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METODOLOGIA DO ENSINO DE ATLETISTMO
ANTENOR DE OLIVEIRA SILVA NETO
Este livro compreende o atletismo como um conjunto de 
modalidades que compõe as habilidades motoras básicas 
do ser humano, como correr, andar, lançar e saltar, condu-
zindo o leitor ao esporte mais tradicional e secular de todos 
os tempos. A obra parte dos contextos histórico, cultural, 
pedagógico e técnico para tratar do ensino do atletismo na 
escola, mostrando como esse esporte contribui para o de-
senvolvimento de capacidades específicas e para a formação 
integral dos alunos.
Com base nos gestos motores fundamentais e nas caracte-
rísticas de cada modalidade, esta obra apresenta estratégias 
e possibilidades metodológicas para o processo de ensino 
do atletismo de maneira lúdica e didática, considerando as 
adaptações necessárias para a realização das práticas devido 
à realidade dos espaços disponíveis na escola.
Código Logístico
59340
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6622-3
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 2 2 3
Metodologia do 
ensino de atletismo 
Antenor de Oliveira Silva Neto
IESDE BRASIL
2020
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S581m
Neto, Antenor de Oliveira Silva
Metodologia do ensino de atletismo / Antenor de Oliveira Silva Neto. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
108 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6622-3
1. Atletismo - Estudo e ensino. 2. Treinamento (Atletismo) - Estudo e 
ensino. 3. Educação física - Estudo e ensino. I. Título.
20-63472 CDD: 796.42
CDU: 796.42
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Sergey Novikov/niktalena/Shutterstock
Antenor de Oliveira 
Silva Neto
Doutorando e Mestre em Educação pela Universidade 
Tiradentes (Unit). Pós-Graduado em Educação Inclusiva 
e Libras e em Atendimento Educacional Especializado 
(AEE) pela Faculdade Amadeus. Pós-graduado em 
Educação Física Adaptada e em Psicomotricidade e 
Desenvolvimento Humano pela Faculdade Faveni. 
Graduado em Educação Física pela Unit. Professor no 
ensino superior, nas modalidades EaD e presencial, 
ministrando as seguintes disciplinas: Atletismo, 
Crescimento, Desenvolvimento Humano e Aprendizagem 
Motora, Atividade Física para Pessoas com Deficiência, 
Introdução à Educação Física, entre outras.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Introdução ao atletismo 9
1.1 Conhecendo o atletismo 9
1.2 Provas oficiais 14
1.3 Instalações 22
2 Atletismo na escola 30
2.1 Aspectos didáticos e metodológicos 30
2.2 Atletismo e a Base Nacional Comum Curricular 35
2.3 O papel do professor no ensino do atletismo 41
3 Corridas e saltos 47
3.1 Corridas rasas, meio-fundo e fundo 47
3.2 Corridas com barreiras e obstáculos 55
3.3 Revezamentos 61
3.4 Saltos horizontais e verticais 63
4 Lançamentos e arremesso 72
4.1 Lançamento de disco 72
4.2 Lançamento de dardo 75
4.3 Lançamento de martelo 78
4.4 Arremesso de peso 80
5 Provas combinadas e marcha atlética 85
5.1 Provas combinadas: heptatlo e decatlo 85
5.2 Marcha atlética 89
6 Paratletismo 94
6.1 Paratletismo e inclusão 94
6.2 Classificação funcional 96
6.3 Provas 99
Gabarito 104
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Vídeos
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Este livro compreende o atletismo como um conjunto de modalidades 
que compõe as habilidades motoras básicas do ser humano, como correr, 
andar, lançar e saltar, nos conduzindo ao esporte mais tradicional e secular 
de todos os tempos. Ele parte dos contextos histórico, cultural, pedagógico 
e técnico para nos levar ao ensino do atletismo na escola, mostrando como 
esse esporte contribui para o desenvolvimento de capacidades específicas e 
para a formação integral dos alunos. 
Com base nos gestos motores fundamentais e nas características de cada 
modalidade, esta obra apresenta estratégias e possibilidades metodológicas 
para o processo de ensino do atletismo de maneira lúdica e didática, 
considerando as adaptações necessárias para a realização das práticas devido 
à realidade dos espaços disponíveis na escola. 
Nesse sentido, no primeiro capítulo, discorremos sobre o conceito e 
a origem do atletismo – considerando seu processo histórico no Brasil e no 
mundo –, os principais órgãos responsáveis por esse esporte, as competições 
oficiais, bem como as instalações e os equipamentos necessários para a prática 
da modalidade.
No segundo capítulo, apresentamos os aspectos didáticos e metodológicos 
do atletismo no contexto escolar, a influência da mídia na disseminação da 
prática esportiva, o papel do professor e as possibilidades para trabalhar o 
conteúdo de modo prazeroso. Discutimos também a Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC), principalmente com relação às competências gerais e 
específicas, bem como as habilidades a serem desenvolvidas pelos alunos nas 
aulas de Educação Física.
O terceiro capítulo estabelece os exercícios coordenativos como 
fundamentais para a aprendizagem, o desenvolvimento e o aprimoramento 
de todas as modalidades do atletismo. Versa, ainda, acerca da classificação 
das corridas e dos saltos, como também das exigências físicas e estruturais e 
sequências de movimentos de cada um, oferecendo subsídios para a prática 
desse esporte no contexto escolar.
No quarto capítulo, tratamos dos aspectos técnicos, metodológicos e 
didáticos e das principais regras dos lançamentos de disco, dardo, martelo 
e arremesso de peso, conhecendo, de maneira detalhada, as sequências 
pedagógicas para o desenvolvimento das modalidades, com o objetivo de 
iniciar o esporte na escola, inclusive com a adaptação de materiais.
APRESENTAÇÃO
O quinto capítulo evidencia as provas combinadas do atletismo, que 
compreendem um conjunto de provas divididas em heptatlo e decatlo, 
quantas e quais são as modalidades pertencentes a esse grupo de provas e 
a sua classificação. Ainda nesse capítulo, tratamos da marcha atlética e das 
características de execução do movimento da marcha, envolvendo o processo 
didático-pedagógico para iniciação da modalidade.
No sexto e último capítulo, tratamos da história da prática esportiva 
para pessoas com deficiência, do esporte adaptado e da evolução das 
paralimpíadas, até chegar à compreensão e à regulamentação que temos 
atualmente, com classificação funcional, classes e provas. Além disso, 
discutimos os aspectos gerais e específicos do esporte e das principais regras, 
destacando a importância das modalidades para a inclusão social de pessoas 
com deficiência e dos valores presentes nessa prática, que representam lições 
para a vida.
Os capítulos desta obra nos conduzem por um trajeto que apresenta as 
diversas modalidades e faces do atletismo, em que é possível compreendê-lo 
não apenas pelo seu viés técnico, mas, sobretudo, pelas possibilidades 
didático-pedagógicas para o processo de ensino-aprendizagem e formação 
global do aluno. Os aspectos socioeducacionais presentes nesse esporte 
ultrapassam os muros dacompetição, tornando-o um agente de inclusão e de 
preparação para o pleno exercício da cidadania.
Bons estudos!
Introdução ao atletismo 9
1
Introdução ao atletismo
Antes de conhecer a história do mais tradicional e secular dos 
esportes, é interessante perguntar: você sabia que o atletismo é um 
conjunto de modalidades esportivas? Isso mesmo! O atletismo se 
divide em corridas, lançamentos, arremessos e saltos. Geralmente, 
essas modalidades são praticadas em estádios, exceto a maratona 
– por ser uma corrida de longa distância – e as corridas de rua.
Com origem na Grécia, o atletismo é um dos esportes mais anti-
gos, com a primeira competição de que se tem registro ocorrendo 
em 776 a.C., na cidade de Olímpia. É considerado um esporte de 
base, pois sua prática possui a extensão dos movimentos funda-
mentais do ser humano: caminhar, correr, saltar e lançar.
Neste capítulo, conheceremos a origem do atletismo e o seu 
processo histórico no Brasil e no mundo. Veremos, também, os 
principais órgãos responsáveis por esse esporte, as competições 
oficiais, as instalações e os equipamentos necessários.
1.1 Conhecendo o atletismo 
Vídeo O atletismo é inerente ao homem, afinal, nossos ancestrais já anda-
vam e precisavam correr, saltar e lançar como uma forma primitiva de 
sobrevivência, numa luta constante de busca por alimentos e contra 
predadores. Podemos dizer que, a partir disso, o homem desenvolveu 
habilidades que explicam o surgimento das primeiras competições es-
portivas atléticas, já que elas nasceram da imitação dos movimentos 
naturais do ser humano.
Nesse sentido, o atletismo é considerado o esporte mais antigo do 
mundo. Trata-se de um conjunto de modalidades esportivas que envol-
ve corridas, saltos, lançamentos e arremessos. No início de sua prática, 
essas atividades eram consideradas preparação para a guerra.
10 Metodologia do ensino de atletismo
De acordo com Oliveira (2006), há evidências de que a origem do 
atletismo aconteceu por volta de 4 mil anos atrás, no Antigo Egito, onde 
os homens realizavam corridas. Já na Grécia Antiga, surgiram jogos re-
gulares, com disputas de corrida, arremesso de objetos diversos e sal-
tos. Porém, os registros efetuados na Grécia, em 776 a.C., indicam que 
somente a corrida existiu no estádio.
EUPHILETOS. Ânfora do prêmio Panathenaic de terracota. 
c. 530 a.C., 62,2 cm. Terracota. Metropolitan Museum of 
Art, Nova York.
Pharos//W
ikimedia Commons
Os Jogos Olímpicos da antiguidade tiveram início no ano de 776 a.C., 
sendo realizados até 393 d.C., quando foram suspensos por meio de 
uma proibição expressa do imperador romano Teodósio I. Este impe-
diu a realização das competições por motivos religiosos. Por ser cristão, 
o imperador combatia qualquer movimentação, reunião ou culto que 
promovesse práticas não cristãs, e os torneios olímpicos estavam en-
tre os eventos que mais agrupavam pessoas, sendo considerados uma 
atividade pagã.
A decisão fez com que o templo dedicado a Zeus, em Olímpia, fos-
se fechado para os Jogos Olímpicos, interrompendo-se, assim, uma 
tradição depois de mais de mil anos. Mariano (2012) afirma que essa 
decisão gerou muita revolta no povo, pois não se tratavam apenas de 
competições, os jogos eram também um momento festivo. Entretanto, 
eles nada puderam fazer para combater a proibição.
Já na era moderna, mais precisamente em 1892, Pierre de Frédy, 
mais conhecido como Barão de Coubertin, apresentou um projeto de 
Figura 1
Ânfora grega com repre-
sentação de práticas de 
atletismo
Introdução ao atletismo 11
restituição da tradição para se realizar um evento desportivo periódico, 
tal qual se fazia na Grécia Antiga. Sua intenção era criar um movimento 
internacional, chamado por ele de olimpismo, com o intuito de promo-
ver a união entre os povos por meio do esporte. Além disso, Pierre 
queria formar o caráter dos jovens com a prática esportiva, a disciplina 
e o autoconhecimento, para que conseguissem dominar a si mesmo, 
ter espírito de equipe e disposição para competir.
O projeto, entretanto, só foi colocado em prática no ano de 1894, 
após a realização de um congresso esportivo na cidade de Paris, que 
contou com a participação de 14 países. Nesse mesmo encontro, foi 
criado o Comitê Olímpico Internacional (COI), com sede na Suíça. O 
COI criou as normas para que fossem realizados os primeiros jogos 
em 1896, e Atenas foi escolhida como cidade-sede, por sentimento de 
valor histórico e representativo.
O programa de atletismo dos Jogos Olímpicos de 1896, em Atenas, 
foi composto por corridas de 100 m, 400 m, 800 m e 1.500 m; além de 
110 m com barreiras, saltos em distância, altura, triplo e com vara, e, 
ainda, arremesso de peso e lançamentos de disco. Uma maratona es-
pecial foi sugerida pelo francês Michel Bréal para recordar o soldado 
Fidípedes, que correu da cidade de Maratona até Atenas para anunciar 
aos gregos a vitória de Milcíades sobre os persas em 490 a.C. O percur-
so foi de 42 km, que compreendia a distância aproximada percorrida 
por Fidípedes, e teve como vencedor o grego Louís Spýros.
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Figura 2
Pierre de Frédy, fundador 
dos Jogos Olímpicos da era 
moderna
Materialscientist /
Wikimedia Commons
Figura 3
Cerimônia de abertura 
dos Jogos Olímpicos de 
Atenas, 1896
12 Metodologia do ensino de atletismo
Primeiramente aberto apenas a competidores do sexo masculino, o 
programa de atletismo olímpico foi modificado com o tempo. Em 1900, 
por exemplo, foram introduzidas as seguintes provas: 400 m com bar-
reiras, 2.500 m com obstáculos e lançamento de martelo. Dentre as 
modalidades clássicas, as últimas a aparecerem no programa dos Jogos 
Olímpicos modernos foram o lançamento de dardo, em 1908, e o pen-
tatlo, em 1912. Nesse ano, realizaram-se também o primeiro decatlo e 
os revezamentos de 4×100 metros e 4×400 metros.
É importante destacar que o programa original olímpico era ex-
clusividade dos homens, e a cada ano foram sendo acrescentadas as 
modalidades; a última prova clássica a ser inserida foi o lançamento 
de dardo, oficialmente disputado em 1908. As mulheres vieram a par-
ticipar das provas de atletismo dos Jogos Olímpicos somente em 1928.
No Brasil, o atletismo surgiu no final do século XIX. Em meados dos 
anos 1880, os resultados de competições de várias modalidades do 
atletismo no Rio de Janeiro eram anunciados no Jornal do Commercio 
da capital carioca.
Entre os anos de 1900 a 1930, o atletismo teve uma ascensão mui-
to significativa, chamando a atenção de muitos atletas da época para 
a sua prática. Sendo assim, ele foi consolidado no país pela antiga 
Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que era a responsável por 
praticamente todos os esportes no Brasil.
De acordo com a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), a CBD 
se filiou, em 1914, à Federação Internacional de Atletismo Amador, cria-
da em 1912. Em 2001 mudou para Associação Internacional das Fede-
rações de Atletismo, mas permaneceu com a mesma sigla (IAAF) – vale 
ressaltar que a IAAF mudou de nome e logomarca em 2019, passando 
a se chamar World Athletics; em português, Atletismo Mundial. Essa fi-
liação foi o que possibilitou a primeira participação brasileira em um 
torneio olímpico, nos Jogos de Paris, em 1924, conhecidos como Jogos 
de Verão. O primeiro campeonato nacional no Brasil foi o Campeonato 
Brasileiro de Seleções Estaduais, no ano de 1925 (CBAt, 2008).
Em 1931, liderada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), 
a seleção nacional começou a disputar os Campeonatos Sul-America-
decatlo: competição de 
atletismo composta por dez 
provas. Nos Jogos Olímpicos, é 
exclusivamente praticada por 
homens. O equivalente feminino 
dessa prova é o heptatlo, com 
sete provas.
Glossário
Introdução ao atletismo 13
nos. Segundo dados da CBAt (2008), “em 1932, Clovis Rapozo (oitavo no 
salto em distância) e Lúcio de Castro (sexto no salto com vara) chega-
ram às finais nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, nos Estados Unidos.Quatro anos depois, Sylvio de Magalhães Padilha foi o quinto nos 400 
m com barreiras nos Jogos de Berlim, na Alemanha”.
Em 1945, foi criado o Troféu Brasil de Atletismo, que contou com 
a participação de clubes representando todos os estados brasileiros. 
Hoje, é a maior competição nacional de atletismo do calendário do 
país. Ainda de acordo com a CBAt (2008, on-line), “em 1952, nos Jo-
gos de Helsinque, na Finlândia, Adhemar Ferreira da Silva conquistou 
a medalha de ouro no salto triplo, em 23 de julho”, batendo o recorde 
mundial com um salto de 16,22 m.
Arquivo Nacional/W
ikim
edia Com
m
ons
Visando a uma maior atenção e um maior foco na disseminação do 
esporte, em 1977, o atletismo se desliga oficialmente da CBD e passa 
a ser coordenado pela CBAt, órgão criado especificamente para cuidar 
do atletismo em todas as esferas, da base nas escolas até o alto ren-
dimento. A CBAt teve origem no Rio de Janeiro em 1977, mudou para 
Manaus em 1994 e, em 2013, transferiu-se para São Paulo.
Para resumir o processo histórico do atletismo que vimos até aqui, 
destacamos algumas datas importantes na linha do tempo a seguir.
No início, as competições eram 
realizadas em um conjunto de 
modalidades, que envolviam 
atletismo, futebol, remo, entre 
outras. Acesse o QR Code a 
seguir e veja uma fotografia do 
evento realizado na época.
Curiosidade
Figura 4
Adhemar Ferreira da 
Silva durante os Jogos de 
Helsinque, em 1952
14 Metodologia do ensino de atletismo
1.2 Provas oficiais
Vídeo Uma característica imprescindível para que um esporte seja con-
siderado como oficial é a existência de um órgão regulamentador ao 
qual esteja associado e subordinado. Assim é o papel das federações, 
confederações, associações e comitês, que são responsáveis por orga-
nizar eventos e, principalmente, elaborar as regras de cada esporte.
776 a.C. 
Primeira prova olímpica, uma 
corrida de 200 m chamada 
de stadium.
1896 
Retorno das competições de 
estádio – atletismo moderno 
(corridas, saltos, lançamentos 
e combinadas).
394 d.C. 
 Interrupção dos Jogos 
Olímpicos.
1910
Primeiras competições de 
atletismo no Brasil sob a 
responsabilidade da Confederação 
Brasileira de Desporto (CBD).
1914
CBD filia-se à IAAF.
1924
Primeira participação do Brasil 
em Jogos Olímpicos (Paris).
1928
Primeira participação 
das mulheres em Jogos 
Olímpicos (Amsterdã).
1929
Primeira competição oficial de 
atletismo no Brasil – Campeonato 
Brasileiro de Seleções Estaduais.
1945
Primeira edição do Troféu 
Brasil de Atletismo. Hoje, é a 
principal competição nacional do 
calendário da CBAt.
1952
Primeira medalha no atletismo do 
Brasil, com Adhemar Ferreira da 
Silva no salto triplo (estabelecendo 
o novo recorde mundial).
2001
A IAAF altera sua denominação 
para Associação Internacional 
das Federações de Atletismo.
2019
A IAAF muda a logomarca e 
o nome para World Athletics.
1912
Criação da Federação 
Internacional de Atletismo 
Amador (IAAF).
1977
Criação da CBAt no 
Rio de Janeiro.
Introdução ao atletismo 15
Sem as entidades representativas não seria possível estabelecer 
normas, padrões e regras para cada modalidade. Imagine cada país 
criando sua própria regra para uma mesma prática; seria um caos para 
realizar uma competição internacional, não é mesmo? Portanto, a se-
guir, conheceremos algumas dessas organizações para depois saber 
quais são as provas oficiais e as instalações determinadas por elas.
O atletismo não é diferente de outros esportes, isto é, possui mui-
tas instituições responsáveis por ele e que vão de abrangência nacio-
nal à internacional.
Entidade máxima responsável 
por organizar competições 
mundiais e coordenar 
federações e confederações.
WORLD ATHLETICS
Com sede em Manaus, este é o 
órgão responsável por organizar 
competições em seu domínio na 
América do Sul.
CONFEDERAÇÃO 
SUL-AMERICANA DE 
ATLETISMO (CONSUDATLE)
Responsável pela administração, 
organização e realização das 
Olimpíadas. Seleciona e acompanha 
o país-sede dos Jogos em sua 
organização.
COMITÊ OLÍMPICO 
INTERNACIONAL (COI)
Atua diretamente com 
a CONSUDATLE no 
atendimento das federações 
regionais filiadas. Mantém 
relacionamento com os 
clubes e atletas, além de 
coordenar o esporte em 
nível estadual.
CONFEDERAÇÃO 
BRASILEIRA DE 
ATLETISMO (CBAt)
Instituição máxima no 
esporte do Brasil. Todas a 
federações com esportes 
olímpicos e algumas que não 
possuem esporte nos Jogos 
Olímpicos são subordinadas 
ao COB.
COMITÊ OLÍMPICO 
DO BRASIL (COB)
Quando falamos em esporte adaptado, surgem órgãos específicos 
em função das especificidades de cada deficiência, que exigem atenção 
especial e um conjunto de regras ajustadas.
Entidade máxima responsável, que 
tem, entre suas principais funções, 
organizar as Paralimpíadas.
Responsável por coordenar 
todos os esportes que fazem 
parte das Paralimpíadas.
COMITÊ PARALÍMPICO 
INTERNACIONAL (IPC)
COMITÊ PARALÍMPICO 
BRASILEIRO (CPB)
16 Metodologia do ensino de atletismo
Após conhecermos as entidades responsáveis pelo atletismo em ní-
vel nacional e internacional, é hora de saber quais são as provas oficiais 
e suas classificações. As provas oficiais do atletismo são classificadas 
em diferentes grupos, de acordo com as capacidades e habilidades 
atléticas utilizadas pelos praticantes na competição. O conjunto de mo-
dalidades é dividido em quatro grupos: provas de pista, provas de cam-
po, provas de rua e provas combinadas.
Figura 5
Organograma de provas oficiais
PROVAS DE PISTA
PROVAS 
DE CAMPO
PROVAS DE RUA
PROVAS 
COMBINADAS
Lançamento de 
disco
Salto em altura
Maratona
Lançamento de 
martelo
Salto com vara
Marcha
Lançamento de 
dardo
Salto em distância
Arremesso de peso Salto triplo
100 m com barreiras 
Salto em distância
 Arremesso de peso 
 400 m rasos
 110 m com barreiras
Arremesso de disco
Salto com vara
Lançamento de dardo
1.500 m rasos
100 m com barreiras 
Salto em altura 
Arremesso de peso
200 m rasos 
Salto em distância 
Lançamento de dardo
800 m rasos 
Fonte: Dicionário Olímpico, 2020.
Corridas rasas
Provas de 
lançamento
Heptatlo
Provas de salto
Decatlo
Corridas de 
revezamento
Corridas com 
barreiras
Corridas com 
obstáculos
Dividem-se em:Dividem-se em:
Dividem-se em: Dividem-se em:
PISTAS
Ocorrem 
em
IMPLEMENTOS
São 
usados
ESTÁDIOS
Ocorrem 
em
PERCURSO
Tem
Dividem-se em:
São tipos de 
7 provas 10 provas
MasculinoFeminino
Ink
on
g B
ou
tch
ale
rn/
Sh
utt
ers
toc
k
Introdução ao atletismo 17
Como podemos ver, nas provas de pista, acontecem corridas ra-
sas e revezamento, com barreiras e obstáculos. Já nas provas de cam-
po, temos os lançamentos de dardo, disco e martelo, o arremesso de 
peso, os saltos em altura, com vara, em distância e triplo. Nas provas 
de rua, os atletas participam da maratona e da marcha atlética. Por 
fim, nas provas combinadas, os atletas realizam o heptatlo (conjunto 
de sete provas) para o feminino e o decatlo (conjunto de dez provas) 
para o masculino.
Percebemos que há uma classificação por gênero masculino e fe-
minino nas provas; isso acontece devido à diferença nas capacidades 
de proficiência física entre homens e mulheres, que são muito utiliza-
das no atletismo. Dentre elas, podemos citar força, velocidade e re-
sistência. Quando comparamos os resultados das provas, fica muito 
evidente essa diferenciação. Por exemplo, no masculino, o recorde 
mundial de uma maratona (42.195 m) é do queniano Eliud Kipchoge, 
com o tempo de 01:59:40; já no feminino, o recorde é da queniana 
Brigid Kosgei, com 02:14:04.
As diferenças nos resultados seguem nos saltos, lançamentos, ar-
remessos e demais provas. Por isso, a forma mais justa é separar as 
categorias por gênero na fase adulta. Já no processo de crescimento, 
maturação e desenvolvimento, o jovem possui diferenças morfológi-
cas, psicofisiológicas, cognitivas, afetivas e sociais que ainda estão em 
formação; por isso, existe a classificação por faixa etária.
A Norma 12, art. 1º da CBAt (2020), aprovada pela AssembleiaGeral 
em 26 de abril de 2014 e atualizada pelo Departamento Técnico em 26 
agosto de 2019, refere-se às categorias e respectivas faixas etárias ofi-
ciais do atletismo no Brasil, em consonância com as normas e regras 
da World Athletics e da CONSUDATLE, devendo ser aplicada obrigatoria-
mente no atletismo brasileiro. Vamos ver, a seguir, quais são elas.
a. Categoria Sub-14: atletas com 12 e 13 anos no ano da competição.
b. Categoria Sub-16: atletas com 14 e 15 anos no ano da competição.
c. Categoria Sub-18: atletas com 16 e 17 anos no ano da competição.
d. Categoria Sub-20: atletas com 16, 17, 18 e 19 anos no ano da 
competição.
e. Categoria Sub-23: atletas com 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 22 anos no 
ano da competição.
f. Categoria de Adultos: atletas de 16 anos em diante no ano da 
competição.
O filme Raça retrata 
a vida do norte-ame-
ricano Jesse Owens, 
corredor que, durante 
as Olimpíadas de 1936, 
mostrou ao mundo que 
a ideia de supremacia 
ariana construída por 
Hitler era apenas uma 
ideia racista.
Direção: Stephen Hopkins. Canadá: 
Diamonds Films, 2016.
Filme
18 Metodologia do ensino de atletismo
g. Categoria de Masters: atletas de 35 anos em diante (idade a ser 
considerada no dia da competição).
É importante destacar que, além das categorias definidas pelos ór-
gãos regulamentadores, existe a divisão por faixa etária dentro das ca-
tegorias, que é apresentada no Quadro 1.
Quadro 1
Categorias e faixas etárias da CBAt
Idade Masculino – Faixa etária Feminino – Faixa etária
35 a 39 anos M35 F35
40 a 44 anos M40 F40
45 a 49 anos M45 F45
50 a 54 anos M50 F50
55 a 59 anos M55 F55
60 a 64 anos M60 F60
65 a 69 anos M65 F65
70 a 74 anos M70 F70
75 a 79 anos M75 F75
80 a 84 anos M80 F80
85 a 89 anos M85 F85
90 a 94 anos M90 F90
95 a 99 anos M95 F95
100 anos e acima M100 F100
Fonte: CBAt, 2020.
Ainda de acordo a Norma 12 da CBAt (2020), para as provas serem 
validadas e terem seus resultados homologados, a aplicação dessa 
norma é condição básica obrigatória em todas as competições oficiais 
de atletismo realizadas no Brasil. Além da classificação descrita no 
Quadro 1, a mesma norma da CBAt permite que as competições ofi-
ciais, no Brasil, sejam subdivididas em:
 • Competições Sub-14: os atletas não podem participar em mais 
de duas provas, sendo uma individual e outra no revezamento. 
É vedada a participação de atletas menores de 11 anos de idade; 
para essa faixa etária, é recomendado o Programa Miniatletismo 
da CBAt/Word Athletics.
Introdução ao atletismo 19
 • Competições Sub-16: podem participar atletas com 14 e 15 anos 
de idade no ano da competição.
 • Competições Sub-18: podem participar atletas com 16 e 17 anos 
de idade no ano da competição.
 • Competições Sub-20: podem participar atletas com 16, 17, 18 e 
19 anos de idade no ano da competição.
 • Categoria Sub-23: atletas com 16 e 17 anos de idade não podem 
participar das provas de arremesso, lançamentos e decatlos, no 
masculino, e das provas de 10.000 metros, maratona e marcha 
atlética, no masculino ou feminino. Atletas da categoria Sub-20 
com 18 e 19 anos podem participar das competições Sub-23, 
exceto das provas de maratona e 50 km marcha atlética.
A Norma 12 da CBAt (2020), ainda, estabelece idades mínimas para 
a participação de atletas em corridas de rua. São elas:
 • Provas com percurso de até 5 km: 14 (catorze) anos completos 
até 31 de dezembro do ano da prova.
 • Provas com percurso menor que 10 km: 16 (dezesseis) anos com-
pletos até 31 de dezembro do ano da prova.
 • Provas com percurso de 10 km a 30 km: 18 (dezoito) anos com-
pletos até 31 de dezembro do ano da prova.
 • Maratona e acima: 20 (vinte) anos completos até 31 de dezembro 
do ano da prova.
Essa definição considera os fatores biológicos e fisiológicos dos in-
divíduos, principalmente quanto aos estágios de desenvolvimento e 
maturação. É importante que qualquer prática esportiva seja benéfica 
aos atletas e não o contrário. O crescimento das corridas de rua e o 
aumento no número de praticantes não pode ser motivo para a prática 
indiscriminada e sem o devido cuidado com a saúde.
A seguir, apresentaremos o quadro de provas oficiais do atletismo 
na categoria masculina. Da categoria Sub-16 à categoria Adulto são rea-
lizadas todas as provas com variação de distâncias nas corridas, altura 
nos saltos e peso nos arremessos e lançamentos. A categoria Sub-14 
segue os mesmos critérios e provas, exceto a corrida com obstáculos, 
que não há.
No documentário Town 
of runners, a paixão 
pela corrida é o viés da 
história de duas meninas 
na Etiópia que buscam, 
no esporte, uma vida 
diferente. O filme retrata 
três anos de treinamento 
dessas corredoras e seus 
altos e baixos para se 
tornarem atletas profis-
sionais.
Direção: Jerry Rothwrll. Etiópia; EUA: 
Met Film Production, 2012.
Filme
20 Metodologia do ensino de atletismo
Quadro 2
Provas oficiais do atletismo masculino
Provas Adulto Sub-23 Sub-20 Sub-18 Sub-16 Sub-14
Corridas rasas
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
5.000 m
10.000 m
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
5.000 m
10.000 m
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
3.000 m
5.000 m
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
3.000 m
75 m 
250 m
1.000 m
60 m 
150 m
800 m
Corridas com 
barreiras
110 m
400 m
110 m
400 m
110 m
400 m
110 m
400 m
100 m
300 m
60 m
Corrida com 
obstáculos
3.000 m 3.000 m 3.000 m 2.000 m 1.000 m Não há
Marcha atlética
20.000 m
50.000 m
20.000 m 10.000 m 10.000 m 5.000 m 2.000 m
Revezamentos
4×100 m 
4×400 m
4×100 m 
4×400 m
4×100 m 
4×400 m
4×400 m 
Misto****
4×75 m 4×60 m
Saltos
Distância 
Altura
Triplo 
Vara
Distância 
Altura 
Triplo 
Vara
Distância 
Altura
Triplo 
Vara
Distância 
Altura
Triplo 
Vara
Distância 
Altura
Triplo 
Vara
Distância 
Altura
Vara **
Arremesso 
Lançamentos
Peso (7,26 kg)
Disco (2 kg) 
Dardo (800 g) 
Martelo
(7,26 kg)
Peso (7,26 kg) 
Disco (2 kg) 
Dardo (800 g) 
Martelo 
(7,26 kg)
Peso (6 kg) 
Disco 
(1,75 kg) 
Dardo (800 g) 
Martelo (6 kg)
Peso (5 kg) 
Disco (1,5 kg)
Dardo (700 g) 
Martelo (5 kg)
Peso (4 kg) 
Disco (1 kg) 
Dardo (600 g) 
Martelo (4 kg)
Peso (3 kg) 
Disco (750 g) 
Dardo (500 g)
Martelo (3 kg) 
***
Combinada Decatlo Decatlo Decatlo Decatlo Pentatlo Tetratlo
** A vara dever ter comprimento de 2,80 m a 3,40 m.
*** Cabo com comprimento de 90 cm.
**** Prova realizada com dois atletas do naipe masculino e dois atletas do naipe feminino.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em CBAt, 2020.
As provas oficiais de corrida para o feminino apresentam a mesma 
classificação nas categorias Sub-16 até a categoria Adulto do masculi-
no. Assim como nas provas masculinas, as diferenças estão nas pro-
vas de arremesso e lançamentos. Observe que os pesos são diferentes 
entre o masculino e o feminino e existe diferença do decatlo para os 
Introdução ao atletismo 21
homens e heptatlo para as mulheres. Com relação à categoria Sub-14 
feminino, esta segue a mesma divisão de provas; as únicas alterações 
são no peso do dardo e do martelo, com 100 g a menos.
Quadro 3
Provas oficiais do atletismo feminino
Provas Adulto Sub-23 Sub-20 Sub-18 Sub-16 Sub-14
Corridas
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
5.000 m
10.000 m
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
5.000 m
10.000 m
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
3.000 m
5.000 m
100 m
200 m
400 m
800 m
1.500 m
3.000 m
75m 
250 m
1.000 m
60 m 
150 m
800 m
Corridas com 
barreiras
100 m
400 m
100 m
400 m
100 m
400 m
100 m
400 m
80 m 
300 m
60 m
Corrida com 
obstáculos
3.000 m 3.000 m 3.000 m 2.000 m 1.000 m Não há
Marcha atlética 20.000 m 20.000 m 10.000 m 5.000 m 3.000 m 2.000 m
Revezamentos
4×100 m 
4×400 m
4×100 m 
4×400 m
4×100 m 
4×400 m
4×400 m 
Misto****
4×75 m 4×60 m
Saltos
Distância
Altura
Triplo 
Vara
Distância
Altura
Triplo 
Vara
Distância
Altura
Triplo 
Vara
Distância
Altura
Triplo 
Vara
Distância
Altura 
Triplo
Vara
Distância 
Altura 
Vara **
Arremesso
Lançamentos
Peso (4 kg)Disco (1 kg)
Dardo (600 g)
Martelo (4 kg)
Peso (4 kg)
Disco (1 kg)
Dardo (600 g)
Martelo (4 kg)
Peso (4 kg)
Disco (1 kg)
Dardo (600 g)
Martelo (4 kg)
Peso (3 kg)
Disco (1 kg)
Dardo (500 g)
Martelo (3 kg) 
Peso (3 kg)
Disco (750 g)
Dardo (500 g)
Martelo (3 kg)
Peso (3 kg) 
Disco (750 g) 
Dardo (400 g) 
Martelo 
(2 kg) ***
Combinada Heptatlo Heptatlo Heptatlo Heptatlo Pentatlo Tetratlo
** A vara deve ter comprimento de 2,80 m a 3,40 m.
*** Cabo com comprimento de 80 cm.
**** Prova realizada com dois atletas do naipe masculino e dois atletas do naipe feminino.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em CBAt, 2020.
22 Metodologia do ensino de atletismo
Como falamos no início do capítulo, o atletismo é um conjunto de mo-
dalidades esportivas. Cada uma dessas modalidade possui características, 
especificidades e, ainda, é dividida por gênero e idade; isso torna esse es-
porte ainda mais completo e possibilita inúmeras maneiras de trabalhá-lo 
em espaços escolares. Com tantas opções, imagine o que podemos de-
senvolver na escola com corridas, saltos, arremesso e lançamentos!
1.3 Instalações
Vídeo Para a execução das provas de atletismo, assim como em outros es-
portes, é necessário um espaço específico. Nesse sentido, o conjunto 
de modalidades é praticado na pista e no campo, exceto as corridas de 
rua e as provas combinadas, como vimos anteriormente. Na pista, são 
realizadas as provas de corridas e a marcha, enquanto, no campo, acon-
tecem os saltos, lançamentos e o arremesso. Podemos encontrar pistas 
com tamanhos diversos, entretanto, focaremos nas medidas oficiais.
Figura 6
Pista e campo de atletismo
Áreas para saltos horizontais
• Salto em distância
• Salto triplo
Áreas para 
lançamento 
de dardo
Pistas para 
corridas
Áreas para 
arremesso 
de peso
 200 m
 5.000 m 1.500 m
 800 m
400 m, 400 m 
com barreiras 
e revezamento 
4x100 m10.000 m e 
revezamento 
4x400 m 
3.000 m com 
obstáculos
100 m e 100 m 
com barreiras
110 m com 
barreiras
Áreas para 
lançamento 
de disco e martelo
Áreas para saltos verticais
• Salto em altura
• Salto com vara
Pontos de partida
Ponto de chegada de 
todas as modalidades 
de corrida
Yul
iya
n V
elc
he
v/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Introdução ao atletismo 23
As pistas de atletismo, geralmente, ficam dentro de estádios, 
principalmente as que são utilizadas em competições internacio-
nais; isso se deve ao fato de possuírem arquibancada para o públi-
co e estrutura para recepção e acomodação dos atletas. As provas 
acontecem simultaneamente e, por isso, a pista e o campo possuem 
distribuição organizada para atender a modalidades diferentes ao 
mesmo tempo, ficando apenas as finais com exclusividade.
As pistas de atletismo possuem pisos e tamanhos diferentes, 
mas, de acordo com as regras oficiais da CBAt (2020), a pista deve 
ser construída em formato oval, com duas curvas em formato de 
meia lua que liguem as duas retas. A reta principal pode ser identi-
ficada, na Figura 6, pela linha de chegada (padrão em todas as pro-
vas) e pelo prolongamento, onde acontecem as provas de 100 m; ela 
também atende às corridas com barreiras. Para uma pista receber 
provas oficiais, ela precisa ter certificado de aprovação emitido pela 
World Athletics.
As marcações oficiais determinam que deve haver oito raias me-
dindo 1,22 metros de largura e separadas por faixas de 5 centíme-
tros de largura. Uma volta completa na raia interna (raia 1) mede 
400 metros; a raia mais externa (raia 8) mede 449 metros de exten-
são. Por conta dessa diferença de comprimento entre as raias, nas 
provas acima de 200 metros, que passam pelas curvas, foram fei-
tos os escalonamentos no ponto de partida da prova, assim há uma 
compensação e as distâncias ficam iguais.
No campo, são realizadas as provas de salto em distância, tri-
plo, em altura e com vara, lançamento de disco, martelo e dardo, e 
arremesso de peso. Vamos conhecer as áreas de execução dessas 
modalidades?
Os saltos estão divididos em horizontal (salto triplo e em distân-
cia) e vertical (salto com vara e em altura). Consequentemente, estes 
necessitam de quatros instalações, de acordo com as regras oficiais 
da CBAt (2020).
As provas sempre são realizadas 
em sentido anti-horário. A curva 
logo após a largada é chamada 
de primeira curva e a outra, 
segunda curva.
Importante
24 Metodologia do ensino de atletismo
Para essa modalidade, é necessário um corredor (pista de balanço)me-
dindo entre 40 e 45 metros de comprimento, com largura de 1,22 metros, 
demarcado com linhas brancas de 5 centímetros de largura (a mesma 
dimensão da pista). Além disso, deve haver a tábua de impulsão, que é 
feita de madeira, com 1,22 metros de largura e 20 centímetros de com-
primento; ela deve ser fixada no mesmo nível da pista. Na sequência, 
deve existir um espaço de 1 a 3 metros entre a tábua e a área de queda. 
Esta deve medir entre 2,75 e 3 metros e ser preenchida com areia fofa e 
molhada; sua superfície deve estar no mesmo nível da pista.
SALTO EM DISTÂNCIA
Possui as mesmas medidas da instalação para o salto em distân-
cia. As diferenças ficam por conta da tábua de impulsão, que deve ter 
distância da área de queda de, no mínimo, 13 metros para homens e 
11 metros para mulheres. Além disso, precisa ter, pelo menos, 21 me-
tros até o final da área de queda.
SALTO TRIPLO
Petrovic Igor/Shutterstock
Pe
tro
vic
 Ig
or/
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utt
ers
toc
k
Figura 7
Área do salto 
em distância
Área de queda
2,75 e 3 m
Tábua 
de impulsão
(1,22 m x 20 cm)
de 1 a 3 m
1,22m
Pista de balanço
(entre 40 e 45 m)
Linha branca 
de demarcação 
da pista
(5 cm)
IESDE21m
Figura 8
Área do salto triplo
13 m para homens
11 m para mulheres
Tábua 
de impulsão
Pista de 
balanço
IESDE
Área de queda
2,75 e 3 m 21m
Introdução ao atletismo 25
A instalação dessa modalidade é formada por um corredor com lar-
gura mínima de 16 metros e extensão entre 15 e 25 metros. A área de 
queda deve ter de 5 a 6 metros de comprimento, 3 a 4 metros de largura 
e 70 centímetros de altura. O colchão fica posicionado atrás da fasquia.
SALTO EM ALTURA
Figura 9
 Corredor do salto em altura
Postes
Fasquia
Pista de 
balanço
Colchão de 
queda
Pet
rovi
c Ig
or/S
hut
ters
toc
k
Pe
tro
vic
 Ig
or
/S
hu
tte
rs
to
ck
IESDE70 cm
3 a 4 m
5 a 6 m
15 a 25 m
16 m
 Para essa modalidade, é necessário um corredor medindo entre 40 e 
45 metros de comprimento, com largura de 1,22 metros, demarcado com 
linhas brancas de 5 centímetros de largura (a mesma dimensão da pista). 
O encaixe da vara deve ser enterrado a 20 centímetros de profundidade e 
com a borda visível no mesmo nível da superfície. Em seu início, a caixa de 
apoio da vara tem largura de 60 centímetros e, ao final, 40,8 centímetros 
de altura. O colchão da área de recepção deve medir entre 5 e 6 metros 
quadrados. Nas laterais da abertura de encaixe da vara, encontram-se 
dois apêndices do colchão com 2 metros de comprimento.
SALTO COM VARA
Pista de corrida
(entre 40 e 45 m)
Cerca de 4 m
Caixa de apoio
40,8 cm
20 cm
60 cm
Colchão de
recepção
(entre 5 e 6 m)
Área de aterrissagem
Figura 10
Corredor de 
salto com vara IESDE
1,22 m
26 Metodologia do ensino de atletismo
Para os lançamentos e arremessos, são necessários três espaços. 
Suas respectivas características são apresentadas a seguir.
Compreende um círculo de lançamento com diâmetro interno de 
2,5 metros, com borda na cor branca de 6 centímetros de espessura. 
Nessa modalidade, deve haver uma linha com 75 centímetros de com-
primento e 5 centímetros de largura que vai da borda do círculo em 
direção à área de queda. Ela marca o local de saída das duas linhas 
perpendiculares ao eixo central da área de queda. Esta, por sua vez, 
é constituída de duas linhas brancas de 5 centímetros, formando um 
ângulo de 34,92º. Para que o disco não atinja outras pessoas, no mo-
mento do lançamento, há uma tela de proteção chamada gaiola.
LANÇAMENTO DE DISCO
Figura 11
Gaiola de lançamentode disco
Gaiola
34,92°
Linhas local de saída 
(75 cm)
Formado por um círculo, o local de lançamento conta com diâmetro 
interno de 2,13 metros e borda na cor branca de 6 centímetros de es-
pessura. A frente possui o setor de queda, que é representado por duas 
linhas brancas de 5 centímetros de largura e, assim como no lançamento 
de disco, essas duas linhas formam um ângulo de 34,92º. Para evitar que 
o martelo toque o árbitro ou a plateia, existe a gaiola de proteção.
LANÇAMENTO DE MARTELO
Petrovic Igor/Shutterstock
Petrovic Igor/Shutterstock
IESDE
Círculo de lançamento
(2,5 m)
Introdução ao atletismo 27
Figura 12
Corredor de 
lançamento de 
dardo
Nessa modalidade, há um corredor medindo de 30 a 36 metros de 
comprimento, com 4 metros de largura, e marcado com linhas brancas 
de 5 centímetros de largura. No final desse corredor, fica a área de 
lançamento com 8 metros de diâmetro e no mesmo nível do solo. Duas 
linhas brancas de 5 centímetros de largura, com ângulo de 28,96°, for-
mam o setor de queda.
LANÇAMENTO DE DARDO
O círculo do arremesso possui diâmetro interno de 2,13 metros, 
borda com 5 centímetros de largura e na cor branca. Na parte frontal, 
deve ser fixado um anteparo, normalmente feito de madeira ou aço, 
em formato de meia lua na parte interna, acompanhando o formato 
do círculo. Seu tamanho varia entre 9 e 10 centímetros de altura, apro-
ximadamente, com 1,22 metros de comprimento e 11 a 30 centímetros 
de largura. A área de queda contém duas linhas de 5 centímetros de 
largura, na cor branca, que formam um ângulo de 34,92°.
ARREMESSO DE PESO
Petrovic Igor/Shutterstock
Petrovic Igor/Shutterstock
Figura 13
Círculo do arremesso de peso
Eixo 
central
Linha branca
34,92°
IESDECírculo de arremesso 
2,13 m
Anteparo
9-10x1,22x11-30
Ângulo de 
lançamento 
28,96°
Pista: de 30 a 36 m
Área de lançamento 
8m
Posição de saída
O atleta não deve 
passar desta linha
Alumínio Área de contato
4 m
Dardo feminino Peso: 600 g | Comprimento: 2,20/2,30 m
Dardo masculino Peso: 800 g | Comprimento: 2,60/2,70 m
IESDE
28 Metodologia do ensino de atletismo
Neste capítulo, pudemos compreender a história do atletismo e a 
sua execução até os dias atuais. Com esse conhecimento, foi possível 
abordar a constituição dos órgãos responsáveis pelo esporte no Bra-
sil e no mundo, bem como a institucionalização de diretrizes e regras. 
Foi possível, ainda, conhecer sobre as instalações e competições e, 
dessa forma, compreender a categorização, os métodos e as técnicas 
de cada modalidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O atletismo é um dos esportes mais clássicos que existem, pois pos-
sui os movimentos elementares que representam o comportamento do 
ser humano, como andar, correr, saltar, segurar, lançar e arremessar; 
movimentos estes que, em determinado período da evolução, estavam 
associados à caça e à busca pela sobrevivência, passando para forma-
ção e preparação do homem para guerras e competições, até ganhar o 
status de esporte, com o surgimento das entidades regulamentadoras 
e, por conseguinte, das regras e dos padrões para sua prática.
Observando a peculiaridade do surgimento do atletismo, sua evo-
lução no decorrer dos anos e o status que carrega nos dias atuais, 
podemos considerá-lo como um esporte nobre. Isso se prova ao ve-
rificarmos a mobilização de um evento olímpico e, principalmente, da 
ascensão das corridas de rua.
Pensando na magnitude do atletismo, a quantidade de modalida-
des, classificações, provas, regras e instalações não poderiam ser menos 
complexas. Estamos diante de um esporte que traz um conjunto de ati-
vidades capaz de atender a todos os públicos. É com essa máxima que 
o professor deve iniciar o trabalho no contexto escolar, independente-
mente de espaços (que podem ser facilmente adaptados) e da heteroge-
neidade de capacidades, habilidades e potencialidades dos alunos.
ATIVIDADES
1. O atletismo é uma modalidade que consiste em um conjunto de provas 
esportivas (corridas, saltos, lançamentos e arremessos); existem 
também as provas combinadas, em que os atletas realizam o heptatlo 
(conjunto de sete provas) para o feminino e o decatlo (conjunto de dez 
provas) para o masculino. Explique por que acontece essa classificação 
por gênero masculino e feminino nas provas.
Introdução ao atletismo 29
2. Em uma competição de atletismo, observa-se que, nas provas de 
200 m e 400 m, os atletas não saem da mesma posição na largada. Por 
que ocorrem os escalonamentos no ponto de partida da prova?
3. Em se tratando de saltos horizontais, quais são as principais 
semelhanças e diferenças existentes entre o salto em distância e o 
salto triplo?
REFERÊNCIAS
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. História do Atletismo. São Paulo: CBAt, 2008. 
Disponível em: http://www.cbat.org.br/acbat/historico.asp acesso em: 24 maio 2020. 
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO - CBAt. Regras De Competição e Regras Técnicas 
– 2020: Edição Oficial para o Brasil. São Paulo: CBAt, 2020. Disponível em: http://www.cbat.
org.br/repositorio/cbat/documentos_oficiais/regras/regrasdecompeticaoeregrastecnicas_
edicao2020.pdf. Acesso em 18 maio 2020.
DICIONÁRIO OLÍMPICO. Atletismo. 2020. Disponível em: http://www.dicionarioolimpico.
com.br/. Acesso em: 18 maio 2020.
MARIANO, C. Educação Física: o atletismo no currículo escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak, 
2012.
OLIVEIRA, M. C. Atletismo Escolar: uma proposta de ensino na educação infantil. Rio de 
Janeiro: Sprint, 2006.
30 Metodologia do ensino de atletismo
2
Atletismo na escola
Neste capítulo, abordaremos os aspectos didáticos e metodo-
lógicos do atletismo no contexto escolar, a influência da mídia na 
disseminação da prática esportiva, do seu reconhecimento nas 
aulas de Educação Física e como o professor poderá fazer o seu 
planejamento para que o atletismo se torne prazeroso para o alu-
no e contribua na sua formação enquanto cidadão.
Discutiremos, também, a Base Nacional Comum Curricular 
(BNCC), principalmente com relação às competências gerais e 
específicas, bem como as habilidades a serem desenvolvidas pe-
los alunos nas aulas de Educação Física no ensino fundamental e 
médio. Ainda, discorreremos a respeito do papel do professor no 
ensino do atletismo como um facilitador e mediador da aprendiza-
gem do aluno.
2.1 Aspectos didáticos e metodológicos
Vídeo O atletismo, por muito tempo, foi negligenciado na Educação Fí-
sica escolar e os motivos são diversos. Dentre eles, podemos citar a 
infraestrutura inadequada das escolas, a predominância dos esportes 
coletivos (como futsal, vôlei, handebol e jogo de queimada), o desin-
teresse dos professores e alunos em trabalhar e praticar o atletismo, 
entre outros.
Os esportes possuem papel importante na cultura de uma socie-
dade. Sendo muitas vezes fatores determinantes na sociedade, assim 
também é possível afirmar que os esportes em alta na mídia, que fazem 
parte da grade de transmissão televisiva, representam uma espécie de 
hierarquia em relação aos demais. Os esportes citados anteriormente 
representam o topo dessa hierarquização, já o atletismo figura abaixo 
nesse cenário.
Atletismo na escola 31
Entre vários aspectos, podemos considerar que se o atletismo ti-
vesse maior espaço nos veículos de comunicação, despertaria maior 
interesse. Esse primeiro ponto não seria significativo se a cultura es-
colar influenciasse a mídia e não o contrário. Outro ponto que merece 
atenção, relacionado também à divulgação da modalidade pela mídia, 
é a falta de espaço adequado, incentivos à prática, parcerias e persona-
lidades desse esporte.
Matthiesen (2017) aponta que a mudança desse cenário começa a 
partir da formação superior, isto é, os graduandos precisam aumentar 
o interesse na modalidade para poder desenvolver um trabalho que 
discuta todas as vertentes educativas do atletismo, desde técnicas até 
os aspectos sociais. O baixo interesse dos acadêmicos resulta em difi-
culdades ligadas diretamente ao modo como os conteúdos são plane-
jados e, consequentemente,conduzidos durante as aulas.
Ainda de acordo com Matthiesen (2017), o processo de ensino-
-aprendizagem do atletismo e seus aspectos didáticos e metodológicos 
evidenciam a necessidade de entendimento desse esporte como um 
conjunto de modalidades esportivas de iniciação, devido aos seus fun-
damentos básicos, como correr, saltar, lançar e arremessar.
Atualmente, a esportivização impõe a competição e a vitória como 
os fatores mais importantes de sua prática. Embora reconheçamos 
que o atletismo esteja ligado historicamente ao alto rendimento, na 
escola, precisamos trabalhá-lo de maneira lúdica e recreativa também. 
É importante que esse esporte seja vivenciado no contexto educacio-
nal além do tradicional; isso significa dizer que os valores, tais quais 
respeito, disciplina, ética, espírito de equipe, entre outros, precisam 
fazer parte da formação dos alunos enquanto sujeitos em fase de 
desenvolvimento. Para tanto, partimos do pressuposto de que a maio-
ria dos alunos não se tornarão atletas de alto nível.
Alguns autores, como Matthiesen (2017), consideram que o 
atletismo pode ser organizado na escola em três etapas. A primeira 
seria uma espécie de “pré-atletismo”, em que os alunos correm, saltam, 
caminham e arremessam de maneira natural e espontânea, com base 
em jogos e brincadeiras, executando movimentos básicos. A segunda 
etapa compreende o desenvolvimento desses mesmos movimentos, 
porém, com um nível de dificuldade maior para que sejam aprimora-
das as capacidades motoras, inserindo exercícios mais complexos e 
esportivização: prática de 
transformar jogos e outras 
práticas corporais em esporte 
institucionalizado, ou seja, com 
característica competitiva.
Glossário
32 Metodologia do ensino de atletismo
exigindo maior destreza e habilidade. Na terceira etapa, são realizados 
os movimentos com a intencionalidade e a prática do atletismo, sem 
que haja uma cobrança excessiva para execução do movimento com 
perfeito gesto técnico, pois isso cabe a um programa específico de trei-
namento do atletismo.
Essa abordagem metodológica, possibilitada por meio do brincar, 
garante que o atletismo seja trabalhado na escola de modo prazeroso e 
que atenda a cada estágio do indivíduo, favorecendo o desenvolvimen-
to integral da criança. A prática dos jogos é importante para aperfeiçoar 
a compreensão de convivência e respeito pelo próximo, além de pos-
sibilitar o trabalho de conceitos, ética e cidadania. No jogo, a criança 
expõe seus sentimentos e emoções, promovendo relação constante de 
diversão e interação social.
Os jogos são metodologias e estratégias pedagógicas fundamentais 
que permitem momentos de diálogo, análise e reflexão do que está 
sendo realizado. Assim, é possível construir o conhecimento e traba-
lhar valores, como respeito, responsabilidade, união e cooperação, que 
são importantes para a vida em sociedade.
É por meio dos jogos que a criança aprende a conviver com outras 
pessoas, trocando experiências e ampliando o seu conhecimento. 
Mas, para isso, é importante destacar aqueles em que os participan-
tes jogam uns com os outros e não contra; eles são exercícios para 
compartilhar, unir pessoas e despertar a coragem para assumir riscos, 
tendo pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si.
Durante o jogo, a criança se manifesta com uma naturalidade rara-
mente observada em outras atividades. Na educação infantil, deve-se 
fazer uso dos jogos e brincadeiras na prática pedagógica, pois essas 
atividades fomentam o pensamento da criança.
Com base na concepção do jogo, entende-se que o brincar é par-
te integrante do desenvolvimento infantil; por meio dele, as crianças 
expressam o que vivem e sentem. A brincadeira deve ser encarada 
como algo sério na infância, pois é uma forma natural de as crian-
ças externarem medos, problemas e angústias que enfrentam ou já 
enfrentaram. Ao brincar, a criança adquire a capacidade de simboli-
zação e segue para novos espaços e construção da realidade; duran-
te a brincadeira, ela desenvolve uma atitude positiva diante da vida. 
Nesse ato, o adulto ou criança faz coisas, não se trata apenas de 
Atletismo na escola 33
pensar ou desejar, o brincar é fazer; isso é prático e envolve corpo, 
objetos, tempo e espaço.
O brincar desenvolve capacidades sensoriais, cognitivas, sociais, 
afetivas e psicomotoras na criança, facilitando a construção do apren-
dizado, seja em grupo ou individualmente. É necessário que brinquem 
e vivenciem, em nível simbólico, suas ideias para a compreensão das 
experiências vividas. A brincadeira é caracterizada pela ludicidade e a 
atividade lúdica apresenta aspectos importantes a serem levados em 
consideração, tais como: o tempo e o espaço, os jogadores, os brinque-
dos e objetos, e as ações e reações dos envolvidos.
Com base na compreensão do jogo e da brincadeira, entendemos 
a importância do atletismo experimentado de modo lúdico no âmbito 
escolar. Ao propormos atividades divertidas, os alunos se entregam e 
as fazem com empenho, gerando experiência coletiva e individual, cada 
um com suas próprias impressões no contexto de vida e dos funda-
mentos básicos do esporte.
Segundo Mariano (2012), é preciso rever o atletismo lecionado no 
formato tradicional, que super valoriza a performance, e passar a vê-lo 
como prática educativa que, além de ensinar regras, gestos e técnicas, 
visa à formação global dos alunos, em que todos possam congregar, 
socializar, participar e incluir, para que não seja um esporte apenas 
para os mais habilidosos.
Para promover aspectos didáticos e metodológicos, o professor 
precisa oferecer diversidade nas atividades do atletismo. Nesse senti-
do, as práticas corporais lúdicas, culturais e psicológicas constituem-se 
como parte fundamental nesse processo.
De acordo com Oliveira (2006), ainda existem barreiras para o ensi-
no do atletismo, apresentadas com caráter didático-pedagógico, o que 
implica dizer que os profissionais priorizam outros esportes em detri-
mento do atletismo, deixando de trabalhar o valor cultural do espor-
te. Para o autor, essa escolha evidencia a fragilidade no planejamento 
das aulas de Educação Física na escola, visto que não aborda todos os 
conteúdos propostos pela BNCC e, mais grave, o aluno não vivencia 
a cultura corporal do movimento por meio desse esporte, que possui 
dinâmica indispensável às demais modalidades esportivas.
Precisamos entender o atletismo, além da prática específica da mo-
dalidade, como um importante aliado pedagógico no desenvolvimento 
34 Metodologia do ensino de atletismo
de habilidades para os demais esportes. É um erro acreditar que o atle-
tismo está restrito à pista, ao campo e às regras oficiais; muito pelo 
contrário, ele pode ser trabalhado em quadras, pátios, espaços com 
areia e, até mesmo, dentro da sala de aula, por meio de jogos de mími-
ca, desenhos, maquetes, pinturas, questionários, entre outros. A reali-
dade das escolas brasileiras não garante espaços oficiais para todos os 
esportes, entretanto, é possível desenvolvê-los pedagogicamente.
O artigo Atletismo na escola é possível! Experiência do ensino do atletismo 
em aulas de Educação Física, de João Bressen et al., publicado na revista 
Corpoconsciência em 2018, trata de uma investigação a respeito da pre-
sença do atletismo como conteúdo das aulas de Educação Física em uma 
escola pública. Os autores observam a compreensão limitada de alunos e 
professores acerca de saberes que fundamentam o atletismo em detrimento 
de outros esportes e mostram possibilidades do ensino da modalidade com 
base nas situações diagnosticadas.
Acesso em: 18 maio 2020.
http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/5760
Artigo
Fundamentados por Oliveira (2006), o estímulo e a inserção do atletismo 
na escola necessita da criatividade do professor na utilização de ativida-
des prazerosas que atraiam os alunos, assim todos podem participar. 
Na escola, os movimentos devem ser naturais, com base no que os edu-
candos já fazem,para que eles se sintam motivados nas aulas práticas. 
O planejamento não pode ser complexo a nível dos alunos não consegui-
rem executar movimentos básicos; assim, uma estratégia é a utilização de 
materiais alternativos e que os próprios alunos possam construir.
Sabemos que toda prática esportiva carrega um viés competitivo. 
O direcionamento didático dado na escola, muitas vezes, prioriza 
provas de acordo com o esporte e suas regras oficiais. É importante 
deixar claro que isso não é proibido, porém, o problema é quando o 
professor compreende apenas dessa forma. A consequência disso é 
uma prática que não se torna saudável, com tendência a ser seletiva 
para os mais habilidosos e segregadora para os demais, tornando o 
atletismo desinteressante para os alunos.
Ademais, a popularidade de um esporte influencia bastante em 
sua prática no ambiente escolar e nas preferências dos alunos. Por 
Atletismo na escola 35
isso, orientamos que o professor inicie o conteúdo sob o olhar das 
coberturas dos eventos, dos ídolos dos esportes e de suas marcas e, 
ainda, aborde temas relacionados à modalidade, como as vestimentas, 
marcas, patrocinadores e movimentação do mercado. Dessa forma, os 
alunos poderão ser envolvidos no esporte antes mesmo da prática pro-
priamente dita.
Quanto mais o conteúdo for atraente e envolvente para os alunos 
nas discussões externas, maior será a chance de sucesso dentro da 
escola. Isso exige do professor habilidade de criar, pensar e agir de ma-
neira didática, metodológica e pedagógica em seu planejamento, para 
que o atletismo, no contexto educacional, possa influenciar a vida dos 
alunos e, consequentemente, a sociedade.
2.2 Atletismo e a Base Nacional 
Comum CurricularVídeo
Que o atletismo é conteúdo da Educação Física nós já sabemos, en-
tretanto, alguns questionamentos surgem naturalmente, tais quais: o 
que ensinar? Quando ensinar? Qual é a fundamentação e quais são os 
documentos norteadores? Tais perguntas podem ser respondidas com 
base na BNCC. Logo, antes mesmo de dialogar sobre as possibilidades 
de ensino do atletismo no contexto escolar, é fundamental conhecê-la.
A BNCC é um documento que define as principais competências (ge-
rais e específicas), habilidades e aprendizagens que todos os alunos 
precisam desenvolver ao longo da educação básica, nos níveis de ensi-
no infantil, fundamental e médio. Ela assegura que os conteúdos e suas 
respectivas competências e habilidades sejam trabalhados em todo o 
território nacional, desde as escolas dos grandes centros, até aquelas 
localizadas em regiões mais afastadas.
É importante destacar que a BNCC é um documento basilar, não um 
currículo cujo conteúdo deve ser reproduzido nas escolas; mesmo por-
que ela não traz uma matriz curricular do que precisa ser ensinado aos 
alunos, e sim oferece um conjunto de orientações com vistas a nortear 
os professores na construção dos currículos, entendendo as especifici-
dades de cada região e local.
36 Metodologia do ensino de atletismo
A criação de um documento que determinasse princípios para a edu-
cação básica estava prevista há décadas. Segundo Penteado (2019), uma 
base comum estava prevista desde 1988. O discurso ressurgiu com a 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) no ano de 1996, 
mas somente em 2014 ganhou força, após a proposta ser incluída 
como meta no Plano Nacional de Educação (PNE).
Ainda de acordo com Penteado (2019), a criação de uma Base 
Nacional Comum Curricular visa garantir que todos os estudantes 
possam aprender com base em um conjunto fundamental de conhe-
cimentos comuns, independentemente das escolas serem públicas ou 
privadas, urbanas ou rurais. Espera-se que os riscos de desigualdades 
educacionais sejam reduzidos e, com isso, eleve-se a qualidade da edu-
cação e do ensino no país.
A BNCC estabelece ao longo dos anos da educação básica as apren-
dizagens essenciais, que asseguram aos estudantes o desenvolvimento 
de dez competências gerais. Ela também esclarece o conceito de com-
petência na qual as orientações estão pautadas:
competência é definida como a mobilização de conhecimentos 
(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas 
e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas 
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e 
do mundo do trabalho. (BRASIL, 2018a, p. 8)
Nesse sentido, com base nas competências, os alunos podem desen-
volver habilidades por meio da mobilização de conhecimentos, atitudes 
e valores que a própria BNCC ressalta, como a resolução de questões 
do cotidiano, do mundo do trabalho e para exercer a cidadania.
Vale ressaltar que a BNCC é classificada em parte Comum e parte 
Diversificada. A primeira contempla conhecimentos em comum a todos 
os estudantes e a segunda atende a conteúdos complementares, com 
as especificidades e particularidades de cada região, e pode ser defini-
da por instituições, redes e sistemas de ensino.
Após conhecer brevemente a BNCC, listamos as dez competências 
gerais que o documento apresenta com algumas competências que po-
dem ser desenvolvidas por meio do atletismo. Na coluna à esquerda, 
temos as competências gerais da BNCC e, na coluna à direita, algumas 
características do conteúdo de atletismo.
Atletismo na escola 37
Quadro 1
Competências gerais da educação básica e características do conteúdo de atletismo
Competências gerais da BNCC Características do conteúdo de atletismo
Valorizar e utilizar os conhecimentos histori-
camente construídos sobre o mundo físico, 
social, cultural e digital para entender e explicar 
a realidade, continuar aprendendo e colaborar 
para a construção de uma sociedade justa, 
democrática e inclusiva.
Refletir sobre o processo histórico do atletismo, 
desde as habilidades fundamentais do ser hu-
mano na caça e na pesca como elementos de 
sobrevivência, perpassando pelas competições 
na Grécia e preparação para a guerra, até o 
esporte como é visto e praticado atualmente.
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à 
abordagem própria das ciências, incluindo a in-
vestigação, reflexão, análise crítica, imaginação 
e criatividade, para investigar causas, elaborar e 
testar hipóteses, formular e resolver proble-
mas, e criar soluções (inclusive tecnológicas) 
com base nos conhecimentos das diferentes 
áreas.
Refletir e problematizar a evolução do atle-
tismo, considerando sua institucionalização, 
modernização e conjunto de modalidades 
esportivas com análise das áreas educacionais, 
tecnológicas, da saúde e do esporte.
Valorizar e fruir as diversas manifestações ar-
tísticas e culturais, das locais às mundiais, e par-
ticipar de práticas diversificadas da produção 
artístico-cultural.
Praticar as modalidades do atletismo enquan-
to cultura corporal do movimento nas mais 
diversas formas de expressão do ser humano. 
Observar quais as modalidades mais praticadas 
e as diferenças locais, regionais e mundiais.
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou 
visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, 
visual, sonora e digital –, bem como conhecer 
as linguagens artística, matemática e científica, 
para se expressar e partilhar informações, ex-
periências, ideias e sentimentos em diferentes 
contextos e produzir sentidos que levem ao 
entendimento mútuo.
Entender o movimento humano como forma 
de comunicação e expressão de sentimentos. 
O corpo que corre, salta, lança e arremessa 
é o mesmo que fala, sente, responde e se 
comunica. Por meio dos movimentos presentes 
no atletismo, é possível fazer a correlação com 
as configurações necessárias para a Língua 
Brasileira de Sinais (Libras).
Compreender, utilizar e criar tecnologias digi-
tais de informação e comunicação de maneira 
crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas 
práticas sociais (incluindo as escolares) para se 
comunicar, acessar e disseminar informações, 
produzir conhecimentos, resolver problemas, e 
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal 
e coletiva.
Praticar e discutir os jogoseletrônicos que 
simulam as modalidades, em que, para o 
personagem do jogo correr, saltar, lançar e 
arremessar, é necessário que o jogador faça 
os mesmos movimentos em perfeita harmonia 
entre a máquina e o homem. Com base nisso, 
uma série de discussões pode ser estabelecida.
(Continua)
38 Metodologia do ensino de atletismo
Competências gerais da BNCC Características do conteúdo de atletismo
Valorizar a diversidade de saberes e vivências 
culturais, apropriar-se de conhecimentos e 
experiências que possibilitem entender as 
relações próprias do mundo do trabalho e fazer 
escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e 
ao seu projeto de vida, com liberdade, autono-
mia, consciência crítica e responsabilidade.
Resgatar os jogos e brincadeiras populares que 
acontecem no município, estado ou país, re-
fletindo sobre suas origens e valores culturais. 
Com isso, disseminar os conhecimentos daque-
la comunidade e conhecer outros pertencentes 
a outras comunidades.
Argumentar com base em fatos, dados e infor-
mações confiáveis, para formular, negociar e de-
fender ideias, pontos de vista e decisões comuns 
que respeitem e promovam os direitos huma-
nos, a consciência socioambiental e o consumo 
responsável em âmbito local, regional e global, 
com posicionamento ético com relação ao cuida-
do de si mesmo, dos outros e do planeta.
Conhecer os valores éticos e morais necessários 
à prática do esporte e traçar um paralelo com os 
avanços tecnológicos dos equipamentos, análises 
de desempenho e construção de estádios, muitas 
vezes instalados em locais de preservações 
ambientais. É importante também considerar a 
matéria-prima utilizada na fabricação dos equipa-
mentos e o descarte de copos de água mineral 
nas corridas de rua, entre outros fatores.
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde 
física e emocional, compreendendo-se na diver-
sidade humana e reconhecendo suas emoções 
e as dos outros, com autocrítica e capacidade 
para lidar com elas.
Exercitar o autoconhecimento, a autopercepção 
e a relação da prática esportiva com o seu 
bem-estar físico, social e mental. O saber ven-
cer e perder faz parte do processo de formação 
dos estudantes e precisa ser trabalhado desde 
a educação infantil.
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de 
conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e 
promovendo o respeito ao próximo e aos direi-
tos humanos, com acolhimento e valorização da 
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, 
seus saberes, identidades, culturas e potenciali-
dades, sem preconceitos de qualquer natureza.
Praticar o atletismo não é apenas um ato com-
petitivo; antes de qualquer coisa é um ato co-
letivo. Com base nesse entendimento, o aluno 
percebe que não é simplesmente jogar contra 
o outro, mas sim jogar com o outro, partindo 
do princípio de que se o importante é competir, 
o fundamental é cooperar.
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, 
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e 
determinação, tomando decisões com base 
em princípios éticos, democráticos, inclusivos, 
sustentáveis e solidários.
Valorizar a garra, determinação, foco, disciplina, 
força de vontade e respeitar o próximo são 
atitudes indispensáveis na prática esportiva. A 
capacidade de perceber que aprendemos com 
as diferenças presentes em nosso dia a dia faz 
de nós indivíduos melhores.
Fonte: Organizado pelo autor com base na BNCC, 2018a.
Atletismo na escola 39
Podemos observar, no quadro, as competências gerais da BNCC 
e como o atletismo se correlaciona com a proposta do documento 
norteador. Esse é um exemplo do que se espera das equipes pedagó-
gicas na formulação da proposta curricular, isto é, que estabeleçam os 
conteúdos a serem trabalhados com os estudantes, fundamentados e 
direcionados pelas competências.
De acordo com a BNCC (2018a, p. 213), a Educação Física se apre-
senta como “o componente curricular que tematiza as práticas corporais 
em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas 
como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, pro-
duzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história”. Parte-se, 
assim, do pressuposto de que o movimento humano está inserido na 
cultura, não sendo limitado a um período de tempo, nem ao corpo.
Nesse contexto, entende-se que as práticas corporais desenvolvidas 
na escola devem ser abordadas como um fenômeno cultural dinâmico. 
Desse modo, os alunos poderão construir e reconstruir conhecimen-
tos que possibilitem a ampliação de sua consciência a respeito de seus 
movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros, além de 
desenvolver autonomia para apropriação e utilização da cultura corpo-
ral de movimento em diversas finalidades, favorecendo a participação 
de modo confiante e autoral na sociedade (BRASIL, 2018a).
A BNCC classifica os conteúdos da Educação Física na educação básica 
em seis unidades temáticas: Jogos e Brincadeiras, Esportes, Ginástica, 
Danças, Lutas, e Práticas Corporais de Aventura. O atletismo está cate-
gorizado em Esportes, precisamente como Esporte de Marca e Precisão, 
conceituado como o “conjunto de modalidades que se caracterizam por 
comparar os resultados registrados em segundos, metros ou quilos (pa-
tinação de velocidade, todas as provas do atletismo, remo, ciclismo, le-
vantamento de peso etc.)” (BRASIL, 2018a, p. 214).
O atletismo é contemplado na unidade temática de Jogos e Brin-
cadeiras pelas atividades de iniciação, pelos jogos populares e muitos 
outros, trabalhando os movimentos básicos da modalidade; e na uni-
dade de Práticas Corporais de Aventura, principalmente pela crescente 
prática de trail run (corrida de trilha) e trekking (caminhada realizada em 
montanhas, serras etc).
Com base nas competências gerais, é possível chegar às competências 
específicas da Educação Física na BNCC, para compreender o atletismo e 
40 Metodologia do ensino de atletismo
seu encaixe de maneira singular na educação básica para o desenvol-
vimento das habilidades previstas. As cinco primeiras competências 
buscam: compreender a origem da cultura corporal do movimento, 
planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as 
possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, refletir critica-
mente sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os 
processos de saúde/doença, identificar a multiplicidade de padrões de 
desempenho, saúde, beleza e estética corporal, e identificar as formas 
de produção dos preconceitos (BRASIL, 2018a).
Portanto, considerando essas competências específicas, podemos 
incluir o atletismo com caráter de iniciação nas unidades temáticas de 
Jogos e Brincadeiras e Esportes de Marca e Precisão nos 1º e 2º anos 
do ensino fundamental, de acordo com os objetos de conhecimento 
previstos e classificados pela Base.
Já as outras cinco competências específicas visam interpretar e re-
criar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes 
práticas corporais, reconhecer as práticas corporais como elementos 
constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos, usufruir das 
práticas corporais de maneira autônoma para potencializar o envol-
vimento em contextos de lazer, reconhecer o acesso às práticas cor-
porais como direito do cidadão, e experimentar, desfrutar, apreciar e 
criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas 
e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o 
protagonismo (BRASIL, 2018a).
Nesse sentido, a aplicação do atletismo pode acontecer nas unidades 
temáticas de Jogos e Brincadeiras, Esportes de Marca e Precisão e Prá-
ticas Corporais de Aventura. O trabalho com o atletismo está presente 
nos 6º e 7º anos do ensino fundamental com foco no aprofundamento 
das práticas corporais, bem como na sua compreensão e realização nos 
contextos de lazer e saúde, dentro e fora da escola.
Na etapa do ensino médio, compreende-se que os estudantes já 
possuem um nível maior de habilidades, pensamento crítico e abstrato.Por isso, os conteúdos são constituídos por áreas temáticas, e a Edu-
cação Física faz parte da área de Linguagens e suas Tecnologias, 
que, de acordo com a própria BNCC – Ensino Médio (2018b, p. 473), 
“busca consolidar e ampliar as aprendizagens previstas na BNCC de 
Ensino Fundamental nos componentes Língua Portuguesa, Arte, 
Educação Física e Língua Inglesa”.
Ao ler o seguinte QR Code com 
seu celular, você pode acessar 
o documento da BNCC. As habili-
dades específicas do atletismo 
na Educação Física escolar para 
o ensino fundamental estão da 
página 227 em diante.
Dica
Atletismo na escola 41
Logo, ao trabalhar o atletismo nessa etapa da educação básica, os 
alunos são capazes não apenas de desenvolver condicionamento físico, 
consciência corporal, lazer e saúde, mas de se movimentar “com dife-
rentes intencionalidades, construídas em suas experiências pessoais e 
sociais com a cultura corporal de movimento” (BRASIL, 2018b, p. 475).
Dessa forma, a Educação Física tem um papel fundamental na for-
mação de sujeitos capazes de desfrutar, construir e transformar com 
base na cultura corporal do movimento, tornando-se responsáveis por 
tomar decisões conscientes, éticas e reflexivas diante das práticas cor-
porais em sua vida e na sociedade.
Partindo desse pressuposto, a forma de abordagem do atletismo 
contribui de maneira significativa para a constituição de valores como 
ética, respeito, altruísmo, determinação, disciplina e foco, indispensá-
veis para a vida acadêmica, pessoal e profissional.
Ao ler o seguinte QR Code com 
seu celular, você pode acessar o 
documento da BNCC. Na página 
483, já na parte que trata do 
ensino médio, você encontrará as 
habilidades específicas da área.
Dica
2.3 O papel do professor no ensino do atletismo
Vídeo As constantes mudanças das práticas metodológicas, que vem 
acompanhando a evolução tecnológica e as necessidades dos atuais 
estudantes, têm sido de grande importância para um ensino adequa-
do à realidade educacional. Entretanto, tais mudanças exigem do pro-
fessor cada vez mais criatividade e atualização para desenvolver sua 
práxis docente.
O papel do professor está ainda mais desafiador na medida em 
que sua finalidade se expande de maneira síncrona aos avanços tec-
nológicos, com a inserção de elementos mais dinâmicos e atraentes ao 
mundo do aluno. Dessa maneira, o professor precisa tornar o conteú-
do prazeroso, chamando a atenção dos estudantes, considerando suas 
experiências e o contexto no qual estão inseridos.
A contemporaneidade não admite mais a transmissão de conteúdo; o 
professor não é apenas aquele que transfere conhecimento e o aluno não 
é o reprodutor desse conhecimento engessado. Nos dias atuais, o profes-
sor media e conduz o aluno ao saber e esse aluno descobre, cria, recria 
e adquire novos conhecimentos, com base no que já está consolidado.
Segundo Libâneo (1998, p. 29), a função do educador vai além de 
depositar conhecimento, “ele deve se envolver no universo dos edu-
candos para poder pinçar temas que fazem parte dos seus saberes, 
42 Metodologia do ensino de atletismo
para então situar novos assuntos no grupo de informações que já esta-
vam preestabelecidas”.
Todo material produzido, a exemplo dos livros didáticos, pode e deve 
ser considerado, uma vez que fazem parte da produção do conhecimen-
to materializado; mas, antes de qualquer coisa, precisa ser entendido 
como a partida para o descobrimento de outros conhecimentos.
O papel do professor não é reproduzir, repetir ou revisar conteú-
do; a prática do ensinar requer renovação, criatividade e utilização de 
novos componentes que levem o aluno a pensamentos mais críticos, 
reflexivos e práticos. Podemos usar como exemplo o ensino da mo-
dalidade corrida de rua: além de trabalhar o conhecimento técnico de 
distâncias, passadas e exercícios coordenativos, é fundamental que o 
professor conduza os alunos a uma análise dos fatores sociais, políticos 
e econômicos presentes na corrida, tais como lazer, saúde, meio am-
biente, investimentos para a prática, entre outros.
Nesse sentido, cabe ao professor a responsabilidade da dissemina-
ção e estímulo do pensamento crítico e reflexivo do aluno na relação 
entre o conteúdo específico, a abordagem básica de compreensão do 
assunto e as análises da utilização e importância desse conhecimento 
para as situações de vida e aplicabilidade na sociedade.
Quando o professor assume o papel de mediar a aprendizagem dos 
alunos, já trata-se de uma situação inovadora, pois, historicamente, 
ele foi visto como o detentor de todo o saber. Portanto, é indispen-
sável que o docente renove sua metodologia e atualize o processo 
didático-pedagógico de ensinar e aprender.
Ao mediar, o professor facilita o processo de maneira que a informação 
se converta em conhecimento e novas aprendizagens. Ter a resposta para 
todas as perguntas não se trata de, necessariamente, ser o melhor, mas 
sim de descobrir com o estudante e, principalmente, fazer boas pergun-
tas, levando em conta a experiência do aluno além dos muros da escola.
Quando, por exemplo, um aluno questiona sobre o recorde do salto 
em altura, é apenas uma curiosidade, porém, quando o professor leva 
o aluno a refletir sobre a altura atingida e faz perguntas do tipo: quais 
fatores podem influenciar a altura desse recorde? Por que antigamente 
não chegaram a essa marca? Os tênis, equipamentos e treinos eram di-
ferentes? Foi devido aos avanços tecnológicos e da medicina esportiva? 
Questionamentos como esses elevam o conhecimento a outro pata-
Atletismo na escola 43
mar e, por consequência, a aprendizagem torna-se mais significativa e 
transcende a sala de aula.
Chamamos isso de intencionalidade. Para colocar o aluno como 
protagonista do seu aprendizado, ele precisa adotar uma postura de 
proatividade, mas o professor deve encaminhá-lo ao conhecimento 
provocando reflexões, despertando o desejo pelo que está sendo es-
tudado e relacionando o conteúdo com outras situações por meio de 
uma construção autônoma e crítica.
Antes de tudo, o professor precisa ter em mente que sua função é 
formar cidadãos por meio da cultura corporal do movimento, tornan-
do-os sujeitos autônomos, críticos e instruídos ao cuidar de si mesmos, 
identificando diferenças étnicas, sociais e culturais. Nessa perspectiva, 
o papel do professor no ensino do atletismo é utilizar a história e os fun-
damentos e técnicas das modalidades para promover a construção do 
conhecimento e contribuir com a formação do indivíduo na sociedade.
É importante que o professor observe o leque de opções no atle-
tismo para despertar o prazer e um novo significado para o aprendi-
zado no aluno. Independentemente se o conteúdo for técnico ou não, 
ele precisa desenvolver capacidades físicas, motoras, afetivas e sociais 
para que haja uma formação integral e humanizada.
De acordo com Matthiesen (2017), para que o atletismo ganhe mais 
espaço na escola, é necessário, por exemplo, que o professor não tra-
balhe o correr simplesmente por correr, assim como o saltar por saltar 
e o arremessar e lançar como atos simples e sem significados. Estes 
devem ser contextualizados, discutidos, refletidos e analisados sob a 
ótica da integralidade e interdisciplinaridade.
O artigo Atletismo Escolar: possibilidades e estratégias de objetivo, conteúdo 
e método em aulas de Educação Física, publicado por Carmen Marques e 
Jacob iora na revista Movimento em 2009, apresenta uma crítica sobre a 
utilização do atletismo apenas com métodos que visam ao alto rendimento, 
desprezando criatividade, novas formas de movimento e inserção destas no 
contexto dos esportes. Propõe-se o ensino do esporte na escola com fins 
pedagógicos e utilizando metodologias que se adequem tanto à realidade 
escolar quanto aos espaços disponíveis para as aulas práticas.
Acesso em: 18 maio 2020.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/3078
Artigo
44 Metodologia do ensino de atletismo
Portanto, é fundamental que, na escolha dos conteúdos curriculares

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