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DIREITO PREVIDENIÁRIO 1 Aula 3: Aposentadoria ............................................................................................................... 2 Introdução ........................................................................................................................2 Conteúdo ................................................................................................................................ 3 Aposentadoria ..................................................................................................................... 3 Artigo 201, § 7º, da Constituição da República.............................................................. 3 Irreversíveis e irrenunciáveis ............................................................................................ 3 Aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social ................................................ 4 Aposentadoria e vinculo de emprego ........................................................................ 4 Congresso Nacional rejeita em 14/04/1994 a Medida Provisória 446 ................... 5 Atividade proposta ........................................................................................................ 6 Aprenda Mais ......................................................................................................................... 9 Referências ............................................................................................................................ 9 Exercícios de fixação .......................................................................................................... 9 Aula 3 Chaves de resposta ......................................................................................................... 12 DIREITO PREVIDENIÁRIO 2 Introdução Na presente aula, trataremos da aposentadoria no Regime Geral da Previdência Social. Objetivo: 1. Reconhecer o impacto da aposentadoria no vínculo empregatício. DIREITO PREVIDENIÁRIO 3 Conteúdo Aposentadoria Você sabe o que é a aposentadoria? A aposentadoria é a prestação por excelência da Previdência Social, juntamente com a pensão por morte. Ambas substituem, em caráter permanente, os rendimentos do segurado, e asseguram sua subsistência, assim como daqueles que dele dependem. Artigo 201, § 7º, da Constituição da República. A aposentadoria é a garantia constitucional prevista no Artigo 201, § 7º, da Constituição da República: “Artigo 201”. (...) § 7º. É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: Trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; Sessenta e cinco anos, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzida em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. §8º. “Os requisitos a que se refere o inciso I serão reduzidos em cinco anos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.”. Irreversíveis e irrenunciáveis Conforme o Artigo 181-B do Decreto 3.048, as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela previdência social, na forma desse regulamento, são irreversíveis e irrenunciáveis. DIREITO PREVIDENIÁRIO 4 O aposentado que pretenda permanecer em atividade ou a ela retornar não terá direito a novos benefícios previdenciários, exceto salário-família e reabilitação profissional (Artigo 18, § 2º, da Lei nº 8.213/1991). E o Decreto 3.048, no Artigo 103, prevê o direito ao salário-maternidade para a segurada já aposentada. Já o Artigo 173 estende a possibilidade de as prestações referidas serem concedidas aos trabalhadores avulsos. Aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social Conforme visto anteriormente, cabe concluir, nesse tema, que o Artigo 18, § 2º, da Lei nº 8.213/1991 deve ser interpretado considerando que, dentre as prestações que não podem ser geradas em razão do período de contribuição após a aposentadoria, está também uma nova aposentadoria baseada no tempo total trabalhado ou uma revisão da aposentadoria anterior pelo tempo trabalhado posteriormente (cuida-se aqui de mera diferença de discurso): “o aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado”. Aposentadoria e vinculo de emprego Vamos agora falar da aposentadoria e do vínculo de emprego. No caso das aposentadorias por invalidez, há suspensão do contrato de trabalho – Artigo 475 da CLT. Já a aposentadoria voluntaria (idade, por contribuição e especial) não extingue o contrato de trabalho. Não há obrigação do trabalhador romper o vínculo de emprego para se aposentar voluntariamente, em que pese isso trazer prejuízo ao cofre público em razão das aposentadorias precoces. DIREITO PREVIDENIÁRIO 5 São duas relações jurídicas: Uma entre o empregado e o empregador, decorrente do contrato de trabalho; Outra entre segurado e órgão gestor da Previdência, decorrente da filiação compulsória. Congresso Nacional rejeita em 14/04/1994 a Medida Provisória 446 O Congresso Nacional rejeitou em 14/04/1994 a Medida Provisória 446, de 1994, que obrigava o segurado a se desligar da empresa para obter sua aposentadoria por idade ou tempo de serviço. Hoje não há necessidade do desligamento, podendo o empregado aposentado continuar trabalhando. O STF, na ADIN 1.721, declarou a inconstitucionalidade da redação dada ao § 2º do Artigo 453 pela Lei nº 9.528, de 1997, sendo essa uma importante consequência prática do entendimento sobre a empresa, ao demitir o empregado já aposentado, dever indenizá-lo, pagando a multa sobre o montante depositado na conta fundiária. DIREITO PREVIDENIÁRIO 6 Atividade proposta Reflita sobre o texto GARCIA, Gustavo Felipe Barbosa. Aposentadoria não extingue contrato de trabalho. Aposentadoria não extingue contrato de trabalho 17 de janeiro de 2016, 8h30 Por Gustavo Filipe Barbosa Garcia Discute-se se a aposentadoria, quando definitiva e espontânea, é motivo para a extinção do contrato de trabalho. Quanto à aposentadoria por invalidez, prevalece o entendimento de ser provisória, acarretando, em regra, apenas a suspensão do contrato de trabalho. Nesse sentido, a Súmula 160 do Tribunal Superior do Trabalho prevê que “cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei”. O entendimento mais tradicional era de que a aposentadoria definitiva seria uma causa natural de término do vínculo de trabalho, como se observa na hipótese de servidores estatutários. A Lei 8.112/1990, ao dispor sobre os servidores públicos civis da União, prevê que a vacância do cargo público decorre de aposentadoria (art. 33, VII). Anteriormente, o Tribunal Superior do Trabalho entendia que “a aposentadoriaespontânea extingue o contrato de trabalho, mesmo quando o empregado continua a trabalhar na empresa após a concessão do benefício previdenciário” (Orientação Jurisprudencial 177, cancelada em outubro de 2006). A corrente oposta sustenta que a aposentadoria, de acordo com o sistema jurídico em vigor, não é causa de extinção do contrato de emprego[1]. Nesse sentido, cabe destacar que os dispositivos legais sobre as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial autorizam o empregado a requerê- DIREITO PREVIDENIÁRIO 7 las, passando a receber os respectivos valores, sem ter de se desligar do trabalho (arts. 49, 54 e 57, § 2º, da Lei 8.213/1991)[2]. Com isso, se o empregado tem a faculdade de permanecer trabalhando normalmente no mesmo emprego, a aposentadoria não mais pode ser vista como causa de cessação do contrato de trabalho. Apenas se o empregado quiser se demitir ao se aposentar, ou o empregador decidir dispensá-lo sem justa causa, é que a relação de emprego pode terminar, mas não em razão da aposentadoria propriamente. Confirmando o exposto, de acordo com a Orientação Jurisprudencial 361 da SBDI-I do TST: “Aposentadoria espontânea. Unicidade do contrato de trabalho. Multa de 40% do FGTS sobre todo o período. A aposentadoria espontânea não é causa de extinção do contrato de trabalho se o empregado permanece prestando serviços ao empregador após a jubilação. Assim, por ocasião da sua dispensa imotivada, o empregado tem direito à multa de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósitos efetuados no curso do pacto laboral” (DJ 20.05.2008). Logo, a aposentadoria, em si, não acarreta o término do vínculo de emprego, mesmo porque, caso contrário, o trabalhador ficaria sem a devida proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, a qual é exigida pela Constituição Federal de 1988 (art. 7º, inciso I). Trata-se da posição mais atual e adequada quanto ao tema, seguida pelo Supremo Tribunal Federal (conforme Ações Diretas de Inconstitucionalidade 1.770 e 1.721), uma vez que a relação jurídica sobre aposentadoria, de natureza pública, entre segurado e Previdência Social, não interfere na relação de trabalho, entre empregado e empregador. Nesse sentido, cabe transcrever o seguinte julgado: “Previdência social: aposentadoria espontânea não implica, por si só, extinção do contrato de trabalho. 1. Despedida arbitrária ou sem justa causa (CF, art. 7º, I): viola a garantia constitucional o acórdão que, partindo de premissa derivada DIREITO PREVIDENIÁRIO 8 de interpretação conferida ao art. 453, caput, da CLT (redação alterada pela L. 6.204/75), decide que a aposentadoria espontânea extingue o contrato de trabalho, mesmo quando o empregado continua a trabalhar na empresa após a concessão do benefício previdenciário. 2. A aposentadoria espontânea pode ou não ser acompanhada do afastamento do empregado de seu trabalho: só há readmissão quando o trabalhador aposentado tiver encerrado a relação de trabalho e posteriormente iniciado outra; caso haja continuidade do trabalho, mesmo após a aposentadoria espontânea, não se pode falar em extinção do contrato de trabalho e, portanto, em readmissão. 3. Precedentes (ADIn 1.721- MC, Ilmar Galvão, RTJ 186/3; ADIn 1.770, Moreira Alves, RTJ 168/128)” (STF, 1ª Turma, RE 449.420-5/PR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 14.10.2005). Como se pode notar, a relação previdenciária, em síntese, é autônoma do vínculo trabalhista. [1] Cf. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 820-824. [2] Cf. GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de direito da seguridade social. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 490-497. Chave de resposta: Só é efetivo o reconhecimento da desaposentação quando for dispensável a restituição das parcelas recebidas em decorrência de aposentadoria anterior, concedida em razão do reconhecimento de um direito fundamental adquirido. Só assim estará concretizada a manifestação do direito fundamental à Previdência Social. DIREITO PREVIDENIÁRIO 9 Aprenda Mais Referências IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. Niterói: Impetus, 2015. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 13. Ed. Niterói, RJ: Impetus. 2011. VIANA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. Ed. Atlas, 2014. Exercícios de fixação Questão 1 Elizabeth, professora universitária, se aposentou por idade em 01/01/2007, entretanto continuou exercendo suas atividades laborativas na Universidade na qual possui contrato de trabalho desde 2002. Em maio de 2016, Elizabeth acabou sofrendo uma queda quando estava na academia se exercitando. Ao ser encaminhada à emergência, contatou-se que Elizabeth havia quebrado o tornozelo, sendo necessária uma cirurgia. Elizabeth necessitará de 25 dias para seu total reestabelecimento. Diante da situação hipotética, NÃO é correto afirmar: Material complementar Para saber mais sobre as decisões do STF em relação à desaposentadoria, leia esta reportagem, disponível em nossa biblioteca virtual. Para saber mais sobre pedido de desaposentadoria, leia a reportagem, disponível em nossa biblioteca virtual. DIREITO PREVIDENIÁRIO 10 A. Elizabeth terá direito a 15 dias de auxílio-doença pagos pelo empregador. B. Elizabeth não terá direito a auxílio doença pago pelo RGPS. C. Elizabeth não terá direito a nenhum benefício (nem por parte do empregador nem por parte do RGPS), pois já é aposentada. D. Não é possível acumulação da aposentadoria com auxílio-doença. O auxílio- doença será negado em razão da existência da aposentadoria por tempo de contribuição. Questão 2 Claudia é aposentada pelo RGPS e retornou à atividade na qualidade de empregada, razão pela qual passou a sujeitar-se novamente às contribuições previdenciárias. Marque a alternativa correta sobre o caso: a) Apesar de voltar a contribuir, Claudia não terá direito ao auxílio-doença, se manifestar incapacidade temporária para o trabalho. b) Apesar de voltar a contribuir, Claudia não terá direito ao salário- maternidade c) Voltando a contribuir, poderá ter direito à uma segunda aposentadoria. d) Voltando a contribuir, fará jus ao benefício do pecúlio. Questão 3 Jurema, empregada doméstica, aposentou-se por tempo de contribuição, em janeiro de 2016, mas continuou trabalhando para sua empregadora. Ao longo de toda sua vida profissional, Jurema nunca teve tempo para realizar o seu grande sonho de ser mãe. Agora que está aposentada e possui uma fonte de renda extra, Jurema decidiu adorar uma criança. Analise a questão hipotética e assinale a opção correta: A. Pelo fato de Jurema ser empregada doméstica, o contrato de trabalho dela não poderia ter sido mantido diante da concessão da aposentadoria. DIREITO PREVIDENIÁRIO 11 B. Jurema não terá direito à licença-maternidade. C. Não é possível acumulação da aposentadoria com a licença-maternidade. A licença-maternidade será negada em razão da existência da aposentadoria por tempo de contribuição. D. Como Jurema manteve o vínculo empregatício, ela terá direito à licença- maternidade, pois é um benefício mantido mesmo no caso da segurada ser aposentada. Questão 4 Manuel é aposentado pelo RGPS e retornou à atividade na qualidade de contribuinte individual, razão pela qual passou a sujeitar-se novamente às contribuições previdenciárias. Marque a alternativa correta sobre o caso:a) Voltando a contribuir, Manuel terá direito ao auxílio-doença, se manifestar incapacidade temporária para o trabalho. b) Apesar de voltar a contribuir, Manuel não terá direito à reabilitação profissional. c) Voltando a contribuir, poderá ter direito à uma segunda aposentadoria. d) Voltando a contribuir, poderá se desaposentar a qualquer momento. Questão 5 De acordo com a Lei nº 8.213/91, no tocante ao salário-família, é correto considerar: A. O aposentado por invalidez terá direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria. B. O valor da cota do salário-família é paga por filho ou equiparado de qualquer condição, até quinze anos de idade ou inválido de qualquer idade. C. A cota do salário-família é incorporada ao salário ou ao benefício para efeito de pagamento de 13º salário. DIREITO PREVIDENIÁRIO 12 Aula 3 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: O STJ se posicionou, em dezembro de 2013 (AgRg no REsp 1261041), defendendo a desaposentação não se tratar de verdadeiro pedido de revisão de aposentadoria, e, portanto, ser insuscetível à decadência. Questão 2 - A Justificativa: Artigo 18, § 2º, da Lei nº 8.213/1991, o aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que permanecer em atividade sujeita a esse regime, ou a ele retornar, não fará jus à prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado. Questão 3 - D Justificativa: Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento (STJ Resp 1334.448). Questão 4 - B Justificativa: O STJ (AgRg no REsp 1261041) se posicionou instruindo sobre a desaposentação não ser considerada revisão de aposentadoria, sendo, portanto, insuscetível à decadência e podendo ser requerida a qualquer momento. Questão 5 - A Justificativa: O STJ (AgRg no REsp 1261041) se posicionou instruindo sobre a desaposentação não ser considerada revisão de aposentadoria, sendo, DIREITO PREVIDENIÁRIO 13 portanto, insuscetível à decadência e podendo ser requerida a qualquer momento.
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