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1 2 NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER AVISO IMPORTANTE Este material está protegido por direitos autorais (Lei nº 9.610/98), sendo vedada a reprodução, distribuição ou comercialização de qualquer informação ou conteúdo dele obtido, em qualquer hipótese, sem a autorização expressa de seus idealizadores. O compartilhamento, a título gratuito ou oneroso, leva à responsabilização civil e criminal dos envolvidos. Todos os direitos estão reservados. Além da proteção legal, este arquivo possui um sistema GTH anti-temper baseado em linhas de identificação criadas a partir do CPF do usuário, gerando um código-fonte que funciona como a identidade digital oculta do arquivo. O código-fonte tem mecanismo autônomo de segurança e proteção contra descriptografia, independentemente da conversão do arquivo de PDF para os formatos doc, odt, txt entre outros. 3 SUMÁRIO DIREITO PENAL ..................................................................................................................................... 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................................................ 127 DIREITOS HUMANOS ......................................................................................................................... 234 DIREITO CIVIL ................................................................................................................................... 258 DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................................................................. 326 DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................................................... 388 MICROSSISTEMA DE TUTELA COLETIVA ............................................................................................. 422 DIREITO AMBIENTAL ......................................................................................................................... 448 DIREITO SANITÁRIO .......................................................................................................................... 502 DIREITO DO CONSUMIDOR ................................................................................................................ 534 DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................................................ 570 DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................................ 621 DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE ............................................................................................ 695 DIREITO ELEITORAL .......................................................................................................................... 715 4 DIREITO PENAL1 PARTE GERAL Pessoal, antes de iniciar propriamente o estudo da letra da lei, vamos lembrar os princípios do Direito Penal, pois sempre servem de base para o entendimento pleno da matéria! -Reserva legal ou estrita legalidade: previsto no art. 1º CP e no art. 5º, XXXIX, da CF: (“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”), tendo natureza de cláusula pétrea, por ser um direito fundamental. A ideia é que a lei é a fonte formal imediata do Direito Penal, isto é, somente a lei pode criar crimes e cominar as respectivas penas. #CUIDADO: É possível a edição de Medida Provisória que verse sobre direito penal não incriminador?! Apesar da CF vedar expressamente a edição de MP sobre Direito Penal (art. 62, §1º), o STF já admitiu MP na seara penal, desde que para favorecer o réu (RE 254.818, rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 8-11-2000, Plenário, DJ de 19-12-2002). #ATENÇÃO: Reserva legal (mais restrito) ≠ princípio da legalidade (mais amplo). Princípio da legalidade = reserva legal (não há crime sem lei) + princípio da anterioridade (exige lei anterior). -Anterioridade: a lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende. O efeito automático desse princípio é a irretroatividade da lei penal, salvo para beneficiar o réu. A lei só produz efeitos após sua entrada em vigor, ou seja, não haverá o crime ou a punição mais gravosa se ocorreu durante a vacatio legis. -Exteriorização ou materialização do fato: o Direito Penal não pune o fato se este não chega, ao menos, a ser tentado. Há exceções, como no crime de associação criminosa (art. 288 CP), mas, em regra, o agente deve materializar sua intenção em uma conduta para que possa ser punido. -Ofensividade ou lesividade: (nullum crimen sine iniuria) exige-se que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. -Intervenção mínima: a lei só deve prever as penas e as condutas estritamente necessárias para a efetiva proteção do bem jurídico. -Fragmentariedade: o Direito Penal é a última fase, a última etapa, o último grau de proteção do bem jurídico e exige relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Manifesta-se em abstrato (destina- se ao legislador). O princípio da insignificância é desdobramento da fragmentariedade, pois o Direito Penal não se preocupa com condutas que, ainda que formalmente típicas, não causem lesão relevante ao bem jurídico. #ATENÇÃO! O princípio da fragmentariedade atua no plano abstrato: permite a criação de tipos penais apenas quando os demais ramos do direito tiverem falhado na proteção do bem jurídico. Refere-se à atuação legislativa; 1 Por Laura Abelha 5 O princípio da subsidiariedade atua no plano concreto: é analisado se, naquele caso concreto, será possível solucionar através de outros ramos do direito ou se será preciso utilizar a ultima ratio, o executor de reserva (o direito penal). Refere-se à atuação prática. #SELIGA Fragmentariedade às avessas: é o contrário da fragmentariedade. São situações em que o comportamento, inicialmente típico, deixa de interessar ao Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito. Ex. adultério, que deixou de ser ilícito penal (com a revogação do art. 240, CP), mas poderá constituir um ilícito perante o Direito Civil. -Exclusiva proteção do bem jurídico: a única função legítima do Direito Penal é a proteção do bem jurídico, isto é, dos valores ou interesses relevantes para a manutenção e desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. #SELIGA O que é a espiritualização, desmaterialização ou liquefação dos bens jurídicos? É a proteção de bens jurídicos difusos, por meio da criação dos crimes de perigo e antecipação da tutela penal (ex.: crimes ambientais). -Responsabilidade penal pelo fato: o Direito Penal do fato se ocupa do fato praticado pelo agente, pouco importando suas condições sociais e pessoais. Interessa avaliar o que o agente fez ou deixou de fazer. No Direito Penal do autor, de forma diversa, a análise do fato é feita tomando por base as condições pessoais do autor, sendo este, por vezes, alvo de rotulações e preconceitos. -Responsabilidade pessoal: decorre da necessidade de individualização da acusação e da pena, conforme conduta praticada por cada indivíduo. -Responsabilidade subjetiva: o Direito Penal pune a conduta perpetrada com dolo ou culpa, sendo vedada a responsabilização objetiva do agente. Adota-se o Direito Penal da culpa. São resquícios da responsabilidade objetiva: rixa qualificada e teoria da “actio libera in causa”. -Insignificância ou criminalidade de bagatela própria: a tipicidade penal é subdividida em: tipicidade formal: juízo de adequação entre o fato e a norma; e tipicidade matéria: lesãoou perigo de efetiva lesão ao bem jurídico. Assim, para considerar o fato como típico, não basta que o fato se adeque à norma, devendo também gerar risco de efetiva lesão ao bem jurídico por ela tutelado. -Presunção de inocência ou não culpabilidade: expresso no Art. 5º, LVII, da CF (“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória), bem como no art. 8.2 da Convenção Americana de Direitos Humanos (“Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa”). #DEOLHONAJURIS A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, NÃO ofende o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88) e não viola o texto do art. 283 do CPP. STF. Plenário. ADC 43 e 44 MC/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgados em 05/10/2016 (Info 842) -Proporcionalidade: ideia de proibição contra os excessos do estado (garantismo negativo) + proibição da proteção insuficiente (garantismo positivo). 6 O princípio da proporcionalidade possui 3 destinatários: a) legislador (proporcionalidade abstrata); b) juiz da ação penal (proporcionalidade concreta); e c) órgãos da execução penal (proporcionalidade executória). -Non bis in idem: veda a dupla punição pelo mesmo fato. #SELIGANASÚMULA Súmula 241 do STJ: A reincidência penal não pode ser considerada simultaneamente como agravante e circunstância judicial. Garantismo hiperbólico monocular: o “garantismo” distorce a construção feita sobre os direitos fundamentais ao colocar uma espécie de preferência nos direitos de liberdade. A Constituição Federal é garantista, mas trata igualmente de garantir os direitos fundamentais de primeira e segunda dimensão. Assim, a vida, a segurança pública e a ordem pública são direitos garantidos no mesmo patamar que as liberdades, não podendo distorcer o sistema para enxergar apenas uma forma de garantismo (por isso, hiperbólico e monocular). -Insignificância ou bagatela: tem natureza jurídica de causa supralegal de exclusão da tipicidade material, devendo ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima. Busca excluir ou afastar a própria tipicidade penal, em sua perspectiva material. Requisitos: .Objetivos: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; inexpressividade da lesão jurídica provocada. .Subjetivos: importância do bem para a vítima (STF) e condições do agente (nem a reincidência, nem a reiteração criminosa, tampouco a habitualidade delitiva, são suficientes, por si sós, para afastar a aplicação do denominado princípio da insignificância) - STF - Info 793. Furto privilegiado x princípio da insignificância: atentar que no furto privilegiado a coisa de pequeno valor é aquela que não suplanta um salário mínimo (conforme entendimento do STJ), enquanto que no princípio da insignificância a coisa é irrelevante para o direito penal, por não colocar em risco o bem jurídico penalmente tutelado. #OLHAOGANCHO Princípio da insignificância impróprio ou bagatela imprópria: trata-se de infração relevante para o Direito Penal (diante do desvalor da conduta e do resultado), típica, ilícita e culpável, tendo o Estado, portanto, o direito de punir (punibilidade). Ocorre que a pena se torna desnecessária diante de alguns fatores externos, a exemplo de réu primário e sem antecedentes criminais, reparação do dano causado à vítima, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento, dentre outros. Essa análise é feita pelo Juiz quando da fixação da pena-base (art. 59, “caput”, CP). A natureza jurídica da bagatela imprópria é de causa supralegal de exclusão da punibilidade. #APLICO OU NÃO? O princípio da insignificância é aplicável a qualquer delito que com ele seja compatível (não somente os crimes patrimoniais), desde que presentes os requisitos objetivos e subjetivos (acima vistos). Alguns delitos, por suas condições peculiares, não admitem a aplicação do postulado. Vejamos os principais deles: 7 APLICO NÃO APLICO - Descaminho e crimes tributários2(ex. crime de apropriação indébita previdenciária – art. 168-A, CP); -Crime previsto no art. 28, da Lei de Drogas (STF); - Atos infracionais3; - Réu reincidente (STJ)4. - Crimes contra a Administração Pública (súmula 599 STJ)5; -Crime ou contravenção penal contra a mulher no âmbito das relações domésticas (súmula 589 STJ); - Crimes hediondos e equiparados; -Racismo; - Ação de grupos armados, civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático6; - Roubos e demais crimes cometidos com grave ameaça ou violência à pessoa7; - Crimes (de tráfico e de uso pessoal) previstos na Lei de Drogas8 (STJ E STF); - Contrabando9; - Crimes ambientais10 ; - Crimes contra a fé pública11; - Crime de Tráfico internacional de arma de fogo12; - Porte ilegal de munição13; 2 STF e STJ agora alinharam o critério para considerar insignificante a conduta no crime de descaminho, considerando então o valor de R$20 mil. 3 São os crimes e contravenções penais cometidos pela criança e adolescente (art. 103, da Lei nº 8.069/90). Precisamos analisar a natureza do ato infracional a fim de saber se aplica ou não o Princípio da Bagatela, tal como fazemos com os crimes praticados pelos imputáveis. 4 #MUITOIMPORTANTE O STJ tem aplicado o princípio da insignificância ao réu reincidente, à exceção da multirreincidência. Isso porque a reincidência não atinge a tipicidade, pois só é aplicada na segunda fase de dosimetria da pena. O STF, em regra, não aceita a aplicação do princípio da insignificância ao reincidente. Contudo, no HC 114723/MG (2014), concluiu que poderia ser aplicada a insignificância, considerando a TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTAS DE GÊNERO DISTINTO. Assim, a análise dependerá do caso concreto! 5 STF e STJ admitem em situações excepcionais. Ex. não há o que se falar em crime de peculato a conduta do funcionário público que se apropria de poucas folhas em branco ou de alguns clips de metal pertencentes a determinado órgão público. Eventuais delitos dever ser enfrentados na seara administrativa. STJ recentemente afastou a incideência da súmula 599 em um caso em que um idoso passou o carro por cima de um cone de trânsito ao furar bloqueio da PRF, pois o cone avariado custava ccerca de 20 reais. 6 Os crimes hediondos e equiparados, de racismo e praticados por grupos armados, civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático são considerados crimes de máximo potencial ofensivo, do que são incompatíveis com o princípio da insignificância. 7 STJ considera o crime de roubo um crime complexo em que há ofensa a bens jurídicos diversos (patrimônio e a integridade da pessoa), do que se torna inviável pensar no desinteresse estatal à sua repressão (STJ, HC, 60.185/MG – Info 595). 8 Os crimes tipificados na Lei de Drogas são considerados crimes de perigo abstrato (ou presumido) e tutelam a saúde pública. Quando se trata de tráfico de drogas é indiscutível a sua inaplicabilidade. Quando se trata de posse para consumo pessoal o STJ tem permanecido com a vedação de sua aplicabilidade, considerando que não se aplica o princípio da insignificância ainda que ínfima a quantidade apreendida (STJ, RHC 35.920/DF, Info 541). O STF, por sua vez, tem julgado permitindo (STF, HC 110.475/SC, Info 655) e não permitindo sua aplicabilidade (STF, HC 91.759/MG, em 2007). 9 O contrabando (art.334-A, CP) não tem natureza tributária. Ademais, não se pode reputar insignificante a entrada e saída ilícita do território nacional de produto classificado como proibido pelas autoridades brasileiras. STF e STJ comungam do mesmo entendimento. 10 Apesar de se tratar de crimes de natureza difusa e de relevância do bem jurídico protegido, reservado inclusive às futuras gerações, em situações excepcionais o STF e o STJ têm admitido a aplicação do postulado. #CUIDADO! STJ tem admitido, em algumas situações peculiares, o princípio da bagatela nos crimes ambientais. 11 Não se aplica o princípio em razão da credibilidade depositada nos documentos, nos sinais e símbolos empregados nas relações indispensáveis à vida em sociedade. 12 Trata-se de crime de perigo abstrato e atentatório à segurança púbica (art. 18, da Lei nº 10.826/2003). 13 Previsto no art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/2003. A inaplicabilidade do postulado independe do calibre da arma de fogo e do número de projéteis apreendidos. 8 - Evasão de divisas14. FONTES DO DIREITO PENAL “Fonte” representa não apenas a origem, mas também a forma de manifestação da legislação penal. #SELIGANADIFERENÇA FONTES DO DIREITO PENAL MATERIAL Compete à União legislar sobre matéria penal (art. 22, I, CF) e, excepcionalmente, aos Estados, na forma do art. 22, parágrafo único, CP. FORMAL IMEDIATA Lei MEDIATA Costumes15; Princípios gerais do direito; Analogia. CONFLITO APARENTE DE NORMAS Dá-se o conflito aparente de normas penais quando a um único fato se revela possível, em tese, a aplicação de dois ou mais tipos legais, ambos instituídos por leis de igual hierarquia e originárias da mesma fonte de produção, e também em vigor ao tempo da prática da infração penal. Diante de um conflito de normas penais, então, como deveremos proceder? Por meio da aplicação dos seguintes princípios: #REMEMBER S.E.C.A. -Subsidiariedade: estabelece que a lei primária tem prevalência sobre a lei subsidiária (lex primaria derogat legi subsidiarie). A lei subsidiária exerce função complementar somente se aplicando quando a lei principal não puder incidir no caso concreto16. É que o crime tipificado pela lei subsidiária, além de menos grave do que o narrado pela lei primária, dele também difere quanto à forma de execução, já que corresponde a uma parte deste. Em outras palavras, a figura subsidiária está inserida na principal (ex. o crime de roubo abrange outras figuras típicas como o crime de furto e o de ameaça ou lesão corporal). No princípio da subsidiariedade a comparação sempre deve ser efetuada no caso concreto, buscando- se a aplicação da lei mais grave. 14 No crime de evasão de divisas praticado mediante operação da modalidade “dólar-cabo” (art. 22, parágrafo único, 1ª parte, da Lei nº 7.492/86) não se aplica o teto de R$10.000,00 (previsto na Lei nº 10.522/02) como parâmetro para incidência do princípio da insignificância, uma vez que, segundo o STJ, seria “fechar a janela, mas deixar a porta aberta para a saída clandestina de divisas” (REsp 1.535.956/RS, Info 578). 15 Os costumes se subdividem em: a) secundum legem ou interpretativo: auxiliam o intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos ou circunstâncias do tipo penal. Ex. antiga expressão “mulher honesta”. Atualmente podemos dar como exemplo o ato obsceno, previsto no art. 233, CP, sendo um termo mutável de acordo com as condições regionais e culturais de cada sociedade; b) contra legem ou negativo ou desuetudo: é aquele que contraria a lei, mas não tem o condão de revogá-la. Ex. contravenção penal de jogo do bicho (art. 58, do Decreto-Lei 3.688/41). Segundo o STJ há de se considerar a impossibilidade de absolvição em razão do costume, uma vez que não se pode ter existência jurídica o costume contra legem (REsp 30.705/SP, de 2014). Como sabemos, uma lei somente pode ser revogada por outra lei (art. 2º, §1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; c) praeter legem ou integrativo: supre a lacuna da lei e somente pode ser usado no campo das normas penais supralegais de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade. Ex. circuncisão empregada como rito religioso pelos israelitas. 16Atua como um verdadeiro soldado de reserva. 9 A subsidiariedade pode ser tanto expressa ou explícita (ex.: “se as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo – art. 129, §3º, CP”), como tácita ou implícita (ex.: constrangimento ilegal, art. 146, CP, é subsidiário diante do estupro, art. 213, CP). Obs. Não confundir o princípio da subsidiariedade, que vimos acima (em princípios), com a subsidiariedade no conflito aparente de normas. -Especialidade: possui um sentido diferenciado, particularizado. A lei especial contém todos os dados típicos de uma lei geral, mas também contém outros, denominados especializantes. Ex. crime de infanticídio tem o mesmo núcleo do crime de homicídio. O que o torna especial é o fato de a autora ser a genitora e a vítima ser seu próprio filho, cometendo o crime durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal; -Consunção ou absorção: o fato mais amplo e grave consome, absorve os demais fatos menos amplos e graves, os quais atuam como meio normal de preparação ou execução daquele ou, ainda, como um mero exaurimento. Tem aplicação: nos crimes complexos17, crime progressivo, progressão criminosa e atos impuníveis18. -Alternatividade: trata-se, como regra, de situação em que o tipo penal contém, em sua estrutura, várias modalidades de uma mesma infração penal. Assim, praticados sucessivamente pelo mesmo sujeito um ou mais núcleos do tipo, restará configurado crime único. São os chamados tipos mistos alternativos, de ação múltipla ou de conteúdo variado. Ex. art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06. #NÃOCONFUNDIR com o princípio da alteridade, segundo o qual não se deve punir condutas que prejudicam apenas o próprio agente. Ex.: autolesão. #SAIBADIFERENCIAR CRIME PROGRESSIVO PROGRESSÃO CRIMINOSA A intenção do agente é, desde o início, cometer o crime mais grave. Ex.: objetiva cometer um homicídio. Contudo, para se chegar até o homicídio, ocorre primeiro a lesão corporal. Pela consunção, a lesão corporal é absorvida pelo homicídio. CRIMES DE AÇÃO DE PASSAGEM. Há uma mudança no ânimo do agente. Ex.: ele deseja inicialmente causar lesão corporal. Contudo, durante a execução, muda de intenção e acaba cometendo o homicídio. Pela consunção, a lesão corporal é absorvida pelo homicídio. #ATENÇÃO Segundo a jurisprudência, um crime não pode ser absorvido por uma contravenção penal. 17São aqueles que tutelam dois ou mais bens jurídicos. Ex. roubo (protege o patrimônio e a integridade física do indivíduo). 18São atos que funcionam como meio de execução ao tipo principal ficando por este absorvido. Ex. no crime de homicídio o uso de arma de fogo fica absorvido em razão de ser um ato imponível e necessário à execução do delito do art. 121, CP. 10 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL É a tarefa mental que procura estabelecer a vontade da lei, ou seja, o seu significado e seu conteúdo. Vejamos a seguinte classificação: -Quanto ao resultado: #NÃOCONFUNDA -Quanto ao sujeito que interpreta: Interpretação autêntica ou legislativa: é aquela proveniente da vontade do próprio legislador que já edita a norma esclarecendo seu conteúdo e significado. Tem natureza cogente e obrigatória. Ex. art. 13, CP. Interpretação doutrinária ou científica: aquela exercida pelos doutrinadores, escritores. Não tem força obrigatória e vinculante. Ex. a Exposição deMotivos do Código Penal. Interpretação jurisprudencial: aquela proveniente dos membros do Poder Judiciário, na decisão de litígios que lhes são submetidos. Vai ter força obrigatória quando decidida em caso concreto (coisa julgada material) e quando constituir súmula vinculante (art. 103-A, CF e Lei nº 11.417/06). -Quanto aos meios ou métodos: Interpretação gramática ou literal ou sintática: é aquela que flui da acepção literal das palavras contidas na lei. 19#CUIDADO Não se trata de interpretação da lei penal, mas sim de técnica de integração ou colmatação do ordenamento jurídico. A lei pode ter lacunas, mas não o ordenamento jurídico. Trata-se de aplicação, ao caso não previsto em lei, de norma reguladora de caso semelhante. Não se aplica às leis excepcionais, justamente em razão de seu caráter extraordinário. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (ou intra legem) ANALOGIA 19 (técnica de integração) Existe norma para o caso concreto. Existe norma para o caso concreto; Não existe norma para o caso concreto; Ex. a previsão de proibição de extorsão mediante sequestro (art. 159, CP) abrange também a extorsão mediante cárcere privado. O legislador previu uma fórmula genérica, permitindo ao juiz encontrar outras. Pode ser prejudicial ao réu. Ex. (qualificadora do homicídio) art. 121, §2º, I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; Juiz aplica a lei prevista para outro caso quando há lacuna. Não pode ser prejudicial ao réu (in malam partem). Ex. adolescente estuprada que pretende interromper a gestação do seu feto pode fazer uso do aborto sentimental previsto no art. 128, II, CP, apesar deste não ter sido editado quando da previsão legal do estupro de vulnerável, portanto, não abrangendo essa hipótese. 11 Interpretação lógica ou teleológica: é aquela que busca apreender a finalidade genuína a lei, nos moldes do art. 5º, da LINDB. APLICAÇÃO DA LEI PENAL 1. LEI PENAL NO TEMPO #SELIGANADICA LU.TA: Lugar do crime: teoria da ubiquidade (considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado). Tempo do crime: teoria da atividade (considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado). Lex tertia: é a combinação de leis, criando uma terceira lei. É vedada (súmula 501 do STJ). Leis intermitentes 20 : são aquelas autorrevogáveis, que não precisam de outra lei para que sejam revogadas (art. 3º, CP), se subdividem em: a) Lei penal temporária: é a que tem vigência predeterminada no tempo. Ex. Lei nº 12.663/12 (Lei Geral da Copa do Mundo de Futebol de 2014); b) Lei penal excepcional: sua vigência está relacionada a situações de anormalidade. Ex. criação de norma punitiva para quem tomar banho com mais de 10 minutos de duração em período de racionamento de energia. #OLHAOGANCHO o art. 70, CPP, adota a teoria do resultado (como regra) no que diz respeito à fixação da competência para julgar crimes. 2. LEI PENAL NO ESPAÇO A regra geral é a territorialidade, que consiste na aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no Brasil (art. 5º, “caput”, CP). Excepcionalmente, adota-se a extraterritorialidade, na qual se aplica a lei brasileira a crimes (não inclui contravenção penal) praticados no exterior. Diante disso, diz-se que o Código Penal adotou a Teoria da Territorialidade mitigada ou temperada. #CUIDADO! Saiba diferenciar a extraterritorialidade incondicionada (art. 7º, I, CP), condicionada (art. 7º, II, CP), hipercondicionada (art. 7º, §3º, CP). PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MITIGADA ou TEMPERADA: PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE ATIVA O agente é punido de acordo com a lei brasileira, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido. Art. 7º, I, “d” e art. 7º, II, “b”, CP. PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE PASSIVA Ocorre nos casos em que a vítima é brasileira. O autor do delito que se encontrar em território brasileiro, embora seja estrangeiro, devera ser julgado de acordo com nossa lei penal. Art. 7º, §3º, CP. 20Possuem o efeito da ultratividade, uma vez que podem ser aplicadas a fatos pretéritos ocorridos quando de sua vigência, embora já decorrido o prazo de sua duração. 12 PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO O agente deve ser julgado de acordo com a lei do país em que for domiciliado, pouco importando a sua nacionalidade. Art. 7º, I, “d”, CP. PRINCÍPIO DA DEFESA, REAL ou PROTEÇÃO. Permite submeter à lei brasileira os crimes praticados no estrangeiro que ofendam bens jurídicos pertencentes ao Brasil, qualquer que seja a nacionalidade do agente e o local do delito. Art. 7º, I, “a”, “b” e “c”, CP. PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA UNIVERSAL ou JUSTIÇA COSMOPOLITA ou JURISDIÇÃO UNIVERSAL É característico da cooperação penal internacional porque todos os Estados da comunidade internacional podem punir os autores de determinados crimes que se encontrem em seu território, de acordo com convenções ou tratados internacionais, pouco importando a nacionalidade do agente, o local do crime ou o bem atingido. Art. 7º, II, “a”, CP. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO ou PAVILHÃO ou BANDEIRA Deve ser aplicada a lei brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada quando estivarem em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Art. 7º, II, “c”, CP. EXCEÇÃO: se a aeronave ou embarcação brasileira for pública ou estiver a serviço do governo brasileiro. Vamos aplicar o princípio da territorialidade com base no art. 5º, §1º, CP. LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS Vimos, acima, que o CP adotou a Teoria da Territorialidade temperada ou mitigada, conforme previsão do art. 5º, “caput”, CP. A parte final desse dispositivo legal traz a seguinte dicção: Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. #GRIFONOSSO. A parte destacada autoriza a criação de imunidades diplomáticas e de chefes de governo estrangeiros. A Constituição Federal, por sua vez, traz as hipóteses de imunidades parlamentares. As imunidades se fundam no princípio da reciprocidade, ou seja, o Brasil concede imunidades aos agentes dos países que também conferem iguais privilégios aos nossos representantes. A imunidade não é pessoal, mas sim funcional. Leva-se em conta a relevância da função pública exercida pelo representante estrangeiro (teoria do interesse da função). As imunidades têm caráter IRRENUNCIÁVEL, sendo vedado ao seu destinatário abdicar de sua prerrogativa, já que ela é conferida em razão do cargo e não da pessoa. Não obstante, poderá haver renúncia, desde que expressa, por parte do Estado de origem do agente diplomático. #OLHAOGANCHO As sedes diplomáticas não admitem busca e apreensão, requisição ou qualquer medida de execução de natureza penal, de acordo com a Convenção de Viena. -Imunidade formal: ler os parágrafos do art. 53, CF, em sua integralidade. 13 -Imunidade material ou inviolabilidade: os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos (art. 53, CF). A natureza jurídica é tema bastante controverso. O STF defende se tratar de fato atípico (Inq. 2.282/DF, Info 433). #PERGUNTA o agente que atua como partícipe de um parlamentar, por exemplo, pode ser sujeitoativo de algum crime? Como o Código Penal adotou a teoria da acessoriedade limitada, diante da atipicidade da conduta, o partícipe será beneficiado e não responderá por eventual crime (quando abrangido pela imunidade parlamentar absoluta). #SELIGANAJURISPRUDÊNCIA As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018. CRIMES COMETIDOS POR DEPUTADO FEDERAL OU SENADOR Situação Competência Crime cometido antes da diplomação como Deputado ou Senador Juízo de 1ª instância Crime cometido depois da diplomação (durante o exercício do cargo), mas o delito não tem relação com as funções desempenhadas. Ex: embriaguez ao volante. Crime cometido depois da diplomação (durante o exercício do cargo) e o delito está relacionado com as funções desempenhadas. Ex: corrupção passiva. STF TEORIA DO CRIME – VISÃO GERAL TEORIA CAUSALISTA (Causal Naturalista / Clássica / Naturalística / Mecanicista) Idealizada por Von Liszt, Beling, Radbruch. Início do século XIX. 14 Premissas básicas: - Marcada pelos ideais positivistas; - Segue o método empregado pelas ciências naturais (leis da causalidade); - O mundo (do Direito) deveria ser explicado por meio da experimentação dos fenômenos (sem espaço para abstrações); - Trabalha o Direito como se trabalha uma ciência exata. Crime (Teoria tripartite): - Fato típico (conduta); - Ilicitude; e - Culpabilidade (dolo e culpa). Conduta: movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Assim, de acordo com a teoria causalista, a conduta é composta de vontade, movimento corporal e resultado, porém a vontade não está relacionada com a finalidade do agente (dolo e culpa), elemento este analisado somente na culpabilidade. Críticas: (i) ao conceituar conduta como “movimento humano”, esta teoria não explica de maneira adequada os crimes omissivos (inação / sem movimento). (ii) não há como negar a presença de elementos normativos e subjetivos do tipo (é a regra, não a exceção). (iii) ao fazer a análise do dolo e da culpa somente no momento da culpabilidade, não há como distinguir, apenas pelos sentidos, a lesão corporal da tentativa de homicídio, por exemplo. (iv) é inadmissível imaginar a ação humana como um ato de vontade sem finalidade. TEORIA FINALISTA Criada por Hans Welzel. Meados do século XX (1930 – 1960). Percebe que o dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado (não devem integrar a culpabilidade). Crime (Teoria tripartite): - Fato típico (conduta, dolo e culpa); - Ilicitude; - Culpabilidade. #ATENÇÃO O MPSP na prova de 2017 adotou a corrente do Finalismo Dissidente ou Bipartido, que significa que o crime é composto pela tipicidade e ilicitude, sendo a culpabilidade um requisito para aplicação da pena ou pressuposto para sua aplicação. Na oportunidade, considerou corretas as seguintes afirmativas: 15 - A teoria finalista, no conceito analítico de crime, o define como um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto da pena. - A teoria finalista entende que pode existir crime sem que haja culpabilidade, isto é, censurabilidade ou reprovabilidade da conduta, inexistindo, portanto, a condição indispensável à imposição e pena. Conduta: comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim (toda conduta é orientada por um querer). #SELIGANATABELA Teoria causalista Teoria finalística Dolo e culpa são analisados na culpabilidade. Dolo e culpa são analisados no fato típico. Conduta: ato de vontade sem conteúdo. Conduta: ato de vontade com conteúdo. FUNCIONALISMO (TEORIAS FUNCIONALISTAS) Para as teorias funcionalistas, a conduta deve ser compreendida a partir da função do Direito Penal. Teoria Funcionalista TELEOLÓGICA Teoria Funcionalista SISTÊMICA Roxin. Jakobs. A principal função do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos indispensáveis a convivência humana. A princial função do Direito Penal é a proteção do sistema. Conceito de CONDUTA com base na proteção de bens jurídicos. Conceito de CONDUTA com base na proteção do sistema. #OLHAOGANCHO As premissas sobre as quais se funda o Funcionalismo Sistêmico deram ensejo à exumação da Teoria do Direito Penal do Inimigo, representando a construção de um sistema próprio para o tratamento do indivíduo infiel ao sistema. ATENÇÃO: Direito Penal do Inimigo / Direito Penal Bélico. Fundamentos: o delinquente autor de determinados crimes não deve ser considerado cidadão, mas como um cancro societário que deve ser extirpado. Pensadores: Protágoras, São Tomás de Aquino, Kant, Locke, Hobbes. Qual teoria o Brasil adotou? De acordo a maioria da doutrina, a reforma do Código Penal em 1984 adotou a teoria finalista. Por sua vez, o Código Penal Militar é causalista. CONCEITO TRIPARTITE DE CRIME Crime é fato típico + ilícito + culpável. -Fato típico: é formado pela conduta típica + nexo de causalidade + resultado. Conduta: 16 a) Teoria Clássica ou Causalista: conduta é comportamento humano voluntário que modifica o mundo exterior. O dolo (normativo) e culpa não fazem parte da conduta, pois estão inseridos na culpabilidade (teoria psicológica). Assim, essa teoria só pode ser aplicada ao conceito tripartite de crime. b) Teoria finalista (Wezel) conduta é comportamento humano consciente e voluntário dirigido a um fim. O dolo e culpa estão na conduta (dolo natural – teoria normativa da culpabilidade). Como visto, é a teoria adotada pelo Código Penal. Resultado: a) Resultado Naturalístico ou Material: é a modificação no mundo exterior provocada pela conduta. A partir do resultado naturalístico podemos classificar os crimes como: .Crime Material - resultado naturalístico é indispensável (ex. homicídio); .Crime Formal - resultado naturalístico existe, mas dispensável (ex. extorsão); .Crime de Mera Conduta – a norma penal não prevê um resultado naturalístico (ex. porte de arma). b) Resultado Normativo ou Jurídico: é a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico. Todos os crimes possuem. A partir dessa ideia podemos classificar os crimes como: .Crime de Perigo Abstrato – resultado normativo é presumido pela norma (ex. tráfico de drogas); .Crimes de Perigo Concreto - deve ser demostrado risco de lesão a pessoa certa (ex. perigo de contágio de moléstia venérea); .Crimes de dano - exigem efetiva lesão ao bem jurídico (ex. homicídio). Relação de causalidade ou nexo causal: é o vínculo entre a conduta e o resultado. a) Teoria da Equivalência dos Antecedentes: é a regra no Código Penal (art.13). É causa todo fato que concorre para o resultado. Para evitar o regresso ao infinito deve-se utilizar o processo hipotético de eliminação. b) Teoria da Causalidade Adequada: prevista no art. 13, §1º, do CódigoPenal, como exceção. Causa é todo fato necessário e adequado ao resultado. c) Teoria da Imputação Objetiva: busca limitar a responsabilidade penal pelo fato. Exige, além do vínculo entre a conduta e o resultado (causalidade/nexo físico), o nexo causal normativo. A causalidade normativa é formada pelos seguintes elementos: Criação ou aumento de um risco proibido (juízo de prognose) + Realização do risco no resultado (concretização de um resultado) + Resultado no alcance do tipo (previsto em um tipo). #ATENÇÃO Concausa: a convergência de uma causa externa à vontade do autor, que modifica o resultado. A concausas absolutamente independentes (preexistentes, concomitantes e supervenientes) rompem o nexo de causalidade. As concausas relativamente independentes não rompem o nexo causal, em regra, respondendo ao agente pelo resultado. Há uma exceção, a concausa superveniente que por si só produziu o resultado rompe a relação de causalidade (aplicação da causalidade adequada). Tipicidade: Tipicidade Formal: a subsunção entre conduta e tipo, ou seja, a adequação típica. Tipicidade Material: a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico. 17 a) Teoria indiciária: a tipicidade acarreta a presunção relativa de ilicitude. Assim, as excludentes de ilicitude devem ser demostradas pela defesa. b) Teoria dos elementos negativos do tipo: não foi adotada pelo Código Penal. Prevê o tipo total de injusto, formado pela tipicidade e pela ilicitude. A análise das excludentes de ilicitude deve ser feita pela acusação. c) Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni): não foi adotada pelo Código Penal. Deve haver a violação de todo o ordenamento jurídico (antinormatividade) e não apenas da lei penal. Assim, por exemplo, estrito cumprimento do dever legal seria excludente de tipicidade. Criação da tipicidade objetiva, formada pela tipicidade formal e conglobante. Dolo: elemento subjetivo do tipo, formado pela consciência e vontade. a) Teoria da vontade: dolo é a vontade da conduta e do resultado. É o dolo direito. Adotada pelo Código Penal. b) Teoria do consentimento ou assentimento: dolo ocorre quando o agente tem vontade da conduta, mas apenas assume o risco do resultado. É o dolo eventual. Também é adotada pelo Código Penal. c) Teoria da representação: dolo é a previsão do resultado. Confunde culpa consciente. Classificação: .Dolo natural: é consciência e vontade do resultado. Adotado pela teoria finalista. .Dolo normativo: é consciência e vontade do resultado acrescido da consciência da ilicitude. Adotado pela teoria causalista. .Dolo direito: dolo indireto é alternativo e eventual. .Dolo de primeiro grau: dolo de segundo grau é dolo quanto às consequências necessárias da conduta. .Tipo assimétrico ou incongruente: é dolo específico, com uma finalidade especial. .Dolo geral: ocorre quando há erro sobre o nexo causal. Culpa: violação do dever de cuidado. Formada por uma conduta voluntária, um resultado involuntário, a violação do dever de cuidado e o nexo causal. Classificação: .Culpa inconsciente: não há previsão de um resultado previsível (há previsibilidade). .Culpa consciente: prevê o resultado, mas acredita poder evitar. .Culpa própria: é a conduta voluntária que gera um resultado involuntário pela violação do dever de cuidado. .Culpa imprópria: é o erro inescusável quanto à existência de uma excludente de ilicitude (descriminantes putativas). É dolo tratado pelo legislador como culpa, por isso admite tentativa. Modalidades de culpa: imprudência, negligência e imperícia. Admite coautoria, mas não admite participação. 18 Tentativa: também chamada de crime imperfeito e crime incompleto #SELIGANOSSINÔNIMOS Elementos: início da execução, não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente e dolo de consumação. É causa de diminuição de pena (1/3 a 2/3). Deve-se observar o iter criminis percorrido para a fixação do quantum de diminuição. a) Teoria subjetiva: não distingue a pena da tentativa da pena do delito consumado, pois leva em consideração a intenção do agente. Aplicada nos crimes de atentado ou empreendimento (exs. crime de evasão mediante violência e terrorismo). Não confundir com crime obstáculo, que pune atos preparatórios. b) Teoria objetiva: observa a lesão ao bem jurídico, punindo de formas diversas o crime tentado e o crime consumado. É a regra no Código Penal. Classificação: .Tentativa branca ou incruenta: não atinge o bem jurídico. .Tentativa vermelha ou cruenta: atinge o bem jurídico. .Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: esgota os meios executórios. Não admitem tentativa: crime culposo (salvo culpa imprópria), contravenção penal, crime habitual, unissubsistente, preterdoloso e omissivo (salvo omissão imprópria). Crime impossível: também chamado tentativa inadequada, inidônea ou quase-crime. #SELIGANOSINÔNIMO Exclui a tipicidade. Teoria objetiva temperada. Adotada pelo Código Penal. O crime é impossível diante da absoluta impropriedade do meio. Desistência voluntária e arrependimento eficaz (resipiscência) #SELIGANOSINÔNIMO Conhecidos também como tentativa qualificada ou ponte de ouro no direito penal. São causas de exclusão de tipicidade, ou seja, o agente só responde pelos atos já praticados. Comunicam-se no concurso de pessoas. Arrependimento posterior: também conhecido como ponte de prata do direito penal. #SELIGANOSINÔNIMO Requisitos: crime sem violência ou grave ameaça + reparação do dano +realização até o recebimento da denúncia. É causa de diminuição de pena. Comunica-se no concurso de pessoas. Previsto também na parte especial do Código Penal (ex. peculato culposo). -Ilicitude: é a contrariedade entre a conduta e o ordenamento. 19 Excludentes da ilicitude ou descriminantes: a) Legítima defesa: agressão injusta, atual ou iminente a direito próprio ou alheio, de forma moderada. Não exige fuga. b) Estado de necessidade: perigo atual não causado pelo agente para salvar direito próprio ou alheio. Há doutrina afirmando que o perigo pode ser iminente (cuidado com a redação da questão). Adoção da teoria unitária. Pode ser recíproco. Há casos previstos na parte especial do Código Penal (ex. aborto terapêutico). c) Estrito cumprimento do dever legal: em princípio seria aplicável apenas aos agentes públicos, porém a doutrina majoritária estende ao particular. d) Exercício regular do direito: os ofendículos, instrumentos preordenados de defesa do patrimônio (ex. cerca elétrica), enquanto não acionados são formas de exercício regular do direito. e) Consentimento do ofendido: causa supralegal de exclusão da ilicitude. -Culpabilidade: é elemento do crime para a teoria tripartida e pressuposto de aplicação da pena para a teoria bipartida. a) Teoria Psicológica: a culpabilidade é formada pela imputabilidade e dolo normativo (dolo com consciência da ilicitude) ou culpa. Relaciona-se com a teoria causalista da conduta. b) Teoria Normativa (extremada): culpabilidade é imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Relaciona-se com teoria finalista da conduta. Aplica-se a teoria unitária do erro, ou seja, descriminantes putativas são sempre erro de proibição. c) Teoria Limitada: culpabilidade é imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Relaciona-se com teoria finalista da conduta. Aqui as descriminantes putativas por erro de fato são consideradas erro de tipo permissivo e as por erro de direito (limites) são tratadas como erro de proibição indireto. Prevalece, segundo a doutrina majoritária. Coculpabilidade (Zaffaroni): é o reconhecimento da responsabilidadedo Estado pela não inserção social do agente, que gera menor grau de autodeterminação. É atenuante inominada. Coculpabilidade às avessas: reprovação mais severa de condutas praticadas por pessoas com elevado poder econômico, que se valem dessa condição para praticar crimes. É observada na pena-base. Excludentes da culpabilidade ou dirimentes: coação moral irresistível e obediência hierárquica excluem a exigibilidade de conduta diversa. O erro de proibição exclui a potencial consciência da ilicitude. Admitem-se causas supralegais de exclusão da culpabilidade, como a desobediência civil e conflito de deveres (ex. empresário que deixa de recolher de tributos para pagar funcionários). Imputabilidade Penal: é um dos elementos da culpabilidade e significa atribuir responsabilidade penal. Pode ser afastada em três situações, a saber: a) menoridade; b) doença mental; c) embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. #OLHAOGANCHO A embriaguez é o nome que se dá a uma intoxicação aguda do organismo humano por álcool ou substância de efeitos análogos. Ela pode ter ou não repercussão jurídico-penal, a depender 20 do caso. Diante disso, a doutrina classifica a embriaguez quanto a sua origem, de forma a melhor estruturar o estudo sobre seus reflexos penais: -voluntária ou intencional: o sujeito quer se embriagar, mas ele não quer praticar crime algum. A vontade se limita à embriaguez. -culposa: o sujeito não quer se embriagar, mas por imprudência ele se excede no consumo do álcool e acaba embriagado. -preordenada ou dolosa: o sujeito quer se embriagar para cometer um crime. Não exclui a imputabilidade penal e também caracteriza uma agravante genérica. -fortuita ou acidental: é aquela que emana de caso fortuito ou de força maior. Se for completa, exclui a culpabilidade; se for incompleta, não exclui, mas a pena será diminuída de 1/3 a 2/3. A teoria da actio libera in causa (ação livre na causa) explica a punição do agente nesse caso, pois considera que “a causa da causa também é causa do que foi causado”. Antecipa-se o momento da análise da imputabilidade, não sendo feita quando o crime foi praticado, pois o agente estava inconsciente ou parcialmente consciente. Assim, analisa-se a imputabilidade no momento anterior àquele em que o agente livremente se colocou no estado de embriaguez. A teoria foi criada para a embriaguez preordenada e o art. 28, II CP acolheu a teoria também para a embriaguez voluntária e culposa. #DEOLHONATABELA INIMPUTÁVEL SEMI-IMPUTÁVEL (FRONTEIRIÇO) IMPUTÁVEL Sentença absolutória imprópria Sentença condenatória Sentença condenatória Medida de segurança Pena diminuída de 1/3 a 2/3 (parcial culpabilidade). OU medida de segurança (art. 98, CP) Pena TEORIA DA CAUSALIDADE (ART. 13, CP) O art. 13, CP, considera como “causa” do crime a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O CP adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais. A doutrina, por sua vez, tem trazido a valoração do nexo causal como mais um elemento a ser considerado no fato típico. Trata-se do nexo normativo trazido pela teoria da imputação objetiva. TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS - CP - TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA - DOUTRINA - CAUSALIDADE OBJETIVA/FÍSICA CAUSA E EFEITO CAUSALIDADE OBJETIVA/FÍSICA NEXO FÍSICO: CAUSA E EFEITO NEXO NORMATIVO: RISCO PROIBIDO X RISCO 21 PERMITIDO DIREITO PENAL QUÂNTICO: não se contenta com a simples relação de causa e efeito. É a valoração do nexo causal. CAUSALIDADE SUBJETIVA/PSÍQUICA DOLO + CULPA CAUSALIDADE SUBJETIVA/PSÍQUICA DOLO + CULPA A doutrina defende que o resultado reclamado no art. 13, CP é um resultado normativo (ou jurídico), uma vez que é plenamente possível haver um crime sem a ocorrência de resultado naturalístico (modificação no mundo exterior). Ex. crimes formais e de mera conduta. No caso do art. 13, §2º, CP, em que temos a previsão dos crimes omissivos, o nexo causal presente não é o nexo naturalístico, mas sim o nexo normativo (estabelecido pela lei). Assim, nos crimes omissivos, o nexo decorre da lei que pune a inação (o agente será punido simplesmente por não ter atuado quando deveria). No caso dos crimes omissivos impróprios estaremos diante de crimes comissivos. Mesmo assim, a causalidade será normativa. Isso porque, apesar de haver nexo entre conduta e resultado, este nexo não é naturalístico (pois a omissão não provocou o resultado). O agente não causa diretamente o resultado, mas permite que ele ocorra quando deveria e poderia evitá-lo. A doutrina chama de nexo de evitação. Teoria da eliminação hipotética dos antecedentes causais: já que o Código Penal considera causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, resta saber quais as causas que, de fato, contribuíram para o fato, sob pena de chegarmos a uma regressão ao infinito. Assim, o ideal é somar a teoria da conditio sine quo non ao método de eliminação hipotética dos antecedentes (Thyrén), que se trata de uma técnica de eliminação mental: causa é todo fato que, se suprimido mentalmente, o resultado não teria ocorrido como de fato ocorreu. Causalidade simples: trata-se da aplicação do art. 13, “caput”, CP, a considerar como causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido; Causalidade adequada: trata-se de teoria adotada pelo Código Penal para regular os casos em que existe concausa superveniente relativamente independente que por si só produziu o resultado (art. 13, §1º, CP). OBS: no estudo de concausas há de se analisar a linha de desdobramento entre a conduta e resultado. ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO ERRO DE TIPO Trata-se de uma falsa percepção da realidade, em que o agente não sabe o que faz. Possui previsão expressa no art. 20 do Código Penal, podendo o erro recair sobre circunstâncias essenciais (erro essencial) ou agregadas ao tipo penal (erro acidental). 22 ERRO DE TIPO ESSENCIAL: CONSEQUÊNCIAS ERRO DE TIPO ESSENCIAL Falsa percepção da realidade (art. 20, CP). INEVITÁVEL Exclui o dolo e a culpa EVITÁVEL Exclui o dolo, mas não a culpa se houver previsibilidade de modalidade culposa. ERRO DE TIPO ACIDENTAL: CONSEQUÊNCIAS ERRO DE TIPO ACIDENTAL ERRO SOBRE A PESSOA Art. 20, CP: O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Ex. agente que pretende ceifar a vida de “A”, mas termina por cometer o homicídio contra seu irmão gêmeo, crendo ser “A”. ERRO SOBRE O OBJETO O agente projeta sua conduta sobre um objeto, mas na realidade incide sobre coisa diversa. Ex. acredita que está furtando um relógio de ouro, mas é uma bijuteria. ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL ou ABERRATIO CAUSAE O engano é no tocante à causa do crime. O resultado buscado pelo agente ocorreu em razão de um acontecimento diverso daquele que ele inicialmente idealizou. Ex. “A” empurra “B” da ponte para matá-lo afogado. “B” vem a falecer, mas não por asfixia derivada do afogamento, mas sim em decorrência do traumatismo craniano, pois se chocou com uma pedra antes de ter contato com a água.21 ERRO NA EXECUÇÃO ou ABERRATIO ICTUS Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo- se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agentepretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO ou ABERRATIO CRIMINIS Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código (concurso formal). ERRO DE PROIBIÇÃO O agente sabe exatamente o que está fazendo, mas desconhece a ilicitude do fato. Não é que o agente ignore os termos da lei, até porque o art. 21, “caput”, do CP, considera que “o desconhecimento da lei é inescusável”, não admitindo, portanto, a ignorantia legis. No erro de proibição, o agente apesar de saber 21erro sobre o nexo causal (“aberratio causae”) x dolo geral (ou erro sucessivo): no erro sobre o nexo causal há um único ato (“A” empurra “B” da ponte). No dolo geral, “A” atira em “B”, que vem a cair no solo. A, acreditando na morte de “B”, empurra seu corpo ao mar, a fim de ocultar o cadáver, mas posteriormente se descobre que a morte foi produzida por afogamento e não pelo disparo de arma de fogo. 23 dos termos da lei, desconhece ou interpreta mal o seu conteúdo, ou seja, não compreende com clareza seu caráter ilícito. O CP chama o erro de proibição de erro sobre a ilicitude do fato. A consequência jurídica de eventual sanção vai depender da aferição de sua evitabilidade ou não (se era evitável ou inevitável), tal como ocorre no erro de tipo: #ERRODEPROIBIÇÃO: CONSEQUÊNCIAS: ERRO DE PROIBIÇÃO Desconhecimento do caráter ilícito a conduta (art. 21, “caput”, CP). INEVITÁVEL Isenção da pena. EVITÁVEL Causa de diminuição da pena (de 1/6 até 1/3). #APROFUNDACOACH é aqui que será feita a valoração paralela da esfera do profano, ou seja, analisa- se a capacidade cognitiva do agente (do que é certo e errado) mediante circunstâncias como classe social, valores morais e culturais, crenças religiosas, etc. DESCRIMINANTES PUTATIVAS Descriminantes Putativas é um gênero, que se subdivide em duas espécies: -Erro de tipo permissivo (descriminante putativa fática): o agente erra quanto aos pressupostos fáticos da causa de exclusão da ilicitude. Isso significa que, assim como no erro de tipo essencial, não há uma correspondência entre a realidade e o que o agente representa e o tratamento dado é o mesmo: isenção de pena (erro invencível) ou exclusão do dolo, punindo como crime culposo por culpa imprópria, caso previsto (erro vencível). Disciplinado pelo art. 20, § 1º, CP. -Erro de proibição indireto: o agente erra quanto à existência ou limites da causa de exclusão da ilicitude. Assim, o agente faz a correta representação da realidade, mas tem um equivocado entendimento acerca do direito e recebe o mesmo tratamento dado ao erro de proibição direto: pode ser tratado como excludente da culpabilidade (erro invencível) ou causa de diminuição de pena (erro vencível). Disciplinado pelo art. 21, CP. #COLANARETINA ERRO DE TIPO Erro de tipo essencial é o erro sobre elementar do tipo. Erro de tipo vencível ou inescusável exclui o dolo, sendo o agente punido na modalidade culposa, caso exista previsão. Erro de tipo invencível ou escusável exclui dolo e culpa. Erro de tipo acidental. Espécies: erro sobre a pessoa (vítima virtual não sofre perigo); 24 erro sobre o objeto; erro sobre o nexo causal (aberratio causae, dolo geral ou erro sucessivo); erro sobre a execução ou aberratio ictus (atinge pessoa diversa, mas a vítima virtual corre perigo); resultado diverso do pretendido. ERRO DE PROIBIÇÃO É erro sobre a ilicitude do fato. Erro de proibição inescusável diminui a pena. Erro de proibição escusável ou inevitável exclui a culpabilidade, em razão da ausência de potencial consciência da ilicitude. Erro de proibição mandamental é erro quanto ao dever legal de agir. DESCRIMINANTES PUTATIVAS São erros quanto à existência, limites ou pressupostos fáticos de uma excludentes de ilicitude. Teoria limitada da culpabilidade (prevalece). O erro sobre a existência dos pressupostos fáticos é erro de tipo permissivo; se o erro for sobre os aos limites das excludentes de ilicitude será erro de proibição indireto Teoria normativa pura da culpabilidade: o erro quanto à existência de excludentes de ilicitude será sempre erro de proibição. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA x ARREPENDIMENTO EFICAZ x ARREPEDIMENTO POSTERIOR DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA X ARREPENDIMENTO EFICAZ São formas de tentativa abandonada ou qualificada, uma vez que o agente, por circunstâncias inerentes à sua vontade, não permite que o crime conclua sua consumação. Está prevista no art. 15, CP. #TABELINHAPRAENTENDER DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ (RESIPISCÊNCIA) Na desistência voluntária o agente, voluntariamente, interrompe o processo executório do delito, por circunstâncias inerentes à sua vontade (ex.: depois de escalar muro da casa e abrir o veículo visado, o agente abandona seu intento, não efetivando a subtração do automotor). Já no arrependimento eficaz, após serem esgotados todos os atos de execução, o agente se arrepende, passando, nesse momento, a buscar o impedimento do evento (depois de desferir dois tiros na vítima, arrepende-se, socorrendo, eficazmente, o ferido). O agente ainda tem meios para continuar, mas desiste. O agente esgotou todos os atos executórios, mas retorna à situação de legalidade e impede o 25 resultado. REQUISITOS COMUNS: voluntariedade, eficácia e irrelevância dos motivos: ✓ Voluntariedade: livre de coação física ou moral (espontâneo ou não). ✓ Eficaz: a atuação do agente precisa ser capaz de evitar a produção do resultado22. ✓ Irrelevância dos motivos: os motivos que levaram o agente à desistência voluntária ou arrependimento posterior são irrelevantes para a caracterização dos institutos. Em ambos os casos não há tentativa, respondendo o agente apenas pelos atos já praticados (violação de domicílio, no primeiro exemplo, e lesão corporal, no segundo). TENTATIVA: eu quero prosseguir, mas não posso. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA e ARREPENDIMENTO EFICAZ: eu posso prosseguir, mas não quero. #CUIDADO a tentativa abandonada ou qualificada não se confunde com a tentativa imperfeita ou inacabada, que é propriamente uma espécie de tentativa, em que o agente não esgota os meios de execução que tinha ao seu dispor por circunstâncias alheias à sua vontade. A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes culposos (salvo no caso da culpa imprópria), uma vez que em tais casos o agente não quer o resultado naturalístico, que vem a ocorrer pela inobservância de algum dever objetivo de cuidado. ARREPENDIMENTO POSTERIOR Nesse caso o agente já consumou o delito, mas repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa por ato voluntário. Qual a pedra de toque entre desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior? É a consumação do delito. #FOCANATABELINHA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPEDIMENTO EFICAZ - ART. 15, CP - ARREPENDIMENTO POSTERIOR - ART. 16, CP - PONTE DE OURO PONTE DE PRATA O agente retoma a situação de licitude e desiste de dar continuidade ao que se propôs, por circunstâncias inerentes à sua vontade (diferente da tentativa). Aqui o agente não retoma a situação de licitude, não sendo beneficiado pela excludente da tipicidade, mas terá sua pena reduzida. NÃO HOUVE CONSUMAÇÃO HOUVE CONSUMAÇÃO Desistência voluntária:O agente desiste, mas ainda tem meios executórios disponíveis. Arrependimento eficaz: o agente desiste após esgotar todos os meios executórios disponíveis. REQUISITOS: 1- Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa23; 2- Reparação do dano ou restituição da coisa24; 22#OLHAOGANCHO Caso o resultado tenha ocorrido, em que pese toda a atuação do agente no sentido de impedir, é possível se falar na aplicação da atenuante genérica do art. 65, III, “b”, 1ª parte, CP. 23A violência contra a coisa ou a violência culposa não excluem o benefício. 24Essa atitude deve ser voluntária (sem coação física ou moral e não precisa ser espontânea), pessoal (salvo em comprovada impossibilidade. Ex. agente preso) e integral (STF já tem julgado entendendo pela possibilidade de reparação parcial do dano quando analisadas outras circunstâncias fáticas). Ademais, independe da vontade da vítima (em aceitar ou não). 26 3- Até o recebimento da denúncia ou queixa25. CAUSA EXCLUDENTE DA TIPICIDADE (prevalece). CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA #APROFUNDACOACH doutrinadores mais modernos estão chamando de ponte de diamante os benefícios concedidos em sede de colaboração premiada, que inclui a possibilidade de perdão judicial. A reparação do dano e a restituição da coisa têm natureza de cunho objetiva, de modo que se comunica com os demais coautores e partícipes do crime, como preconiza o art. 30, CP. O que se entende por terceira via do Direito Penal? A reparação dos danos, consoante uma forte tendência doutrinária, constituiria a terceira via do Direito Penal (Roxin). Ou seja, para além da pena e da medida de segurança, a reparação dos danos seria uma louvável saída, porque acaba privilegiando a vítima. CRIME IMPOSSÍVEL Trata-se da tentativa não punível, também chamado pela doutrina de tentativa inidônea, crime oco ou quase-crime. O agente não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade, diante da ocorrência de alguma das situações do art. 17, CP: -Ineficácia absoluta do meio: o meio executório utilizado pelo agente não é eficaz para alcançar o bem jurídico pretendido. Flagrante preparado: é uma espécie de crime impossível. Também é chamado de crime de ensaio, delito de laboratório, crime putativo por obra do agente provocador ou, ainda, intervenção predisposta da autoridade. #OLHAASÚMULA Súmula 145 do STF: não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. -Absoluta impropriedade do objeto: a ação ou omissão não são idôneas a causar algum resultado lesivo à vítima. Segundo o STJ, o porte de arma de brinquedo constitui crime impossível para a incidência da Lei nº 10.826/03. Crime cometido no interior de estabelecimento comercial sob vigilância eletrônica: segundo o STJ, o sistema de vigilância eletrônica ou a presença de segurança, por si só, não serve para impedir a ocorrência de eventuais furtos, mas sim dificultar. Em assim sendo, a ineficácia é relativa e o agente responderá pelo crime na modalidade tentada (art. 14, II, CP). #OLHAASÚMULA Súmula 567 do STJ: sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. 25Se ocorrer após esse momento, mas antes do julgamento, aplica-se a atenuante genérica do CP, art. 65, III, "b", in fine, CP. 27 CRIME IMPOSSÍVEL X CRIME PUTATIVO #OLHAATABELINHA! CRIME IMPOSSÍVEL CRIME PUTATIVO O erro do agente recai sobre a idoneidade do meio ou do objeto material. O agente, embora acredite estar realizando um fato típico, pratica um indiferente penal (crime putativo por erro de proibição, crime putativo por erro de tipo e crime putativo por obra do agente provocador). TENTATIVA É a forma incompleta de um crime. O agente não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. Natureza jurídica: trata-se de norma de extensão temporal (art. 14, II, CP). Elementos do crime tentado: • .início da execução; • .não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente; • .dolo de consumação (requisito implícito). Punibilidade na tentativa: pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Critério para diminuição da pena: iter criminis percorrido, ou seja, quanto mais próxima a consumação, menor a redução; quanto mais distante a consumação, maior a redução. Infrações que não admitem tentativa (#MACETE CCHOUP): CONTRAVENÇÃO PENAL Não se admite a tentativa por expressa previsão legal (art. 4º, LCP). Não é que faticamente não exista, mas juridicamente não interessa. CRIME HABITUAL O crime habitual não admite a tentativa porque (1) ou existe a reiteração de atos e o delito está consumado (2) ou há um só ato e o fato é atípico. CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS A tentativa é incompatível com o crime omissivo próprio porque basta a omissão para a configuração do crime, não havendo espaço para a tentativa. O tipo penal não exige resultado naturalístico. CRIME UNISSUBSISTENTE Nos crimes unisubsistentes, a execução não admite fracionamento. Exemplos: (1) delito omissivo puro; e (2) delito de mera conduta (cuidado, pois a violação de domicílio, na modalidade “entrar”, é um crime de mera conduta que admite a tentativa, por sua execução poder ser fracionada). CRIME PRETERDOLOSO Não há dolo de consumação em relação ao subsequente culposo, mas o dolo existe no antecedente (que é doloso). Ex. lesão corporal seguida de morte. O dolo de consumação era para a lesão corporal, pois a morte não foi visualizada como certa. 28 CRIME CULPOSO O crime se consuma porque o agente não observou o dever objetivo de cuidado e não porque havia dolo de consumação. EXCEÇÃO: culpa imprópria (o agente quer um resultado certo, ainda que sob descriminante putativa). CONCURSO DE PESSOAS Requisitos: • .Pluralidade de agentes; • .Relevância das condutas; • .Liame subjetivo (consciência de que estão reunidos – é diferente de acordo prévio); • .Identidade de infração. #SELIGANATABELA CONCURSO DE AGENTES AUTORIA COLATERAL OU INCERTA Pluralidade de agentes e de conduta Pluralidade de agentes e de conduta Relevância causal das condutas Relevância causal das condutas Liame subjetivo entre os agentes NÃO há liame subjetivo entre os agentes Teoria monista: crime único para os agentes. É a regra no CP. Art. 29, caput, CP. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Partícipe: prevalece a aplicação da teoria da acessoriedade limitada, segundo a qual o fato precisa ser típico e ilícito. Teoria objetivo-formal: autor é aquele que realiza o núcleo do tipo. Prevalece. Teoria do domínio do fato: autor é quem executa uma tarefa essencial para a ocorrência do delito. Se deixar de praticar sua conduta, o delito não acontece da forma planejada. É quem controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de execução, seu início, cessação e demais condições. Partícipe é quem executa tarefa não essencial (secundária, acessória). Será aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance do resultado, não exerce domínio sobre a ação. Podemos afirmar que tem o controle final do fato: -Aquele que por sua vontade executa o núcleo do tipo (autor propriamente dito). -Aquele que planeja o crime para ser executado por outras pessoas (autor intelectual). -Aquele que se vale de um não culpável ou de pessoa queage sem dolo ou culpa para executar o tipo (autor mediato). #DEOLHONAJURIS 29 A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo, também não permite a condenação de um agente com base em conjecturas. Assim, não é porque houve irregularidade em uma licitação estadual que o Governador tenha que ser condenado criminalmente por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880). Compatibilidade entre a agravante do art. 62, I, do CP e a condição de mandante do delito. A incidência da agravante do art. 62, I, do Código Penal é compatível com a autoria intelectual do delito (mandante). No entanto, o mandante do crime somente deverá ser punido com a agravante se, no caso concreto, houver elementos que sirvam para caracterizar a situação descrita pelo inciso I do art. 62, ou seja, é necessário que fique demonstrado que ele promoveu, organizou o crime ou dirigiu a atividade dos demais agentes. Em outras palavras, o mandante poderá́ responder pela agravante do inciso I do art. 62 do CP, mas isso nem sempre acontecerá, dependendo das circunstâncias do caso concreto. (Info 580, STJ). O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do § 2o do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. (Info 575, STJ). DA PENA TEORIA DA PENA Em resumo, são três as principais correntes sobre as finalidades da pena: a) corrente absolutista: a pena objetiva retribuir o mal causado. b) corrente utilitarista: a pena atua como instrumento de prevenção. c) corrente eclética (teoria mista): a pena objetiva retribuição + prevenção. Adotada pelo Código Penal (art. 59). Art. 59, CP – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: #OLHOOGANCHO Transação penal é uma medida despenalizadora prevista na Lei nº 9.099/95. Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando- se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. #DEOLHONATABELA PREVENÇÃO GERAL (atua ANTES do crime) ESPECIAL (atua APÓS o crime) 30 Visa à sociedade Visa ao delinquente Positiva Negativa Positiva Negativa A pena demonstra a vigência da lei. Coação psicológica direcionada à coletividade (intimidação) Ressocialização – reintroduzir o delinquente ao convívio social. Inibir a reincidência. De acordo com o STF, a pena no Brasil é polifuncional (Ministro Ayres Brito). Há diferentes finalidades de acordo com cada uma das etapas da pena (cominação, aplicação e execução). 1. No momento da COMINAÇÃO da pena (em abstrato): PREVENÇÃO GERAL (visa à sociedade). Divide-se em: (I) positiva: demonstra a vigência da lei; (II) negativa: intimidação (evitar que os membros da sociedade venham delinquir). 2. No momento da APLICAÇÃO da pena (em concreto): PREVENÇÃO ESPECIAL (visa o delinquente), em sua modalidade negativa (inibir a reincidência) + RETRIBUIÇÃO. 3. No momento da EXECUÇÃO da pena: Efetivar as disposições da sentença + PREVENÇÃO ESPECIAL POSITIVA (ressocialização). Art. 1º LEP. (Lei 7210/84): A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA -Legalidade: reserva legal + anterioridade. -Pessoalidade / personalidade / intransmissibilidade da pena: Artigo 5º, XLV, CF. nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. -Individualização da pena: deve ser observada em 3 momentos: 1 - Fase legislativa: na definição do crime e na cominação da pena; 2 - Fase judicial: na imposição da pena; 3 - Fase de execução: o art. 5º, LEP (individualização da execução penal). LEP: Art. 5º. Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. -Proporcionalidade: a pena deve ajustar-se à gravidade do fato sem desconsiderar as condições do agente. 31 Dupla face do princípio da proporcionalidade 1ª face: EVITAR O EXCESSO 2ª face: EVITAR A INSUFICIÊNCIA DA INTERVENÇÃO DO ESTADO Impedir a hipertrofia da punição. Imperativo de tutela. Garantismo negativo (Ferrajoli). Garantismo positivo (Ferrajoli). Garantia do indivíduo contra o Estado. Garantia do indivíduo em ver o Estado protegendo bens jurídicos com eficiência. -Inderrogabilidade /inevitabilidade da pena: a pena, desde que presentes seus pressupostos, deve ser aplicada e fielmente aplicada. Esse princípio deve ser analisado em conjunto com o princípio da necessidade da pena. Há casos em que o Estado não tem interesse em aplicá-la (perdão judicial) ou executá-la (“sursis”) – são exceções ao princípio da inevitabilidade da pena. -Dignidade da pessoa humana: a ninguém pode ser imposta pena que ofenda a dignidade da pessoa, vedando-se sanção indigna, cruel, desumana e degradante. PENAS PROIBIDAS NO BRASIL (art. 5º, XLVII, CF) a) Pena de morte: o Brasil permite pena de morte? Em regra, NÃO. A CF/88 admite a pena de morte como exceção, executada por fuzilamento, por ordem de Tribunais Militares, em caso de guerra externa declarada, por ato presidencial, mediante autorização ou referendo do Congresso Nacional (art. 49, II, c/c art. 84, XIX, CF/88), nas hipóteses previstas pelo Código Penal Militar. b) Pena de caráter perpétuo: o Brasil limita o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade, exatamente porque a CF/88 proíbe as penas de caráter perpétuo. Art. 75, CP. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 anos. #OLHAOGANCHO O prazo indeterminado da medida de segurança (espécie de sanção penal) viola à CRFB/88? 1ª Corrente: O prazo indeterminado da medida de segurança não viola a C.F., pois esta sanção tem caráter curativo (e não punitivo). 2ª Corrente: O prazo indeterminado da medida de segurança viola a Constituição Federal. Deve ter como prazo máximo o tempo de 30 anos (art. 75, CP, aplicado por analogia). 3ª Corrente: Concorda com a 2ª Corrente, porém entende que o prazo máximo deve coincidir com a pena máxima em abstrato previsto para o crime. Súmula 527, STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. c) Pena de trabalhos forçados: a pena de trabalhos forçados consiste em trabalho gratuito, desumano, degradante, sem trazer qualquer benefício ao condenado. #OLHAOGANCHO A pena de prestação de serviços à comunidade NÃO é pena de trabalhos forçados e, portanto, não é proibida pela Constituição Federal. Trata-se de pena alternativa, restritiva de direitos, evitando pena privativa de liberdade. 32 Já o Trabalho Penitenciário é um misto de dever (art.
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