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CAMILA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE A responsabilidade civil pela perda de uma chance tem origem na França, no final do século XIX, onde surgiu a expressão “perte d’une chance”. Trata-se de um tema ainda relativamente novo na doutrina e na jurisprudência pátria, porém que vem ganhando aplicabilidade pelos tribunais brasileiros. A questão apresentada cuida de nova vertente na responsabilidade civil: a possibilidade de reparação pela perda de uma chance. Em outras palavras, o ressarcimento pela perda da oportunidade de conquistar determinada vantagem ou evitar certo prejuízo. O caso mais antigo registrado referente à reponsabilidade pela perda de uma chance foi em 1911, um caso inglês conhecido como Chaplin V. Hicks, em que a autora da ação estava entre as cinquenta finalistas de um concurso de beleza, e teve sua chance interrompida pelo réu, uma vez que o mesmo não a deixou participar da última etapa do concurso; e, em razão disso um dos juízes alegou que a autora teria 25% de chances de ser a vencedora, aplicando a doutrina da proporcionalidade. No Brasil, essa teoria vem adquirindo muitos adeptos e por não haver disposição no Código Civil Brasileiro de 2002, é fundamentada pela doutrina e na jurisprudência. Conforme a teoria, o que é indenizável é a probabilidade séria de obtenção de um resultado legitimamente esperado e impedido por ato ilícito do ofensor. Ou seja, o dano se concretiza na frustração de uma esperança, na perda de uma oportunidade viável e real que a vítima esperava, já que a conduta ilícita interrompeu o curso normal dos acontecimentos antes que a oportunidade se concretizasse. Entretanto, não basta a mera possibilidade da ocorrência da oportunidade, já que danos potenciais ou hipotéticos não são indenizáveis. É essencial que se demonstre a seriedade da chance perdida, que deve ser real. Na lição de Raimundo Simão de Melo ( in Caderno de Doutrina e Jurisprudência da Ematra XV, v.3, n.2, março/abril 2007 ), na reparação por perda de uma chance, a comprovação do prejuízo se faz com o nexo de causalidade, ainda que parcial, entre a conduta do réu e a perda da chance, e não propriamente com o dano definitivo (vantagem que se deixou de ganhar). No entanto, muitas vezes, os pedidos na Justiça são feitos de forma inadequada, buscando-se indenização pela perda da vantagem esperada e não pela perda da oportunidade de obter a vantagem ou de evitar o prejuízo. Isto porque, o que se indeniza é a possibilidade de obtenção do resultado esperado. Como consequência, ensina o doutrinador, o valor da indenização a ser fixado pelo julgador deve ter como parâmetro o valor total do resultado esperado e sobre este deverá incidir um coeficiente de redução proporcional às probabilidades de obtenção desse resultado. Ou seja, com base nas provas produzidas e na sua convicção, o juiz deverá levar em conta as probabilidades reais de o autor da ação alcançar o resultado esperado. Quanto maiores essas possibilidades, maior deve ser o valor da indenização. Conclusivamente, cabe ressaltar, que para subsistir o dever de indenizar devem estar presentes os seguintes requisitos: uma conduta (ação ou omissão); um dano, caracterizado pela perda da oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um prejuízo (e não pela vantagem perdida, em si, porque é hipotética); e um nexo de causalidade entre os primeiros. Com o objetivo de a teoria não ser desvirtuada e cair na chamada “indústria do dano moral”, os tribunais precisam aplicar o bom senso, a razoabilidade e é ainda preciso que essa oportunidade perdida seja plausível, séria e real excluindo as meras expectativas e possibilidades hipotéticas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: DE MELO, Thiago Chaves; AMARAL, Priscilla. Perda de uma chance ganha espaço nos tribunais, 2014. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2014-mar- 24/responsabilidade-perda-chance-ganha-espaco-tribunais BIONDI, Eduardo Abreu. Teoria da perda de uma chance na responsabilidade civil, 2013. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/teoria-da-perda-de-uma- chance-na-responsabilidade-civil-0 OLIVEIRA, Katiane da Silva. A teoria da perda de uma chance: Nova vertente na responsabilidade civil, Disponível em: http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8762&revista_caderno= 7 NJ Especial: Indenização pela perda de uma chance requer prova de perda efetiva de oportunidade real e concreta, *Publicada originalmente em 02/09/2016, modificado 12/01/2017, Disponível em: https://portal.trt3.jus.br/internet/imprensa/noticias-juridicas/importadas-2017/nj- especial-indenizacao-pela-perda-de-uma-chance-requer-prova-de-perda-efetiva-de- oportunidade-real-e-concreta-12-01-2017-06-04-acs
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