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teoria do crime

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DIREITO PENAL
PARTE GERAL
Teoria do Crime
I – DA CONDUTA
Teoria Clássica: a Conduta é tratada como simples exteriorização do movimento (ação) ou abstenção de comportamento (omissão), desprovida de qualquer finalidade.
I – DA CONDUTA
TEORIA CLÁSSICA:
CRIME = FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO + CULPÁVEL
(TEORIA TRIPARTITE)
I – DA CONDUTA
Obs.:
DOLO e CULPA integram a Culpabilidade.
O dolo é normativo, pois tem como requisito a “consciência da ilicitude”.
I – DA CONDUTA
2. Teoria Finalista da Ação: a conduta é o comportamento humano, voluntário e consciente (doloso ou culposo) dirigido a uma finalidade.
I – DA CONDUTA
TEORIA FINALISTA DA AÇÃO:
CRIME = FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO
(TEORIA BIPARTITE)
I – DA CONDUTA
Obs.:
DOLO e a CULPA passam a integrar a Conduta.
A Culpabilidade deixa de ser um elemento integrante do crime e passa a ser um mero pressuposto de aplicação da pena.
O dolo deixa de ser normativo para se tornar natural (não mais contendo a “consciência da ilicitude”).
I – DA CONDUTA
TEORIA CLÁSSICA
O dolo e a culpa integram a culpabilidade.
O dolo é normativo (contém a consciência da ilicitude).
TEORIA FINALISTA
O dolo e a culpa integram a conduta (Fato Típico)
O dolo é natural (não contém a consciência da ilicitude).
I – DA CONDUTA
3. Condutas e Atos:
Crimes unissubsistentes: a conduta se reveste de um único ato.
Crimes plurissubsistentes: a conduta é composta por mais de um ato.
I – DA CONDUTA
4. Formas de conduta:
Crimes comissivos: praticados mediante uma ação (comportamento positivo).
Crimes omissivos: praticados mediante um não fazer (comportamento negativo).
I – DA CONDUTA
Dividem-se em:
- Crimes omissivos próprios ou puros: a simples omissão constitui um crime autônomo, independentemente de qualquer resultado. Não há norma impondo um dever jurídico de agir. Ex: omissão de socorro (art. 135, CP).
I – DA CONDUTA
- Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão: aqueles para os quais a lei impõe um “dever de agir” (art. 13, §2º, CP). O resultado ocorre justamente em razão da inobservância desse dever. Ex: o policial que se omite em socorrer a vítima de um homicídio, responderá pela morte da mesma.
II – DO RESULTADO
1. Conceito: modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente (Teoria naturalística). Ex: morte da vítima.
II – DO RESULTADO
2. Classificação dos crimes de acordo com o resultado:
Crimes materiais: o tipo penal descreve uma conduta e um resultado, sendo que este último é exigido para a consumação do crime. Ex: homicídio (art. 121, CP).
II – DO RESULTADO
Crimes formais: o tipo penal descreve uma conduta e um resultado. Este último, todavia, não é exigido para a consumação do crime, bastando que a conduta tenha sido praticada com este fim. Ex: extorsão mediante seqüestro (art. 159, CP).
Crimes de mera conduta: o tipo penal descreve apenas uma conduta. Ex: invasão de domicílio (art. 150,CP).
III – NEXO CAUSAL
1. Conceito: relação natural de causa e efeito entre a conduta do agente e o resultado dela decorrente.
III – NEXO CAUSAL
2. Teoria da equivalência dos antecedentes ou “conditio sine qua non” (art. 13): causa é toda circunstância antecedente sem a qual o resultado não teria ocorrido.
III – NEXO CAUSAL
Exemplo:
Venda da arma
Resultado morte
Disparos da arma
Fabricação da arma
III – NEXO CAUSAL
Observação: somente serão punidos pelo crime aqueles que tenham agido com dolo ou culpa em relação à provocação específica de certo resultado. 
III – NEXO CAUSAL
3. Superveniência causal (art. 13, §1º, CP): a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produz o resultado.
III – NEXO CAUSAL
Concausas:
a) Dependentes: encontram-se dentro do liame de desdobramento normal da conduta do agente. Jamais rompem o nexo causal. Conseqüência: o agente responde pelo resultado.
III – NEXO CAUSAL
b) Independentes: são aquelas que, por si só, produzem o resultado, ou seja, não se incluem da linha de desdobramento normal da conduta do agente.
III – NEXO CAUSAL
Podem ser:
- Absolutamente independentes: têm origem totalmente diversa da conduta do agente. Rompe-se o nexo causal. Conseqüência: o agente responde tão somente pelos atos praticados.
III – NEXO CAUSAL
- Relativamente independentes: são aquelas que, por si só, produzem o resultado, mas que se originam na conduta do agente. Se preexistentes ou concomitantes, não rompem o nexo (o agente responde pelo resultado). Se supervenientes, rompem o nexo (o agente responde tão somente pelos atos praticados, conforme art. 13, §1º, CP).
Concausas
Dependentes: o agente responde pelo resultado
Absolutamente independentes: o agente não responde pelo resultado, mas tão somente pelos atos praticados.
Relativamente independentes
Preexistentes: o agente responde pelo resultado
Concomitantes: o agente responde pelo resultado
Supervenientes: o agente não responde pelo resultado, mas tão somente pelos atos praticados (art. 13, §1º, CP).
III – NEXO CAUSAL
4. Relevância causal da omissão (art. 13, §2º)
O nexo de causalidade nos crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão decorre do “dever de agir”.
III – NEXO CAUSAL
A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
III – NEXO CAUSAL
O dever de agir incumbe a quem:
Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância.
De outra forma assumiu a responsabilidade de impedir o resultado.
Com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
IV - TIPICIDADE
1. Adequação típica: possibilidade de se enquadrar a conduta praticada pelo agente num determinado tipo penal.
IV - TIPICIDADE
Pode ser:
Imediata ou direta: correspondência total da conduta ao tipo.
Mediata ou indireta: quando se exige a utilização de uma norma de extensão. Ex: participação (art. 29) e tentativa (art. 14, II).
IV - TIPICIDADE
2. Elementares e circunstâncias:
Elementares: são componentes fundamentais da figura típica. Estão sempre no “Caput” do tipo penal incriminador (chamado de Tipo fundamental).
Podem ser:
IV - TIPICIDADE
Objetivas ou descritivas: o significado se extrai de mera observação.
Normativas: o significado depende de interpretação, isto é, de um juízo de valor (jurídico ou extrajurídico)
Subjetivas do tipo: quando o tipo penal exige alguma finalidade específica (um especial fim de agir) 
IV - TIPICIDADE
Circunstâncias: são todos os dados acessórios da figura típica, cuja ausência não a elimina. Sua função é influir no montante da pena.
IV - TIPICIDADE
3. Classificação:
Tipo fechado: não exige nenhum juízo de valoração por parte do juiz.
Tipo aberto: exige um juízo de valoração, como ocorre, por exemplo, nos crimes culposos.
V – CRIME DOLOSO
1. Conceito (Art. 18, I, CP): há crime doloso quando o agente quer o resultado (dolo direto) ou quando assumi o risco de produzi-lo (dolo eventual)
V – CRIME DOLOSO
2. Teorias adotadas:
Dolo direito (Teoria da vontade)
Dolo eventual (Teoria do assentimento)
V – CRIME DOLOSO
3. Espécies de dolo:
Dolo direto ou determinado: intenção de atingir um determinado resultado.
Dolo indireto ou indeterminado. Divide-se em:
Dolo alternativo (um resultado ou outro)
Dolo eventual (assunção do risco)
V – CRIME DOLOSO
c) Dolo de dano: intenção de causar lesão a um determinado bem jurídico.
d) Dolo de perigo: intenção de expor a risco.
e) Dolo genérico: não há fim especial.
f) Dolo específico: vontade de realizar a conduta visando um fim especial.
V – CRIME DOLOSO
g) Dolo geral: o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. Também conhecido como “aberratio causae”.
VI – CRIME CULPOSO
1. Conceito: é aquele resultante da não observância de um cuidado necessário, manifestada na conduta produtora de um resultado objetivamente previsível, através de imprudência, negligência ou imperícia.
VI – CRIME CULPOSO2. Requisitos:
Conduta (ação ou omissão voluntária): quebra do dever objetivo de cuidado por imprudência, negligência ou imperícia.
Resultado involuntário
Nexo causal
Previsibilidade objetiva: possibilidade de conhecimento do perigo (apurada a partir da perspicácia comum dos homens).
VI – CRIME CULPOSO
Previsibilidade subjetiva: capacidade do agente, no caso concreto, prever o resultado, em razão de condições a ele inerentes. A falta de previsibilidade subjetiva não exclui o crime, mas pode isentar o agente de pena.
VI – CRIME CULPOSO
3. Espécies de Culpa:
Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra.
Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado, que, entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível.
VI – CRIME CULPOSO
c) Culpa própria: o agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado.
d) Culpa imprópria: o agente supõe estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa) e, em razão disso, provoca o resultado ilícito (vide art. 20, §1º, 2ª parte, e 23, parágrafo único).
VI – CRIME CULPOSO
4. Compensação de culpas: não existe no Direito Penal.
5. Concorrência de culpas: quando duas ou mais pessoas agem de forma culposa. Todos respondem culposamente.
VII – CRIME PRETERDOLOSO
Espécie de crime agravado pelo resultado.
Há dolo no antecedente e culpa no conseqüente (conduta dolosa e resultado agravador culposo). Ex: lesão corporal seguida de morte.
Os crimes preterdolosos não admitem tentativa
VIII – ERRO DE TIPO
Conceito: é aquele que faz com o agente, no caso concreto, imagine não estar presente uma elementar ou circunstância da figura típica. Trata-se de erro de interpretação do fatos. Difere do “erro de proibição”, que é um erro de interpretação da norma.
VIII – ERRO DE TIPO
2. Delito putativo por erro de tipo: ocorre quando o agente quer praticar um crime, mas por uma errônea interpretação da realidade, executa uma conduta atípica. Ex: subtrair coisa própria acreditando se tratar de coisa alheia.
VIII – ERRO DE TIPO
3. Formas de erro de tipo:
Essencial: incide sobre elementares ou circunstâncias do crime. Pode ser:
Evitável (vencível ou inescusável): exclui o dolo, mas o agente responde por crime culposo (se previsto na lei).
Inevitável (invencível ou escusável): exclui o dolo e a culpa.
VIII – ERRO DE TIPO
b) Acidental: incide sobre elementos secundários do crime. Pode ser:
Erro sobre o objeto: o agente imagina estar atingindo um objeto, mas atinge outro.
Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º): deve-se levar em conta as qualidades da pessoa que o agente pretendia atingir (vítima virtual).
VIII – ERRO DE TIPO
Erro na execução (aberratio ictus): também conhecido como “erro de mira”. O agente responde pelo crime levando-se em conta as condições pessoais da vítima virtual (art. 73).
Obs.: caso atinja as duas pessoas, responderá por dois crimes em concurso formal (art. 70).
VIII – ERRO DE TIPO
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis): o agente quer atingir um bem jurídico, mas atinge bem de natureza diversa. Responde por culpa (art. 74).
IX – CRIME CONSUMADO (ART. 14, I)
1. Conceito: consuma-se o crime quando nele se reúnem todos os elementos do tipo penal incriminador.
IX – CRIME CONSUMADO (ART. 14, I)
2. “Iter criminis”: fases percorridas pelo agente até chegar à consumação do crime:
 1ª fase: cogitação mental
 2ª fase: preparação
 3ª fase: execução (início da agressão ao bem jurídico).
 4ª fase: consumação
X – TENTATIVA (ART. 14, II)
1. Conceito: considera-se tentado o crime quando o agente inicia a execução mas não consegue consumá-lo por circunstâncias alheias à sua vontade.
X – TENTATIVA (ART. 14, II)
2. Conseqüência: salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3.
X – TENTATIVA (ART. 14, II)
3. Classificação:
Tentativa imperfeita ou inacabada: o agente não pratica todos os atos executórios.
Tentativa perfeita (crime falho): o agente pratica todos os atos executórios mas não consegue atingir a consumação.
X – TENTATIVA (ART. 14, II)
c) Tentativa branca: não há ofensa à integridade corporal da vítima.
d) Tentativa cruenta: a vítima é atingida.
e) Tentativa idônea
f) Tentativa inidônea (crime impossível)
X – TENTATIVA (ART. 14, II)
4. Infrações que não admitem tentativa:
Crimes culposos
Crimes preterdolosos
Crimes omissivos próprios
Contravenções penais
X – TENTATIVA (ART. 14, II)
Crime de atentado (tentativa punida como consumado)
Crimes habituais
Crimes unissubsistentes
Crimes nos quais o tipo penal só prevê aplicação de pena quando ocorro o resultado.
XI – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
Conceito: aquele que voluntariamente desiste de prosseguir na execução do crime só responde pelos atos já praticados (art. 15, 2ª parte).
Obs.: não há a necessidade da desistência ser espontânea.
XII – ARREPENDIMENTO EFICAZ
Conceito: aquele que, tendo iniciado a execução, impede a produção do resultado só responde pelos atos já praticados (art. 15, 2ª parte).
Obs.: também não há a necessidade do arrependimento ser espontâneo.
XIII – ARREPENDIMENTO POSTERIOR
 
1. Conceito: é uma causa obrigatória de redução de pena, aplicável aos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, por ato voluntário, repara o dano ou restitui a coisa antes do recebimento da denúncia ou queixa.
XIII – ARREPENDIMENTO POSTERIOR
2. Conseqüência: redução de 1/3 a 2/3 da pena. Quanto mais célere a reparação do dano, maior será a diminuição de pena.
XIV – CRIME IMPOSSÍVEL (art. 17)
Ineficácia absoluta do meio
Impropriedade absoluta do objeto
Obs.: a ineficácia do meio e a impropriedade do objeto devem ser absolutas (Teoria objetiva temperada).
XV - ILICITUDE
Conceito: relação de antagonismo, contrariedade que se estabelece entre o fato típico e o ordenamento legal.
Obs.: todo fato típico é, a princípio, antijurídico (caráter indiciário da ilicitude).
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
1. Estado de necessidade (art. 24): considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato criminoso para salvar de perigo atual (que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar) direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Requisitos para que a situação de risco configure a excludente:
Perigo atual (para alguns também iminente)
Ameaça a direito próprio ou alheio
Que a situação não tenha sido causada voluntariamente pelo agente
Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Requisitos para o reconhecimento do estado de necessidade no caso concreto:
Inevitabilidade da conduta
Razoabilidade do sacrifício
Conhecimento da situação justificante
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
2. Legítima defesa (art. 25): age em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Requisitos:
Existência de uma agressão
Agressão injusta (ilícita)
Agressão atual ou iminente
Agressão dirigida a direito próprio ou de terceiro
Utilização dos meios necessários
Moderação
Elemento subjetivo: conhecimento da situação justificante.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Admite-se:
Legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa.
Legítima defesa real de legítima defesa putativa.
Legítima defesa putativa de legítima defesa real.
Legítima defesa contra agressão culposa.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Excesso (art. 23, parágrafo único): é a intensificação desnecessária de uma conduta inicialmente justificada. Pode ser:
Doloso
Culposo (inconsciente ou não intencional)
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
3. Exercício regular de direito (art. 23, III): consiste na atuação do agente dentro dos limites conferidos pelo ordenamento jurídico. Trata-se de prerrogativa conferida por lei.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDEObservações:
Ofendículos: aparatos visíveis destinados à defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico. O uso é lícito, desde que não coloque em risco não agressores.
Defesa mecânica predisposta: aparatos ocultos que têm a mesma finalidade dos ofendículos. Podem, dependendo das circunstâncias, caracterizar crime culposo.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
4. Estrito cumprimento do dever legal (art. 23, III): não há crime quando o agente atua dentro dos limites de seu dever.
XV – EXCLUDENTES DE ILICITUDE
5. Consentimento do ofendido: segundo a doutrina, se o bem for disponível e a vítima capaz, o consentimento atuará como causa supralegal de exclusão da ilicitude.
XVI - CULPABILIDADE
Teoria normativa pura: defendida pela escola finalista. O dolo e a culpa migram da culpabilidade para a conduta (primeiro elemento do fato típico). O conteúdo da culpabilidade fica, assim, esvaziado, passando a constituir mero juízo de reprovação ao autor da infração (pressuposto de aplicação da pena).
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
1. Conceito: possibilidade de se atribuir a alguém responsabilidade pela prática de uma infração penal.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2. Inimputabilidade. Causas:
Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Menoridade
Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2.1. Distúrbios mentais (art. 26, “caput”, CP): é isento de pena (inimputável) o agente que, por doença mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (critério biopsicológico).
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
Semi-imputabilidade: se em razão da doença mental ou do desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o agente, ao tempo da ação ou omissão, estava parcialmente privado de sua capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com tal entendimento, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2.2. Menoridade (art. 27 do CP e art. 228 da CF): os menores de 18 anos são inimputáveis (critério biológico). Trata-se de presunção absoluta.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
Cessação da menoridade: no primeiro instante do dia em que o agente completa 18 anos de idade.
As sanções aplicáveis aos menores de 18 anos são reguladas pelo ECA (Lei 8.069/90), que prevê a aplicação de medidas sócio-educativas aos maiores de 12 e menores de 18 anos.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2.3. Emoção e paixão (art. 28, I): não excluem a imputabilidade. Podem, todavia, funcionar como atenuantes genéricas ou como causas de diminuição de pena, desde que acompanhadas de outros requisitos.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2.4. Embriaguez (art. 28, II): isenta o agente de pena quando acidental (proveniente de caso fortuito ou força maior), e, desde que, em razão dela, o agente ao tempo da ação ou da omissão, tenha ficado inteiramente incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
Obs.: a pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 no caso de embriaguez parcial decorrente de caso fortuito ou força maior.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2.4.1. Conceito de embriaguez: segundo Capez, trata-se de causa capaz de levar à exclusão da capacidade de entendimento e vontade do agente, em virtude de intoxicação aguda e transitória causada por álcool ou qualquer substância de efeitos psicotrópicos, sejam eles entorpecentes, estimulantes ou alucinógenos.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2.4.2. Fases da embriaguez:
Excitação
Depressão (fase da disartria)
Sono (fase letárgica ou comatosa)
2.4.3. Espécies de Embriaguez
 Não acidental (voluntária ou culposa) completa ou incompleta: não exclui a imputabilidade (actio libera in causa). Exceção: resultado imprevisível.
 Acidental 
(caso fortuito ou força maior)
Completa: exclui a imputabilidade (isenta de pena) 
Incompleta: redução de 1/3 a 2/3 da pena 
 Patológica (alcoólatras e dependentes): exclui a imputabilidade quando retirar totalmente a capacidade de entendimento e autodeterminação.
 Preordenada (agente se embriaga com a finalidade de cometer o crime): agravante genérica de pena (art. 61, II, “l”, do CP).
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
Não isenta de pena:
Embriaguez não-acidental (voluntária ou culposa). Adota-se a teoria da “actio libera in causa”. Exceção: resultado imprevisível.
Preordenada: quando o agente se embriaga justamente para tomar coragem para a prática do delito. Trata-se, em verdade, de agravante genérica.
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
Embriaguez Patológica (doentia): aplica-se o art. 26, “caput” (inimputabilidade) ou o parágrafo único (semi-imputabilidade).
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
2.4.4. Dependência de substância entorpecente: nos termos do art. 45, “caput”, da Lei 11.343/06, é isente de pena o agente que, em razão de dependência, ou sob o efeito de substância entorpecente ou que determine a dependência física ou psíquica proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou omissão, qualquer que tenha sido a infração praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
XVII – DA IMPUTABILIDADE PENAL
Parágrafo único: Se a redução dessa capacidade for apenas parcial, o agente é considerado imputável, mas sua pena será reduzida de 1/3 a 2/3.
XVIII – POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
1. Conceito: trata-se da possibilidade de que o agente, no momento dos fatos, tenha conhecimento de sua ilicitude. A potencial consciência da ilicitude, portanto, sé é eliminada quando o sujeito, além de não conhecer o caráter ilícito do fato, não tinha nenhuma possibilidade de fazê-lo.
XVIII – POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
2. Exclusão: o erro de proibição inevitável sempre exclui a potencial consciência da ilicitude. Erro de proibição é o erro sobre a ilicitude do fato, que retira do agente a consciência da ilicitude e, por conseqüência, exclui a culpabilidade (isentando o réu de pena, se inevitável). 
XVIII – POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Erro de proibição evitável: se o agente, embora não conhecendo a ilicitude do fato, tinha a possibilidade de fazê-lo (potencial consciência da ilicitude) terá direito a uma redução de pena de 1/6 a 1/3.
XVIII – POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
3. Previsão legal: o art. 21 do CP dispõe que “o desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3”.
XIX – EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
1. Conceito: consiste na expectativa social de um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo agente. Somente haverá exigibilidade de conduta diversa quando a coletividade podia esperar do sujeito que tivesse atuado de outra forma.
XIX – EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
2. Exclusão:
Coação moral irresistível (art. 22)
Obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal (art. 22)
XIX – EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
3. Coação moral irresistível (vis relativa): é aquela que não poderia ser vencida, superada pelo agente no caso concreto. Caso reconhecida, elimina a exigibilidade de conduta diversa e, por conseqüência, a culpabilidade (não há pena).
Obs.: a coação física (vis absoluta), por outro lado, elimina a voluntariedade da ação (dolo) e, portanto, o fato típico (não há crime)
XIX – EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
4. Obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal: exclui a culpabilidade do subordinado, respondendo pelo crime apenas o superior hierárquico.
Obs.: a obediência hierárquica é aquela decorrente de relações de direito público, ou seja, obediência de funcionário público.
XIX – EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
5. Causas supralegais de exclusão de exigibilidade de conduta diversa: apesar de certa relutância jurisprudencial, verifica-sesua possibilidade em virtude do princípio nullum crimem sine culpa. 
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Conceito: ocorre concurso de pessoas quando uma infração penal é cometida por duas ou mais pessoas.
Obs.: o concurso de pessoas também é conhecido como “concurso de agentes” ou “co-delinquência”.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
2. Classificação dos crimes quanto ao concurso de pessoas:
Monossubjetivos: podem ser cometidos por uma só pessoa (concurso eventual).
Plurissubjetivos: só podem ser cometidos por duas ou mais pessoas (concurso necessário)
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Crimes plurissubjetivos – subdivisão:
De condutas paralelas: auxílio mútuo visando um objetivo comum (ex: quadrilha).
De condutas convergentes: as condutas se encontram gerando um resultado (ex: o revogado crime de adultério).
De condutas contrapostas: as pessoas agem umas contra as outras (ex: rixa)
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
2. Autoria, co-autoria e participação
2.1. Autoria: somente aquele que executa a conduta descrita no tipo penal é autor, ou seja, aquele que realiza o verbo contido no tipo penal (teoria restritiva).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
2.2. Co-autoria: ocorre quando duas ou mais pessoas, conjuntamente, praticam a conduta descrita no tipo penal.
Obs.: nos crime onde há a descrição de mais de uma conduta típica, admite-se a divisão de tarefas. Ex: roubo.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
2.3. Participação: não há a prática de qualquer das condutas típicas, mas o agente de alguma forma concorre para o crime, induzindo, instigando ou auxiliando.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Obs.: segundo o art. 29 do CP (norma de extensão), o agente que, de qualquer modo, concorre para um crime, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
O partícipe responde pelo mesmo crime que o autor ou co-autores (Teoria unitária ou monista).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Espécies de participação:
Moral: induzimento ou instigação
Material: auxílio secundário ou acessório.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Teoria do domínio do fato (não adotada pelo Código Penal): autor é quem tem o controle pleno da situação (domínio do fato), com o poder de decidir sobre sua prática ou interrupção, bem como acerca de suas circunstâncias. Para essa teoria, o mandante pode ser considerado autor (para a teoria restritiva, o mandante é partícipe).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Relevância da teoria do domínio do fato para o Direito Penal brasileiro: possui aplicação em relação ao chamado “autor mediato” – aquele que, apesar de não praticar a conduta típica, manipula terceiro, que não possui capacidade de discernimento, para que este realize tal conduta (a pessoa sem discernimento serve como instrumento do crime).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Para Damásio a autoria mediata pode resultar de:
Ausência de capacidade em face de menoridade ou doença mental
Coação moral irresistível
Erro de tipo escusável provocado por terceiro
Obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Participação impunível (art. 31): o ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio não são puníveis quando não chega a iniciar-se o ato executivo do delito. Exceção: crime de quadrilha ou bando (art. 288 do CP).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Participação em crime culposo: crimes culposos admitem co-autoria mas não admitem participação. O crime culposo tem tipo aberto, sendo típica toda conduta que descumpre o dever objetivo de cuidado. Assim, qualquer conduta, ainda que acessória, importará em quebre do dever de cuidado e, portanto, em co-autoria.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
3. Teoria unitária ou monista (adotada pelo Código Penal): todos os que contribuem para um resultado delituoso devem responder pelo mesmo crime. O CP não adotou, portanto, a teoria dualista (um crime para os autores e outro para os partícipes) nem a teoria pluralista (cada um dos envolvidos responde por delito autônomo)
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
3.1. Exceções à teoria monista:
Cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º, do CP): ocorre quando algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave. Nesse caso, aplica-se a pena prevista para este.
Obs.: A pena, no entanto, será aumentada da metade (1/2) se o resultado era previsível.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
b) Participação de menor importância (art. 29, §1º, do CP): aplica-se quando o juiz, no caso concreto, verifica que a contribuição do partícipe não merece a mesma pena dos autores do delito, por ter sido ela secundária. Nesse caso, a pena será reduzida de 1/6 a 1/3. (Não é propriamente uma exceção à teoria unitária).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
c) Aborto consentido pela gestante X aborto praticado por terceiro com o seu consentimento: a gestante responde pelo art. 124, enquanto que o terceiro, que praticou as manobras abortivas, responde pelo art. 126.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
d) Corrupção ativa X corrupção passiva: o particular que oferece a vantagem responderá pelo art. 333 (corrupção ativa), enquanto que o funcionário que a receber pelo art. 317 (corrupção passiva).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
4. Requisitos para o reconhecimento do concurso de pessoas:
Pluralidade de condutas
Relevância causal das condutas
Liame subjetivo*
Identidade de crime para todos os envolvidos
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
*LIAME SUBJETIVO: significa que o partícipe deve ter ciência de estar colaborando para o resultado criminoso visado pelo outro. É desnecessário, todavia, que haja prévio ajuste entre as partes, bastando a unidade de desígnios (que uma vontade adira à outra).
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
5. Autoria colateral X autoria incerta
a) Autoria colateral: duas pessoas querem praticar um crime e agem ao mesmo tempo sem que uma saiba da intenção da outra. O resultado, entretanto, decorre da ação de apenas uma delas. Nesse caso não há co-autoria, pois inexiste liame subjetivo. Cada um responderá individualmente por sua própria conduta.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
b) Autoria incerta: ocorre quando, na autoria colateral, não se consegue apurar qual dos envolvidos provocou o resultado. Nesse caso, a maioria da doutrina entende que ambos responderão apenas por tentativa.
XX- DO CONCURSO DE PESSOAS
Ex:
Vítima
Atirador A
Atirador B
Autoria colateral: “A” acerta a vítima, matando-a. “B” erra. “A” responde por homicídio consumado e “B” por tentativa.
Autoria incerta: “A” e “B” atiram na vítima. Esta morre em virtude de um único tiro. Não se sabe, todavia, quem a acertou. “A” e “B” respondem por tentativa.
NÃO HÁ LIAME SUBJETIVO
XXI – Comunicabilidade 	e Incomunicabilidade de Elementares e Circunstâncias
Regras do art. 30 do CP:
As circunstâncias e condições objetivas (de caráter material) comunicam-se aos partícipes desde que estes conheçam tais circunstâncias ou condições.
Obs.: circunstâncias objetivas dizem respeito ao crime e não ao criminoso. Ex.: modo de execução, lugar, momento do crime, etc.
XXI – Comunicabilidade 	e Incomunicabilidade de Elementares e Circunstâncias
b) As circunstâncias ou condições subjetivas (de caráter pessoal) não se comunicam aos partícipes, salvo quando constituírem elementares do crime (pertencentes ao próprio tipo penal).
XXI – Comunicabilidade 	e Incomunicabilidade de Elementares e Circunstâncias
c) As elementares, sejam elas subjetivas ou objetivas, comunicam-se aos partícipes, desde que conhecidas por eles.

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