Prévia do material em texto
Aula 2 – Introdução. Sinais e sistemas discretos Prof. Msc Henrique Marin van der Broocke Campos enghenrique@outlook.com CCE0295 – Processamento digital de sinais Objetivo da aula A apresentação dos conceitos básicos relacionados ao processamento de sinais e aos sinais discretos Entender a importância da disciplina de Processamento Digital de Sinais e o seu contexto Conhecer os fundamentos dos sinais discretos Conhecer as propriedades e as operações envolvendo sinais discretos. 2 O que vamos estudar Introdução Sinais de tempo discreto Sistemas de tempo discreto: características e propriedades Resposta impulsiva e soma de convolução 3 Qual a diferença entre sinal analógico e sinal digital? Sinal analógico: possui variação contínua num intervalo de tempo. Ex.: grandezas físicas (temperatura, pressão, vazão, pH, umidade) e grandezas elétricas (tensão, corrente, impedância) -> Sistema decimal Sinal digital apresenta-se em valores discretos num intervalo de tempo. Ex.: estado de um interruptor (aberto ou fechado), quantidade de grãos de areia na praia -> Sistema binário 4 Introdução O processamento de sinais digitais converte sinais que estejam originalmente na forma analógica tais como som, vídeo e informações de sensores, para a forma digital e usa técnicas digitais para melhorar e modificar os dados do sinal analógico em diversas aplicações. Esta tecnologia é amplamente usada em aplicações tais como: automotiva, equipamentos eletrônicos, industrial, instrumentação médica, militar, telecomunicações e aplicações de som/voz. 5 Introdução 6 Introdução Sistema de aquisição de dados O processo pelo qual o computador adquire dados analógicos digitalizados é chamado de aquisição de dados À aquisição de um único valor de dado de ponto nos referimos como amostra do sinal analógico 7 Sistema de aquisição de dados As ondas ilustram como o computador adquire a versão digital do sinal analógico (VA ) 8 Sistema de aquisição de dados 9 Digitalizando um sinal analógico. Reconstruindo o sinal a partir dos dados digitais. Sistema de aquisição de dados O objetivo da reconstrução de sinais é fazer uma reconstrução quase idêntica ao sinal analógico original Para evitar a perda de informação, o sinal de entrada deve ser amostrado a uma taxa maior do que duas vezes a frequência máxima da componente do sinal de entrada (segundo Harry Nyquist) – Critério de Nyquist A frequência com que as amostras são colhidas é conhecida como frequência de amostragem (𝐹𝑆) 10 Sistema de aquisição de dados “Se um sinal contínuo, de banda limitada, tem componente espectral de frequência mais elevada igual a fM, então o sinal original pode ser recuperado sem distorção se a frequência de amostragem for maior ou igual a 2 fM” 11 Sistema de aquisição de dados Considerando a amostragem de uma frequência de 10 kHz, em 20 mil amostras por segundo: Se uma frequência de 12 kHz estava presente no espectro do sinal do entrada, um fenômeno chamado aliasing iria ocorrer Um sinal falso é produzido por amostragem menor que a taxa mínima, nesse caso, 24 mil amostras por segundo A frequência falsa sempre é a diferença entre qualquer múltiplo inteiro da frequência de amostragem e a frequência de entrada digitalizada 12 Sistema de aquisição de dados Um sinal falso devido à subamostragem:13 Circuitos de amostragem e retenção – Sample and Hold A tensão analógica conectada diretamente a uma conversão de entrada ADC pode ser afetada adversamente se estiver mudando durante o tempo de conversão A estabilidade da conversão pode ser melhorada usando um circuito de amostragem e retenção (sample-and- hold circuit, S-H), para manter a tensão analógica constante enquanto a conversão A/D ocorre 14 Circuitos de amostragem e retenção – Sample and Hold Em um sistema de aquisição de dados controlado por computador a chave S/ H seria controlada por um sinal digital do computador A quantidade de tempo que a chave teria que permanecer fechada é chamada de tempo de aquisição 15 Circuitos de amostragem e retenção – Sample and Hold 16 Exemplo de amostragem 17 18 Sinais Exemplo: sinal senoidal com 10Hz, amostragem de 50Hz Exemplo de amostragem 19 Exemplo de amostragem 20 Sistema de aquisição de dados - aplicação 21 Sistema de aquisição de dados - Etapas Filtro passa-baixa Função: reduzir a largura de banda do sinal analógico de entrada. Objetivo: minimizar a distorção espectral introduzida pela sub- amostragem 22 Sistema de aquisição de dados - Etapas Amostragem Funções: discretização temporal, mantendo a amplitude contínua O sinal de saída do filtro é amostrado com uma frequência constante (𝑓𝑆 ≥ 2𝑓𝑐) A saída do amostrador deverá ser retida durante um tempo suficiente para permitir a conversão analógico-digital 23 Sistema de aquisição de dados - Etapas Conversão Analógico-Digital Funções: discretização das amplitudes O sinal amostrado é convertido numa sequência de palavras digitais A amplitude de cada amostra passa a ser caracterizada por um conjunto de níveis discretos 24 Sistema de aquisição de dados - Etapas Processamento digital Função realizada num computador digital ou num processador digital de sinal (DSP). Cada amostra digital é processada de acordo com uma função previamente programada 25 Sistema de aquisição de dados - Etapas Reconstrução do sinal Função: remover as componentes de alta frequência do sinal de saída do conversor D/A (correspondentes as transições abruptas entre amostras sucessivas). Utiliza-se um filtro passa-baixa para realizar esta função 26 O que é Processamento Digital de Sinais? De forma geral, processamento de sinais está relacionado com representação, transformação e manipulação de sinais e da informação que eles contém. Já o processamento digital de sinais, é a abordagem de análise ou controle de um sistema utilizando circuitos digitais. 27 Introdução Quais as vantagens e desvantagens? Vantagens: Facilidade de projeto, principalmente usando-se microcontroladores e DSP Capacidade de programações complexas Soluções possíveis para problemas inviáveis pela abordagem analógica Desvantagens: Necessidade de conversão para sinais e sistemas analógicos Maior complexidade e custo para casos analógicos equivalentes simples 28 Introdução Introdução As aplicações do processamento de sinais abrangem um imenso conjunto de áreas, como entretenimento, comunicações, exploração do espaço, medicina, arqueologia e geofísica, apenas para citar algumas Algoritmos e hardwares de processamento de sinais são prevalentes em uma grande variedade de sistemas Os padrões de compactação de áudio e vídeo MPEG e de dados de imagem JPEG1 baseiam-se em muitos dos princípios e das técnicas de processamento de sinais 29 Introdução - conceitos 30 Introdução - conceitos Transmissão telefônica ocorria por fios, com sinais analógicos Com PDS, diversos sinais de áudio são convertidos para dados digitais e multiplexados em um único canal Novos algoritmos comprimem os dados, aumentando a capacidade de transferência dos canais 31 Introdução - conceitos Transmissão e armazenamento digital previnem degradação dos dados Filtros e efeitos são aplicados de forma mais fácil e eficiente Reconhecimento e sintetização de voz e locutor Avaliação digitalda voz permite diagnósticos do aparelho fonador Este tipo de processamento, amplamente usado na medicina, como em imagens de tomografia computadorizada ou de ultrassons, avança rapidamente devido ao uso de PDS 32 O que é um sinal? Sinal é uma descrição de como um parâmetro varia em função de outro. Em PDS, utilizam-se sinais de tempo discreto, os quais são definidos em tempos discretos e representados matematicamente por sequências de números. Nas implementações reais, utilizam-se sinais digitais, que são de tempo discreto, obtidos por processo de amostragem, porém com amplitude também discreta. 33 Sinais e sistemas discretos 34 Para obtenc¸ao do sinal de tempo discreto, utiliza-se um processo de amostragem com per´ıodo constante, assim, pode-se tratar a sequeˆncia sem refereˆncia ao per´ıodo do sinal original. Uma sequeˆncia x[n] e´ definida somente para n inteiro. A soma ou produto de duas sequeˆncias sa˜o realizadas ponto a ponto e a multi- plicac¸a˜o da sequeˆncia por um valor constante e´ dada pela multiplicac¸a˜o de cada ponto por esse valor. P . R . S c a l a s s a r a ( U T F P R - C P ) 3 4 / 3 0 Sinais e sistemas discretos 35 Impulso: Degrau unitário: Exponencial: Senoidal: P . R . S c a l a s s a r a ( U T F P R - C P ) P r o c e s s a m e n t o D i g i t a l d e S i n a i s 3 5 / 3 0 𝑥 𝑛 = 𝐴𝑐𝑜𝑠(𝜔0𝑛 + ∅) Sinais e sistemas discretos 36 3 6 / 3 0 Pode ser representado por: p[n] = a−3δ[n + 3] + a1δ[n − 1] + a2δ[n − 2] + a7δ[n − 7] A sequência impulso é importante pois pode ser utilizada para representar qualquer outra sequência. Seja o exemplo: Outro exemplo, o degrau unitário em função do impulso unitário: ou O impulso pode ser expresso a partir da diferença regressiva do degrau unitário: Sinais e sistemas discretos O que é um sistema? Sistema é qualquer processo que produza um sinal de saída como resposta a um sinal de entrada E qual a diferença entre um sistema contínuo e um sistema discreto? Sistemas contínuos trabalham com sinais contínuos e sistemas discretos trabalham com sinais discretos. 37 Sinais e sistemas discretos Sistemas discretos: definido como uma transformação que mapeia uma sequência de entrada x[n] em uma sequência de saída y[n] 𝑦 𝑛 = 𝑇 𝑥 𝑛 38 Sinais e sistemas discretos Propriedades de sistemas discretos: As principais propriedades são: memória, linearidade, invariância no tempo, causalidade e estabilidade. A) Memória Um sistema é dito sem memória se a saída y[n] para cada n depende exclusivamente da entrada x[n] do mesmo valor de n. B) Linearidade Sistemas lineares atendem o princípio da superposição. Se y1[n] e y2[n] são as respostas de um sistema quando x1[n] e x2[n] são as respectivas entradas, então o sistema é linear se e somente se: (aditividade) (homogeneidade ou mudança de escala) 39 Sinais e sistemas discretos Propriedades de sistemas discretos: C) Invariância no tempo (invariância ao deslocamento) Um sistema invariante no tempo é aquele no qual um deslocamento temporal na entrada causa um deslocamento equivalente na saída. Assim, um sistema é invariante se, para todo 𝑛0, entradas com valores iguais a 𝑥1 𝑛 = 𝑥[𝑛 − 𝑛0] resultam em saídas 𝑦1 𝑛 = 𝑦[𝑛 − 𝑛0]. Exemplo de sist. Invariante no tempo: 𝑦 𝑛 = 𝑘=−∞ 𝑛 𝑥 𝑘 Exemplo de sist. variante no tempo: 𝑦 𝑛 = 𝑥 −𝑛 40 Sinais e sistemas discretos Propriedades de sistemas discretos: D) Causalidade Um sistema é causal se, para todas as escolhas de 𝑛0, o valor de saída em n = 𝑛0, depende somente dos valores da entrada para 𝑛 ≤ 𝑛0. Isso quer dizer que o sistema é não antecipativo. O sistema abaixo é causal se 𝑛0 ≥ 0. 41 Sinais e sistemas discretos Propriedades de sistemas discretos: E) Estável Um sistema é estável no sentido BIBO (entrada limitada, saída limitada) se todas as entradas limitadas produzirem uma saída limitada, ou seja, para todo n tem-se a seguinte implicação: Exemplos: 42 Sinais e sistemas discretos Sistemas Lineares Invariantes no Tempo (LIT) Uma categoria de sistemas muito importante são os sistemas lineares invariantes no tempo, pois resultam em representações convenientes e simplificadas, além de possuírem muitas aplicações em PDS Um sistema linear representado utilizando-se combinações de sequências impulso possui a propriedade de ser completamente caracterizado por sua resposta impulsiva. Sendo ℎ𝑘 𝑛 a resposta impulsiva de um sistema a entrada 𝛿[𝑛 − 𝑘], tem-se: Aplicando a propriedade de invariância no tempo, tem-se a chamada soma de convolução: 43 Sinais e sistemas discretos. Sistemas Lineares Invariantes no Tempo Sistemas Lineares Invariantes no Tempo (LIT) Assim, pode-se sempre encontrar a resposta de um sistema LIT a uma dada entrada sabendo-se a sua resposta impulsiva h[n]. Para facilitar o cálculo da convolução, obtém-se h[n − k] da seguinte forma: reflete-se h[k] em torno da origem para se obter h[−k] e desloca-se a origem dessa nova sequência para k = n. 44 Sinais e sistemas discretos. Sistemas Lineares Invariantes no Tempo Exercícios 1)Considerar o sinal discreto x[n] abaixo. Apresentar o esboço: a) x[3 – n] b) x[3n + 1] c) x[n].u[3 – n] 45 Exercícios 2) Verificar se os sistemas abaixo são lineares. a) 𝑦 𝑛 = 3𝑥 𝑛 − 1 = 𝑇 𝑥 𝑛 b) 𝑦 𝑛 = 2𝑥 𝑛 + 1 c) 𝑦 𝑛 = σ𝑘=−∞ ∞ 𝑥 𝑘 d) 𝑦 𝑛 = log10(𝑥 𝑛 ) Respostas a) é linear b) não é linear c) é linear d) não é linear 46 Exercícios 3) Verificar se os sistemas abaixo são invariantes no tempo. a) 𝑦 𝑛 = 𝑥 𝑛 − 1 + 4 = 𝑇 𝑥 𝑛 b) 𝑦 𝑛 = 𝑥 𝑛2 = 𝑇 𝑥 𝑛 c) 𝑦 𝑛 = 𝑥 𝑀𝑛 = 𝑇 𝑥 𝑛 : sistema compressor Respostas a) é invariante no tempo b) é variante no tempo c) é variante no tempo 47 Exercícios 4) Verificar se os sistemas abaixo são BIBO estáveis. a) 𝑦 𝑛 = 𝑥 𝑛 2 b) 𝑦 𝑛 = σ𝑘=−∞ 𝑛 𝑥 𝑘 Respostas a) é BIBO estável b) não é BIBO estável 48 Exercícios 5) Considerar os seguintes sinais que compõem um Sistema Linear e Invariante no Tempo (SLIT). Calcule y[n] graficamente por meio da convolução entre x[n] e h[n] abaixo: ℎ 𝑛 = 0,9𝑛. 𝑢[𝑛] 𝑥 𝑛 = 𝑢 𝑛 − 𝑢[𝑛 − 6] 49 Exercícios 6) Considerar os seguintes sinais que compõem um Sistema Linear e Invariante no Tempo (SLIT). Calcule y[n] graficamente por meio da convolução entre x[n] e h[n] abaixo: 𝑥 𝑛 = 1, 3 ≤ 𝑛 ≤ 8; 0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜 ℎ 𝑛 = 1,4 ≤ 𝑛 ≤ 15; 0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜 50 Resumo Nesta aula vimos sobre as vantagens e desvantagens dos sinais digitais e sinais analógicos Revisamos os conceitos de sinais, além dos principais tipos de sinais Vimos exemplos de sinais de tempo discretos, que se caracterizam como um conjunto de pontos no gráfico, com domínio discreto A diferença entre o sinal de tempo discreto e o sinal digital é que o sinal digital apresenta também a amplitude discreta. Neste estudo introdutório a simplificação consiste em admitir os sinais todos como de tempo discreto 51 Resumo As principais propriedades aplicadas a sinais e sistemas são: memória, causalidade, estabilidade, linearidade e invariância no tempo Os sistemas lineares e invariantes no tempo são denominados de sistemas LIT (Linear Invariante no Tempo) ou LTI (Linear Time Invariant) Sistemas LIT podem ter a sua resposta determinada a partir do conhecimento da resposta impulsiva 52 Dúvidas/perguntas53 Referências Bibliográficas HAYES, M. Processamento Digitalde Sinais (Coleção Schaum). 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. NALON, J. A. Introdução ao Processamento Digital de Sinais. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. OPPENHEIM, A. V.; SCHAFER, R. W. Processamento em Tempo Discreto de Sinais. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2012. Silva, E. A. B., Netto, S. L. e Diniz, P. S. R. Processamento Digital de Sinais. 1ª ed., Bookman Companhia Ed., 2004. Proakis, J. G. Digital Signal Processing, 4ª ed., Prentice Hall, 2006. Proakis, J. G. e Ingle, V. K. Digital Signal Processing Using Matlab, 2ª ed.. Cengage Learning Int., 2006. Ifeachor, E. C. Digital Signal Processing, 2ª ed., Addison Wesley. 2001. Parker, M. Digital Signal Processing - Everything You Need To Know To Get Started, 1ª ed., Newnes / Elsevier. 2010. 54