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H – PERDÃO JUDICIAL O perdão judicial só pode ser concedido pelo juiz, nos casos previstos em lei. É ato unilateral, não dependendo de aceitação do acusado. i) Em regra, o perdão judicial é previsto nos crimes culposos: - Homicídio culposos e lesão corporal culposa: quando as consequências da infração atinjam o próprio agente de forma muito grave, tornando a sanção desnecessária (art. 121, § 5° e art. 129, § 8°do CP); ii) Cabe perdão judicial em crimes dolosos: - Nos crimes de injúria: O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria (art. 140 § 1º, do CP); - No crime de receptação: em sua modalidade prevista no § 3° do art. 180; - No crime de subtração de incapaz: art. 249 § 2º; - Na lei de crimes ambientais: (Lei 9.605/98): art. 29, § 2º. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena; - Perdão judicial em crime culposo de trânsito: há duas correntes. 1c) Para uma primeira orientação, partindo de uma interpretação taxativa, não se admite o perdão nos crimes de trânsito, baseado em quatro argumentos: i) não há previsão expressa no CTB e o rol em que cabe perdão judicial é taxativo aos casos previstos em lei; ii) todo o instituto benéfico deve ser interpretado restritivamente; iii) o Presidente da República vetou o art. 300, que continha expressa previsão; iv) o art. 291, caput do CTB diz que aos crimes de trânsito aplicam-se subsidiariamente às normas gerais do CP e CPP [o perdão está na parte especial do CP e só se aplica subsidiariamente a parte geral do CP]. 2c) A orientação majoritária e favorável, acolhida pela jurisprudência, aplica por analogia o perdão, pois a razão do veto do art. 300 indicava que o instituto é tratado de forma mais abrangente pelo CP. Pode-se também aplicar o instituto do perdão judicial aos crimes culposos na direção de veículo automotor com base na analogia in bonan partem, pois onde há a mesma razão, deve-se aplicar o mesmo direito, além de uma questão de equidade. O perdão judicial é cabível no crime que o autoriza, bem como, em qualquer outro crime cometido no mesmo contexto fático. O art. 13 da Lei n. 9.807/99 (proteção de vítimas, testemunhas e acusados) autoriza o perdão judicial, de ofício ou a requerimento das partes, ao acusado primário que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal (delação premiada). A cooperação do acusado deve resultar na identificação dos demais coautores ou partícipes, na localização da vítima com sua integridade física preservada ou na recuperação total ou parcial do produto do crime. Segundo Luiz Régis Prado (2008: pg. 654), basta o atendimento de uma das circunstâncias dos incisos deste artigo para que o agente obtenha o benefício. Se ausente um desses requisitos objetivos, poderá o condenado beneficiar-se de causa de diminuição de pena prevista no art. 14 da lei acima mencionada. O STJ afirma que a Lei de proteção à testemunha é a regra do instituto da delação premiada, devendo seus requisitos serem aplicados em qualquer caso, ex: no tráfico de drogas. Art. 159, [...] § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. Então, mesmo a letra da lei do tráfico não prevendo o perdão judicial, os requisitos da lei de proteção à testemunha devem ser observados e se for o caso o juiz pode aplicar o perdão judicial. Portanto, o perdão judicial no caso de delação premiada pode ser aplicado em qualquer caso em que haja previsão de delação premiada se presentes os requisitos da lei de proteção à testemunha. É um direito público subjetivo do réu. Se os requisitos legais estiverem preenchidos, o juiz não pode negar a concessão do perdão judicial. O alcance do perdão judicial é amplo. Ex. em acidente de carro, o agente mata o filho e outro condutor. Haverá perdão judicial para o homicídio culposo em relação ao outro condutor. O perdão judicial é condição pessoal (ou subjetiva). Dessa forma, não se comunica aos demais envolvidos no crime. Ex. o condutor leva seu filho e outro carona. O carona incentiva a alta velocidade, que induz o acidente e a morte apenas do filho. O perdão judicial dado ao condutor não aproveita ao carona partícipe. Qual é a natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial? A natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial é objeto de controvérsia. A primeira corrente sustenta ser condenatória. Essa foi a posição do STF no passado. A crítica a essa posição é que não existe condenação sem pena. A segunda corrente entende ser absolutória, na medida em que não se impõe pena. Critica-se esse entendimento, porque quem é absolvido não precisa ser perdoado. As hipóteses de absolvição estão no art. 386, CPP, e não há previsão de perdão judicial. A terceira corrente se posiciona no sentido da declaratória da extinção da punibilidade, conforme dispõe a súmula nº 18 do STJ. Súmula 18/STJ: "A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório". É a posição seguida hoje pelo STF. Nesse sentido, o art. 120, CP, enuncia que a sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. A reincidência pressupõe uma sentença condenatória com trânsito em julgado. Não confundir perdão judicial com perdão do ofendido. Perdão judicial Perdão do ofendido Concedido pelo juiz Concedido pela vítima Cabível nas hipóteses previstas em lei Cabível em qualquer crime de ação penal privada Ato unilateral, independe da aceitação do réu Ato bilateral, depende da aceitação do réu I – ANISTIA, GRAÇA E INDULTO Artigo 107, inciso II do CP prevê as hipóteses de anistia, graça e indulto. São formas de clemência soberana, emanadas de órgãos alheios ao Poder Judiciário, mas que exigem, para a extinção da punibilidade, decisão judicial, pois só o juiz declara extinta a punibilidade. O Estado está renunciando ao direito de punir. Estas situações podem abranger tanto crimes de ação penal pública como os crimes de ação privada. Em princípio, atingem qualquer crime, mas o art. 5º, XLIII, CF, proibiu anistia e graça para os crimes hediondos e equiparados. Cabe anistia, graça e indulto para crimes hediondos? O art. 5º, XLIII, CF, proibiu anistia e graça para os crimes hediondos e equiparados. O artigo 2º da lei de crimes hediondos proíbe a concessão de indulto para crimes hediondos e equiparados. Há divergência quanto à constitucionalidade do dispositivo. Parcela minoritária da doutrina sustenta a inconstitucionalidade da lei de crimes hediondos no artigo 2º, pois o legislador ordinário foi além da vedação constitucional, que veda apenas graça e anistia. Como comutação é tipo de indulto, ou seja, um indulto parcial, também seria inconstitucional proibi-lo. O STF entende não ser inconstitucional a lei de crimes hediondos, pois graça é gênero e indulto é espécie. Se o constituinte vedou o gênero, vedou também a espécie. INFORMATIVO 502 STJ (2012): Não é possível a concessão de indulto a réu condenado por tráfico ilícito de drogas, ainda que tenha sido aplicada a causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/06. I) ANISTIA i) Conceito A anistia é a exclusão, por lei ordinária de efeitos retroativos, de um ou mais fatos do raio de incidência do Direito Penal. É concedida pelo Congresso Nacional (art. 21, XVII, e art. 48, VIII, CF). Tem natureza coletiva, pois abrange várias pessoas. Pode ocorrer antes ou depoisdo trânsito em julgado. A anistia abrange fatos e não pessoas. A anistia não apaga o crime, ela apenas exclui alguns fatos do raio de incidência do Direito Penal. Em regra, a anistia se destina aos crimes políticos. Excepcionalmente, a anistia pode abranger crimes comuns (STF, ADI 1.231). A Lei nº 6.683/79 concede anistia para crimes políticos praticados à época da ditadura militar. ii) Características - Exclusão de fatos - Por lei ordinária - Concedida pelo Congresso Nacional - Atingem várias pessoas - Pode ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado - Não precisa de pedido do condenado, MP, Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa – Pode ser concedida de ofício - Pode abranger crimes políticos ou crimes comuns iii) Espécies de anistia a) própria (ocorre antes do trânsito em julgado da condenação – atinge os efeitos penais e extrapenais) b) imprópria (ocorre após o trânsito em julgado da condenação – não atinge os efeitos penais e extrapenais). c) incondicionada (não tem nenhuma condição e não pode ser recusada) d) condicionada (impõe condição. Ex. reparar o dano. Pode ser recusada). e) total (extingue a punibilidade) f) parcial (apenas diminui ou comuta a pena). g) geral (na anistia geral, todas as pessoas que praticaram determinado fato são alcançadas). h) especial ou parcial (Na anistia parcial, somente determinadas pessoas, exemplo, somente os não reincidentes). i) restrita (A anistia restrita se vincula somente a determinados fatos, ex: aplicável somente a crimes militares). j irrestrita (Na anistia irrestrita, todos os fatos relacionados ao fato principal são incluídos). II) GRAÇA OU INDULTO INDIVIDUAL i) Conceito É a exclusão, por decreto do Presidente da República, de efeitos retroativos, da pena aplicada a um condenado específico. Tem natureza individual, pois só beneficia pessoa(s) determinada(s). Tradicionalmente a doutrina afirmava que a graça (ou "indulto individual") só poderiam ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012). Extingue a pretensão executória. Nesse sentido, não afastam os efeitos da condenação, nem penais, nem extrapenais, extinguindo apenas a execução da pena. Não pode ser concedido de oficio, dependendo de provocação do condenado, do MP, do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa (art. 188, LEP). É ato privativo e discricionário do Presidente da República via decreto executivo (art. 84, XII, CF), podendo delegar essa atribuição a Ministro de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União. ii) Características - Exclusão da pena aplicada - Por Decreto executivo, que pode ser delegado - Concedida pelo Presidente da República, por ato privativo e discricionário - Atinge um condenado específico - Pode ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado - Precisa de pedido do condenado, MP, Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa – Não pode ser concedida de ofício iii) Espécies de graça a) total (extingue a punibilidade) b) parcial (apenas diminui ou comuta a pena - comutação). c) incondicionada (não pode ser recusada) d) condicionada (impõe condição. Ex. reparar o dano. Pode ser recusada). III) INDULTO i) Conceito É a exclusão, por decreto do presidente da república, de efeitos retroativos, da pena aplicada a vários condenados. É concedida por decreto do presidente da república. Tem natureza coletiva pois beneficia um número indeterminado de pessoas. A LEP estabelece que o indulto (ou "indulto coletivo") só é possível após o trânsito em julgado da condenação. Pela jurisprudência do STF (HC 87.801), o indulto pode ser concedido antes do trânsito em julgado da condenação. Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art. 5o, I e II, do Decreto 7.873/2012). Extingue a pretensão executória. Nesse sentido, não afastam os efeitos da condenação, nem penais, nem extrapenais, extinguindo apenas a execução da pena. É espontâneo, pois não depende de provocação. É ato privativo e discricionário do Presidente da República via decreto executivo (art. 84, XII, CF), podendo delegar essa atribuição a Ministro de Estado, ao Procurador-Geral da República e ao Advogado-Geral da União. Todos os condenados que preenchem os requisitos são beneficiados pelo indulto. ii) Características - Exclusão da pena aplicada - Por Decreto executivo, que pode ser delegado - Concedida pelo Presidente da República, por ato privativo e discricionário - Atinge vários condenados - Pode ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado - Não precisa de pedido do condenado, MP, Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa – Pode ser concedida de ofício iii) Espécies de indulto a)total (extingue a punibilidade) b) parcial (diminui ou comuta a pena - comutação). c) incondicionada (não pode ser recusada) d) condicionada (impõe condição. Ex. reparar o dano. Pode ser recusada). O art.188 da LEP não faz diferença e chama a graça de indulto individual, vejamos: Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa. iv) Competência O art. 84, XII da CRFB trata da competência para concessão de indulto. Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; [...] Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. v) Comutação A comutação equivale a um indulto parcial, é um desconto de pena que não extingue a punibilidade. Se combinado com outros benefícios pode levar à extinção da pena, como uma remissão mais uma comutação sendo suficiente para extinguir a pena. J – PAGAMENTO E PARCELAMENTO DE TRIBUTOS i) ARTIGO 168 – A, § 2º E ARTIGO 337 – A, §1º, AMBOS DO CP Apropriação indébita previdenciária Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (...) § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Sonegação de contribuição previdenciária Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantiasdescontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. ii) ARTIGO 34 DA LEI Nº 9.249/95 – LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia. Por certo, a regra do § 2º, do art. 9º, da Lei n.º 10.684/2003 por ser mais benéfica, no que tange ao pagamento como causa de extinção da punibilidade que as anteriores (previstas na lei nº 9.249/95 e no artigo 168-A § 2º), passou a regulamentar integralmente a matéria, com a persistência apenas, da hipótese prevista no § 1º, do art. 337-A, que por não se vincular ao pagamento, com suficiência da confissão do débito e fornecimento de informações antes do início da ação fiscal, não sofreu revogação. Art. 9o É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1o e 2o da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento. (...) § 2o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. A tranquilidade da matéria começou a ser alterada com a edição da lei n.º 11.941/2009, que no art. 69 tratou da questão. Art. 69. Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no art. 68 quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento. Parágrafo único. Na hipótese de pagamento efetuado pela pessoa física prevista no § 15 do art. 1o desta Lei, a extinção da punibilidade ocorrerá com o pagamento integral dos valores correspondentes à ação penal. O art. 68 da Lei nº 11.941/2009, trata da mesma matéria regrada pelo caput do artigo 9.º, da Lei nº 10.684/2003, o que fez o STF julgar prejudicada a ADI nº 3002, intentada pelo PGR, ao fundamento de que o art. 68 da nova legislação tacitamente revogou o 9.º da anterior. A indagação que se manteve foi se, para fins penais, a regra do § 2º, do artigo 9º, da lei nº 10.684/2003 também foi revogada pela entrada em vigor da lei nº 11.941/2009, alterando-se, assim o quadro das causas extintivas da punibilidade pelo pagamento que sofreriam uma retração, pois o art. 69 deferiu a possibilidade extintiva da punibilidade pelo pagamento apenas às hipóteses submetidas à anterior parcelamento, já tendo sido revogadas as disposições da lei nº 9.249/95 e do artigo 168-A, § 2.º, conforme acima analisado. Persistiriam, nessa ótica, apenas a extinção da punibilidade pelo pagamento ao débito anteriormente parcelado e mesmo sem pagamento na regulamentação do § 1º, do artigo 337-A, do Código Penal. Ocorre que melhor interpretação passou a ser construída no sentido de que o artigo 69, da lei n.º 11.941/2009, não revogou o § 2º, do artigo 9º, da lei nº 10.684/2003, porque tratou de situação diversa, o que não implica, portanto, em revogação da lei mais antiga pela mais recente, dependendo de revogação expressa, o que não correu (Luiz Flávio Gomes). O diferencial está justamente no fato de que aquela lei vincula-se aos débitos que tenha sido objeto de anterior parcelamento, enquanto esta se aplica a todos, mesmo que não submetidos ao regime de parcelamento, sendo, portanto, hipótese mais ampla. Como se vê, é fundamental distinguir o pagamento direto (sem parcelamento) do pagamento antecedido de parcelamento. Atualmente, a Lei nº 12.382/2011 disciplina temática da extinção da punibilidade pelo pagamento (antecedido de parcelamento). Há, assim, duas situações distintas: pagamento direto (regido pela Lei 10.684/2003 - pode-se dar a qualquer tempo) e pagamento mediante parcelamento (agora disciplinado na Lei 12.382/11). Ambos os pagamentos extinguem a punibilidade nos crimes tributários, mas suas características são completamente distintas. Obs.: CTN, art. 156: para Hugo de Brito Machado todas essas situações implicam a extinção da punibilidade. Descaminho: Por outro lado, nunca houve previsão específica de causa extintiva da punibilidade para o delito de descaminho, embora consolidado o entendimento de que constitui crime tributário, razão porque se impôs a aplicação da mais regra benéfica, ou seja, a prevista na lei nº 9.249/95 (art. 34). Persiste a regra especial do artigo 337-A, § 1º, do CP. Obs.: STJ decidiu recentemente que não há justa causa para a ação penal quanto ao crime de descaminho quando o crédito tributário não está devidamente constituído (RHC 31.368-PR, j. 8/5/2012). K – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM CRIMES PRESSUPOSTOS, CONSTITUTIVOS E AGRAVANTES DE OUTRO E CRIMES CONEXOS Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão O artigo 108, primeira parte, do CP, trata da extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Exemplo de crime pressuposto: crime de lavagem de capitais. Para que haja a lavagem há crime anterior que gerou o dinheiro para ser lavado. Não era necessário a disposição da lei de lavagem, pois o artigo 108 já estabelece que a extinção da punibilidade do crime pressuposto não se estende ao crime posterior. Uma ressalva é o perdão judicial. Já na segunda parte do artigo 108 do CP, quando trata dos crimes conexos, diz que a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. L – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM CASO DE CONCURSO DE CRIMES Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. OBS: O artigo 119, CP se aplica também para o concurso formal e para o concurso material. Ex: A pratica o 168-A, CP 10 vezes em uma continuidade delitiva do artigo 71, CP. A pena base foi de 2 anos, acrescentada da metade pela causa de aumento de ser crime continuado, indo a pena para 3 anos. A sentença, porém, leva 4 anos e 1 mês após o recebimento da peça acusatória para ser proferida e o MP não recorre, ocorrendo o trânsito em julgado para a acusação. Então o crime prescreveu ou não? Para a pena de 3 anos a prescrição prevista no CP é de 8 anos, já para a pena de 2 anos o CP prevê uma prescrição de 4 anos. Então, como o artigo 119, CP determina que no caso do concurso de crimes haverá a análise isolada de cada crime para aferir a extinção da punibilidade, o crime prescreveu, pois deve ser considerada a pena de 2 anos para se aferir o tempo da prescrição da pretensão punitiva (prescrição retroativa). Então, o juiz tem que declarar extinta a punibilidade por causa da prescrição. Reforçando a conclusão, existe a Súmula nº 497 do STF. SÚMULA Nº 497 DOSTF: QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO. M- PRESCRIÇÃO Prescrição antes de transitar em julgado a sentença Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. § 2º - REVOGADO Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Prescrição da multa Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada. Redução dos prazos de prescrição Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Causas interruptivas da prescrição Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. 1. CONCEITO O Estado é o titular exclusivo do direito de punir, que configura também um dever. É um dever genérico e abstrato. No momento em que alguém pratica uma infração penal, automaticamente esse dever se torna concreto. No entanto, o direito de punir encontra limites materiais (penais), como o princípio da reserva legal, formais (processuais), que dizem respeito ao devido processo legal, e temporais, a prescrição. A prescrição é a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória diante da inércia do Estado durante determinado prazo previsto em lei. É o limite temporal ao poder punitivo do Estado. A pretensão punitiva é o interesse do Estado de aplicar a pena a quem se envolveu em crime ou contravenção penal e só ocorre antes do trânsito em julgado da condenação. A pretensão executória é o interesse do Estado em fazer com que uma pena já aplicada seja efetivamente cumprida e só ocorre após o trânsito em julgado da condenação. 2. FUNDAMENTOS Os fundamentos tradicionais da prescrição são: 1) Segurança jurídica; 2) Pena torna-se inútil; 3) O Estado tem que se tornar eficiente. O primeiro fundamento da prescrição é a segurança jurídica. Não é justo aplicar pena muito tempo depois da prática do crime. O tempo faz desaparecer o interesse social de punir ou executar punição já imposta. O segundo fundamento é a impertinência da sanção penal, pois a pena torna-se inútil quando aplicada muito tempo depois da prática do crime, pois não atende a nenhum dos elementos da tríplice finalidade da sanção (retribuição, prevenção geral e prevenção especial). Beccaria (1764, Dos delitos e das penas) sustenta que não é a quantidade da pena que controla a criminalidade, mas a certeza de punição rápida, justa e eficaz. O terceiro fundamento da prescrição é o combate à ineficiência do Estado. A eficiência é um dos vetores da Administração Pública (art. 37, caput, CF) e a prescrição serve para manter os agentes públicos atentos no exercício de sua função. OBS: Damásio de Jesus afirma haver tríplice fundamento da prescrição: decurso do tempo (teoria do esquecimento do fato), correção do condenado e negligência da autoridade. 3. NATUREZA JURÍDICA A natureza jurídica da prescrição, apontada pelo art. 107, IV, CP, é a de causa extintiva da punibilidade. Vez que a prescrição apenas retira do Estado o direito de punir, ela não apaga o crime, o qual permanece intacto (se consideradas as teorias tripartida e bipartida, que não consideram a punibilidade como elemento do crime). Assim, nãoé o "crime" que prescreve, mas a "pena". A Constituição não foi técnica ao estabelecer "crimes" imprescritíveis. A doutrina diverge quanto à natureza da prescrição, se seria um instituto penal, processual penal ou misto. A doutrina majoritária sustenta se tratar de matéria de Direito Penal, pois afeta o direito de punir. O reflexo prático é que a contagem dos prazo prescricionais segue a regra do art. 10, CP: inclui-se o dia do começo, exclui-se o dia final. A prescrição é matéria de ordem pública, logo, pode ser reconhecida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes (art. 61, CPP). No processo penal, a prescrição é matéria preliminar e precede a análise do mérito. O reconhecimento da prescrição impede a análise do mérito. 4. IMPRESCRITIBILIDADE PENAL A regra no Brasil é que as penas prescrevem, inclusive nos crimes hediondos. No Código Criminal do Império de 1830 (art. 65), vigorava a regra da imprescritibilidade penal. Existem duas exceções constitucionais em que há imprescritibilidade, e uma exceção no Estatuto de Roma: a) racismo (art. 5º, XLII, CF) Os crimes de preconceito e intolerância estão tipificados na Lei nº 7.716/89. A imprescritibilidade existe, para alertar às gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a reinstauração de velhos e ultrapassados conceitos que a consciência jurídica e histórica não mais admitem. b) ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, CF). Os crimes contra a segurança nacional estão previstos na Lei nº 7.170/83 ou no Código Penal Militar e afrontam o próprio Estado, por isso não podem ser esquecidos. c) Crimes de competência do TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL - TPI O Estatuto de Roma (Decreto 4.388/2002), ao criar o Tribunal Penal Internacional, estabeleceu que os crimes de competência do TPI não prescrevem (art. 29). A competência do TPI é subsidiária, só se verifica se a jurisdição brasileira se for omissa. Os delitos imprescritíveis são os do artigo 29 do Estatuto de Roma que tratam dos crimes de genocídio, contra a humanidade e de guerra. Observa-se que o crime de agressão ainda não está tipificado no Estatuto e desta forma, não pode sofrer os efeitos da prescrição. Obs. De forma unânime, a doutrina diz que há equívoco no texto constitucional ao prever essas hipóteses de imprescritibilidade. A primeira crítica é a contradição com o próprio espírito da Constituição, vez que a vedação à prisão perpétua conflitaria com a persecução perpétua. A segunda crítica se refere ao exagero proveniente do momento histórico que o Brasil vivia em 1988 com o repúdio ao racismo e aos golpes de Estado contra o Estado democrático. Obs. Há divergência sobre a possibilidade de criação de novas hipóteses de imprescritibilidade. A corrente majoritária na doutrina não admite a criação de novos casos, vez que os direitos fundamentais, enquanto cláusulas pétreas, não podem ser sofrer alterações tendente a aboli-los. O constituinte originário apenas atribuiu a imprescritibilidade a esses dois crimes e não a outros mais. A prescrição é um direito fundamental do indivíduo de ser processado e julgado dentro de prazo previamente estabelecido em lei. A corrente minoritária admite novos casos de imprescritibilidade, pois a CF arrola exemplos de imprescritibilidade. O STF, no RE 460.971/2007, ao analisar o art. 366, CPP, decidiu que o dispositivo não criou nova hipótese de imprescritibilidade, embora pudesse ter criado, já que a CF apenas arrola exemplos de penas imprescritíveis. O art. 366 proíbe a condenação à revelia. Se o réu, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, fica suspenso o prazo prescricional. O STF decidiu que, nesse caso, a prescrição é calculada em dobro: conta-se um período para que se reinicie a contagem do prazo e mais um período para que prescreva a pena. No mesmo sentido, Súmula nº 415 do STJ. Súmula nº 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. 5. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Os institutos da prescrição e da decadência apresentam como semelhanças se tratarem de causas extintivas da punibilidade (art. 107, IV, CP); ambas ocorrem em razão da inércia do titular do direito durante determinado prazo legalmente previsto. Por outro lado, apresentam as seguintes diferenças Prescrição Decadência Atinge a pena de qualquer crime (salvo nas hipóteses de imprescritibilidade), independentemente da ação penal; Atinge apenas os crimes de ação privada e a ação pública condicionada à representação. Não há decadência nos crimes de ação pública incondicionada e de ação pública condicionada à requisição do Min. da Justiça; Pode ocorrer a qualquer momento: antes, durante ou após a ação penal; Ocorre somente antes da ação penal; Admite causas suspensivas e interruptivas; Não suspende, não interrompe; Atinge diretamente o direito de punir. Atinge diretamente o direito de ação e indiretamente o direito de punir. 6. ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO As espécies de prescrição são: A) Prescrição da pretensão punitiva (PPP) (Não há trânsito em julgado da condenação, ao menos para uma das partes) PPP propriamente dita ou pela pena em abstrato ("Prescrição da ação") Não há trânsito em julgado a nenhuma das partes. Retroativa Há trânsito em julgado somente para a acusação. parte) Intercorrente (ou superveniente) Há trânsito em julgado somente para a acusação. Antecipada ou virtual Não é aceita pelo STF B) Prescrição da pretensão executória (PPE) ("Prescrição da condenação") Há trânsito em julgado para ambas as partes (pena definitiva). A) Primeira Espécie Prescrição da pretensão punitiva, que ocorre antes do trânsito em julgado da condenação. Faz desaparecer, todos os efeitos penais e extrapenais de eventual condenação. Se divide em i) pela pena em abstrato ou propriamente dita; ii) retroativa; iii) superveniente; iv) virtual ou antecipada B) Segunda Espécie - Prescrição da pretensão executória, que ocorre após o trânsito em julgado definitivo, só fazendo desaparecer os efeitos executórios da pena. I - PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA EM ABSTRATO (PPPA), PROPRIAMENTE DITA OU PRESCRIÇÃO DA AÇÃO 1. Considerações Gerais A PPP propriamente dita ("prescrição da ação") está prevista no art. 109, caput, CP. - Não há trânsito em julgado da condenação para ambas as partes. - Tal prescrição regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, isto é, sobre o máximo da pena trazida no preceito secundário, de acordo com um critério objetivo (quanto maior a pena, mais grave é o crime, maior é o prazo prescricional). - Como é incerta a quantidade ou espécie da pena que será fixada pelo juiz na sentença, o prazo prescricional será o do resultado da combinação da pena máxima prevista abstratamente e a escala do artigo 109 do CP. Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Prescrição das penas restritivas de direito Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivasde direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. 2. Prazos da PPPA O prazo inicia-se em três anos, vai para quatro anos e depois acrescenta-se mais quatro até vinte anos. Prazo/Pena 3 - -1 4 - = ou + 1 a 2 8 - +2 a 4 12 - + 4 a 8 16 - + 8 a 12 20 - + 12 Pena máxima (em abstrato) Prescrição < 1 ano 3 anos 1 ano ≤ x ≤ 2 anos 4 anos 2 anos < x ≤ 4 anos 8 anos 4 anos < x ≤ 8 anos 12 anos 8 anos < x ≤ 12 anos 16 anos > 12 anos 20 anos O prazo prescricional mínimo de 3 anos foi criado pela Lei n. 12.234/2010, antes vigendo o prazo de 2 anos. A lei aumentou o referido prazo para dificultar a prescrição nas contravenções penais e nos crimes de menor gravidade. O prazo de três anos é o menor prazo previsto para pena privativa de liberdade. Esse aumento tem relação com a teoria das janelas quebradas, de origem na criminologia norte-americana (Universidade da Califórnia), que estuda as causas do crime e conclui que o que fomenta a criminalidade não é a pobreza, mas a sensação de impunidade. A partir de então, Nova York adotou a política de tolerância zero, punido toda e qualquer infração, buscando evitar a prática de crimes maiores. É o contrário do princípio da insignificância. Ainda subsiste o prazo de 2 anos para: a) a pena de multa, quando for a única cominada (art. 114, I). Caso seja cominada a pena de multa cumulativa ou alternativamente com pena privativa de liberdade, aplica-se o prazo de prescrição desta (inciso II); b) a pena do crime do art. 28 (porte de droga para consumo pessoal) da Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006). O prazo prescricional máximo de 20 anos se aplica a qualquer pena maior de 12 anos, é o maior prazo para pena privativa de liberdade. Obs: No caso da pena de morte em tempos de guerra por crime militar, a pena prescreve em 30 anos (art. 125, I, CPM). Casos de redução do prazo prescricional – circunstâncias atenuantes Todos os prazos prescricionais (para todas as espécies de prescrição) serão reduzidos pela metade se o réu se encontrar nas situações do art. 115: a) na data do crime ser menor de 21 anos. Pouco importa a data da sentença. A menoridade deve ser comprovada por documento hábil (súmula 74/STJ). A menoridade também é uma atenuante genérica. O fundamento dessa redução é a vigência do CC/16 à época da reforma da Parte Geral (1984). Para o STF, o advento do CC/2002 não alterou os efeitos no âmbito penal, pois o art. 2.043, CC, é expresso ao prescrever a manutenção das regras penais, além de que o Direito Penal não admite analogia in malam partem; b) na data da sentença ser maior de 70 anos. O STJ diverge quanto à amplitude do termo "sentença", ora entendendo se tratar da primeira decisão condenatória, pouco importando se o agente completa 70 anos na fase recursal (EREsp 749.912/2010), ora sustentando pelo sentido amplo, cabendo a redução mesmo quando o agente completa 70 anos na fase recursal (HC 124.375/2009). De todo modo, tem reconhecido a aplicação do benefício legal mesmo antes da sentença (REsp 651.300/2004). O STF entende que o Estatuto do Idoso (idoso > 60 anos) não alterou a regra penal, pois o Estatuto serve para proteger o idoso enquanto vítima, não para fomentar a sua impunibilidade como autor de crime. A jurisprudência sempre entendeu que se o réu completa 70 anos após a primeira decisão condenatória, não reduz pela metade. No Informativo 731/2013, o STF decidiu que se o réu for condenado aos 69 anos, mas antes do trânsito em julgado completa 70, reduz o prazo pela metade. OBS: Data em que se completa 70 anos: existe uma situação em que o condenado será beneficiado pela redução do artigo 115, CP mesmo tendo completado 70 anos após a sessão de julgamento: isso ocorre quando o condenado opõe embargos de declaração contra o a sentença condenatória e esses embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela metade se o réu completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. Isso porque a decisão que aprecia os embargos de declaração possui função integrativa, retificadora e complementar, servindo para substituir o acórdão que foi impugnado. Logo, a sentença condenatória passou a ser a decisão dos embargos, que substituiu a sentença anterior. Portanto, segundo o STF decidiu, em regra, para o réu se beneficiar do artigo 11 do CP, ele deverá ter mais de 70 anos no momento da sessão de julgamento em que foi condenado. Contudo, se ele opôs embargos de declaração e eles foram conhecidos, a nova data para aferir se ele tem mais de 70 anos passa a ser o dia em que os embargos forem julgados, pois a decisão dos embargos substitui a decisão anterior. (STF, AP 516 ED/DF, Dez de 2013, informativo nº 731). Consideram-se agravantes e atenuantes de pena ou causas de aumento e diminuição? Nesta contagem serão consideradas as causas de aumento e diminuição, sendo aplicados o maior aumento ou a menor diminuição, sempre em favor da persecução penal, salvo o concurso de delitos (art. 119 do CP - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente). Considera-se, pois tem fração fixa, de 1/3 até a metade, por exemplo. As agravantes e atenuantes não serão consideradas, pois não podem ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena abstrata. Exceção: atenuante da menoridade ou da senilidade (art. 115 do CP), segundo o qual são reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo de crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos. Vale dizer: no caso do referido art. 115, consideram-se duas atenuantes para fins de redução do prazo prescricional. RESUMO: NÃO SE CONSIDERA NO LAPSO DO PRAZO PRESCRICIONAL AS AGRAVANTES. AS ATENUANTES DO ART. 115, EXCETO AS DE MENORIDADE E SENILIDADE. AS CAUSAS DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO DEVEM SER LEVADAS EM CONSIDERAÇÃO. NAS CAUSAS DE AUMENTO A QUE MAIS AUMENTE E NA DE DIMINUIÇÃO A QUE MENOS DIMINUA. 3. Consequência das PPPA 1ª) Desaparece para o Estado o seu direito de punir, inviabilizando qualquer análise de mérito. 2ª) Eventual sentença condenatória provisória é rescindida, não se operando qualquer efeito, penal ou extra penal. 3ª) O agente não será responsabilizado pelas custas processuais. 4ª) O agente terá direito à restituição integral da fiança. 4. Observações a) A PPPA pode ser reconhecida pelo juiz de ofício (art. 61 do CPP), dispensando provocação das partes. Isso porque, trata-se de matéria de ordem pública. b) As medidas socioeducativas do ECA prescrevem? Os atos infracionais previstos na Lei n. 8.069/90 (ECA) são regidos pelas regras sobre prescrição previstas no CP. Súmula 338/STJ: "A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas". No entanto, será sempre reduzida pela metade, pois o adolescente é sempre menor de 21 anos ao tempo do fato. Ex. adolescente pratica furto simples (pena máxima: 4 anos; prescrição: 4 anos, não 8 anos). 5. Termo Inicial da PPPA O termo inicial da contagem da PPP (art. 111), como regra, é a data da consumação do crime (teoria do resultado). Obs. Quando existir dúvida quanto ao dia da consumação, deve-se levar em conta a situação mais favorável ao réu, utilizando-se a data mais antiga. Ex. sabe-se que o crime ocorreu em 2013, deve-se considerar 1º de janeiro. À regra, existem exceções. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I – do dia em que o crime se consumou; II – no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; Obs.: faz-se referência ao último ato executório. III – nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência. Ex.: extorsão mediante sequestro. IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil,da data em que o fato se tornou conhecido. V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos no CP ou em lei especial, da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. - E no crime habitual (aquele que exige reiteração de atos. Ex.: casa de prostituição), quando se inicia a prescrição? De acordo com o STF, nos crimes habituais, o prazo da prescrição inicia-se a partir da data da última das ações que constituem o fato típico. 6. CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO (art.117) As causas interruptivas da PPP interrompem a contagem da prescrição. Na interrupção, o período já decorrido é desprezado, reiniciando-se a contagem. O lapso prescricional, iniciado nos termos do art. 111, pode ser interrompido (art. 117, “zera o cronômetro”). Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se - zera: I – pelo recebimento da denúncia ou queixa-crime; II – pronúncia, no caso do procedimento do júri; III – pela decisão confirmatória da pronúncia, no procedimento do júri; IV – pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. - Os incisos V e VI do art. 117 (pelo início ou continuação do cumprimento de pena e pela reincidência) interessam apenas para a análise da prescrição da pretensão executória. As hipóteses de interrupção são (art. 117): a) recebimento da denúncia ou queixa. - O que interrompe é a publicação da decisão de recebimento, não o mero oferecimento da denúncia ou queixa-crime. - A publicação não precisa ser divulgada pela imprensa oficial, basta a entrega dos autos ao cartório, quando o processo passa a ser público. - Se o juiz rejeita a denúncia, mas o Tribunal dá provimento ao recurso do MP e recebe a ação, a prescrição estará interrompida na data da sessão de julgamento. Ao contrário, se o juiz receber a denúncia e o Tribunal anula a decisão, não terá ocorrido a interrupção. - O recebimento do aditamento da denúncia ou da queixa (correção ou acréscimo) interrompe a prescrição exclusivamente em relação ao novo crime ou ao novo réu aditados. b) publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível. - A primeira decisão condenatória em 1ª instância, em 2ª ou nos processos de competência originária nos tribunais, interrompe a prescrição. - Pode ser que a sentença tenha absolvido e o acórdão condenado, este último interrompe. - Acórdão meramente confirmatório não interrompe a prescrição, salvo se aumentar sensivelmente a pena, alterando o prazo prescricional (STF). Ex. réu condenado a 1 ano (prescrição de 4 anos), MP recorre postulando aumento de pena, o Tribunal confirma a decisão e aumenta a pena para 4 anos (prescrição de 8 anos). - A sentença posteriormente anulada não interrompe a prescrição, pois ato nulo não produz efeitos jurídicos. - A sentença concessiva de perdão judicial não interrompe a prescrição. Súmula 18/STJ: "A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. STJ, HC 233.594-SP, 2013: Para efeito de configuração do marco interruptivo do prazo prescricional a que se refere o artigo 117, IV, do CP, considera-se como publicado o acórdão condenatório recorrível na data da sessão pública de julgamento, e não na data de sua veiculação no Diário da Justiça ou em meio de comunicação congênere. A publicação do acórdão nos veículos de comunicação oficial deflagra o prazo recursal, mas não influencia na contagem do prazo da prescrição. c) pronúncia e decisão confirmatória da pronúncia, nos crimes do tribunal do júri. O fundamento é a maior amplitude do rito do júri, evitando a ocorrência da prescrição. A impronúncia, a desclassificação e a absolvição sumária não interrompem a prescrição. - Se tiver ocorrido a pronúncia, mas em plenário o réu foi desclassificado (ex. para homicídio culposo), a decisão de pronúncia continua valendo como causa interruptiva. Súmula 191/STJ: "A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime". Entre esses intervalos, são verificados os períodos prescricionais, dentro dos quais a prescrição pode ocorrer. O rol do art. 117 é taxativo. A comunicabilidade das causas interruptivas (art. 117, §1º) ocorre em duas situações: a) no concurso de pessoas Ex. João e Maria são denunciados por furto. João é condenado e Maria, absolvida. O MP recorre da absolvição de Maria. Quando o Tribunal for julgar o recurso, deve considerar que a sentença condenatória de João interrompeu a prescrição em relação a ambos os réus. b) nos crimes conexos, objeto do mesmo processo Crimes conexos são os ligados de qualquer modo entre si. Ex. João é denunciado por furto e estelionato. É condenado apenas por furto. No julgamento do recurso do MP, o Tribunal deverá considerar ter ocorrido a interrupção em relação a ambos os crimes. - Combinando os arts. 111 e 117 (I a IV), apura-se a série de balizas prescricionais. 1ª Hipótese – Delito não processado pelo Rito Do Júri - T. Inicial (art. 111) -------- Recebimento da Inicial (art. 117, I, “zera”) ------ Public. Sentença ou Acórdão Condenatório (art. 117, IV, “zera”) ------------ Trânsito em Julgado da Condenação. - Sentença absolutória NÃO interrompe o prazo prescricional - Há, portanto, 2 balizas constitucionais. Obs. Acórdão meramente confirmatório da condenação NÃO interrompe a prescrição. 2ª Hipótese – Delito processado pelo Rito do Júri - T. Inicial (art. 111) ------- Recebimento da Inicial (art. 117, I, “zera”) ------ Pronúncia (art. 117, II, “zera) ------- Confirmação da pronúncia (art. 117, III, “zera”) ------- Publicação da sentença condenatória dos jurados (art. 117 IV “zera”)--------- Trânsito em Julgado da Condenação - Nesse caso, há 4 balizas prescricionais. - Imagine-se que o promotor tenha denunciado o indivíduo por homicídio doloso. De todo modo, os jurados desclassificam o crime para “lesão corporal seguida de morte”. Pois bem, a súmula 191 do STJ determina que a pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime. Obs. Para o STF (informativo 838 de Outubro de 2016) A data do protocolo do pedido de extradição e a data do cumprimento da prisão preventiva para fins de extradição não são considerados marcos interruptivos da prescrição 7. CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO (art. 116, “para o cronômetro”). A) Considerações Gerais As causas impeditivas e suspensivas da PPPA são as mesmas, distinguem-se apenas pelo momento em que ocorrem. As causas impeditivas ocorrem antes mesmo do início da prescrição, inviabilizando a sua contagem. As causas suspensivas ocorrem durante a prescrição já iniciada. Resolvida a causa suspensiva, a prescrição volta a correr, considerando-se o tempo já decorrido anteriormente ao aparecimento da causa suspensiva. As hipóteses de impedimento e suspensão são (art. 116, I e II): Os Incisos I e II tratam da suspensão da PPPA. Já o parágrafo único trata da causa suspensiva da PPE. Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. B) Hipóteses (art. 116 CP) a)Questões Prejudiciais: Existe pendência de questão sobre a existência do crime em outro processo. Estão previstas nos arts. 92 (estado civil das pessoas) e 93 (demais), do CPP. A questão prejudicial interfere na tipicidade da conduta. O juiz penal tem competência para decidir todas as questões prejudiciais,salvo as relativas ao estado civil das pessoas. No art. 92, CPP, o juiz é obrigado a suspender a ação penal, até o juiz civil decidir a questão prejudicial. Pelo art. 93, a suspensão é facultativa. - Ex.: réu que, processado por bigamia, questiona, no cível, a validade do 1º casamento. Enquanto não resolvido no cível a validade do 1º casamento, não corre a prescrição relativa à bigamia. Prevalece que o inciso I abrange as questões prejudiciais obrigatórias e as facultativas (art. 92 e 93 do CPP). Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados. Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente. § 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. § 2o Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso. § 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento. Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes. b) Cumprimento de Pena no Estrangeiro: O fundamento é a dificuldade de se obter a extradição de quem cumpre pena no exterior. c) Condenação com prisão por outro crime: No período em que alguém cumpre pena por um delito, não corre a prescrição executória do outro crime. C) Rol Exemplificativo As causas suspensivas encontram-se num rol taxativo ou exemplificativo? Trata-se de rol EXEMPLIFICATIVO. Para Cleber Masson, o rol do art. 116 é taxativo, pois não se admite analogia in malam partem. Há na legislação extravagante, outras hipóteses de suspensão: i) art. 53, §3º e 5º da CF (quando se suspender o processo penal do parlamentar); ii) art. 89, §6º da Lei 9.099/95 (enquanto cumprindo a suspensão condicional do processual não corre a prescrição); iii) art. 366 do CPP (réu citado por edital que não constitui defensor, nem comparece – suspende-se o processo); iv) art. 368 do CPP (estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento). v) Art.83, §2º da lei 9.430/96 - parcelamento do débito em crimes tributários; vi) Art 87 da lei 12.529/11 - acordo de leniência. OBS: Sobre o artigo 366, CPP: Para o STF, como o art. 366 do CPP não determina prazo de suspensão, então este terá a duração de ausência do réu, evitando-se que o sujeito se beneficie da própria torpeza. Todavia, o STJ estabelece que período de suspensão seja regulado pelo máximo da pena cominada, consoante súmula 415. Tal medida visa evitar a imprescritibilidade. Ou seja: O artigo 366 do CP não estipulou prazo de suspensão da prescrição. Logo, há possibilidade de se interpretar que a suspensão permanece até o dia em que o réu for encontrado. Mas, assim pensando, o crime se tornaria imprescritível na prática. Para a doutrina e a jurisprudência, o processo fica suspenso pelo prazo máximo em abstrato previsto para o crime no art. 109; em seguida, retoma-se o curso de prescrição, calculado pelo máximo da pena em abstrato prevista (NUCCI, p. 556). O STJ caminha nessa direção. Contudo, o STF possui posição admitindo que a prescrição fique suspensa indefinidamente (Ver Ext. 1042 e RE 460971). 8. Exercício de Fixação Imagine um furto simples (art. 155 do CP, com pena de 1 a 4 anos). A prescrição começa a correr da data do fato. A 1ª causa interruptiva é o recebimento da inicial. A PPPA regula-se pela pena máxima em abstrato c/c art. 109 do CP. Nesse caso, o art. 109, Inciso IV determina que a PPPA ocorre em 8 anos. Recebida a denúncia pelo furto, “zera-se o cronômetro” o qual irá correr até a publicação da sentença condenatória recorrível, isto é, mais oito anos. Após a publicação de sentença, haverá mais oito anos para o Estado proferir decisão definitiva. II- PRESCRIÇÃO DA
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