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ANTRAQUINONAS Profa. Daniele Michelin Paganotte Quinonas: são compostos orgânicos que podem ser considerados como produtos da oxidação de fenóis; da mesma forma, a redução de quinonas pode originar os correspondentes fenóis. Presença de dois grupos carbonílicos que formam um sistema conjugado com pelo menos duas ligações duplas C-C. Desde a antiguidade, plantas contendo quinonas tem sido utilizadas por suas atividades biológicas ou como fonte de corantes naturais. Na literatura encontram-se também outras denominações para as antraquinonas, como: antranóides, derivados antracênicos ou derivados hidroantracênicos. Estruturas básicas das quinonas • Os derivados contidos nas drogas vegetais apresentam-se num estado mais oxidado do que as substâncias desse grupo presentes originalmente na planta fresca. Características químicas • Quinonas apresentam-se geralmente como substâncias cristalinas de cor amarela a vermelha, ocasionalmente, podem ter cores azul, verde ou mesmo preta. • As antraquinonas tem cor laranja ou vermelha. • Até o momento são conhecidas na natureza mais de 1500 quinonas. Características físico-químicas • A estrutura quinóide condiciona uma alta reatividade química e as quinonas são agentes fortemente oxidantes. • Entre os derivados antracênicos, as antraquinonas são as mais estáveis; antronas e diantronas são relativamente estáveis em soluções aquosas acidificadas, mas na presença de álcalis são rapidamente oxidadas a antraquinonas. Características físico-químicas • os glicosídeos são compostos cristalinos, amarelados, de sabor amargo, não sublimáveis, solúveis na água e no álcool e insolúveis no benzeno, clorofórmio etc.; dissolvem-se nos álcalis formando soluções laranja-avermelhadas; • os O-glicosídeos são hidrolisáveis em ácidos diluídos, bases fortes e enzimas; • as geninas apresentam-se como cristais amarelados ou avermelhados, sublimáveis, insolúveis na água e solúveis no álcool, benzeno, clorofórmio, éter, piridina etc.; • as hidroxi-antraquinonas dissolvem-se nas bases corando-as de vermelho: a intensidade da cor varia conforme o no e a posição das OH e outros substituintes. Características físico-químicas EXTRAÇÃO Solventes para extração de quinonas: clorofórmio e acetona. Métodos: maceração, percolação ou a combinação de métodos extrativos. A extração de quinonas a partir de material vegetal geralmente não apresenta problemas, pois são substâncias estáveis. Mas o isolamento das formas reduzidas requer precauções especiais para evitar sua oxidação. IDENTIFICAÇÃO • Reações químicas e análises espectroscópicas • Reação de Bornträger: alteração da coloração das quinonas em meio alcalino. – 1,8 dihidroxi-antraquinonas: vermelha; – 1,2 dihidroxi-antraquinonas: azul-violeta; Esta reação é positiva apenas para antraquinonas livres. • Espectrofotometria: absorção no UV / cor na luz visível; • cromatografia (CCD e CLAE) e espectroscopia. DOSEAMENTO •Espectrofotometria UV/Vis •CLAE Atividades farmacológicas e biológicas • papel na defesa da planta: contra insetos e outros patógenos. • Principal ação: LAXANTE Responsáveis: derivados hidroxi-antracênicos Relação estrutura-atividade: Os glicosídeos constituem as formas de transporte e de maior potência farmacológica, porém tem menores índices de absorção pela reduzida lipossolubilidade, que as antraquinonas livres. As antronas e diantronas (formas livres) são até 10 vezes mais ativas que as formas oxidadas. Os glicosídeos de antronas são os mais potentes, enquanto os glicosídeos de antraquinonas só tem ação laxante em doses bem maiores. As hidroxilas nas posições C-1 e C-8 são essenciais para a ação laxante. Atividades farmacológicas e biológicas • LAXANTE: três mecanismos conhecidos para esta atividade dos antranóides. A. Estimulação direta da contração da musculatura lisa do intestino aumentando a motilidade intestinal. B. Inibição da reabsorção de água através da inativação da bomba de Na+/K+- ATPase. C. Inibição dos canais de Cl-. Aparelho digestório - Estimulantes por contato • Laxantes antraquinônicos ou hidroxiantracênicos (antraquinonas, atronas, antranóis, diantronas, diantranóis). • Os laxantes de contato, por serem irritantes intestinais, tem uso restrito a casos de constipação intestinal occasional e para a limpeza intestinal prévia para exames. Atividades farmacológicas e biológicas • LAXANTE •Os componentes antraquinônicos, por serem basicamente heterosídeos (aglicona + açúcar redutor), chegam inativos ao intestino. •As bactérias intestinais encarregam-se de liberar as agliconas, produzindo estimulação dos terminais nervosos da parede intestinal e promovendo assim, o aumento do peristaltismo mais secreção luminal de água e eletrólitos. Laxantes antraquinônicos contra-indicações • São contra-indicados nos casos de obstrução intestinal total ou parcial, • Apendicites, • Dores abdominais de etiologia desconhecida, • Doença de Crohn, • Colite ulcerative, • Gravidez, • Puerpério, • Crianças menores de 10 anos, • Desidratação severa, etc. Devido a hipocalemia que pode provocar após o uso continuado, não se recomenda seu uso concomitante com heterosídeos cardiotônicos, antiarrítmicos e diuréticos. O uso abusivo de compostos antraquinônicos gera uma pigmentação escura da mucosa intestinal (melanosis coli). Reversível após 4 a 12 meses de suspensão da medicação. USO INDUSTRIAL E EMPREGO FARMACÊUTICO • Pigmentos naturais usados como corantes alimentícios e para cosméticos. • Uso industrial como corante e como indicador de pH. • Laxante / medicamentos. Uso racional • não utilizar por períodos prolongados • poderá ocorrer dependência, diarréias, cólicas, náuseas, vômitos, escurecimento da mucosa, alterações da mucosa e morfologia do reto e cólon, carcinoma colorretal, perda hidroeletrolítica, etc. • não utilizar mais de 2 substâncias antraquinônicas na mesma formulação; •potencial mutagênico. • Nome científico: Rhamnus purshiana • Nome popular: Cáscara Sagrada. • Família: Rhamnaceae • Parte usada: cascas. CÁSCARA SAGRADA CÁSCARA SAGRADA • Indicações: purgativo, digestivo e ativador da função hepática. • Uso: maceração. • Composição química: glicosídeos antraquinônicos, amido, açúcares, mucilagens, gordura, fermentos e sais minerais. SENE Nome científico: Senna Alexandria Mill Nome popular: Sene Família: Leguminosae Parte usada: folíolos e frutos. SENE Indicações: laxativo e purgativo. Uso: chá ou o pó obtido pela trituração das folhas. Composição química: senosídeos A – F (predomínio A e B), os quais entram na composição de vários medicamentos usados no tratamento da prisão de ventre. TANCHAGEM Indicações: laxante. Uso: infusão. Composição química: taninos, mucilagens, ácidos orgânicos, sais de potássio, vitamina C, flavonóides, iridóides e antraquinonas nas sementes RUIBARBO Nome científico: Rheum palmatum L. e Rheum officinale Baill Nome popular: ruibarbo Família: Polygonaceae Parte usada: rizomas. RUIBARBO Indicações: laxante, anti-inflamatório e hemostático. Uso: infusão. Composição química: 3 a 12% de derivados antracênicos (agliconas antraquinônicas), 5 a 10% de taninos e 2 a 3% de flavonoides. Atenção: frequentemente observam-se falsificações com o uso de outras espécies. BABOSA Nome científico: Aloe ferox Mill Nome popular: babosa Família: Asphodelaceae Parte usada: látex dessecado das folhas. BABOSA Indicações:laxante, anti-inflamatório e hemostático. Uso: látex amarelado concentrado até a secura, por cozimento e posteriormente vertido em recipientes metálicos. Não confundir com gel de Aloe vera, muito utilizado em cosméticos! Composição química: derivados hidroxiantracênicos (aloína A e B, aloinosídeo A e B, entre outros). Referências • ALONSO, J.R. Fitomedicina: curso para profissionais da área da saúde. São Paulo: Pharmabooks, 2008. • Brasil. FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 5.ed. Vol.2 /Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília : Anvisa, 2010. – PARTE 2 ( NA INTEGRA) - Disponível em : << http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/volume2.pdf>> • SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed., Ed. UFRGS/UFSC, 2003. • SCHULZ. V., HANSEL, R., TYLER, V.E. Fitoterapia racional: um guia de fitoterapia para ciências da saúde. Barueri: Manole, 2002.
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