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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA CÍNTIA DO CARMO SANTOS LAUANI GABRIELE DA SILVA GONÇALVES RESENHA CRÍTICA Repensando a Revolução Marginalista - Ricardo Luis C. Feijó Uberlândia - MG 2019 1. Crítica do autor O autor inicia seu artigo crítico, ratificando a necessidade de uma revisão historiográfica do período chamado de revolução marginalista, o que ele conclui estar relacionado incompativelmente com uma revolução. Incompatibilidade esta, que gera uma série de mal-entendidos no decorrer da história do pensamento econômico. Como primeiro argumento, o autor cita três revisões críticas que enfraquecem a noção de que os elementos apresentados continham em si um caráter inédito, seguindo o raciocínio de que essas idéias estavam sendo desenvolvidas ao longo de todo século XIX. Além disso, ele aponta um certo exagero na proximidade das obras dos três autores, Jevons, Menger e Walras, obras as quais são justamente utilizadas para designar essa explosão múltipla que se cunhou o nome "Revolução Marginalista". E também, as novas técnicas marginalistas e o subjetivismo não representaram um elemento de solução para os problemas emergentes do paradigma apontados por Marx, pois simplesmente mudavam o foco do valor, anulando o problema por intermédio da ausência de classes. Para o autor, a idéia de revolução é emprestada da política, e o emprego do termo para descrever o processo de mudanças radicais, popularizou a idéia de que uma revolução implica em uma ruptura completa com o passado, embora nunca sejam tão abruptas a ponto de que sejam estabelecidas descontinuidades. De acordo com Feijó, existem mais elementos separando as obras do que unindo-as em torno de uma causa, no entanto, dentre os elementos em comum encontramos; 1º - O núcleo da ciência econômica com seu dever em preocupar-se com a eficiência alocativa, 2º - Um protagonismo inédito do olhar sobre a demanda e do comportamento do consumidor, 3º - O abandono da existência de classes sociais, resumindo tais divisões em agentes econômicos genéricos, São citados também aspectos não unânimes entre os autores, mas mesmo assim atribuídos a tal revolução, sendo: 1º - Teoria do cálculo do prazer e da dor, 2º - Uso da matemática na solução de problemas alocativos , 3º - Conceito de equilíbrio como ponto de maximização individual. Na sequência é aprofundada a crítica relativa a característica não inédita do conceito de utilidade, justificando-se que o nascimento da doutrina da utilidade marginal já fora aventada desde os anos 30, no entanto, o que de fato teria ocorrido, seria um aperfeiçoamento da teoria já existente. Outra característica importante apontada no texto foi a busca pela neutralização do componente político da ciência, na expectativa de torná-la o mais exata possível, já que abstraindo-se da ciência econômica as classes sociais, com elas abstraem-se junto às relações sociais, onde o protagonista se encontra na relação psicológica de atores abstratos e bens. Em contra-mão, os marginalistas não negam a dimensão social existente na economia, acreditando em um núcleo teórico, mas, no entanto, separado da ciência abstrata tida como natural e regida por leis naturais. É admitido no texto que há um caráter inteiramente novo no marginalismo em relação a economia clássica, no entanto, para o autor, isso não pode representar uma situação revolucionária, já que estes conceitos e técnicas, estão aperfeiçoando e integrando ideias já propostas por diversos autores de diferentes países ao longo do século XIX, portanto, embora do ponto de vista conceitual haja uma grande discrepância em relação aos clássicos, seria um exagero chamar os eventos da década de setenta de revolução. Ademais, uma das principais justificativas do autor para defender a idéia de que não fora este período, uma revolução, está no fato de que as idéias não causaram um impacto imediato na comunidade acadêmica, já que levaram mais de uma década para serem aceitas por economistas relevantes, e nem mesmo foram idéias desenvolvidas na mesma época. Mesmo que os marginalistas trouxeram uma nova visão da ciência econômica, essas novas teorias não tiveram muitos adeptos, e a economia clássica continuou exercendo alguma hegemonia na Inglaterra. Portanto, é possível concluir com os pontos 1 e 2 do texto, que de acordo com a visão do autor, embora o conceito de revolução possa ser justificado do ponto de vista didático, este não é um conceito historiográfico apropriado para a descrição do período. Já a tese sobre a desomogeneização dos autores Jevons, Menger e Walras, parte do princípio que os mesmos convergem de uma mesma metodologia de elementos comuns sobre a Revolução Marginalista, mas se divergem em suas visões epistemológicas sobre distintas idéias, visão econômica e suas aplicabilidades heterogêneas, mediante olhares distintos, difusos e sistêmicos dos autores sobre os aspectos econômicos, e modelos utilizados. Esses aspectos, ao invés de solucionar problemas teriam gerado novos paradigmas, que por sua vez, tem por resultado a não solução do subjetivismo na questão do valor, o que prossegue. A ausência de rupturas com os antigos paradigmas econômicos, os distanciam do ideal homogêneo e enfraquece a idéia de Revolução marginalista. E devido ao fato dos autores estarem associados ao mesmo marco revolucionário, mesmo com suas vivências e inspirações distintas, se reconhece a necessidade de desassociar seus nomes, e diferenciá-los em suas teorias, devido as divergências serem maiores que os pontos em comum, a ponto de serem irreconciliáveis. Isso acaba por enfraquecer todos os aspectos comuns da Revolução Marginalista voltados para sua total utilidade, trazendo uma interpretação mais paralela, que converge em alguns pontos, como também deveriam ser representadas na história, suas técnicas e modelos econômicos. Mediante a não obtenção de sucesso do modelo de Revolução Marginalista, em não sanar as questões impostas pelo sistema em suas debilidades econômicas vigentes, surge uma nova tentativa, a síntese proposta por Marshall, que seria basicamente a teoria objetiva sobre o valor subjetivo. E é sobre as mudanças do enfoque de natureza do valor de troca, e valor de uso atrelados, foi se desenvolvendo as mudanças e condições necessárias implícitas na utilização do termo do valor, como meio de produzir e um objetivo como fim, com o intuito de satisfação e referência para os indivíduos, do valor objetivo e pessoal atrelados, para conservação da vida e bem estar. Essa teoria da subjetiva do valor, é o ponto que une os revolucionários apontando a síntese entre o marginalismo e utilidade. 2. Opinião baseada na crítica do autor Como Jevons, Menger e Walras, autores das obras utilizadas para designar essaexplosão múltipla, a qual foi nomeada de Revolução Marginalista, tanto convergem em algumas idéias chave, quanto divergem em suas epistemologias, então, concluímos que houve sim revolução se atentarmos-nos que as principais idéias do marginalismo, eram unânimes entre os mesmos, ao passo que, o autor leva como argumento o fato de que o resultado desta revolução não foi imediato, mas sim lento e gradual, e isso contraria o resultado de uma revolução, no entanto, não concordamos com este argumento, dado que mesmo que a definição de revolução caracterize-se como sendo de curto prazo, a própria história nos mostra outra realidade, onde toda revolução possui um tempo de maturação, não contendo em si uma delimitação temporal específica. Por fim, o último argumento o qual divergimos em opinião em relação ao autor, seria o argumento que ele trás para justificar uma ausência de revolução, argumento no qual ele refere-se às idéias sobre utilidade, não terem um caráter inédito, no entanto, novamente olhando para outras revoluções, concluímos que mesmo que certas idéias, que claramente muito pouco amadurecidas, mas já antes existentes, só tornaram-se revolucionárias quando saíram dos bastidores para o palco das ações, portanto, é inerente que essas ideias não sejam inéditas, devido a terem por muito, permanecido no campo das idéias, não alcançando seu potencial revolucionário, fora que, mesmo conhecendo muito pouco, já podemos dizer que a tal teoria foi muito evoluída e amadurecida no período de revolução.