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Trabalho de Psicanalise

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Universidade Paulista- UNIP
Campus Pinheiros
5 semestre/ manhã
Análise do livro Caderno de Memórias Coloniais á luz da 
 Psicanálise Freudiana
Gabriela Gomes M Moreira RA.D247DI8
São Paulo, 2019
1 Introdução
O livro conta a história sobre a infância da autora chamada Isabela Figueiredo, nascida em Moçambique, fazendo uma denúncia á época do Colonialismo Português. A autora se retrata na história mostrando os conflitos que vive até seus 13 anos de idade como “retornada” e como filha de colonos em Moçambique, realidades muito diferentes. Seu pai era representante da Colônia, um homem machista e cruel em algumas partes da trama. Ela argumenta sobre o que acontecia de fato durante o processo de Colonização em Portugal, como ela, sendo uma criança, branca, filha de colonos se sentia ao presenciar cenas de violência racial e como lidava com as agressões do pai perante os negros. É possível compreender o desenvolvimento da personagem a cada capitulo, demonstrando fases de seu desenvolvimento infantil que a autora passou até o período de sua adolescência. 
2 Desenvolvimento
2.1 Análise de partes do livro
Logo de inicio a narração conta muito sobre o modo de ver da autora sobre a realidade presenciada na época pelos negros e sobre determinadas ações que ela percebia desde muito nova em questão de seu pai e de indivíduos negros. Há um capitulo do livro que ela inicia com a seguinte frase: “Foder. O meu pai gostava de foder..” logo de início essa frase causa um certo impacto, porém não se deve levar ao pé da letra. A menina possuía um senso de observação aguçado e percebia certos acontecimentos com rapidez; a frase acima escrita por ela, se refere a realidade da época, uma época em que a esposa de um colono não poderia torcer o nariz para o marido por ele assumir posturas machistas, como não poderia também a filha, desacatar alguma ordem do pai. Ao decorrer nos capítulos ela exalta ainda mais a diferença de atribuição de significado á negros e a brancos. Segundo seus relatos, seu pai, o eletricista, queria ter empregados negros pois o pagamento era mais barato e ele poderia confronta lós quando precisasse. Diferente seria com um branco, pois com ele, não poderia bater ou dar trabalhos pesados. Homens brancos, segundo a concepção de seu pai eram homens para liderar, dar ordens e mandar nos homens negros. Ou seja o negro era insignificante naquela época, não possuía direitos e muito menos liberdade. Isabela também menciona em parte do livro que o desejo de seu pai era um movimento de brancos, onde o poder do negros seria expulso da cidade após o 7 de Setembro.
A autora conta muito também sobre como era as condições em Moçambique; relatou que lá não havia televisão, haviam apenas os rádios, um lugar em que todos os brancos eram patrões e consequentemente os negros os obedeciam cegamente pela posição social. Contou que haviam muitos negros e que os mesmos pediam trabalho de porta em porta todos os dias, mas ela não entendia o que ocorria naquele tempo. 
Em certo momento da trama, a menina conta sobre o começo de sua curiosidade sexual. Seu vizinho, chamado Luizinho, perguntou certo dia, se ela gostaria de jogar um jogo chamado “Jogar a foder” e ela por ter essa curiosidade aceitou. Com a obvia relação familiar que ela possuía, a mesma não tinha a liberdade de perguntar sobre sexo para seus pais e sentia até um certo medo de falar sobre isso e acabar levanto uma surra de seu pai. Segundo Freud (2006) a sexualidade é construída durante as primeiras experiências afetivas do bebê. Quando o mesmo nasce, a percepção é sensorial, todo contato com seus pais ou cuidadores passa a compor as primeiras sensações sexuais e será a base para a construção dos vínculos afetivos e do desejo de aprender. Essa construção ocorrerá por meio da energia afetiva, que levará o organismo a perseguir seus objetivos. A essa energia, Freud denominou de libido; ou seja, energia sexual. O desenvolvimento da sexualidade ocorre por algumas fases próprias: Fase oral, Fase anal, Fase Fálica e a Fase Genital. Durante esse desenvolvimento é recomendado que os pais conversem com seus filhos, proporcionando a eles confiança e liberdade para que falem abertamente sobre suas curiosidades e vontades. Todavia no contexto em que a autora Isabela está inserida, isso não ocorre. Freud explica que a razão da negligência que alguns pais apresentam em relação a sexualidade de seus filhos pode ser entendida, em parte devido a sua própria criação e a um fenômeno psíquico chamado de amnésia infantil, que na maioria das pessoas acaba por ocultar as recordações dos primeiros anos da infância. Amnésia Infantil para Freud, é um fenômeno psíquico que leva a criança esquecer parcialmente ou totalmente de lembranças de seus primeiros anos de vida. 
No final de seu relato sobre o acontecido, ela contou que seu pai a viu “brincando” com Luizinho e deu várias “bofetadas” em seu rosto, mas depois nunca seus pais tocaram no assunto novamente. Ou seja, eles recalcaram o acontecimento, principalmente o pai. Freud (1915b, p.31) afirma que “no processo de recalque o afeto se separa de sua ideia e ambos seguem seus destinos separadamente.” Para Freud, o recalque é uma forma de negação de elementos do psiquismo como ideias, emoções e memórias para fora da consciência; é um mecanismo mental de defesa contra ideias que sejam incompatíveis com o eu. Nesse trabalho de recalcamento, quem assume posição principal é o SUPEREGO, que faz uma seleção dos impulsos instintivos e os transforma em conteúdo reprimido. Ou seja, neste acontecimento, o desprazer do pai em ver sua filha naquela cena, levando em conta seus princípios machistas e controladores é bem maior do que o prazer da satisfação. O recalque está a serviço da satisfação pulsional, impedindo a passagem da imagem observada a palavra, todavia não eliminando a representação da cena assistida. Então esse conteúdo inaceitável pelo pai fica arquivado na zona do Inconsciente.
Isabel contou também sobre o relacionamento que tinha tido com “o filho do vizinho preto” que possuía medo de engravidar dele com 10 anos de idade e do que seu pai seria capaz de fazer com ela, se ele descobrisse. Revelou também sobre desejos relacionados a seu primo e mais adiante do livro sobre Domingas, a primeira mulher que a masturbou. Nesse trecho do livro é possível ver uma mudança na personalidade da personagem, ela parece estar mais segura sobre as questões sexuais que antes as tiravam o sossego. 
Algo muito interessante que notei nessa leitura foi a relação de Isabela e seu pai. É uma relação diferente, ao mesmo tempo que parece que ela tem um amor enorme pelo pai, quase uma obsessão, a mesma em certos momentos, sente medo, ódio e repulsa. No início do livro houve uma parte em que ela descrevia como o pai a tocava e a segurava, falou também sobre a percepção dela em questão á sexualidade do pai. As cenas foram narradas de modo impactante, principalmente quando se relaciona partes do livro com seu final libertador. Segundo Freud, o EGO representa a razão e o senso comum, enquanto o ID, representa as paixões e a intuição, sendo integrado ao inconsciente e ao chamado, Princípio do prazer. A origem do EGO, está relacionada as primeiras identificações, na mais primitiva infância, causadora da situação edipiana, denominada por Jung de Complexo de Édipo. Esse fenômeno ocorre entre os 3 e 5 anos de idade segundo a psicanálise. Nesta fase, se desenvolve um “desejo incestuoso” do filho pela mãe, ao mesmo tempo que cria uma relação de conflito e disputa com o pai. Na obra de Isabela ocorre uma atenção extrema em relação ao pai, enquanto que com sua mãe, a mesma não demonstrava tanta preocupação e pouca exaltação quando falava sobre seu aspecto físico. Seu pai era o único que realmente a interessava. 
O princípio do prazer se refere ao ato inconsciente instintivo de buscar o prazer, evitando a dor e sofrimento. Existe outro principio formulado por Freud, chamado de Principio da Realidade, que diferentedo anterior, ocorre pelo amadurecimento do indivíduo, que o faz aprender a suportar a dor e adiar a gratificação. Através desse principio, o ser humano encontra seu caminho para a sobrevivência e consequentemente gera um sentimento de satisfação ao encarar o sofrimento. Pode ser que isso ocorreu no final do livro, quando Isabela revelou sua verdadeira história para todos, até mesmo como uma forma de compreender melhor o que passou durante sua infância. Existe também a questão do luto nesta parte, pois ela só conseguiu encarar seus sentimentos reprimidos, após a morte de seu pai. Ela cita em certo ponto “Precisamos de um tempo para compreender. Para matar. Para poder olhá-los de novo na cara com o mesmo amor. Para perdoar”. Ou seja é necessário a fase da aceitação para depois lidar com os acontecimentos em si. 
Freud apresenta a noção de luto como “a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante”, a citação quer dizer que os sentimentos vindos do luto se apresentam como sentimentos dolorosos e a perda de interesse do mundo exterior. Freud discursa muito sobre o Luto e a Melancolia, os diferenciando de forma que quando ocorre uma diminuição da auto estima junto com os demais sintomas é caracterizado como Melancolia. Ou seja o ato de recriminar, está presente na Melancolia e esse ato ocorre em questão do sujeito não recriminar a si, mas ao objeto amoroso que foi perdido. “Nesse sentido, o empobrecimento do eu pode ser compreendido por uma identificação do sujeito com o objeto perdido, uma vez que o investimento objetal não foi forte o suficiente para deslocar-se para outro objeto, retornando, então, ao próprio sujeito. Daí decorre a afirmação freudiana, “a sombra do objeto caiu sobre o Eu” (Freud, 1917).
Há em certo capitulo uma narração sobre a própria personagem principal, que está treinando para “ficar forte como seu pai” e “como os pretos” com o intuito de ser resistente e conseguir ultrapassar por situações ruins ao longo de sua vida. Nesse ponto é perceptível que Isabela percebe como os acontecimentos se procedem e sabe já o quanto é importante garantir sua autonomia e liberdade. A menina passou por uma série de conflitos em sua vida, principalmente em relação ao seu pai. Freud caracteriza conflito como uma luta interior, que fazia com que a ideia, portadora do desejo em questão, fosse reprimida, empurrada para fora da consciência e esquecida junto com as lembranças relacionadas a ela. O conflito gera forte desprazer e por essa razão é evitado pela repressão.
Nos últimos capítulos da trama, quando ela está prestes a ir morar em Portugal, ela fala um pouco mais sobre as atitudes de seu pai perante os negros, revelando que até seu ultimo suspiro mesmo nem uma vez sequer abaixou seu tom de voz para um negro, sempre permaneceu autoritário e acreditando na extinção do poder dos negros. Em certa parte quando está de mudança, Isabela diz como ficou feliz ao saber que sairia de seu ugar de origem e citou “ Queria como uma criminosa de guerra, voltar costas a toda aquela esquizofrenia que não me permitia ser quem eu era nem viver com o que eles queriam. Precisava de uma identidade “. Neste ponto a personagem começa a conseguir a liberdade do ser tanto almejada. Logo mais conta sobre como era em Lisboa, que não possuía tantos atrativos quanto onde sempre morou, como salas de banho e água quente. Neste ponto personagem começa a refletir sobre a posição financeira que tinha antes e sobre a que possuía naquele momento.
Isabela argumenta sobre as cartas de ódio que recebia de seu pai enquanto morava em Portugal e nesse momento mostra como ela se sente mais forte em relação a influencia do pai, ela cita “ O meu pai não arrancou ao que eu era nem ao que pensava; meu pai não foi capaz de formar o meu pensamento. O meu pai não me dobrou. Escapei lhe” depois ela conta sobre como foi difícil ser criada naquele contexto, vivendo com medo de assumir quem queria ser e revelando que houve vezes que desejou a morte do pai para se sentir mais livre. Ou seja segundo Freud, deixar aquele conteúdo reprimido por anos, se esvair. Seu pai lhe disse para contar a verdade sobre suas vidas e sobre a metrópole enquanto estivesse em Portugal, ressaltando que a descolonização não seria boa ideia, mas para Isabela a verdade era muito complexa e ela percebeu que ele queria que ela contasse a verdade dele e não há que de fato seria.
3 Conclusões 
A leitura desse livro me foi bem interessante, principalmente ao relacionar temas do desenvolvimento da sexualidade da personagem com os estudos de Sigmund Freud. O livro trás narrativas muito realistas, que nos faz desejar saber mais sobre a história. Uma trama carregada de fatos impactantes que me fez refletir também sobre a história dos países ensinadas em colégios e como que as vezes um acontecimento não é realmente o que nos parece. Além de reflexões sobre os sentimentos de culpa e tristeza em prol da liberdade individual. 
4 Referências Bibliográficas 
FREUD, S. O Ego e o Id (1923) cap. 2 e 3: Obras Completas de S. Freud ( volume XIV), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.
REIS, A.O.A, MAGALHÃES, L.M.A & GONÇALVES, W,L Teorias da personalidade em Freud, Reich e Jung. São Paulo: E.P.U,1984
FREUD, S Cinco Lições de Psicanalise: Primeira Lição. (1912). In: Obras Completas de S. Freud (volume 2), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.
FREUD, S Cinco Lições de Psicanalise: Segunda Lição. (1912). In: Obras Completas de S. Freud (volume 2), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.
FREUD, S Cinco Lições de Psicanalise: Quarta Lição. (1912). In: Obras Completas de S. Freud (volume 2), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.
FREUD, S Cinco Lições de Psicanalise: Quinta Lição. (1912). In: Obras Completas de S. Freud (volume 2), Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002012000300016
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71281998000200012
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v2n2/a07.pdf
http://www.redepsi.com.br/2007/11/11/freud-e-o-conceito-de-recalcamento/
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-94792001000100002

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