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Revisão processo civil: Resumo do livro (NOVO CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL 1, MARCUS VINICIUS RIOS GONÇALVES). A PARTE DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS FOI RETIRADA DA INTERNET, EXCETO O COMEÇO DO TÓPICO DE ASSISTÊNCIA SIMPLES. Jurisdição é a atividade do Estado, exercida por intermédio do juiz, que busca a pacificação dos conflitos em sociedade pela aplicação da lei aos casos concretos. Princípios da jurisdição: a) Investidura: só exerce jurisdição quem ocupa o cargo de juiz. A ausência de investidura publica implica óbice intransponível para o exercício da jurisdição, que é pressuposto processual da própria existência do processo. b) Aderência ao território: os juízes só tem autoridade dentro do território nacional, respeitados os limites de sua competência. Esta nada mais é que a medida territorial da jurisdição. (É por essa razão que, fora dos limites territoriais de sua competência, eles devem buscar a cooperação dos outros magistrados, com a expedição de cartas precatórias.) c) Indelegabilidade: a função jurisdicional só pode ser exercida pelo poder judiciário, não podendo haver delegação de competências, sob pena de ofensa ao principio constitucional do juiz natural. d) Inafastabilidade: a lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a direito (CF, art. 5º, XXXV). Mesmos que não haja lei que se possa aplicar, a um determinado caso concreto, o juiz não se escusa de julgar invocando a lacuna. Jurisdição internacional: Não tem o juiz brasileiro jurisdição em outros territórios, porque, sendo ela uma manifestação de poder estatal, deve respeitar a soberania de outros países. A jurisdição, como manifestação de poder, encontra óbice na soberania de outros países. De nada adiantaria que a lei brasileira autorizasse o processamento de determinadas ações perante a nossa justiça se a decisão aqui proferida fosse exequível (executável), por violar ou ofender a soberania de outro país. Reciprocamente, há certas ações que só podem ser julgadas pela justiça brasileira, em caráter de exclusividade. Se forem em outro país, serão aqui inexequíveis, porque o STJ lhes negará homologação. Os atos executivos determinados pelo juiz de certo país não poderão ser cumpridos diretamente em outro sem a colaboração deste. É preciso que, primeiro haja a homologação da sentença estrangeira, para que ela se torne exequível. A existência de processo em país estrangeiro é irrelevante perante a justiça brasileira. Estabelece o CPC, art. 24, que a ação intentada no estrangeiro não induz litispendência, nem obsta (impede) a que a autoridade judiciaria brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas. Mesmo a sentença estrangeira já transitada e julgado dever ser ignorada pelo juiz brasileiro. Para que ela se torne eficaz, é preciso que seja homologada perante o STJ, na forma do art. 105, I, i, da CF/88, a partir de então, ela se torna eficaz no Brasil, produzindo os efeitos da litispendência. Jurisdição do juiz brasileiro: Os artigos 21 a 23 do CPC cuidam das ações que podem correr perante justiça brasileira. Esses dispositivos contêm todas as hipóteses de ações que podem tramitar no Brasil. As que não se enquadrarem no rol não podem ser aqui julgadas, pois o juiz brasileiro carece, não propriamente de competência, mas da própria jurisdição. Por isso o processo será extinto sem resolução de mérito. Nos casos do arts. 21 e 22 tratam de competência concorrente já o 23 competência exclusiva. Nos casos dos arts. 21 e 22, a justiça brasileira se reconhece com jurisdição, mas não nega que outros países também a detenham. Cabe ao interessado optar entre propor ação no Brasil ou em outro país igualmente dotado de jurisdição. Se optar por outro país, a sentença lá proferida será ineficaz em território nacional enquanto não homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. Nas hipóteses do artigo 23, a jurisdição brasileira é exclusiva, se houver decisão estrangeira versando sobre essas matérias o STJ jamais a homologará. Justiça comum estadual e federal: Justiça comum federal é composta por juízos e tribunais regionais federais. Sua competência é dada ratione personae, pela participação, no processo, como parte ou interveniente, das pessoas jurídicas de direito publico federais e empresas publicas federais. Justiça comum estadual sua competência é supletiva. Cabe-lhe o julgamento de todas as demandas que não forem de competência das justiças especiais, nem da justiça comum federal. Competência: Para entendermos um pouco sobre competência é importante saber o conceito de foro e juízo. Conceito de Foro e Juízo: A palavra “foro” é equivocada, porque usada em mais de um significado. Em sentido amplo, indica base territorial sobre a qual cada órgão judiciário exerce a sua jurisdição. O foro do STF e do STJ, bem como dos tribunais superiores especiais, é todo o território nacional. Já o dos tribunais de segundo grau de jurisdição é a soma dos âmbitos dos foros de todas as comarcas e varas a eles submetidas. O foro dos Tribunais de Justiça estaduais é o território do respectivo Estado; dos Tribunais Regionais Federais, é a soma de todas as varas que pertencem à região que lhe afeta, havendo atualmente 5 regiões no Brasil, estre as quais se distribui a competência da justiça federal. Competência Absoluta e Relativa: As regras de competência podem ser imperativas ou cogentes ou apenas dispositivas. No primeiro caso, devem ser conhecidas pelo juiz, de oficio, e não podem ser objeto de derrogação pelas partes em nenhuma circunstância. Essas normas instituem a competência absoluta. Há, no entanto, aquelas de cunho dispositivo, que estão sujeitas ao exclusivo alvedrio das partes. São sujeitas a prorrogação e derrogação, porque a incompetência relativa não pode ser conhecida de oficio pelo juiz, devendo ser alegada pelo réu em preliminar de contestação, sob pena de reclusão. Além disso, a competência relativa pode ser alterada pelas partes por meio de eleição de foro. As principais diferenças entre as regras de competência absoluta e relativa são as seguintes. A) As causas de modificação de competência (prorrogação, derrogação, conexão e continência) só se aplicam à relativa, não à absoluta. B) A incompetência absoluta constitui objeção, na matéria de ordem pública que deve ser reconhecida e declarada pelo juiz a qualquer tempo. Pode ser conhecida em qualquer grau de jurisdição, exceto nas instâncias extraordinárias, em grau de recurso extraordinário ou especial, que exigem prequestionamento. O juiz que reconhecê-la deve determinar a remessa dos autos ao foro ou juízo competente, sendo nulos os atos decisórios praticados até então. A sentença proferida por juízo absolutamente incompetente é nulo e enseja a propositura de ação rescisória. A incompetência relativa, por não constituir matéria de ordem pública, não pode ser alegada pelo juiz de ofício (Súmula 33 do STJ). Caberá ao réu alega-la como preliminar na contestação, sob pena de haver prorrogação, caso em que o juiz, antes incompetente, tornar-se-á plenamente competente. A distinção entre competência absoluta e relativa só diz respeito à competência de foro (comarca). A competência de juízo é sempre absoluta. As regras fixadas nas leis de organização judiciaria para apuração de qual o juízo competente, dentro de uma comarca, são sempre absolutas. Princípio da perpetuatio jurisdictionis: Seria melhor denominado “principio da perpetuação da competência e não da jurisdição". Vem previsto no Artigo 43 CPC. A competência é determinada no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as alterações de estado de fato ou de direito, salvo sesuprimirem o órgão jurisdicional ou alterarem a competência absoluta. Se o órgão judiciário for suprimido, os processos que por ele tramitavam serão remetidos a outro juízo. O mesmo ocorrerá se sobrevier uma alteração de competência absoluta. Foi o que acorreu, por exemplo, com os processos que versam sobre união estável. Aqueles que já estavam em curso nas varas cíveis foram remetidos às varas de família, em decorrência da lei superveniente, que alterou a competência ratione materiae. Critérios para fixação de competência: Os critérios são divididos em 3 grupos: a) Objetivo: fixa a competência em razão da matéria e do valor da causa. É utilizado, em regra, pelas leis de organização judiciaria para fixação de competência de juízo. De acordo com o CPC, art. 62, a competência estabelecida em razão da matéria é absoluta, e de acordo com o art. 63, a estabelecida em razão do valor da causa é relativa; b) Territorial: regulamenta a competência de foro, que é relativa; c) Funcional: abrange a competência hierárquica e a que se aplica aos processos que mantêm com os outros em andamentos uma relação, de maneira que caiba ao juízo onde se processa o primeiro a conduzir também o segundo. É regra de competência absoluta. Foro competente: O CPC, no arts. 46 a 53 apresenta a regra geral de apuração de foro: as ações pessoais e reais sobre bens móveis devem ser aforadas no domicilio do réu. Essa a regra a ser observada se não houver normas especiais que disponham de maneira diversa. Nos arts. 47, 51, parágrafo único, 52 p.ú, e 53, há exceções á regra geral do art. 46, que sobre ela prevalecem. Os arts. 48, 49, 50, 51, caput e 52, caput, não constituem verdadeiros foros especiais mas, meras explicações da regra geral do art. 46. Admite-se ainda a existência de foros concorrentes quando a ação puder ser proposta em mais de um foro, indistintamente. É o que ocorre nas demandas de natureza pessoal propostas em face de dois ou mais réus com domicílios em comarcas diferentes. Diz a lei que o autor poderá propor ação em qualquer uma delas. Ou ainda nas ações propostas por vitimas de acidente de trânsito, que podem ser aforadas no domicilio da vitima ou no local do acidente. Foro comum (Art. 46 do CPC) A opção do legislador brasileiro foi considerar como foro comum para a propositura de ações o do domicilio do réu. Esse o critério que deve prevalecer na falta de fixação de foro especial. O disposto no CPC, Art. 46, aplica-se às ações fundadas em direito pessoal, sobre bens moveis ou imóveis, e em direito real sobre bem móvel. Quando o bem pretendido for móvel, a competência será sempre do domicilio do réu, quando imóvel, cumprirá verificar se a ação versa sobre direito real ou pessoal. No primeiro, aplica-se o art. 47, e a demanda será proposta no foro da situação do imóvel. No segundo, segue-se a regra geral. O artigo 46 é valido para as pessoas naturais ou jurídicas, sendo incumbência da ei civil conceituar domicilio, o que ela faz nos arts. 70 a 76. O domicilio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Quando às relações concernentes à profissão, é também domicilio da pessoa natural o lugar onde ela é exercida. A lei civil acolheu a possibilidade de pluralidade de domicílios. Se o réu tiver mais de um, a demanda poderá ser proposta em qualquer deles, havendo ai foros concorrentes, que também existirão quando a demanda for ajuizada em face de mais de um réu com domicílios diferentes. O foro comum é apurado utilizando-se o critério territorial de competência por isso, ela é relativa, podendo ser objeto de modificação na forma da lei processual. Foros especiais: A) Foro da situação da coisa: Art. 47 estabelece um foro especial: as ações que versam sobre direito real sobre bens imóveis devem ser propostas no foro de situação da coisa (forum rei sitae). O mesmo dispositivo ainda estabelece que a competência, nesse caso, é em regra, absoluta. Em regra, porque se permite a eleição de foro ou opção pelo domicilio do réu, desde que a demanda não verse sobre propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova, caso em que a competência será relativa. B) Foro competente para ações de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: A competência para as ações mencionadas será a do foro do domicílio do guardião do filho incapaz. Caso não haja filhos incapazes, a competência será do foro do último domicilio do casal. Mas, para que seja esse o foro competente, é preciso que ao menos um dos cônjuges tenha permanecido nele, porque, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal, a competência será a do foto do domicilio do réu. (como todas as hipóteses estão fundadas no critério territorial, a competência será relativa). C) Foro do domicílio do alimentado: nas ações de alimentos, a competência é do foro do domicilio ou residência do alimentado (CPC, Art. 53, II). A razão é a dificuldade que ele, muitas vezes hipossuficiente, poderia ter para demandar em outra comarca para postular o necessário para a sua subsistência. O foro especial vale mesmo que a ação de alimentos esteja cumulada com investigação de paternidade (Súm. 1 do STJ) ou que o pedido seja de revisão de pensão alimentícia já fixada. D) Foro do lugar do cumprimento da obrigação: De acordo com o disposto no CPC, Art. 53, III, d, compete o foro do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita o julgamento das ações em que se lhe exigir o pagamento. Esse dispositivo deve ser aplicado em todas as demandas em que o autor postule o cumprimento de uma obrigação. E) Foro do lugar do ato ou fato> O CPC, art. 53, IV, enumera hipóteses em que a demanda ocorrerá no foro do lugar do ato ou fato. Entre elas: E1) As ações de reparação de danos em geral: as demandas de responsabilidade civil são propostas no local em que ocorreram o ato ou o fato causadores dos danos. Os atos são as condutas humanas, comissivas ou omissivas, violadoras de direito que causam prejuízo a outrem. Os fatos são evento que, associados às condutas humanas, geram dano. A queda de uma arvore é um fato, que poderá ensejar a obrigação de indenizar se ficar apurado que a pessoa responsável por dela cuidar negligenciou seus deveres. E2) As ações que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios: esse dispositivo aplica-se às demandas aforadas em face de administrador, mandatário ou gestor de negócios. Determina que elas sejam aforadas no lugar do ato ou fato, isto é, naquele em que foi prestada a administração, a gestão de negocio ou comprido o mandato. Vale, porém, apenas para as demandas em que o administrador ou gestor for réu. Naquelas em que ele for autor, a regra de competência será a geral. F) Foro do lugar do fato ou domicilio do autor: o CPC, Art. 53, V, estabelece que as ações de reparação de danos sofridos em razão de delito ou acidentes de trânsito devem ser propostas no foro do domicilio do autor ou do local do fato. Esses foros são concorrentes, pois cabe ao autor optar entre eles. Nas ações de reparação de dano geral, a competência é do lugar do ato ou do fato, mas, se eles são consequência de crime ou acidente de veículos, será do foro do domicilio do autor ou do local do fato. A intenção do legislador é favorecer as vítimas, permitindo que elas possam mais facilmente postular indenização. G) Foro do domicilio do de cujus para ações de inventário e partilha: o foro competente para o processamento dos inventários e partilhas, para a arrecadação dos bens da herança, cumprimento das disposições de última vontade, ou para a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial é o do domicilio doautor da herança. Onde também serão processadas todas as ações em que o espolio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Trata-se de regra de competência relativa, cujo o descumprimento deve ser arguido como preliminar na contestação, sob pena de preclusão, ainda que haja interesses de menores. O parágrafo único estabelece normas de competência subsidiaria. Se o autor da herança não possuía domicilio certo, será competente o foro da situação dos BENS MÒVEIS. Se os deixou em lugares diferentes, em qualquer destes, e não havendo bens IMÒVEIS, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. H) Foro de residência do idoso: o CPC também estabelece o foro privilegiado do idoso, não de caráter geral, mas apenas para ações que versem sobre direito previsto no respectivo estatuto. Tais ações serão propostas no foro de residência do idoso. O Estatuto, Lei n. 10.741/2003, considera idoso aquele que contar idade igual ou superior a 60 anos. O CPC assegura a ele prioridade de processamento e foro privilegiado. Previstos no Estatuto. Como se trata de critério territorial, a competência nesse caso também é relativa. I) Foro da sede da serventia notarial ou de registro: o foro da sede do oficio de registro publico ou do tabelionato serra o competente para as ações de reparação de danos por ato por ele praticado em razão do oficio. Hipótese também é de competência relativa. CONEXÃO: A conexão é uma relação que se estabelece entre duas ou mais demandas. As ações têm três elementos identificadores: as partes, o pedido e a causa de pedir. Haverá conexão entre elas quando tiverem o mesmo pedido ou quando coincidirem os respectivos fundamentos (causa de pedir). Basta, pois, que as duas ações tenham um desses elementos em comum para que sejam consideradas conexas. Não serão, porém, se o único elemento comum forem as partes. Manda a lei que, havendo ações conexas, elas sejam reunidas para julgamento conjunto (CPC, Art. 55, p. 1º). Essa determinação se justifica por razões, de economia processual e para evitar decisões conflitantes. Com uma só sentença. Além disso, as ações conexas são aquelas que têm similitude, algo em comum. Não seria conveniente que fossem julgadas por juízes diferentes, correndo-se o risco de decisões conflitantes. A forma mais simples de se identificar a existência da conexão é verificar se, continuando a correr em separados os processos perante juízos diferentes, existe o risco de julgamentos conflitantes. Em caso afirmativo, está caracterizada a causa de modificação de competência. Esse temor de resultados conflitantes justifica a permissão legal para que a conexão seja reconhecida de ofício. Apesar de ela só poder modificar a competência relativa, o CPC, art. 55, p 1º, atribuiu ao juiz poderes para reunir os processos sem requerimentos das partes. A conexão não precisar ser arguida no prazo de resposta. Pode ser alegada a qualquer tempo, cabendo o réu invoca-la como preliminar em contestação. Porém, se não o fizer, inexistirá preclusão. Embora haja grande controvérsia sobre a matéria, parece-nos que se há duas ações conexas, uma na justiça federal e outra na estadual, não há como reuni-las. A conexão só permite a alteração da competência relativa, e a da justiça federal é exclusiva e limitada para aquelas demandas mencionadas na CF, Art. 109. Parece-nos, porém, que o mais acertado é deixar que cada qual das demandas continue correndo em seu local de origem e, se houver risco de decisões conflitantes, suspenda-se o julgamento de uma, aguardando o da outra. Em caso de conexão, cumpre decidir em qual dos juízos os processos serão reunidos. Para tanto, é preciso verificar qual deles está prevento, pois é lá que se fará a reunião. A resposta é dada pelo art. 59 do CPC. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo. CONTINÊNCIA: Estabelece o Art. 56 CPC. “Dar-se a continência entre duas ou mais ações quando houver identidade das partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais”. A continência é, tal como a conexão, uma relação, um vinculo, que se estabelece entre duas ou mais ações em andamento. Para a conexão, bastava um elemento de identificação: mesmo pedido ou igual causa de pedir. A continência é um vinculo mais forte, porque exige dois elementos comuns: as mesmas partes e a mesma causa de pedir. Os pedidos dever ser diferentes (do contrário haveria litispendência), mas um deve ser mais amplo e abranger o outro. A semelhança entre as ações, na continência, é mais intensa que na conexão. Correndo em separados ações que mantenham entre si esse vínculo, o juiz deve determinar a reunião para julgamento conjunto. Mas a reunião só dará se a ação continente, isto, é a mais ampla, for proposta posteriormente à ação contida. Não haverá utilidade na propositura de ação contida quando a continente já esta em curso, pois o pedido da ação continente abrange o da contida, de sorte que o ajuizamento posterior acabará gerando, não propriamente continência, mas uma espécie de litispendência parcial, pois o que se pede na ação contida já está embutido na continente. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Intervenções Espontâneas X Intervenções Provocadas Antes de se analisar as modalidades de Intervenção de Terceiros, é interessante trazer à tela a presente divisão doutrinária das Intervenções. Por Intervenções Espontâneas, entende-se que são àquelas de iniciativa de um terceiro que não faz parte da relação processual, sendo o caso da Assistência e do Amicus Curiae.Já as Intervenções Provocadas ocorrem quando uma parte do processo chama um terceiro estranho à relação para integra-la, sendo, portanto, o que ocorre na Denunciação da Lide, Chamamento ao Processo, Incidente de Desconsideração de Personalidade Jurídica e também no Amicus Curiae, sendo este portanto uma figura híbrida.Postas tais questões iniciais, passa-se a seguir à análise das modalidades em sí: ASSITÊNCIA: A Assistência pode ser entendida como a modalidade de Intervenção de Terceiros Espontânea, cuja finalidade é que um terceiro estranho a relação processual auxilie a parte em uma causa em que tenha interesse jurídico. Tal modalidade poderá ser admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição. Feito o pedido de assistência, as partes terão o prazo de 15 dias para impugna-lo, onde havendo a impugnação, o juiz decidirá o incidente sem suspender o processo. Não sendo realizada a impugnação neste prazo, ou não sendo o caso de rejeição liminar (quando faltar ao terceiro interesse jurídico) o pedido será deferido e o assistente ingressará no processo, recebendo-o no estado em que se encontre, ou seja, não haverá novamente a prática de atos já realizados quando do seu ingresso na demanda. Assistência simples: Art. 119, CPC. O fundamento principal para que terceiro intervenha na qualidade de assistente simples é que tenha interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes, a assistida. Não é mais necessário que exista risco de colusão entre os litigantes. Basta que terceiro demonstre que sua esfera jurídica ser atingida, e que por isso há interesse no resultado. O assistente simples não é, nem alega ser, titular da relação jurídica que esta sendo discutida em juízo. Se o fosse, não seria terceiro, mas parte. No entanto, ele é titular de relação jurídica que mantem estreita ligação com a que está sub judice, de forma a não ser possível atingir esta se, afetar aquela. Para admissão do assistente simples é preciso que ele tem interesse jurídico, não bastando o meramente econômico ou fático. Como o interesse jurídico é imprescindível para o ingresso de terceiro como assistentesimples, é preciso distingui-lo, com precisão, do interesse de fato ou meramente econômico. Haverá interesse jurídico quando três requisitos estiverem preenchidos. É preciso que o terceiro tenha uma relação jurídica com uma das partes, que essa relação seja distinta da que está sendo discutida em juízo (do contrario, esse terceiro deveria ser parte) e que o resultado do processo repercuta, atinja ou afete relação jurídica que o terceiro tem com a parte, de modo que ele tenha expectativa que seja favorável ao assistido. Alguns exemplos permitirão analisar melhor o preenchimento desses requisitos. a) Suponha-se que A e B tenham celebrado um contrato de locação, sendo A o locador e B o inquilino. Mas tarde, B celebra com C um contrato de sublocação consentida. Haverá, então, duas relações jurídicas distintas, a locação entre A e B, e a sublocação entre B e C. Se o locador, por alguma razão, quiser rescindir o contrato de locação e reaver o imóvel, deve ajuizar ação de despejo, dirigindo-a apenas contra o inquilino B. o despejo ocorrera, portanto, entre A e B. no entanto, o sublocatário não é indiferente ao resultado desse processo, pois almeja que a sentença seja favorável ou réu, e que ele não seja despejado, para que a sublocação não fique prejudicada. C tem interesse de que a sentença seja favorável a B. resta saber se esse interesse é jurídico ou apenas fático. Para tanto, necessário verificar se estão preenchidos os requisitos acima mencionados. O primeiro deles é a existência de relação jurídica entre o terceiro e uma das partes, que está preenchidos porque C mantém com B um contrato de sublocação consentida. Há, pois, relação jurídica diferente da que está sendo discutida em juízo, o que também está preenchido, porque em juízo o que se discute é a locação, contrato que não se confunde com o de sublocação. Por ultimo, é necessário verificar se o resultado do processo afetará ou repercutirá na relação jurídica que existe entre o assistente e o assistido. Novamente a resposta é afirmativa, porque a procedência ou improcedência da ação de despejo afetara reflexamente a sublocação. O assistente simples exercerá os mesmos poderes e estará sujeito aos mesmos ônus processuais que o assistido, ou seja, não poderá exercer os atos praticados pelo assistido, por exemplo, caso o assistido não recorra de determinada decisão, o assistente não poderá recorrer. Todavia, ressalta-se que, embora a atuação do assistente esteja adstrita aos atos praticados pelo assistido, poderá o assistente ser considerado o substituto processual do assistido caso este seja revel ou omisso. Além disso, ainda que haja a Assistência simples, a parte principal poderá reconhecer a procedência do pedido, desistir da ação ou renunciar ao direito que se funda a ação ou transigir sobre direitos incontroversos. Por fim, havendo o trânsito em julgado da sentença do processo em que o assistente interviu, este não poderá discutir a justiça da decisão em processo posterior salvo se alegar e provar que, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença em decorrência do estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido e no caso de provar que desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu. Da Assistência Litisconsorcial Disposta no artigo 124 do NCPC, a Assistência Litisconsorcial restará configurada quando o terceiro intervir no processo com a intenção de formar um litisconsórcio ulterior, sempre que a sentença irá influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Isto ocorre, pois o assistente litisconsorcial tem relação direta com a parte adversa do assistido. Neste caso o assistente defende direito seu em juízo, em litisconsórcio com o assistido. É a clássica situação de uma ação de despejo entre locador e locatário, e que ainda há um contrato de sublocação. Neste caso, o sublocatário poderá intervir como assistente litisconsorcial do locatário, já que será influenciado pelo resultado da sentença a ser proferida na demanda. Da Denunciação da Lide Tratada nos artigos 125 ao 129 do NCPC, a Denunciação da Lide é a modalidade de intervenção provocada onde o Autor e Réu pretendem resolver demanda regressiva contra um terceiro, onde aquele que eventualmente perder a demanda já aciona um terceiro para que este o indenize em ação de regresso. Simplificadamente, pode-se dizer que a Denunciação da Lide nada mais é do que uma ação de regresso incidente a um processo já existente. O CPC/2015 inova nesta modalidade ao deixar de torna-la obrigatória, e sendo cabível apenas em duas hipóteses: Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam, sendo permitida, neste caso, uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato da cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação; Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. O Novo CPC ainda inova ao trazer que, caso a denunciação da lide seja indeferida, deixe de ser promovida ou não for permitida, o direito regressivo poderá ser exercido por ação autônoma, que, inclusive, poderá ser distribuída por dependência. Poderá o direito de regresso também ser discutido em ação autônoma quando, na denunciação sucessiva, no caso do denunciado sucessivo, quer não pode promover nova denunciação. No tocante a citação do denunciado, esta deverá ser requerida na petição inicial, sendo o denunciante o autor ou na contestação no caso do denunciante ser o réu, sendo este o momento processual para exercer exerce- la. Sendo deferido, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor nos termos do parágrafo único do artigo 286 do NCPC. No caso da denunciação ser feita pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, devendo, desta forma, ser procedida à citação do réu. Porém sendo ela feita pelo réu, o artigo 128 do NCPC, traz 3 consequências que podem ocorrer. Denunciado contestar o pedido do Autor: nesta hipótese, o processo prosseguirá, formando na ação principal um litisconsórcio entre o denunciante e denunciado; Denunciado for revel: ocorrendo tal situação, o denunciante poderá deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, bem como abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; Denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal: neste caso, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. Todavia, pontua-se que a que a confissão do denunciado não prejudica a defesa do denunciante (réu) na ação contra o autor. O julgamento da demanda principal será conjunto com a denunciação à lide, e, sendo o pedido da ação principal julgado procedente, poderá o autor requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. A denunciação da lide, embora seja ação autônoma, possui dependência em relação à ação principal, ou seja, só haverá necessidade de julgar a denunciação se a ação principal for julgada contra o denunciante, situação em que o juiz terá que analisar o direito de regresso do denunciante e, relação ao denunciado. Em relação à sucumbência, se a ação principal foi improcedente, então significa que a denunciação da lide foi desnecessária e assim o denunciante pagará as verbas de sucumbênciaem relação ao denunciado. Por fim, pontua-se que, com o CPC/2015, não é mais cabível a denunciação per saltum, ou seja, quando o adquirente, denominado evicto, quiser exercer os direitos resultantes da evicção, poderá notificar qualquer componente da cadeia negocial, ou seja, o alienante imediato ou alienantes mediatos, demandando assim em face daquele que não possui qualquer relação jurídica de direito material, admitida na sistemática do CPC/1973 por força do artigo 456 do Código Civil, que foi revogado pelo artigo 1072 do NCPC. Do Chamamento ao Processo Tratado nos artigos 130 ao 132 do NCPC, Trata-se de direito do réu de chamar, para ingressar no polo passivo da demanda, os corresponsáveis por determinada obrigação. Diferencia-se da denunciação da lide, uma vez que nesta se tem a ação de regresso e deve-se demonstrar que o denunciado é que deverá responder pela condenação, no chamamento ao processo a condenação é automática, estando, portanto, ligado a ideia de solidariedade. Não é uma modalidade de intervenção obrigatória, podendo ser feito apenas pelo Réu, tendo por fim a economia processual, visto que não seria necessário um novo processo de cognição exauriente para regular a corresponsabilidade. Tem cabimento nas seguintes hipóteses: Do afiançado, na ação em que o fiador for réu; Dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum. O chamamento ao processo deve ser realizado pelo réu no ato da contestação, sob pena de preclusão. Se não realizar o pedido na contestação, em caso de sucumbência, terá que ajuizar nova ação contra os corresponsáveis. Além disso, a citação deverá ser promovida em 30 dias sob pena de ficar sem efeito o chamamento, sendo tal prazo é peremptório, portanto, e corre a partir do despacho do juiz que deferir a citação dos corresponsáveis. O prazo de 30 (trinta) dias, todavia, não é para a realização do ato em si, mas sim para que o réu implemente as condições necessárias a realização da citação, como pagamento de custas, cópias, endereços e etc. Por fim, a sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, na proporção da sua quota Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica A desconsideração da personalidade jurídica é instituto previsto no Código de Defesa do Consumidor (art. 28) e no Código Civil (art. 50), que autoriza imputar ao patrimônio particular dos sócios, obrigações assumidas pela sociedade, quando e se a pessoa jurídica houver sido utilizada abusivamente, como no caso de desvio de finalidade, confusão patrimonial, liquidação irregular, dentre outros. O instituto contempla, também, a chamada desconsideração inversa, em que se imputa ao patrimônio da sociedade o cumprimento de obrigações pessoais do sócio. A inovação do CPC/2015, foi regular em nível processual tal matéria. Tal incidente é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução de título extrajudicial, sendo instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, nos casos em que lhe couber intervir no processo, devendo haver para tanto, a observância dos requisitos legais dos artigos 28 do CDC e/ou 50 do Código Civil. Uma vez instaurado, o incidente deverá ser imediatamente comunicado ao distribuidor para as anotações devidas, sendo que, qualquer alienação feita após isso, será considerada fraude à execução. Vale ressaltar que tal modalidade de intervenção terá grande impacto na área empresarial, sobretudo na recuperação judicial, pois em havendo o concurso de credores, aquele que pedir por primeiro o incidente também terá a preferência sobre os bens encontrados. Outro ponto que merece ser destacado é que, embora o Novo CPC não traga isso de forma expressa, no incidente de desconsideração é cabível o pedido das tutelas provisórias de urgência, isso porque como estas estão dispostas na parte geral do Código, têm aplicabilidade a todas as fases e procedimentos do Diploma, contanto que preenchidos seus requisitos para ser concedida, devendo apenas o pedido ser feito. A instauração do incidente será dispensada se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que o sócio ou pessoa jurídica será citado. Por outro lado, uma vez instaurado o incidente, o sócio ou pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias. Aqui pontua-se uma observação: para se evitar problemas, como a possível dilapidação do patrimônio ou a ocultação de bens, com o contraditório prévio trazido pelo artigo 135, é recomendável já se pedir juntamente com o incidente a tutela antecipada, por exemplo, no pedido do incidente já pedir em sede de tutela de urgência o bloqueio on-line dos bens. Sendo citado, o sócio ou pessoa jurídica será parte no processo, não podendo se defender por meio de Embargos de Terceiro, mas tão apenas pela manifestação a que diz respeito o artigo 135 do NCPC, onde poderá se defender tanto demonstrando que não estão presentes os requisitos para a desconsideração, manifestando-se no sentido de obter provimento jurisdicional favorável ao responsável originário, bem como em nome dos princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, alegar outras matérias afetas ao mérito do incidente, tais como excesso de execução, cálculos incorretos, dentre outros. Finda a instrução o incidente será resolvido, em regra, por decisão interlocutória que pode ser recorrida mediante o recurso de Agravo de Instrumento, nos termos do artigo 1015 do NCPC. Porém caso a decisão que resolver o incidente for proferida pelo relator, caberá o recurso de Agravo Interno. Finalmente, uma vez acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou oneração de bens, havida em fraude á execução, será ineficaz em relação ao requerente. Do Amicus Curiae Outra inovação trazida pelo CPC/2015, o Amicus Curiae é uma modalidade de intervenção, tanto espontânea quanto provocada, onde um terceiro, sem interesse jurídico, irá instruir o poder judiciário para que a decisão por este proferida seja mais qualificada, motivada. Ou seja. O Amicus Curiae irá qualificar o contraditório trazendo mais subsídios para a decisão do juiz, apresentando dados proveitosos à apreciação da demanda, defendendo, para tanto, uma posição institucional. A partir do Novo Código, tal intervenção poderá ser aplicada em todos os graus de jurisdição. Ressalta-se que o Amicus Curiae não pode ter interesse jurídico na causa, apenas institucional, pois se assim fosse, estaríamos diante de outra modalidade de intervenção, a Assistência. Será admitido pelo juiz ou relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, de ofício ou a requerimento das partes, mediante decisão irrecorrível, cabendo ao juiz ou relator definir os poderes do Amicus Curiae. Por fim, pontua-se que tal intervenção não implica em alteração de competência nem autoriza a interposição de recurso, salvo o caso de Embargos de Declaração ou no caso da decisão julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. Esta foi uma breve explicação de como o Novo Código de Processo Civil trata as formas de intervenção de terceiros dentro do processo civil, em especial após as alterações que foram promovidas com sua edição.
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