Buscar

11 NULIDADES PROCESSUAIS TRABALHISTAS

Prévia do material em texto

XI
NULIDADES PROCESSUAIS TRABALHISTAS
1 CONCEITO
A nulidade processual pode ser conceituada como o instituto jurídico que representa a privação dos
efeitos jurídicos de um ato processual.
Para entendermos melhor o conceito exposto, apontaremos os ensinamentos do eminente jurista
Pontes de Miranda, que organiza o estudo dos atos jurídicos em geral em três planos (“escada
ponteana”):
1º) Plano da Existência: como é de supor nesta modalidade, o objetivo é verificar se o ato existe ou
não no mundo jurídico. É o plano de mais fácil visualização. Muitas vezes, o vício processual é de tal
gravidade que o ato jurídico nem sequer chega a existir no ordenamento jurídico. Exemplos: sentença
prolatada por alguém não investido regularmente na jurisdição. Aliás, para complementar o estudo,
transcrevemos a seguir o art. 37 do CPC/73 (art. 104 do CPC/2015), in verbis:
CPC/73
“Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá,
todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como
intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará,
independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias,
prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o
advogado por despesas e perdas e danos”.
CPC/2015
“Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar
preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a
procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi
praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos”.
2º) Plano da Validade: no âmbito deste estudo, verifica-se se o ato é ou não considerado válido no
ordenamento jurídico vigente. Estuda-se a Teoria das Invalidades, que explicaremos a seguir.
3º) Plano da Eficácia: representa o estudo da produção dos efeitos de um ato jurídico. Eficácia de
um ato significa a aptidão para a produção de efeitos jurídicos.
Dessa forma, não podemos confundir validade com eficácia . Em algumas situações, um ato
jurídico existe, é válido, e não produz mais efeitos jurídicos.
Era o caso do antigo crime de adultério, que existia no Código Penal, era válido no ordenamento
penal vigente, mas não tinha mais eficácia.
Outro exemplo, a transgressão do sinal vermelho pela madrugada. Trata-se de uma violação das leis
de trânsito que existe, é válida, mas vem perdendo a eficácia devido à crescente violência nos grandes
centros urbanos.
Nessa toada, insta consignar o art. 104 do Código de Processo Civil de 2015:
“Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar
preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a
procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi
praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos”.
Concluindo, se um ato processual é eivado de nulidade, não produz efeitos jurídicos. Assim, a
nulidade processual representa a privação dos efeitos de um ato jurídico.
2 VÍCIOS OU DEFEITOS DOS ATOS PROCESSUAIS
A doutrina classifica os vícios ou defeitos dos atos processuais da seguinte forma:
I ) Inexistência: ocorre nas hipóteses em que o vício processual é tão grave que o ato não chega sequer a
existir no mundo jurídico.
Um grande exemplo de ato inexistente é a sentença prolatada por alguém que não tenha regular
investidura na Magistratura.
Podemos citar também a previsão do art. 37 do CPC/73, que alude à regra da atuação do advogado
em juízo munido da procuração nos autos. Caso esteja sem instrumento de mandato, o causídico não
poderá atuar em juízo na defesa dos interesses de seu cliente, salvo na hipótese da prática de atos
urgentes, para evitar prescrição ou decadência. Mas essa atuação não o exime da juntada posterior de
procuração pelo patrono, que deverá exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 dias, prorrogável
pelo mesmo período, mediante despacho do juiz. Caso os atos processuais não sejam ratificados no
mencionado prazo, serão considerados inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e
danos.
Não obstante, vale ressaltar a alteração do dispositivo legal em comento em cotejo com o art. 104 do
Código de Processo Civil de 2015. Com efeito, o advogado não será admitido a postular em juízo sem
procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado
urgente. Nas mencionadas hipóteses, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a
procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. O ato não
ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o
advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Por consectário, tivemos uma alteração de plano de estudo, da inexistência para a ineficácia.
I I ) Invalidades: consubstanciam vícios processuais verificados no plano da validade do ato jurídico.
Representa um gênero, sendo espécies as nulidades absolutas e as nulidades relativas
(anulabilidades). Estudaremos cada espécie:
a ) Nulidades absolutas: são as invalidades caracterizadas pela violação de normas de ordem
pública. São objeções processuais, ou seja, matérias de ordem pública, que devem ser conhecidas de
ofício pelo juiz em qualquer tempo e grau de jurisdição. Exemplo: incompetência absoluta, com
previsão no art. 113 do CPC/73:
“Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer
tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.
§ 1º Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que
lhe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas.
§ 2º Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se
os autos ao juiz competente”.
Malgrado, convém estudar a redação do art. 64 do CPC/2015:
“Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve
ser declarada de ofício.
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de
incompetência.
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo
competente.
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida
pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente”.
Da leitura do dispositivo legal, podemos inferir algumas diferenças:
1ª) a incompetência, absoluta ou relativa, consubstancia preliminares de contestação. Assim, não
teremos mais a exceção de incompetência relativa, também conhecida como exceção declinatória de
foro;
2ª) houve mitigação do instituto da matéria de ordem pública ou objeção processual. Com efeito,
por mais que a incompetência absoluta possa ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e
deva ser declarada de ofício, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência apenas após a
manifestação da parte contrária. Daí percebemos a nítida influência dos princípios fundamentais
constitucionais do processona construção do Código de Processo Civil de 2015, conforme preleciona
o seu art. 1º;
3ª) se o juiz acolher a alegação de incompetência, os autos serão remetidos ao juízo competente,
conservando-se os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se
for o caso, pelo juízo competente, com a ressalva de decisão judicial em sentido contrário.
b) Nulidades relativas (anulabilidades): são as invalidades por violação de normas que não sejam
de ordem pública, ou seja, normas de interesse das partes. E, diante das nulidades absolutas,
representam vícios processuais menos graves, uma vez que não podem ser conhecidas de ofício pelo
juiz, dependendo de alegação da parte. Exemplos: incompetência relativa, com previsão do art. 112 do
CPC/73 e da Súmula 33 do STJ. Vejamos:
“Art. 112. Argui-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.
Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser
declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu”.
“Súmula 33 STJ. A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”.
Nessa linha de raciocínio, é oportuno mencionar os arts. 64 e 65 do Código de Processo Civil de
2015:
“Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve
ser declarada de ofício.
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de
incompetência.
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo
competente.
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida
pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar
de contestação.
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em
que atuar”.
c) Irregularidades: são os vícios processuais de menor gravidade no sistema dos vícios e defeitos
dos atos processuais. Não têm o condão de extinguir o processo nem prejudicar o regular
processamento da causa. Poderão ser corrigidos ex officio ou a requerimento da parte ou do Ministério
Público. Para ilustrar, transcrevemos o art. 833 da CLT:
“Existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de datilografia ou de cálculo, poderão
os mesmos, antes da execução, ser corrigidos, ex officio, ou a requerimento dos interessados ou da
Procuradoria da Justiça do Trabalho”.
No mesmo sentido é a redação do art. 494 do Código de Processo Civil de 2015:
“Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I – para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
II – por meio de embargos de declaração”.
3 PRINCÍPIOS QUE REGEM AS NULIDADES PROCESSUAIS
TRABALHISTAS
As nulidades processuais trabalhistas encontram seu delineamento legal nos arts. 794 a 798 da CLT,
in verbis:
“Art. 794. Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando
resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.
Art. 795. As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais
deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.
§ 1º Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro.
Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.
§ 2º O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça
remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando sua decisão.
Art. 796. A nulidade não será pronunciada:
a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato;
b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa.
Art. 797. O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
Art. 798. A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam
consequência”.
Da análise desses artigos, extraímos os seguintes princípios, que passamos agora a tratar:
3.1 Princípio da instrumentalidade das formas ou da finalidade (princípio da
primazia da finalidade sobre a forma do ato processual)
Partindo da noção de que o processo é o instrumento da jurisdição, daí seu caráter instrumental,
podemos conceituar o princípio em análise da seguinte forma: é o conjunto de atos processuais
coordenados que se sucedem no tempo, objetivando a entrega da prestação jurisdicional.
Como visto, não é um fim em si mesmo, mas um instrumento ou meio para a aplicação do direito
material ao caso concreto. O processo somente tem razão de ser para essa finalidade.
Para o jurisdicionado, não há dúvida de que o mais importante é a prestação jurisdicional com a
entrega do bem da vida, e não a burocracia processual.
O princípio da finalidade ou da instrumentalidade das formas é o princípio-mãe das nulidades
processuais, isto é, o princípio dos princípios. Devido a sua grande importância, podemos raciocinar
da seguinte maneira: ele está para as nulidades processuais, assim como o princípio do devido
processo legal está para o processo em geral. Todos os demais princípios decorrem dos princípios
apontados.
Desenvolvendo o estudo, no confronto entre a forma de um ato processual e sua finalidade, deverá
prevalecer sua finalidade, qual seja, a entrega da prestação jurisdicional.
Podemos comparar o princípio da instrumentalidade das formas ou da finalidade do Direito
Processual do Trabalho com o princípio da primazia da realidade do Direito do Trabalho.
S egundo o saudoso jurista uruguaio Américo Plá Rodriguez, pelo princípio da primazia da realidade,
no confronto entre a verdade real e a verdade formal, deverá prevalecer a verdade real. Assim, no
conflito entre a realidade dos fatos e uma forma não correspondente a essa realidade, deverá prevalecer
o que acontece ou aconteceu no mundo fático. Por isso, o contrato de trabalho é conhecido como
contrato-realidade.
O princípio em estudo encontra amparo legal nos arts. 188 e 277 do Código de Processo Civil de
2015, in verbis:
“Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei
expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a
finalidade essencial”.
“Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado
de outro modo, lhe alcançar a finalidade”.
Assim, os atos e os termos processuais não dependem de forma determinada, senão quando a lei
expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a
finalidade essencial.
Na mesma toada, quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz
considerará válido o ato se, realizado de outro modo, alcançar a finalidade.
Podemos citar como exemplo a hipótese de o reclamado ser indevidamente notificado por edital, o
que afronta a regra da notificação postal. Mesmo assim, observamos que o reclamado tomou ciência de
que contra ele corria o processo, de forma que compareceu em audiência e apresentou defesa. Como se
observa, o ato processual foi praticado de outra forma, mas atingiu a sua finalidade, sendo
considerado válido.
3.2 Princípio do prejuízo ou da transcendência
O princípio do prejuízo é inspirado no sistema francês pas de nullité sans grief, oriundo do art.
114, 2ª parte, do Código de Processo Civil francês. S ignifica que não haverá nulidade sem
manifesto prejuízo às partes interessadas e encontra amparo legal no art. 794 da CLT, in verbis:
“Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalhosó haverá nulidade quando resultar
dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes”.
Com efeito, a Justiça do Trabalho somente pronunciará a nulidade de um ato processual
quando resultar do ato inquinado manifesto prejuízo às partes litigantes.
Vale ressaltar que o prejuízo deverá ser processual, e não de ordem meramente econômica ou
moral.
Novamente, a hipótese de o reclamado ser indevidamente notificado por edital, o que afronta a
regra da notificação postal. Mesmo assim, observamos que o reclamado tomou ciência de que contra
ele corria o processo, de forma que compareceu em audiência e apresentou defesa. Nessa situação
hipotética, caso os pedidos ventilados pelo reclamante na exordial trabalhista sejam julgados
procedentes, se o reclamado alegar no recurso ordinário nulidade da sentença por vício de notificação, a
Justiça do Trabalho não pronunciará a nulidade, pois não houve prejuízo processual ao reclamado, que
teve ciência de que contra ele corria uma reclamação trabalhista e apresentou a sua defesa em
audiência, caracterizando regular exercício do direito de defesa.
3.3 Princípio da preclusão ou da convalidação
Preclusão é a perda da faculdade de praticar um ato processual. Apresenta-se sob seis espécies:
a) preclusão temporal – dá-se pela perda do prazo processual. Exemplo: perda do prazo de 8 dias
para a interposição do recurso ordinário;
b ) preclusão consumativa – ocorre pela prática e consumação do ato processual. Exemplo:
interposição do recurso ordinário antes do 8º dia impede a interposição de outro recurso, mesmo de
forma tempestiva;
c) preclusão lógica – efetiva-se pela incompatibilidade entre um ato processual já praticado e outro
a ser praticado. Exemplo: nos termos do art. 1.000 do Código de Processo Civil de 2015, a parte que
aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Considera-se aceitação tácita a prática,
sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. Outro exemplo, em audiência
trabalhista, ao término da instrução, a parte concorda com o juiz do trabalho no sentido das razões
finais remissivas, e depois se arrepende e tem a intenção de fazê-las de forma oral ou escrita.
d) preclusão pro judicato – o magistrado trabalhista, ao proferir a sua decisão, não poderá revogá-
la ou modificá-la, com respeito insofismável aos princípios constitucionais fundamentais do devido
processo legal, do contraditório e da ampla defesa, gerando segurança jurídica e estabilidade nas
relações jurídicas e sociais. Nesse sentido, podemos citar os arts. 836 da Consolidação das Leis do
Trabalho e 494 do Código de Processo Civil de 2015:
CLT
“Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas,
excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida
na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de
miserabilidade jurídica do autor.
Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios autos
da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória e a respectiva certidão de
trânsito em julgado”.
CPC/2015
“Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
I – para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
II – por meio de embargos de declaração”.
e ) preclusão máxima: consubstancia a coisa julgada. Com efeito, é a perda do prazo para a
interposição de recurso em face de sentença transitada em julgado, terminativa (processual) ou
definitiva (de mérito).
O instituto jurídico da coisa julgada material constitui um dos grandes alicerces do Estado
Democrático de Direito brasileiro, desaguando no princípio da segurança jurídica e da estabilidade das
relações jurídicas e sociais, insculpidos no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República Federativa do
Brasil, nos arts. 6º da LINDB e 836 da CLT.
f ) preclusão ordinatória: consiste na perda do direito de praticar o ato processual em decorrência
de exercício irregular de um ato processual anterior . Em outras palavras, a preclusão ordinatória está
presente quando ocorre a perda do direito de praticar um ato processual posterior em virtude de uma
irregularidade processual anterior. Exemplos: a ausência de garantia do juízo anterior, pelo depósito da
importância ou pela nomeação de bens à penhora, impede o recebimento dos embargos à execução; a
ausência de preparo anterior impede o conhecimento do recurso interposto posteriormente.
Feita a consideração inicial, lembramos que o princípio da convalidação ou da preclusão está
previsto no art. 795 da CLT, in verbis:
“As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão
argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.
§ 1º Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro.
Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.
§ 2º O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma ocasião, que se faça
remessa do processo, com urgência, à autoridade competente, fundamentando sua decisão”.
Conforme transcrevemos, cumpre salientar que as nulidades não serão declaradas, a não ser
mediante provocação das partes, que deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em
audiência ou nos autos.
Dessa forma, se as nulidades não forem invocadas no momento processual oportuno, haverá a
convalidação do ato inválido, o que a doutrina também denomina “preclusão de se invocar a nulidade”.
Por outro lado, para se evitar a preclusão da alegação, há a figura do “protesto nos autos” (“protesto
em audiência”), que é a forma de consignar na ata de audiência qualquer nulidade processual.
Importante destacar que o princípio da convalidação ou da preclusão somente se aplica às
nulidades relativas, que não podem ser conhecidas de ofício pelo magistrado, pois dependem de
provocação do interessado. A partir dessa assertiva pode-se deduzir que as nulidades absolutas são
objeções processuais, matérias de ordem pública, que devem ser conhecidas de ofício pelo juiz em
qualquer tempo e grau de jurisdição.
Observação: o art. 795, § 1º, da CLT estabelece que deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em
incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios, por tratar-se de nulidade absoluta.
Trata-se de um dispositivo legal de interpretação controvertida na doutrina, daí estas duas linhas de entendimento:
1ª Corrente: parcela da doutrina justrabalhista crit ica esse dispositivo, sob a justificativa de que há uma falha legislativa. A
referida incompetência de foro é a territorial, constituindo assim nulidade relativa, e não absoluta, como prevê o
dispositivo legal em referência. Aliás, segundo a Súmula 33 do STJ, a incompetência relativa não pode ser declarada de
ofício. O correto seria o Diploma Consolidado fazer alusão à incompetência absoluta, que envolve matéria ou hierarquia,
segundo os arts. 62 e 63 do CPC/2015.
2ª Corrente: a incompetência mencionada no § 1º do art. 795 da CLT é a incompetência em razão da matéria, e não do
lugar. Para que o dispositivo legal em comento traga regra processual correta, a palavra foro deve ser interpretada como
o foro cível, criminal, trabalhista etc., consubstanciando incompetência absoluta.
Conforme o § 2º do art. 795 da CLT, o juiz incompetente em razão da matéria deverá remeter os autos ao juiz
competente, em atenção aos princípios da economia processual e efetividade da jurisdição. O mesmo raciocínio está
previsto no art. 64, § 3º, do CPC/2015, ao estabelecer que, caso seja reconhecida pelo magistrado a incompetênciaabsoluta, os autos deverão ser remetidos ao juízo competente, tornando-se nulos apenas os atos decisórios.
Nossa posição: interpretação do § 1º do art. 795 da CLT
Com o devido respeito aos entendimentos em sentido contrário,
adotamos a linha de entendimento que sustenta a existência no
dispositivo legal em comento de uma falha legislativa na
Consolidação das Leis do Trabalho, uma impropriedade conceitual e
processual.
Partindo da Teoria Geral do Processo, a palavra foro sempre foi
associada à competência territorial que, inegavelmente,
consubstancia um clássico exemplo de competência relativa.
Assim, a respectiva incompetência não poderá ser reconhecida de
ofício pelo magistrado trabalhista, devendo ser ventilada pelo réu
em momento processual oportuno, sob pena de prorrogação da
competência, ou seja, o juiz do trabalho, inicialmente incompetente,
torna-se competente.
A adoção da segunda corrente representa uma interpretação
forçada com o intuito de salvar a sofrível redação do Diploma
Consolidado.
3.4 Princípio da economia processual
O princípio da economia processual deve ser o objetivo de todo processo, buscando-se a comentada
efetividade processual.
Atualmente, a doutrina processual moderna estuda o princípio da economia processual sob duas
visões distintas:
1ª) Visão microscópica: é o estudo do princípio da economia processual tradicional sob a
perspectiva do próprio processo. Assim, a prática de atos processuais deverão atentar para a célere
entrega da prestação jurisdicional daquele processo em referência.
2ª) Visão macroscópica: é o estudo do princípio da economia processual limitado a vários
processos que tramitam perante o Poder Judiciário. Assim, um processo poderá admitir atos mais
complexos, como a intervenção de terceiros, que, embora represente em primeiro momento, na
verdade evita o ajuizamento de novas ações, resultando na celeridade processual em uma visão
macroscópica.
No âmbito do Direito Processual do Trabalho, o princípio da economia processual deverá ser
estudado sob duas espécies:
1ª) Princípio do saneamento das nulidades ou da renovação dos atos processuais viciados: esse
princípio encontra amparo legal no art. 796, a, da CLT, in verbis:
“A nulidade não será pronunciada:
a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato”.
Com efeito, a Justiça do Trabalho não pronunciará a nulidade de um ato processual quando for
possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato.
Tal ideário consubstancia o princípio do saneamento das nulidades ou da renovação dos atos
processuais viciados, visando o aproveitamento ao máximo da relação jurídica processual, renovando
os atos processuais defeituosos, sem a necessidade de extinção prematura do processo.
2ª) Princípio do aproveitamento dos atos processuais praticados ou da conservação dos atos
processuais úteis: esse princípio encontra amparo legal no art. 797 da CLT, in verbis:
“O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende”.
Assim, o órgão da Justiça do Trabalho que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se
estende. É o princípio do aproveitamento dos atos processuais praticados ou da conservação dos
atos processuais úteis, de modo que a declaração da nulidade não pode estender-se, tampouco
retroagir, aos atos validamente praticados.
Da análise desses artigos, verificamos um sistema processual de aproveitamento dos atos
processuais.
A título de comparação, o CPC/2015, em seus arts. 64, § 2º, e 282, reza que, após a manifestação da
parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. Também, ao pronunciar a
nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que
sejam repetidos ou retificados.
3.5 Princípio do interesse (a ninguém é lícito alegar a própria torpeza em juízo)
O princípio do interesse tem estreita relação com o princípio geral de direito de que ninguém
poderá se beneficiar da própria torpeza em juízo, rechaçando-se a má-fé.
Consubstancia um meio de moralização da relação jurídica processual, destacando-se o caráter
publicista do processo.
O princípio do interesse encontra amparo legal no art. 796, b, da CLT, in verbis:
“Art. 796. A nulidade não será pronunciada:
(...)
b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa”.
Com efeito, a Justiça do Trabalho não pronunciará a nulidade de um ato processual quando
arguida por quem lhe tiver dado causa, hipótese em que a parte tem o claro propósito de obter
algum benefício com essa torpeza.
S egundo o art. 276 do CPC/2015, quando a lei prescrever determinada forma, sob pena de
nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
Exemplificando, uma parte, no trâmite da audiência, ao perceber que poderá ter um
pronunciamento jurisdicional desfavorável, não poderá “brigar” com o juiz de forma propositada, para
se beneficiar de futura alegação de nulidade baseada na suspeição do magistrado.
3.6 Princípio da utilidade (da causalidade, da concatenação ou da
interdependência dos atos processuais)
O princípio da utilidade está previsto no art. 798 da CLT, in verbis:
“A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele dependam ou sejam
consequência”.
Assim, a nulidade de ato processual porventura declarada pela Justiça do Trabalho somente
prejudicará os atos posteriores que dele dependam ou sejam consequência daquele ato.
De outra forma, pronunciada a nulidade de um ato processual, ela não atingirá os atos
independentes.
No mesmo sentido, o art. 281 do CPC/2015 prevê que, anulado o ato, consideram-se de nenhum
efeito todos os subsequentes, que dele dependam; todavia, a nulidade de uma parte do ato não
prejudicará as outras, que dela sejam independentes.
Por exemplo, podemos imaginar um processo que esteja em fase de execução trabalhista, e que
sejam realizadas duas penhoras, uma efetivada sobre um bem de família (impenhorável), e outra que
recaia sobre um bem impenhorável. A nulidade da primeira penhora não atingirá a segunda, por serem
atos processuais independentes.
Outro exemplo: o magistrado trabalhista julga procedente o pedido de adicional de insalubridade
do reclamante sem a realização de prova pericial. No recurso ordinário interposto pela empresa, esta
alegou nulidade por cerceamento do seu próprio direito de defesa, com violação do art. 195, § 2º, da
CLT, que exige a realização da prova pericial como condição indispensável para a condenação da
reclamada ao pagamento do adicional de insalubridade. Caso o tribunal dê provimento ao recurso, será
decretada a nulidade da sentença, o retorno dos autos à primeira instância, a reabertura da instrução
processual e a realização da prova pericial. Todos os atos processuais que foram realizados após a
abertura da audiência são atingidos pela nulidade, por serem atos interdependentes.
4 ANÁLISE DOS ARTIGOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015
As nulidades processuais estão disciplinadas nos arts. 276 a 283 do Código de Processo Civil de
2015:
“Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta
não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado
de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte
falar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de ofício,
nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.
Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a
acompanhar o feito em que deva intervir.
§ 1º Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membrodo Ministério Público, o juiz
invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado.
§ 2º A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará
sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.
Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições
legais.
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele
dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam
independentes.
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte.
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o
juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam
ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as
prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo à
defesa de qualquer parte”.
Dessa forma, podemos elencar as seguintes regras:
1ª) Princípio do interesse (art. 276 do CPC/2015): quando a lei prescrever determinada forma sob
pena de nulidade, a decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
2ª) Princípio da instrumentalidade das formas ou da finalidade (princípio da primazia da
finalidade sobre a forma do ato processual – art. 277 do CPC/2015): quando a lei prescrever
determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a
finalidade.
3ª) Princípio da preclusão ou da convalidação (art. 278 do CPC/2015): a nulidade dos atos deve
ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
Essa regra não se aplica às nulidades que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão
provando a parte legítimo impedimento.
4ª) Princípio da intimação obrigatória do Ministério Público (art. 279 do CPC/2015): é nulo o
processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva
intervir. S e o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz
invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado. A nulidade só
pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre a existência ou a
inexistência de prejuízo.
5ª) Princípio da obrigatoriedade da observância das prescrições legais nas citações e intimações
(art. 280 do CPC/2015): as citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais.
6ª) Princípio da utilidade, da causalidade, da concatenação ou da interdependência dos atos
processuais (art. 281 do CPC/2015): anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os
subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras
que dela sejam independentes.
7ª) Princípio da economia processual – princípio do aproveitamento dos atos processuais
praticados ou princípio da conservação dos atos processuais úteis + princípio do saneamento das
nulidades ou da renovação dos atos processuais viciados (art. 282 do CPC/2015): ao pronunciar a
nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as providências necessárias a fim de que
sejam repetidos ou retificados. O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não
prejudicar a parte. Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
8ª) Princípio da mitigação do erro de forma (art. 283 do CPC/2015): o erro de forma do processo
acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os
que forem necessários a fim de se observarem as prescrições legais. Dar-se-á o aproveitamento dos atos
praticados desde que não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte.
QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS
1. (Magistratura do Trabalho – 15 R – 2015) Em audiência de instrução o Juiz indeferiu a oitiva de testemunha da reclamada,
sob o argumento de que a convicção já estava formada. A ação foi julgada parcialmente procedente, apenas para
condenar a reclamada no recolhimento de diferenças de FGTS, tendo em vista a comprovação documental (extrato do
FGTS) de ausência de recolhimento em alguns meses. A reclamada interpõe recurso ordinário requerendo,
preliminarmente, a nulidade do julgado por cerceamento de defesa. A preliminar
a) deverá ser acolhida, tendo em vista que a parte tem o direito de ouvir suas testemunhas em audiência.
b) deverá ser acolhida, tendo em vista que o indeferimento da prova oral causou prejuízos à reclamada, com a
procedência parcial da ação.
c) deverá ser acolhida, devendo o Tribunal declarar os atos a que ela se estende.

Continue navegando