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ADQUIRIDO EM www.mercadolivre.com.br VENDEDOR FERREIRA_EBOOKS e b o o k s Clique aqui para obter novos títulos. www.mercadolivre.com.br http://lista.mercadolivre.com.br/_CustId_195852375 http://perfil.mercadolivre.com.br/FERREIRA_EBOOKS ■ ■ ■ ■ ■ ■ A autora deste livro e a EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA. empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pela autora até a data da entrega dos originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as mudanças regulamentares governamentais e o constante fluxo de novas informações sobre terapêutica medicamentosa e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que as informações contidas neste livro estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens recomendadas ou na legislação regulamentadora. A autora e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondose a possíveis acertos posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida. Direitos exclusivos para a língua portuguesa Copyright © 2017 by EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA. Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Travessa do Ouvidor, 11 Rio de Janeiro – RJ – CEP 20040040 Tels.: (21) 35430770/(11) 50800770 | Fax: (21) 35430896 www.grupogen.com.br | editorial.saude@grupogen.com.br Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela Internet ou outros), sem permissão, por escrito, da editora GUANABARA KOOGAN LTDA. Capa: Editorial Saúde Produção digital: Geethik Ficha catalográfica M388a 2. ed. Matthiesen, Sara Quenzer Atletismo: teoria e prática / Sara Quenzer Matthiesen. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. il. ISBN: 9788527731058 1. Treinamento (Atletismo). 2. Esportes – Treinamento. 3. Aptidão física. 4. Educação física – Manuais, guias, etc. I. Título. CDD: 796.077 CDU: 796.015.3 A todos os meus alunos da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro, e aos integrantes do Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo (GEPPA), pela possibilidade de compartilhar esse amplo e belo universo do Atletismo. Dizem que o homem é movido por esperança, entusiasmo e confiança de que o futuro será sempre melhor do que o presente. Entretanto, mesmo pensando no futuro, cremos que o presente, ancorado nas certezas do passado, também deve ser bem vivido. Nós, professoras do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro, junto a outros compromissados colegas, compartilhamos a esperança de que a Educação Física seja reconhecida por auxiliar na formação do cidadão, em diferentes aspectos de sua humanidade. Há tempos muito tem sido alardeado que a Educação Física “não é mais aquela”. Em linhas gerais, podemos afirmar com alguma segurança que, atualmente, a Educação Física apresenta as mesmas questões de muitas outras áreas do conhecimento; é permeada por crises paradigmáticas; realiza diversos eventos científicos e acadêmicos para discutir os seus próprios problemas; apresenta novas publicações; tem programas de pósgraduação – se não muitos, o sufi ciente para formar um número significativo de mestres e doutores; além de apresentar áreas de estudo demarcadas, com congressos e associações próprias. É justamente neste período de intensas mobilizações e debates que surge, em 1984, o curso de Educação Física da UNESP/Rio Claro, composto por um grupo de professores jovens e entusiasmados, que ajudaram a construir um dos melhores cursos de graduação do país e, atualmente, assumem o encargo de publicar obras destinadas a docentes e discentes da área. Esta série, intitulada Educação Física no Ensino Superior, é composta por diversas obras, cada uma contemplando o conteúdo ministrado nas diferentes disciplinas que compõem o currículo dos cursos de Licenciatura e Bacharelado de nossa Instituição. Procuramos, também, levantar possibilidades de utilização dos livros nos diversos cursos de Educação Física espalhados pelo Brasil, acreditando que o conhecimento possa ser difundido de acordo com a realidade contextual de cada curso. É importante ressaltar que uma série como esta permite ampliar e aprofundar as discussões na área da Educação Física, em todas as suas dimensões. Assim, nossos livros, ainda que tenham em comum o fato de serem escritos, na sua maioria, por docentes do Departamento de Educação Física da UNESP, apresentam peculiaridades relativas à área que abordam, bem como às diferentes formações dos docentes convidados. O leitor mais atento poderá, então, vislumbrar tanto aspectos comuns, como diferenciados entre os livros da série. Entendemos que, após um longo período de crise, a Educação Física é capaz de galgar o caminho científico, seja do lado social, afetivo, biológico ou cultural. Nada mais justo, então, do que registrar, no presente momento, estes conhecimentos em forma de livro, uma das mais interessantes, revolucionárias e jamais ultrapassadas invenções sociais. Nós, editoras da série, confiantes no compromisso dos autores de cada um dos livros que a compõem, apresentamos, com grande prazer e certa ousadia, a série Educação Física no Ensino Superior, compartilhando com Jorge Luis Borges1 (2002) a compreensão de que “…um livro não deve revelar as coisas; um livro deve, simplesmente, ajudarnos a descobrilas.” (p. 15). Seremos eternamente gratas ao Sr. Ramilson Almeida, agente literário, pela forma atenciosa com que tratou a série, pela esperança e confiança em nós depositadas, bem como à Editora Guanabara Koogan por acreditar neste projeto. Irene Conceição Andrade Rangel Suraya Cristina Darido Alguns anos se passaram desde a 1a edição de Atletismo | Teoria e Prática e, com eles, novos recordes foram incrivelmente superados. Por isso, em especial, decidi publicar uma nova edição, de modo que o leitor pudesse se inteirar, de forma imediata, das alterações que ocorreram no universo do atletismo, mesmo tendo que estar sempre atento à necessidade de atualização dos dados aqui expostos. Nesse período, também ocorreram perdas. Perdemos Nelson Prudêncio em 2012, que apresentou a 1a edição desta obra, além de nos deixar memórias incríveis de sua atuação esportiva. Entretanto, esse período também foi extremamente produtivo, dando origem a novos trabalhos e reflexões, sistematizados em textos que poderão ser consultados pelo leitor por meio das referências bibliográficas, ao final deste livro, como Matthiesen (2014a) e Matthiesen (2014b), que complementam esta obra com sugestões de ações amplas em torno do atletismo e dimensões dos conteúdos conceitual, procedimental e atitudinal. Àqueles que me propiciaram a possibilidade de ampliar horizontes, meus agradecimentos: Aos membros do Grupo de Estudos Pedagógicos e Pesquisa em Atletismo (GEPPA), cujos trabalhos passam a incorporar esta 2a edição, como é o caso de Guy Ginciene e Juliana Cardoso Daniel, agradeço pela possibilidade de sistematização das ideias em tão curto prazo. Aos membros do GEPPA que ao longo de todos esses anos têm se dedicado a pesquisar, ensinar e difundir o atletismo, meus agradecimentos por tornar todas essas ações possíveis. Ao leitor, sugirouma consulta ao nosso site http://geppa2.wix.com/geppa, para que possa conhecer um pouco mais do nosso trabalho no universo do atletismo. Sara Quenzer Matthiesen Quando recebi o convite da Professora Sara Quenzer Matthiesen para fazer a apresentação de seu livro Atletismo | Teoria e Prática, aceitei de imediato, afinal tratavase de uma obra sobre o atletismo. Somente quando me sentei para escrever estas palavras foi que me dei conta da imprudência de assumir tal responsabilidade. É útil evitar que palavras com conotação emocional confundam os raciocínios. No entanto, é imprescindível dizer que a autora descreve o atletismo como “algo” que defende e no qual acredita, oferecendo sugestões criativas de material alternativo para a sua prática, incluindo informações atualizadas, dignificando nomes de atletas brasileiros, fazendo de seu livro uma verdadeira enciclopédia. A publicação está focada no planejamento didáticopedagógico de aulas de Educação Física cujo conteúdo referese às provas do atletismo em suas ações fundamentais relacionadas à iniciação e às técnicas básicas. O objetivo da publicação é apresentar uma série de conteúdos que possam servir de ajuda e orientação para as atividades que, acertadamente, foram denominadas “atletismo se aprende na escola”; que, dessa forma, veio preencher uma lacuna na literatura existente em nosso meio. Sendo assim, creio que este livro será útil e prático a todos aqueles que convivem no meio apaixonante e prazeroso do atletismo. Nelson Prudêncio (in memorian) Exdocente da Universidade de São Carlos O atletismo, apesar de ser considerado um dos conteúdos clássicos da Educação Física, ainda é pouco difundido no Brasil. Infelizmente, não há grandes dificuldades para a constatação dessa triste realidade. Você quer ver? Pense em sua própria trajetória escolar e identifique se o atletismo esteve presente em suas aulas de Educação Física durante os ensinos fundamental e médio. Melhor dizendo, durante suas aulas de Educação Física na escola, você aprendeu atletismo? Até seu ingresso no ensino superior, qual foi o seu contato com o atletismo? Conheceu, teórica e praticamente, as diferentes possibilidades de corridas, saltos, arremessos e lançamentos? Não se assuste se a resposta foi “não”; afinal, essa realidade, infelizmente, vem se repetindo quando a mesma pergunta é feita a universitários, em especial a graduandos do Curso de Educação Física da UNESPRio Claro. Para se ter uma ideia, dos 56 alunos matriculados na disciplina “Fundamentos do Atletismo” em 2002 (27 do curso de Bacharelado e 29 do curso de Licenciatura em Educação Física), apenas 15 (27%) tiveram contato com o atletismo no período escolar que antecedeu a Universidade, enquanto os 41 restantes (73%) não tiveram contato com essa modalidade esportiva no mesmo período.1 Ainda que uma leitura da pesquisa original deva ser feita,2 gostaríamos de ressaltar que, de maneira geral, a deficiência do ensino do atletismo no período escolar que antecede a Universidade revela que os alunos chegam ao ensino superior munidos de um conhecimento restrito acerca dessa modalidade esportiva, restandolhes apenas um exíguo conhecimento televisivo, quase sempre centrado em algumas poucas provas. Espero que, com você, esse processo tenha sido diferente! Somado à discrepância existente entre os que tiveram ou não contato com o atletismo no período escolar, notouse que, mesmo entre aqueles, a maioria esteve em contato com corridas, sobretudo as de velocidade, ou saltos em distância e em altura, em detrimento de tantas outras provas que compõem o atletismo. Observouse, também, que a maior parte dos alunos que tiveram contato com o atletismo estudou em escola particular, conquanto as condições de estrutura física e de materiais não devam ser consideradas como um impedimento para o ensino dessa modalidade esportiva, passível de inúmeras adaptações. Esse é um exemplo simples que retrata a deficiência em relação ao ensino do atletismo no ambiente escolar, repercutindo em um desconhecimento dessa modalidade esportiva ao se ingressar no ensino superior. Não sem propósito, vale a pena proceder a outros aprofundamentos e novas investigações capazes de revelar as causas substanciais para justificar, irrefutavelmente, as possibilidades de ensino do atletismo na escola. Nesse sentido, observamos, de maneira geral, que o conhecimento do atletismo não é apenas restrito no campo teórico, mas, sobretudo, no campo prático, que envolve a realização de movimentos propriamente ditos. Assim, do pouco que se conhece dele, muito se confunde com a história particular de crianças – pobres, na maioria das vezes – que fazem da marcha, das corridas, dos saltos, dos arremessos e dos lançamentos um meio para a sua sobrevivência e inserção social. Além disso, o que se conhece do atletismo misturase muito com a história dos Jogos Olímpicos, afinal sempre fez parte de sua programação, ainda que algumas provas tenham sido incorporadas mais recentemente. Assim, não é difícil constatarmos que quase tudo o que se conhece sobre o atletismo está calcado em recordes, índices, marcas e competições – sobretudo internacionais –, que deslumbram e emocionam os observadores mais atentos e que acompanham as breves, escassas e esporádicas reportagens e informações veiculadas pela mídia brasileira. É nesse sentido que, no Brasil, em época de Jogos Olímpicos – portanto, de 4 em 4 anos –, o atletismo, de mero desconhecido da população, passa a divulgar nomes, provas, esforços físicos, conquistas e recordes, contando com o apoio dos meios de comunicação de massa, sobretudo da televisão, até mesmo em horários de grande audiência. É nesse curto espaço de tempo olímpico que grande parte da população brasileira entra em contato com as provas, os movimentos e as glórias do atletismo, capazes de comover todos aqueles que acompanham o desempenho dos atletas, transformados pela mídia em verdadeiros heróis. Todavia, será apenas esse o conhecimento a ser veiculado pelo atletismo? Atletismo | Teoria e Prática, agora em sua 2a edição, o auxiliará a ver que não. Pelo contrário, há muito a ser conhecido, há muito a ser ensinado. Enfim, há muito a se fazer pelo atletismo! _____________ 1O mais curioso é que este quadro praticamente não apresentou alterações ao longo dos anos, fato constatado sempre ao se iniciar o semestre da disciplina – agora denominada “Atletismo I” –, em especial, ao se discutir com os alunos sobre suas experiências anteriores no universo do atletismo. 2Sobre o assunto ver: Matthiesen, S. Q. & Calvo, A. P. O atletismo como conteúdo da Educação Física escolar: pesquisa com universitários da UNESPRio Claro matriculados na disciplina Fundamentos do Atletismo. In: CDRom do VII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores: teorias e práticas, imagens e projetos. Águas de Lindoia, 2003, p. 13961400. 1 2 3 4 5 O Atletismo em Discussão | Campo Teórico Partir do que se conhece Atletismo | O que é isso? Provas oficiais de atletismo (categoria: adulto) para efeito de recorde mundial Um pouco da história A pista de atletismo Propostas para pesquisa complementar Dimensões Educacionais do Atletismo | Aplicação em Diferentes Programas de Atividades Físicas Atletismo | Onde praticar e para quê? Atletismo se aprende na escola Atletismo | Meio ou fim? Propostas para pesquisa | Atividade complementar O Atletismo em Discussão | Campo Prático Sugestões para a elaboração das pistas Marcha Atlética Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Corridas Introdução Educativos de corrida Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostaspara pesquisa complementar Corridas rasas de velocidade Um pouco da história Algumas regras básicas Técnica básica de movimento Técnica básica de movimento da saída baixa Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Corridas de meiofundo e fundo 6 Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Corridas de revezamento Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas dos revezamentos Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Corridas com barreiras Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Corridas com obstáculos (steeplechase) Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Saltos Introdução Salto em distância Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Salto triplo Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Salto em altura Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Salto com vara Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar 7 8 9 10 Lançamentos e Arremessos Lançamento do dardo Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Lançamento do disco Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Lançamento do martelo Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Arremesso do peso Um pouco da história Técnica básica de movimento Algumas regras básicas Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Provas Combinadas Um pouco da história Algumas regras básicas Técnica básica de movimento Orientações e sugestões didáticopedagógicas Propostas para pesquisa complementar Diferentes Possibilidades de Competições e Eventos Propostas para pesquisa complementar Atividades de Finalização e/ou de Sala de Aula Propostas para pesquisa complementar Considerações Finais Referências Bibliográficas Sugestões para Leitura 1. 2. 3. 4. 5. 6. Partіr do que se conhece Este é o pressuposto básico para o ensino do atletismo em qualquer idade! E vejam que estamos nos referindo a todo e qualquer conhecimento inicial que o aluno, independentemente da faixa etária, possa ter. Ou seja, o conhecimento advindo das poucas reportagens e competições veiculadas pela mídia escrita e/ou televisiva; o conhecimento que porventura tenha sido transmitido em aulas regulares de Educação Física; a experiência registrada durante a participação em competições escolares etc. Portanto, para o início de um bom trabalho, sugerese que o professor faça um levantamento daquilo que já é conhecido pelos alunos, tendo em vista suas vivências anteriores. Ao início do curso, por exemplo, o professor poderá utilizar estratégias que o orientem em relação ao conhecimento prévio dos alunos acerca dessa modalidade esportiva, ao mesmo tempo que tais atividades poderão funcionar como um “quebragelo”, passível de aplicação em sua primeira aula, favorecendo a interação entre aluno–professor e aluno–aluno. ATIVIDADE | QUEBRA-GELO “ENTRE O SIM E O NÃO” ▶ Dinâmica. Os alunos deverão sentarse, quando a resposta à pergunta do professor for “sim”, e ficar em pé, quando a resposta à pergunta for “não”. ▶ Conteúdo. Consiste no seguinte: O recordista dos 200 m rasos é Asafa Powell. R: Não; é Usain Bolt, com 19´19.1 Os alunos deverão ficar em pé. O lançamento do martelo é uma prova oficial do atletismo somente masculino. R: Não; é uma prova masculina e feminina. Os alunos deverão ficar em pé. O recorde dos 100 m rasos feminino é 10”49. R: Sim; o recorde pertence a Florence GriffithJoyner.1 Os alunos deverão sentarse. Oficialmente, a marcha atlética é somente praticada por homens. R: Não; a marcha atlética é uma prova masculina e feminina. Os alunos deverão ficar em pé. O salto triplo é uma prova masculina e feminina. R: Sim. Os alunos deverão sentarse. Nelson Prudêncio, atleta brasileiro, foi recordista mundial do salto em distância. R: Não; foi recordista do salto triplo, saltando 17,27 m nos Jogos Olímpicos do México, em 1968. Os alunos deverão ficar em pé. ▶ Observação. Realizada na primeira aula do curso, essa atividade pode ser o ponto inicial para uma discussão aprofundada sobre as limitações existentes em relação ao conhecimento do atletismo. Ou seja, o quanto os alunos conhecem, teórica e praticamente, do atletismo quando ingressam na universidade. • • • • • • ATIVIDADE | QUEBRA-GELO “ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA” ▶ Dinâmica. Ao formarem duplas, os alunos deverão escolher como parceiro(a) um(a) colega com quem menos tenha contato. Ao sinal do professor, cada aluno, separadamente, terá 1 minuto para relatar sobre o que conhece do atletismo. (p. ex., se já praticou alguma prova; se já participou de alguma competição; se já treinou atletismo; se teve atletismo na escola; se já leu algo sobre atletismo; se já assistiu a alguma competição etc.) Depois, cada aluno terá 30 segundos para relatar ao grupo aquilo que seu parceiro conhece de atletismo. ▶ Observação. Com base nessa atividade, tanto o professor como os alunos terão uma ideia inicial daquilo que o grupo conhece de atletismo no momento inicial do curso. ATIVIDADE | QUEBRA-GELO “ENTRE A IMAGEM E A REALIDADE” ▶ Dinâmica. Os alunos deverão formar duas equipes e, por meio da análise de diferentes imagens (fotografias) relacionadas com o atletismo mostradas pelo professor, terão 20 segundos para escrever as respostas correspondentes, que serão corrigidas e pontuadas, uma a uma, na sequência. ▶ Conteúdo. O grau de complexidade das perguntas poderá ser acentuado de acordo com o grau de conhecimento demonstrado pelos alunos. Sugestões: Quem é este atleta? Qual é a sua nacionalidade? Qual é a prova que ele está fazendo? Qual é o recorde mundial desta prova? ▶ Observação. Cada resposta correta deverá ser pontuada, e as respostas erradas deverão ser corrigidas pelo professor. ATIVIDADE | PARA EFEITO DE RECORDE MUNDIAL ▶ Dinâmica. Sentados em um grande círculo, os alunos receberão folhas com títulos relacionados com as modalidades do atletismo, nas quais deverão registrar as provas oficiais que conhecem dentro de cada modalidade. Na primeira rodada, os alunos escreverão apenas uma prova que conhecem dentro de cada modalidade do atletismo. Caso não conheçam nenhuma, deverão aguardar o tempo de 10 segundos (o tempo deverá ser cronometrado pelo professor) e passar a folha para o companheiro da direita. Na segunda rodada, os alunos lerão todas as provas que foram escritas pelos companheiros e acrescentarão, caso existam, outras ainda não contempladas, mas oficiais na modalidade. Na terceira rodada, os alunos serão divididos em seis grupos: corridas rasas e revezamentos; corridas com barreiras e com obstáculos; marcha atlética; saltos; arremessos; lançamentos. Eles riscarão, após uma pequena discussão, as provas que não considerarem oficiais, escrevendoas individualmente em uma folha de papel. Na quartarodada, os grupos serão numerados de 1 a 6 e formarão novos grupos, e cada um deverá ter como componente um representante dos grupos 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Haverá troca de informações sobre as provas oficiais dentro de cada modalidade, e o grupo elaborará uma lista única com todas as provas oficiais consideradas para efeito de recorde mundial. Por fim, o professor, começando pelas provas de corridas rasas e revezamentos, elaborará uma lista, na lousa, com as provas oficiais do atletismo a partir da contribuição de cada grupo. ▶ Observação. Com base nessa atividade, os alunos se familiarizarão com as provas oficiais existentes no campo do atletismo, o que será fundamental para o desenvolvimento do curso. ATIVIDADE | 100 ANOS DE GLÓRIA OLÍMPICA ▶ Dinâmica. Os alunos assistirão ao vídeo 100 Anos de Glória Olímpica como ponto de partida para a discussão do atletismo como elemento cultural. Para que melhor apreciem os relatos e imagens do atletismo presentes nesse importante documentário, sugerese que os alunos assistam à projeção tendo em mente os seguintes pontos: Detalhes técnicos e materiais referentes às provas de atletismo. Principais diferenças identificadas em relação ao atletismo atualmente. • • • • • O atletismo é uma atividade natural ou construída? Qual a relação existente entre a história do atletismo, a história dos Jogos Olímpicos e a história de cada modalidade no campo do atletismo? O atletismo como algo utilitário ou como atividade esportiva. O papel do atletismo na formação do homem: na Grécia Antiga e na sociedade atual. Aspectos que interferiram no desenvolvimento do atletismo: guerras, boicotes, doping etc. ▶ Observação. Com base nessa atividade, os alunos terão como referência a ideia de que o atletismo é um esporte construído pelos homens, estando, portanto, em constante desenvolvimento, sofrendo modificações em termos técnicos, táticos, físicos, normativos etc. Ou seja, não é um esporte composto por regras estanques e rígidas, mas sofre modificações já que se constitui em elemento próprio da cultura em geral, assim como da cultura esportiva em particular (Publifolha). Atletіsmo | O que é іsso? Nem sempre definir é um exercício muito fácil, mas é interessante que o façamos desde já de forma a contribuir para a organização dos conhecimentos. Você já pensou o que significa atletismo? Será que as crianças, seus futuros alunos, sabem o que é isso? É nesse sentido que sugerimos a realização de um exercício em grupo que propiciará a exposição de diferentes opiniões, a partir das quais forneceremos informações mais detalhadas a respeito da etimologia da palavra atletismo. ATIVIDADE | JOGO DAS DEFINIÇÕES ▶ Dinâmica. Divida a turma em pequenos grupos e peça aos alunos que escrevam, com base na exposição individual de ideias, uma definição de atletismo em uma folha de papel. Feito isso, e antecedendo a discussão das definições dos diferentes grupos, solicite que cada grupo relacione as provas que consideram oficiais no campo do atletismo. Com base nas definições dos alunos, monte um quadro com as principais ideias que surgiram em relação ao atletismo, explorando os pontos em comum e as diferenças presentes em cada uma das definições para que, em seguida, possam ser introduzidas informações mais específicas. Prosseguindo... É preciso registrar que a palavra atletismo vem do grego ethos, que significa “combate”, sendo nítidos os registros históricos de atividades, como a corrida, o salto em distância, o lançamento do disco e do dardo, desenvolvidas pelos gregos na Grécia antiga, ainda que com movimentos técnicos e normas específicas bastante diferentes dos atuais. Há, entretanto, os que o consideram como toda e qualquer atividade que envolve as habilidades motoras de correr, marchar, saltar, lançar e arremessar, mas devemos ter certos cuidados com essa colocação. Primeiro, porque nem tudo o que envolve essas habilidades motoras é, necessária e exclusivamente, algo que possa ser considerado como atletismo, pois há caracterizações normativas e técnicas de movimentos que não podem ser descartadas quando o assunto é esse. Assim, a habilidade motora correr deve ser considerada como atletismo quando: estiver situada no âmbito das provas de velocidade, de meiofundo e de fundo, oficiais nessa modalidade esportiva; especificar o tipo de saída e a técnica de corrida que será utilizada na realização dos movimentos etc. Portanto, o “correr” do atletismo não é um correr qualquer, assim como o saltar, o arremessar e o lançar não podem ser considerados de uma forma descontextualizada, fora do campo normativo e técnico que envolve o atletismo propriamente dito. E veja: isso é mais importante do que parece! Essa definição é de suma importância para que se garanta o espaço do atletismo no âmbito da cultura corporal. Ou seja, tal definição é necessária para que o atletismo garanta seu próprio espaço e não seja confundido com preparação física de outras modalidades esportivas ou tomado como equivalente das atividades de sobrevivência próprias dos homens na Antiguidade, que corriam atrás de suas presas, saltavam rios e troncos, atiravam lanças objetivando a caça, mas que não estavam, sem sombra de dúvidas, praticando o atletismo, ainda que estivessem presentes em suas atividades e habilidades motoras que hoje identificamos como próprias desse esporte. Mas, pensando um pouco em termos da história do atletismo brasileiro, verificamos que essa é uma das modalidades esportivas em que o Brasil conquistou um maior número de medalhas em termos de Jogos Olímpicos e PanAmericanos. Não sem razão, vários nomes do atletismo brasileiro subiram ao pódio nessas competições. Só para citar alguns exemplos, pensemos na participação brasileira durante os Jogos Olímpicos. Com base nisso, devemos citar os nomes de Adhemar bruno Realce bruno Realce bruno Realce Ferreira da Silva, Nélson Prudêncio e João Carlos de Oliveira, no salto triplo; Joaquim Cruz, nos 800 m rasos; Vanderlei Cordeiro de Lima, na maratona; Maurren Higa Maggi no salto em distância e dos velocistas participantes de provas individuais e/ou dos revezamentos, como Robson Caetano da Silva, Arnaldo de Oliveira, André Domingos da Silva, Edson Luciano Ribeiro, Vicente Lenilson de Lima e Claudinei Quirino da Silva. Bem, mas se esses são alguns dos grandes nomes do atletismo, vejamos como a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que segue as orientações da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF [International Association of Athletics Federations]) define essa modalidade esportiva: “Provas atléticas de pista e de campo, corridas de rua, marcha atlética, corrida através do campo (cross country) e corridas em montanha e trilhas” (Confederação Brasileira de Atletismo, 2016, p. 3). Mas, quais seriam as suas provas oficiais? Responderemos a essa questão pautandonos na relação atual (2016)2 das provas de atletismo existentes para efeito de recordes mundiais. Portanto, atenção: cada competição tem um programa de provas específico, como é o caso dos Jogos Olímpicos, cuja programação veremos mais adiante. Logo, para efeito de recorde mundial, as provas relacionadas a seguir são consideradas nas categorias masculina e feminina, e, quando forem apenas de uma das categorias, serão assinaladas. Provas ofіcіaіs de atletіsmo (categorіa: adulto) para efeіto de recorde mundіal3 As provas oficiais de atletismo, categoria adulto, para efeito de recorde mundial estão descritas nas Tabelas 1.1 a 1.5. Além dessas, merecem destaque as “corridas de rua”, as corridas de “crosscountry” e “corridas em montanha e trilhas”, cujas características e distâncias serão mencionadas mais adiante. Todavia,de competição para competição a programação modificase. Para termos uma ideia, vejamos na Tabela 1.6 quais as provas do atletismo que integram a programação dos Jogos Olímpicos atualmente (2016).4 Tabela 1.1 Marcha atlética. Feminino Masculino 10.000 m 20.000 m e 20 km 20.000 m e 20 km* 30.000 m 50.000 m e 50 km 50.000 m e 50 km *Km – provas de rua. Tabela 1.2 Corridas rasas. Velocidade Meio-fundo Fundo 100 m 800 m 3.000 m 5.000 m 1000 m 10.000 m, 10 km e 15 km 200 m 20.000 m e 20 km 1500 m 25.000 m e 25 km 30.000 m e 30 km 400 m 1 milha (1.605 m) 1 h Meia maratona e maratona 2.000 m 100 km Revezamento em rua Revezamento Medley de longa distância (1.200 m – 400 m – 800 m – 1.600 m – 4 × 1.500 m) Tabela 1.3 Corridas com obstáculos e barreiras. Obstáculos Barreiras Feminino Masculino 3.000 m 100 m 110 m 400 m 400 m Tabela 1.4 Corridas de revezamento. 4 × 100 m 4 × 200 m 4 × 400 m 4 × 800 m 4 × 1.500 m Tabela 1.5 Saltos, arremessos, lançamentos e provas combinadas. Saltos Arremessos Lançamentos Provas combinadas Salto em distância Arremesso do peso Lançamento do dardo Heptatlo (F)* Salto triplo Lançamento do disco Salto em altura Decatlo** Salto com vara Lançamento do martelo *F: feminino. **De acordo com a IAAF, embora não integre a programação da maior parte das competições oficiais de atletismo, é possível verificar a participação das mulheres na prova do decatlo feminino, inclusive com definição de recorde, conforme pode ser constatado em: http://www.iaaf.org/records/bycategory/worldrecords. Acesso em: 16 mai. 2016. Tabela 1.6 Programa oficial das provas de atletismo em Jogos Olímpicos. Marcha atlética 20 km (F e M) 50 km (M) Corridas rasas Velocidade Meio-fundo Fundo 100 m 800 m 5.000 m 200 m 10.000 m 400 m 1.500 m Maratona Corridas com Obstáculos Barreiras 3.000 m 100 m (F) 110 m (M) 400 m Corridas de revezamento 4 × 100 m 4 × 400 m • • • • • • • • Saltos Salto em distância Salto triplo Salto em altura Salto com vara Arremesso Arremesso do peso Lançamentos Lançamento do dardo Lançamento do disco Lançamento do martelo Provas combinadas Heptatlo (F) Decatlo (M) M: masculino; F: feminino. Um pouco da história Das muitas datas e acontecimentos que envolvem o atletismo, destacaríamos como um conhecimento introdutório os que aparecem a seguir: 1910: registro das primeiras competições de atletismo no Brasil, época em que esse esporte estava sob a responsabilidade da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). 1912: criação da International Amateur Athletic Federation (IAAF [Federação Internacional de Atletismo Amador]). 1914: filiação da CBD à IAAF. 1924: primeira participação oficial do atletismo brasileiro masculino em Olimpíadas – Jogos Olímpicos de Paris. 1929: realização do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, primeira competição de caráter nacional, cuja última edição ocorreu em 1985. 1945: realização da 1a Edição do Troféu Brasil de Atletismo, que, atualmente, corresponde à principal competição nacional do calendário da CBAt e que, desde 1986, consagra os atletas vencedores como “Campeões Brasileiros de Atletismo”. 1977: criação da CBAt, no Rio de Janeiro, em 02/12/1977, com exercício a partir de 01/01/1979, fazendo com que o atletismo se separasse da CBD. Transferida para Manaus em 1994, a CBAt conta com 27 federações filiadas (26 estaduais e uma do Distrito Federal). 2001: alteração do significado da sigla IAAF. De International Amateur Athletic Federation (Federação Internacional de Atletismo Amador), passou a ser definida como International Association of Athletics Federations (Associação Internacional das Federações de Atletismo). Por fim, gostaríamos de salientar que, até 2016, quatro atletas brasileiros haviam estabelecido oito recordes mundiais, ainda que todos já tenham sido superados: cinco recordes de Adhemar Ferreira da Silva; um recorde de Nelson Prudêncio e um recorde de João Carlos de Oliveira, todos no salto triplo; na maratona, um recorde mundial com Ronaldo da Costa. A pista de atletismo Por regra e definição, a pista de atletismo deverá ter 400 m medidos em sua borda interna. Em sua maioria, as pistas dispõem de oito raias, ainda que haja pistas oficiais apenas com seis raias. A reta dos 100 m rasos, entretanto, poderá ter nove raias, a exemplo da pista de atletismo utilizada nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000. Dividida em setores diferentes, a pista de atletismo dispõe de espaço para a realização de provas de pista e provas de campo. Dos vários modelos e disposições existentes, a Figura 1.1 ilustra os diferentes setores. • • Figura 1.1 Setores da pista de atletismo. (Modificada de http://www.cbat.org.br/pistas/pista_oficial_cbat.pdf.) Propostas para pesquіsa complementar Individualmente ou em duplas, os alunos deverão pesquisar a origem e desenvolvimento histórico de cada uma das provas do atletismo de modo a concentrarem maiores informações a respeito. Por exemplo: Quando surgiu a saída baixa? Qual foi o atleta que a utilizou pela primeira vez em uma competição oficial? Individualmente ou em duplas, os alunos deverão coletar imagens em revistas e/ou livros sobre cada uma das provas do atletismo de modo a comporem um banco de imagens útil ao desenvolvimento de várias atividades durante o curso. O mesmo poderá ser feito utilizandose imagens e/ou vídeos sobre o atletismo, disponibilizados na internet. _____________ 1Informação atualizada até o momento da publicação deste livro. O professor deverá atualizar a informação quando o recorde for superado. 2A partir de 2016, observar se houve alteração em relação a esse particular. 3Fonte: http://www.iaaf.org/records/bycategory/worldrecords. Acesso em: 18 mai. 2016. As provas não assinaladas são masculinas e femininas. 4A partir de 2016, observar se houve alguma alteração. Atletіsmo | Onde pratіcar e para quê? Não é preciso frisar o quanto o entusiasmo pela prática de atividades físicas tem sido crescente nos últimos tempos. Quer por motivos voltados à promoção da saúde e do bemestar, quer em prol de adequações à silhueta da moda, as pessoas têm se dedicado à prática de atividades físicas das mais diversas. Assim, com o propósito de uma prática permanente, incorporada quase que como um hábito diário na vida do indivíduo, o atletismo poderia integrar diferentes programas de atividade física quer em escolas, quer em clubes, para citarmos dois locais onde poderia ser plenamente desenvolvido. Mas, atenção: não estamos nos referindo aqui àquela corrida esporádica ao final da tarde ou ao final de semana realizada por um público cada vez mais crescente. Falamos do atletismo em si, enquanto modalidade esportiva composta por determinadas regras e movimentos específicos. Enfim, um elemento cultural e, portanto, construído historicamente e que deve ser de acesso público. Sem querermos restringir as possibilidades, mas esforçandonos para realçar a importância de determinados compromissos, verificamos que, na escola – e aqui falamos do ensino fundamental, do ensino médio e do ensino superior –, um dos principais objetivos é a transmissão do conhecimento construído historicamente, enquanto, nos clubes, os objetivos estariam concentrados, sobretudo, na participação em competições esportivas, quer por meio da iniciação nas escolinhas de atletismo, quer em competições promovidas por diferentes entidades e federações. Ainda assim, o objetivo norteador de ambos é – e deveria ser sempre – a educação, tendo em vista as relações humanas envolvidas. Ora, mas qual será o conteúdo do atletismo? Poderíamos dizer que desde atividades que envolvam as habilidades motoras básicas, como correr, marchar, saltar, arremessar e lançar, até as provas oficiais propriamente ditas, cujos desenvolvimentos requerem um aprimoramento das capacidadesfísicas básicas, como: velocidade, resistência, força, agilidade etc., que compõem a Figura 2.1. Figura 2.1 Fluxograma das características do atletismo. *Sobre o assunto ver: www.cbat.org.br/atletismo/Norma12_cat_FaixasEtarias_oficiais.pdf. (Acesso em 06 set. 2016.) Atletіsmo se aprende na escola1 Atletіsmo se aprende na escola1 A afirmação de que “atletismo se aprende na escola” é, no mínimo, provocante quando olhamos a realidade atual da Educação Física nas escolas brasileiras. Assim, para que a discussão acerca desse particular tenha melhores frutos, façamos um exercício para evidenciar como isso se reflete na realidade escolar dos próprios alunos. ATIVIDADE | EXPERIÊNCIAS ANTERIORES ▶ Dinâmica. Divida a turma em pequenos grupos e peça aos alunos que discutam, com base na vivência em aulas de Educação Física que antecederam ao ingresso na Universidade, qual o contato que tiveram com o atletismo. Feito isso, e antecedendo a discussão com um grupo maior, solicite que enumerem algumas justificativas que, em uma visão inicial, talvez revelem a não inclusão do atletismo como parte do conteúdo das aulas de Educação Física (p. ex., falta de material; espaço inadequado etc.). Com base nas colocações dos alunos, monte um quadro com as principais ideias que surgiram como justificativas para o não ensino do atletismo no âmbito escolar. A partir delas, e com base no texto a seguir, inicie uma discussão sobre as dificuldades e possibilidades que envolvem o ensino do atletismo no âmbito escolar, analisando a fragilidade das justificativas, as quais podem, a nosso ver, ser perfeitamente contornadas. Atletismo se aprende na escola. Infelizmente – e é com muito pesar que dizemos isso –, essa afirmação é passível de dúvidas, já que, para o dissabor dos amantes desse esporte, entre as bolas que rolam soltas e repetições infinitas de uma mesmice em termos de atividades, o atletismo está longe de ser visualizado nas quadras esportivas – quando elas existem –, entre outros espaços destinados à realização das aulas de Educação Física nas escolas. Diante desse quadro, que, de tão gritante, pode ser empiricamente comprovado, a frase colocada inicialmente como uma afirmação impõese, em um segundo momento, de forma interrogativa: “Mas, atletismo se aprende na escola?” A dúbia pontuação provocada por essa breve frase instiganos à realização de uma dupla análise, tomando como referência a frase: “Atletismo se aprende na escola” como uma afirmação que, didaticamente, será considerada a princípio como falsa – já que é possível adiantar que o “atletismo não se aprende na escola” – e verdadeira, valendonos de todos os esforços para demonstrarmos que isso é possível. Pois, então, convido você a fazer um exercício de reflexão. Pensando na Educação Física que você mesmo teve no curso primário, no ginásio e no colegial (hoje, ensino fundamental e médio), responda rápido: você teve atletismo na escola? Ainda que os anos de Educação Física escolar se distanciem 10, 20 ou mais anos de muitos de nós, notase, nesse simples exercício de reflexão, que há quase um consenso que nos leva a ressaltar que a afirmação “Atletismo se aprende na escola” é falsa. Façolhe um segundo convite. Selecione algumas razões para justificar este fato bastante comum entre nós. Ou seja: Por que você não teve atletismo na escola? – Eu não tive atletismo na escola porque não havia uma pista para tal, diriam uns. – Eu não tive atletismo na escola porque não havia material e implementos oficiais para a sua aprendizagem, diriam outros. – Eu não tive atletismo na escola porque meu professor não gostava de correr, enfatizaria um terceiro. Se essas são suposições que poderão ser confirmadas e complementadas por você, outras, certamente, seriam ouvidas se voltássemos no tempo e perguntássemos aos nossos professores de Educação Física do saudoso período de nossa infância e adolescência: – Por que você, como meu professor de Educação Física, não me ensinou esse esporte tão belo que é o atletismo? Talvez ele simplesmente nos dissesse, sem hesitar: – Ora, porque eu não o achava tão belo assim! Tentando analisar cada uma das justificativas possíveis para amparar o não ensino do atletismo por parte dos professores de Educação Física no âmbito escolar, comecemos por esta que, em última instância, referese ao gosto, ao desejo de ensinar o atletismo, o qual, infelizmente, não é algo implícito à prática profissional de todos aqueles formados em Educação Física. Vejam: o fato de estar ou não implícito à atividade do profissional de Educação Física já incorre em falta grave. Ou seja, não se trata de uma livre escolha do profissional dessa área que se julga no direito de ensinar apenas o que gosta ou o que deseja, mas tem um compromisso com a transmissão do saber, com a transmissão da cultura. • • No caso do professor de Educação Física, deve haver um compromisso com a transmissão, em especial, da cultura corporal, que inclui, entre tantas outras coisas, o atletismo, negligenciado na maioria das vezes. Portanto, o gosto pelo atletismo ou o desejo de ensinálo, que poderia aparecer como justificativa de alguns, não se justifica se pensarmos no compromisso, que assumimos como professores, com a transmissão do saber. Pelo contrário, sem delegarlhe toda a culpa, já que o problema, como veremos, é bem mais amplo, fomos privados, em nossos anos escolares, do contato com um componente cultural, no caso o atletismo. Exagerando, mais uma vez: imagine se o professor de Matemática não tivesse nos ensinado a somar; ou o professor de Português, as mazelas de nossa língua? É possível dizermos que o atletismo é um capítulo quase sempre arrancado do livro de Educação Física, onde também e igualmente deveriam estar presentes o voleibol, o futebol, o handebol, a ginástica, a capoeira, o basquetebol, entre tantos outros conteúdos. A situação é tão alarmante que, como vimos, é comum identificarmos um grande número de universitários tendo seu primeiro contato com o atletismo no ensino superior. Isso não deveria ser algo incrível? Sim, deveria. Mas, infelizmente, isso não é um caso isolado. E para exagerar bem: é na Universidade que ele aprenderá que o martelo é um implemento totalmente diferente da ferramenta em si e que o disco não toca. Mas há outro problema que talvez se apresente como uma segunda justificativa para o não ensino do atletismo: a formação do profissional de Educação Física. Ou seja, correse o risco de que nem na graduação – isto é, no ensino superior – ele o aprenda de fato, ou porque não seja obrigatório cursar a disciplina de Atletismo durante esse período de formação profissional, ou porque há sérias deficiências no ensino dessa disciplina no âmbito da Universidade. Aqui, seriam várias as infelizes consequências. Destaquemos algumas delas: A possibilidade real de se formar em Educação Física sem ter tido nenhum contato com o atletismo, resultando em um profissional que poderá, quando inserido no mercado de trabalho, trabalhar com um conteúdo cuja formação foi deficiente. Ou, mesmo quando esse contato com o atletismo ocorreu no âmbito universitário, isso muitas vezes se explica pela priorização de determinados conteúdos em detrimento de outros: ensinamse, por exemplo, as corridas, os saltos, os arremessos, e deixamse de lado os lançamentos e a marcha atlética. Para, além disso, a forma como o atletismo é ensinado no ensino superior é também fundamental para os desdobramentos posteriores da prática profissional no âmbito escolar. Ainda que mutante nos últimos tempos, podese observar a égide de um ensino tecnicista, que se esquece de que o atletismo, na escola, tem particularidades próprias e que, diante do tipofísico dos alunos das escolas, sobretudo da periferia, e da carência de movimentos – e, portanto, de coordenação – de crianças que são cada vez mais aprisionadas à paralisação própria dos videogames, acabase provocando um distanciamento sem limites entre os movimentos específicos do atletismo e aquilo que as crianças conseguem fazer. Mais do que isso, mas ainda pautados por uma visão muito técnica do ensino do atletismo, alguns se justificam: – Eu não tenho colchões, então não tenho como ensinar o salto em altura! – Eu não tenho martelo, disco nem dardo; como vou ensinar os lançamentos na escola? Como registro de uma terceira justificativa para o não ensino do atletismo no campo escolar, isto é, essa falta de material adequado, surge uma quarta justificativa explícita em afirmações do tipo: – Veja só, a minha escola não tem pista de atletismo. Tenho apenas uma quadra pequena e um campinho de terra batida, na melhor das hipóteses! Pergunto a você: é certo que o espaço físico e o material oficial são determinantes para o ensino do atletismo? Sim e não; tudo depende. Depende de tantas coisas. Depende, por exemplo – e, talvez, principalmente – do objetivo que se tem. Depende, antes de tudo, da clareza do profissional em relação ao seu papel como transmissor da cultura no âmbito escolar. Agora, cabe aqui um parêntese, ou melhor, uma delimitação na discussão das amplas possibilidades de desenvolvimento do atletismo no âmbito escolar. Você se lembra da primeira pergunta que lhe foi feita? Isso mesmo: aquela que lhe questionava se havia ou não tido atletismo em aulas regulares de Educação Física em seus anos escolares. Note bem: atletismo em aulas regulares de Educação Física. Esse é o ponto de destaque; essa é a nossa preocupação no momento, ainda que as turmas de treinamento, as competições esportivas possam entusiasmálo. Em se tratando de atletismo, tudo nos entusiasma. Mas a delimitação ocorre porque não há como deixar de frisar que é nas aulas regulares de Educação Física que tudo começa. Começa o contato com o conhecimento, com a cultura corporal, com os movimentos básicos, com os movimentos específicos do atletismo, responsáveis pelo gosto e pelo desejo, que poderão já estar presentes nas próprias aulas de Educação Física, mas, certamente, é a partir delas que deveriam transbordar os interesses infantis, combatendo uma sexta e última justificativa, entre tantas outras possíveis, para o não ensino do atletismo. Ou seja: – Não ensino atletismo porque as crianças não se interessam... o que elas querem mesmo é futebol! Não há dúvida nenhuma, pois, afinal, este é o país do futebol, não é? E o atletismo, o que é o atletismo para uma criança em idade escolar? Simplesmente, não é! Pois ela nunca fez... e, exagerando, nunca viu. Não é papel da escola difundir os conhecimentos? Não é o atletismo um componente cultural? Então, não é na escola que a criança deveria conhecêlo, ao menos inicialmente? Teoricamente, tudo parece tão óbvio, mas, na prática, observamos que a coisa não é bem assim. Bom, mas passemos da fragilidade dos argumentos que justificam o não ensino do atletismo, fazendo da afirmação “atletismo se aprende na escola” algo não apenas falso, mas quase impossível, a uma perspectiva mais otimista – e certamente real – de tornála verdadeira, ainda que isso demande um esforço enorme de todos, em especial de todos nós que gostamos de atletismo. O ponto de partida é bastante simples e assentase em frases de efeito ditas com grande entusiasmo no discurso de qualquer profissional da área que, mesmo não trabalhando com isso, faz questão de dizer: que o atletismo é um esporte de base para qualquer outro; que os movimentos do atletismo (correr, saltar, lançar) são inerentes ao acervo motor humano; que o atletismo é um dos esportes mais antigos etc. etc. etc. Quem nunca ouviu tais prerrogativas, que tornam ainda mais incoerente a negligência de seu ensino em aulas de Educação Física? Ora, obviamente, nem tudo é um mar de rosas... As dificuldades certamente existem! É o aluno que não quer correr se não tiver uma bola nos pés; é a escola que tem um espaço muito pequeno para as aulas de Educação Física, sobretudo quando são 30, 40 ou mais alunos de uma só vez; é o material específico que não existe na escola; é a diretora que quer isso e não aquilo; é o próprio conhecimento insuficiente acerca do atletismo que inibe muitos profissionais. Apesar dessa lista restrita que acena para inúmeras outras possibilidades, é preciso dizer que o atletismo pode e deve ser aprendido na escola, certo? E novamente: sim, não, tudo depende! Depende da disposição do profissional de encontrar um local propício para o seu ensino, caso aquele de que dispõe não seja suficiente; depende da adequação do conteúdo às suas reais possibilidades de ensino; depende se terá disposição para adequar o material que será utilizado, inclusive confeccionando materiais alternativos que garantam um contato inicial com cada uma das provas; depende de haver ou não clareza acerca dos objetivos e comprometimentos que envolvem o universo escolar, dentre os quais está a transmissão de um saber que poderá ocorrer teórica ou praticamente e que poderia ser seriado de forma que, a cada ano escolar, houvesse um conteúdo específico a ser ensinado, um nível determinado de aprofundamento em cada série escolar. Ninguém aprende logaritmo na 2a série, não é mesmo? Se na Matemática é assim, por que a Educação Física, em particular no que diz respeito ao ensino do atletismo no âmbito escolar, não poderia ter uma organização como essa? Para além da posição do atletismo como um conteúdo clássico da Educação Física, diríamos, em uma linguagem comum, que ensinar atletismo é: simples, bom e barato. Portanto, se nós – que gostamos de atletismo – reconhecemos o valor que lhe é inerente e suas possibilidades reais de ensino, devemos nos articular para contribuir para a sua difusão, sobretudo no campo escolar. O esforço, entretanto, é conjunto. Por isso estamos discutindo o assunto aqui, para que todos reflitam e colaborem para a difusão dessa bela modalidade esportiva, contribuindo para que as defesas em torno das argumentações que fazem da nossa certeza de que “o atletismo se aprende na escola” algo falso e distante de sua própria realidade escolar sejam flexibilizadas. Atletіsmo | Meіo ou fіm? Responder a esta questão talvez seja mais difícil do que pareça. Alguém poderia responder que o atletismo deveria ser um fim a ser almejado pelo profissional de Educação Física, enquanto outro responderia, sem hesitar, que ele é um meio pelo qual se educa. Na verdade, tudo depende. Diríamos, portanto, que nem tanto um, nem tanto outro, já que, para um profissional de Educação Física, o atletismo deveria ser considerado um meio para educar a criança, ao mesmo tempo que tem como objetivo – e, portanto, fim – a transmissão de um saber construído historicamente. De qualquer modo, não será sem esforços que todo aquele interessado na difusão do atletismo se deparará com a difícil tarefa de desmistificar, por meio de sua prática educativa, a imagem transmitida pela mídia, que, aliás, poderá ser, inicialmente, a única que muitos alunos têm ao ingressarem na graduação em Educação Física. Simulacro de esporte para poucos e bemdotados campeões, o atletismo pode ser considerado, a princípio, algo muito distante de nós. Assim, ao ingressar em um curso de Educação Física apenas com uma referência televisiva de grandes nomes, marcas e movimentos complexos desse esporte, um aluno do curso de Educação Física poderá ter a falsa impressão de que essa realidade está muito distante da sua. Ainda que essa seja a mais comum, existem outras possibilidadesde conhecimento dessa modalidade esportiva que merecem ser revistas e conhecidas. Ou seja, para além dessa perspectiva competitiva e restrita a grandes eventos mundiais, é preciso que se explore o lado educacional do atletismo, e ninguém melhor do que o profissional de Educação Física para fazer isso, não é mesmo? Se são vários os caminhos possíveis para o êxito nessa tarefa, o trabalho com crianças, a partir dos 7 anos, é um bom começo para o ensino desse esporte, que envolve habilidades motoras por elas utilizadas cotidianamente. Mas, de onde deverá partir o professor? Tendo em vista a negligência que envolve o ensino do atletismo no campo escolar, quase sempre – e independentemente da idade – os alunos praticamente o desconhecem. Assim, tenham eles entre 7 e 9 anos, 10 e 12 anos ou 13 e 15 anos, o percurso traçado para o ensino dessa modalidade esportiva aos alunos no âmbito escolar poderá ser inicialmente o mesmo, tendo em vista que o objetivo do trabalho deve ser introduzilos em um universo que ainda lhes é desconhecido: o universo do atletismo. Certamente, um bom caminho seria promover o ensino do atletismo pautandose, inicialmente, pela realização de jogos prédesportivos envolvendo as habilidades motoras básicas de marchar, correr, saltar, lançar e arremessar – principais nesse campo –, as quais procuraram traduzir, em uma linguagem corporal, o significado do atletismo sem, contudo, perder a dimensão de sua especificidade técnica e normativa, que faz do atletismo a modalidade esportiva que é. Não será difícil notar os resultados inestimáveis obtidos por meio dessa iniciativa; afinal, tais habilidades motoras parecem próprias do mundo infantil, além de serem fortes aliadas no desenvolvimento dessa modalidade esportiva. E como isso poderia ser feito? Pois bem, visando a introdução das crianças nesse universo de movimentos, os professores deveriam buscar, por meio de atividades recreativas que mesclam um conhecimento geral sobre as habilidades motoras e um conhecimento específico acerca das provas oficiais, aproximar as crianças do universo do atletismo, levandoas a vivenciálo por meio do próprio corpo. Ilustrando esse particular, diríamos que, nas corridas, o professor poderia, por exemplo, explorar os jogos de pegapega, as estafetas e os trabalhos em grupo; nos saltos, poderia utilizar atividades recreativas capazes de projetar o corpo ora horizontal, ora verticalmente; nos arremessos e lançamentos, poderia desenvolver jogos prédesportivos que envolvessem materiais com texturas e formatos diferenciados, deixando para explorar as técnicas de movimentos específicos a partir dos 13, 15 anos (Matthiesen, 2005). Assim, ao dedicarse ao ensino do atletismo visando, mais do que qualquer outra coisa, despertar nas crianças o gosto pelos movimentos dessa modalidade esportiva, o professor, além da iniciação e aprendizagem dos movimentos básicos dessa modalidade esportiva por meio de jogos prédesportivos que exploram as habilidades motoras entre os 7 e 13 anos, poderia criar uma base de conhecimentos capaz de sustentar um aprofundamento técnico mais específico a partir de então. É por essa razão que, sem nos determos nas particularidades de cada faixa etária, mas pensando em uma dimensão ampla de ensino do atletismo, partiremos de uma introdução a essa modalidade esportiva – a qual poderá ocorrer a qualquer momento – até o oferecimento de atividades mais específicas, sobretudo de ordem técnica – as quais poderão ser implementadas a partir desse contato inicial com cada uma das modalidades do atletismo. A preocupação básica deste texto será, portanto, uma introdução geral ao ensino do atletismo para universitários, tendo como pressuposto seu futuro trabalho profissional. Nesse sentido, o texto terá uma dupla função, isto é, procurará traçar um percurso norteador de atividades que podem ser desenvolvidas tanto com universitários, futuros profissionais da Educação Física, como com crianças em idade escolar. Todavia, cabe um alerta: não faça destas sugestões meras receitas de êxito rápido, mas procure compreendêlas como ideias capazes de orientar a elaboração e prescrição de seus próprios exercícios e atividades condizentes com o espaço, turma e objetivos de sua própria realidade de trabalho. Assim, tendo em vista que o objetivo deste texto é motivar o profissional de Educação Física a trabalhar com todas as provas do atletismo, procuraremos registrar algumas ideias e sugestões para orientálo sem, contudo, fazer disso uma camisa de força capaz de aprisionar suas ideias e capacidade criativa. Propostas para pesquisa | Atividade complementar ATIVIDADE • • • • • • Divididos em grupos, os alunos deverão refletir sobre os seguintes pontos, a partir da realidade de suas próprias aulas de Educação Física no ensino fundamental e médio. Sugestão de temas para a discussão: Você teve atletismo na escola? Caso a resposta seja negativa, por que isso ocorreu? Caso a resposta seja positiva, como isso ocorreu? A característica da escola (pública ou particular) é determinante na implementação de um programa de atletismo? Por quê? ▶ Dinâmica. Após a discussão, cada dupla deverá relatar, por escrito, os principais pontos discutidos. Troca de experiências: contato entre as duas duplas, de modo que os quatro integrantes do grupo discorram sobre as dificuldades encontradas para o ensino do atletismo, seja em escolas públicas ou particulares. Formação de um grande grupo para discussão das dimensões educacionais do atletismo em escolas públicas e privadas e das dificuldades inerentes à implementação de um programa de atletismo dentro da escola. ATIVIDADE Com base nas discussões promovidas neste capítulo, o aluno deverá realizar um relatório a partir das seguintes sugestões: Quais os elementos que você considera imprescindíveis para o trabalho com o atletismo na escola? E caso essas condições não existam? Pense na escola em que você estudou e trace um plano inicial de trabalho com o atletismo em aulas de Educação Física. _____________ 1Este texto corresponde à parte da exposição de Sara Quenzer Matthiesen durante sua participação na mesaredonda: “Atletismo se aprende na escola”, realizada no dia 02/10/2003 durante o evento “Conversas com quem gosta de Atletismo II” na UNESPRio Claro. • • • • • • • • Após uma introdução teórica, que poderá ocorrer a partir de um primeiro levantamento acerca do que os alunos conhecem do atletismo, o próximo passo será leválos até a pista. No local, o professor, além de procurar observar o que eles já conhecem, poderá, em um primeiro momento, organizar uma atividade que os familiarize com o espaço em que irão trabalhar durante todo o curso. Adaptada ao espaço físico da pista de atletismo e ao conhecimento específico dessa modalidade esportiva, a “caça ao tesouro” é uma atividade que poderá provocar ótimos resultados. ATIVIDADE 1 | CAÇA AO TESOURO ▶ Dinâmica. Oito ou mais pistas (charadas) serão colocadas em diferentes pontos da pista para que os alunos de equipes diferentes, ao tentarem decifrálas, consigam descobrir onde está o “tesouro”. Este, por sua vez, deverá ser algo que esteja diretamente relacionado com o atletismo, como, por exemplo: a fotografia de um atleta; uma tabela dos recordes mundiais etc. Divididos em duas equipes, os alunos receberão a primeira pista (diferentes entre si) das mãos do professor. Considerando que a primeira pista levará à segunda, e assim sucessivamente, a última pista levará diretamente ao tesouro. A ideia é que os alunos corram juntos, de mãos dadas, pelo espaço, em busca da próxima pista e, consequentemente, do tesouro. A última pista deverá ser comum paraas duas equipes (Matthiesen, 2005). Sugestões para a elaboração das pistas Equipe 1: Pista 1: são várias as saídas, mas a chegada é sempre a mesma. R: Linha de chegada – colocar a pista 2 nesse local. Pista 2: arremesso, só de... R: Peso – colocar a pista 3. Pista 3: eu não toco música, mas estou no setor do... R: Disco – colocar a pista 4. Pista 4: se você for correr a prova de 200 m rasos, a saída é aqui. R: Saída dos 200 m rasos – colocar a pista 5. Pista 5: tesoura é o nome de um de meus estilos. R: Salto em altura – colocar a pista 6. Pista 6: não uso pregos, mas aqui se utiliza o martelo. R: Setor do lançamento do martelo – colocar a pista 7. Pista 7: daqui, até o final da reta, os atletas correm 110 m com barreiras. R: Saída dos 110 m com barreiras – colocar a pista 8. Pista 8: Nelson Prudêncio foi um grande atleta brasileiro nessa prova. R: Salto triplo – colocar a pista 9. • • • • • • • • • • Pista 9: estou tão distante quanto a areia do deserto. R: Salto em distância – colocar o tesouro. Equipe 2: Pista 1: em 1994, Sergey Bubka superou o recorde mundial dessa prova saltando 6,14 m. R: Salto com vara – colocar a pista 2. Pista 2: eu não toco música, mas estou no setor do... R: Disco – colocar a pista 3. Pista 3: Adhemar Ferreira da Silva foi recordista mundial nessa prova. R: Salto triplo – colocar a pista 4. Pista 4: se você for correr a prova de 1.500 m, a saída é aqui. R: Saída dos 1.500 m rasos – colocar a pista 5. Pista 5: o implemento utilizado aqui parece uma flecha, mas não é. R: Lançamento do dardo – colocar a pista 6. Pista 6: daqui até o final da reta, os atletas correm 100 m rasos. R: Saída dos 100 m rasos – colocar a pista 7. Pista 7: não são para dormir, mas os colchões são utilizados aqui. R: Salto em altura – colocar a pista 8. Pista 8: daqui para a frente, o atleta terá 10 barreiras para transpor. R: Saída dos 110 m com barreiras – colocar a pista 9. Pista 9: estou tão distante quanto a areia do deserto. R: Salto em distância – colocar o tesouro. Um pouco da hіstórіa Atualmente desenvolvida por homens e mulheres, a marcha atlética, inicialmente realizada apenas pelo sexo masculino, foi introduzida nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908, nas distâncias de 3.500 m e 10 milhas. Contudo, não é difícil evidenciar as inúmeras mudanças que ocorreram em termos da programação nessas competições. Nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, por exemplo, apenas a prova de 10 milhas foi realizada, enquanto, em 1920, na Antuérpia, foram incluídas duas outras provas: 3 e 20 km, ainda que, em 1924, em Paris, tenha sido mantida apenas a prova de 10 km. Tantas foram as irregularidades que, nos Jogos Olímpicos seguintes, em Amsterdã, em 1928, a marcha atlética foi eliminada da programação olímpica, sendo reintroduzida apenas em 1932 por meio da prova masculina de 50 km. Mais tarde, em 1948, foram introduzidas as provas de 10 e 20 km, e, em 1952, as provas masculinas passaram a ser de 20 e 50 km. No feminino, a marcha atlética passou a integrar a programação do Campeonato Mundial da IAAF apenas em 1991, por meio da prova de 10 km. Esta, por sua vez, passou a integrar a programação olímpica a partir dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Em 1999, as mulheres passaram a disputar a prova de 20 km de marcha atlética, a qual ainda faz parte das provas oficiais do atletismo feminino, inclusive olímpicas (Tabelas 4.1 a 4.3), sendo que, a partir de 31 de dezembro de 2015, as provas de 50.000 m e 50 km passaram a ser consideradas para efeito de recorde mundial. Tabela 4.1 Provas oficiais para efeito de recorde mundial. Masculino Feminino Pista 20.000 m 10.000 m 30.000 m 20.000 m 50.000 m 50.000 m Rua 20 km 20 km 30 km 50 km 50 km Tabela 4.2 Provas de marcha atlética. Categoria Idade Prova Sexo Sub-14 12 e 13 anos 2.000 m Ambos Sub-16 14 e 15 anos 5.000 m Masculino 3.000 m Feminino Sub-18 16 e 17 anos 10.000 m Masculino 5.000 m Feminino Sub-20 16 a 19 anos 10.000 m Ambos Sub-23 16 a 22 anos 20.000 m Ambos Adultos Acima de 16 anos 20.000 m Ambos 50.000 m Masculino Tabela 4.3 Recordes mundiais e olímpicos da marcha atlética. Ano de referência: 2016 Prova: 10.000 m – pista Recorde mundial Feminino 41’56”23 – Nadezhda Ryashkina – 24/07/1990 Prova: 20.000 m – pista Recorde mundial Masculino 1:17’25”6 – Bernardo Segura – 07/05/1994 Feminino 1:26’52”3 – Olimpíada Ivanova – 06/09/2001 Prova: 20 km – rua Recorde mundial Masculino 1:16’36” – Yusuke Suzuki – 15/03/2015 Feminino 1:24’38” – Hong Liu – 06/06/2015 Recorde olímpico Masculino 1:18’46” – Ding Chen – Londres – 04/08/2012 Feminino 1:25’02” – Elena Lashmanova – Londres – 11/08/2012 Prova: 30.000 m – pista Recorde mundial Masculino 2:01’44”1 – Maurizio Damilano – 03/10/1992 Prova: 50.000 m – pista Recorde mundial Masculino 3:35’27”2 – Yohann Dinniz – 12/03/2011 Prova: 50 km – rua Recorde mundial Masculino 3:32’33” – Yohann Diniz – 15/08/2014 Recorde olímpico Masculino 3:36’53” – Jared Tallent – Londres – 11/08/2012 Alterações de recordes Recordes Prova/sexo Tempo – Atleta – Local – Data do recorde Mundiais • • • Olímpicos Técnіca básіca de movіmento “A marcha atlética é uma progressão de passos, executados de tal modo que o atleta mantenha um contato contínuo com o solo, não podendo ocorrer (a olho nu) a perda do contato com o mesmo. A perna que avança deve estar reta (ou seja, não flexionada no joelho) desde o momento do primeiro contato com o solo, até a posição ereta vertical” (Confederação Brasileira de Atletismo, 2016, p. 105). Com base na Figura 4.1 é possível observarmos alguns detalhes técnicos em relação aos seguintes pontos: Membros superiores: os braços devem estar flexionados a 90°, movimentados no sentido anteroposterior e de acordo com o ritmo e amplitude da passada, que impulsiona o marchador para frente. Assim, quanto mais veloz for o deslocamento do marchador, mais veloz será a movimentação dos membros superiores. Tronco: ligeiramente inclinado à frente, o tronco deverá acompanhar, de maneira oposta, os movimentos do quadril, sem que haja uma rotação exagerada. Membros inferiores: são duas as fases de apoio observadas na marcha atlética: a denominada fase de apoio simples, caracterizada pelo contato do calcanhar no solo, pela “estabilização”, quando toda a planta do pé está apoiada no solo, e pela “impulsão”, realizada a partir da ponta do pé, descrevendo, de maneira geral, o movimento de rolamento do pé sobre o solo; e a denominada fase de duplo apoio, caracterizada pelo contato da ponta do pé posterior no solo, finalizando a impulsão, enquanto o pé dianteiro realiza o contato pelo calcanhar, iniciando o “ataque”. Observase que ambos os pés tocam o solo, de forma que o movimento oscilatório provocado pela perna, isto é, o momento em que esta “ataca” o solo, deve ser realizado bem próximo dele, de modo que não provoque a “flutuação” (ou “fase aérea”), inerente à corrida, e passível de desqualificação na marcha atlética. A fim de evitar movimentos desnecessários, orientase que o pé dianteiro alinhese ao pé de apoio. A Tabela 4.4 mostra as correções de alguns erros comuns na marcha atlética. Figura 4.1 Detalhe da marcha atlética. (Modificada de Barros & Dezem, 1978, p. 90.) Tabela 4.4 Correção dos erros mais comuns na marcha atlética. Erros Correções Perda de contato com o solo ou “�utuação”, provocando a fase aérea proibida na marcha atlética Realizar o movimento de forma mais lenta, dando ênfase aos movimentos do quadril, em boa sincronia com os ombros, para garantir que isso não aconteça • • • • • • • • Insu�ciente movimentação de membros superiores Segurar um bastão em cada uma das mãos e exagerar o movimento dos braços, aumentando a amplitude e frequência da passada Flexão do(s) membro(s) inferior(es) ou “desbloqueio” Realizaro movimento de forma lenta, com passadas curtas, no plano e em leve aclive, de modo que o marchador possa sentir a total extensão das articulações dos joelhos Movimento do quadril para os lados Andar sobre uma linha reta, com um colega monitorando o movimento do quadril com dois bastões colocados na lateral da pelve do marchador Excessiva projeção do tronco Marchar segurando um bastão atrás do corpo com os braços posicionados a 90o Algumas regras básіcas Por regra, obrigatoriamente: A progressão de passos deve provocar uma manutenção contínua do contato com o solo, ou seja, o pé que avança deve tocar o solo antes que o pé posterior deixe o terreno. A perna que avança deverá estar estendida, de modo que não haja flexão do joelho, do primeiro contato com o solo até a posição ereta vertical. A saída ocorre nos mesmos moldes das provas de longa distância, ou seja: saída alta e sob a voz de comando: “às suas marcas” e tiro de largada. O competidor pode ser advertido por cada árbitro uma única vez; quando, na opinião de três árbitros, o movimento não se encaixar na definição da marcha, o atleta será desqualificado. Espaço para anotações referentes às alterações nas regras a partir de 2016: Orіentações e sugestões dіdátіco-pedagógіcas Ainda que os livros de atletismo deem pouca atenção à aprendizagem da marcha atlética e os professores de Educação Física pareçam ignorála como um movimento passível de ser realizado durante as suas aulas, não é difícil elaborar exercícios voltados à sua aprendizagem. Sem maiores dificuldades, o professor poderá partir de atividades que envolvam o andar, o andar mais rápido, até a inserção de especificidades técnicas que levem seu aluno ao desenvolvimento da marcha propriamente dita. Mais do que isso, é fundamental que o aluno identifique, na realização do movimento, as diferenças entre andar, marchar e correr (lentamente e em velocidade), observando os diferentes tipos de apoio e ritmos provenientes de cada situação. Ainda que oficialmente seja uma prova de fundo, sugerese, na aprendizagem, que se inicie com atividades curtas, que explorem o andar rápido até que se atinja os movimentos específicos da marcha atlética. Nesse sentido, nada melhor do que as habilidades motoras básicas de andar, marchar e correr, sequenciadas dessa forma, para se observar: A diferença de ritmo na realização do deslocamento. A intensidade do movimento. A frequência e a amplitude da passada. A existência ou não da fase aérea durante o deslocamento. Além disso, é preciso estar atento às especificidades da marcha atlética, cujos movimentos são envoltos por regras e técnicas antes descritas, além de outras particularidades que devem ser destacadas. ATIVIDADE | DO ANDAR AO MARCHAR ▶ Dinâmica. Alunos dispostos na quadra individualmente, andar observando o apoio dos pés no solo. Andar mais rápido e observar as alterações provocadas no próprio corpo tendo em vista o aumento do ritmo, discutindoas com o professor, que questionará pausadamente: – Qual é a posição dos pés (pernas, quadril, tronco, braços e cabeça) quando andamos (marchamos, corremos) lentamente (ou rapidamente)? (Figura 4.2). Figura 4.2 Atividade “do andar ao marchar”. ATIVIDADE | SEGUINDO O RITMO ▶ Dinâmica. Alunos dispostos na quadra individualmente deverão andar seguindo as palmas consecutivas (toques no pandeiro ou apitos) realizadas pelo professor (Figura 4.3). Figura 4.3 Atividade “seguindo o ritmo”. ATIVIDADE | NA PASSARELA ▶ Dinâmica. Alunos dispostos em colunas, formando quatro equipes. Ao sinal do professor, deverão iniciar o deslocamento da marcha atlética sobre uma linha reta (traçada com giz ou corda) no solo. Vence a equipe cujos integrantes chegarem primeiro ao lado oposto, sem que tenham realizado, em nenhum momento, a “fase aérea” (Matthiesen, 2005). (Figura 4.4). Figura 4.4 Atividade “na passarela”. ATIVIDADE | MARCHANDO EM DUPLAS • • • • ▶ Dinâmica. Alunos dispostos em duplas; um deles será o número 1, enquanto o outro será o número 2. Realizando o movimento da marcha atlética lentamente, lado a lado, um deles deverá fugir ao sinal do professor, que dirá “1” ou “2”. O número dito pelo professor fugirá realizando o movimento da marcha atlética o mais rápido possível para que não seja pego pelo outro, que também marchará. Após pequena pausa para a recuperação, reiniciar a atividade em ritmo lento (Figura 4.5). Figura 4.5 Atividade “marchando em duplas”. ATIVIDADE | PEGA-PEGA MARCHANDO ▶ Dinâmica. Alunos dispostos no centro da quadra de basquetebol. Ao sinal, deverão deslocarse por meio da marcha atlética até uma das extremidades da quadra sem serem pegos pelo pegador, que poderá realizar a corrida. Haverá troca do pegador quando o objetivo do exercício for atingido (Figura 4.6). Figura 4.6 Atividade “pegapega marchando”. Propostas para pesquіsa complementar Quem são os atuais recordistas brasileiros da marcha atlética (masculina e feminina)? Quais as principais capacidades físicas necessárias para o desenvolvimento de marchadores? Leitura das regras oficiais completas da marcha atlética. Localização de vídeos na internet de competições de marcha atlética. • • • • • • • • • • • Іntrodução Neste capítulo, serão vários os tipos de corridas a serem destacados, pois, afinal, há várias formas e ritmos de realizálas dentro do atletismo. Há, também, diferentes tipos de classificação das corridas. Podemos, por exemplo, dividilas: De acordo com a forma: Corridas rasas de velocidade. Corridas de revezamento. Corridas com barreiras. Corridas com obstáculos (steeplechase). De acordo com o tempo de desenvolvimento e solicitação energética: Corridas de velocidade. Corridas de meiofundo. Corridas de fundo. Antes, porém, de nos determos nas especificidades de cada uma dessas divisões, faremos referência aos movimentos básicos e orientadores no desenvolvimento das corridas de maneira geral. Ou seja, nos referiremos aos “educativos de corrida” ou aos “exercícios coordenativos”, como preferem alguns. Educatіvos de corrіda São vários os exercícios que podem ser utilizados na aprendizagem e aprimoramento da técnica da corrida, ainda que possam também ser utilizados por atletas da marcha atlética, dos saltos, dos arremessos e lançamentos. Na verdade, esses exercícios, cuja nomenclatura é, em geral, oriunda da língua inglesa ou alemã, são utilizados em diferentes momentos do trabalho ou de uma sessão de treinamento. Podem, por exemplo, ser utilizados no aquecimento, como uma forma de o atleta se preparar para o treinamento em si, ou podem ser utilizados como exercícios específicos dentro da parte técnica do treinamento propriamente dito. Dentre os educativos de corrida ou exercícios coordenativos, destacamos os seguintes: Dribbling: deslocamento bem curto com base em um molejo apoiandose os pés alternadamente ora na ponta, ora na planta, com ligeira flexão dos joelhos. Os membros superiores seguirão o movimento da corrida, priorizandose a frequência na execução. Skipping: deslocamento com base na elevação alternada dos joelhos até a altura do quadril, mantendo o tronco ereto e os membros superiores no sentido anteroposterior, de acordo com o movimento da corrida, priorizandose a frequência e a coordenação dos movimentos (Figura 5.1). • • • • Figura 5.1 Skipping. Anfersen: deslocamento com base na flexão alternada dos membros inferiores de modo que os calcanhares toquem os glúteos, mantendo o tronco ligeiramente inclinado para frente e os membros superiores de acordo com a técnica da corrida, priorizandose a frequência e a coordenação dos movimentos (Figura 5.2). Figura 5.2 Anfersen. Variação 1: dribbling + skipping. A cada três movimentos de dribbling, elevar um dos joelhos de acordo com o movimento do skipping. Variação
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