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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS APELAÇÃO N° 0709410-76.2017.8.07.0001 SÃO MAURÍCIO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SÃO GERALDO EMPREEDIMENTOS IMOBILIÁRIOS E ROSSI RESIDENCIAL S/A, já qualificadas nos autos da ação INDENIZATÓRIA, movida por Breno Coelho Nascimento e outro, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 105, inciso III, Alíneas “A” e “C” da Constituição Federal e em observância ao Artigo 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil interpor o presente RECURSO ESPECIAL, pelas razões anexas, requerendo seu regular processamento e admissão com a consequente remessa ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça para o devido julgamento. Requer-se ainda a juntada do comprovante de recolhimento das custas relacionadas ao preparo recursal que acompanham a presente petição, para os devidos fins. Por fim, requer que todas as intimações e publicações sejam destinadas ao advogado THIAGO MAHFUZ VEZZI, inscrito na OAB/DF 47.506, com escritório situado na Avenida Paulista, 171, 8º andar, Bela Vista, São Paulo - SP, anotando-se o nome deste na contracapa dos autos, sob pena de nulidade. Termos em que, pede deferimento. Distrito Federal, 13 de março de 2018. EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL Recorrentes: SÃO MAURÍCIO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, SÃO GERALDO EMPREEDIMENTOS IMOBILIÁRIOS E ROSSI RESIDENCIAL S/A Recorridos: BRENO COELHO NASCIMENTO e ANNY ELKY SILVA COELHO Apelação nº 0709410-76.2017.8.07.0001 Origem: 7ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal Colendo Superior Tribunal de Justiça, Eminentes Ministros, SÍNTESE DA CONTROVÉRSIA E DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO Alegou a parte autora, ora Recorrida que adquiriu a unidade 103 – Bl. 18 junto ao Edifício Rossi Parque Nova Cidade I, localizado na cidade de Valparaíso/GO. Afirma ainda que adquiriu uma unidade dentro de um condomínio fechado, com segurança 24 horas, área de lazer completa, quadra de esportes e praça de convivência, porém, ao receber as chaves do imóvel, percebeu que foi vítima de propaganda enganosa, já que as áreas comuns de lazer não estavam em conformidade com a publicidade do imóvel. Relatou ainda que foi prometido que as Recorrentes arcariam com o pagamento do ITBI, porém, para receber as chaves foi compelido ao pagamento do imposto e taxa, bem como ao apagamento de R$1.700,00, o que entende ser indevido. Superada a fase probatória foi proferida sentença procedente em parte para condenar as Recorrentes nos seguintes termos: “Diante de todo o exposto, julgo PROCEDENTES EM PARTE os pedidos formulados pelos autores para condenar as demandadas solidariamente: 1) ao pagamento aos autores da quantia de R$ 3.000,00, em dobro, corrigida pelo índice adotado por esta Corte desde o desembolso (01/08/2012, ID nº 7165363), e acrescida de juros de mora de 1% desde a citação, até o efetivo pagamento; 2) a indenizar aos autores os valores pagos a título de Juros de Obra, após a entrega das chaves, constantes do documento de ID nº 7165361, corrigidos pelo índice adotado por esta Corte desde o desembolso de cada parcela (discriminadas no documento citado), e acrescidos de juros de mora de 1% desde a citação, até o efetivo pagamento; 3) a pagar aos autores a quantia de R$ 35.426,14, a título de danos materiais, corrigida pelo índice adotado por esta Corte desde a propositura da ação, e acrescida de juros de mora de 1% a partir da citação, até efetivo pagamento. Os demais pedidos são improcedentes, nos termos da fundamentação supra. Em consequência, resolvo o feito, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I do Código de Processo Civil. Em face da causalidade, e considerando a sucumbência experimentada pelos autores, condeno as partes ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios, os quais fixo em 10% sobre o valor da condenação, na proporção de 20% para a parte autora e 80% para a parte ré. Ressalte-se que, em relação aos autores, a cobrança dos encargos de sucumbência restará suspensa, em face da gratuidade de justiça anteriormente deferida. Registre-se que os honorários advocatícios devem ser corrigidos pelo índice adotado por esta Corte, desde a prolação desta sentença, e acrescidos de juros de mora de 1%, a partir do trânsito em julgado. Transitada em julgado, proceda-se nos termos do art. 100 do Novo Provimento Geral da Corregedoria desta Corte. Publique-se. Intimem-se.” Irresignadas, as partes recorreram dessa decisão, ocasião em que o acórdão manteve incólume os termos da sentença proferida, razão pela qual se faz necessária a interposição do presente recurso. Por estas razões, é imperiosa a interposição deste recurso, com vistas única e exclusivamente a suscitas a este E. Tribunal que exerça sua função monofilática frente ao V. Acórdão atacado violar entendimento já consolidado nesta Corte. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO PREQUESTIONAMENTO Para que sejam admitidos os recursos de índole extraordinária, compostos pelo Recurso Especial, necessário ter havido prequestionamento da matéria que se deseja recorrer, sendo pressuposto indispensável à admissibilidade do recurso. No caso em tela, toda matéria posta em discussão neste C. Superior Tribunal de Justiça foi prequestionada no decorrer deste processo. Sendo certo o prequestionamento da matéria, vez que o E. Tribunal já se manifestou acerca do quanto debatido nesses autos, vale mencionar o entendimento jurisprudencial já consagrado por este E. Sodalício. “Para que haja o prequestionamento da matéria é necessário que a questão tenha sido objeto de debate, à luz da legislação federal indicada, com a imprescindível manifestação pelo Tribunal de origem, o qual deverá emitir juízo de valor acerca dos dispositivos legais, ao decidir pela sua aplicação ou seu afastamento em relação a cada caso concreto.” (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REsp 964.278-RS (2007/0146872-8) – Ministro Relator: Castro Meira) Desse modo, tendo a questão ora discutida nesse recurso ter sido ventilada e debatida durante toda a instrução processual e junto ao D. Tribunal, resta claro que a matéria está prequestionada, autorizando assim a apreciação deste reclamo pelo Colendo Tribunal Superior. Assim, face à contrariedade dos dispositivos supra mencionados do Código de Processo Civil e do Código Civil, prova-se que a manutenção do v. acórdão, que reformou a r. sentença de primeiro grau, para determinar a devolução dos valores pagos a titulo de indenização pela desvalorização do imóvel e dos valores dispendidos com ITBI e Juros de Obra deve ser reformada, em respeito ao entendimento já consolidado desta I. Corte. INOCORRÊNCIA DO REEXAME DE PROVAS Igualmente, não tem aplicação ao caso o enunciado n. 7 da Súmula desse Col. Superior Tribunal de Justiça, uma vez que a Recorrente não pretende o reexame de matéria de fato. O que se verifica é que, sob as questões de fato bem delineadas pelo V. Acórdão recorrido, o E. Tribunal a quo contrariou os artigos 421 e 422, além de divergir da jurisprudência dominante desta Corte. Não é necessário, inclusive, rever todo o substrato fático do caso, até porque a questão contida no recurso especial é puramente de direito. Para constatar as violações aqui mencionadas, basta à leitura do recurso da recorrente, das contrarrazões da Recorrida e do V. Acórdão recorrido. A questão, que será abordada com a profundidade necessária mais adiante, gira em torno da concepçãodo que o E. Tribunal a quo concebe como culpa pelos vícios apontados na inicial na análise do quadro sub judice e o que esta Alta Corte concebe sobre o mesmo quadro processual. Não se pretende discutir as provas produzidas, tampouco o modo como foram concebidas, QUER-SE DISCUTIR QUAL O CONTORNO JURÍDICO DAS CONCLUSÕES QUE DELA SE EXTRAEM POR QUALQUER INTÉRPRETE. Diante disso, resta insofismável que o presente recurso em nada pretende reexaminar fatos ou provas, sem em nada esbarrar no impedimento da Súmula 7 deste E. Sodalício, pois a interpretação do E. Tribunal a quo é diametralmente oposta ao entendimento deste E. Superior Tribunal de Justiça. O provimento do presente recurso importa na preservação da lei infraconstitucional e da construção jurisprudencial promovida pelos quatro cantos do país e uniformizada por este elevado órgão jurisdicional. Nessa toada, restará demonstrada a estrita legalidade que pautou a conduta desta recorrente. RAZÕES DE REFORMA PELA ALÍNEA “A” DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL a) Ofensa aos artigos 421 e 422 do Código Civil – Previsão Contratual Em que pese o entendimento do nobre e culto Relator prolator do V. Acórdão recorrido, certo é que a r. decisão proferida se revela dissonante com o artigo 421 e 422 do Código Civil. “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. “Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Segundo Maria Helena Diniz (1), tal princípio se justifica porque "o contrato, uma vez concluído livremente, incorpora-se ao ordenamento jurídico, constituindo uma verdadeira norma de direito". No caso em tela a parte Recorrida argumentou quanto à suposta cobrança indevida dos juros de obra e ITBI, alegando que o tributo e os juros de obra são de responsabilidade das Recorrentes. Entretanto, a parte Recorrida não pode se esquivar da obrigação desses pagamentos, já que de acordo com o contrato esses pagamentos são de responsabilidade dos compromissários compradores, não sendo possível transferir à obrigação as empresas. Deste modo, não se pode falar em ressarcimento do valor pago a título de ITBI e Juros de Obra. Neste sentido, havendo no contrato de compra e venda deste imóvel cláusula transferindo para o comprador a obrigação ao pagamento do tributo e dos juros de obra, desde que essa cláusula esteja em consonância com a função social do contrato e respeite princípios básicos como direito à informação e boa-fé objetiva, tal cláusula e legal e deverá ser observada. Não bastasse, as cláusulas contratuais estão de acordo com a legislação atual, isto porque, as restrições legais para retenção de valores ou abusividade de cláusulas contratuais, previstas nos artigos 51, inciso IV e artigo 53, ambos do Código de Defesa do Consumidor, não se enquadram no caso dos autos, pois não há abusividade a ensejar a nulidade de cláusulas e as mesmas estão devidamente redigidas, não dando azo a qualquer dúvida. A revisão/anulação do contrato em nosso direito é exceção à regra vigente, qual seja do princípio da força vinculante dos contratos. As alterações que poderão ocorrer só se darão por vício do ato ou pela via excepcional da revisão. Tem-se buscado implantar a imagem de que seja o Código de Defesa do Consumidor, seja o Código Civil, criaram mecanismos que autorizam modificar o contrato ou cláusulas deste, desde que seja mais benéfico ao consumidor. Ledo engano; a Lei, como é cediço, não contém palavras inúteis e o direito à revisão contratual está consagrado no inciso V, do artigo 6º, da Lei nº 8.078/90, do Código de Defesa do Consumidor, o qual diz textualmente: “A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”. (grifo nosso) Como visto a lei consumerista, tanto aquela civil não se afastou dos princípios romanos que informam a teoria da imprevisão oriunda da denominada cláusula rebus sic stantibus que, como é do conhecimento de todos bem assim entendimento de todos, exige como pressuposto para o direito à revisão do contrato a superveniência de fato novo, imprevisível, capaz de gerar um desequilíbrio na equação econômico financeira que orientou as partes no momento da contratação. Assim WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO ensina: “A intervenção judicial só é autorizadora, porém, nos casos mais graves e de alcance muito geral. Para que ela se legitime, harmonizando o rigorismo contratual, necessária a ocorrência de acontecimentos extraordinários e imprevistos, que tornem a prestação de uma das partes sumamente onerosa. MARIA HELENA DINIZ assinala: É, portanto, imprescindível uma radical, violenta e inesperada modificação da situação econômica e social, para que se tenha revisão do contrato que se inspira na equidade do princípio do justo equilíbrio entre os contratantes”. O princípio da Boa Fé Objetiva deve ser respeitado por aqueles que contratam validamente entre si, sejam pessoas físicas ou jurídicas, desde que não ocorra causa excepcional e imprevista que autorize a revisão judicial ou que uma das partes não tenha sido cientificada de todas as implicações decorrentes da afirmação do contrato, o que não ocorreu no caso em tela. Firmado o contrato, este se torna perfeito e acabado e desde então, não se tem conhecimento de fato novo que resulte na presença de pressupostos de admissibilidade para ação revisional. Nem, tampouco houve, no caso em tela, qualquer vício de consentimento capaz de nulificar o contrato estando-se diante de um ato jurídico praticado com livre manifestação de vontade por agentes capazes, sendo o objeto lícito, com regras definidas e previamente ajustadas, pois não há proibição legal com relação à contratação realizada. As cláusulas celebradas não são ilegais nem ilícitas, não havendo se cogitar de fim social. Não pode o recorrido repudiar cláusulas expressamente ajustadas, pretendendo sua nulidade e ao mesmo tempo beneficiar-se de outras cláusulas que lhe são satisfatórias, sob pena de os contratos se tornarem impraticáveis e inválidos. Desta forma, bem se vê a necessidade de reforma do v. acórdão, motivo pelo qual requer-se a admissibilidade do presente recurso. b) Ofensa ao artigo 373, I do Código de Processo Civil Noutro norte, houve por via de consequência da prestação jurisdicional em desacordo com os dispositivos de lei material acima apontado, inobservância quanto à disposição do art. 373, I, do Código de Processo Civil, de modo que, indubitavelmente não restou demonstrado pela Recorrida qualquer dano em decorrência dos vícios apontados. Assim, disciplinado o art. 373, I, do CPC, que incumbe a parte autora, ora Recorrida o ônus de comprovar os fatos que subsidiam sua pretensão, e não tendo os Magistrados das instâncias inferiores exigido a aplicação de tal dispositivo, mesmo diante do prequestionamento apontado pelas Recorrentes, restou evidenciado a violação também a este dispositivo legal, situação que também deverá passar sob o crivo deste tribunal superior, a fim de afastar a procedência dos pedidos objeto desta lide. DOS FUNDAMENTOS E MOTIVOS DE REFORMA COM SUPEDÂNEO NO ARTIGO 105, INCISO III, ALÍNEA “C” DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Excelências, de início cumpre salientar que o entendimento esposado pelo acórdão recorrido confronta O ENTENDIMENTO DESTA I. CORTE, conforme se verá adiante, pois esse assunto já foi discutido e diverge do entendimento desta Corte. É de se referir que o acórdãorecorrido violou frontalmente o artigo 105, III, c da CF, pois inúmeros acórdãos de outros Tribunais, especialmente desse E. STJ já acolheu o entendimento contrário ao prolatado no acórdão recorrido. Assim, no que tange ao pedido de revisão do V. Acórdão com base na jurisprudência e entendimento desta Nobre Corte, as Recorrentes pedem vênia para acostar ao presente recurso cópia das decisões proferidas pelo E. Superior Tribunal, nos seguintes julgamentos, em relação à possibilidade de excluir as indenizações anteriormente fixadas, principalmente no que tange aos juros de obra e ITBI. Acertadas decisões, cujas integras seguem colacionadas, merecem ser pormenorizadas nestas linhas a fim de demonstrar sua flagrante paridade com o caso em comento, e neste giro, reiterar, não só o cabimento deste recurso, como também ratificar as razões pela qual deve ser acolhido para determinar a exclusão dos danos morais pelas Recorrentes. DO COTEJO ANALÍTICO DIFERENCIAÇÃO NOS POSICIONAMENTOS Acórdão Recorrido Acórdãos Paradigma CÍVEL E DIREITO DO CONSUMIDOR. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ILEGITIMIDADE PASSIVA. REJEITADA. JUROS DE OBRA. ATRASO DA ENTREGA DO IMÓVEL. DANOS MATERIAIS. DEVIDOS PELA CONSTRUTORA. NÃO INCIDÊNCIA DO DANO MORAL. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS. NÃO ACOLHIDO. RECURSOS DESPROVIDOS. 1 - A Incorporadora Rossi Residencial, bem como a São Geraldo e a São Maurício Empreendimentos Imobiliários possuem responsabilidade solidária pelo compromisso de construção e entrega do imóvel residencial adquirido, possuindo os autores legitimidade para postular em juízo em desfavor dos contratados, não havendo relação com o Síndico. 2 - O Código de Defesa do Consumidor rege- se pelo princípio da boa-fé inserida na relação contratual, não só com vistas a resguardar à proteção do hipossuficiente na relação jurídica, mas também para garantir o “INDENIZAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO. VAGA PRIVATIVA DE GARAGEM. QUADRA INTERNA DE ESPORTES. PUBLICIDADE ENGANOSA. DANOS MATERIAIS. ITBI. I - A apelação do autor foi interposta após o transcurso do prazo legal, sendo manifestamente intempestiva. II - A oferta de vaga privativa de garagem e de quadra interna de esportes no empreendimento residencial não foi cumprida pelas rés, ficando caracterizada a publicidade enganosa, que vincula o fornecedor e integra o contrato, arts. 30 e 37, § 1º, do CDC, por isso devem arcar com o pagamento de indenização por danos materiais decorrentes da desvalorização do imóvel. III - A responsabilidade do comprador pelo pagamento do ITBI está expressamente prevista no contrato de financiamento celebrado entre as partes e a Caixa Econômica Federal, razão pela qual improcede o pedido de restituição da quantia paga. IV - Apelação do autor não conhecida. Apelação das rés parcialmente provida. equilíbrio da relação de consumo havida entre as partes, que se enquadram nos conceitos de consumidor e fornecedor previstos nos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. 3 - Verificado que houve cobrança excessiva, mostra-se devido o ressarcimento dos juros de obra que se estenderam após a entrega das chaves. 4 - Houve violação do princípio da boa-fé objetiva, porquanto os promitentes vendedores veicularam propaganda que arcariam com o pagamento dos impostos e taxas, motivo pelo qual recaiu a repetição de indébito para restituir em dobro a cobrança extracontratual. 5 - Os danos materiais restaram verificados ante a propaganda enganosa de que o imóvel seria constituído por área de lazer e vaga de garagem privativa, quando na entrega, constatou-se inexistir garagem e que a construção da área de lazer foi em área pública. 6 - Não há que se falar em dano moral se os dissabores e as chateações decorreram de situações de vida comum que regem as relações em sociedade. 7 – Os honorários advocatícios foram corretamente estipulados com fulcro no art. 86, do NCPC, porquanto verificado que cada litigante restou, em parte, vencedor e vencido. 8 - Recursos conhecidos. Preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelos 1º Recorrentes rejeitada; e no mérito, negou-se provimento a ambos os recursos. Unânime. (Acórdão n.1052543, 20160111083247APC, Relator: VERA ANDRIGHI 6ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 04/10/2017, Publicado no DJE: 10/10/2017. Pág.: 464/482).” ******************************* “APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. COMPRA E VENDA IMÓVEL. COMISSÃO DE CORRETAGEM. COBRANÇA. NOVO ENTENDIMENTO. REPETITIVOS (STJ). RESP 1599511/SP E RESP 1551951/SP. CLÁUSULA EXPRESSA NO CONTRATO. NECESSIDADE. TRANSFERÊNCIA AO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE. JUROS DA OBRA. CONTRATO DE FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA FIDUCIÁRIA. COBRANÇA. PREVISÃO CONTRATUAL. RESPONSABILIDADE DA RÉ. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO (CPC/2015, ART. 373, I). PRETENSÃO DESGUARNECIDA DE LASTRO FÁTICO-MATERIAL. VAGA DE GARAGEM PRIVATIVA E QUADRA ESPORTIVA NO INTERIOR DO CONDOMÍNIO. DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS EXPRESSAS. DEVER DE INFORMAÇÃO NÃO VIOLADO. BOA-FÉ CONTRATUAL PRESERVADA. PROPAGANDA ENGANOSA. NÃO OCORRÊNCIA. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. DIREITOS DA PERSONALIDADE NÃO MACULADOS. SENTENÇA REFORMADA. IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS INICIAIS. INVERSÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. IMPERIOSIDADE. HONORÁRIOS RECURSAIS (CPC, ART. 85, § 11). CONFORMAÇÃO À NOVA SISTEMÁTICA. EXIGIBILIDADE SUSPENSA. PARTE SUCUMBENTE BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA (CPC/2015, ART. 98, § 3º). 1. Conforme definido recentemente pelo sodalício Superior, por meio de precedentes firmados em sede de julgamento de recursos repetitivos - REsp 1599511/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2016, DJe 06/09/2016 e REsp 1551951/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2016, DJe 06/09/2016 -, é válida a cláusula de transferência da obrigação ao consumidor obrigação de pagar a comissão de corretagem nos contratos de promessa de compra e venda de unidade autônoma em regime de incorporação imobiliária, desde que previamente informado o preço total da aquisição da unidade autônoma, com o destaque do valor da comissão de corretagem. 1.1. No particular, não merece guarida o recurso da parte autora no ponto, haja vista que, conforme se verifica às fls. 50 e 73 dos autos, o contrato deixa clara a responsabilidade das autoras pelo pagamento correlato, o valor total do imóvel, e a porcentagem correspondente ao serviço de corretagem, denotando, desse modo, que as compradoras tinham plena ciência do valor total do bem e do valor que deveriam pagar a título de corretagem, mostrando-se lícito, portanto, o pactuado. Ademais disso, a proposta de reserva - Cotação 0020308790, de 20/07/2013 (fl. 50) - prevê expressamente COM. CORRETOR: 3,500% R$3.762,50 e PRÊMIO CORRETOR: 0,837% R$900,00. 1.2. Desse modo, percebe-se insofismavelmente que as autoras tinham conhecimento acerca da cobrança pertinente à comissão de corretagem, tendo inclusive pactuado sobre o ponto de forma bastante clara e elucidativa no sinalagmático que enlaça as partes, não configurando, no caso à baila, qualquer abusividade e/ou ilegalidade no ajuste. 2. Quanto aos juros da obra, depreende-se dos elementos fático-probatórios constantes dos autos que as autoras, ao firmarem a operação de mútuo com obrigações e alienação fiduciária em garantia - Contrato nº 855552784022, fls. 79/112- foram informadas dos encargos mensais incidentes sobre aquele financiamento (Cláusula sétima e respectivos parágrafos - fls. 87/89), neles inclusos os eventualmente juros da obras. 2.1. Além de não se aferir, no caso concreto, qualquer ilegalidade pertinente aos juros da obra cobrados das autoras com base no aludido contrato de financiamento imobiliário concertado com a Caixa Econômica Federal - CEF, também não constam nos autos elementos de prova aptos a imputar à ré a responsabilidade pelos juros em comento (CPC/2015, art. 373, I), os quais são exigidos diretamente pela instituição financeira fiduciária - terceira não integrante da presente relação processual. 2.2. Desse modo, não há que se falar em ilegalidade do pagamento dos juros de obra e tampouco de repetição de indébito quanto a tal valor, já que a ré não pode devolver, em dobro, quantias que foram pagas a terceira pessoa (CEF). Assim, resta desguarnecida de lastro fático-material a pretensão das autoras nesse sentido. 3. Aparte autora sustenta que lhe é devida indenização por danos materiais decorrentes da ausência de vaga de garagem e de quadra esportiva, alegando a ocorrência de propaganda enganosa relacionada a tais pontos. 3.1. Importante observar que, conquanto a presente causa se subsuma sobretudo aos comandos emanados das normas consumeristas, devendo haver informações adequadas ao logo de toda a relação estabelecida entre as partes, no particular apura-se que não houve afronta ao dever de informação dos produtos que estavam sendo oferecidos às consumidoras. 3.2. Vale destacar que a mencionada proposta de reserva não aponta nenhuma vaga de garagem privativa em prol das autoras. Na proposta de reserva do imóvel negociado há indicação de um apartamento, mas zero vaga de garagem (fl. 50). 3.3. Denota-se que, no caso em desate, não houve propaganda enganosa atinente às vagas de garagem do condomínio, encontrando-se as autoras, desde a fase preliminar do respectivo contrato, devidamente informadas que não tinham vaga de garagem privativa [0 Vaga(s)]. A avença entabulada, de maneira bem evidente, também esclareceu que as vagas de garagem daquele condomínio seriam de uso comum dos condôminos. 3.4. Em relação à quadra de esportes construída do lado de fora do condomínio, melhor sorte não assiste às autoras, uma vez que não ficou demonstrada a obrigação contratual de edificação da referida quadra dentro do empreendimento. Outrossim, no documento juntado à fl. 124, a área de lazer relativa à quadra poliesportiva ali evidenciada corresponde a empreendimento diverso daquele discutido nos autos. 3.5. Nesse descortino, infere-se que as autoras não se desincumbiram, a contento, do encargo de comprovar suas alegações, à inteligência do disposto no artigo 373, inciso I, do CPC/2015. Do conjunto fático-probatório coligido nos autos, apura-se que a ré não infringiu nenhuma norma tuteladora das relações de consumo, pelo contrário, agiu pautada no instrumento contratual que rege o negócio ajustado entre as partes. 3.6. Precedentes: Acórdão n.1014413, 20140111359149APC, Relator: SIMONE LUCINDO 1ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 27/04/2017, Publicado no DJE: 11/05/2017. Pág.: 138-153 e Acórdão n.888799, 20140110754938APC, Relator: TEÓFILO CAETANO, Revisor: SIMONE LUCINDO, 1ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 12/08/2015, Publicado no DJE: 27/08/2015. Pág.: 153. 4. Não é devida a indenização por danos morais, uma vez que não se constatou qualquer violação a direitos da personalidade, não havendo nem mesmo descumprimento contratual no caso em análise. Mesmo que houvesse mero descumprimento contratual, não sendo o caso dos autos, tal fato não tem aptidão, ordinariamente, para atingir os direitos da personalidade, limitando-se a dissabor, irritação, contrariedade sem repercussão na esfera íntima a ensejar compensação a título de danos morais. 5. Em face da sucumbência decorrente da improcedência dos pedidos iniciais, condeno as autoras ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios, os quais arbitro em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, na forma do artigo 85, § 2º, do CPC/2015, devendo ser observada, porém, a suspensão da exigibilidade, porquanto deferido em prol das autoras os benefícios da assistência judiciária gratuita (CPC/2015, art. 98, § 3º). 5.1. Em acréscimo, levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, majoro em 5% (cinco por cento) os honorários advocatícios retro fixados, à exegese do art. 85, § 11, do CPC/2015, cuja exigibilidade também fica suspensa pela mesma razão supramencionada. 6. RECURSO DAS AUTORAS CONHECIDO E NÃO PROVIDO. RECURSO DA RÉ CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. (Acórdão n.1049750, 20150110356752APC, Relator: ALFEU MACHADO 1ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 27/09/2017, Publicado no DJE: 02/10/2017. Pág.: 148-158).” Com isso, claro está que as alegações das Recorrentes merecem guarida, pois, pelo cotejo analítico imposto pela alínea “C” do artigo 105, III da Constituição Federal, norma que também fundamenta o presente recurso, facilmente chega-se à conclusão de que realmente houve equívoco dos Nobres Julgadores do E. Tribunal a quo quando do julgamento do decisum ora combatido. Assim, deverá o acórdão hostilizado sanar a contradição apontada face às decisões deste Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Ante o exposto, requer seja provido o presente recurso, reconhecendo a divergência jurisprudencial acima destacada, determinando a exclusão da indenização mantida pelo V. acórdão ou subsidiariamente sua redução, de acordo com os parâmetros condizentes com a jurisprudência desta Corte. DOS PEDIDOS Diante do exposto, patente à ocorrência de razão de admissibilidade do presente Recurso Especial (alíneas “A” e “C”, do inciso III do Artigo 105 da Constituição Federal), como visto. Por esse motivo, requerem as Recorrentes seja conhecida sua irresignação. Assim, requer seja om presente Recurso Especial admitido pelas alíneas “A” e “C”, do inciso III do Artigo 105 da Constituição Federal, e presentes seus pressupostos, requer seja encaminhado ao Colendo Superior Tribunal de Justiça, para que dele conheça, e no mérito, lhe seja dado provimento para reformar o V. Acórdão recorrido, com o fito de determinar determinando a exclusão das indenizações mantida pelo V. acórdão. Por derradeiro, requer que todas as intimações e publicações sejam destinadas ao advogado THIAGO MAHFUZ VEZZI, inscrito na OAB/DF 47.506, com escritório situado na Avenida Paulista, 171, 8º andar, Bela Vista, São Paulo - SP, anotando-se o nome deste na contracapa dos autos, sob pena de nulidade. Termos em que, pede deferimento. Distrito Federal, 13 de março de 2018.
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