Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cálculo II TEOREMAS DE CONVERGÊNCIA 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. O Teorema do Confronto e o Teorema da Função Contínua para Sequências ..................... 2 2. Teorema do Módulo ................................................................................................................. 6 3. O Teorema da Função Exponencial para Sequências Numéricas ......................................... 7 Exercícios .................................................................................................................................... 10 Gabarito ...................................................................................................................................... 11 Resumo ....................................................................................................................................... 11 2 Introdução Na apostila envolvendo a convergência de sequências numéricas, vimos o significado detalhado da terminologia “convergir” matematicamente falando, onde apresentamos uma série de fenômenos de nosso conhecimento e que fazem parte do nosso dia a dia e que podem ser relacionados diretamente as sequências de números. Além disso, a convergência de sequências numéricas pode ser feita com base nas regras operatórias envolvendo os limites das mesmas, bem como através da definição formal. Todavia, é importante conhecermos alguns outros resultados que são importantes nesse contexto associado ao cálculo de limites de sequências numéricas. Dentre eles, citamos os teoremas do módulo, função contínua e exponencial para a convergência de tais sequências. Nessa apostila, estaremos interessados em apresentar tais resultados com algumas ilustrações de resolução de exemplos, que nos familiarize com essa argumentação da caracterização da convergência de sequências com base neles. Objetivos • Estar plenamente familiarizado com alguns resultados importantes envolvendo a descrição da convergência de sequências numéricas. • Aplicar alguns teoremas específicos na resolução de exemplos que envolvam a caracterização do limite de sequências numéricas. 1. O Teorema do Confronto e o Teorema da Função Contínua para Sequências A descrição ou cálculo do limite de sequências numéricas tem sua tarefa facilitada a partir do momento em que descrevemos alguns resultados importantes e particulares para determinadas situações, ou seja, nesse momento estaremos apresentando agora dois novos resutados que podem servir de procedimentos que visam facilitar a caracterização de alguns limites de sequências. Tais resultados são conhecidos rotineiramente por ‘teorema do confronto’ e ‘teorema da função contínua’. Teorema 1 (Teorema do Confronto ou Teorema do Sanduíche) (Adaptado de Guidorizzi 2003) Se tivermos lim limn n n n x y L → → = = e se n n nx z y para todo ‘n’ suficientemente grande, então lim n n z L → = . 3 Prova: Como por hipótese, temos que lim limn n n n x x L → → = = então, para todo 𝜀 > 0 existem dois índices 1 2,n n tais que 1 n nn n L x L x L − + + e 2 nn n L y L − + . Logo, se tomarmos 0 1 1max ,n n n= , segue que para 0 n n nn n L x z y L − + , ou seja, conlcuímos que ( ),nz L L − + e, portanto, segue que lim n n z → . Vejamos alguns exemplos de aplicação do teorema acima como segue na descrição de limites de sequências numéricas. EXEMPLO Exemplo 1: A sequência (zn) cujo e-nésimo termo é cosn n é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Primeiramente devemos notar que se tomarmos ( ) 0nx = e ( ) 1 ny n = (yn) = ( 1 𝑛 ) então lim lim 0n n n n x y → → = = e, como, n n nx z para n suficientemente grande, já que: coscosn 1 , n n n n = ≤ 1 𝑛 , podemos nos utilizar diretamente do teorema do confronto. Assim sendo, concluímos que cosn lim lim 0n n n n x x n→ → = = . 4 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 2: A sequência (zn) cujo e-nésimo termo é 1 2n é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Primeiramente, devemos notar que se chamarmos ( ) 0nx = e ( ) 1 ny n = então lim lim 0n n n n x y → → = = omo, n n nx z ficientemente grande, já que: 11 1 2 22 n nn = , podemos nos utilizar do teorema do confronto. Assim sendo, concluímos que 1 lim lim 0 2 n nn n z → → = = . Exemplo 3: A sequência (z )n cujo e-nésimo termo é ( )1 n n − é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Primeiramente devemos notar que se chamarmos ( ) 0nx = e ( ) 1 ny n = então 1 lim lim 0 lim 0 2 n nnn n n z y → → → = = = = e, como, n n nx z xn ≤ zn ≤ yn para n suficientemente grande, já que: ( ) ( )11 1 n n n n n −− = , podemos nos utilizar do teorema do confronto. Assim sendo, concluímos que ( )1 lim lim 0 n n n n z n→ → − − = 5 Vamos apresentar agora o conhecido teorema da função continua, que trabalha essencialmente com a caracterização do limite de uma sequência relacionada a funções contínuas em sua lei de formação. Teorema 2 (Teorema da Função Contínua) (Adaptado de Anton 2000) Consideremos (xn) uma sequência numérica com termos reais. Se lim n n x L → = e se f for uma função real continua no ponto x = L e definida para qualquer termo xn, então ( )lim (x )n n f f L → = . Vejamos alguns exemplos de aplicação do teorema da função continua como segue na descrição de limites de sequências numéricas. EXEMPLO Exemplo 5: Caracterizar o limite da sequência 1 2n caso exista. Solução: Neste caso, primeiramente notemos que a sequência 1 n é convergente e converge para 0. Desta maneira, vamos tomar ( ) 1 , (x) 2xnx f n = = , logo pelo teorema da função contínua concluímos que 1 1 2n f n = converge para ( ) 00 2 1f L = = = outras palavras, escrevemos que ( ) 1 lim 2 1n n→ = 6 EXEMPLO 2. Teorema do Módulo Vejamos agora um resultado que diz respeito ao módulo envolvendo o termo geral de uma sequência, que também é considerado um dos resultados fundamentais da teoria das sequências numéricas. Teorema 3 (Teorema do Módulo) (Adaptado de Leithold 2006) Consideremos (xn)uma sequência numérica convergente tal que lim n n x L → = , então lim n n x L → = . Prova: Por hipótese, temos que lim n n x L → = , ou seja, sabemos que para todo 0 , existe um índice 0n tal que se n > n0 ⇒ |xn – L | < 𝜀. Além disso, devemos mostrar que lim 𝑛→∞ |𝑥𝑛| = | L |, ou seja, devemos provar que para todo 𝜀 > 0, existe um índice 0n tal que se 0 nn n x L − . Exemplo 6: Caracterizar caso exista o lim n n x → , sendo ( ) 2 1 4 1 n n x n + = + . Solução: Primeiramente, devemos notar que a sequência 2 1 4 1 n n + + é convergente e converge para 1 2 L = . Logicamente, se considerarmos ( )nf x x= e 1 2 L = , pelo teorema da função contínua, concluímos que ( ) 2 1 4 1 n n x n + = + (xn) = (√ 2𝑛+1 4𝑛+1 ) é convergente e converge para 1 1 2 2 22 = = √2 2 , ou seja, temos que 2 1 2 lim lim 4 1 2 n n n n x n→ → + = = + . 7 FIQUE ATENTO! Com base na segunda desigualdade triangular o resultado segue, ou seja, para todo 𝜀 > 0, existe um índice n0 ∈ ℕ tal que: se 0 nn n x L − . 3. O Teorema da Função Exponencial para Sequências Numéricas É sabido que a função exponencial dada por ( ) 1 1 x f x x = + (1 + 1 𝑥 ) 𝑥 comparece rotineiramente em diversas situações cotidianas, como, por exemplo, nas modelagens envolvendo crescimento e decrescimento, função de ativação em redes neurais, estudo de vibrações mecânicas, etc. Desta maneira, no âmbito das sequências numéricas, é relevante estudarmos o resultado que relaciona a mesma com o limite de uma sequência numérica. Primeiramente, podemos observar sem grandes dificuldades que se a variável x cresce ( )x→ ), o quociente 1 x tende a zero, todavia tal fração acrescida de 1 e o resultado dessa soma elevado a x não tem um valor direto de convergência evidenciado. Um dos maiores pesquisadores (matemático e astrônomo) de toda a história da ciência, Leonardo Euler (1707 – 1783) foi o primeiro cientista a observar a importância de tal função. Sabe-se da literatura envolvendo as funções, que à distância da origem ao ponto x, é o valor absoluto de x, ou seja, | x | (módulo de x). Assim sendo, uma das principais propriedades que temos é a desigualdade a seguir (chamada de segunda desigualdade triangular): | |x| – | y| | ≤ |x – y|, Para quaisquer dois números reais x e y. 8 De outra forma, Euler mostrou que o limite da função ( ) 1 1 x f x x = + , quando x tende a infinito era equivalente a um número irracional, mais precisamente situado entre os números 2 e 3, denotado nas entrelinhas por e (constante ou número de Euler), uma das constantes mais importantes da Matemática ao lado do número π, sendo as duas números irracionais. Se utilizarmos uma calculadora científica, é possível termos uma idéia com relação à convergência da função ( ) 1 1 x f x x = + . Vejamos o Quadro a seguir, em que listamos alguns valores de f(x) quando x tende a infinito. x ( ) 1 1 x f x x = + 1 2 2 2,250000 5 2,488320 10 2,593742 20 2,653298 50 2,691588 100 2,704814 200 2,711517 500 2,715569 1.000 2,716924 5.000 2,718010 50.000 2,718255 100.000 2,718268 1.000.000 2,718280 Elaborado pelo autor (2019). Podemos demostrar que o limite da função ( ) 1 1 x f x x = + também dá o número e = 2,718281828459... quando x tende a menos infinito, ou seja, podemos escrever: 1 lim 1 x n n x e x→ + = 9 Com base em tal exposição inicial referente a função exponencial, podemos generalizar tal situação para o contexto das sequências numéricas, surgindo o resultado fundamental que apresentamos a seguir. Teorema 4 (Teorema da Função Exponencial) (Adaptado de Boulos 2006) A sequência numérica (xn) com n-ésimo termo dado por ( ) 1 n n x x n = + é convergente, mais precisamente, temos que lim lim 1 n x n n n x x e n→ → = + = para todo x real fixado. EXEMPLO Exemplo 7: Caracterizar caso exista o lim n n x → , sendo ( ) 1 n n n x n + = . Solução: Primeiramente, devemos notar que podemos visualizar 1 nn n + como: 1 1 1 n n n n n + = + Assim sendo, fazendo x = 1 no teorema da função exponencial vem que: 11lim n n n n x e e n→ + = = = Onde concluímos que a sequência em questão é convergente e converge para 1L e= . 10 EXEMPLO Exercícios 1 – (Autor, 2019) A sequência ( )nz cujo e-nésimo termo é ( )sen n n é convergente ou divergente? Por quê? 2 – (Autor, 2019) Caracterizar o limite da sequência cujo e-nésimo termo é dado por 1n n + caso exista, justificando os seus cálculos. 3 – (Autor, 2019) Vamos caracterizar caso exista o limite da sequência numérica (xn), onde o e-nésimo termo é dado por ( ) 1 n n n x n − = . Exemplo 8: Caracterizar, caso exista, o lim n n x → , sendo ( ) 2 n n n x n − = . Solução: Primeiramente devemos notar que podemos visualizar 2 nn n − como: 2 2 1 n n n n n − − = + Assim sendo, fazendo x = – 2 no teorema da função exponencial vem que: 22lim lim n n n n n x e n − → → − = = Donde concluímos que a sequência em questão é convergente e converge para 2L e−= . 11 Gabarito 1 – Em um primeiro momento devemos observar que se chamarmos ( ) 0nx = e ( ) 1 ny n = ) então lim lim 0n n n n x y → → = = e, como, n n nx z y para n suficientemente grande, já que (n) (n) 1sen sen n n n = , podemos nos utilizar diretamente do teorema do confronto ou sanduíche. Assim sendo, concluímos que (n) lim lim 0n n n sen z n→ → = = . 2 – Num primeiro momento devemos notar que a sequência 1n n + é convergente e converge para L = 1. Assim sendo, se considerarmos a função real ( )f x x= e L = 1, pelo teorema da função contínua concluímos que ( ) 1 n n x n + = é convergente e converge para 1 1= , ou seja, temos que 1 lim lim 1n n n n x n→ → + = = . 3 – Inicialmente devemos observar que podemos visualizar 1 nn n − como: 1 1 1 n n n n n − − = + Assim sendo, fazendo x = – 1 no teorema da função exponencial vem que: 11lim lim n n n n n x e n − → → − = = , donde concluímos que a sequência em questão é convergente e converge para 1L e−− . Resumo Nesta apostila, nos familiarizamos com alguns resultados adicionais que possibilitamde forma direta a simplificação do cálculo de limites para algumas situações peculiares envolvendo as sequências numéricas. 12 Desta forma, trabalhamos inicialmente com o terorema do confronto ou teorema do sanduíche, que nos permite computar limites de sequências que sejam majoradas por desigualdades entre os seus termos gerais característicos. Esse resultado é muito utilizado em situações que temos uma sequência majorada por duas outras sequências que convergem para zero. A seguir, discutimos e aplicamos o teorema da função continua e da função exponencial, que são dois importantes resultados vinculados ao cálculo de limites de sequências numéricas, sendo o primeiro direcionado ao aparecimento de funções contínuas e o segundo com base na função exponencial. Lembremos que as funções continuas apresentam um papel importante no cálculo diferencial e integral, especificamente falando em termos geométricos por conta da sua representação gráfica sem saltos ou furos. Além disso, a função exponencial aparece rotineiramente em modelagens envolvendo crescimento e decrescimento, bem como na capitalização contínua dos juros compostos. 13 Referências bibliográficas GUIDORIZZI, H. L. Um Curso de Cálculo. 5ª Ed. Volume 2. Rio de Janeiro: LTC, 2003. LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. 3ª Ed. Volume 2. São Paulo: Harbra, 2006. THOMAS, G. B. Cálculo. Volume 2. São Paulo: Addison Wesley, 2003. ANTON, H. Cálculo: Um novo horizonte. 6ª Ed. Volume 2. São Paulo: Bookman, 2000. BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Volume 2. SP: Makron Books, 2006. 14
Compartilhar