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Prévia do material em texto

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA REGIONAL DE... – (ESTADO)
Tutela antecipada
BÁRBARA REGINA DE SOUZA SILVA, brasileira, solteira, advogada, portadora da carteira de identidade de nº XXXXXXXX, inscrita no CPF sob o nº 700.806.241-97, residente e domiciliada na Rua Maria Alice, Quadra 58, Lote 40, apt. 202, Setor Vila Rosa – Goiânia - GO, vem, através de seu advogado, cujas eventuais intimações/publicações deverão ser endereçadas ao Dr. XXXXXXXXXX, com inscrição na XXXXXXX e endereço na Rua XXXXXXXXX, apto XXXXXX, XXXXXX, cep: XXXXXXX, XXXXXXXX – xx, propor a presente:
AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL C/C INDENIZATORIA DE DANOS MORAIS C/C PEDIDO LIMINAR PELO RITO ORDINARIO
em face de:
YYYYYYY., inscrita no CNPJ nº..., com sede na Rua..., CEP:... – Gávea – Rio de Janeiro – RJ e ZZZZZZZZZZZZ, inscrita no CNPJ nº..., com sede na Av...,... -... –..., CEP..., pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
1. Registre-se, primeiramente, que a autora é (profissão), despende gastos com dois condomínios, aluguel, transporte, financiamento imobiliário, observa-se que inexiste necessidade de tais despesas tendo em vista que o imóvel encontra-se pronto, com habite-se, faltando apenas as chaves para que ela possa mudar-se definitivamente e pare de saldar despesas sempre multiplicadas.
2. Nesse contexto, afirma para os fins do art. 4º da Lei nº 1.060/50, com a redação dada pela Lei 7.510/89, que não possui recursos suficientes para arcar com as custas do processo e honorários de advogado, sem prejuízo de seu próprio sustento, fazendo-se valer da gratuidade de justiça.
3. Vale transcrever o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em sua pacífica jurisprudência, que assim discorre:
“Ementa: Apelação cível. Gratuidade de justiça. Pedido formulado em sede de contestação. Processo julgado extinto com apreciação do mérito eis que a ré satisfez espontaneamente o pleito autoral de entrega de documentos. Condenação pelo juízo a quo de pagamento pela ré dos ônus sucumbenciais. Omissão de análise ao requerimento do benefício da gratuidade. Inconformismo da ré, ora apelante. Princípios da efetividade (art. 37, CF/88) e da celeridade e economia processual (art. 5º LXXVIII CF/88) que devem prevalecer na hipótese sobre a letra do art. 514 CPV. Lide composta entre as partes. Apelada que reconhece a miserabilidade da apelante, Omissão a quo suprida. Gratuidade deferida. Condenação sucumbencial que prevalece conforme art. 12 Lei 1060/50. Recurso provido na forma do art. 557 § 1º - A do CPC.” (Apel. Cív. Nº2009.002.30884, 5ª Câmara Cível, Rel. Des. CRISTINA TEREZA GAULIA, grifou-se)
4. Por essa razão requer, o réu em sua resposta, o deferimento do benefício da gratuidade de justiça (doc. Anexo).
DOS FATOS
5. A autora celebrou contrato de compromisso de compra e venda em 08/10/2013 com a ré YYYYYYY, referente à compra de um imóvel no condomínio denominado “MALIBU”, sendo o apartamento de número 6008 com uma vaga na garagem, pelo montante de R$ 295.770,32 (duzentos e noventa e cinco mil, setecentos e setenta reais e trinta e dois centavos).
6. O pagamento seria feito com um sinal de R$ 7.519,71 e sete parcelas de R$ 2.000,00, conforme acordado contratualmente, entretanto, os valores das parcelas enviados para pagamento foram de R$ 2.142,85 (além de multas e juros por eventuais atrasos), divergindo do contrato. Por fim, seria paga uma parcela única de R$ 5.000,00 em 08/06/2014, a qual foi paga no valor de R$ 5.178,38, e outra final em 08/11/2016 no valor de R$ 1.000,00, restando um saldo de R$ 268.250,61, conforme cláusula g.6 do referido contrato.
7. Nesta linha, a autora deveria pagar o valor de R$ 27.519,71, conforme estipulado em contrato, mas pagou o valor de R$ 28.943,26. Não bastasse, foi informada, conforme docs. Anexos, que o habite-se seria dado em 30/09/2014, o que foi sendo adiado junto com a entrega das chaves, prolongando ainda mais o direito da parte autora.
8. Ressalte-se que, o saldo devedor seria financiado pelo banco Bradesco, através de carta de crédito, no valor estipulado em contrato. Entretanto, em flagrante abuso e desrespeito com a consumidora, tal valor pulou de R$ 268.250,61 para astronômicos R$ 369.156,57, mais de cem mil reais de diferença, quase a metade do valor do imóvel.
9. Sendo assim, a autora atravessa uma verdadeira via crucis para conseguir a liberação da carta de crédito, visto que as rés, em cada contato, aumentam o valor do saldo devedor, impossibilitando o processo para que a autora consiga a referida carta a fim de quitar tal débito, pois o banco necessita de um valor concreto para conceder o crédito.
10. Desta forma a autora pagou conforme DOC (X) condomínio do apartamento na qual deveria estar morando, paga aluguel de outro imóvel sem qualquer obrigação pois possui lugar para residir, possui o “habite-se” e pasmem corre o risco de ser despejada a qualquer momento do imóvel, pois trata-se de um contrato verbal feito pela autora e o locatário.
3. A ADESIVIDADE CONTRATUAL E SEUS EFEITOS JURÍDICOS
11. A doutrina e a jurisprudência, em uníssono, atribuem aos negócios celebrados entre a Autora e as rés o caráter de contrato de adesão por excelência. Tal modalidade de contrato obviamente subtrais a uma das partes contratantes a aderente praticamente toda e qualquer manifestação da livre autonomia na vontade de contratar, constrangendo à realização de negócio jurídico sem maiores questionamentos.
12. Felizmente, o Direito reserva grande proteção à parte aderente, cuja expressão de vontade limitasse à concordância quanto as cláusulas previamente estabelecidas. A legislação pátria disciplina, especificamente no CDC (arts. 54 e 18 & 2o) os contratos de adesão, estabelecendo normas que coíbem a usura e banem o anatocismo.
13. Nos contratos de adesão, a supressão da autonomia da vontade é inconteste. Assim o sustenta o eminente magistrado ARNALDO RIZZARDO, em sua obra Contratos de Crédito Bancário, Ed. RT 2a ed. Pag. 18, que tão bem interpretou a posição desfavorável em que se encontram aqueles que, como a Autora, celebraram contatos de adesão junto ao banco, in verbis:
“Os instrumentos são impressos e uniformes para todos os clientes, deixando apenas alguns claros para o preenchimento, destinados ao nome, à fixação do prazo, do valor mutuado, dos juros, das comissões e penalidades.”
14. Assim, tais contratos contém mesmo inúmeras cláusulas redigidas prévia e antecipadamente, com nenhuma percepção e entendimento delas por parte do aderente.
15. Efetivamente é do conhecimento geral da pessoas de qualidade média os contratos bancários não representam natureza sintagmática, porquanto não há válida manifestação ou livre consentimento por parte do aderente com relação ao suposto conteúdo jurídico, pretensamente, convencionado com o credor.
16. Em verdade, não se reserva espaço ao aderente para sequer manifestar a vontade. A empresa ré se arvora o direito de espoliar o devedor. Se não adimplir a obrigação, dentro dos padrões impostos, será esmagado economicamente.
17. Não se cuida de dificuldades surgidas no curso de um contrato de empréstimo bancário, muito menos de modificações operadas pela desatada inflação, velha e revelha, antiquíssima, mas do desrespeito e da infidelidade da empresa ré, já no momento mesmo da celebração do contrato, ávido pela exploração consciente da desgraça alheia, rompendo-se, no seu nascedouro, a noção de boa-fé e dos bons constumes.
18. Necessidade, falta de conhecimento, indiferença, ingenuidade, tudo concorre para tornar mais fraca a posição do cliente. Em face dele, a empresa, autora do padrão de todos os seus contratos, tem a superioridade resultante destas deficiências, da posição do cliente, bem como a s vantagens da sua qualidade de ente organizado e, em muitos caso poderosos, em contraste com a dispersão em muitos casos, debilidade social e econômica dos consumidores.
4. VEDAÇÃO DE CLÁUSULAS ABUSIVAS NOS CONTRATOS
19. Pretende a Autora a revisão judicial do contrato celebrado, a fim depurgá-lo das suas impurezas jurídicas, colocando as partes contratantes na legítima e necessária igualdade.
20. Não prevalecerá a máxima pacta sunt servanda em uma relação contratual como a presente, nascida por parte da Ré de exercício desmedido do alto poder de barganha oriundo do monopólio financeiro detido pelas financeiras e bancos em geral, e por parte da Autora da fragilidade negocial e da absoluta supressão da autonomia da vontade.
21. O cotejo entre o enunciado de diversos artigos esparsos no Código civil e as peculiaridades atinentes aos contratos sub judice conduzem à hermenêutica precisa, pautada na boa-fé, nas necessidades de crédito e nos princípios de eqüidade.
22. Relativamente às obrigações oriundas de contratos de adesão, a estipulação deve ser interpretada sempre da maneira menos onerosa para o devedor “in dubbis quod minimum est sequimur”, as cláusulas duvidosas interpretam-se sempre a favor de quem se obriga (ver RT 142/620- 197/709 e 237/654-)
23. Na relação jurídica em tela, cuja revisão se pretende, a manifestação de vontade da Autora limitou-se à adesão. Em razão disso a sua interpretação deve ser realizada com observância estreita da norma contida no art. 85 do Ccivil, o qual apresenta uma regra geral de interpretação dos negócios jurídicos.
“Art. 85- Nas declarações de vontade se atenderá mais à sua intenção que ao sentido literal da linguagem.”
24. Quando a Autora celebrou com a Ré indigitado contrato, acreditou ser corretos os encargos financeiros que lhe estavam sendo exigidos, certo de que a Ré o fazia em fases estritamente legais. Foram, porém, induzido em erro.
25. É este o caso típico de error juris, que, afetando a manifestação de vontade, traduz-se em vício do consentimento. Não busca a Autora se evadir ao cumprimento de sua parte na avença, busca, apenas, pela autorização que a própria lei lhe confere, corrigir tanto o excesso quanto o desvio da finalidade contratual, urdidos na supressão na supressão de sua autonomia volitava.
26. A revisão integral da relação contratual pretendida pela Autora, pois, respalda-se também no art. 167 do C. Civil, inserido no título que disciplina as modalidades dos atos jurídicos: in verbis:
“Art. 167 - É nulo o negócio jurídico simulado (…).”
27. O artigo supra transcrito contempla de forma inequívoca e explicita a proibição quanto ao abuso e a arbitrariedade que marcaram o procedimento das Rés na avença celebrada.
28. O que se pretende nesta lide, em suma, é a revisão de todos os valores objeto da relação jurídica entre as partes, desde o primeiro contrato celebrado, já que uma apenas a relação de crédito, para que se expurguem os encargos ilegais a quaisquer títulos de sorte que a Autora pague às Rés apenas o que lhe for real e legalmente devido, de conformidade com a legislação específica.
29. Não se pode admitir a prática usurária por parte de quem como a Ré detenha alto poder negocial conferido pelo monopólio econômico.
30. Verdade é que as contraprestações embutem taxas de juros e encargos elevadíssimos, tanto pelos índices quanto pelo cálculo composto. A invocação de existência de cláusula contratual, como suposto autorizativo para a cobrança de juros além dos permitidos legalmente, é insubsistente; cuida-se ai não de jus dispositivum, mas de direito cogente:
31. A proibição do anatocismo jus cogens, prevalece ainda mesmo contra convenção expressa em contrário.
32. Não apenas não poderá persistir a Ré na cobrança de juros abusivos, mas pelo mesmo fundamento legal estará obrigada à devolução de quanto lhe houver a Autora pago indevidamente a tal título. Tudo na forma do art. 394 e segs. Do Código Civil e os estatuídos no decreto n. 22.626 e na Lei 1521/51.
33. A usura em todas as suas modalidades, não apenas é enfaticamente repudiada, como é punida e enquadrada dentre os crimes contra a economia popular - Decreto 22.626/33-Súmula 121 STF.
34. O anatocismo é condenado em uníssono por nossos tribunais, como bem mostra a jurisprudência abaixo colacionada, simples exemplo (dentre outras) de um caudal de decisões convergentes e meridiana.
35. Em síntese, a jurisprudência e a doutrina são tranquilas e remansosas sobre a questão:
36. A capitalização de juros (juros de Juros), é vedada pelo nosso direito, mesmo quando expressamente convencionada, não tendo sido revogada a regra do art. 4o do Decreto n. 22.626/33 pela Lei n. 4.595/64 (Resp n. 1.285-GO, da 4a ST. STJ, rel. Min. Dr. Sálvio de Figueiredo, v. U. DJ de 11/12/89)
37. A Constituição de 1988, impondo limites à taxas de juros em percentuais de 12% aa, nega vigência a toda legislação infraconstitucionais em que vislumbre aparente permissão para o abuso do poder econômico ou para o aumento arbitrário do lucro pela cobrança desmedida de juros e demais encargos. E, ainda, retifica a validade de lies que enunciam limitações ao desmando do poderio econômico como o próprio Código Civil, o Decreto 22.626/33 e a Lei 80.78/90.
38. Em respeito ao princípio de hierarquia das leis, nenhuma lei complementar poderá pretender a elevação do teto legal de 12%aa.
39. No tocante à correção monetária, asseveram a Autora que esta só poderá ser corretamente calculada mediante a aplicação dos índices oficial, que efetivamente reflitam a inflação.
40. E, é esta uma norma de ordem pública, que não pode ser violada pela eleição de outros indexadores, como pretende a Ré através da redação da cláusula contratual a respeito de tal tópico.
41. Destaca-se que a TR não é admissível, porque foi criada como referenciado de juros, e, além disso, é produto do mercado financeiro, sem idoneidade para regular os demais setores da economia nacional.
42. Vale mencionar que o Colendo Supremo Tribunal Federal declarou a INCONSTITUCIONALIDADE da TR bem como a impossibilidade de sua aplicação como indexador, por ocasião da apreciação da Ação direta de Inconstitucionalidade dos arts. 18 (caput e & 1o e 4o & único, todos da Lei n. 8.177 de 10/03/91).
43. Restando, assim, evidenciado que as instituições bancárias e financeiras não mais poderão aplicar TR como indexador, especialmente porque, segundo os doutrinadores constitucionalistas, a derrubada do veto presidencial ao § 2o, do art. 18, da Lei n. 8.880/94, determina a aplicação de tal artigo não apenas em matéria de crédito agrícola, mas tem todos os setores da economia nacional.
44. Idêntico tratamento é o que pleiteia a Autora nesta lide, busca amparo no Poder Judiciário para que sejam coibidas tentativa usurárias e ilegais de exigir-lhe valores cobrados com base em índices diversos do IGP-M e superiores à taxa de juros legais linearmente computados.
45. Dentre as técnica de repressão ao abuso do poder econômico ou à eventual superioridade de um das partes em negócios que interessam à economia popular (como in casu) encontre-se o instituto da presunção, a necessidade para que se presuma, por parte do aderente, a falta de cognoscibilidade suficiente quando ao alcance do constrito.
46. Milita, pois, em favor da Autora a presunção de que desconhecia o conteúdo lesivo do contrato à época em que foi celebrado, opera-se de plano a inversão do ônus da prova.
47. Nesse diapasão é o entendimento do preclaro mestre Paulo Luiz Neto Lobo, que assevera a posição de desvantagem da Autora como determinante da presunção que vem operar a inversão do ônus da prova contra a Ré.
DO DANO MATERIAL
48. Resta claro, conforme documentos acostados, que a autora, não podendo habitar o imóvel adquirido, mas já pagando a taxa de condomínio do mesmo, fora obrigada a permanecer no imóvel em que era domiciliada.
49. Tal imóvel figurava em contrato de aluguel entre a autora e locatário. Porém, o referido contrato já se encontrava vencido e não renovado, tendo a autora que contar com a boa-fé do locatário que assim a deixou morar mesmo com o contrato fora de vigência.
50. É flagrante o desrespeito com a autora, visto que nem mesmo podia residir ou locar o imóvel que comprara já pagando a taxa de condomínio e com o prazo de 180 dias para entrega extraplado, incorrendo,desta forma, a incidência da indenização por lucros cessantes no caso em tela deve ser correspondente ao período em que a autora ficou privada de usufruir do imóvel ou de explorá-lo economicamente.
51. Nesta linha, vale citar julgamento da terceira turma cível do TJ/DF:
“CIVIL. CONSUMIDOR. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ATRASO NA ENTREGA DA OBRA. CASO FORTUITO. NÃO COMPROVAÇÃO. LUCROS CESSANTES. OCORRÊNCIA. COMISSÃO DE CORRETAGEM. DEVOLUÇÃO. INVERSÃO DE MULTA CONTRATUAL. IMPOSSIBILIDADE. Não havendo qualquer prova da ocorrência de caso fortuito para o atraso na entrega do bem, deve à construtora ser responsabilizada. Este Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de que o atraso na entrega de imóvel causa lucro cessante ao adquirente, que deixa de auferir lucro com o aluguel ou é impedido de reduzir suas despesas com o pagamento de aluguel de outro imóvel para residir, independentemente de prova da efetiva locação. Inexistindo previsão contratual expressa de cobrança de taxa de corretagem do adquirente do bem, a sua exigência é indevida. A cláusula contratual direcionada ao comprador do imóvel não pode ser invertida em desfavor da construtora, por caracterizar, juntamente com a condenação a lucros cessantes, dupla compensação pecuniária pelo atraso na entrega da unidade. Recurso parcialmente provido.” (Rec. 2012.10.1.005480-9, Ac. 689.072, Terceira Turma Cível do TJ/DF, Rel. Des. ESDRAS NEVES, DJDFTE 04.07.2013, p. 166 – grifou-se)
52. Desta sorte, vale lembrar que a autora ficara, ao mesmo tempo pagando seu aluguel de um contrato já vencido, dependendo exclusivamente da boa-fé do locatário e ainda pagando a taxa de condomínio do imóvel já adquirido.
53. Vale ainda citar julgamento do TJ/ES no mesmo sentido:
“49150283 – APELAÇÃO. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL. LUCROS CESSANTES. ATRASO NA ENTREGA DE IMÓVEL. CARACTERIZAÇÃO. JULGAMENTO ULTRA PETITA. VALOR DO EFETIVO PREJUÍZO. JULGAMENTO EXTRA PETITA. PREJUDICIALIDADE EXTERNA. I – O atraso na entrega de imóvel pelo período de 25 meses é fato caracterizador de dano material, que se revela nos lucros cessantes, a teor do artigo 402 do Código Civil. II – Demonstrada a ilegalidade da privação da posse de imóvel, presume-se a ocorrência de lucros cessantes em favor do seu proprietário, correspondentes aos aluguéis que deixou de auferir no período. Trata-se de situação que, vinda da experiência comum, não necessita de prova (art. 335 do CPC). Precedentes. III – O aluguel fixado como forma de composição dos lucros cessantes, deve representar o valor do dano sofrido à época do efetivo prejuízo não o valor atual. Valores corrigidos monetariamente a partir da data do prejuízo, (Súmula nº 42 do STJ), com incidência de juros legais a partir da citação, a teor do artigo 405 do Código Civil. LV – Havendo ação judicial em curso para efeito de compelir os proprietários originais do imóvel objeto da incorporação a assinar a escritura respectiva, inviabiliza-se o comando judicial neste sentido na presente ação. V – Recurso conhecido e parcialmente provido.” (Apel. Cív. Nº 35060063696, Quarta Câmara Cível do TJ/ES, Rel. Des. MAURÍLIO ALMEIDA DE ABREU, DJES 11.02.2011, p. 106 – grifou-se).
54. Insta salientar que a autora não pretende a rescisão do negócio jurídico, mas sim ter a posse do apartamento que fora negociado e parcialmente pago e direito aos lucros cessantes de acordo com o tempo que não pôde usufruir do mesmo devido a atraso na entrega por parte da primeira ré.
55. Pretende a autora que tais lucros cessantes incidam a partir da data que fora informada pela primeira ré para entrega do imóvel, constante na descrição geral, item E, página nove do contrato, que seria em 30/07/2014, pois sendo de pleno direito que, a partir de tal, a autora já poderia usufruir do imóvel, morando ou locando o mesmo para arcar com as dívidas da onde reside pagando aluguel.
DA EXTRAPOLAÇÃO DO PRAZO DE 180 DIAS PARA ENTREGA DO BEM
56. Frise-se que a data convencionada para entrega do imóvel foi de 30/07/2014. Computando-se o prazo de 180 dias a contar da data da entrega, já tem-se mais 180 dias e a autora não teve a entrega das chaves, pois deveriam ter sido feitas até 30 de janeiro do corrente ano.
57. Há farta jurisprudência neste sentido, restando claro o direito pretendido da autora, pois já fora ultrapassado em dobro o prazo previsto para entrega computados os 180 dias de tolerância.
58. Desta sorte, verifica-se tamanho dano, não só material, mas moral, que autora vem sofrendo neste período, contando com a boa-fé do locatário do imóvel onde reside, sem sequer poder morar no imóvel que comprara ou mesmo locá-lo para custear sua moradia.
59. Destarte, segue jurisprudência que tal direito:
“EMENTA: APELAÇÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. COMPRA E VENDA DE IMÓVEL NA PLANTA. CLÁUSULA CONTRATUAL COM PREVISÃO DE DUAS DATAS PARA ENTREGA DO BEM, HAVENDO AINDA PRORROGAÇÃO DO PRAZO POR 180 DIAS. EM SE TRATANDO DE DIREITO DO CONSUMIDOR, TAIS IMBRÓGLIOS TEMPORAIS HÃO DE SER INTERPRETADOS EM SEU FAVOR. ATRASO INJUSTIFICADO NA ENTREGA DO BEM. PRAZO DE 180 DIAS ULTRAPASSADO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM RAZOAVELMENTE FIXADO EM R$ 12.000,00. ABUSIVA A CLÁUSULA CONTRATUAL QUE ESTIPULA EXCLUSIVAMENTE AO CONSUMIDOR SANÇÃO EM CASO DE MORA, FICANDO ISENTO O FORNECEDOR EM SITUAÇÃO DE ANÁLOGO DESCUMPRIMENTO. BEM APLICADA MULTA EM DESFAVOR DO FORNECEDOR. SENTENÇA QUE SE CONFIRMA. RECURSO DESPROVIDO.” (Agravo Interno – Apel. Cív. Nº 0013421-27.2011.8.19.0209, Rel. Des. FERNANDO CERQUEIRA CHAGAS, RJ 08.04.2015).
.-.-.-.
“EMENTA: Apelação Cível. Direito do consumidor. Rito ordinário. Aquisição de unidade imobiliária. Atraso na entrega de imóvel adquirido na planta por período um pouco superior a 2 meses, computando-se o prazo de prorrogação de 180 dias. Pela teoria do risco do empreendimento, aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes dos seus negócios, independentemente de sua culpa, pois a responsabilidade decorre da atividade de produzir, distribuir e comercializar ou executar determinados serviços. Se da promessa de compra e venda consta data certa e determinada para a entrega das chaves e demonstrado não ter sido observado tal prazo, tem-se por caracterizada a mora do promitente vendedor, independentemente da interpelação por parte dos promitentes compradores, visto que a mora da construtora se dá ex re e não depende de prévia notificação.” (Embargos de Declaração em Recurso de Apelação nº 0215540-48.2013.8.19.0001, Rel. Des. MURILO KIELING, j. 22.07.2015.
60. Nesta linha, resta claro o referido atraso na entrega, sendo devidas não só as referidas taxas pagas por tal período de atraso bem como os lucros cessantes decorrentes do atraso na entrega do bem.
COMPETE AO PREDISPONENTE PROVAR QUE O ADERENTE TEVE FACILITADOS OS MEIOS DE COMPREENSÃO E CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES GERAIS DO CONTRATO
61. A inversão do ônus da prova expressamente prevista em lei ocorre também por força da qualidade de consumidor de serviço de que se reveste a Autora, nos moldes da Lei n. 8.078/90 - verbis:
“Art. 6º- São direitos básicos do consumidor:
VIII- a facilitacão da defesa de seus direitos, INCLUSIVE COM A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, A SEU FAVOR, NO PROCESSO CIVIL, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou QUANDO FOR ELE HIPOSSUFICIENTE, seguindo as regras ordinárias de experiências.
Art. 51= São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
VI= Estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor.”
62. Destarte, além da apresentação pela Ré,. Em juízo, de todos os elementos que se refiram à negociação celebrada com a Autora, como vias originais do contrato e os extratos do débito com os respectivos históricos a prova de fatos que porventura arredem a responsabilidade da Requerida a este caberá com exclusividade.
63. Por tudo que se expôs,conclui se pela ilegalidade das cláusulas contratuais leoninas e abusivas, cujo adimplemento ensejaria à Ré execrável enriquecimento sem causa.
64. Impõe-se, pois, a revisão da relação contratual, com o conseqüente ajuste do pactuado aos moldes legais, declarando se a nulidade e a conseqüente inexigibilidade de quanto sobeje ao valor efetivamente devido pelo Auto Ré. Impõe-se, ainda, a devolução em dobro nos termos do art. 876 do Código Civil de tudo quanto tenha à Ré cobrado da Autora indevidamente, conforme também o autoriza o CDC (§ único do art. 42)
65. Dos fatos e do direito acima expendidos, infere-se que já houve lesão do direito da Autora sob vários aspectos.
66. Também decorre dos mesmos a constatação de que a manutenção dos pagamento dos valores cobrados indiscriminadamente a Autora, já tão espoliado na relação jurídica colocada sub judice, ampliará o dano a si causado pela Ré e tornando dificílima a sua reparação
67. A Ré como todas as constituições financeiras do País dispõe de mecanismos de coação contra os clientes e financiados em geral, e os utiliza sem escrúpulos para ver-se satisfeita em suas pretensões, e o mais temido desses expedientes consiste na oposição de restrições creditais contra aqueles que, como a Autora, ousam discutir e índices de e encargos.
68. Tais restrições implicam na inclusão do nome da pessoa e dos avalistas desta nas chamada listas negras do Banco Central e cadastros do SCPC. Há também a possibilidade de apresentação, para protesto, de títulos de crédito vinculado aos contratos.
69. Os efeitos nefastos de tais expedientes são arrasadores, sendo certo que, principalmente em relação ao SCPC, há mais de uma modalidade de registro negativo, de comunicação interbancária: muitas vezes, mesmo após a satisfação do suposto crédito,, o registro da antiga restrição não é de imediato cancelado e vem a persistir, embaraçando o antigo devedor na iminência de celebrar novo negócio financeiro.
70. É por demais injusto que as instituições financeiras e bancárias possam concentrar tanto poder sobre a vida creditícia dos financiados, é este um motivo a mais para quebrantar o ânimo dos devedores quanto à discussão dos valores inescrupulosamente exigidos.
71. Aqueles que se encontram na posição da Autora, e buscam o amparo do Poder Judiciário, virão a sofrer maiores prejuízos financeiros e morais ante a lentidão e morosidade da máquina judiciária. E para sanar situações como esta é que o legislador criou a possibilidade de antecipação da tutela pretendida. Leve-se em considerações, ainda que nossos Tribunais, através de decisões, também têm repudiado tal procedimento das instituições financeiras, tal como o ora praticado pela Ré contra a Autora. E, dentre todas, e para evitar maior delongas, eis:
CENTRAL DE RESTRIÇÕES NEGATIVAÇÃO JUNTO ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS COAÇÃO INDEVIDA LIMINAR MANTIDA
“Estando em discussão a legitimidade do crédito, correta a decisão que manda sustar a negativação do devedor junto à central de Restrições e que o impede, na prática, a qualquer operação bancária e comercial. Precedentes da Câmara a respeito do CADIN. Aplicação do art. 42 do Código de defesa do Consumidor.” (AI nº 195.155.551m da 4ª Câm. Cív. Do E. TACRS, j. Em 14.12.95, Rel. Dr. NOACIR LEOPOLDINO.
.-.-.-.
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO
Enquanto discute-se o título e seus valores, não pode ser considerado o devedor inadimplente, razão pela qual mantém-se a decisão que, liminarmente, proibiu o agravante de fazer constar o agravado nos cadastros restritivos de crédito.” (AI nº 196.213.938, 3ª Câm. Civ. Do E. TACRS, Rel. GASPAR MARQUES BATISTA)
72. Considere-se ainda, que a Autora está sendo vítima de crime de usura como se demonstrará no curso da lide não podendo sofrer prejuízos por causa da atividade ilegal da Ré. E, ele goza de excelente reputação e seu bom nome comercial é ilibado, busca, pois, socorro ante esta Corte, em se levando em consideração a existência de investida inescrupulosa por parte da Ré poderá trazer danos ao bom nome do demandante, e o seu nome é o maior patrimônio, jamais poderá sofrer qualquer abalo.
73. Impõe-se, no caso vertente, antecipação da tutela que deve compreender dito objeto da relação contratual em apreço, até que fique definidamente fixado o quantum debeatur, determinando que a Ré se abstenha de efetuar e/ou providencie o cancelamento de imediato qualquer tipo de lançamento ou restrição junto ao SCPC, SERASA-Banco central e Cartório de Protesto em seu nome e do seu avalista.
5. DA TUTELA ANTECIPADA
74. Já temos o habite-se, a autora efetua o pagamento do condomínio na qual adquiriu, atualmente encontra-se morando de aluguel sem contrato, acordo elaborado de maneira verbal já tendo sido avisada que se o locatário precisar do imóvel terá que despeja-la. Para a concessão da tutela antecipada necessário se faz a comprovação da verossimilhança das alegações.
75. A “fumaça do bem direito”, o “fumus boni iuris”, esta presente no habite-se e no pagamento do condomínio conforme (Doc X) anexo.
76. Já o “perigo da demora”, ou seja o “periculum im mora”, emerge do fato de que, caso não seja esta deferida, a requerente deverá a continuar pagando o condomínio e a qualquer momento poderá ser despejada do imóvel na qual reside de aluguel conforme (Doc X) anexo.
77. Caso no seja deferida a tutela antecipa a fim da entrega das chave as despesas com aluguel, condomínio e demais insumos necessários fará com que a autora passe por dificuldades ainda maiores, vez que sua situação financeira esta indo de mal a pior.
78. Contudo, diante de tais atos e fatos o deferimento da tutela antecipada é a única forma que a requerente de ver-se protegida desta ilegalidade.
6. DANO MORAL CRITÉRIOS PARA O BALIZAMENTO
79. Comprovado o ato ilícito, caracterizados o dano e o nexo causal, resta, então, a fixação do quantum indenizatório. A extensão e a intensidade dos danos morais, resultantes dos fatos anteriormente descritos, devem ser cuidadosamente examinadas por esse MM. Juízo.
80. Em primeiro lugar, em se tratando de dano moral, já se consolidou o entendimento de que a sua fixação pode ficar ao arbítrio do magistrado.
81. Assim, a toda evidência, o magistrado livre ficará para arbitrar o quantum indenizatório, atento às premissas que a doutrina e a própria jurisprudência utilizam para apontar o valor devido. Nesse particular, vale indicar, a título exemplificativo, três aspectos que devem ser levados em consideração: primeiro, a situação econômica do ofensor e o potencial lesivo da sua conduta; segundo, os aborrecimentos e o desrespeito sofridos pela demandante; e terceiro ― e o mais importante nesse caso ―, o caráter punitivo da indenização, com o propósito de educar o ofensor, na tentativa de evitar a repetição de ofensas dessa natureza, infelizmente cada vez mais comuns.
82. Pois bem, na hipótese específica, a posição econômica da PORTO SEGURO é pujante. Trata-se uma das maiores seguradoras do Brasil. Se não for condenada em valores compatíveis com sua situação econômica, continuará a proceder, perante seus consumidores, da mesma forma que atuou perante o ora demandante.
7. DANO PUNITIVO
83. Após tamanhos aborrecimentos, mais do que uma compensação pelos danos sofridos, o suplicante espera obter através desta ação uma decisão de cunho educacional, que possa servir como um exemplo de que a sociedade não aguenta mais ser destratada por estas companhias.
84. Em casos como o dos autos, a doutrina admite que o valor da indenização compensatória seja aumentado, de modo a atribuir à condenação imposta ao fornecedor de serviços um caráter punitivo, capaz de desestimular a reiteração de atos atentatórios contra os direitos dos consumidores, frequentemente praticados. Confira-se:
“A responsabilidade civil deve preocupar-se não apenas com o dano já consumado e a sua reparação, mas também com a prevenção do dano. (…) 7. A indenização punitiva atende a dois objetivos principais bem definidos que a distinguem da indenização de natureza compensatória:a punição (no sentido de retribuição) e a prevenção (através da dissuasão). (…) Pune-se o ofensor como forma de prevenir a reiteração do comportamento lesivo.” (ANDRÉ GUSTAVO CORRÊA DE ANDRADE, Dano Moral e Indenização Punitiva, Forense, Rio de Janeiro, 2006, pp. 158, 253, 336/337 – grifou-se e destacou-se)
85. Dessa forma, a autora requer que ao valor da condenação a ser imposta as empresas rés seja acrescido montante de cunho educacional, a título de danos punitivos.
8. DA APLICAÇÃO DO C. D. C – INVERSÃO DO ONUS DA PROVA
86. Em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o artigo 333, incisos I e II do Código de Processo Civil.
87. O Código de Defesa do Consumidor, representando uma atualização do direito vigente e procurando amenizar a diferença de forças existentes entre pólos processuais onde se tem num ponto, o consumidor, como figura vulnerável e noutro, o fornecedor, como detentor dos meios de prova que são muitas vezes buscados pelo primeiro, e às quais este não possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a inversão do ônus da prova justamente em face desta problemática.
88. Havendo uma relação onde está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes, como de fato há, este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei no. 8.078-90, principalmente no que tange aos direitos básicos do consumidor, e a letra da Lei é clara.
89. Ressalte-se que se considera relação de consumo a relação jurídica havida entre fornecedor (artigo 3ºda LF 8.078-90), tendo por objeto produto ou serviço, sendo que nesta esfera cabe a inversão do ônus da prova quando:
“O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que foi hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de aplicação do princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de consumo (CDC 4º, I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os participes da relação de consumo. O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio constitucional da isonomia, na medida em que trata desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela própria Lei.” (NELSON NERY JÚNIOR et al, Código de Processo Civil Comentado, 4ª ed., Revista dos Tribunais, 1999, p. 1805, nota 13).
90. Diante exposto com fundamento acima pautados, requer a autora a inversão do ônus da prova, incumbindo o réu à demonstração de todas as provas referente ao pedido desta peça.
10. PEDIDOS
91. Por todo exposto, requer o segue:
I – seja deferida em caráter liminar a entrega das chaves para imediata entrada no imóvel, inaudita altera pars, uma vez que estão presentes todos os requisitos necessários que ensejam o deferimento da medida;
II – seja efetuada a citação dos Réus para querendo responder aos termos da presente, caso não o faça seja decretada a revelia do demandado;
III – seja deferido o pedido de gratuidade de justiça requerido;
IV – seja mantido por todo o exposto o valor compactuado no contrato para o restante do cumprimento do contrato;
V – seja deferida a indenização por danos morais, a ser valorada pelo M. M Juiz;
VI - que seja determinada a inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, da Lei. 8.078, de 11 de setembro de 1990;
VII – pagamento de lucros cessantes a contar data prevista para entrega, sendo esta em 30/07/2014;
VIII – restituição da taxa de corretagem paga no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais).
92. Por fim protesta pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos.
93. Dá-se ao valor da causa de R$ XXXXXXXXX
Nestes termos.
Pede deferimento.
Local, Data e ano
ADVOGADO...
OAB...

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