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Análise Real Professora Fátima 1 Exercícios de revisão 1. Verdadeiro ou falso? Justifique. (Nesta questão m, n, pe q são números inteiros) (a) A soma de dois números inteiros pares é um número inteiro par. (b) Se m e n são ímpares então m+ n é ímpar. (c) Para que o produto de dois números seja um número racionalé necessário que cada um deles seja racional. (d) Se p 6= 0, q 6= 0, então: m p + n q = qm+ pn pq (e) Se p 6= 0, q 6= 0, n 6= 0, então: m p n q = mq pn (f) Se um natural divide dois outros, então ele divide a diferençaentre ambos. 2. (Provão 98 - Parte B) O losango é um quadrilátero que tem os quatro lados iguais. A partir desta definição, pode-se demonstrar aseguinte afirmação: “Ter diagonais perpendiculares é uma condição necessária para que um quadrilátero seja um losango”. (a) Enuncie esta afirmação sob a forma de um teorema do tipo“Se. . . então. . . ”. (b) Demonstre o teorema enunciado no item anterior. (c) Enuncie a recíproca do teorema no item a) e decida se elaé ou não verdadeira, justificando sua resposta. Dados/Informações adici- onais: O teorema sobre os ângulos formados por duas paralelas cortadas por uma transversal pode ser considerado conhecido,bem como os casos de congruência de triângulos. 1 3. (Provão 98 - Parte B) Considere a seqüência √ 2, √ 2 + √ 2, √ 2 + √ 2 + √ 2, . . . definidapor a1 = √ 2 e an+1 = √ 2 + an, para n ≥ 1. Mostre que an < 2 para todo n ≥ 1.Sugestão: Utilize o Princípio da Indução. 4. Mostre que n2 − 3n+ 4 é um número inteiro para todo n positivo. 5. Mostre que n2 − 3n+ 4 é um número inteiro para todo inteiro n. 6. Para n ≥ 0, mostre que 7n + 2 é um número divisívelpor 3. 7. Para n ≥ 1, mostre que Sn = ∑n i=1 i! é um número ímpar. 8. (Desigualdade de Bernoulli) Para h > −1 e n ≥ 0, mostre que (1 + h)n ≥ 1 + nh 2 Conjuntos Finitos, Infinitos, enumeráveis não enumeráveis Definição 1 (conjunto finito, conjunto infinito) Seja In = {1, 2, . . . , n}. Um conjunto X diz-se finito quando é vazio ou quando existe uma bijeção f : In → X, para algum n ∈ N. Neste caso dizemos que X possui n ele- mentos, ou que o número cardinal do conjunto X é n. Um conjunto é dito infinito quando não é finito. Exercícios 1. Enuncie a definição de função injetiva (ou injetora). Dê exemplo de uma função que seja injetiva e de uma função que não seja injetiva. 2. Enuncie a definição de função sobrejetiva (ou sobrejetora). Dê exem- plo de uma função que seja sobrejetiva e de uma função que não seja sobrejetiva. 3. Enuncie a definição de função bijetiva (ou bijetora). Dê exemplo de uma função que seja sobrejetiva e de uma função que não seja sobrejetiva. 4. Considere o conjunto das vogais. Prove que o mesmo é finito e deter- mine seu número cardinal. 2 5. Verdadeiro ou falso? Justifique. (a) Se existe uma bijeção f : X → Y então dados a ∈ X e b ∈ Y , existe também uma bijeção tal que g(a) = b? (b) Todo subconjunto de um conjunto finito é finito? (c) Dada f : X → Y , se Y é finito e f é injetiva então X é finito? (d) Dada f : X → Y , se Y é finito e f é sobrejetiva então X é finito? (e) Dada f : X → Y , se X é finito e f é sobrejetiva então Y é finito? (f) Dada f : X → Y , se X é finito e f é injetiva então Y é finito? (g) A interseção de dois conjuntos finitos é finito? (h) A união de dois conjuntos finitos é finito? (i) Seja An um conjunto finito e k um número natural. X = ∪kn=1An é finito? (j) Seja An um conjunto finito. X = ∪∞n=1An é finito? (k) Se X é um conjunto infinito, então existe uma aplicação injetiva f : N→ X? (l) Um conjunto é finito se e somente se é limitado. (m) Um conjunto X ⊂ N é finito se e somente se é limitado. Definição 2 (conjunto enumerável) Um conjunto Xé enumerável quando é finito ou quando existe uma bijeção f : N→ X, neste último caso, X possui a mesma cardinalidade de N. Um conjunto é dito não enumerável quando não é enumerável. Teorema 1 Todo subconjunto X ⊂ N é enumerável. Teorema 2 Seja f : X → Y injetiva. Se Y é enumerável então X também é. Em particular, todo subconjunto de um conjunto enumerável é enumerável. Teorema 3 Seja f : X → Y sobrejetiva. Se X é enumerável então Y também é. Teorema 4 N×N é enumerável. Sugestão para a demonstração: Considerar a aplicação ψ(m,n) = 2m3n. 3 Teorema 5 O produto cartesiano de dois conjuntos enumeráveis é enume- rável. Teorema 6 A reunião de uma família enumerável de conjuntos enumeráveis é enumerável. Exercícios 1. O conjunto dos naturais pares é enumerável? 2. O conjunto dos naturais ímpares é enumerável? 3. Z é enumerável? 4. Q+ é enumerável? 5. Q é enumerável? 6. Exiba um número irracional x tal que 0, 005 < x < 0, 006 7. R é enumerável? 8. O conjunto { 0, x1x2x3 . . . ,onde xi = 0 ou xi = 1} é não enumerável? 9. O conjunto dos números irracionais é enumerável? 10. Verdadeiro ou falso? Justifique. (a) Se A e B são enumeráveis então A ∪B é enumerável? (b) Se A e B são enumeráveis então A×B é enumerável? (c) Se A ⊂ X e X é enumerável então A é enumerável? 11. (Provão 99 - Parte B) Sejam p1, p2, p3, . . . , pn os n primeiros primos naturais. (a) Deduza que p1p2p3 . . . pn+1 é divisível por um primo diferente de p1, p2, p3, . . ., pn, mencionando os resultados necessários na sua dedução. (b) Conclua, a partir de a), que existem infinitos primos. 12. (Provão 98 - Parte A - 2a questão) Uma das afirmativas abaixo sobre osnúmeros naturais é FALSA. Qual é ela? (JUSTIFIQUE!!!) 4 (a) Dado um número primo, existe sempre um número primo maior que ele. (b) Se dois números não primos são primos entre si, um deles éímpar. (c) Um número primo é sempre ímpar. (d) O produto de três números naturais consecutivos é múltiplode seis. (e) A soma de três números naturais consecutivos é múltiplo de três. 13. (Provão 98 - Parte A - 3a questão) Assinale a única afirmativa verda- deira, a respeito de números reais.(Dê contra-exemplo para todas as afirmativas falsas!!!) (a) A soma de dois números irracionais é sempre um número irracio- nal. (b) O produto de dois números irracionais é sempre um número raci- onal. (c) Os números que possuem representação periódica são irracionais. (d) Todo número racional tem uma representação decimal finita. (e) Se a representação decimal infinita de um número é periódica, então esse número é racional. 14. (Provão 99) Sobre a dízima periódica 0, 999 . . ., podemosafirmar que: (a) é um número irracional. (b) √ 0, 999 . . . = 0, 333 . . . (c) 0, 999 . . . = 999 1000 (d) 0, 999 . . . = 1 (e) 0, 999 . . . não pode ser igual a 1, porque a geratriz não podeser um número inteiro. 3 Supremo,ínfimo, máximo, mínimo Definição (COTA SUPERIOR): Seja A ⊂ R. Dizemos que k é uma cota superior para A se todo elemento de A for menor ou igual a k, ou seja, x ≤ k, ∀x ∈ A. 5 Obs: Se um conjunto possui uma cota superior então ele possui várias cotas superiores. Todo conjunto limitado superiormente possui cotas superiores. Definição (COTA INFERIOR): Seja A ⊂ R. Dizemos que k é uma cota inferior para A se todo elemento de A for maior ouigual a k, ou seja, k ≤ x, ∀x ∈ A. Obs: Se um conjunto possui uma cota inferior então ele possui várias co- tas inferiores. Todo conjunto limitado inferiormente possui cotas inferiores. Exemplos: 1. A = {1, 2, 3} . 3,5,9 e 500 são cotas superiores (qualquer número maior ou igual a 3 é cota superior). 1,0,-10 são cotas inferiores (qualquer número menor ou igual a 1 é cota inferior). Definição (SUPREMO): Seja A ⊂ R um subconjunto dos números reais. Dizemos que a ∈ R é o supremo de A e denotamosa = supA se a é a menor das cotas superiores. Isto é equivalente as seguintes afirmações ocorrerem simultaneamente: 1. x ≤ a, ∀x ∈ A (a é uma cota superior) 2. c ≥ x, ∀x ∈ A⇒ c ≥ a, ou equivalentemente, c < a⇒ ∃x ∈ A tal que c < x. ( a = supA é a menor das cotas superiores) Vamos justificar a equivalência estipulada em (2.) Considere as afimações:p−→ c ≥ x, ∀x ∈ A,q−→ c ≥ aO item ( 2.) da definição de supremo nos diz que p⇒ q. Sabemos que isto possui o mesmo significado que ∼ q ⇒∼ p. Vemos que:∼q −→ c < a∼ p −→ ∃x ∈ A tal que c < x.Analogamente definimos ínfimo de um conjunto A. Definição (ÍNFIMO): Seja A ⊂ R um subconjunto dos números reais. Dizemos que a ∈ R é o ínfimo de Ae denotamos a = infA se a é a maior das cotas inferiores, isto é, quando ocorrem simultaneamente: 6 1. a ≤ x, ∀x ∈ A (a é uma cota inferior) 2. c ≤ x,∀x ∈ A⇒ c ≤ a, ou equivalentemente, c > a⇒ ∃x ∈ A tal que c > x. (a é a maior das cotas inferiores) EXEMPLOS: 1. A = {1, 2, 3}. Então infA = 1, supA = 3. 2. A = { 1 n , n = 1, 2, . . .}. Então infA = 0, supA = 1. Exercícios: 1. Determine caso haja, ínfimo, supremo, máximo, mínimo de cada um dos conjuntos abaixo. Caso não haja, justifique. (a) N = {1, 2, 3, . . .} (b) Z = {. . . ,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, . . .} (c) A =]− 3, 5]∪]− 1, 7] (d) X = {(−1)n 1 n , n ∈ N} (e) X =]−∞, 0[ (f) B = {3} (g) X = [−1, 2[ (h) N = {1, 2, 3, . . .} (i) X =]−∞, 7[ (j) X = {0,−2, 7, 5} (k) X = [2, 10] 2. Verdadeiro ou falso? Justifique. (a) Todo subconjunto infinito de um conjunto não enumerávelé não enumerável. 7 (b) Se A ⊂ R possui um ínfimo, então A possui mínimo. (c) Se A ⊂ R possui mínimo então A possui mínimo. (d) Todo subconjunto dos reais possui um ínfimo e um supremo. (e) Seja A ⊂ R, a ∈ R, c ∈ R.Então a é supremo de A se e só se i. a ≥ x, ∀x ∈ A ii. Se c < a então existe x ∈ A tal que x > c. 3. Dê exemplo, se possível. Caso contrário, justifique (a) Um conjunto cujo ínfimo seja igual ao supremo. (b) Um conjunto cujo supremo seja menor que o ínfimo. (c) Um conjunto infinito que possua supremo e ínfimo. (d) Um conjunto ilimitado que possua supremo. (e) Um conjunto ilimitado que possua ínfimo. (f) Um conjuto ilimitado que possua supremo e ínfimo. 4 Corpo, Corpo Ordenado Um corpo é um conjunto K, munido de duas operações, chamadas adição e multiplicação, que satisfazem a certas condições,chamadas de axiomas do corpo, abaixo especificadas.A adição faz corresponder a cada par de elementos x, y ∈ K sua somax+y ∈ K, enquanto a multiplicação associa a esse números seu produto x.y ∈ K. Os axiomas do corpo são os seguintes: 1. Axiomas da adição: (a) Associatividade. Quaisquer que sejam x, y, z ∈ K, tem-se: (x + y) + z = x+ (y + z) (b) Comutatividade. Quaisquer que sejam x, y ∈ K, tem-se: x+ y = y + x (c) Elemento neutro. Existe 0 ∈ K tal que x + 0 = x, seja qual for x ∈ K. O elemento 0 chama-se zero. (d) Simétrico. Todo elemento x ∈ K possui um simétrico −x ∈ Ktal que x+ (−x) = 0 8 item Axiomas da multiplicação: (Especifique-os em linguagem mate- mática) (a) Associatividade. (b) Comutatividade. (c) Elemento neutro. (d) Inverso, exceto para o elemento neutro da adição. 2. Axioma da distributividade - Interliga operações de multiplicação e adição: Dados x, y, z em K, tem-se: x(y + z) = xy + xz Definição 3 (Corpo Ordenado) Dizemos que X é um corpo ordenado quando existe um subconjunto X+ ⊂ X, chamado conjunto de números positivos, cumprindo asseguintes condições: 1. x, y ∈ X+ ⇒ x+ y, xy ∈ X+ 2. Dado x ∈ X+ exatamente uma das três opções ocorre:x = 0, x ∈ X+ ou −x ∈ X+ O conjunto R dos números reais é um corpo ordenado. Observação: R é um corpo ordenado completo. Isto significa que todo subconjunto X ⊂ R ¯ limitado superiormente possui supremo b ∈ R. Exercícios: Seja K um corpo.Decida se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira ou falsa. Justifique. 1. x+ z = y + z ⇒ x = y, x, y, z ∈ K 2. y × 0 = y, y ∈ K 3. (x)(−y) = −xy, x, y ∈ K 4. x× 0 = 0, ∀x ∈ K 5. (−x)(y) = −xy, x, y ∈ K 6. (−x)(−y) = xy, x, y ∈ K 9 7. O conjunto N dos naturais é um corpo? 8. O conjunto Z dos inteiros é um corpo? 9. O conjunto das matrizes reais 2×2 com as operaçõesusuais é um corpo? 10. O conjunto das matrizes reais inversíveis 2× 2 com asoperações usuais é um corpo? 11. O conjunto Z2 = {4,♥}, com as operações4+♥ = ♥+4 = ♥;4+ 4 = ♥+♥ = 4;4×♥ = ♥×4 = 4×4 = 4; ♥×♥ = ♥. 5 Seqüências Uma seqüência é uma função f : N → R,que a cada número natural associa um número real. Freqüentementenos referimos a uma seqüência por xn, indicando que x1 seria o primeiro termo, x2 o segundo termo e assim por diante. Definição 4 (Seqüência Limitada) Uma seqüência xn é dita limitada quando existe M ∈ Rtal que −M ≤ xn ≤M , ∀n ∈ N. Observação: −M ≤ xn ≤M, ∀n ⇔ |xn| ≤M, ∀n . Definição 5 (Limite de uma seqüência) Dizemos que L ∈ R é o limite de uma seqüência e denotamos lim n→∞ xn = L ou limxn = L quando dado � > 0 existe N0 ∈ N tal que L− � < xn < L+ �, ∀n > N0 Neste caso diz-se que a seqüência (xn) é convergente (para L ). Quando uma seqüência não é convergente ela é dita divergente. Observação: L− � < xn < L+ �, ∀n > N0 ⇔ |xn − L| < �, ∀n > n0 10 Teorema 7 (Unicidade do limite) Uma seqüência não pode possuir dois limites distintos. Definição 6 (Subseqüência) Dada uma seqüência x = (xn)n∈Nde núme- ros reais, uma subseqüência de x é a restrição da função x a um subconjunto infinito N′ = {n1 < n2 < . . . < ni < . . .} de N. Escreve-se x′ = (xn)n∈N′, ou (xn1, xn2, . . . , xni, . . .),ou ainda (xni)i∈N Observação: Estritamente falando, uma subseqüência x′ nãoé uma seqüência pois seu domínio N′ não éem geral igual a N. Mas é trivial considerar x′ como função definida em N, como sugere a última notação apresentadana definição de subseqüência. Teorema 8 Toda seqüência limitada de números reais possui uma subseqüên- cia convergente. Definição 7 (Seqüência monótona) Uma seqüência (xn) chama-se mo- nótona quando se tem xn ≤ xn+1 para todo n ∈ N , isto é: x1 ≤ x2 ≤ . . . ≤ xk ≤ . . . ou então xn ≥ xn+1 para todo n ∈ N, isto é, x1 ≥ x2 ≥ . . . ≥ xk ≥ . . . No primeiro caso diz-seque (xn) é monótona não-decrescente e, no segundo, que (xn)é monótona não-crescente. Teorema 9 Toda seqüência monótona limitada é convergente. Teorema 10 (Bolzano-Weierstrass) Toda seqüência limitada de números reais possui uma subseqüência convergente. Teorema 11 Se limxn = lim yn = L e xn ≤ zn ≤ yn para todo n suficiente- mente grande então lim zn = L Teorema 12 Se limxn = 0 e (yn) é uma seqüência limitada(convergente ou não) então lim(xnyn) = 0 11 Teorema 13 Se limxn = a e lim yn = b então: 1. lim(xn + yn) = a+ b 2. lim(xnyn) = ab 3. lim xn yn = a b , b 6= 0 Exercícios: 1. Dê exemplo de uma seqüência não limitada mas que possua uma sub- seqüência convergente. 2. Dê exemplo de uma seqüência monótona decrescente que não seja con- vergente. 3. Dê exemplo de uma seqëncia que não seja monótona mas que convirja. 4. Dê exemplo de uma seqüência divergente que possua uma subseqüência convergindo para 2. 5. Exiba 3 subseqüências distintas para seqüência an = 1n 6. Determine os 3 primeiros termos de cada seqüência. Diga se cada uma das seqüências abaixo é limitada,monótona, convergente. Justifique. (a) xn = n 2−n n3+3 (b) xn − n 3+3 n2−n (c) xn = 3 (d) xn = −n (e) xn = (−1)n (f) xn = (−1)n 1n (g) xn = qn, q sendo uma constante real. (h) xn = n √ n. (i) xn = (1 + 1n) n 7. Em cada item ou dê um exemplo, explicando que seu exemplo é correto ou justifique porque é impossíveldar um exemplo. 12 (a) Uma sequüência monótona decrescente que não seja convergente. (b) Uma seqüência que não seja monótona mas que convirja. (c) Uma seqüência não monótona que seja convergente. (d) Uma seqüência que seja limitada, mas não seja convergente. (e) Uma seqüência que seja convergente, mas não seja limitada. (f) Uma seqüência crescente que seja convergente. 8. Prove que se uma seqüência (xn) possui duas seqüências que convergem para limites distintos, então (xn) não é convergente. 9. Prove que uma seqüência que não seja limitada não podeser conver- gente. 10. (35-Provão 98) Quando n → ∞, a seqüência an = n 5+2n n4+3n tem limite: A)0 B)2 3 C)1 D)5 4 E)∞ 11. (19-Provão 2000) A seqüência {an} definida poran = (−1)n + 13senn: (a) não é convergente, mas admite subseqüência convergente. (b) é convergente para um número irracional. (c) é convergente para um número racional. (d) é divergente para infinito. (e) é monótona. 12. (24-Provão 99) Considere as seguintes afirmaçõessobreseqüências de números reais: I-Uma seqüência de irracionais pode convergir para um racional. II-Uma seqüência de números positivos pode convergir para umnúmero negativo. III-Se todos os termos de uma seqüência são menores que 1, entãoseu limite também será menor que 1. Estão corretas as seguintes afirmativas: (a) I, apenas. (b) I e II, apenas 13 (c) I,II e III. (d) II,apenas (e) III,apenas. 6 Séries Quando dividimos 1 por 3 encontramos a dízima periódica 0, 333 . . . Na verdade este número pode ser lido como a soma infinita 3 10 + 3 100 + 3 1000 + . . . Repare que a seqüência ( 3 10 , 3 100 , 3 1000 . . . ) é uma progressão geométrica(PG) de primeiro termo a1 = 310 e razão q = 1 10 . Sem surpresas, ao aplicarmos a fórmula para a soma dos termos de uma PG infinita onde a razão tem módulo menor que 1, obtemos S = a1 1− q = 3 10 1− 1 10 = 1 3 Ocorre que nem sempre as somas infinitas são tão amigáveis. Qual seria o valor da soma infinita 1− 1 + 1− 1 + 1− 1 + . . .? Estamos buscando o valor da soma dos termos da seqüência (1,−1, 1,−1, 1,−1, . . .) que por acaso também é uma PG. Se somamos um número par de parcelas temos a sensação que a soma seria 0. Se somamos um número ímpar de parcelas a soma parece ser 1. Pelo menos dois resultados diferentes são nitidamente plausíveis. Surge a necessidade de definir o que seria somar 14 uma quantidade infinita de parcelas. Isto foi feito usando-se o conceito de seqüências. Neste exemplo definimos a seqüência (sn) dada por s1 = 1, s2 = 1− 1, s3 = 1− 1 + 1, s4 = 1− 1 + 1− 1, etc Se existir um número real L que seja limite deste seqüência (sn) dizemos que a soma vale L, ou, mais elegantemente, que a soma (ou a série) converge para L. Se (sn) divergir dizemos que a soma( ou a série) diverge. Neste exemplo (sn) diverge, já que identificamos duas subseqüências con- vergindo para limites diferentes, a saber, (sn)n par converge para zero en- quanto (sn)n ímpar converge para -1. Já no primeiro exemplo, considerando s1 = 3 10 , s2 = 3 10 + 3 100 , s3 = 3 10 + 3 100 + 3 1000 , etc temos L = lim n→∞ sn = 1 3 Dada uma seqüência (a1, a2, a3, a4, . . .) Podemos nos perguntar se existe um número real L tal que a1 + a2 + a3 + . . .+ an + . . . = L. Como a1, a2, a3, etc. são parcelas da “soma infinita”, ak é por vezes chamado do termo geral da soma (ou da série). Para lidar com somas infinitas, convém recolcar a questão usando a lin- guagem de limite. Queremos então saber se existe um número real L tal que lim n→∞ sn = L, onde (sn) é a seqüência das somas parciais s1 = a1 s2 = a1 + a2 s3 = a1 + a2 + a3 ... sn = a1 + a2 + a3 + . . .+ an ... 15 A seqüência das somas parciais, por abuso também chamada de série, é freqüentemente denotada por sn = a1 + a2 + a3 + . . .+ an = n∑ k=1 ak Para nos referirmos à série (ou mesmo à seqüência de parciais que define a série) usamos fartamente as notações ∑ ak, ou ainda, ∞∑ k=1 ak. Cabe observar que L = lim n→∞ sn = lim n→∞ n∑ k=1 ak = ∞∑ k=1 ak No entanto, mesmo quando a série não converge( a seqüência sn diverge), ainda utilizamos ∑ ak para denotar a série. Esta notação pode ser usada para referir-se ao valor da soma, ou à própria seqüência sn = ∑n k=1 ak. Exercícios: 1. Seja sn = n∑ k=1 ak. Em cada item, faça conforme o exemplo. Determine os 6 primeiros termos da seqüência (ak) e os 6 primeiros termos da seqüência das somas parciais (sn). Identifique se ak é monótona (não crescente, não decrescente), limitada, convergente. Idem para a seqüência das somas parciais sn. Lembre que se lim sn = L então a1 + a2 + a3 + . . .+ an + . . . = L (a) ak = (−1)k, sn = ∑n k=1 ak. Solução: Os 6 primeiros termos da seqüência são a1 = −1, a2 = 1, a3 = −1, a4 = 1, a5 = −1, a6 = 1 16 A seqúência (ak), denotada ainda por (−1, 1,−1, 1, . . .), não é monótona, é limitada (|ak| ≤ 1, para todo k inteiro, não é convergente (pois possui subseqüências convergindo para limites diferentes). Os 6 primeiros termos da série sn = ∑ (−1)k são s1 = −1 s2 = −1 + 1 = 0 s3 = −1 + 1− 1 = −1 s4 = s3 + 1 = 0 s5 = s4 − 1 = −1 s6 = s5 + 1 = 0 A série (sn), vista como seqüência,denotada ainda por (−1, 0,−1, 0,−1, 0, . . .), não é monótona,é limitada e não é convergente. (b) ak = 1/2, sn = ∑n k=1 ak. Solução: Os 6 primeiros termos da seqüência são a1 = 1/2, a2 = 1/2, a3 = 1/2, a4 = 1/2, a5 = 1/2, a6 = 1/2 A seqúência (ak), denotada ainda por (1/2, 1/2, 1/2, 1/2, . . .), é monótona pois trata-se de uma seqüência constante, é limitada (|ak| ≤ 1/2, para todo inteiro positivo) e é convergente (converge para 1/2). Os 6 primeiros termos da série sn = ∑ 1/2 são s1 = 1/2 s2 = 1/2 + 1/2 = 1 s3 = 1/2 + 1/2 + 11/2 = 3/2 s4 = s3 + 1/2 = 2 s5 = s4 + 1/2 = 5/2 s6 = s5 + 1/2 = 3 17 A série (sn), vista como seqüência,denotada ainda por (1/2, 1, 3/2, 2, 5/2, 3, . . .), é monótona(crescente), não é limitada, não é convergente. (c) ak = 1k − 1 k+1 , sn = ∑n k=1 ak. Solução: Os 6 primeiros termos da seqüência são a1 = 1−1/2, a2 = 1/2−1/3, a3 = 1/3−1/4, . . . , a6 = 1/6−1/7 Observe que ak = 1 k − 1 k + 1 = 1 k(k + 1) Isto ajuda a ver que a seqúência (ak) é monótona (decrescente), é limitada (|ak| ≤ 1/2, para todo k inteiro), é convergente (toda seqüência monótona e limitada é convergente - neste exemplo a seqüência converge para zero). Os 6 primeiros termos da série sn = ∑ ( 1 k − 1 k+1 ) são s1 = 1− 1/2 s2 = 1− 1/2 + 1/2− 1/3 = 1− 1/3 s3 = a1 + a2 + a3 = s2 + a3 = (1− 1/3) + (1/3− 1/4) = 1− 1/4 s4 = s3 + a4 = (1− 1/4) + (1/4− 1/5) = 1− 1/5 s5 = 1− 1/6 s6 = 1− 1/7 A série (sn), vista como seqüência, é monótona, é limitada (|sn| ≤ 1/2, para todo inteiro positivo n) e é convergente (pois toda seqüência limitada e monótona é convergente - neste exemplo ela converge para 1) . (d) ak = 2k, sn = ∑n k=1 ak. Solução Os 6 primeiros termos da seqüência são a1 = 2, a2 = 2 2 = 4, a3 = 2 3 = 8, a4 = 2 4 = 16, a5 = 2 5 = 32, a6 = 2 6 = 64 A seqúência (ak), denotada ainda por (2, 4, 8, 16, . . .), 18 é monótona (crescente), não é limitada e diverge para infinito. Observe que cada novo termo da seqüência é o dobro do anterior, trata-se portanto de uma progressão geométrica(PG) de razão 2. Numa PG de razão q onde o primeiro termo é a1 os seguintes serão a2 = a1q, a3 = a1q 2, a4 = a1q 3, . . . , a100 = a1q 99, . . . A fórmula para o termo geral é an = a1q n−1 (1) Os 6 primeiros termos da série sn = ∑n k=1 2 k são s1 = 2 s2 = 2 + 4 = 6 s3 = 2 + 4 + 8 = 14 s4 = s3 + a4 = 14 + 16 = 30 s5 = s4 + a5 = 30 + 32 = 62 s6 = s5 + a6 = 62 + 64 = 126 Observação: Existe uma fórmula que encontra a soma Sn dos n primeiros termos de uma seqüência (ak) de primeiro termo a1 e razão q, onde q 6= 1, a saber, Sn = a1(1− qn) 1− q Verifique que a fórmula funciona para o exemplo acima. Para verificar o caso geral basta fazer a conta Sn − qSn de dois modos diferentes: Primeiro modo: Sn − qSn = Sn(1− q) Segundo modo: Observe, usando a fórmula(1) para o termo geral da PG que Sn = a1 + a1q + a1q 2 + . . .+ a1q n−2 + a1q n−1 assim qSn = a1q + a1q 2 + . . .+ a1q n−1 + a1q n 19 Ao efetuarmos a diferença Sn − qSn muitos termos se cancelam e obtemos apenas Sn − qSn = a1 − a1qn = a1(1− qn) Comparando os resultados obtidos através das duas maneira dis- tintas no cálculo de Sn − qSn obtemos Sn(1− q) = a1(1− qn) portanto Sn = a1(1− qn) 1− q A série (sn) = ∑n k=1 2 k é monótona(crescente), não é limitada, e diverge para infinito(não sendo portanto convergente). (e) ak = 12k , sn = ∑n k=1 ak. Solução: Os 6 primeiros termos da seqüência são a1 = 1/2, a2 = 1/4, a3 = 1/8, a4 = 1/16, a5 = 1/32, a6 = 1/64 A seqúência (ak), denotada ainda por (1/2, 1/4, 1/8, 1/16, . . .), é monótona (decrescente), é limitada e converge para zero. Ob- serve que cada novo termo da seqüência é metade do anterior, trata-se portanto de uma progressão geométrica(PG) de razão 1/2. Os 6 primeiros termos da série sn = ∑n k=1 1/2 k são s1 = 1/2 s2 = 1/2 + 1/4 s3 = 1/2 + 1/4 + 1/8 s4 = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 s5 = 1/2 + 1/4 + 1/8 + 1/16 + 1/32 s6 = 1/2 + 1/4 + 1/8 + 1/16 + 1/32 + 1/64 20 Aqui novamente podemos usar a fórmula Sn = a1(1− qn) 1− q A série (sn) = ∑n k=1 1/2 k é monótona(crescente), pois cada novo termo é o anterior adicionado de um valor positivo. Para saber a que valor chegamos quando somamos "todos"os ter- mos é razoável que estudemos o comportamento da soma Sn dos n primeiros termos de uma PG quando n tende a infinito. Fazendo o cálculo, obtemos lim n→∞ Sn = lim n→∞ a1(1− qn) 1− q = a1 1− q , desde que |q| < 1. Utilizando este resultado no exemplo, obtemos S = 1/2 1− 1/2 = 1 Assim (sn) é limitada (|sn| ≤ 1, para todo n inteiro positivo) e converge para 1. (f) ak = (−1)k 12k ), sn = ∑n k=1 ak. (g) 1 100 , sn = ∑n k=1 ak. (h) ak = 1100 + 1 2k , sn = ∑n k=1 ak. (i) ak = 1k , sn = ∑n k=1 ak. (j) ak = 1k2 , sn = ∑n k=1 ak. Decidir sobre a convergência de séries pode ser um problema delicado. Todo um campo de estudo da matemática, designado hoje por análise real, floresceu no século XIX em grande parte impulsionado por este problema. Resultado 1 O termo geral de uma série convergente tem limite zero, ou seja, ∑ ak é convergente⇒ lim ak = 0 21 Demonstração: Seja (sn) a seqüência das somas parciais, iassim: s1 = a1 s2 = a1 + a2 s3 = a1 + a2 + a3 ... sn = a1 + a2 + a3 + . . .+ an ... Por hipótese a “soma infinita"converge, logo existe um número real S tal que S = lim n→∞ sn . Considere a seqüência yn = sn+1 cujos termos são y1 = s2 = a1 + a2 y2 = s3 = a1 + a2 + a3 y3 = s3 = a1 + a2 + a3 + a4 ... yn = sn+1 = a1 + a2 + a3 + . . .+ an + an+1 ... Para finalizar a demonstração resolva as seguintes questões. 1. Sabendo-se que lim n→∞ sn = S, quanto vale lim n→∞ yn? 2. Calcule yn − sn 3. Calcule lim n→∞ (yn − sn) 4. Seja zn = an+1. Se lim n→∞ zn = 0, quanto vale lim n→∞ an? Você deve ter concluído que lim n→∞ yn = S e que yn − sn = an+1. Agora lim n→∞ (yn − sn) = lim n→∞ an+1 ⇒ S − S = lim n→∞ an+1 ⇒ 0 = lim n→∞ an+1 22 Logo lim an = lim an+1 = 0 # Observação A recíproca deste teorema é falsa. Um contra-exemplo clás- sico á série ∑ 1/k. Embora a seqüência ak = 1/k convirja para zero, a soma∑ 1/k diverge para infinito. Observação: Este resultado é útil para demonstrar que determinadas séries são divergentes. De fato, se o termo geral não estiver convergindo para zero, a série não tem chances de convergir. Exemplo:A série ∑ (−1)k diverge e podemos provar isto observando que ak = (−1)k é uma seqüência divergente (não converge para número algum, portanto não pode convergir para zero). Resultado 2 (Critério da comparação) Seja 0 ≤ ak ≤ bk, para todo in- teiro positivo k. Então: • ∑ bk converge ⇒ ∑ ak converge. • ∑ ak diverge ⇒ ∑ bk diverge. Exemplo 1:Queremos investigar se a série ∑ 1 2k+5 converge. Já vimos que a série geométrica ∑ 1 2k converge. Como 0 ≤ 1 2k + 5 ≤ 1 2k podemos afirmar, usando a primeira afirmativa do teste da comparação que∑ 1 2k+5 converge. Exemplo 2:Será que a série ∑ 1 3k−1 converge? Vimos que a série ∑ 1 k diverge. Assim ∑ 1 3k = 1 3 ∑ 1 k será divergente. Como 0 ≤ 1 3k ≤ 1 3k − 1 usando a segunda afirmação do teste da comparação podemos garantir que∑ 1 3k−1 diverge, visto que ∑ 1 3k diverge. 23 Observação: No resultado anterior podemos substituir a hipótese 0 ≤ ak ≤ bk por 0 ≤ ak ≤ cbk, com c ∈ R, já que∑ bk converge ⇔ ∑ cbk converge Exercícios: 1. Covergente ou divergente? Justifique. (a) ∑∞ k=1 1 k3 (b) ∑ 1 k3+1 (c) ∑∞ k=1 1√ k (d) ∑∞ k=1 [ (1 + (−1)k ] (e) ∑∞ k=1 cos k (f) ∑ 1 k+3 (g) ∑ 1 2k−1 2. Demonstre o Teste da comparação.Defina xn = n∑ k=1 ak e yn = n∑ k=1 bk Verifique que tanto xn quanto yn são monótonas (Por quê?). Para provar a primeira afirmação verifique que sob as hipóteses especificadas yn será limitada, use este fato, juntamente com o anterior para provar que yn converge e conclua a demonstração da primeira parte. Para provar a segunda parte verifique que sob as hipóteses vigentes yn não pode ser limitada, e daí conclua a demonstação da segunda parte. Definição 8 (Série absolutamente convergente, s’erie condicionalmente convergente) Uma série ∑ ak diz-se absolutamente convergente quando ∑ |ak| converge. Se∑ ak converge, mas ∑ |ak| diverge, dizemos que a série é condicionalmente convergente. Resultado 3 Toda série absolutamente convergente é convergente. 24 Demonstração: Seja ∑ ak uma série tal que ∑ |ak| convirja. Defina as seqüências (bk) e (ck) como abaixo: bk = { ak, se ak ≥ 0 0, se ak < 0 ; ck = { −ak, se ak ≤ 0 0, se ak > 0 Assim 0 ≤ bk ≤ |ak| e 0 ≤ ck ≤ |ak|. Pelo teste da comparação ∑ bk e∑ ck são convergentes, assim ∑ ak = ∑ bk − ∑ ck converge. Teorema 14 (Critério da raiz) Considere a série ∑ ak. Então 1. limk→∞ k √ |ak| < 1⇒ ∑ ak converge. 2. limk→∞ k √ |ak| > 1⇒ ∑ ak diverge. Resultado 4 (Teste da razão ou de D’Alembert) Sejam (ak) uma seqüên- cia de termos não nulos. Então: 1. lim k→∞ ∣∣∣∣ak+1ak ∣∣∣∣ < 1⇒∑ ak converge. 2. lim k→∞ ∣∣∣∣ak+1ak ∣∣∣∣ > 1⇒∑ ak diverge. Demonstração: Como lim k→∞ ∣∣∣∣ak+1ak ∣∣∣∣ = L < 1 existe c satisfazendo 0 ≤ c < 1 tal que para k suficientemente grande∣∣∣∣ak+1ak ∣∣∣∣ < c Assim ∣∣∣∣ak+1ak ∣∣∣∣ < ck+1ck e portanto |ak+1| ck+1 < |ak| ck 25 A seqüência yk = |ak|ck possui apenas termos positivos e pela última de- sigualdade é decrescente. Daí concluímos que (yk) é limitada, digamos, por M . |ak| ck < M ⇒ |ak| < Mck Como |c| < 1, a série ∑ ck, que é uma série geométrica, converge. Assim∑ (Mck) = M ∑ ck também converge. Pelo teste da comparação ∑ |ak| con- verge, e como toda série absolutamente convergente é convergente, vem que∑ ak converge. A demosntração da segunda parte do teorema fica como exercício. Exercícios: 1. Demonstre o critério da raiz. 2. Verifique se a série ∑( lnn n )n é convergente. 3. Verdadeiro ou falso? “ Se lim an = 0 então ∑ an converge.” 4. Diga se as seguintes séries são ou não convergentes, justificando. (a) ∑ (−1)n (b) ∑ (−1)n 1 2n (c) ∑ an n! , a constante (d) ∑ n2 an , a constante . (e) ∑ n! nn Sugestão: Use que lim(1 + 1 n )n = e 5. (Na questão abaixo, escolha o item correto, justificando. Além disso dê um contra-exemplo para cada um dos itens incorretos.) (Provão 2001 - Questão 26) Observe as seguintes séries determos gerais: (1) ∞∑ k=1 ak e (2) ∞∑ k=1 (a2k−1 + a2k) respeito dessas séries, é correto afirmar que: (a) não podem ser ambas convergentes. (b) Se (1) converge, então (2) converge. (c) Se (2) converge então (1) converge. 26 (d) Se lim ak = 0, então (1) e (2) convergem. (e) Se lim ak = 0, então (1) converge, mas (2) pode não convergir. Teorema 15 (Leibniz) Se (an) é uma seqüência montótona decrescente que tende parazero então ∑ (−1)n+1an é uma série convergente. Sugestão para a demonstração: Trabalhe com as subseqüências (s1, s3, s5, . . .)e (s2, s4, s6, . . .). Observe a monotocidade para concluir que ambas as sub- seqüências são convergentes, digamos paraL1 e L2. Tente mostrar que L1 = L2. Teorema 16 ( Critério da Integral) Seja f uma função real contínua, decrescente e positiva. Considere a desigualdade f(2) + f(3) = . . .+ f(k) ≤ ∫ n 1 f(x)dx ≤ f(1) + f(2) + f(3) . . .+ f(k − 1) 1. Se sn = ∫ n 1 f(x)dx converge então ∞∑ k=1 f(k) é convergente. 2. Se sn = ∫ n 1 f(x)dx diverge então ∞∑ k=1 f(k) é divergente. Exercícios 1. Prove que ∑ 1 k diverge e que ∑ 1 k2 converge. 2. (Provão 2000 - Parte B ) Seja ∑ An uma série convergente de números reais. (a) É sempre verdade que ∑∞ n=1A2n converge? (b) Forneça uma demonstração se a sua resposta em a) for afirmati- vaou dê um contra-exemplo se negativa. 3. (Provão 2001 - Questão 31) Uma partícula se move sobre o eixo dos x, partindo da origem. No primeiro minuto, ela avança 1 unidade para a direita; no segundo minuto ela retrocede 0,5 unidade; no terceiro minuto ela avança 0,25 unidade; e assim sucessivamente alternando 27 avanços com retrocessos, as distâncias percorridas formando uma pro- gressão geométrica. O limite daabscissa da partícula quando o tempo tender para o infinito é: a) 1 2 b) 2 3 c) 3 4 d) 3 5 e) 7 10 4. O vigésimo termo de uma seqüência, na qual para todo inteiro n a soma dos n primeiros termos vale 1 n é: a) 1 20 b) 1 342 c) 1 380 d)− 1 342 e)− 1 380 5. Decida se as séries abaixo convergem ou não. (a) ∑− 1 n (b) ∑ (−1)n 1 n 6. Em cada item ou dê um exemplo, explicando que seu exemplo é correto ou justifique porque é impossíveldar um exemplo. (a) Uma seqüência que seja decrescente e ilimitada. (b) Uma série divergente, cujo termo geral tenda a zero. Isto é, ∑ an diverge, mas lim an = 0. (c) Uma série que convirja, mas não convirja absolutamente. Istoé∑ an converge, mas ∑ |an| não converge. (d) Uma série tal que ∑ |an| seja convergente, mas ∑ an nãoconvirja. (e) Uma seqüência ilimitada que possua uma subseqüência conver- gente. (f) Uma série tal que é classificada como convergente, se usamos o teste da razão, mas divergente se usamos o teste da raiz. (g) Uma série ∑ an que seja convergente, mas lim ∣∣∣an+1 an ∣∣∣ não seja me- nor que 1. (h) Uma série ∑ an que seja convergente, mas que lim n √ |an| não seja menor que 1. (i) Uma série ∑ an divergente, mas quelim ∣∣∣an+1 an ∣∣∣ não seja maior que 1. 28 (j) Uma série ∑ an que seja divergente, masque lim n √ |an| não seja maior que 1. 7. Calcule lim an, para (an) dada em cada item, dizendo se as seqüências são ou não convergentes. (a) an = n √ n (b) an = ( √ n2 + 12n− 15− n) (c) an = ncos( 1n) (d) an = nsen( 1n) (e) an = 1ncosn (f) an = ∑n k=1 e −k (g) an = ∫ n 2 1 x2−xdx Dica: para resolver a integral observe que x 2−x = x(x− 1) e use frações parciais. 8. Decida se cada uma das séries abaixo é convergente ou divergente. (a) ∑( 1 k sen ( 1 k )) . Sugestão: Compare 1 k sen ( 1 k ) e 1 k2 (b) ∑ senk (c) ∑ (−1)k+1 1 2k (d) ∑ 1 k 1 3 (e) ∑ 1 k! 7 Noções de Topologia A topologia é um ramo da Matemática no qual são estudadas, com grande generalidade, as noções de limite, continuidade e idéias relacionadas a estes conceitos. Definição 9 (Ponto interior) Diz-se que um ponto a é interior ao con- junto X ⊂ R quando existe um número real � > 0 tal que o intervalo aberto (a− �, a+ �) ⊂ X. Denominaremos interior de X e denotaremos por int(X), o conjunto de todos os pontos interiores a X. Definição 10 (Vizinhança) Quando a ∈ int(X) diz-se que X é uma vizi- nhança do ponto a. 29 Definição 11 (aberto) Um conjunto A ⊂ R chama-se aberto, quando A = int(A), isto é quando todos os pontos de A são interiores a A. Definição 12 (ponto aderente) Diz-se que um ponto a ∈ é aderente ao conjunto X ⊂ R quando a é o limite de alguma seqüência xn ∈ X. Definição 13 (fecho) Chama-se fecho de um conjunto ao conjunto X for- mado por todos os pontos aderentes a X. Definição 14 (fechado) Um conjunto X ⊂ R diz-se fechado quando X = X Definição 15 (denso) Seja X ⊂ Y . Diz-se que X é denso em Y quando Y ⊂ X, isto é, quando todo ponto b ∈ Y é aderente a X. Definição 16 (cisão) Uma cisão de um conjunto X ⊂ R é uma decompo- sição X = A ∪ B tal que A ∩ B = ∅ e A ∩ B = ∅. Em particular, nenhum ponto de A é aderente a B e nenhum ponto de B é aderente a A. Definição 17 (cisão trivial) Seja X = A ∪ B uma cisão de X. Se A = ∅ ou B = ∅, a cisão é denominada cisão trivial. Definição 18 (conexo) Um conjunto X denomina-se conexo quando ad- mite somente a cisão trivial. Definição 19 (Ponto de acumulação) Seja X ⊂ R. Dizemos que a ∈ R é ponto de acumulação de X se para todo intervalo aberto U ⊂ R tal que a ∈ U existe p 6= a tal que p ∈ U ∩X. O conjunto de pontos de acumulação de X é denotado por X ′. Definição 20 (ponto isolado) Se a ∈ X não é ponto de acumulação de X, então a é um ponto isolado de X, isto é, ∃� > 0 tal que a é o único ponto de X no intervalo (a− �, a+ �). Definição 21 (conjunto limitado) X ⊂ R é dito limitado quando existe c ∈ R tal que |x| ≤ c, ∀x ∈ X Definição 22 (conjunto discreto) Se todos os pontos de X forem isola- dos, diz-se que X é um conjunto discreto. 30 Teorema 17 Dados X ⊂ R e a ∈ R, as seguintes afirmações são equiva- lentes: 1. a é ponto de acumulação de X 2. a é limite de uma seqüência de pontos de xn ∈ X − {a}. 3. Todo intervalo aberto de centro a contém uma infinidade de pontos de X. Definição 23 (conjunto compacto) Um conjunto X ⊂ R é dito com- pacto quando é limitado e fechado. Exercícios: 1. Para cada um dos conjuntos X ⊂ R ¯ abaixo, determine int(X) e diga se o conjunto é aberto. Determine também X e diga se o conjunto é fechado. Para cada um dos conjuntos calcule X ′. Diga se cada um dos conjuntos é limitado. Diga se cada um dos conjuntos é compacto. Diga se cada um dos conjuntos abaixo é discreto. (a) X = {1, 2, . . . , n} (b) X = {x1, x2, . . . , xn} (c) X = (a, b) =]a, b[ (d) X = (−∞, b) (e) X = (a,∞) (f) X = [a, b] (g) X = [c,∞) (h) X = (−∞, d) (i) X = (−∞, d] (j) X = {a+ 1 n , n ∈ N} (k) X = N (l) X = Q (m) X = ∅ (n) X = R 31 2. Dê exemplo, se possível de um conjunto fechado, cujo complementar seja aberto. 3. Dê exemplo, se possível de um conjunto aberto, cujo complementar seja fechado. 4. Dê exemplo, se possível de um conjunto fechado, cujo complementar seja fechado. 5. Dê exemplo, se possível de um conjunto aberto, cujo complementar seja aberto. 6. Verdadeiro ou falso? Justifique. (a) Se A1 e A2 são abertos então A1 ∩ A2 é aberto? (b) Se A1 e A2 são abertos então A1 ∪ A2 é aberto? (c) Se A1 e A2 são fechados então A1 ∩ A2 é fechado? (d) Se A1 e A2 são fechados então A1 ∪ A2 é fechado? (e) Se (Aλ)λ∈L é uma família qualquer de conjuntos abertos então A = ∪λ∈LAλ é um conjunto aberto? (f) Se (Aλ)λ∈L é uma família qualquer de conjuntos abertos então A = ∩λ∈LAλ é um conjunto aberto? (g) Se (Aλ)λ∈L é uma família qualquer de conjuntos fechados então A = ∪λ∈LAλ é um conjunto fechado? (h) Se (Aλ)λ∈L é uma família qualquer de conjuntos fechados então A = ∩λ∈LAλ é um conjunto fechado? (i) Q é denso em R? (j) Um conjunto é fechado se e somente se seu complementar é aberto? (k) Existem conjuntos que são abertos e fechados? (l) Existem conjuntos que não são nem abertos nem fechados? (m) ]0, 1] = { 1 n , n ∈ N}? (n) Um ponto a ∈ R é aderente a um conjunto X ⊂ R se e somente se dado � > 0 entõa X ∩ (a− �, a+ �) 6= ∅? (o) Se X ⊂ R, então X ⊂ X? (p) Se X ⊂ R, então X ⊂ X? 32 (q) Se X ⊂ R, então X ⊂ X ′? (r) Se X ⊂ R, então X ′ ⊂ X? (s) Todo conjunto infinito limitado de números reais admite pelo me- nos um ponto de acumulação. 8 Limite e continuidade de funções Definição 24 (Limite de função) Seja f : X ⊂ R → R e seja a um ponto de acumulação de X. Diz-se queo número real L é o limite de f(x) quando x tende a ae denota-se lim x→a f(x) = L, quando dado � > 0, existe δ > 0 tal que 0 < |x− a| < δ ⇒ |f(x)− L| < � Definição 25 (Continuidade de função em um ponto) Seja f : X ⊂ R→ R, seja a ∈ X. Diz-se quef é contínua em aquando dado � > 0, existe δ > 0 tal que |x− a| < δ ⇒ |f(x)− f(a)| < � Definição 26 (Continuidade de função) Diz-se que uma função é con- tínua quando é contínuaem todos os pontos do seu domínio. Exercícios 1. Verdadeiro ou falso? Justifique (a) Se f é contínua em a então lim x→a f(x) = f(a) (b) lim x→1 x2 − 1 x− 1 = 0 Teorema 18 Sejam f, g : X → R, a ∈ X ′, lim x→a f(x) = L e lim x→a g(x) = M . Se L < M então existe δ > 0 tal que f(x) < g(x), sempre que 0 < |x−a| < δ, com x ∈ X. 33 Teorema 19 (Teorema do Sanduíche) Sejam f, g, h : X → R, a ∈ X ′ e lim x→a f(x) = lim x→a g(x) = L. Se f(x) ≤ h(x) ≤ g(x),∀x ∈ X − {a} então limx→a h(x) = L Demonstração: Dado � > 0, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que: x ∈ X, 0 < |x− a| < δ1 → L− � < f(x) < L+ � x ∈ X, 0 < |x− a| < δ2 → L− � < f(x) < L+ � Tome δ = min{δ1, δ2}. Então x ∈ X, 0 < |x− a| < δ → L− � < f(x ≤ h(x) ≤ g(x) < L+ �, assim lim x→a h(x) = L CQD Teorema 20 Sejam f : X → R ¯ e a ∈ X ′. A fim de que seja lim x→a f(x) = L é necessário e suficiente que, para toda seqüência de pontos xn ∈ X −{a} com limxn = a, tenha-se lim f(xn) = L. Teorema 21 (Unicidade do limite)Sejam f : X → R e a ∈ X ′. Se lim x→a f(x) = L e lim x→a f(x) =M então L =M . Demonstração: Seja � > 0,existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que: x ∈ X, 0 < |x− a| < δ1 ⇒ |f(x)− L| < �2 x ∈ X, 0 < |x− a| < δ2 ⇒ |f(x)−M | < �2 Tome δ = min{δ1, δ2}. Assim usando a desigualdade triangular: x ∈ X e 0 < |x− a| < δ ⇒ |L−M | = |L− f(x) + f(x)−M | ≤ |L− f(x)|+ |M − f(x)| < � 2 + � 2 = �, logo L =M . Observe que como a é ponto de acumulação de X efetivamente existe x ∈ X tal que 0 < |x− a| < δ. CQD Exercício: Demonstre este resultado usando o teorema anterior e a uni- cidade de limite para seqüência. Teorema 22 (Operações com limites) Sejam f, g : X → R, a ∈ X ′, com limx→a f(x) = L e limx→a g(x) =M . Então: 1. lim x→a (f(x) + g(x)) = L+M 34 2. lim x→a (f(x)g(x)) = LM 3. lim x→a ( f(x) g(x) ) = L M , se M 6= 0 Além disso, se lim x→a f(x) = 0 e g é limitada numa vizinhança de a tem-se lim x→a (f(x)g(x)) = 0. Teorema 23 (Valor intermediário) Seja f : [a, b] → R contínua. Se f(a) < d < f(b) então existe c ∈ (a, b) tal que f(c) = d. Teorema 24 A imagem f(X) de um conjunto compacto X ⊂ R por uma função contínua f : X → R é um conjunto compacto. Corolário: Se X ⊂ R é compacto então toda função f : X → R é limitada, isto é , existe c > o tal qeu |f(x) ≤ c para todo x ∈ X. Exerxícios: 1. Seja a função f definida pr f(x) = 5x − 2,∀x ∈ R. Determine L tal que lim x→2 f(x) = L. Encontre um δ tal que para � = 0, 01 tenha-se 0 < |x− 2| < δ ⇒ |f(x)− L| < � Interprete geometricamente. 2. Usando a definição demonstre que lim x→1 (3x+2) = 5. Interprete geomen- tricamente. Limites laterais Definição 27 Sejam f : X → R, a ∈ X ′+, onde X+ = {x ∈ X tais que x > a}. Diz-se que um número real L é limite à direita de f(x) quando x tende para a qando para todo � > 0 dado arbitrariamente, pode-se obter δ > 0 tal que |f(x)− L| < � sempre que x ∈ X e 0 < x− a < δ. Isto é lim x→a+ = L ≡ ∀� > 0;x ∈ X ∩ (a, a+ δ)⇒ |f(x)− L| < � 35 Definição 28 Sejam f : X → R, a ∈ X ′−, onde X− = {x ∈ X tais que x > a}. Diz-se que um número real L é limite à esquerda de f(x) quando x tende para a qando para todo � > 0 dado arbitrariamente, pode-se obter δ > 0 tal que |f(x)− L| < � sempre que x ∈ X e −δ < x− a < 0. Isto é lim x→a− = L ≡ ∀� > 0;x ∈ X ∩ (a− δ, a)⇒ |f(x)− L| < � As propriedades gerais dos limites, demonstradas anteriormente se adap- tam facilmente para os limites laterais. Teorema 25 Seja I um intervalo aberto tal que a ∈ I e seja f uma função definida para x ∈ I − {a}. Temos lim x→a f(x) = L⇔ existirem limx→a+ f(x) e limx→a− f(x)lim x→a+ f(x) = lim x→a− f(x) = L Exercícios 1. Dada a função f definida por f(x) = 3x− 2, se x > 1 2 se x = 1 4x+ 1, se x < 1 , faça seu gráfico e calcule, caso exista: (a) lim x→1+ f(x) (b) lim x→1− f(x) (c) lim x→1 f(x) 2. Dada a função f definida por f(x) = |x| x , x ∈ R∗. Faça o gráfico e calcule caso exista (a) lim x→1+ f(x) (b) lim x→1− f(x) (c) lim x→1 f(x) 36 Limites no infinito, limites infinitos, expressões indeterminadas Definição 29 Seja X ⊂ R ilimitado superiormente. Dada f : X → R, escreve-se lim x→∞ f(x) = L, quando o número real L satisfaz á seguinte condi- ção: ∀� > 0∃A > 0; (x ∈ X, x > A⇒ |f(x)− L| < �), ou seja, dado arbitrariamente � > 0, existe A > 0 tal que L−� < f(x) < L+�, sempre que x > A. Definição 30 Seja X ⊂ R ilimitado inferiormente. Dada f : X → R, escreve-se limx→−∞ f(x) = L, quando o número real L satisfaz á seguinte condição: ∀� > 0∃A > 0; (x ∈ X, x < −A⇒ |f(x)− L| < �) Exemplos: 1. Faça o gráfico de f(x) = 1 x . Calcule lim x→∞ f(x), lim x→−∞ f(x), lim x→0+ f(x) lim x→0− f(x) 2. Faça o gráfico de f(x) = senx. Calcule, caso exista lim x→∞ f(x) Definição 31 Sejam X ⊂ R, a ∈ X ′, f : X → R. Dizemos que lim x→a f(x) = ∞, quando para cada A > 0 dado arbitrariamente, existe δ > 0 tal que 0 < |x− a| < δ, x ∈ X ⇒ f(x) > A Exemplo: lim x→a 1 (x− a)2 =∞. De fato, dado A > 0, tomemos δ = 1√ a . Então 0 < |x− a| < δ ⇒ 0 < (x− a)2 < 1 A ⇒ 1 (x− a)2 > A Esboce o gráfico de f(x) = 1 (x−a)2 e interprete geometricamente. 37 Definição 32 Sejam X ⊂ R, a ∈ X ′, f : X → R. Dizemos que lim x→a f(x) = −∞, quando para cada A > 0 dado arbitrariamente, existe δ > 0 tal que 0 < |x− a| < δ, x ∈ X ⇒ f(x) < −A Exemplo: lim x→a −1 (x− a)2 = −∞. De fato, dado A > 0, tomemos δ = 1√ a . Então 0 < |x− a| < δ ⇒ 0 < (x− a)2 < 1 A ⇒ 1 (x− a)2 > A⇒ − 1 (x− a)2 < −A Esboce o gráfico de f(x) = − 1 (x−a)2 e interprete geometricamente. Observação: Claramente ∞ e −∞ não são números reais, de modo que as afirmações lim x→a f(x) = ∞ e lim x→a f(x) = −∞ não exprimem limites no sentido estrito do termo. Expressões indeterminadas: 0/0, ∞−∞, 0×∞, ∞/∞, 00, ∞0, 1∞. Suponhamos que limx→a f(x) = limx→a g(x) = 0 e que, pondo Y = {x ∈ X|g(x) 6= 0}, ainda se tenha a ∈ Y ′. Então f(x) g(x) está definida quando x ∈ Y Neste exemplo trata-se de uma inderminação 0/0. Apenas com o conheci- mento do tipo de indeterminação não é possível determinar o valor do limite, ou mesmo, se ele existe. Dependendo das funções f e g as respostas são diferentes. Exercício: 1. Diga o tipo de indeterminação e calcule (caso haja ) lim x→0 f(x) g(x) para f, g estabelecidas em cada um dos itens abaixo: (a) f(x) = cx, onde c é constante real e g(x) = x (b) f(x) = xsen( 1 x ), x 6= 0 e g(x) = x 2. Diga o tipo de indeterminação e calcule (caso haja ) lim x→0 (f(x)− g(x)) para f, g estabelecidas em cada um dos itens abaixo: 38 (a) f(x) = c+ 1 (x−a)2 , x 6= a e g(x) = 1 (x−a)2 , x 6= a (b) f(x) = sen 1 x−a + 1 (x−a)2 , x 6= a e g(x) = 1 (x−a)2 , x 6= a 9 Derivadas Definição 33 (Derivada) Sejam f : X → R e a ∈ X ⊂ X ′. A derivada da função f no ponto a é o limite f ′(a) = lim x→a f(x)− f(a) x− a = lim h→0 f(a+ h)− f(a) h Bem entendido, o limite acima pode existir ou não. Se existir,diz-se que f é derivável no ponto a. Quando a derivadaf ′(x) existir em todos os pontos x ∈ X ∩X ′ diz-se que a função f : X ⊂ R→ R é derivável e obtem-se uma nova função f ′ : X ⊂ R→ R chamada função derivada. Exercícios: 1. Prove que a derivada de uma constante é zero. 2. Calcule pela definição as derivadas das seguintes funções: (a) f(x) = x2 (b) f(x) = x3 (c) f(x) = 1 x (d) f(x) = √ x (e) f(x) = senx 3. Seja f uma função derivável. Suponha que f ′ é contínua. Sabe-se que a reta tangente ao grá fico da função f no ponto (3,2) também passa pelo ponto (-2,5). Pede-se calcular f ′(3) e determinar se f é crescente em uma vizinhança de 3. 4. Verdadeiro ou falso. Justifique. (a) Toda função contínua é derivável. (b) Se f ′(p) = 0 então f assume um máximo ou um mínimo relativo em p. 39 item Faça o gráfico de uma função f que possua as seguintes caracte- rísticas simultaneamente. (a) Tenha derivada positiva no intervalo ]2,5[. (b) f(3) = −7 (c) Não tenha limite em x=8. (d) f(8) = 1 5. Encontre uma fórmula para a derivada da soma e para a derivada do produto de duas funções f e g deriváveis. 6. Sejam f e u funções deriváveis cujo domínio sejaR. Prove que (f(u(x)))′ = f ′(u(x))× u′(x) 7. Calcule a derivada de f(x) = cos x 8. (Regra de L’Hospital] Suponha que lim x→a f(x) = lim x→a g(x) = 0. Suponha também f e g deriváveis em a, com g′(a) 6= 0. Prove que: lim x→a f(x) g(x) = lim x→a f ′(x) g′(x) 9. Prove que se f(x) = xn, com n ∈ N , então f ′(x) = nxn−1 10. Prove que se se f é derivável em um ponto P então f é contínua em P. 11. Prove que se f : U → R (onde U é um intervalo aberto) é derivável e assume um máximo relativo em P ∈ U , então f ′(P ) = 0. 12. Faça o gráfico de uma função f que possua asseguintes características simultaneamente. (a) Tenha derivada positiva no intervalo ]2,5[. (b) f(3) = −7 (c) Não tenha limite em x=8. (d) f(8) = 1 13. Esboce (se possível ) o gráfico de uma função que possua derivada 4 em x = −2. 40 14. Esboce (se possível) o gráfico de uma função estritamente positiva, cuja derivada seja estritamente negativa. 15. Esboce (se possível o gráfico de uma função que não possua nemmá- ximo nem mínimo relativo. 16. Verdadeiro ou falso? Justifique. (a) Toda função contínua é derivável? (b) Se f’(P)=0 então ou há um máximo relativo, ou há um mínimo relativo em P . (c) Se f ′′(P ) = 0 então (P, f(P )) é ponto de inflexão. (d) Se (P, f(P )) é ponto de inflexão e f possui segunda derivada então f ′′(P ) = 0 17. Como pagamento por um serviço prestado no campo, João recebeu o direito de escolher um pedaço de terra retangular.Seu patrão forneceu a ele um barbante de 28 metros de comprimento, o retângulo que João cercasse com tal barbante seria seu ede sua família. Quais as dimensões do retângulo que proporcionam a João um terreno maior possível? Qual o valor da maior área possível para o terreno de João? 18. Maria quer reservar um pedaço retangular de 16m2 para seu cão feroz. Maria também quer cercar este terreno e sabe queo metro da cerca que deseja (uma cerca com 3 metros de altura, e por cortesia, portão sob encomenda no lugar desejado) custa 10 reais. Quais as medidas do retângulo com 16 m2 que fariam Maria economizar o mais possível com a cerca?Qual o preço mínimo que Maria pagaria para colocar a cerca que deseja? 19. Com 80m de cerca uma família deseja circundar umaárea retangular junto a um rio para confinar alguns animais,mas sem impedir o acesso ao rio. Quais devem ser as medidas doretângulo para que a área seja a maior possível? 20. Um avião de 100 lugares foi fretado para uma excursão.A companhia exigiu de cada passageiro 800 reais mais 10 por cada lugar vago. Para que número de passageirosa rentabilidade da empresa é máxima? 41 21. Maria é vendedora de picolés. Ela vende, em média, 300 caixas de pico- lés por 20 reais cada. Entretanto percebeuque, cada vez que diminuía um real no preço da caixa,vendia 40 caixas a mais. Quanto ela deveria cobrar para quea receita fosse máxima? Teorema 26 (Teorema de Rolle) Seja f : [a, b] ⊂ R → R contínua em [a,b] e derivável em (a,b). Suponha que f(a) = f(b) Então existe c ∈ (a, b) tal que f ′(c) = 0 Teorema 27 ( Valor Médio) Seja f : [a, b] ⊂ R→ R contínua em [a,b] e derivável em (a,b). Então existe c ∈ (a, b) tal que f ′(c) = f(b)−f(a)) b−a Atividade no Winplot: Atividade 1 1) Escolha o menu dim2, depois equa, depois y = f(x). Digite a função f(x) = −x2 + 4x− 1. Use o domínio 1 ≤ x ≤ 3. 2) Escolha o menu dim2, depois equa, depois x = f(t). Faça a reta (t, 2), 1 ≤ t ≤ 3. 3)Calcule f(1) e f(3). Pelo Teorema de Rolle, existe c tal que f’(c)=0. Neste exemplo quem seria c? 4)Considere f(x) = −x2 + 4x − 1, no intervalo 1 ≤ x ≤ 4). Trace no Winplot a r reta que passa por (1, f(1)) e (4, f(4)). 5) Escolha c que satisfaça o Teorema do valor médio. Trace uma reta paralela a r, passando pelo ponto (c, f(c)). Interprete geometricamente Atividade 2: No menu dim2, two, combination, faça a diferença das funções f(x) = −x2 + 4x − 1 e g(x) = −x + 3, h(x) = f(x) − g(x). Calcule h(1) e h(4). Suponha h definida no intervalo [1,4] e escolha c adequado ao teorema de Rolle. Interprete geometricamente. Exercícios 1. (Provão 2001 - Questão 27) Segundo o Teorema do Valor Médio, se uma dada função é contínua no intervalo fechado [a,b] e derivável no intervalo aberto (a,b), existe um ponto c ∈ (a, b) tal que: (a) f(b)− f(a) = f ′(c)(b− a) (b) f ′(c) está entre f(a) e f(b) 42 (c) f ′(c) = 0 (d) f(b)− f(a) = f ′(c) (e) f ′(c) = f(a)+f(b) 2 2. Prove o Teorema do Valor Médio. Sugestão: Use o Teorema de Rolle. 3. Verdadeiro ou Falso? Justifique. (a) Se f : [a, b] ⊂ R → R é contínua em [a,b] e derivável em (a,b), então existe c ∈ (a, b) tal que f ′(c) = 0. (b) Se f : [a, b] ⊂ R → R é contínua em [a,b] e f(a) = f(b), então existe c ∈ (a, b) tal que f ′(c) = 0. (c) Se f : [a, b] ⊂ R → R é derivável em (a,b) e f(a) = f(b), então existe c ∈ (a, b) tal que f ′(c) = 0. 4. Exiba uma função f que satisfaça as hipóteses do Teorema do Valor Médio, mas não satisfaça as hipóteses do Teorema de Rolle. Se o do- mínio de f é o intervalo [a, b] exiba c tal que f ′(c) = f(b)−f(a) b−a 10 Integrais Definição 34 (Partição) Uma partição do intervalo [a, b] é um subconjunto finito de pontos P = {t0, t1, . . . , tn} ⊂ [a, b] tal que a = t0 < t1 < t2 < . . . < tn = b. O intervaloδti = [ti−1, ti] de comprimento ti − ti−1. Exercício: Calcule ∑n i (ti)− ti−1 Definição 35 (Refinamento) Sejam P e Q partições do intervalo [a, b]. Dizemos qeu Q refina P quando P ⊂ Q.. A maneira mais simples de refinar uma partição é acrescentar-lhe um ponto. Notação: Dada uma função limitada f : [a, b] → R, usaremos as nota- ções: m = inf{f(x), x ∈ [a, b]}, M = sup{f(x), x ∈ [a, b]}, mi = inf{f(x), x ∈ [ti−1, ti]}, Mi = sup{f(x), x ∈ [ti−1, ti]} wi = Mi −mi 43 Definição 36 (Soma inferior) A soma inferior de f em relação a uma partição P é o número s(P ; f) = n∑ i mi(ti − ti−1) Definição 37 (Soma superior) A soma superior de f em relação a uma partição P é o número S(P ; f) = n∑ i Mi(ti − ti−1) Definição 38 (integral inferior) A integral inferior da função limitada f : [a, b]→ R é definida por:∫ b a f(x)dx = sup P s(f ;P ) Definição 39 (integral superior) A integral superior da função limitada f : [a, b]→ R é definida por: ∫ b a f(x)dx = inf P S(f ;P ) Definição 40 (integral de Riemann) Uma função limitada f : [a, b] → R diz-se integrável quando sua integral inferior e sua integral superior são iguais. Esse valor comum chama-se integral (de Riemann) de f e é indicado por ∫ b a f(x)dx. Em particular:∫ b a f(x)dx = ∫ b a f(x)dx = ∫ b a f(x)dx Teorema 28 (Condição imediata de integrabilidade) Seja f : [a, b]→ R limitada. As seguintes afirmações são equivalentes: 1. f é integrável. 2. Para todo � > 0 existem partições P,Q de [a, b] tais que S(f ;Q)− s(f ;P ) < �. 44 3. Para todo � > 0, existe uma partição P = {t0, t1, . . . , tn} de [a, b] tal que S(f ;P )− s(f ;P ) = n∑ i=1 wi(ti − ti−1) Teorema 29 Seja a < c < b. A função limitada f : [a, b] → R é integrá- vel se, e somente se, suas restrições f |[a,c] e f |[c,b] são integráveis. No caso afirmativo, tem-se ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx Teorema 30 Sejam f, g : [a, b]→ R integráveis. Então: 1. A soma f + g é integrável e∫ b a (f(x) + g(x))dx = ∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx 2. O produto fg é integrável. Se c ∈ R,∫ b a cf(x)dx = c ∫ b a f(x)dx 3. Se 0 < k ≤ |g(x)| para todo x ∈ [a, b] entõa o quociente f g é inegrável. 4. Se f(x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, b] então∫ b a f(x)dx ≤ ∫ b a g(x)dx 5. |f | é integrável e ∣∣∣∣∣ ∫ b a f(x)dx ∣∣∣∣∣ ≤ ∫ b a f(x)dx Teorema 31 Toda função contínua f : [a, b]→ R é integrável. Observação: A demonstração deste resultado usa o conceito de continuidade uniforme, que não foi visto no curso. Teorema 32 Toda função monótona é integrável. 45 Teorema 33 ( Fundamental do Cálculo) Se f : I → R é contínua no intervalo I. As seguintes afirmações a respeito de uma função F : I → são equivalentes: 1. F é uma integral indefinida de f , isto é, existe a ∈ I tal que∫ x a f(t)dt = F (x)− F (a),∀x ∈ I 2. F é uma primitiva de f , isto é F ′(x) = f(x), ∀x ∈ I Teorema 34 (Mudança de Variáveis) Sejam f : [a, b] → R contínua, g : [c, d]→ R com derivada contínua e g([c, d]) ⊂ [a, b]. Então ∫ g(d) g(c) f(x)dx = ∫ d c f(g(t))g′(t)dt Teorema 35 (Integração por partes) Se f, g : [a, b] → R possuem deri- vadas contínuas então:∫ b a f(x)dx = fg|ba − ∫ b a f ′(x)g(x)dx Exercícios: 1. Verdadeiro ou falso? Justifique. (a) Seja qual for a partição P vale a desigualdade m(b− a) ≤ s(f ;P ) ≤ S(f, P ) ≤M(b− a) (b) Seja qual for a partição P temos S(f ;P )− s(f ;P ) = n∑ i wi(ti − ti−1) (c) Quando se refina uma partição a soma inferior não diminui, ou seja, s(f ;P ) ≤ s(f ;Q). (d) Quando se refina uma partição a soma superior não aumenta, ou seja, S(f ;Q) ≤ S(f ;Q). 46 (e) Seja f : [a, b]→ R definida por f(x) = { 0 , se x ∈ Q 1 , se x ∈ R−Q é (Riemann) integrável? 2. Encontre a integral ∫ 2 0 xdx pela soma de Riemann e pelo Teorema Fun- damental do Cálculo. Compare os resultados. 3. Encontre a integral ∫ 3 0 x 2dx pela soma de Riemann. e pelo TeoremaFundamental do Cálculo. Compare os resultados. Sugestão: Use que n∑ k=1 k2 = n(n+ 1)(2n+ 1) 6 Esta igualdade pode ser demonstrada por indução ou utilizando-se = n∑ 1 (k + 1)3 = n∑ 1 (k3 + 3k2 + 3k + 1) 4. Demonstre o Teorema Fundamental do Cálculo. 5. Considere a função f dada pelo gráfico abaixo. Se A1 é a área entre o gráfico de f , o eixo x e a reta x = a e A2 é a área entre o gráfico de f , o eixo x e a reta x = b. Quanto vale ∫ b a f(x)dx. Este valor é positivo? Série de Potências Professora Fátima 11 Convergência e convergência uniforme Definição 41 (covergência pontual)Dizemos que uma seqüência de funções fn(x) : D ⊂ R→ R converge pontualmente para uma função f quando para cada x a seqüência fn(x) converge para f(x), isto é, dado � > 0 existe N0 (dependente de x e de �) tal que n > N0 ⇒ f(x)− � < fn(x) < f(x) + � 47 Definição 42 (convergência uniforme) Dizemos que uma seqüência de fun- ções fn(x) : D ⊂ R→ R converge uniformemente para uma função f quando dado � > 0 existe N0 (dependente apenas de �) tal que n > N0 ⇒ f(x)− � < fn(x) < f(x) + �,∀x ∈ D Exemplo 1: A seqüência fn(x) = xn , fn(x) : R → R converge pon- tualmente para a função f(x) = 0 mas não uniformemente. No entanto se restringimos o domínio para o intervalo [0,1] a convergência é uniforme. Neste último caso, dado � > 0 , escolhendo N0 > � todas as funções fn(x) = xn com n > N0, assumirão valores menores que �, quando 0 ≤ x ≤ 1. Na figura usamos � = 0, 2. Os conceitos de convergência simples e uniforme de seqüências de funções se aplicam naturalmente para séries de funções ∑ fn(x), que podem ser vistas como uma seqüência (gn(x)) dada por gn(x) = n∑ k=1 fn(x) = f1(x) + f2(x) + . . . fn(x) Teorema 36 (Teste M de Weierstrass) Seja fn uma seqüência de fun- ções com o mesmo domínio D, satisfazendo a condição |fn(x)| ≤ Mn para todo x ∈ D, onde ∑Mn é uma série numérica convergente. Então a série∑ fn(x) converge absoluta e uniformemente em D. Demonstração: Como |fn(x)| ≤ Mn e ∑ Mn converge pelo teste da comparação vem que ∑ |fn(x)| converge (pontualmente). Como ∑Mn con- verge, dado � > 0 existe N0 ∈ N tal que se n > N0 então ∑∞ j=n+1Mn < � Assim, para todo x ∈ D temos n > N0 ⇒ ∣∣∣∣∣∣f(x)− n∑ j=1 fj(x) ∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣ ∞∑ j=n+1 fj(x) ∣∣∣∣∣∣ ≤ ∞∑ j=n+1 Mj < �, portanto a convergência é uniforme. # Exemplo: A série ∑ cos(nx) n! converge uniformemente em toda reta, pois∣∣∣ cos(nx) n! ∣∣∣ ≤ 1 n! e ∑ 1 n! converge. 48 12 Série de Potências Um exemplo importante de séries de funções são as séries de potências dadas por ∑ an(x− x0)n onde x0 e os coeficientes an são constantes. A série é dita centrada em x0 ou desenvolvida em torno de x0. Por exemplo: ∞∑ n=0 (x− 1)n n! = 1 + (x− 1) + 1 2 (x− 1)2 + 1 3! (x− 1)3 + . . . é uma série de potências onde an = 1n! e está centrada em x0 = 1. Usando o teste M de Weierstrass verifica-se neste exemplo que em cada intervalo fechado centrado em x0 = 1 a série converge uniformemente. Tomando y = x− x0 notamos que basta estudarmos as séries ∑ any n, ou seja, séries com centro em x0 = 0. Teorema 37 Uma série de potências ∑ anx n, ou converge apenas para x = 0 ou existe r, com 0 < r ≤ ∞ tal que a série converge absolutamente no inter- valo aberto (−r, r) e diverge fora do intervalo fechado [-r,r]. Nos extremos -r e r, a série pode convergir ou divergir. Se existir L = lim n √ |an|(obtido pelo teste da raiz), ou ainda L = lim ∣∣∣an+1 an ∣∣∣ (obtido pelo teste da razão), L 6= 0, então r = 1 L . O número r chama-se raio de convergência da série. Teorema 38 (Unicidade de representação da série de potências) Se uma função f admite desenvolvimento em série de potências e torno de um ponto x0, esse desenvolvimento é único. Definição 43 Quando a série de potências ∑ an(x− x0)n tem raio de con- vergência r > 0, diz-se que ela é a série de Taylor, em torno do ponto x0, da função f : (x0 − r, x0 + r)→ R, definida por f(x) = ∑ an(x− x0)n. Muitas das funções importantes da matemática admitem desenvolvimento em série de Taylor. Podemos pensar na função como sendo aproximada por uma seqüência de polinômios convergindo uniformemente para a função em questão. Teorema 39 Toda série de potências ∑ anx n, com raio de convergência r > 0 (r podendo ser infinito) converge uniformemente em todo intervalo [−c, c] onde 0 < c < r. 49 Exercícios: 1. Prove que as séries abaixo convergem uniformemente em R: a) ∞∑ n=1 1 n2 + x2 b) ∞∑ n=0 sen(nx) n2 + cos(nx) 2. Determine o intervalo de convergência e o raio de convergência para cada uma das séries abaixo: (a) ∑ xn n! (b) ∑ xn n2 (c) ∑ xn n (d) ∑ xn (e) ∑∞ n=1 (x−3)n n (f) ∑∞ n=1 3n n3 xn 3. Determine o domínio da função f(x) = ∑∞ n=1 n nxn 4. Determine uma expressão para o raio de convergência usando o teste da raiz e usando o teste da razão. 12.1 Aproximação por polinômio de Taylor Definição 44 (polinômio) Dizemos que p : I ⊂ R → R é um polinômio se p(x) = a0+a1x+a2x 2+. . . anx n, onde a0, a1, . . . ansão constantes reais, x ∈ I, onde I é um intervalo real. Como polinômios são funções fáceis de lidar: fáceis de integrar, derivar, etc, surgiu a idéia de aproximar funções por polinômios. Escrever uma função como série de potências é aproximá-la por uma seqüência de polinômios, isto é, estabelecer uma seqüência de polinômios que convirja uniformemente para esta função num dado intervalo. 50 Teorema 40 Se f : I ⊂ R→ R é k vezes diferenciável em a ∈ I então para todo h ∈ R tal que a+ h ∈ I tem-se: f(a+ h) = f(a) + f ′(a)h+ f ′′(a) 2! h2 + f ′′(a) 3! h3 . . .+ f [n](a) n! hn + r(h), onde limh→0 r(h)hn = 0. Além disso p(h) = n∑ k=0 f [k](a) k! hk é o único polinômio de grau menor ou igual a n tal que f(a+ h) = p(h) + r(h), com lim h→0 r(h) hk = 0 p(h) descrito acima é o polinômio de Taylor de ordem n para f em torno de a. Idéia da demonstração Usando a regra de L’Hospital pode-se mostrar que lim h→0 r(h) hk = 0⇔ r[k](0) = 0, resultado que usaremos no esboço da demonstração. Seja f(a+ h) = a0 + a1h+ a2h 2 + a3h 3 + a4h 4 + . . .+ anh n + r(h) (2) O objetivo é calcular a0, a1, . . . , an, e concluir que ak = f [k](a) k! , onde 0 ≤ k ≤ n. Calculando limite quando h tende a zero em ambos os membros da igualdade obtemos f(a+ 0) = a0 + a1 × 0 + a2 × 02 + . . .+ an0n + r(0), isto é , a0 = f(a) Derivando ambos os membros da igualdade (2) temos f ′(a+ h) = a1 + 2a2h+ 3a3h 2 + 4a4h 3 + . . .+ nanh n−1 + r′(h) (3) Calculando o limite quando h tende a zero nesta última igualdade encontra- mos a1 = f ′(a). Derivando ambos os membros de (3) e calculando o limite quando h tende a zero na igualdade f ′′(a+ h) = 2a2 + 3× 2a3h+ 4× 3a4h2 + . . .+ n(n− 1)anhn−2 + r′′(h) (4) 51 obtida obtemos a2 = f ′′(a) 2 . Derivando ambos os membros da igualdade (4) e calculando o limite quando h tende a zero obtemos a3 = f ′′′(a) 3! . Procedendo assim podemos calcular cada um dos novos coeficientes. # Teorema 41 Se ∑ f [k](a) k! hk converge uniformemente para |h| < r, então f(a+ h) = ∑ f [k](a) k! hk para h ∈ (−r, r) A expressão no membro direito da igualdade acima é a série de Taylor de f em torno de a. Exemplo : Tomando a = 0 e h = x e fazendo os cálculos obtemos ex = ∞∑ k=0 xk k! . A série que aparece no membro direito da igualdade acima converge para todo valor de x, portando R = ∞ e para todo intervalo fechado [−ρ, ρ] em torno de zero a série converge uniformemente. Assim dado � > 0 existe N0 ∈ N tal que todo polinômio p(x) = 1 + x+ x2 2! + x 3 3! + . . .+ x n n! , com n > N0 é tal que ex − � < p(x) < ex + � Exemplo A seqüência fn(x) = xn converge no itenrvalo fechado [0, 1] para a função f(x) = { 0, se x ∈ [0, 1) 1, se x = 1 mas a convergência não é uniforme neste intervalo. Teorema 42 Se fn é uma seqüência de funções contínuas num mesmo domí- nio D, que converge uniformemente para uma função f , então f é contínua em D. Teorema 43 Se fn é uma seqüência de funções contínuas num mesmo do- mínio D = [a, b], que converge uniformemente para uma função f , entãolim ∫ b a fn(x)dx = ∫ b a (lim fn(x))dx = ∫ b a f(x)dx 52 Exemplo: Pelo teorema fundamental do cálculo ∫ 1 0 cosxdx = senx|10 = sen(1) O mesmo resultado é obtido usando-se f(x) = cos x = ∑∞ n=0(−1)n x 2n (2n)! ∫ 1 0 cosxdx = ∫ 1 0 ( ∞∑ n=0 (−1)n x 2n (2n)! ) dx = ∞∑ n=0 (−1)n x 2n+1 (2n+ 1)(2n)! |10 = ∞∑ n=0 (−1)n x 2n+1 (2n+ 1)! |10 = sen1, como queríamos. Na última passagem utilizamos que senx = ∞∑ n=0 (−1)n x 2n+1 (2n+ 1)! Exercícios: 1. Prove que eix = cos(x) + i sin(x).Sugestão: Desenvolva seno, cosseno e exponencial em série de Taylor. 2. Desenvolva f(x) = ex2 em série de Taylor. Dê um valor aproximado para ∫ 1 0 e x2dx 3. Desenvolva f(x) = cos(−x) em série de Taylor. 4. Determine o domínio e esboce o gráfico das seguintes funções: (a) f(x) = ∑∞ n=0 xn n! (b) f(x) = ∑∞ n=0(−1)n x 2n+1 (2n+1)! (c) f(x) = ∑∞ n=0(−1)n x 2n (2n)! 5. Decida se as igualdades abaixo são verdadeiras ou não, justificando. (a) 1− 1 3! + 1 5! − 1 7! + . . . = sin 1 (b) 1 − 1 2 + 1 3 − 1 4 + . . . + (−1)n 1 n+1 + . . . = ln 2 Sugestão: Verifique que ∫ 1 0 1 x+1 dx = ln 2 e desenvolva 1 1+x em série de potências. 53 (c) 1− 1 3 + 1 5 − 1 7 + . . . = π 4 Sugestão: Verifique que π 4 = ∫ 1 0 1 1 1+x2 dx. 6. Prove que arctg(x) = x− x 3 3 + x5 5 − x 7 + . . . Sugestão: Verifique que ∫ x 0 1 1+t2 dt = arctg(x) 54 Exercícios de revisão Conjuntos Finitos, Infinitos, enumeráveis não enumeráveis Supremo,ínfimo, máximo, mínimo Corpo, Corpo Ordenado Seqüências Séries Noções de Topologia Limite e continuidade de funções Derivadas Integrais Convergência e convergência uniforme Série de Potências Aproximação por polinômio de Taylor
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