IPI): R$ 700,00; • ICMS (18% sobre o preço de mercado sem IPI): R$ 900,00; • COFINS (7,6% sobre o preço de mercado sem IPI): R$ 380,00; • PIS (1,65% sobre o preço de mercado sem IPI): R$ 82,50; • lucro no mercado interno (10% sobre o preço de mercado sem IPI): R$ 500,00; • embalagem de mercado interno: R$ 40,00. Total das deduções: R$ 2.602,50. Primeiro subtotal: a diferença entre o preço com o IPI (R$ 5.700,00) e o total de deduções (R$ 2.602,50) é de R$ 3.097,50. 3.4 INCLUSÕES • Embalagem de exportação R$ 55,00; • frete e seguro da fábrica ao local de embarque R$ 100,00. Total das inclusões: R$ 155,00. Segundo subtotal: a soma do primeiro subtotal (R$ 3.097,50) com o total das inclusões (R$ 155,00) é R$ 3.252,50. • Margem de lucro pretendida: exportação (15% calculado sobre o preço FOB) R$ 573,97. • Preço FOB (R$ 3.252,50 mais R$ 573,97) R$ 3.826,47. • Tomando-se uma taxa de câmbio hipotética de US$ 1,00 = R$ 2,90. • Tem-se o preço FOB de US$ 1.319.47. Observações: a parte final do cálculo para a apu- ração do valor de R$ 3.826,47, levando-se em consi- deração o percentual de 15% correspondente à mar- gem de lucro pretendida pelo exportador, pode ser desenvolvida com a utilização de uma regra de três simples. Assim, se o valor de R$ 3.252,50 correspon- de a 85% do preço final, R$ 3.826,47 será o preço final de exportação, incluídos os 15% estipulados, ou seja, R$ 573,97: – R$ 3.252,50 – 85%. – Preço FOB – 100%. – Assim, o preço FOB = 100% x R$ 3.252,50 = R$ 3.826,47 (85%). No exemplo apresentado, poderão ser considera- dos também como elementos a deduzir do preço inter- no a comissão de vendas não incidente na exportação, gastos de distribuição do produto no mercado interno, despesas financeiras específicas de mercado interno e outros componentes do preço interno que não façam parte da exportação. Por outro lado, poderão ser acrescentados valores correspondentes à omissão de agentes no exterior, despesas consulares, se necessário, e outros gastos que porventura a empresa tenha de realizar na opera- ção de exportação. 4 DOCUMENTOS EXIGIDOS NA EXPORTAÇÃO Os documentos exigidos nas operações de expor- tação são os seguintes: 4.1 DOCUMENTOS REFERENTES AO EXPORTADOR Inscrição no Registro de Exportadores e Importa- dores (REI) da SECEX/ MDIC. 4.2 DOCUMENTOS REFERENTES AO CONTRATO DE EXPORTAÇÃO São eles: • fatura proforma; • carta de crédito; • letra de câmbio; e • contrato de câmbio. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 92 4.3 DOCUMENTOS REFERENTES À MERCADORIA Acompanham todo o processo de traslado da mer- cadoria: • registro de exportação no Siscomex; • registro de operação de crédito (RC); • registro de venda (RV); • solicitação de despacho (SD); • nota fiscal; • conhecimento de embarque (bill of lading); • fatura comercial (commercial invoice); • romaneio (packing list); • outros documentos: certificado de origem, le- galização consular, certificado ou apólice de seguro, borderô ou carta de entrega. Há duas modalidades especiais de exportação que são objeto de regulamentação específica. Nas exportações temporárias, as empresas pode- rão enviar para o exterior mercadorias para exibição em exposições ou em feiras. O exportador é obrigado a comprovar o retorno da mercadoria no prazo má- ximo de 180 dias, contados a partir da data de em- barque ou,no caso de venda, do ingresso da moeda estrangeira. Nas exportações em consignação, as empresas po- derão realizar vendas com prazo máximo de 180 dias, a contar da data do embarque, prorrogável por até 180 dias. Até o vencimento, as empresas deverão providen- ciar a liquidação das cambiais. Caso não ocorra a venda, a empresa deverá comprovar o retorno da mercadoria, contado a partir do término do prazo estipulado. 4.4 DOCUMENTOS REFERENTES AO EXPORTADOR As operações de exportação e de importação po- derão ser realizadas por pessoas físicas ou jurídicas que estiverem inscritas no Registro de Exportadores e Importadores (REI) da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De acordo com a portaria SECEX nº 15, de 17 de novembro de 2004 (acrescida das alterações efetua- das por portarias SECEX posteriores), os exportadores e importadores são inscritos automaticamente no REI, ao realizarem a primeira operação, sem o encaminha- mento de quaisquer documentos, os quais poderão ser solicitados, eventualmente, pelo Departamento de Co- mércio Exterior da SECEX, para verificação de rotina. Assim, a inscrição no Registro de Exportadores e Im- portadores (REI) da Secretaria de Comércio Exterior (SE- CEX) é feita na primeira operação de exportação – Registro de Exportação (RE), Registro de Venda (RV) ou Registro de Crédito (RC) – em qualquer ponto conectado ao Siscomex. Cabe assinalar que a inscrição no REI poderá ser negada, suspensa ou cancelada nos casos de punição em decisão administrativa final, pelos motivos seguintes: a. infração de natureza fiscal, cambial e de Co- mércio Exterior; e b. abuso de poder econômico. 5 DESPACHO ADUANEIRO DE EXPORTAÇÃO Trata-se de procedimento fiscal de desembaraço da mercadoria destinada ao exterior com base nas in- formações contidas no registro de exportação (RE), na nota fiscal (primeira via) e nos dados sobre a disponibi- lidade da mercadoria para verificação das autoridades aduaneiras. O despacho aduaneiro de exportação é processado por intermédio do Siscomex. No caso de exportações terrestres, lacustres ou flu- viais, além da primeira via da nota fiscal, é necessária a apresentação do conhecimento de embarque e do manifesto internacional de carga. O despacho aduaneiro de exportação tem por base declaração formulada pelo exportador ou por seu manda- tário (despachante aduaneiro ou empregado especifica- mente designado), também por intermédio do Siscomex. A declaração para despacho de exportação (DDE), também conhecida como solicitação de despacho (SD), deverá ser apresentada à unidade da Receita Federal competente. Ao final do procedimento, a Receita Federal, por meio do Siscomex, registra a averbação, que consis- te na confirmação do embarque da mercadoria ou sua transposição da fronteira. 6 CONHECIMENTO OU CERTIFICADO DE EMBARQUE (BILL OF LADING) A empresa de transporte emite, em língua inglesa, o conhecimento ou certificado de embarque, que com- AULA 20 • EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO 93 prova ter a mercadoria sido colocada a bordo do meio de transporte. Esse documento é aceito pelos bancos como garantia de que a mercadoria foi embarcada para o exterior. O conhecimento de embarque deve conter os se- guintes elementos: • nome e endereço do exportador e do importa- dor; • local de embarque e desembarque; • quantidade, marca e espécie de volumes; • tipo de embalagem; • descrição da mercadoria e códigos (SH/NCM/ Naladi); • peso bruto e líquido; • valor da mercadoria; • dimensão e cubagem dos volumes; • valor do frete. Além disso, deve constar a forma de pagamento do frete: freight prepaid (frete pago) ou freight collect (frete a pagar). Por último, devem constar do conhecimento de embarque as condições em que a mercadoria foi em- barcada: clean on board (embarque sem restrições ou ressalvas à mercadoria) ou received in apparent good order and conditions (mercadoria recebida aparente- mente em boas condições). Essa declaração implica que o transportador deverá entregar a mercadoria nas mesmas condições em que foi recebida do exportador. O Conhecimento de Embarque é emitido geral- mente em três vias originais, comum número variado de cópias, conforme a necessidade do importador. O documento corresponde ao título de propriedade da mercadoria e pode ser consignado ao importador, sen- do, nesse caso, inegociável. Pode também ser consig- nado ao portador, sendo, nesse caso, negociável. 7 RESUMO Na aula de hoje, abordamos a importância de um bom cálculo para formação de preços no mercado ex- terno. Como já foi dito, uma má formação de preços faz com que nossos produtos se tornem sem atratividade para os potenciais compradores. Nesta aula, abordamos também a documentação exigida em uma operação de exportação, tanto para o exportador quanto para as mercadorias, e finalizamos apresentando as principais peculiaridades do conheci- mento de embarque marítimo. Na próxima aula, iremos dar continuidade ao pro- cesso de exportação – passo a passo. Você já deve estar se questionando o quanto é burocrático um pro- cesso de exportação, não é verdade? Já posso lhe adiantar que o processo de importação é algo muito mais complicado, meu caro aluno. 8 ATIVIDADES 1) Qual a importância de se formar com eficiência o preço das exportações? 2) O que você entende por despacho aduaneiro? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Conhecer as formas de pagamento. • Compreender a finalidade da cobrança documentária. • Entender o significado e a finalidade da carta de crédito. • Entender o significado e a finalidade do Contrato de Câmbio. • Conhecer os documentos do Comércio Exterior. AULA 21 EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO Unidade 03 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TÉCNICAS DAS SISTEMÁTICAS DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 96 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, iremos dar continuidade ao tema exportação, abordando as formas de pagamento utili- zadas no Comércio Internacional e enfatizando as car- tas de crédito e os contratos de câmbio. Para que possamos sair um pouco da teoria, finali- zaremos esta aula apresentando a você alguns mode- los dos principais documentos utilizados no Comércio Exterior. 2 FORMAS DE PAGAMENTO Tanto o exportador como o importador devem evi- tar os riscos de natureza comercial a que estão sujeitas as transações internacionais. Ao remeter a mercadoria ao exterior, o exportador deve tomar precauções para receber o pagamento. Por sua vez, o importador ne- cessita de segurança quanto ao devido recebimento da mercadoria, nas condições acertadas com o expor- tador. Definir com clareza a forma de pagamento que deverá ser observada em uma operação de exporta- ção é de fundamental relevância para ambas as partes. Assim, a escolha da modalidade de pagamento deve atender simultaneamente aos interesses do exportador e do importador. As modalidades de pagamento no Comércio Exte- rior são as seguintes: • pagamento antecipado; • cobrança documentária; e • carta de crédito ou crédito documentário. 2.1 PAGAMENTO ANTECIPADO Nesta modalidade, o importador paga ao exporta- dor antes do envio da mercadoria. Trata-se da opção mais interessante para o exportador, que recebe an- tecipadamente o pagamento. O risco é assumido pelo importador, que pode não receber a mercadoria ou recebê-la em condições não acordadas com o expor- tador. Embora o pagamento antecipado não seja pro- cedimento muito adotado, pode ocorrerquando houver relação de confiança entre as empresas envolvidas. Pode ainda ser utilizado entre matrizes e filiais e tam- bém pela empresa importadora que procura se garantir quanto a possíveis oscilações futuras de preço. Tão logo a mercadoria seja embarcada, o exporta- dor deverá encaminhar ao importador os documentos originais de exportação, para que este possa desemba- raçá-la no ponto de destino, bem como fornecer cópias desses documentos ao banco responsável pela contra- tação do câmbio. 2.2 COBRANÇA DOCUMENTÁRIA A cobrança documentária é regida pelas Uniform Rules for Collections (Regras Uniformes para Cobran- ças) da Câmara de Comércio Internacional (CCI). Esse conjunto de regras é também conhecido como URC 522 ou Brochura 522. Trata-se da modali- dade que mais implica riscos para o exportador. Nessa modalidade de cobrança, o exportador envia a merca- doria ao país de destino e entrega os documentos de embarque e a letra de câmbio (conhecida igualmente por “cambial” ou “saque”) ao banco negociador do câm- bio no Brasil, denominado “banco remetente”, que, por sua vez, os encaminha, por meio de carta-cobrança, ao seu banco correspondente no exterior, denominado “banco cobrador”. O banco cobrador entrega os docu- mentos ao importador, mediante pagamento ou acei- te do saque. De posse dos documentos, o importador pode desembaraçar a mercadoria importada. Em al- guns casos, o exportador envia diretamente ao impor- tador os documentos para a liberação da mercadoria, e cabe ao banco cobrador apresentar a letra de câmbio para recebimento do pagamento ou aceite. Nessa hipó- tese, se o importador recusar-se a apor o seu “aceite” na letra de câmbio, o exportador não terá base legal para acioná-lo judicialmente. Se a venda é feita à vista, o importador efetua o pa- gamento ao banco cobrador e recebe a documentação para desembaraço da mercadoria. Se a venda é feita a prazo, o banco entrega os do- cumentos ao importador contra aceite. O importador efetuará o pagamento no vencimento do saque e, caso não o faça, estará sujeito a sanções legais. Os documentos a serem encaminhados juntamen- te com a carta-cobrança são os seguintes: • fatura comercial; • conhecimento de embarque; • certificado de origem, se necessário; • romaneio (packing list); • apólice de seguro internacional; e • outros certificados, quando exigidos pelo im- portador. A cobrança a prazo é o procedimento mais usu- al. O prazo de pagamento pode ser contado a partir AULA 21 • EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO 97 da data da emissão da letra de câmbio, do aceite do importador ou do embarque da mercadoria. A receita de uma venda a prazo pode ser antecipada pelo ex- portador, por meio do desconto do saque, com o aceite do importador, em um banco. Isso pode ser feito com ou sem direito de regresso (with recourse ou without recourse). No primeiro caso, o exportador era o respon- sável perante o banco, se o importador não cumprir a promessa de pagamento. No segundo, o risco passa a ser do próprio banco. Todos esses procedimentos de cobrança e remes- sa de documentos implicam despesas, como comis- sões dos bancos intervenientes, gastos com comunica- ção e impostos. Em geral, esses custos são assumidos pelo exportador. Caso contrário, é aconselhável que seja definido antecipadamente quem os assumirá. 2.3 CARTA DE CRÉDITO Esta modalidade tem seus procedimentos defini- dos pelas Regras e Usos Uniformes sobre Créditos Documentários da Câmara de Comércio Internacional (CCI), conhecidas como Brochura 500 (UCP 500), em vigor desde janeiro de 1994. A carta de crédito é emitida por um banco denomi- nado “banco emissor”, na praça do importador, a seu pedido, e representa um compromisso de pagamento do banco ao exportador da mercadoria. Na carta de crédito, são especificados o valor, beneficiário (expor- tador), documentação exigida, prazo, portos de destino e de embarque, descrição da mercadoria, quantidades e outros dados referentes à operação de exportação. Uma vez efetuado o embarque da mercadoria, o exportador entrega os documentos a um banco de sua praça, denominado “banco avisador”, que, de modo ge- ral, é o mesmo banco com o qual negociou o câmbio. Esse, após a conferência dos documentos requeridos na carta de crédito, realiza o pagamento ao exporta- dor e encaminha os documentos ao banco emissor no exterior. O banco emissor entrega os documentos ao importador que, assim, poderá efetivar o desembaraço da mercadoria. O recebimento do pagamento pelo exportador de- pende apenas do cumprimento das condições estabe- lecidas na carta de crédito. O pagamento por carta de crédito envolve: • o importador, que, após as negociações iniciais com o exportador, solicita a abertura da carta de crédito; • o banco emissor da carta de crédito, responsá- vel pelo pagamento ou pelo aceite da letra de câmbio; • o banco avisador, que informa o exportador so- bre a abertura de crédito, confere a documen- tação apresentada pelo exportador e efetua o pagamento ou aceite da letra de câmbio; e • o exportador. É importante notar que as instituições financeiras trabalham com documentos e não com mercadorias. Por exemplo, o banco confere os dados do conheci- mento de embarque para verificar se as mercadorias estão de acordo com a descrição contida no crédito documentário. Se o conhecimento de embarque for fraudado, não haverá responsabilidade do banco. A carta de crédito deve explicitar as formas de pa- gamento, ou seja, caso trate-se de pagamento: • à vista (caso a documentação esteja em ordem, o exportador recebe o pagamento de imediato); • por aceite de letra de câmbio (o banco sacado dará o “aceite” e devolverá a letra de câmbio ao exportador, que poderá negociar o seu descon- to na rede bancária); • por deferimento (pagamento efetuado na data designada na carta de crédito); ou • por negociação (negociação da carta de crédi- to com um banco). No caso do pagamento por negociação, a carta pode ser restrita ou irrestrita. Na primeira, a designa- ção do banco avisador é determinada e especificada na carta de crédito pelo banco emissor. Na carta irres- trita, o banco avisador é de livre escolha do exportador. Evidentemente, a segunda alternativa aumenta o poder de negociação do exportador com os bancos. A nego- ciação concretiza-se quando o banco avisador confir- ma que os documentos apresentados pelo exportador estão de acordo com as exigências da carta de crédito e os envia ao banco emissor, que, por sua vez, efetua o reembolso ao banco avisador. A carta de crédito é, em geral, de caráter irrevo- gável, exceto quando dela constar expressamente que é revogável. O seu cancelamento ou sua modificação serão permitidos apenas com a prévia concordância do exportador. A grande vantagem de uma carta de crédito irrevogável é que o pagamento ou aceite da letra de câmbio são garantidos pelo banco emissor. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 98 A carta de crédito também pode ser transferível, isto é, o exportador poderá transferir o valor ou parte do crédito para outros beneficiários. Para tanto, a carta de crédito deve ser declarada “transferível” de modo expresso. A omissão dessa declaração implica automa- ticamente o caráter intransferível da carta de crédito. O exportador deve verificar antecipadamente to- das as exigências da carta de crédito para evitar dis- crepâncias em relação à documentação em seu poder. Havendo discrepâncias, o exportador deverá contatar o importador antes do embarque da mercadoria, para solicitar emendas à carta de crédito e evitar, assim, que o banco avisador, no país do exportador, notifique a di- vergência ao banco emissor. Nesse caso, a garantia de pagamento “firme e irre- vogável”, dada pelo banco emissor, ficará temporaria- mentesuspensa. Isso significa que a forma de paga- mento por carta de crédito transforma-se em cobrança documentária. De todo modo, o banco avisador deve notificar o exportador de que os documentos não estão de acordo com as exigências, com indicação das discrepâncias. Os exportadores devem, portanto, estar atentos para a necessidade de certificados emitidos por agên- cias ou empresas especializadas, para a data de emis- são dos documentos, documentos de embarque e de seguro, se for o caso. 3 CÂMBIO As vendas ao exterior são usualmente cotadas em dólares. Outras moedas conversíveis, como o euro, o iene, a libra esterlina, também podem ser utilizadas. O exportador recebe, porém, o pagamento em reais. Câmbio é, portanto, a compra e a venda de moedas es- trangeiras. É uma troca. Tendo em vista as oscilações na taxa de câmbio, o exportador, em suas transações com o exterior, depara-se, portanto, com a possibilida- de de que essa mudança cambial venha afetar a quan- tia a ser recebida em reais. 3.1 CONTRATO DE CÂMBIO As vendas ao exterior são efetuadas por meio de contrato de câmbio entre o exportador – vendedor da moeda estrangeira – e um banco autorizado a operar com câmbio – comprador da moeda estrangeira. Assim, juridicamente, o contrato de câmbio apresenta um comprador e um vendedor que têm obrigações re- cíprocas. Cabe ao vendedor disponibilizar a moeda es- trangeira vendida e, ao comprador, pagar o contravalor em moeda nacional. O contrato possui, ainda, as seguintes caracte- rísticas: é consensual, pois depende da vontade das partes; é oneroso, tendo em vista que dele resultam obrigações patrimoniais para as duas partes; e é cumu- lativo, pois considera que cada uma das partes rece- be uma contraprestação mais ou menos equivalente. A operação cambial envolve os seguintes agentes: • o exportador, que vende a moeda estrangeira; • o banco autorizado pelo Banco Central a reali- zar operações de câmbio; e • a corretora de câmbio, caso seja requerida pelo vendedor da moeda estrangeira. A inter- mediação de uma corretora de câmbio é facul- tativa, e sua participação pode implicar custos adicionais para o exportador. O contrato de câmbio deve conter os seguintes da- dos: • nome do banco autorizado a contratar o câm- bio; • nome do exportador; • valor da operação; • taxa de câmbio negociada; • prazo para liquidação; • nome do corretor de câmbio, se houver; • comissão do corretor de câmbio; • nome do importador; • dados bancários do exportador; • condições de financiamento etc. 3.2 CONTRATAÇÃO DE CÂMBIO NA EXPORTAÇÃO A resolução BACEN n° 3.266, de 4 de março de 2005, dispõe sobre procedimentos no recebimento do valor de exportações brasileiras. Veja abaixo alguns tópicos dessa legislação: Cobertura cambial • Até 210 dias da data do embarque. Remessa de documentos de exportação • Remessa direta pelo exportador. Início de ação judicial contra o devedor no exterior • Passou a ser obrigatório para operações de câmbio acima de US$ 50 mil. Vinculação dos contratos de câmbio ao registro de ex- portação (RE) AULA 21 • EXPORTAÇÃO – PASSO A PASSO 99 • O banco negociador da moeda estrangeira pode, a seu exclusivo critério e responsabilida- de, acolher declaração formal do exportador, indicando o número do despacho de exporta- ção averbado no Siscomex, em substituição aos documentos de exportação, devendo o exportador, nesse caso, manter em seu poder, pelo prazo de 5 anos contado do encaminha- mento da declaração, os documentos da ex- portação, ou sua cópia, para apresentação ao banco interveniente ou ao Banco Central do Brasil, se solicitada. • O comprador do câmbio pode ser pessoa di- versa do exportador, desde que pertencente ao mesmo grupo econômico. • O contratante do câmbio pode ser pessoa di- versa do exportador, sujeito a exame pelo BA- CEN. • Tanto o banco como o exportador são respon- sáveis por promover a vinculação no Sisco- mex. Pagamento antecipado de exportação • É possível a devolução de recebimento ante- cipado ao pagador no exterior, por exportador tradicional, sujeito a exame do BACEN, caso a caso. Desconto de cambiais de exportação sem direito de regresso • Passou a ser admitido: para obtenção de in- formações detalhadas sobre contrato de câm- bio, poderá ser consultado o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI), disponível no sítio do Banco Central do Brasil (www.bacen.gov.br), opção “Câmbio e Capitais Estrangeiros”, seguida de “Legisla- ção e Normas”, opção “RMCCI”. 3.3 TRATAMENTO TRIBUTÁRIO Em geral, os governos evitam onerar com encar- gos tributários os produtos exportados, para manter sua competitividade nos mercados externos. Por essa- razão, costuma-se isentar os produtos exportados dos impostos indiretos, inclusive os incidentes nos insumos (matérias-primas, embalagem, partes e peças) que são incorporados aos produtos finais. Segundo as normas da Organização Mundial de Comércio (OMC), esse procedimento não caracteriza subsídio à exportação. 4 RESUMO Na aula de hoje, finalizamos o tema “exportação – passo a passo”, mostrando a você, meu caro aluno, o que devemos saber para que possamos realizar uma operação de remessa de mercadorias ou serviços no mercado externo. Para que pudéssemos mostrar-lhe com mais vera- cidade a operação de Comércio Exterior, resolvemos colocar como ilustração alguns modelos de documen- tos utilizados pelo Comércio Exterior do Brasil. Acredito que você, a partir de agora, meu caro alu- no, possa ter uma maior dimensão do que é uma ope- ração de exportação de produtos e serviços. Na próxima aula, iremos abordar os Incoterms que são os termos do Comércio Internacional para uniformi- zar a linguagem dos agentes em todo o mundo. 5 ATIVIDADES Faça uma resenha destacando os principais con- ceitos quando falamos em um processo de exportação: 1) Quais são as principais funções de uma carta de crédito? 2) O que você entende por um contrato de câmbio? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender o conceito de Incoterm. • Compreender a finalidade dos Incoterms. AULA 22 INCOTERMS Unidade 03 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TÉCNICAS DAS SISTEMÁTICAS DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 102 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos estudar o interessante universo dos Incoterms, que são os Ter- mos do Comércio Internacional, os quais definem as responsabilidades e obrigações dos exportadores e im- portadores em uma negociação internacional. 2 TERMOS OU CONDIÇÕES DE VENDA (INCOTERMS) Os termos ou condições de venda (Incoterms) defi- nem, nas transações internacionais de mercadorias, as condições nas quais os produtos devem ser exporta- dos. As regras utilizadas para esse fim estão definidas nos International Commercial Terms (Incoterms), segundo a versão de 1º de janeiro de 2000, editada pela Câmara de Co- mércio Internacional (CCI). Essas fórmulas contratuais fixam direitos e obriga- ções, tanto do exportador como do importador, estabe- lecendo, com precisão, o significado do preço negocia- do entre ambas as partes. Uma operação de Comércio Exterior com base nos Incoterms reduz a possibilidade de interpretações controversas e de prejuízos para uma das partes envolvidas. A importância dos Incoterms re- side na determinação precisa do momento da transfe- rência de obrigações, ou seja, do momento em que o exportador é considerado isento de responsabilidades legais sobre o produto exportado. Os Incotermsdefi- nem regras apenas para exportadores e importadores, não produzindo efeitos com relação às demais partes, como transportadoras, seguradoras, despachantes etc. A fim de facilitar o seu entendimento, os Incoterms foram agrupados em quatro categorias: – EXW – Ex Works: o produto e a fatura devem estar à disposição do importador no estabelecimento do exportador. Todas as despesas e quaisquer perdas e danos a partir da entrega da mercadoria, inclusive o despacho da mercadoria para o exterior, são de res- ponsabilidade do importador. Quando solicitado, o ex- portador deverá prestar assistência ao importador na obtenção de documentos para o despacho do produto. Essa modalidade pode ser utilizada em se tratando de qualquer via de transporte. FIGURA 1 – EXW – Ex Works Fonte: elaborado pelo autor. – FCA – Free Carrier: o exportador entrega as mercadorias, desembaraçadas para exportação, à custódia do transportador, no local indicado pelo importador, cessando aí todas as responsabilidades do exportador. Essa condição pode ser utilizada em qualquer tipo de transporte, inclusive o multimodal. AULA 22 • INCOTERMS 103 FIGURA 2 – FCA – Free Carrier Fonte: elaborado pelo autor. – FAS – Free Along Ship: as obrigações do exportador encerram-se ao colocar a mercadoria, já desembara- çada para exportação, no cais, livre, junto ao costado do navio. A partir desse momento, o importador assume todos os riscos, devendo pagar inclusive as despesas de colocação da mercadoria dentro do navio. O termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário interior. FIGURA 3 – FAS – Free Alongside Ship Fonte: elaborado pelo autor. – FOB – Free on Board: o exportador deve entregar a mercadoria, desembaraçada, a bordo do navio indicado pelo importador, no porto de embarque. Essa modalidade é válida para o transporte marítimo ou hidroviário interior. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 104 Todas as despesas, até o momento em que o produto é colocado a bordo do veículo transportador, são de respon- sabilidade do exportador. Ao importador, cabem as despesas e os riscos de perda ou dano do produto, a partir do momento em que este transpuser a amurada do navio. FIGURA 4 – FOB – Free On Bord Fonte: elaborado pelo autor. – CFR – Cost and Freight: o exportador deve entregar a mercadoria no porto de destino escolhido pelo impor- tador. As despesas de transporte ficam, portanto, a cargo do exportador. O importador deve arcar com as despesas de seguro e de desembarque da mercadoria. A utilização desse termo obriga o exportador a desembaraçar a mer- cadoria para exportação e utilizar apenas o transporte marítimo ou hidroviário interior. FIGURA 5 – CFR – Cost and Freight Fonte: elaborado pelo autor. AULA 22 • INCOTERMS 105 – CIF – Cost, Insurance and Freight: modalidade equivalente ao CFR, com a diferença de que as despesas de seguro ficam a cargo do exportador. O exportador deve entregar a mercadoria a bordo do navio, no porto de embar- que, com frete e seguro pagos. A responsabilidade do exportador cessa no momento em que o produto cruza a amura- da do navio no porto de destino. Essa modalidade só pode ser utilizada para transporte marítimo ou hidroviário interior. FIGURA 6 – CIF – Cost, Insurance and Freight Fonte: elaborado pelo autor. – CPT – Carriage Paid to...: como o CFR, essa condição estipula que o exportador deverá pagar as despesas de embarque da mercadoria e seu frete internacional até o local de destino designado. Dessa forma, o risco de perda ou de dano dos bens, assim como quaisquer aumentos de custos, é transferido do exportador para o impor- tador, quando as mercadorias forem entregues à custódia do transportador. Esse Incoterm pode ser utilizado em se tratando de qualquer meio de transporte. FIGURA 7 – CPT – Carriage Paid to… Fonte: elaborado pelo autor. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 106 – CIP – Carriage and Insurance Paid to...: adota princípio semelhante ao CPT. O exportador, além de pagar as despesas de embarque da mercadoria e do frete até o local de destino, também arca com as despesas do seguro de transporte da mercadoria até o local de destino indicado. O CIP pode ser utilizado com qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal. FIGURA 8 – CIP – Carriage and Insurance Paid to… Fonte: elaborado pelo autor. – DAF – Delivered At Frontier: o exportador deve entregar a mercadoria no ponto e local designados na fron- teira, antes, porém, da linha limítrofe com o país de destino. Esse termo é utilizado principalmente nos casos de transporte rodoviário ou ferroviário. FIGURA 9 – DAF – Deliverev at Frontier Fonte: elaborado pelo autor. AULA 22 • INCOTERMS 107 – DES – Delivered Ex Ship: modalidade utilizada somente para transporte marítimo ou hidroviário interior. O exportador tem a obrigação de colocar a mercadoria no destino estipulado, a bordo do navio, ainda não desemba- raçada para a importação, assumindo integralmente todos os riscos e despesas até aquele ponto no exterior. FIGURA 10 – DES – Delivered Ex Ship Fonte: elaborado pelo autor. – DEQ – Delivered Ex Quay: o exportador deve colocar a mercadoria, não desembaraçada para importação, à disposição do importador no cais do porto de destino designado. Esse termo é utilizado para transporte marítimo ou hidroviário interior ou multimodal. FIGURA 11 – DEQ – Delivered Ex Quay Fonte: elaborado pelo autor. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 108 – DDU – Delivered Duty Unpaid: o exportador deve colocar a mercadoria à disposição do importador no local e ponto designados no exterior, assumindo todas as despesas e riscos para levar a mercadoria até o destino indi- cado, exceto os gastos com pagamento de direitos aduaneiros, impostos e demais encargos da importação. Esse termo pode ser utilizado em se tratando de qualquer modalidade de transporte. FIGURA 12 – DDU – Delivered Duty Unpaid Fonte: elaborado pelo autor. – DDP – Delivered Duty Paid: o exportador assume o compromisso de entregar a mercadoria, desembaraça- da para importação, no local designado pelo importador, pagando todas as despesas, inclusive impostos e outros encargos de importação. Não é de responsabilidade do exportador, porém, o desembarque da mercadoria. O ex- portador é responsável também pelo frete interno do local de desembarque até o local designado pelo importador. Esse termo pode ser utilizado com qualquer modalidade de transporte. Trata-se do Incoterm que estabelece o maior grau de compromissos para o exportador. FIGURA 13 – DDP – Delivered Duty Paid Fonte: elaborado pelo autor. AULA 22 • INCOTERMS 109 INCOTERMS Grupo “E” (partida) EXW Ex works – a partir do local de produção ([...] local designado, fábrica, armazém etc.) Grupo “F” (transporte) FCA Free carrier – transportador livre principal não pago) FAZ Free alongside ship – livre junto ao costado do navio FOB Free on board – livre a bordo ([...] porto de embarque designado) Grupo “C” (transporte) CFR Cost and freight – custo e frete principal pago) CIF Cost insurance and freight – custo, seguro e frete CPT Carriage paid to – transporte pago até [...] CIP Carriage insurance paid to – transporte e seguros pagos até [...] Grupo “D” (chegada) DAF Delivered at frontier – entregue na fronteira DES Delivered ex ship – entregue a partir do navio (porto de destino designado) DEQ Delivered ex quay – entregue a partir do cais (porto de destino designado) DDU Delivered duty unpaid – entregue com direitos não pagos (local de destino designado) DDP Delivered duty paid – entregue com direitos pagos (local de destino designado) Observações adicionais sobre os Incoterms: desde 1990, o exportador pode substituir o documento impresso de comprovação da entrega do produto por mensagens Electronic Data Interchange ouIntercâm- bio Eletrônico da Dados (EDI), desde que as partes es- tejam de acordo em utilizar esse meio de comunicação; e, tendo em vista as alterações periódicas sofridas nos Incoterms, e com o objetivo de evitar disputas comer- ciais, o exportador e o importador devem indicar, de maneira expressa e clara, no contrato a utilização dos Incoterms 2000. 3 RESUMO Na aula de hoje, estudamos o universo dos Incoter- ms, responsáveis pela uniformização das linguagens internacionais no que diz respeito às negociações entre países e comerciantes. A partir da criação dos Incoter- ms, ficou mais fácil comercializar, uma vez que os In- coterms são responsáveis por criar harmonia entre as partes interessadas em uma negociação. Os Incoterms não impõem e sim propõem acordo entre as partes, identificando aonde terminam as responsabilidades do vendedor e aonde iniciam as responsabilidades do comprador. 4 ATIVIDADES 1) Quais são as principais funções dos Incoterms? 2) Qual é o Incoterm que dá a mínima responsabilida- de para o exportador e a máxima responsabilidade para o importador? 3) Qual é o Incoterm que dá a máxima responsabilida- de para o exportador e a mínima responsabilidade para o importador? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comér- cio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Conhecer uma abordagem sobre o regulamento aduaneiro. • Entender as particularidades. • Compreender os regimentos. AULA 23 DECRETO Nº 4.543, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2002 Unidade 03 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS TÉCNICAS DAS SISTEMÁTICAS DE FUNCIONAMENTO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E DO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 112 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos conhecer um pouco sobre o Regulamento Aduaneiro, que, como o próprio nome já diz, é um documento que introduz os regulamentos e leis relacionados ao Comércio Exterior brasileiro. Por meio do Regulamento Aduaneiro, o País e os respectivos exportadores e importadores tomam co- nhecimento das normas que deverão ser seguidas no âmbito da realização de uma operação de Comércio Exterior com mercadorias enviadas ou recebidas por nosso País. Portanto, meu caro aluno, bons estudos e bons co- nhecimentos! 2 PORTOS SECOS Portos secos são recintos alfandegados de uso público nos quais são executadas operações de mo- vimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, procedentes do exterior ou a ele destinadas. Os portos secos poderão ser autorizados a operar com carga de importação e de exportação, ou apenas de exportação, tendo em vista as necessidades e con- dições locais. 3 ADMINISTRAÇÃO ADUANEIRA A fiscalização aduaneira poderá ser ininterrupta ou continuada nos portos, aeroportos, pontos de fronteira e recintos alfandegados. O atendimento em dias e horas fora do expedien- te normal da unidade aduaneira é considerado serviço extraordinário, devendo os interessados, na forma es- tabelecida, em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, ressarcir a Administração das despesas de- correntes dos serviços a eles efetivamente prestados. Nas áreas de portos, aeroportos, pontos de frontei- ra e recintos alfandegados, bem como em outras áreas nas quais se autorize carga e descarga de mercado- rias, ou embarque e desembarque de passageiros, pro- cedentes do exterior ou a ele destinados, a administra- ção aduaneira tem precedência sobre as demais que ali exerçam suas atribuições. As pessoas físicas ou jurídicas, usuárias de siste- ma de processamento de dados, deverão manter do- cumentação técnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo da sua emissão gráfica, quando solicitada. No exercício de suas atribuições, a autoridade adu- aneira terá livre acesso: I. a quaisquer dependências do porto e às em- barcações, atracadas ou não; e II. aos locais em que se encontrem mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas. 3.1 CONTROLE ADUANEIRO DE VEÍCULOS A entrada ou a saída de veículos procedentes do exterior ou a ele destinados só poderá ocorrer em por- to, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. O controle aduaneiro do veículo será exercido desde o seu ingresso no território aduaneiro até a sua efetiva saída e será estendido às mercadorias e a outros bens existentes a bordo, inclusive a bagagens de viajantes. É proibido ao condutor de veículo procedente do exterior ou a ele destinado a: I. estacionar ou efetuar operações de carga ou descarga de mercadoria, inclusive transbordo fora de local habilitado; e a II. trafegar no território aduaneiro em situação ile- gal quanto às normas reguladoras do transpor- te internacional correspondente à sua espécie. As operações de carga, descarga ou transbordo de veículo procedente do exterior poderão ser executadas somente depois de formalizada a sua entrada no País. O ingresso em veículo procedente do exterior ou a ele destinado será permitido somente aos tripulantes e passageiros, às pessoas em serviço, devidamente identificadas e às pessoas expressamente autorizadas pela autoridade aduaneira. 3.2 PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES PELO TRANSPORTADOR O transportador prestará à Secretaria da Receita Federal as informações sobre as cargas transportadas, bem com sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. Ao prestar as informações, o transportador, se for o caso, comunicará a existência, no veículo, de mercado- rias ou de pequenos volumes de fácil extravio. O agente de carga – assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, AULA 23 • DECRETO Nº 4.543, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2002 113 contrate o transporte de mercadoria, consolide ou des- consolide cargas e preste serviços conexos – também deve prestar as informações sobre as operações que execute e sobre as respectivas cargas. 3.3 CONTROLE DAS UNIDADES DE CARGA As unidades de carga utilizadas no transporte de mercadorias serão objeto de controle desde a sua che- gada até a efetiva saída do território aduaneiro. O controle das unidades de carga ingressadas na zona secundária será exercido mediante aplicação do regime aduaneiro especial de admissão temporária, nos termos estabelecidos em ato normativo da Secre- taria da Receita Federal. 3.4 VEÍCULOS MARÍTIMOS Os transportadores, bem como os agentes auto- rizados de embarcações procedentes do exterior, de- verão informar à autoridade aduaneira dos portos de atracação, por escrito e com a antecedência mínima estabelecida pela Secretaria da Receita Federal, a hora estimada de sua chegada, a sua procedência, o seu destino e, se for o caso, a quantidade de passageiros. O responsável pelo veículo deverá apresentar as declarações de bagagens dos viajantes, se exigidas pelas normas específicas, e a lista dos pertences da tri- pulação, como os bens e objetos de uso pessoal com- ponentes de sua bagagem. 3.5 VEÍCULOS AÉREOS Os agentes ou os representantes de empresas de transporte aéreo deverão informar à autoridade adu- aneira dos aeroportos, com a antecedência mínima estabelecida pela Secretaria da Receita Federal, os horários previstos para a chegada de aeronaves pro- cedentes do exterior. Os volumes transportados por via aérea serão identificados por etiqueta própria, que conterá o nome da empresa transportadora, o número do conhecimen- to de carga aéreo, a quantidade e a numeração dos volumes, nesse compreendidos os aeroportos de pro- cedência e de destino e o nome do consignatário. As aeronaves procedentes do exterior que foremobrigadas a realizar pouso de emergência fora de ae- roporto alfandegado ficarão sujeitas ao controle da autoridade aduaneira com jurisdição sobre o local da aterrissagem, a quem o responsável pelo veículo co- municará a ocorrência. A bagagem dos viajantes e a carga ficarão sob a responsabilidade da empresa transportadora até que sejam satisfeitas as formalidades de desembarque e descarga ou tenha prosseguimento o vôo. 3.6 VEÍCULOS TERRESTRES Considera-se em admissão temporária, indepen- dentemente de qualquer procedimento administrativo, o veículo que ingressar no território aduaneiro a serviço de empresa estrangeira autorizada a operar no Brasil. Quando a mercadoria for destinada a local interior do território aduaneiro e deva para lá ser conduzida no mes- mo veículo procedente do exterior, a conferência aduanei- ra deverá, sempre que possível, ser feita sem descarga. Considera-se em exportação temporária, indepen- dentemente de qualquer procedimento administrativo, o veículo de transporte comercial brasileiro, de carga ou de passageiros, que sair do território aduaneiro. 3.7 VISTORIA ADUANEIRA NO TRÂNSITO Poderá ser realizada vistoria aduaneira de merca- doria nas seguintes ocasiões: I. antes do desembaraço para trânsito, no local de origem; II. durante o percurso do trânsito; ou III. após a conclusão do trânsito, no local de destino. A mercadoria em trânsito aduaneiro lançada ao ter- ritório aduaneiro, por motivo de segurança, ou arremes- sada, por motivo de acidente do veículo transportador, deverá ser encaminhada por quem a encontrou à uni- dade da Secretaria da Receita Federal mais próxima. 3.8 ADMISSÃO TEMPORÁRIA O regime aduaneiro especial de admissão tempo- rária é o que permite a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado, com suspen- são total do pagamento de tributos, ou com suspensão parcial, no caso de utilização econômica. 3.9 ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO O regime especial de entreposto aduaneiro na im- portação é o que permite a armazenagem de mercado- ria estrangeira em recinto alfandegado de uso público, FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 114 com suspensão do pagamento dos impostos incidentes na importação. O regime permite, ainda, a permanência de merca- doria estrangeira em feira, congresso, mostra ou even- to semelhante, realizado em recinto de uso privativo, previamente alfandegado para esse fim. 3.10 ENTREPOSTO ADUANEIRO NA EXPORTAÇÃO O regime especial de entreposto aduaneiro na ex- portação é o que permite a armazenagem de mercado- ria destinada a exportação. 3.11 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA O regime de exportação temporária é o que per- mite a saída do País com suspensão do pagamento do imposto de exportação, de mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada à reimportação em prazo determinado, no mesmo estado em que foi ex- portada. 3.12 BENS AOS QUAIS SE APLICAM O REGIME O regime será aplicado aos bens relacionados em ato normativo da Secretaria da Receita Federal e aos exportados temporariamente ao amparo de acordos in- ternacionais. Não será permitida a exportação temporária de mercadorias cuja exportação definitiva esteja proibida, exceto nos casos em que haja autorização do órgão competente. 3.13 LOJA FRANCA O regime aduaneiro especial de loja franca é o que permite aos estabelecimentos instalados em zona primária de porto ou de aeroporto alfandegado vender mercadoria nacional ou estrangeira a passageiros em viagem internacional, contrapagamento em cheque de viagem ou em moeda estrangeira conversível. 3.14 ZONA FRANCA DE MANAUS A Zona Franca de Manaus é uma área de livre co- mércio de importação e de exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância a que se encontram os centros consumidores de seus produtos. A entrada de mercadorias estrangeiras na Zona Fran- ca de Manaus, destinadas a seu consumo interno, indus- trialização em qualquer grau, inclusive beneficiamento, agropecuária, pesca, instalação e operação de indústrias e serviços de qualquer natureza, exportação, bem como a estocagem para reexportação, será isenta dos impostos de importação e sobre produtos industrializados. Excetuam-se da isenção as seguintes mercadorias: I. armas e munições; II. fumo; III. bebidas alcoólicas; IV. automóveis de passageiros; e V. produtos de perfumaria. 3.15 ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO Constituem áreas de livre comércio de importação e de exportação as que, sob regime fiscal especial, são estabelecidas com a finalidade de promover o desenvol- vimento de áreas fronteiriças específicas da região Norte do País e de incrementar as relações bilaterais com os países vizinhos, segundo a política de integração latina. A entrada de produtos estrangeiros nas áreas de livre comércio será feita com suspensão do pagamento dos impostos de importação e sobre produtos indus- trializados, que será convertida em isenção quando os produtos forem destinados a: I. consumo e venda internos; II. beneficiamento, em seu território, de pescado, recursos minerais e matérias-primas de origem agrícola ou florestal; III. beneficiamento de pecuária, restrito às áreas de Pacaraima, Bonfim, Macapá, Santana, Bra- siléia e Cruzeiro do Sul; IV. piscicultura; V. instalação e operação de atividades de turismo e serviços de qualquer natureza; VI. estocagem para comercialização no mercado externo. 3.16 CONFERÊNCIA ADUANEIRA A conferência aduaneira na exportação tem por fi- nalidade identificar o exportador, verificar a mercadoria e a correção das informações relativas a sua natureza, classificação fiscal, quantificação e preço, além de con- firmar o cumprimento de todas as obrigações, fiscais e outras, exigíveis em razão da exportação. AULA 23 • DECRETO Nº 4.543, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2002 115 3.17 PRODUTOS COM MARCA FALSIFICADA Poderão ser apreendidos, de ofício ou a requeri- mento do interessado, pela autoridade aduaneira, no curso da conferência aduaneira, os produtos assinala- dos com marcas falsificadas, alteradas ou imitadas, ou que apresentem falsa indicação de procedência. 3.18 ANIMAIS E SEUS PRODUTOS Nenhuma espécie animal da fauna silvestre poderá ser introduzida no País sem parecer técnico e licença expedida pelo Ministério do Meio Ambiente. É proibida a exportação de peles e couros de anfí- bios e répteis. O transporte de animais silvestres e outros insetos e seus produtos para o exterior depende de guia de trânsito, fornecida pelo Ministério do Meio Ambiente. 3.19 PERDIMENTO DO VEÍCULO Isso ocorre, quando: • o veículo transportador estiver em situação ile- gal quanto às normas que o habilitem a exercer a navegação ou o transporte internacional cor- respondente à sua espécie; • o veículo transportador efetuar operação de descarga de mercadoria estrangeira ou de car- ga de mercadoria nacional ou nacionalizada fora do porto, do aeroporto ou de outro local para isso habilitado; • a embarcação atracar a navio ou quando qual- quer veículo, na zona primária, se colocar nas proximidades de outro, um deles proceden- te do exterior ou a ele destinado, de modo a tornar possível o transbordo de pessoa ou de carga sem observância das normas legais e re- gulamentares; e • a embarcação navegar dentro do porto, sem trazer escrito, em tipo destacado e em local vi- sível do casco, seu nome de registro. 3.20 ATIVIDADES RELACIONADAS AO TRANSPORTE – MULTIMODAL INTERNACIONAL DE CARGA O exercício da atividade de operador de transporte multimodal, no transporte multimodal internacional de cargas,depende de habilitação pela Secretaria da Re- ceita Federal para fins de controle aduaneiro. Para a habilitação, que será concedida pelo prazo de dez anos, prorrogável por igual período, será exigi- do do interessado o cumprimento dos seguintes requi- sitos, sem prejuízo de outros que venham a ser estabe- lecidos pela Secretaria da Receita Federal: I. comprovação de registro na Secretaria Execu- tiva do Ministério dos Transportes; II. compromisso da prestação de garantia em va- lor equivalente ao do crédito tributário suspen- so, conforme determinação da Secretaria da Receita Federal, mediante depósito em moe- da, fiança idônea, inclusive bancária, ou segu- ro aduaneiro em favor da União, a ser efetivada quando da solicitação de operação de trânsito aduaneiro; e III. acesso ao Siscomex e a outros sistemas infor- matizados de controle de carga ou de despa- cho aduaneiro. Como se pôde ver, meu caro aluno, o regulamento aduaneiro é responsável pela criação de diretrizes e normas para que uma operação de Comércio Exterior possa ser realizada de maneira harmoniosa entre as partes, estabelecendo assim obrigações a serem cum- pridas entre as partes envolvidas. 4 RESUMO Na aula de hoje, estudamos o regulamento aduanei- ro e suas particularidades, tais como as particularidades de um Porto Seco, as principais funções da Administra- ção Aduaneira, o Entreposto Aduaneiro na Importação e Exportação, as particularidades da Zona Franca de Manaus e o que vem a ser uma Área de Livre Comércio. Na verdade, meu caro aluno, não abordamos o re- gulamento aduaneiro em sua totalidade, uma vez que existem inúmeras diretrizes que não viriam ao caso em nossa aula de hoje. O que abordamos foram os assuntos de maior re- levância e que inclusive já citamos em aulas anteriores. Espero que você tenha tido um bom proveito da aula de hoje. 5 ATIVIDADES 1) Quais são as principais funções do regulamento aduaneiro? 2) O que você entende por admissão temporária? Dê exemplo de um bem que pode utilizar desse regime. FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 116 3) Quais as principais funções da administração Adu- aneira? REFERÊNCIAS BRASIL. Regulamento Aduaneiro – Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivo • Conhecer todos os procedimentos necessários para se realizar uma operação de importação. AULA 24 IMPORTAÇÃO – PASSO A PASSO Unidade 04 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AS IMPLICAÇÕES DESSE SEGMENTO NA ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS E NA ECONOMIA NACIONAL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 118 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos dar início a mais uma unidade de estudos, conhecendo primeira- mente, passo a passo, o processo de importação: suas particularidades, o que podemos importar e o que se torna uma importação proibida. A parte burocrática de um processo de importação, relacionado aos documentos de maior importância, ou seja, todos os “entraves” existentes nesta operação. Digo “entraves” porque o processo de importação é mais com- plicado que um processo de exportação, uma vez que ao exportar o governo está contribuindo para melhoramento do parque fabril nacional, incentivando empregos, geran- do renda para a nação. Na importação o governo neces- sita controlar a entrada de mercadorias e serviços para que este fenômeno não atrapalhe a indústria nacional. Vamos então começar a conhecer o processo de importação, dando ênfase, é claro nas importações brasileiras. 2 SAIBA COMO SER UM IMPORTADOR PASSO A PASSO 1º passo – Registro da empresa Atualizar o objeto social da empresa, incluindo a atividade de importação e os tipos de produtos que se- rão importados. 2º passo – Inscrição no REI (Registro de Exportado- res e Importadores) O registro no REI será fornecido automaticamen- te pelo Siscomex, mediante cadastramento na Receita Federal para obtenção de um número-código, com o qual deverá se dirigir ao Serpro para solicitação do sof- tware de acesso ao sistema. 3º passo – Análise e seleção dos potenciais forne- cedores Empresas que desejam importar e ingressar nesse setor devem selecionar os fornecedores externos, por meio de análise e pesquisa de mercado, definindo o produto a ser importado de acordo com os interesses e os estratégias próprios (da empresa), assim como as necessidades de seu público-alvo. 4º passo – Caracterização do produto a ser importado Seleção do produto a ser importado e classificação tarifária do produto para verificação dos impostos inci- dentes sobre as mercadorias, tratamentos administrati- vos e benefícios de redução de alíquotas por meio dos acordos internacionais. 5º passo – Contato com o exportador – negociação Como início das negociações, o importador solici- tará a cotação dos produtos a serem importados. As empresas interessadas em importar poderão se valer de algum tipo de intermediário para concluir a opera- ção, tais como agentes comerciais e representantes, corretoras etc. 6º passo – Despachante (opcional) Nomear um despachante aduaneiro que esteja acostumado a trabalhar com produtos similares a fim de fazer o desembaraço da mercadoria e documenta- ção no prazo certo. 7º passo – Análise da fatura proforma De posse da fatura proforma, o importador tem condições para analisar todos os aspectos que envol- vem a operação, começando pela verificação da clas- sificação tarifária a ser adotada para poder definir, com maior segurança, os procedimentos a serem seguidos em relação ao regime cambial, administrativo e tributá- rio da importação. 8º passo – Observar mercadoria / operação, se su- jeitos a controles especiais Quando se tratar de mercadoria ou operação de importação sujeita a controles especiais do órgão licenciador (SECEX) ou dos demais órgãos federais que atuem como anuentes, a importação estará sujeita a licenciamento não au- tomático. Nesse caso, o importador deverá solicitar, no Siscomex, a Licença de Importação (LI) antes do embarque, ao receber a fatura proforma. Em caso de licenciamento não automático, o importador lança os dados no Siscomex e aguarda a anuência do órgão competente, dependendo do tipo de mercadoria a ser importada. 9º passo – Elaboração de planilha de estimativa de custos da importação O preço final para o mercado interno será obtido adicionando-se ao preço FOB da mercadoria o valor dos seguintes custos: frete internacional, seguro de transporte internacional, imposto de importação, im- AULA 24 • IMPORTAÇÃO – PASSO A PASSO 119 posto sobre produtos industrializados, despesas ban- cárias, taxas portuárias e taxas de armazenagem, ICMS, despachante aduaneiro e frete interno etc. 10º passo – Fechamento do negócio O importador receberá a formalização do pedido, confirmado por carta, telex, fax ou e-mail etc. Uma vez confirmada a operação, o exportador deverá enviar uma fatura proforma ao importador (prática de Comér- cio Internacional de aceitação geral). Essa fatura tem como objetivo habilitar o importador a obter licença de importação no país de destino e, ao mesmo tempo, é prova de confirmação do negócio tratado. 11º passo – Emissão de documentos de embarque O exportador estrangeiro prepara a emissão da fa- tura comercial, conhecimento de transporte original e demais documentos necessários para o desembaraço da mercadoria, no Brasil. 12º passo – Câmbio O importador deverá se dirigir a uma corretora de câmbio para contratar o câmbio, observadas as nor- mas do Banco Central do Brasil, conforme a modalida- de de pagamento pactuada entre as partes. 13º passo – Contratação do transporte Quando o importador for o responsável pela con- tratação do transporteda mercadoria, deverá fazê-lo na companhia transportadora internacional. De qualquer forma, o responsável pela contratação do transporte de- verá fornecer à empresa transportadora todos os dados referentes aos volumes a serem embarcados, tais como: • descrição da mercadoria; • ponto de origem e destino; • peso líquido e bruto; • volume e embalagem, de modo a possibilitar, à transportadora, a reserva do espaço necessá- rio para o veículo transportador. 14º passo – Contratação do seguro Deverá ser contratado pelo importador. 15º passo – Embarque da mercadoria O importador só poderá autorizar o embarque da mercadoria após contratação do seguro e do frete, no caso das mercadorias sem licenciamento automático, após a emissão da LI. Uma vez embarcada a mercado- ria, o exportador deverá remeter ao importador os do- cumentos necessários ao desembaraço e liberação da mesma na aduana brasileira. São eles: fatura comer- cial, conhecimento de embarque e outros documentos exigidos pelas autoridades brasileiras. 16º passo – Liberação da mercadoria Após a chegada dos documentos originais, proces- sar a liberação da mercadoria com a preparação da: • Declaração de Importação (Dl); • pagamento dos tributos federais; • Imposto de importação (II); • Imposto sobre Produtos Industrializados (lPl); • despesas de transporte e recolhimento do ICMS, por meio de débito em conta corrente do importador, em uma agência bancária, median- te cadastramento prévio. 17º passo – Registro da DI (Declaração de Importa- ção) Registrar a DI por intermédio do Siscomex Impor- tação e entregar o extrato da DI e demais documentos na alfândega. 18º passo – Análise da DI Aguardar a análise da alfândega dependendo do canal atribuído na Dl. A conferência aduaneira selecio- nará os despachos para cada um dos seguintes canais: • Canal verde: as mercadorias serão liberadas sem a realização do exame documental ou da verificação física da mercadoria e do exame preliminar. O importador entrega o conheci- mento de transporte averbado na alfândega. • Canal amarelo: as mercadorias serão liberadas, após a realização do exame documental sem a verificação física e o exame preliminar do valor. • Canal vermelho: as mercadorias serão desem- baraçadas somente após o exame documental e a conferência física. • Canal cinza: pelo qual o desembaraço somen- te será realizado após o exame documental, a verificação da mercadoria, o exame preliminar do valor aduaneiro e do pagamento de todos os tributos incidentes. 19º passo – Pagamento despesas Após a liberação da mercadoria pela alfândega, efetuar o pagamento das despesas portuárias ou aé- FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 120 reas para retirar a mercadoria e emitir a nota fiscal de entrada. 20º passo – Pagamento / contratação / liquidação do câmbio O pagamento ao exportador dar-se-á por meio da contratação de câmbio por meio de uma das carteiras de câmbio do BANRISUL. O importador terá sua conta debitada em reais, com a remessa da moeda estran- geira equivalente para pagamento ao exportador no exterior. O momento exato dessa remessa dependerá da modalidade de pagamento tratada entre as partes e do prazo de pagamento pactuado. 21º passo – Registros fiscais, contábeis, adminis- trativos e de arquivo A empresa deverá manter em seus arquivos contá- beis os documentos pertinentes à importação: • nota fiscal de entrada; • DI (Declaração de Importação); • comprovante de importação (desembaraço); • fatura comercial; • contrato de câmbio; • conhecimento de embarque. Por segurança, caso a contabilidade da empresa seja terceirizada, é conveniente a elaboração de arqui- vo individual dos originais, englobando os documentos que fizerem parte do processo. Esses documentos de- verão ser guardados pelo prazo de cinco anos. 3 RESUMO Na aula de hoje, estudamos o processo de impor- tação passo a passo para que assim você, futuro pro- fissional de Comércio Exterior, possa estar preparado para entrar nesse mercado que certamente é muito estimulante. Agora, você já conhece os processos de exportação e de importação. Necessita ainda de co- nhecer o sistema integrado de Comércio Exterior – Sis- comex – sobre o qual iniciaremos estudos na próxima aula. 4 ATIVIDADES 1) Faça um levantamento dos processos de exporta- ção e importação, suas particularidades e estrutu- ras? 2) Por que o processo de importação é mais burocrá- tico? Justifique a sua resposta. REFERÊNCIAS MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comér- cio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Conhecer a importância e o significado do Siscomex. • Entender como se processam o registro e o credenciamento. • Compreender como se realiza a habilitação. AULA 25 SISCOMEX Unidade 04 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AS IMPLICAÇÕES DESSE SEGMENTO NA ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS E NA ECONOMIA NACIONAL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 122 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos conhecer o Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), responsável pelo armazenamento e envio de dados em uma operação de Comércio Exterior. Por meio do Siscomex, o governo consegue controlar todas as mo- vimentações que estão sendo realizadas para fins de fiscalização. Vamos então saber como esta ferramenta funciona e o que devemos fazer para nos cadastrarmos a ela. 2 O QUE É O SISCOMEX? Siscomex ou Sistema Integrado de Comércio Ex- terior é um sistema informatizado responsável por in- tegrar as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de Comércio Exterior, por meio de um fluxo único, computadorizado de informações. É um sistema informatizado que interliga exporta- dores, importadores, despachantes aduaneiros, comis- sários, transportadores e outras entidades ao Decex – Departamento de Operações de Comércio Exterior, Banco Central e à Secretaria da Receita Federal. Per- mite processar o registro de operações de importação e exportação. Desenvolvido inicialmente pelo departamento de Informatica do Banco Central. O módulo inicial, que abrangia as opera- ções de Exportação, foi lançado em 1993. Em 1997, entrou em produção o modulo Importação. Em outubro de 2006, o modulo Exportação passou por reformulação nas rotinas internas e na forma de aces- so, passando para internet. É por meio do Siscomex que os interessados se emitem e efetuam documentos como: Registro de Ex- portação, Registro de Venda, Solicitação de Despacho, Licença de Importação e Exportação, entre outros. Desde então, para todos os fins e efeitos legais, as guias de exportação e de importação e outros docu- mentos pertinentes vêm sendo substituídos por regis- tros eletrônicos. O Brasil é o único país do mundo a dispor de um sistema de registro de exportações totalmente informa- tizado. Na concepção e no desenvolvimento do Sistema, foram harmonizados conceitos, códigos e nomenclatu- ras, tornando possível a adoção de um fluxo único de informações, tratado pela via informatizada, que permi- te a eliminação de diversos documentos utilizados no processamento das operações. O sistema de registro de exportações totalmente informatizado permitiu um enorme ganho em agiliza- ção, confiabilidade, rápido acesso a informações esta- tísticas, redução de custos etc. O acesso ao Siscomex Importação é feito por meio de conexão com o Serpro a fim de que as operações que necessitam de Licenciamento de Importação pos- sam ser efetuadas. 3 REGISTRO E CREDENCIAMENTO A inscrição no Registro de Exportadores e Importa- dores (REI) é a condição básica para a realização de operações de exportação. Os exportadores já inseridos no REI, anteriormen- te à implantação do Siscomex (SistemaIntegrado de Comércio Exterior), terão a inscrição mantida, não sen- do necessária qualquer medida adicional. O registro é feito automaticamente no sistema, quando da primei- ra importação ou exportação, sem a necessidade de apresentação de documentos ao SECEX (Secretária de Comércio Exterior), para registro no REI, a menos que solicitado pelo DECEX (Departamento de Opera- ções de Comércio Exterior). O registro no REI é somente um registro adicional, exigido única e exclusivamente na suas operações de Comércio Internacional. As demais exigências internas para constituição, formalização da empresa, exigên- cias fiscais e creditícias permanecem inalteradas. 4 HABILITAÇÃO Pessoas habilitadas: • importador ou seu representante; • bancos e sociedades corretoras; • órgãos da administração direta e indireta en- volvidos no Comércio Exterior; • DECEX (Departamento de Operações de Co- mércio Exterior), regulamentará por meio de comunicado público as normas e procedimen- tos. 4.1 CREDENCIAMENTO É feito na Secretária da Receita Federal (SRF), que poderá ser tanto a própria pessoa, quanto um prepos- AULA 25 • SISCOMEX 123 to – por intermédio de procuração em modelo próprio adotado pela SRF. O credenciamento será feito por meio de “senha” única, mediante apresentação de ter- mo de responsabilidade. Somente poderá operar dentro do Siscomex depois de realizados os passos citados. O Siscomex gerencia- rá a operação como um todo dentro do enquadramento realizado, no que se refere a tratamento administrativo, cambial, comercial e fiscal. 4.2 SISCOMEX Todos os importadores ou agentes credenciados têm à sua disposição um software Siscomex, com inter- face gráfica, para formulação dos documentos eletrôni- cos das operações de Comércio Exterior e respectivas transmissões para o computador central. Documentos que podem ser efetuados por meio do Siscomex: • formulação e obtenção de Licenciamento não automático de Importação (LI); • elaboração, registro, extrato e consulta da De- claração de Importação (DI), bem como sua retificação e respectivo extrato; • Registro de Operações Financeiras (ROF): mediante conexão com o Banco Central do Brasil, registra operações com prazo superior a 360 dias, capital estrangeiro e outros; • Comprovante de Importação (CI): documento oficial emitido pelo Sistema ao final de uma im- portação; • Registro de Exportação (RE): documento por intermédio do qual se inicia o processo de des- pacho aduaneiro de exportação; • Registro de Operações de Câmbio (RC): exi- gido para as operações de exportações com prazos superiores a 180 dias; • Registro de Venda (RV): exigido para as opera- ções de exportações de mercadorias negocia- das em bolsas de valores, commodities; • Comprovante de Compra (CCO): exigido para mercadorias negociadas em bolsas de valores; • Declaração de Despacho de Exportação (DDE); • Comprovante de Exportação (CE): documento oficial emitido pelo sistema ao final de uma ex- portação; • Registro de Exportação Simplificada (RES). Com o software do Siscomex, os importadores ou agentes credenciados devem ainda extrair e atualizar suas tabelas com os códigos necessários para o pre- enchimento dos referidos documentos e consultar a ta- bela de tratamentos administrativos. Os tratamentos administrativos, iremos abordar na próxima aula. 5 RESUMO Na aula de hoje, conhecemos o Siscomex (Siste- ma Integrado de Comércio Exterior, abordando as suas particularidades, tais como registro e credenciamento no sistema e forma de realizar a sua habilitação. Como já foi dito, o Brasil é o único País do mundo a dispor de um sistema de registro de exportações to- talmente informatizado, realizando assim o controle de suas movimentações externas com bastante eficiência. Como se pode ver, temos equipamentos para ope- rarmos no Comércio Exterior de igual para igual com os grandes mercados. Necessitamos, porém, de maiores investimentos por parte dos governos, para que pos- samos melhorar ainda mais nossa posição no cenário mundial. Na próxima aula, iremos abordar a sistemática das exportações – tratamento administrativo. 6 ATIVIDADES 1) Quais são as principais funções do software Sisco- mex? 2) O que o Brasil ganhou com a criação do Siscomex? Faça uma resenha sobre isso. REFERÊNCIAS MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender o funcionamento do tratamento administrativo. • Compreender o significado de despacho aduaneiro. • Entender o significado de exame documental. AULA 26 SISTEMÁTICA DAS EXPORTAÇÕES Unidade 04 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AS IMPLICAÇÕES DESSE SEGMENTO NA ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS E NA ECONOMIA NACIONAL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 126 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos estudar a sistemática das exportações. A sistemática nada mais é do que um tratamento administrativo que demonstra o que se pode e o que não se pode exportar, obser- vando as peculiaridades de cada mercadoria, quanto à quantidade, natureza etc. Iremos abordar os registros necessários para que seja concluída uma operação de exportação, sempre partindo do principio da natureza da mercadoria. Vamos, então, conhecer a sistemática das expor- tações! 2 TRATAMENTO ADMINISTRATIVO O tratamento administrativo das exportações está contemplado no anexo “C” da portaria SCE nº 02/92, com as suas devidas atualizações. A pesquisa é feita por meio da classificação fiscal, que contém o tratamento administrativo e a informação se o produto está sujeito a alguma particularidade na exportação. Assim, como ocorre na importação, a exportação também tem o enquadramento em: • exportações proibidas; • exportações suspensas; • exportações sujeitas a padronização; • exportações sujeitas ao registro de venda. 3 DESPACHO ADUANEIRO A mercadoria nacional ou nacionalizada destinada ao exterior, a título definitivo ou não, fica sujeita ao des- pacho de exportação. Entende-se por despacho aduaneiro de exportação o procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço de mercadoria destinada ao exterior. O despacho aduaneiro será processado por inter- médio do Siscomex e somente poderá ter início após o registro de exportação. 4 EXAME DOCUMENTAL Os documentos que instruem o despacho devem ser examinados à vista das informações registradas, no Siscomex, antes do desembaraço da mercadoria. O exame documental poderá ser realizado após o embarque ou a transposição de fronteira da mercado- ria, observados os critérios definidos no Siscomex pela administração aduaneira. 4.1 REGISTRO DE EXPORTAÇÃO (RE) É o conjunto de informações de natureza comer- cial, financeira, cambial e fiscal que caracteriza a ope- ração de exportação de uma mercadoria e define o seu enquadramento. 4.2 REGISTRO DE VENDA (RV) É o conjunto de informações que caracteriza o ins- trumento de venda de commodities ou de produtos ne- gociados em bolsa de valores. 4.3 REGISTRO DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO (RC) É o conjunto de informações de caráter cambial e financeiro que caracteriza venda externa conduzida com prazo de pagamento superior a 180 dias. 4.4 COMPROVANTE DE EXPORTAÇÃO (CE) É o documento oficial emitido pelo sistema na re- partição aduaneira da Receita Federal, ao final de uma operação de exportação e se destina ao exportador. O CE relaciona todos os registros de exportação objetos de um mesmo despacho, informando suas principais características. 4.5 DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA DE EXPORTAÇÃO (DSE) Será formulada pelo exportador ou seu represen- tante legal, em terminal conectado ao Siscomex. 4.6 LICENÇA DE EXPORTAÇÃO (LE) A Licença de Exportaçãoé o documento no qual o Banco do Brasil certifica, para fins de cobertura de cotas, que o produto têxtil a ser exportado está enqua- drado nos limites contingenciados pela União Europeia e pelo Canadá. Exige-se a emissão da Licença de Ex- portação para os produtos têxteis destinados à União Europeia e ao Canadá. 4.7 AVERBAÇÃO DE EMBARQUE E DE TRANSPOSIÇÃO NA FRONTEIRA A averbação é o ato final do despacho de exportação e consiste na confirmação pela fiscalização aduaneira do embarque ou da transposição de fronteira da mercadoria. Na exportação por via aérea ou marítima, a averba- ção será feita, no sistema, após a confirmação do efe- AULA 26 • SISTEMÁTICA DAS EXPORTAÇÕES 127 tivo embarque da mercadoria e do registro dos dados pertinentes pelo transportador. Nas exportações por via terrestre, fluvial ou lacus- tre, a averbação dar-se-á no momento da transposição da fronteira. A averbação confirma e valida a data de embarque ou da transposição da fronteira e a data do conheci- mento de carga, registradas no sistema pelo transpor- tador ou exportador, que são as datas efetivas, consi- deradas para fins comerciais, cambiais e fiscais. 4.8 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS O registro da declaração para despacho poderá ser efetuado após o embarque da mercadoria ou da sua saída do território nacional, nos seguintes casos: a) exportação de produtos da indústria siderúrgi- ca e de mineração; b) exportação de granéis; c) exportação de petróleo bruto e seus derivados, realizada pela Petrobras S.A., por via marítima; d) exportação realizada por via fluvial, lacustre ou rodoviária por estabelecimento localizado em município de fronteira e sede de unidade da Secretaria da Receita Federal. O exportador deverá apresentar a declaração para despacho aduaneiro, no prazo estabelecido, após a conclusão do embarque ou da transposição da frontei- ra, à unidade da SRF que jurisdiciona o local de embar- que das mercadorias. 4.8 BENEFÍCIOS FISCAIS De forma geral e resumida, as exportações de pro- dutos brasileiros estão contempladas com os seguintes benefícios fiscais: • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); • Contribuição para Financiamento da Segurida- de Social (COFINS); • Programa de Integração Social (PIS). Dumping Pode ser conceituado como uma prática de em- presa consistente em introduzir mercadorias no mer- cado importador por preços, artificialmente, abaixo do normal, o que pode provocar prejuízos aos produtores locais, em face da concorrência desleal. De acordo com o acordo antidumping da rodada do Uruguai, ocorre dumping quando um produto é introdu- zido no comércio de outro país com valor menor do que o seu valor normal, ou seja, se o preço de exportação do produto exportado de um país para outro for menor do que o comparativo, no curso normal de negócios, para o produto semelhante quando destinado ao con- sumo interno no país exportador. Ressalta-se que dumping caracteriza-se como uma prática desleal de comércio. Como se pôde ver, a sistemática das exportações impõe diretrizes e normas para uma harmonização no Comércio Exterior. O Brasil por meio de sua sistemáti- ca controla sua operação de envio de mercadorias para o exterior exigindo total eficiência nas operações. 5 RESUMO Na aula de hoje, conhecemos a sistemática das ex- portações, apresentando o tratamento administrativo e suas particularidades. Abordamos também o despacho aduaneiro e suas características, demonstrando a documentação neces- sária para comprovação das operações. A averbação de embarque, em todas as modalidades de transporte, é algo de extrema importância para que seja realizada a conclusão do processo de exportação. Finalizamos abordando a operação de Dumping, a qual consiste em prática desleal feita por empresas que desejam introduzir mercadorias no mercado impor- tador por preços, artificialmente, abaixo do normal, o que pode provocar prejuízos aos produtores locais por causa da concorrência ilícita. 6 ATIVIDADES 1) O que é a sistemática das exportações? Qual o seu significado? 2) O que você entende por Dumping? Explique com suas palavras, exemplificando com uma mercado- ria em determinado mercado. 3) Qual a função do despacho aduaneiro? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender conceituação e classificação de direitos aduaneiros. • Entender as causas da existência dos direitos. • Conhecer os tipos de tarifas aduaneiras. AULA 27 DIREITOS ADUANEIROS Unidade 04 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AS IMPLICAÇÕES DESSE SEGMENTO NA ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS E NA ECONOMIA NACIONAL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 130 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos estudar os direitos aduaneiros, que nada mais são do que os tributos que o Estado faz incidir sobre as mercadorias que transpõem as fronteiras do território nacional, no ato da entrada ou saída. Duas categorias de direitos devem ser destacadas: a) direitos de exportação, cobrados sobre merca- dorias que saem do território nacional; b) direitos de importação, cobrados sobre merca- dorias que entram no território nacional. Haveria, ainda, uma terceira categoria: a dos di- reitos de trânsito, hoje praticamente abolidos, os quais seriam cobrados sobre mercadorias provenientes do exterior e que entrassem no território nacional com destino a um terceiro país. Os direitos de exportação, por sua vez, também se encontram limitados a poucos países, pois, provo- cando majoração dos preços dos produtos exportáveis, diminuem a capacidade de exportação do país, em vir- tude do surgimento de “gravosos”, que são assim de- nominados os produtos que não encontram colocação no mercado internacional. A cobrança esporádica desses direitos encontra-se ligada à necessidade de obtenção de recursos para o po- der público ou a situações em que o produto a ser expor- tado é essencial para a economia nacional. Em lugar de proibir a sua exportação, o Estado poderá optar pela co- brança de direitos elevados, com o objetivo de dificultá-la. Assim, quando falamos em direitos aduaneiros, queremos nos referir, na realidade, aos direitos de im- portação. 2 CAUSAS DA EXISTÊNCIA DE DIREITOS Meu caro aluno, você deve estar se perguntado: quais os motivos que levam um país a instituir os direi- tos aduaneiros? Um primeiro motivo seria simplesmente o da ob- tenção de novas fontes de receitas para o governo. A aplicação das tarifas é efetuada em função da renda aduaneira que possam proporcionar. Um segundo mo- tivo seria a necessidade de equilibrar-se o balanço de pagamentos internacionais. O surgimento de um déficit eventual nesse balan- ço não deverá constituir motivo de preocupação para o país. Porém, quando os déficits tornam-se constan- tes, assumindo um caráter crônico, torna-se necessá- rio a adoção de medidas que possam contribuir para estabelecer o equilíbrio do balanço, por meio de uma diminuição do volume de operações que impliquem dis- pêndio de divisas. Além das medidas de ordem cambial, o governo poderá utilizar os direitos alfandegários, estipulando al- tas tarifas para importação de artigos supérfluos, com vistas a promover a sua redução. Devemos salientar, porém, meu caro aluno, que esses direitos elevados provocam o surgimento das atividades de contraban- do, advindo daí a necessidade de o país possuir um serviço de repressão ao contrabando que funcione com bastante eficácia. O terceiro motivo e, a nosso ver, o mais importante, seria o da proteção àsindústrias nacionais incipientes. Mediante a elaboração prévia de um plano de desen- volvimento nacional, são especificados os setores pro- dutivos que devam merecer proteção especial, em face da concorrência de produtos similares estrangeiros. 3 TIPOS DE TARIFAS ADUANEIRAS Ao que se refere à maneira pela qual são fixados os montantes de direitos, a tarifa aduaneira poderá ser: a) específica: determinada pelas características físicas do produto, pelas suas quantidades, peso, medidas etc., não se levando em conta o valor declarado da mercadoria; b) ad valorem: determinada pelo valor declarado das mercadorias importadas, em geral sob a forma de percentagem desse valor; c) composta, mista ou combinada: vem a ser uma combinação de tarifas específicas e ad valorem. Cada uma dessas tarifas apresenta suas vanta- gens e desvantagens, ficando, assim, a opção por um determinado tipo de dependência de circunstâncias pe- culiares a cada país. As declarações de valor que servem de base para o cálculo dos direitos ad valorem são sempre de ca- ráter duvidoso, o que implica a necessidade de um grande conhecimento dos preços internacionais dos produtos. Daí, a adoção de uma série de formalidades por parte dos países importadores, como, por exemplo, a das faturas comerciais legalizadas em consulado ou câmaras de comércio. As tarifas específicas eliminam AULA 27 • DIREITOS ADUANEIROS 131 a necessidade desse controle de preços, porém tornam obrigatória a existência de um quadro de pessoal alta- mente especializado para determinar as características típicas de cada produto. Além disso, quando a moeda nacional encontra-se em processo de desvalorização, como era o caso do Brasil, o valor real das tarifas específicas diminui cada vez mais, a não ser que constantemente estejam sen- do reajustadas, o que, sem dúvida alguma, traz gran- des incovenientes. As tarifas ad valorem, variando de forma proporcional ao aumento de preços decorrente da desvalorização da moeda, permitem manter estável valor real das tarifas. Devemos também fazer menção aos chamados di- reitos corretivos: a) antidumping: direitos aplicados em relação a produtos que estejam sendo objeto de dum- ping por parte de outros países; b) countervailing duties: direitos aplicados à im- portação de determinados produtos que es- tejam sendo objeto de subsídios por parte do governo do país exportador; c) compensatory duties: são aplicados nos casos em que o produtor nacional deve pagar mais caro suas matérias-primas, em relação aos seus competidores estrangeiros, devido à exis- tência de uma política de sustentação de pre- ços determinada pelo governo. Mediante a aplicação desses direitos sobre a im- portação de certos artigos manufaturados que concor- ram com similares nacionais, o governo procura anular a vantagem competitiva do produtor estrangeiro. 4 RESUMO Na aula de hoje, estudamos os direitos aduanei- ros e suas particularidades. Observamos as causas da existência dos direitos, que, em um primeiro momento, seria simplesmente para a obtenção de novas fontes de receitas ao governo. No segundo momento, pode ser a necessidade de se equilibrar o balanço de paga- mentos internacionais. Estudamos também os tipos de tarifas aduaneiras existentes, abordando as tarifas específica, ad alorem e composta, mista ou combinada. E por fim mencionamos os chamados direitos cor- retivos: antidumping, countervailing duties e compen- satory duties. Na próxima aula, estudaremos a sistemática do drawback. 5 ATIVIDADES 1) O que você entende por direito aduaneiro? 2) Quais são as principais tarifas aduaneiras e suas funções? 3) Faça uma resenha referente ao assunto dumping. REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender o conceito de drawback. • Conhecer as modalidades de drawback. • Compreender as principais funções do sistema. AULA 28 REGIME DE DRAWBACK Unidade 04 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AS IMPLICAÇÕES DESSE SEGMENTO NA ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS E NA ECONOMIA NACIONAL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 134 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos estudar o regime aduaneiro de drawback, que nada mais é do que um regime aduaneiro especial instituído em 1966, pelo Decreto-Lei nº 37, de 21 de novembro de 1966, no qual consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto exportado. O mecanismo funciona como um incentivo às ex- portações, pois reduz os custos de produção de pro- dutos exportáveis, tornando-os mais competitivos no mercado internacional. 2 MODALIDADES DE DRAWBACK Existem três modalidades de drawback: • isenção; • suspensão; e • restituição de tributos. A primeira modalidade consiste na isenção dos tributos incidentes na importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes, destinada à re- posição de outra importada anteriormente, com paga- mento de tributos, e utilizada na industrialização de produto exportado. A segunda consiste na suspensão dos tributos incidentes na importação de mercadoria a ser utilizada na industrialização de produto que deve ser exportado. Já a terceira trata da restituição de tribu- tos pagos na importação de insumo importado utilizado em produto exportado. O drawback de restituição praticamente não é mais utilizado. O instrumento de incentivo à exportação em exame compreende, basicamente, as modalidades de isenção e suspensão. A modalidade suspensão é aplicada às seguintes operações: a) drawback genérico: caracterizado pela discri- minação genérica da mercadoria a importar e o seu respectivo valor. b) drawback sem cobertura cambial: quando não há cobertura cambial, parcial ou total, na importação. c) drawback solidário: quando existe participa- ção solidária de duas ou mais empresas indus- triais na importação. d) drawback para fornecimento no merca- do interno: trata de importação de matéria- prima, produto intermediário e componente destinados à industrialização de máquinas e equipamentos no País, para serem fornecidos no mercado interno, em decorrência de licita- ção internacional – venda equiparada à expor- tação. Na modalidade isenção, é concedido o drawback para reposição de matéria-prima nacional, que consiste na importação de mercadoria para reposição de maté- ria-prima nacional utilizada em processo de industria- lização de produto exportado, com vistas a beneficiar a indústria exportadora ou o fornecedor nacional e a atender a conjunturas de mercado. Em ambas as modalidades, isenção e suspensão, os comunicados mencionados destacam ainda duas operações especiais: drawback intermediário e draw- back para embarcação. O drawback intermediário consiste na importação, por empresas denominadas fabricantes-intermediários, de mercadoria para industrialização de produto inter- mediário a ser fornecido a empresas industriais-expor- tadoras e utilizado na industrialização de produto final destinado à exportação. O drawback para embarcação refere-se à importa- ção de mercadoria para industrialização de embarca- ção e venda no mercado interno. O regime especial de drawback é concedido a em- presas industriais ou comerciais, tendo a Secex desen- volvido com o SERPRO sistema de controle para tais operações denominado sistema drawback eletrônico, implantado desde novembro de 2001 em módulo espe- cífico do Siscomex. 3 PRINCIPAIS FUNÇÕES DO SISTEMA As principais funções do sistema são: a) registro de todas as etapas do processo de concessão do drawback em documento eletrô-nico (solicitação, autorização, consultas, alte- rações e baixa); b) tratamento administrativo automático nas ope- rações parametrizadas; c) acompanhamento das importações e exporta- ções vinculadas ao sistema. O ato concessório é emitido em nome da empresa industrial ou comercial, que, após realizar a importa- AULA 28 • REGIME DE DRAWBACK 135 ção, envia a mercadoria a estabelecimento para indus- trialização, devendo a exportação do produto ser reali- zada pela própria detentora do drawback. A empresa deve, tanto na modalidade de isenção como na de suspensão de tributos, utilizar o relatório unificado de drawback para informar os documentos registrados no Siscomex, tais como o Registro de Ex- portação (RE), a Declaração de Importação (DI) e o Registro de Exportação (RES) simplificado, bem como manter em seu poder as notas fiscais de venda no mer- cado interno. Esses documentos, identificados no relatório unifi- cado de drawback, comprovam as operações de impor- tação e exportação vinculadas ao regime especial de tributação e devem estar vinculados ao ato concessório para o processamento de sua baixa no sistema. As exportações vinculadas ao regime de drawba- ck estão sujeitas às normas gerais em vigor para o produto, inclusive quanto ao tratamento administrativo aplicável. Um mesmo Registro de Exportação (RE) não pode ser utilizado para comprovação de atos conces- sórios de drawback distintos de uma mesma beneficiá- ria. É obrigatória a vinculação do Registro de Exporta- ção (RE) ao ato concessório de drawback. A concessão do regime especial de drawback não assegura a obtenção de cota de importação para mer- cadoria ou de exportação para produto sujeito a contin- genciamento, nem exime a importação e a exportação da anuência prévia de outros órgãos, quando for o caso. Também não pode ser concedido o regime de dra- wback: a) para importação de mercadoria utilizada na in- dustrialização de produto destinado ao consu- mo na Zona Franca de Manaus e em áreas de livre comércio; b) para importação ou exportação de mercadoria suspensa ou proibida; c) para exportações contra pagamento em moe- da nacional e em moeda-convênio ou outras não conversíveis; d) para importação de petróleo e seus derivados; e e) para exportações vinculadas à comprovação de outros regimes aduaneiros ou incentivos à exportação. O regime de drawback concede isenção ou sus- pensão do Imposto de Importação (II), do Imposto so- bre Produtos Industrializados (IPI), do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interesta- dual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mer- cante (AFRMM), além da dispensa do recolhimento de taxas que não correspondam à efetiva contraprestação de serviços, nos termos da legislação em vigor. Como podemos observar, o princípio básico do drawback consiste na desoneração dos tributos inci- dentes sobre os insumos importados empregados na produção de bens destinados à exportação. Esse benefício fiscal tem significado coloquial em inglês: desvantagem, empecilho, estorvo, desconto ou diminuição. 4 RESUMO Na aula de hoje, estudamos o regime aduaneiro de drawback, destacando sua legislação, suas principais modalidades e como elas são utilizadas. Com relação às operações e bens abrangidos pelo incentivo, a legislação dispõe que o estímulo pode ser aplicado: a) à mercadoria importada para beneficiamento no País e posterior exportação; b) à peça, parte, aparelho e máquina complemen- tar de aparelho, máquina, veículo ou equipa- mento exportado ou a exportar; c) à mercadoria destinada a embalagem, acon- dicionamento ou apresentação de produto ex- portado ou a exportar; d) aos animais destinados a abate e posterior ex- portação. O regime de drawback é certamente muito útil para aquelas empresas que utilizam o Comércio Exterior com certa frequência, fazendo dessa ferramenta uma grande colaboração nas operações entre mercados. 5 ATIVIDADES 1) Faça uma resenha abordando o regime aduaneiro de drawback? 2) Dê exemplos de drawback: • isenção; • suspensão; • restituição de tributos. 3) O que você entende por drawback para embarca- ção? FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 136 REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Entender os significados dos impostos de importação. • Conhecer a finalidade das taxas. • Compreender o significado das tarifas. • Entender as despesas na importação. AULA 29 FORMAÇÃO DE CUSTOS Unidade 04 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AS IMPLICAÇÕES DESSE SEGMENTO NA ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS E NA ECONOMIA NACIONAL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 138 1 INTRODUÇÃO Na aula de hoje, meu caro aluno, iremos estudar a formação de custos na importação, ou seja, quais são as taxas, tarifas e despesas que se inserem em uma operação de importação. Às vezes, essas taxas tornam-se tão altas que fica inviável importar determi- nados produtos. Vamos então analisar com mais detalhes esse as- sunto. São estes os impostos, taxas, tarifas e despesas de importação, os quais estudaremos a partir de agora: • Imposto de Importação (II); • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); • Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Em princípio, o Brasil permite que as pessoas fí- sicas ou jurídicas residentes no país comprem de ou- tros países mercadorias que necessitam, como, por exemplo, matérias-primas, produtos para revenda no mercado brasileiro, máquinas e equipamentos para a indústria nacional. Entretanto, qualquer importação corresponderá a uma dívida, um compromisso, que o país assume no exterior. O importador paga em moe- da nacional a mercadoria que foi autorizada a importar, mas as autoridades monetárias brasileiras procederão ao pagamento em uma moeda internacional. 2 O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO Incide sobre mercadorias estrangeiras, tendo como fato gerador a entrada de qualquer uma dessas merca- dorias no território aduaneiro. Apesar de serem mercadorias estrangeiras, o Re- gulamento Aduaneiro exclui da incidência as seguintes situações: • mercadoria corretamente declarada que che- gar ao país por erro de expedição e que for redestinada ao exterior; • mercadoria em substituição a outra anterior- mente importada que tenha se revelado, após o despacho aduaneiro, defeituosa ou imprestá- vel para o fim a que se destinava; • mercadoria que tenha sido devolvida ao exte- rior antes do registro da Declaração de Impor- tação. Isenções do Imposto de Importação (II): • importações feitas pelo poder público; • projetos aprovados por órgãos do governo fe- deral para a implantação de indústrias de de- senvolvimento. 2.1 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) O imposto que incide sobre produtos industrializa- dos tem como fator gerador o desembaraço aduaneiro daqueles produtos de procedência estrangeira. 2.2 IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS) A sua competência tributária cabe aos Estados e ao Distrito Federal. Incide nas operações de importa- ção, tendo como fator gerador o desembaraço adua- neiro de importação. Cada Estado regulamentará a sua incidência, base de cálculo, prazo de pagamento, isen- ções, suspensões e reduções. 3 CAPATAZIA A tarifa de capatazia é gerada pela movimentação e manuseio das mercadorias importadas nos terminais de carga. No caso da capatazia portuária, esta é con- siderada como sendo a movimentaçãode mercadorias por pessoal da administração do porto, na forma defini- da por lei. A capatazia aeroportuária é a movimentação e manuseio das mercadorias importadas nos Terminais de Carga Aérea (TECA). 3.1 ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE (AFRMM) É um percentual que incide sobre o frete declara- do no conhecimento de embarque marítimo, nas im- portações brasileiras. O AFRMM é um dos recursos do Fundo da Marinha Mercante destinado a prover a renovação, ampliação e recuperação da frota mercante nacional, objetivando o atendimento das reais necessi- dades do transporte hidroviário. 3.2 ARMAZENAGEM A tarifa de armazenagem é devida pela guarda e controle das mercadorias importadas nos armazéns de carga. AULA 29 • FORMAÇÃO DE CUSTOS 139 3.3 ADICIONAL DE TARIFAS AEROPORTUÁRIAS (ATA) Adicional cobrado pela Infraero, que incide sobre o total tanto da capatazia quanto da armazenagem. 4 SINDICATO DOS DESPACHANTES ADUANEIROS (SDA) Esse valor é cobrado nos estados onde existem sindicatos. 4.1 DESPESAS COM DESPACHANTE Despesa gasta com profissional que presta o servi- ço de busca de documentos tais como: • licença de importação; • declaração de importação; • pagamento de fretes; • acompanhamento de chegada de cargas; • despachos aduaneiros; • etc. 4.2 DESPESAS BANCÁRIAS As despesas bancárias são: • taxa de abertura de carta de crédito; • taxa de despesa de emissão de contrato de câmbio; • taxa para registro de cobrança; • etc. Como se pôde ver, meu caro aluno, as tarifas e ta- xas são diversas quando falamos em uma operação de Comércio Exterior, principalmente quando se trata de uma importação. Esse é um dos motivos que faz com que as organizações mudem seus planos no que diz respeito à importação de determinadas mercado- rias. Às vezes, as taxas são tão altas que é preferível comprar até um pouco mais caro e, algumas vezes, com menos qualidade no mercado interno. Não estou concluindo que mercadorias nacionais são inferiores às estrangeiras. Pelo contrário, o parque fabril brasileiro está em plena expansão, melhorando cada vez mais nossos produtos. 5 RESUMO Na aula de hoje, estudamos a formação de custos na importação, dando ênfase às taxas, tarifas e despe- sas tais como; • Imposto de Importação (II); • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); • Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM); • dentre outros. O que pudemos concluir, meu caro aluno, é que um processo de importação, às vezes, torna-se algo fora dos padrões normais de uma operação, uma vez que os custos podem ser assustadores para um importador fazendo assim com que ele mude de ideia e adquira tal mercadoria no mercado interno. É justamente essa a intenção do governo, proteger a indústria nacional, dificultando a entrada de produtos estrangeiros em nosso território. Para aqueles produ- tos estrangeiros que não possuem similares em nosso País, obviamente o governo facilita a entrada. No en- tanto, caso contrário, a primeira preocupação do gover- no será observar se determinado segmento não está prejudicando nossas indústrias, o que não deixa de ser uma atitude correta, não é verdade? 6 ATIVIDADES 1) Faça uma resenha abordando as principais fun- ções dos seguintes impostos: • Imposto de Importação (II). • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). • Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). 2) Quando o governo taxa uma determinada merca- doria com maior rigor e quando a taxação é algo menos dispendioso? 3) Você observou que também existe a taxa referente ao processo de despacho. Sendo assim, explique quais são as principais funções de um despachan- te aduaneiro? REFERÊNCIAS MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000. Objetivos • Compreender a importância do transporte no COMEX. • Entender a Logística e o Comércio Internacional. • Conhecer as modalidades de pagamentos no transporte internacional. AULA 30 TRANSPORTE INTERNACIONAL Unidade 04 FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AS IMPLICAÇÕES DESSE SEGMENTO NA ESTRUTURA ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS E NA ECONOMIA NACIONAL FUNDAMENTOS DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 142 1 INTRODUÇÃO Caro aluno, nesta unidade, iremos abordar os transportes em nível mundial. A globalização do merca- do mundial, o fortalecimento dos blocos econômicos, as diferenciações de produção regionais e as quedas de barreiras econômicas, fazem com que seja possível adquirir qualquer tipo de produto, antes inacessível, em qualquer parte do globo. 2 TRANSPORTE INTERNACIONAL A partir do final dos anos de 1970, especialmente nos países de economias em desenvolvimento, surgiu a necessidade de se procurar novas abordagens para se atingir maior competitividade nas operações de Co- mércio Internacional. O setor de transportes vem ganhando maior impor- tância na medida em que as relações comerciais inter- nacionais se intensificam em virtude da interdependên- cia econômica dos países do globo. Com o advento da globalização, ocorreu a inserção de um maior número de países em desenvolvimento no cenário internacional. A competitividade aumentou, e a gestão de distri- buição tornou-se uma necessidade mundial. Alguns países desenvolvidos procuraram instalar seus parques fabris em países em desenvolvimento à procura de menores custos de mão de obra, matéria- prima e facilidade de entrada em novos mercados. Diante dessa mudança na economia global, perce- be-se a importância da Logística como a ciência que adapta os meios disponíveis e as formas estratégicas para que sejam alcançados os propósitos das organi- zações. O advento do transporte internacional permitiu às empresas nacionais: • tirar proveito das diferenças do custo da mão de obra mundial; • garantir acesso a matérias primas geografica- mente dispersas; • colocar seus produtos a preços competitivos em mercados distantes das fronteiras nacio- nais; • o transporte marítimo internacional domina mais de 50% do volume do comércio em dóla- res e 99% do peso total; • o transporte aéreo movimenta 21% do valor em dólares, ficando o restante por conta do trans- porte rodo/ferro/dutoviário interfronteiras nacio- nais. Obs.: o domínio de determinados modais é consequên- cia da geografia daquele país. 3 A LOGÍSTICA E O COMÉRCIO INTERNACIONAL Direcionada ao Comércio Exterior, podemos pon- tuar como intenção da logística: disponibilizar os bens nos mercados e pontos de consumo, em âmbito glo- bal, com a máxima eficiência, rapidez e qualidade, com custos conhecidos e controlados. Nos trâmites do Comércio Internacional, são pre- vistas diversas tarefas ao longo dos diferentes estágios de distribuição física internacional: 1. retirada do produto da área de produção ou distribuição; 2. separação, embalagem e marcação; 3. consolidação do lote para exportação; 4. licença (se necessário) e despacho aduaneiro de exportação; 5. documentação para o transporte e apólices de seguro; 6. transporte interior até o terminal de embarque; 7. manuseio, empilhamento e armazenagem; 8. transferência da área de armazenagem até o costado do veículo; 9. estivagem (colocação e arrumação dentro do veículo); 10. transporte internacional; 11. desestivagem (retirada de dentro do veículo); 12. movimentação do costado até a área de arma- zenagem; 13. conferência, marcação, separação e empilha- mento; 14. licença (se necessário) e despacho aduaneirode importação; 15. identificação, desempilhamento e entrega; 16. transporte interior até o centro de distribuição; 17. desconsolidação do lote; 18. distribuição final ou entrega local. 4 PAGAMENTO DO TRANSPORTE INTERNACIONAL O pagamento do frete pode ocorrer de duas for- mas: AULA 30 • TRANSPORTE INTERNACIONAL 143 • frete Prepaid: é o frete pago no local do embar- que; • frete Collect: é o frete a pagar, podendo ser pago em qualquer lugar do mundo, e o trans- portador será avisado pelo seu agente sobre o recebimento do frete para então proceder à liberação da mercadoria. 4.1 SEGURO DE TRANSPORTE INTERNACIONAL O transporte aéreo costuma ter tarifa de seguro equivalente à metade das modalidades marítima e ter- restre. O transporte marítimo em contêineres tem redução no prêmio de seguro entre 10% e 20 %. O seguro implica em pequena participação no pre- ço final das mercadorias representando atualmente, em média, 0,2% do preço FOB dos produtos. 4.2 MARCAÇÃO DOS VOLUMES A marcação dos volumes é essencial para uma perfeita identificação das mercadorias e do lote nos ve- ículos de transporte. Facilita a vistoria física pelas autoridades alfande- gárias e fiscais no embarque e no desembarque. Esse procedimento tem a função de individualizar as merca- dorias. Espero que este livro possa lhe ter acrescentado muito, caro aluno. Acredito que você terá a partir de agora muitos argumentos para conversar e principal- mente atuar no ramo tão fascinante que é o mundo do Comércio Exterior. 5 RESUMO Caro aluno, nesta aula, abordamos a importância da logística de transportes para o Comércio Internacio- nal e todas as peculiaridades para fins de exportação e importação de mercadorias. Como se pode observar, caro aluno, o transporte eficiente faz com que as operações se tornem cada vez mais dinâmicas e eficientes. Você pode ter um cliente no Hemisfério Norte e um fornecedor no Hemisfério Sul e, mesmo assim, com um bom planejamento logístico e principalmente com bons parceiros, a sua operação logística continuará eficaz. O que devemos observar são as peculiaridades existentes em cada mercado, ou seja, devemos fazer uma análise mais criteriosa quando trabalhamos com o mercado internacional. A cultura, a política, a moeda e o comportamento de compra são diferentes de um mercado para o outro. Um bom gestor deve ter conhecimentos técnicos para administrar as operações, mas, acima de tudo, esse profissional deverá ter também muita cultura e conhecimentos específicos, uma vez que vender cal- çados para o Japão pode ser totalmente diferente de vender calçados para a Argentina, por exemplo. As operações logísticas se diversificam, conforme os clientes e os mercados. 6 ATIVIDADES 1) Como um futuro gestor de Comércio Exterior, faça uma resenha abordando o que um profissional des- sa área necessita saber para ter sucesso na carrei- ra? Faça uma analise de todo o conteúdo estudado neste livro. 2) O que as nações conseguiram tirar de proveito com a expansão dos transportes internacionais? 3) Você acha que a infraestrutura de transportes bra- sileira colabora com o escoamento e recebimento de mercadorias em nosso território? Justifique a sua resposta. REFERÊNCIAS BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006. MAIA, Jaime de Maris. Economia internacional e Co- mércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2001. MALUF, Sâmia Nagib. Administrando o Comércio Exterior brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 2000.