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ATOS ADMINISTRATIVOS

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ATOS ADMINISTRATIVOS
BEATRIZ CABRAL
Conceito: 
Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da administração pública que, agindo nesta qualidade, tenha por fim imediato resguardar, adquirir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.
Pode ser realizado pela própria administração ou pelos seus particulares, a partir de uma delegação.
No Regime Jurídico administrativo, a administração pública tem prerrogativas –poderes, sujeições -deveres. 
Produz efeito imediato –concreto. 
Ele é exercido sobre o regime jurídico de direito público (atos de direito privado não são atos administrativos).
São basicamente: os atos praticados pelo Administrador para conseguir colocar em prática uma Lei. Sendo os administradores subordinados à Lei, tendo um caráter infralegal praticando um ato pensando no coletivo, para garantir a supremacia e ganhar prerrogativas.
O controle judicial é feito tanto na vinculação quanto na discricionariedade. 
Vinculação e discricionariedade:
Os poderes exercidos pela administração pública estão limitados por previsão legal. 
Atos administrativos vinculados: São aqueles que o administrador segue 100% a lei, pois a mesma não deixou nenhuma margem de discricionariedade. Não há liberdade para optar por outra forma de agir. -Surge o direito subjetivo ao administrado para exigir o que tem na lei. 
A única liberdade que ele tem él temporal. Ex: concessão de aposentadoria. 
Atos administrativos discricionários: São aqueles que o administrador tem a possibilidade de escolher qual a forma que ele quer realizar o ato, dependendo da conveniência e oportunidade. A lei que vai instituir e delimitar a discricionariedade. 
A discricionariedade também pode ocorrer quando a lei for omissa, quando a palavra utilizada na lei é considerada “vaga”; dependendo por isso, de um juízo de valor para interpretar ou para suprir a falta dela. 
Ex: permissão de uso para colocação de mesas e cadeiras nas calçadas públicas, autorização para pesca amadora mediante alvará, autorização para porte de arma, etc. 
Um exemplo importante é quando um servidor pratica uma falta grave, é dever da autoridade superior instaurar processo administrativo disciplina, mas, caberá a autoridade competente analisar, se pode ou não aplicar alguma penalidade.
Elementos essenciais dos atos administrativos 
São elementos para definir a validade do ato. 
1) COMPETÊNCIA: Quem pratica o ato?
Exercício obrigatório, imprescritível e intransferível (salvo hipóteses de delegação e avocação de competência). 
Depende de previsão legal –legalidade, é o poder-dever de agir. Se é incompetente, é nulo.
É irrenunciável -pois o administrador exerce sua função em prol da sociedade.
Imodificável, não pode dilatá-la ou restringi-la, pois a sua fonte definidora é a lei. 
Improrrogável, se não tiver hoje, não pode ter amanhã. 
Delegação e avocação de competência: Possível quando é autorizado em lei, em caráter excepcional e justificável. 
Na delegação, admite-se a transferência para um mesmo plano hierárquico e para um inferior. 
A delegação deve ser publicada e especificada, com as matérias e os poderes transferidos, definindo os limites, a duração e os objetivos, além dos recursos cabíveis.
A avocação vai acontecer quando a autoridade, que era inicialmente incompetente, atrai para a sua esfera de competência a prática de um determinado ato. 
A norma vai levar em conta a matéria, o território, o grau hierárquico e o tempo adotado. 
ATO COM EXCESSO DE PODER: INVÁLIDO -ADMITE CONVALIDAÇÃO.
ATO PRATICADO POR FUNCIONÁRIO: VÁLIDO.
ATO PRATICA PELO USURPADOR DE FUNÇÃO INEXISTENTE. 
2) FORMA: Como?
A forma é o elemento vinculado do ato administrativo determinado por lei. Poderá ser forma discricionária caso a lei não especifique.
A Motivação: explicação da prática do ato –de fato e de direito. É a fundamentação ex: guarda de trânsito notifica o infrator a partir dos fatos apurados. 
É a partir dessa notificação, por exemplo, que é possível o direito de defesa e controle social. 
Pode existir ato administrativo sem motivação, mas não sem motivo, Ex: cargo de comissão de livre nomeação e exoneração, não depende da motivação. Se a motivação foi feita ela passa a vincular o ato. Caso seja viciada ou falsa o ato também passa a ser. -teoria dos atos determinantes. 
Teoria dos atos determinantes: Naqueles atos em que a motivação não é obrigatória, quando o motivo é expressamente declarado, vincula-se ao ato, de tal forma que a validade desse ato dependerá da validade do motivo externado.
3) MOTIVO: Por que?
É o requisito objetivo, são as razões, de fato e de direito, que justificam a edição do ato, que gera a vontade do agente.
Esse componente do ato nem sempre está previsto na lei.
Deverá analisar o mérito. 
O mérito administrativo é a análise da oportunidade e da conveniência ao praticar o ato.
4) OBJETO: O que?
Deve ter adequação do objeto com o ato. Ex: o fiscal ambiental não pode aplicar uma multa de trânsito.
É através dele que a Administração exerce seu poder, concede um benefício, aplica uma sanção, declara sua vontade ou um direito ao administrador etc.
É o resultado prático, é o ato em si mesmo considerado. 
Para que o objeto jurídico seja válido: ilicitude, possibilidade e determinação. 
5) FINALIDADE: Para que?
É o que visa o ato proteger com uma determinada conduta. Se o ato perseguir interesses ilícitos ou contrários ao interesse coletivo, estará com vício de finalidade, desvio de finalidade, devendo ser retirado do ordenamento jurídico
PRERROGATIVAS
Presunção de legitimidade e legalidade: É aceitar uma verdade sem ter certeza. 
A presunção do ato administrativo é relativa –iuris tantum, é aquela que se provar é que mentira, admite-se prova em contrário. Por exemplo uma certidão de óbito, mas o suposto morto aparece vivo, tendo assim uma prova de que o ato administrativo não condisse com a verdade. 
Se ao administrador só cabe fazer o que a lei admite, e da forma com nela previsto, então, se produziu algum ato, presume-se que o fez respeitando a lei.
EFEITOS: 
1) Não é necessária prévia manifestação do Judiciário validando o ato;
2) Todos devem cumpri-lo, enquanto não anulado;
3) Cabe prova em contrário, a ser produzida por quem alega o vício, ou seja, há inversão do	 ônus da prova. Em geral, a prova cabe à Administração Pública, mas, nesse caso, em face da 	presunção citada, a prova caberá ao interessado;
4) Não há manifestação judicial de ofício quanto à validade do ato administrativo, mas 		somente como provocação do interessado;
5) Em obediência ao princípio da autotutela, pode/deve a Administração Pública rever seus 	próprios atos, de ofício.
A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles praticados pela Administração com base no direito privado.
A presunção além de ser de fato, é de direito. É a presunção que o ato administrativo cumpriu os requisitos de validade, sendo presumidamente lícito. 
Imperatividade: É o poder de constituir unilateralmente obrigação. O poder público pode criar obrigações contra nós sem precisar obrigar ou entrar na justiça -poder coercitivo. Ex: Pagamento de impostos.
Esse não é um atributo comum a todos os atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos administrados (como normativos, punitivos, de polícia). Assim, não têm essa característica os atos que outorgam direitos (como autorização, permissão, licença), tampouco aqueles meramente administrativos (como certidão, parecer).
Autoexecutoriedade: Esse atributo garante que Administração Pública possa fazer executar o ato, por si mesma e imediatamente, independente de ordem judicial.
Deve estar presente:
 Previsão legal, como nos casos de Poder de Polícia (interdição de estabelecimentos 	comerciais, apreensão de mercadorias etc.);
Urgência, a fim de preservar o interesse comum, como demolição de um prédio que 	ameaça ruir.
 Pode a administração executar materialmente o contexto da obrigação. Ex: Fiscal analisando postos de gasolinarepara algo fora do padrão podendo inflacionar devido a presunção de legalidade e legitimidade, mas além disso, poderá interditar o posto, pois tem o poder de mando. 
Executoriedade: É a qualidade em virtude da qual o Estado, no exercício da função administrativa, pode exigir de terceiros o cumprimento, a observância, das obrigações que impôs.
Ex: Não pagamento de impostos de renda, o administrador vai fazer anotações, multas e juros para coagir a pessoa a realizar o pagamento.
Tipicidade: O ato administrativo deve corresponder a tipos previamente definidos pela lei para produzir os efeitos desejados. Assim, para cada caso, há a previsão de uso de certo tipo de ato em espécie. A esse atributo denomina-se tipicidade.

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