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FILOSOFIA GERAL E DO DIREITO REVISÃO PROF. RAFAEL VILAÇA EPIFANI COSTA A QUESTÃO COSMOLÓGICA Apesar de se constituir a partir da construção do pensamento racional, a Filosofia se desvinculou dos mitos de forma gradual. Os mitos enquanto narrativas originadas na experiência de grupos, buscavam explicar a origem da humanidade, ou dos próprios fenômenos naturais, porém, sem buscar compreender a natureza física desses fenômenos com base na razão. A Cosmologia é o estudo sobre a origem do mundo e/ou sua ordem, a partir da especulação acerca da Physis (Natureza). O Logos é a dimensão por meio da qual nós percebemos o mundo, apreendemos a realidade, já mediada pelos nossos pensamentos. É a maneira como a razão opera na forma de uma inteligência, via de regra, analítica, classificando e categorizando os dados do mundo. A QUESTÃO COSMOLÓGICA Os primeiros filósofos pré-socráticos tentavam explicar a origem do mundo e das coisas por meio da observação da natureza ao seu redor, buscando um princípio primordial, chamado de Arché. Para Tales era a Água, para Anaximandro era o Apéiron, para Anaxímenes era o ar e para Heráclito era o Fogo. Por isso para ele, a realidade era um constante fluxo (Pantha rhei – tudo flui), pois todas as coisas estão em permanente mudança, uma vez que o cosmo é constituído por elementos e forças que se encontram em oposição. Por essa razão, a doutrina de Heráclito, se aprofunda mais do que os filósofos anteriores, possuindo elementos específicos: diferença, conflito e dialética. A QUESTÃO ÉTICA O conceito do Nomos: O Direito enquanto a Lei. “Desde o tempo das narrativas de Homero, a coesão da pólis grega tinha por base as normas que determinavam os arranjos sociais que lhe subjaziam. A lei, nos tempos antigos dos gregos, era expressa pela simbologia de Themis. Na mitologia grega, Themis correspondia à divindade que, por meio da força e da batalha, dá a norma que funda a ordem. Em tempos mais recentes da história dos gregos, outro termo se levanta em oposição a Themis. Trata-se de Dike [...]” A QUESTÃO ÉTICA “[...] Também se referindo a direito, às normas e à justiça, Dike é um símbolo, tal qual Themis, haurido da mitologia e da religião grega, mas sua expressão revela um outro uso: não se apoia na norma tanto como força e autoridade, mas sim com uma ênfase maior sobre o justo.” (MASCARO, 2010, p. 31) Para Heráclito, o conflito, a discórdia e a guerra, garantem a união de uma sociedade, então, a guerra e seu resultado como consequência, são aquilo que dão origem à Justiça. “A luta dos contrários é harmonia.” A QUESTÃO ÉTICA (SOFISTAS) Os filósofos sofistas surgem a partir da discussão de questões ligadas ao governo da pólis (cidade-Estado) e dos novos desafios sociais. Dessa forma, baseavam seu pensamento a partir da Retórica, a técnica da linguagem que utilizavam, como meio de garantir o melhor agir político, dando aos homens uma formação prática, baseada no conhecimento enciclopédico. Ex.: Górgias, Hípias, Protágoras. Obs.: Os sofistas não são considerados filósofos de acordo com as críticas tecidas por Platão e Aristóteles. SÓCRATES PLATÃO ARISTÓTELES A QUESTÃO ÉTICA (SÓCRATES) O governo de Atenas baseava-se na Democracia. Os cidadãos, homens livres, discutiam na Ágora questões relacionadas à administração pública, e por meio da Retórica, influenciavam as pessoas, as leis criadas e os julgamentos. Para filósofos sofistas como Górgias, Protágoras e Hípias, o conceito de Justiça é uma convenção social, podendo ser alterada de acordo com a Lei. “O homem é a medida de todas as coisas”. Ao contrário dos demais filósofos pré-socráticos, que buscavam entender o mundo a partir da natureza, os sofistas procuravam conhecer a verdade e a moral das coisas. SÓCRATES x SOFISTAS Para Sócrates era preciso buscar o fundamento das ideias e dos conceitos, indagar sobre as coisas, ao contrário dos sofistas, que consideravam a verdade a partir de uma convenção, e caindo- se no perigo do relativismo. Para Sócrates, a virtude, chamada de Areté, era entendida como “excelência moral e política”, ou de se realizar aquilo ao qual cada coisa é destinada. O método de Sócrates é a ironia, a refutação das ideias e a maiêutica, o parto das ideias, a partir do uso de perguntas, Sócrates conduzia o interlocutor a se contradizer, desse modo, refutando suas ideias através delas mesmas. Os diálogos de Sócrates com os sofistas foram escritos por Platão. A QUESTÃO ÉTICA (PLATÃO) Em Atenas, após as perseguições e o exílio devidos à condenação de Sócrates e a sorte que recaiu sobre seus discípulos, Platão leciona naquela que fundou e que seria a grande escola de filosofia do passado, a Academia. Dentre os melhores jovens filósofos que formou, esteve Aristóteles, seu mais brilhante discípulo. O diálogos de Platão são o meio com qual o filósofo busca expor a lógica de suas ideias, por meio do seu método, a Dialética: Opinião (tese) > Discussão > Negação da tese. Resultado: Purificação de erros e equívocos. Para Platão, o conhecimento verdadeiro (Epistemé) vinha da razão, assim, as opiniões (Doxa), deviam ser evitadas TEORIA DAS IDEIAS (A EPISTEMOLOGIA DE PLATÃO) MUNDO DAS IDEIAS É o lugar das essências imutáveis, que o homem atinge pela contemplação, pela depuração dos enganos que brotam dos sentidos. Como as ideias são as únicas verdades, o mundo dos fenômenos (sombras) só existe na medida em que participa do mundo das ideias, do qual é apenas uma cópia. MUNDO SENSÍVEL (OU DAS SOMBRAS) É o lugar da multiplicidade, do movimento, do vir-a-ser, e por isso, é ilusório, pura sombra do verdadeiro mundo. Logo, a concepção de mundo de Platão é dualista e suas ideias buscam compreender o imaterial e inteligível. A Alegoria/Mito da Caverna ilustra a Teoria das Ideias. A REPÚBLICA PLATÔNICA Para Platão os governos dos Estados devem ser administrados pelos reis-filósofos, pois para ele governar significa libertar os povos das correntes da ignorância. Todavia, o Estado Ideal, o Estado onde existe uma perfeita harmonia entre as almas que o compõe é uma utopia. A Alegoria do Navio ilustra o governo justo, dos filósofos e o governo injusto, dos sofistas. Quem maneja uma embarcação que simboliza o Estado, não tem nenhum conhecimento do ofício, todos ali comem e bebem, se regem pelo prazer e não pelo saber. As pessoas deveriam ocupar funções dentro da sociedade de acordo com suas aptidões, que brotavam das suas almas. Platão divide a República em três classes e as virtudes que a constituem, a saber: Comerciantes, (Temperança), Guardiães (Coragem) e Governantes (Sabedoria). A QUESTÃO METAFÍSICA (ARISTÓTELES) Apesar de ter sido discípulo de Platão, desde o início Aristóteles não concorda com a Teoria das Ideias de Platão. Para o filósofo existem leis que organizam o universo, sendo este um Todo, cujas leis não regem apenas os fenômenos naturais, mas também os fenômenos sociais, econômicos e políticos. Dessa forma, o pensamento de Aristóteles pode ser considerado de base Naturalista. Por ser estrangeiro, Aristóteles ensinou seus discípulos no Liceu, que fundou na cidade de Atenas. O método de Aristóteles é o Silogismo, a argumentação lógica perfeita. A QUESTÃO METAFÍSICA (ARISTÓTELES) Diferente de Platão, Aristóteles não acreditava que a virtude fosse algo inato no ser humano, pois assim todos seriam virtuosos. Para ele, a virtude é um nível intermediário entre a falta e o excesso. Ser virtuoso é ser equilibrado em todas as situações, ter Prudência. Por isso, a ideia básica para se alcançar a Justiça, Aristóteles se baseia no princípio da Equidade: Em suma, “dar a cada um aquilo o que é seu”, e não tratar as pessoasigualmente. Para ele, a Justiça deve ser tomada no sentido Universal e Particular, sendo esta última dividida em: Distributiva (relativa à distribuição de bens, honras, riquezas); Corretiva (relativa à punição de crimes) e a Justiça como uma Reciprocidade (relativa à Economia e a troca da produção e de serviços) A APOLOGÉTICA (IRINEU DE LIÃO) A Apologética surge com os primeiros cristãos que buscam convencer o Imperador de terem o direito de existir legalmente dentro do Império Romano. Junto com os primeiros cristãos, que tiveram origem com os apóstolos, surgem outros grupos cristãos paralelos, chamados de gnósticos, que mesclavam as doutrinas cristãs com a filosofia platônica, gerando muitos atritos entre o Cristianismo católico e esses grupos paralelos. O maior oponente dos gnósticos e maior filósofo/teólogo da Apologética foi Irineu, Bispo de Lião. A PATRÍSTICA (AGOSTINHO DE HIPONA) A Patrística surge com os primeiros pais (ou padres da Igreja) e seus escritos. A Patrística é consequência direta da Apologética, e busca conciliar a Razão grega com a Fé Cristã. Com a ascensão de Constantino, o Cristianismo se torna a religião oficial do Império Romano, submetendo a religião ao Estado. Nessa época ocorrem muitas disputas religiosas: judeus foram expulsos da cidade de Alexandria, pagãos foram obrigados a se converterem ao Cristianismo, a Biblioteca da cidade foi destruída pelos cristãos e a filósofa Hipátia morta (Filme Ágora). AGOSTINHO DE HIPONA (354-430): O DOUTOR DA GRAÇA - Bispo da cidade de Hipona (Argélia). - Principais obras: A Cidade de Deus e Confissões. - Principais ideias: A Predestinação, O Livre Arbítrio, o Pecado Original, Análise do conceito de Deus (Trindade). - Busca compreender a natureza humana e apontar que a queda do Império Romano, se deu pela sua corrupção, (A Cidade dos Homens), a Igreja era a única que poderia garantir a salvação (A Cidade de Deus) INFLUÊNCIAS DE AGOSTINHO NO MUNDO CRISTÃO Teologia: Uma análise da sociedade do seu tempo, no intuito de aproximar a Teologia cristã da Filosofia grega a partir de temas como a natureza humana, a alma, o pecado, o bem e o mal, a Trindade, a relação do ser humano com Deus, etc. Mundo Medieval: Concepção de mundo dualista e ideal entre a “Cidade dos homens” e a “Cidade de Deus”. Monaquismo Ocidental: A Regra da Ordem Agostiniana será a base da Ordem de São Bento, que influenciará a Igreja, o modo de vida, a visão de mundo da Idade Média (Oração e Trabalho). Reforma Protestante: Doutrina da Graça influenciará a teologia e a política do monge agostiniano Martinho Lutero. A ESCOLÁSTICA (TOMÁS DE AQUINO) Com o declínio do Império Romano, no século VIII, o imperador Carlos Magno buscou fundir a Igreja e o Estado em uma única sociedade, submetendo a Política à Religião. A Escolástica surge neste período como um método de pensamento crítico que dominou o ensino nas universidades medievais durante séculos, tendo nascido nos mosteiros, de modo a conciliar a Fé Cristã com a Filosofia Grega e preservar o conhecimento dos antigos, que brotou na Grécia Antiga. A Filosofia Cristã Medieval está aberta a responder qualquer problema, porém, divide estes problemas em questões essenciais e periféricas. Ela busca compreender o mundo a partir de um sistema fechado, ou Sumas. TOMÁS DE AQUINO: O MAIOR DOUTOR DA IGREJA Monge dominicano, Tomás de Aquino é considerado o maior nome da Filosofia Medieval, e terá inspiração direta das obras de Aristóteles que serão redescobertas neste período na Europa. Seu pensamento representou uma grande mudança na Teologia e Filosofia Cristã, que há séculos era platônica. A principal contribuição do Teólogo foi criar um Sistema (Suma). Segundo Tomás, a Filosofia e a Teologia se complementam: a fé melhora a razão e a teologia melhora a filosofia. O seu método era a Analogia. O MISTICISMO CRISTÃO (FRANCISCO DE ASSIS) Apesar de ter nascido dentro do ambiente eclesiástico, o Misticismo Cristão surge como uma espécie de resposta ao uso exacerbado da razão e academicismo que brota, inicialmente, da Patrística, e, posteriormente, da Escolástica. Religiosos como Francisco de Assis, Bernardo de Claraval e Guilherme de Ockham influenciaram profundamente o pensamento da Igreja durante a Alta Idade Média, chegando a reformar alguns pontos como ela se organizava e fazia sua Teologia. Apesar de manter seu poder centralizado pelas suas tradições e seu magistério através da Escolástica, aos poucos, uma corrente de pensamento mais humanista ganhará espaço, buscando autonomia frente a Igreja e o Império Romano- Germânico, que desaguará no Renascimento e na Era Moderna. Essa crescente contestação levará à Reforma Protestante. O CONTEXTO POLÍTICO DA REFORMA PROTESTANTE A Reforma Protestante não foi apenas um conflito religioso. Durante a Idade Média havia o Sacro Império Romano- Germânico, que começou a se quebrar com a Idade Moderna, com o surgimento dos Estados Absolutistas. Se a Igreja Católica Romana tinha o Papa como maior patrocinador desse Império, para quebrá-lo era preciso também “quebrar” a Igreja, uma vez que a Europa e Igreja Católica eram praticamente a mesma coisa (a concepção do Rei Carlos Magno). Por isso, as Igrejas Nacionais (Igreja da Inglaterra, Igreja da Suécia, Igreja da Dinamarca, Igreja Luterana, etc.) surgem com os Estados, pois, com a criação destes, há uma quebra na unidade católica. O RENASCIMENTO E A EUROPA DO SÉCULO XIV O Renascimento foi um grande movimento intelectual e artístico que despontou em meados do século XIV, em algumas cidades italianas como Florença, Veneza e Roma. Este se caracterizava principalmente pela afirmação dos valores humanistas nas artes e na vida cotidiana. O ser humano é colocado como fonte de objeto e saber. O Teocentrismo Medieval foi substituído pelo Antropocentrismo da Idade Moderna. Teocentrismo – Visão de mundo que considera Deus como centro do Universo. Antropocentrismo – Visão de mundo que considera o Homem como centro do Universo. O HUMANISMO: A FILOSOFIA DO RENASCIMENTO É a valorização do ser humano sem perder a importância de Deus, que está no fundo da alma de cada pessoa. A História da humanidade alterna períodos obscuros e iluminados, de ignorância e esclarecimentos. Tais marcos são responsáveis pela divisão tradicional da História feita pelos iluministas (Idades Antiga, Média e Moderna). Durante o Humanismo há um resgate da cultura Greco-Romana. Apesar de seu pensamento se opor a mentalidade do período medieval e colocar o homem como principal ser do universo, o humanismo não era anticristão. O desenvolvimento urbano e comercial e o fortalecimento da burguesia representaram um poderoso estímulo para produção intelectual. Muitos artistas receberam a proteção de nobres, de ricos burgueses, e, sobretudo, da Igreja, podendo assim trabalhar intensamente em suas obras. Essa prática ficou conhecida como mecenato, os que a adotavam eram chamados mecenas. DESCARTES E O RACIONALISMO Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Muitos especialistas afirmam que, a partir de Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna, influenciando tantos outros pensadores como Thomas Hobbes, o maior teórico político do Racionalismo e John Locke e David Hume, fundadores do Empirismo. O método de Descartes terá na matemática um modelo, pois esta é capaz de encontrar certezas fixas e imutáveis. Descartes é influenciado pelo desenvolvimento científico do renascimento e do surgimento de uma concepção mecanicista do mundo e do homem.O EMPIRISMO Os fundadores do Empirismo são John Locke e David Hume. O empirismo acredita que o homem nasce vazio, sem conhecimento algum, e ao longo de sua vida o constrói, primeiramente a partir de suas impressões e por outro lado por meio de ideias. Temos de usar primeiramente os nossos sentidos para obtermos o conhecimento, ao invés da Razão, como dizia Descartes (Penso, logo existo). Ao contrário dos Racionalistas, os empiristas dizem que não é possível afirmar que há uma causa primeira que originou a tudo e mantém e ordena o universo (ex.: Deus). John Locke David Hume O EMPIRISMO EM DAVID HUME Segundo David Hume não é possível afirmar nada sobre o que não pode ser percebido pelas impressões: “As ideias produzem as imagens de si mesmas em novas ideias, mas, como se supõe que as primeiras ideias derivam de impressões, continua ainda a ser verdade que todas as nossas ideias simples procedem, mediata ou imediatamente, das impressões que lhes correspondem”. Dessa forma, as ideias simples, no seu primeiro aparecimento, derivam das impressões simples que lhes correspondem. Assim como as ideias são as imagens das impressões, é também possível formar ideias secundárias, que são imagens das ideias primárias. RACIONALISMO x EMPIRISMO Resumindo, no campo da Filosofia poderíamos dizer que o Racionalismo é o sistema que consiste em limitar o homem ao âmbito da própria razão, e que o Empirismo limita o homem ao âmbito da experiência sensível. O que distingue e caracteriza o empirismo é a tese de que todo e qualquer conhecimento sintético haure sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente observados, ou se reduz a verdades já fundadas no processo de pesquisa dos dados do real. Como consequência, os racionalistas confiam na capacidade do homem de atingir verdades universais, eternas, enquanto os empiristas terminam por questionar o caráter absoluto da verdade, já que o conhecimento seria parte de uma realidade em transformação constante, sendo tudo relativo ao espaço, ao tempo, ao humano. O ESTADO NATURAL EM JOHN LOCKE John Locke observa que os seres humanos vivem segundo uma Lei Natural, tal como os animais. Dessa forma, existem direitos naturais aos seres humano: a Liberdade, que nasce com ele e a Propriedade, que garante a sobrevivência do ser humano. Por isso deve existir um Estado para punir aqueles que atentam contra os direitos naturais dos homens. E para salvaguardar esses direitos, é necessário um contrato social, que consiste em atribuir a um Estado, através de um acordo, a capacidade de salvaguardar a liberdade, propriedade e vida. O CRITICISMO (IMMANUEL KANT) Kant foi um filósofo alemão, que buscou conciliar no campo da Filosofia o Racionalismo e o Empirismo. Kant reconheceu a existência de dois tipos de conhecimento: o conhecimento empírico ou a posteriori, obtido por meio da experiência sensível, e o conhecimento puro ou a priori, que independe da experiência e das impressões dos sentidos. Para ele a Filosofia não deveria mais se preocupar com a natureza, mas com questões ligadas à ética, à moral e ao comportamento humano. Seguindo a filosofia de seu tempo e de seus antecessores, Kant seguia a ideia do Jusnaturalismo, defendendo a origem de um Direito Natural ao ser humano. No século seguinte, surgiria o Juspositivismo, que faria oposição a esse modo de pensar o Direito. Moralidade, de acordo com Kant, faz com que uma pessoa comporte de forma igual a que ela esperaria que outra pessoa se comportasse na mesma situação, tornando assim seu próprio comportamento uma lei universal, ou imperativos. Imperativos são instruções que nos dizem o que fazer. Kant distingue entre dois tipos de imperativo: hipotéticos e categóricos. A moral está relacionada às nossas ações sem interesses particulares nelas, independente de uma lei civil ou de um costume local, pelo simples fato de acreditamos que tal comportamento é errado, e devemos agir de outra maneira. Logo, a moralidade, para Kant, está relacionada ao chamado Imperativo Categórico, pois ele faz uma separação do Direito e da Moral. O ILUMINISMO O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu entre filósofos, durante o século XVIII na Europa. Ele tinha o apoio da burguesia, pois estes e os pensadores tinham interesses comuns e até mesmo reis e rainhas também apoiaram o movimento. Eles foram responsáveis por ler, interpretar e dividir a História da humanidade (Antiga, Média e Moderna), defendendo que esta alternava períodos obscuros e iluminados, de ignorância e esclarecimentos, de modo que, a partir do Renascimento, tivemos um resgate da Razão (Luz) que existia na antiguidade (Filosofia Grega), sendo o Iluminismo chamado de “Século das Luzes”, um período na História marcado pelo conhecimento e pelo progresso nas Ciências. Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade”. VOLTAIRE Voltaire (1694-1778) defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica à intolerância religiosa. Foi o mais destacado filósofo iluminista. Durante sua estada na Inglaterra, publicou as “Cartas Filosóficas”. Elogiava as liberdades inglesas e atacava o Absolutismo e a intolerância religiosa. Notabilizou-se por combater a ignorância, a superstição, o fanatismo religioso e por defender a razão, a tolerância e a monarquia constitucional. A escrita e os livros eram suas principais armas contra a ignorância. Além das “Cartas Filosóficas”, escreveu “Tratado sobre a Tolerância”. Seus discípulos se espalharam pela Europa, divulgando suas ideias. Voltaire, ao longo de sua vida, celebrizou-se por suas contundentes críticas à tradições europeias e à religião. Voltaire Jean Jacques Rousseau (1712-1778), defendia a ideia de um estado democrático que garantisse a igualdade para todos, sendo um democrata convicto. Suas ideias foram expostas no tratado “Da Educação”, e, principalmente, na sua obra máxima, “Do Contrato Social”. Uniu-se ao enciclopedistas e procurou analisar as razões das desigualdades sociais do seu tempo. Para ele, o ser humano é naturalmente bom, mas a sociedade o corrompe, gerando desigualdades sociais, escravidão e tirania. Suas ideias foram seguidas por Robespierre e outros líderes da Revolução Francesa. Rousseau dirá que na espécie humana existem duas espécies de desigualdade: a primeira, natural, e a segunda, moral ou política. ROUSSEAU Rousseau A TEORIA POLÍTICA DE ROUSSEAU Segundo Rousseau, o contrato social em vigor seria uma enganação, uma vez, que os homens abriram mão de seus direitos naturais à liberdade, propriedade e vida e depositaram tudo nas mãos de um Estado tirânico. Na obra “Do contrato social”, ele apresentou sua solução para essa situação injusta: O pacto social deve nascer da entrega total de cada indivíduo à comunidade. Rousseau concebe o corpo político como um todo, uma unidade orgânica, com vida e vontade próprias. E o que dá vida ao corpo político é a própria união de seus membros, ou seja, a coletividade. As leis desse corpo político devem refletir a vontade geral. E a vontade geral não é a simples soma das vontades individuais. A vontade geral é a que busca a melhor para a sociedade como um todo, ou seja, aquela que satisfaz o interesse público, e não o de particulares, a exemplo da Monarquia francesa. Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, conhecido apenas pelo nome Montesquieu (1689-1755), defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário. Em 1721, publicou as “Cartas Persas”, nas quais satirizava os costumes e as instituições da época. Montesquieu em 1748 publicou suagrande obra “O Espírito das Leis”, dedicada ao estudo de diversas formas de governo. Dava grande destaque à Monarquia inglesa, preconizando a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, única forma capaz de garantir a liberdade, pelo estabelecimento de limites aos políticos e às instituições de governo. Segundo Montesquieu, “Leis inúteis enfraquecem leis necessárias.” MONTESQUIEU Montesquieu O LEGADO DO ILUMINISMO As teorias Liberais dos filósofos inglese irão influenciar o processo de Independência dos Estados Unidos, em 1776. Em 1789, seguindo o mesmo espírito iluminista, explodirá na França a Revolução que derrubará a monarquia de uma vez por todas, tornando as pessoas não mais súditas, mas cidadãs (com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789). A Revolução Pernambucana de 1817 foi o primeiro levante na história do Brasil que chegou a ser concretizado, passando da fase conspiratória, rompendo com o regime monárquico português, devido aos crescentes encargos econômicos, e estabelecendo uma República. A partir de então, o mundo começa a se preocupar com valores sociais e questões ligadas à dignidade humana. (ex.: Declaração dos Direitos Humanos de 1948, da ONU). O POSITIVISMO O Positivismo é um método científico que reconhece como conhecimento verdadeiro apenas aquilo que pode ser provado e experimentado dentro de rigorosos padrões estabelecidos. Seu precursor na ciência foi Auguste Comte, filósofo francês (1798-1857) que pretendia, com o método positivista, permitir que a sociedade abandonasse o caos que se instalou entre os séculos XVIII e XIX com a Revolução Francesa. Comte, com sua obra Curso de Filosofia Positiva, foi considerado o “pai da sociologia” pois seu objetivo maior era aplicar os métodos indutivo-dedutivo, comuns nas ciências naturais, para as ciências humanas. O Positivismo teve grande repercussão na segunda metade do século XIX, mas perdeu influência no século XX para outras correntes de pensamento. AUGUSTE COMTE A TEORIA DOS ESTADOS DA HUMANIDADE A partir da percepção do progresso humano, Comte formulou a “Lei dos Três Estados”. Observando a evolução das concepções intelectuais da humanidade, Comte percebeu que esta evolução passava por três estados teóricos diferentes: No primeiro, estado teológico ou fictício, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, ou seja, as ideias baseadas no sobrenatural são usadas como ciência. No segundo, estado metafísico ou abstrato, já se encontram as ideias naturais, mas ainda havia a presença do sobrenatural nas ciências, como por exemplo, a Metafísica, durante a Filosofia da Idade Moderna. No terceiro, estado científico ou positivo, ocorre o apogeu da sociedade, que deixa para trás os dois estados anteriores. Neste estado científico ou positivo, os fatos são explicados segundo as leis da ciência. O CÍRCULO DE VIENA E HANS KELSEN O Positivismo francês passou a dominar a Europa desde o século XIX. Já no Século XX, entre 1920 e 1940 mais precisamente, pensadores positivistas passaram a se reunir no que ficou conhecido como Círculo de Viena, que desenvolveu o Neopositivismo ou Positivismo Lógico, refutava a Metafísica como conhecimento científico. O Círculo de Viena influenciou diretamente a construção de uma das mais relevantes teorias do Direito, o Positivismo Jurídico, que tinha como objetivo “transformar o estudo do direito numa verdadeira e adequada ciência que tivesse as mesmas características das ciências físico-matemáticas, naturais e sociais”. Hans Kelsen, membro do Círculo, elaborou a denominada Teoria Pura do Direito. Tendo influência direta do pensamento francês, Hans Kelsen com o Positivismo Jurídico, buscou uma unificação dos juízos normativos. O principal objetivo da teoria kelseniana foi atingir a pureza na ciência do Direito. Nesse contexto está a teoria da norma fundamental, que embasa a elaboração de todo um sistema jurídico válido. Para Kelsen, a validade de uma norma condiciona-se ao cumprimento dos requisitos prescritos na norma fundamental, que deve ser neutra, sem influência de valores externos. Observamos então, que, para a Teoria Pura, o Direito não relaciona validade com conteúdo da norma jurídica, sendo irrelevante que ela seja correta ou justa. Normas injustas também são consideradas válidas se estiverem de acordo com a norma fundamental. Kelsen criticou que jurisprudência e doutrina se voltassem para analisar juízos de valor quanto à aplicação das normas pois, para ele, tais juízos não seriam objeto da ciência do Direito. Desse modo, o Positivismo Jurídico, acabou justificando regimes autoritários como o Nazismo. MIGUEL REALE E A TEORIA TRIMENSIONAL DO DIREITO No início do século XX, Miguel Reale, um dos mais importantes juristas brasileiros, criou a Teoria Tridimensional do Direito, que é uma concepção de Direito que defende que o direito positivo e o jurisdicional deixavam o direito apenas como algo parcial, incompleto e, portanto, ineficiente. Por esse motivo, para Reale o Direito é formado por três aspectos: Fato: Acontecimento social referido pelo Direito objetivo. É o fato interindividual que envolve interesses básicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos assuntos regulados pela ordem jurídica. Valor: É o elemento moral do Direito, pois toda obra humana é empregada de sentido ou valor, bem como o direito. Norma: Que deve ser concebida como um modelo jurídico, de estrutura tridimensional compreensiva ou concreta, integrada aos dois primeiros elementos. A REVISÃO DO POSITIVISMO O Positivismo Jurídico, como ciência do Direito, surgiu para purificar o conhecimento jurídico e retirar dele as influências políticas e morais, objetivando que as normas jurídicas encontrassem validade em uma norma fundamental. Essa proposta, no entanto, foi criticada principalmente após a 2ª Guerra Mundial por ser considerada responsável por legitimar governos autoritários e normas flagrantemente injustas ou extremamente imorais, sendo necessária sua revisão dentro do campo do Direito. Filósofos do pós-guerra, como Herbert Hart repensou um dos problemas recorrentes do Positivismo, a ligação entre direito e justiça. Pois, para o positivismo o direito pode ser justo ou injusto, e de que existe uma distinção entre validade jurídica e justiça. Dessa forma, o Positivismo Jurídico foi revisto, pois, este não era mais adequado ao Direito dos séculos XX e XXI. O MARXISMO Karl Marx (1818 - 1883) foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. Nascido na Prússia, mais tarde se tornou apátrida e passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx em economia estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista (1848) e O Capital (1867-1894) os mais proeminentes. KARL MARX Pensamento filosófico alemão: Feuerbach afirmava que o estudo da sociedade tem que ser feito de um mundo real com pessoas reais. Hegel considerava o real como uma criação do divino Deus. Marx filtrou dos dois a análise crítica e a realização da filosofia, fazendo a desalienação do homem, mas nunca desacreditando na perspectiva de Hegel. Na História, Hegel apresentará três tipos de abordagem, discorrendo sobre cada uma delas. As três formas de encarar a história são classificadas como: original, refletida e filosófica. Pensamento político francês: “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”. Pensamento econômico britânico: Adam Smith acredita que o crescimento de uma nação depende do trabalho humano. Marx procurava dar sentido ao pensamento de Adam e descobriu que tudo resulta dos meios de produçãoe do esforço humano. Ampliação de capital se dá através da mais-valia. Mais-valia: Quando o produtor oferece mão de obra ao capitalista, e produz um produto, uma parte desse produto vai para o produtor em forma de salário. A outra parte vai para o capitalista em forma de mais-valia. Materialismo histórico: Processo de criação, satisfação e recriação contínuas das necessidades humanas. Evolução real com desenvolvimentos históricos. O que caracteriza o ser humano é a forma como ele produz e reproduz suas condições de existência. Materialismo dialético: A realidade não é estática, ela é dinâmica, está sempre em transformações. Homem por meio da ação no mundo O MARXISMO Na composição da infraestrutura da sociedade, Marx dá destaque às relações de produção, que são consideradas as mais importantes relações sociais. Cada modo de produção representa diferentes formas de organização da propriedade privada e da exploração do homem pelo homem. Assim, para Marx, as classes sociais tiveram origem nas desigualdades sociais produzidas pelas relações de produção, que divide os homens em proprietários e não proprietários dos meios de produção. No modo de produção capitalista, as classes sociais são divididas em: os proletariados: trabalhadores despossuídos dos “meios de produção”, que vendem sua força de trabalho em troca de salário, tornando-se mercadoria, cujo preço é o salário; e os capitalistas, que possuindo os meios de produção sob a forma legal da propriedade privada, “apropriam-se” do produto do trabalho de seus operários em troca do salário do qual eles dependem para sobreviver. SOCIALISMO E COMUNISMO Muitas vezes as expressões comunismo e socialismo são usadas como sinônimos, o que não é correto. No entanto, os dois conceitos representam ideologias com algumas semelhanças, pois representam uma forma de protesto ou uma alternativa ao capitalismo. Muitos autores a favor do comunismo descrevem o socialismo como uma etapa para se chegar ao comunismo, que organizaria a sociedade de forma diferente, eliminando as classes sociais e extinguindo o Estado opressor. A forma de atuação do comunismo e do socialismo também é diferente. Enquanto o socialismo prevê uma mudança gradual da sociedade e um afastamento do capitalismo, o comunismo pretendia uma diferenciação mais brusca e muitas vezes usando o conflito armado como método de atuação. A FILOSOFIA DA LINGUAGEM EM THEODOR VIEHWEG Theodor Viehweg (1907-1988) foi um juiz e filósofo alemão responsável pelo resgate da Tópica na segunda metade do século XX, tendo declarado ter sido influenciado por Aristóteles e os filósofos romanos. A Tópica defendida por Theodor Viehweg foi desenvolvida por Aristóteles e sua forma problemática já fazia parte da prática jurídica dos romanos, que subordinavam-se às decisões dos casos concretos de onde tiravam seus fundamentos de validade. Os pretores e jurisconsultos romanos, dada a falta de textos legais, desenvolveram uma forma de pensar tópico-problemática, solucionando os conflitos concretos de forma casuística, com base na opinio communis e na argumentação retórica. A justiça se construía com base nas decisões concretas, das quais se extraíam princípios que serviam de fundamento de validade a cada nova decisão. A Tópica busca chegar a um consenso. A ÉTICA NO SENTIDO CONTEMPORÂNEO Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si. (SEVERINO. A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992) Na Idade Contemporânea, especialmente no Existencialismo, a Ética será vista a partir das ações humanas individuais (o individualismo), Possuindo um sentido coletivo e ao mesmo tempo político. LIBERALISMO E O DIREITO CONTEMPORÂNEO Enquanto o Liberalismo Clássico se preocupava em impedir qualquer tipo de intervenção do Estado na Economia, o Liberalismo Contemporâneo acredita que a falta de oportunidades de emprego, educação, saúde podem ser tão prejudiciais para a liberdade como a intervenção. Para liberais contemporâneos, o Estado deve cumprir um papel regulador mínimo, mas também criar oportunidades e respeitar o pluralismo da sociedade. A Teoria da Justiça de John Rawls, filósofo liberal do século XX, propõe um modelo de justiça aplicável no âmbito das atuais democracias constitucionais. Sua teoria defende que as desigualdades sociais e econômicas devem ser arranjadas de um modo que sejam convertidas em benefícios de todos, e que devem ser reduzidas até o grau que seja mais benéfico para a pessoa que representa a posição social mais desfavorecida.
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