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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6
Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
¹Especialista em: Educação Especial Inclusiva e Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Graduada 
em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio, 
professora de Língua Portuguesa e Língua Inglesa da rede pública de ensino do Estado do Paraná, 
atuando no Colégio Estadual Professor Aídes Nunes da Silva em Congonhinhas-PR, e participa do 
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da SEED-PR. 
²Professor do Curso de Letras do CLCA – UENP/CCP, Membro dos Grupos de Pesquisa CRELIT 
(UENP) e “Leitura e Literatura na Escola” (UNESP – Assis), Pesquisa nas áreas de: Literatura 
Brasileira, Literatura Infantil e Juvenil, Leitura. 
LITERATURA INFANTIL: UMA POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO 
 
 
Autora: Elizângela Idalgo Regallo Maria¹ 
Orientador: Thiago Alves Valente² 
 
 
Resumo: O presente artigo visa discutir a importância da literatura infantil, como auxiliadora no 
processo da inclusão, visto que, a literatura amplia o conhecimento e favorece a discussão em 
relação a temas que envolvam situações- limite. Sua utilização em sala de aula contribui no processo 
de ensino- aprendizagem, com o objetivo de refletir sobre a diversidade, atendendo a todos os alunos 
independentes de suas características pessoais. Ao trabalhar a literatura como uma possibilidade de 
inclusão, estamos oportunizando aos nossos educandos a formação de pessoas desprovidas de 
preconceitos e abertos às diferenças. Este trabalho busca através de histórias despertar nos alunos o 
gosto pela leitura literária, o conhecimento e o respeito, pois a literatura vai além de sua função 
estética, ela colabora para a formação de uma consciência crítica do leitor, mostrando assim sua 
função social e cognitiva. O objetivo é incluir os alunos em uma discussão problematizadora, ainda 
que ao nível de um sexto ano, no contexto de um tipo de texto- o literário- cuja natureza é a mais 
apropriada para a ruptura de estereótipos. 
 
 
 
Palavras- Chave: Leitura literária. Literatura infantil. Contação de história. Inclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A literatura Infantil vem com o passar dos tempos se transformando em um 
instrumento de grande importância para a formação e desenvolvimento das 
crianças. Ela tem um grande significado nesse desenvolvimento, pois a leitura de 
histórias influencia todos os aspectos da educação como afetividade, sensibilidade, 
compreensão, inteligência e respeito. 
A literatura Infantil faz parte da cultura de um povo e como instrumento 
pedagógico auxilia no processo de construção e desenvolvimento do conhecimento. 
Com isso, estar em contato com a literatura é despertar no íntimo da criança seus 
prazeres, seus desejos e também suas angústias. Ela oportuniza a criança viver 
intensamente suas experiências e descobertas, através de sua imaginação criadora. 
A literatura amplia o conhecimento e favorece a discussão em relação a 
temas atuais. A Literatura Infantil deve ser usada em nossas aulas, com o objetivo 
de proporcionar aos nossos alunos outra visão da realidade, onde eles possam 
refletir sobre os acontecimentos, problemas e formas para resolver determinadas 
situações. Sendo assim, a função da Literatura é contribuir para a formação de 
pessoas críticas que possam utilizar seu conhecimento de mundo e produzir novos 
conhecimentos. Portanto, a Literatura promove prazer e entretenimento, além de 
desenvolver a criatividade, a imaginação e o senso crítico. 
Quando pensamos nos alunos com necessidades especiais nos leva a 
repensar esse contexto onde ele é inserido. Por este motivo, este artigo busca 
através de histórias despertar nos alunos o gosto pela leitura, o conhecimento e o 
respeito pelas pessoas que necessitam de atendimento especial. 
Trabalhar com a Literatura Infantil é refletir acerca da possibilidade de se 
ofertar uma experiência significativa que envolva situações-limite para o 
desenvolvimento da reflexão do leitor em escolarização. A cada dia que passa nos 
deparamos com experiências novas em relação à escola inclusiva, e isso nos faz 
repensar a nossa prática pedagógica com o intuito de abordar temas que mereçam 
atenção e consequentemente trabalhá-los de forma que possam servir como fonte 
de estudo e conscientização. 
 O interesse pelo estudo sobre Literatura Infantil e Inclusão surgiu de 
observações de minha prática pedagógica em sala de aula. A escolha do tema veio 
 
 
ao encontro também das necessidades existentes por parte dos alunos em relação 
aos assuntos relacionados à diversidade e inclusão e sua aceitação em relação aos 
colegas com necessidades especiais em sala de aula. 
Diante desse fato, algumas questões foram levantadas: 
Que tipo de leitura pode proporcionar uma experiência de vida mais intensa 
com temas difíceis como a inclusão? 
Se fora literatura, especificamente, qual literatura pode dialogar com o 
processo de inclusão? 
Quais as características necessárias a esses livros? 
Portanto, a utilização da literatura infantil em sala de aula é uma ferramenta 
indispensável na construção da aprendizagem, pois incentiva os alunos à leitura e 
exerce um importante papel na formação da criança. Sob esta perspectiva Coelho 
salienta que: 
A escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as 
bases para a formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os 
estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer 
outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas 
múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura 
do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e 
conhecimento da língua, da expressão verbal significativa e consciente- 
condição sinequa non para a plena realidade do ser. (COELHO, 2005, p. 
16). 
 
Portanto, a literatura é um espaço produtivo para formar nossos 
pensamentos, ideais, atitudes, enfim, uma possibilidade de descobrir e compartilhar 
ideias, emoções e sentimentos. 
A literatura deve ser vista como uma forma de estimular e incentivar o aluno 
em relação à leitura de obras literárias e oferecer-lhes textos literários de qualidade 
é proporcionar-lhes oportunidades de pensar, questionar e resolver conflitos.A leitura 
é um fator determinante para cada indivíduo na sociedade, pois é através dela e de 
seu domínio que se pode exercer a cidadania de uma forma plena, sem preconceito 
e discriminação. Nesse sentido o material produzido parte de um caráter 
instrumental, de uso de textos para conscientização sobre as diferenças, para o 
caráter literário de cunho emancipatório, buscando problematizar o tema. 
 
 
 
 
 
2 LITERATURA INFANTIL: NOVOS CAMINHOS 
 
Nos pressupostos teóricos das Diretrizes Curriculares da Educação Básica 
(2008), a literatura é vista como produção humana, pois está ligada à vida social. O 
produto literário está sujeito a mudanças históricas, por este fato deve ser 
apreensível em suas relações dialógicas com outros textos e sua articulação com 
outros campos: o contexto de produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a 
história, a economia, entre outros. 
Cândido (1972), citado nas DCEs, ressalta que “a literatura é vista como arte 
que transforma, humaniza o homem e a sociedade” (DCEs, 2008, p. 57), portanto o 
trabalho com a literatura infantil é importante desde a mais tenra idade, 
oportunizando assim condições para que o indivíduo adquira conhecimento e ao 
mesmo tempo contribuição para sua formação pessoal. Segundo o autor, a literatura 
tem três funçõesespecíficas: a psicológica, a formadora e a social. A função 
psicológica faz com que o homem fuja da realidade, mergulhando num mundo de 
fantasias, a função formadora na visão do autor é que a literatura por si só faz parte 
da formação do sujeito, e que esta atua como instrumento de educação e a função 
social é a forma como a literatura mostra os diversos segmentos da sociedade, 
portanto é a representação social e humana. 
No que se refere à Literatura Infantil, esta teve um longo caminho a seguir até 
a sua consolidação, pois as primeiras obras literárias que foram escritas para o 
público infantil surgiram no século XVIII. Lajolo e Zilberman (2009.p. 23 ), ressaltam 
que” a literatura infantil brasileira só veio a surgir muito tempo depois, quase no 
século XX”, embora se ouvisse falar de algumas obras escritas para crianças. 
As obras produzidas nas duas primeiras décadas do século XX tinham a 
finalidade de educar, apresentar modelos, moldar as crianças de acordo com o 
desejo dos adultos, ou seja, elas retratavam o caráter ético- didático. A obra não 
tinha o objetivo de incentivar a leitura como forma de prazer, pois existiam poucas 
histórias que retratavam o cotidiano e a vida das crianças de uma forma lúdica. 
O respeito ao imaginário infantil se deu a partir de Monteiro Lobato, pois a 
criança passou a ter suas próprias vontades e vozes nas histórias. Lobato foi o 
precursor de uma nova maneira de se escrever literatura infantil, embora essa 
literatura ainda tivesse que passar por grandes transformações no campo político, 
 
 
social e tecnológico. Através dessas mudanças a literatura infantil passou a valorizar 
a diversidade de valores, as transformações do homem e os sentimentos das 
crianças. 
Por esse motivo, após a década de setenta a produção literária infantil deixa 
de ser apenas um recurso pedagógico e passa a dar importância ao lúdico, o 
libertador, além do pragmático e do cognitivo. 
Com a publicação em 1921 da obra Narizinho arrebitado, Monteiro Lobato 
inicia uma nova estética da literatura infantil, tendo-a como arte capaz de modificar a 
percepção de mundo e transformar seus leitores. Diante disso o leitor passa a 
enxergar a realidade pelos seus próprios conceitos, despertando-lhe o senso crítico, 
através de problemas políticos, sociais, econômicos e culturais dos personagens. 
Zilberman e Magalhães (1987, p. 137-138) ressaltam que: 
 
Não apenas pela naturalidade das frases e pela espirituosidade da 
nomeação, Lobato capta o leitor para o seu mundo ficcional; o estímulo a 
ver a realidade por conceitos próprios, incitando o senso crítico de um leitor 
que, tradicionalmente, é chamado para aceitar e propagar verdades 
prontas, constitui-se em elemento de relevante atrativo para a criança. O 
conjunto da obra de Monteiro Lobato apresenta problemas sociais, políticos, 
econômicos e culturais que, através das especulações e discussões das 
personagens, são vistos criticamente”. 
 
A importância das histórias para o conhecimento e formação das crianças é 
muito significativa, pois proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social 
e cognitivo. Sob esta perspectiva Abramovich salienta que: 
 
É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros 
tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar 
sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar 
saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... 
Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser 
Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas 
da compreensão do mundo). (ABRAMOVICH, 2004, p. 17). 
 
Portanto, é através da leitura e de seu prazer que as crianças começam a 
enxergar sentimentos, curiosidade, a conviver com a dor, perdas e muitos outros 
sentimentos. É uma forma de provocar o imaginário e de criar possibilidades de 
descobrir conflitos e soluções, através dos problemas que vão sendo apresentados 
pelas personagens de cada história. 
A literatura tem um papel fundamental, pois além de proporcionar prazer ela 
também tem como objetivo informar, ou seja, tratar de assuntos que colaboram para 
 
 
o crescimento e desenvolvimento das crianças, pois estas querem saber de tudo de 
uma maneira que suas indagações possam ser respondidas de forma satisfatória. 
De acordo com Abramovich (2004, p. 98). 
 
A criança, dependendo de seu momento, de sua experiência, de sua 
vivência, de suas dúvidas, pode estar interessada em ler sobre qualquer 
assunto... A questão é saber como o tema é abordado: se sem medo, sem 
reservas, sem fugir das questões principais ou fazer-de-conta que não 
existem... Ou, colocando num parágrafo, cheio de evasivas, mil explicações, 
às vezes até confusas ou atabalhoadas, não dando nem tempo para que a 
criança leitora pense, elabore, resolva, se identifique, concorde, discorde, 
critique, negue etc. a forma como tal ou qual questão está sendo explicada/ 
proposta/ vivida/ resolvida/ lidada. 
 
Diante disso fica evidente que a forma como é retratado o tema nas histórias 
infantis é muito importante para o desenvolvimento de um leitor crítico, pois o 
assunto abordado deve servir como suporte para que a criança possa ler, interpretar 
e tirar suas próprias conclusões, de forma que esta possa utilizar seus 
conhecimentos prévios e ampliar seu horizonte de expectativas. 
Deve-se trabalhar a literatura na escola em sua dimensão estética, 
valorizando a relação entre o leitor e a obra, pois é na obra que se confronta o 
mundo do autor com o do leitor. Abramovich traz em seu texto ainda: 
 
Mas, sobretudo, o assunto tem que ser importante, mobilizador, verdadeiro 
para o autor, para que o trate de modo inteiro, digno... Senão vira uma 
grande bobagem, pois o preconceito surge nas entrelinhas, a não convicção 
do escritor se flagra num parágrafo ou capítulo inteiro, se desmente pela 
boca duma personagem, se percebe o mal- estar do autor... Quer dizer, 
abordou um tema contemporâneo, mas de modo antigo, mofado, boboca... 
Se violentou e não esclareceu nenhum leitor... (ABRAMOVICH, 2004. p. 
100). 
 
O trecho acima faz-nos refletir sobre a necessidade de se escrever livros para 
o público infantil, na qual os assuntos devem ser importantes e verdadeiros de uma 
forma que essas narrativas possam salientar o gosto e o interesse de uma forma 
natural na busca por explicações que sejam convincentes e ao mesmo tempo 
tratadas de forma suave e divertida. 
Um fator importante para a relação do leitor com a literatura é a adequação 
dos textos às diversas etapas do desenvolvimento infantil. 
De acordo com Coelho (2005), a partir do conhecimento da psicologia 
experimental em relação ao conhecimento humano, a ideia que tínhamos de criança 
muda, e isso se torna muito importante para a literatura infantil, pois a partir daí 
começou a se adequar e a escrever com autenticidade para as crianças. 
 
 
3 LITERATURA INFANTIL E A INCLUSÃO 
 
A beleza do mundo está justamente no fato de todos serem diferentes uns 
dos outros. 
 Claudio Galperin 
 
 
A literatura infantil tem um grande significado, porque através dela a criança é 
inserida no mundo simbólico, na qual ela pode muitas vezes colocar-se no lugar dos 
personagens, fazendo inferências sobre os acontecimentos. As histórias permitem 
às crianças identificar as imagens e seus significados, pois estas revelam o mundo e 
a realidade. Diante desses fatos Cândido salienta que: 
 
O indivíduo precisa aprender a perceber que há muitas maneiras de ver o 
mundo, a conhecer-se, ver suas próprias características sem ignorar o que 
é consideradobom ou mau; precisa aceitar-se como é (sua aparência, seu 
modo de agir e pensar); aprender a conviver melhor com o outro e a ter 
paciência consigo mesmo; dar-se um tempo e, mais que tudo, perceber os 
progressos que faz diariamente; precisa aprender a enfrentar os medos e as 
dificuldades; perceber todo o seu valor; respeitar-se pelo que pode ou não 
pode pensar e fazer. 
 
Atualmente a literatura infantil ganhou destaque no campo literário, mas como 
marca de inclusão vem se manifestando a cada dia como um instrumento 
significativo e importante para essa nova visão. A literatura tem o poder, através de 
seu prazer, despertar nas crianças atitudes que possam contribuir para a aceitação 
e respeito às diferenças. Em relação à inclusão Carvalho, aponta: 
 
O conceito de escolas inclusivas pressupõe uma nova maneira de 
entendermos as respostas educativas que se oferecem, com vistas à 
efetivação do trabalho na diversidade. Está baseado na defesa dos direitos 
humanos de acesso, ingresso e permanência com sucesso em escolas de 
boa qualidade (onde se aprende a aprender, a fazer, a ser e a conviver), no 
direito de integração com colegas e educadores, de apropriação e 
construção do conhecimento, o que implica, necessariamente, previsão e 
provisão de recursos de toda a ordem. 
E mais, implica, incondicionalmente, a mudança de atitudes frente às 
diferenças individuais, desenvolvendo-se a consciência de que somos todos 
diferentes uns dos outros e de nós mesmos, porque evoluímos e nos 
modificamos. (CARVALHO, 2010, p. 36). 
 
A Educação Inclusiva é uma forma de promover a participação de todos 
independentemente de suas condições físicas, intelectuais ou sociais, buscando a 
inclusão entre as crianças com necessidades especiais e os demais colegas da 
classe. A utilização da literatura infantil em sala de aula é um instrumento facilitador 
 
 
para a construção da aprendizagem, pois permitirá através da leitura de obras 
literárias o conhecimento das diversidades e consequentemente sua valorização. 
As diferenças e a inclusão foram temas merecedores de pouca valorização 
durante muito tempo dentro e fora das criações literárias, onde os personagens não 
eram aceitos, mas sim apontados somente pelas suas diferenças e sua falta de 
aceitação nas histórias. Em relação a isso Silva afirma: 
 
Durante muito tempo as diferenças foram ignoradas, tanto na vida como na 
literatura. Quando se apresentavam, provocavam um duplo olhar, dividido 
entre o preconceito e a compaixão. Em geral, o olhar que via o diferente era 
depreciativo, voltava-se para baixo, via o inferior a si. Nas narrativas de 
ficção buscava-se a cura ou a negação da deficiência, não a sua aceitação. 
(SILVA, 2010, p.188). 
 
Alguns escritores contribuíram para a divulgação dessa nova realidade. Entre 
eles podemos citar Lygia Bojunga e Marcos Rey. No que se refere à escritora, esta 
abordou o tema da diferença em suas primeiras criações, de forma bastante 
genérico e alegórico, mas em seus trabalhos atuais começou a trabalhar as diversas 
formas de preconceito de uma forma clara e objetiva. Marcos Rey foi o precursor de 
personagens com deficiência nos livros infantis e juvenis na virada do século. Seu 
primeiro personagem criado em 1981 foi Gino, um menino paraplégico, mas que 
ninguém o via como uma pessoa que merecia ser tratado com pena, pois este se 
mostrava uma pessoa apta a desenvolver de forma significativa suas qualidades. 
Com isso a literatura infantil e juvenil contribuiu para uma nova visão sobre a 
inclusão e um novo olhar da literatura em relação às questões relacionadas às 
diferenças. 
A literatura infantil com o recurso de inclusão é ressaltada por Cândido, ao 
enfatizar: 
 
A literatura infantil e juvenil pode ser um elemento facilitador na promoção 
da inclusão: há um despertar que promove a identificação com os 
problemas físicos, sociais e emocionais dos personagens. Sensibilizado e 
envolvido pelo contexto da história, o leitor é instigado a atuar mais 
solidariamente, pois há uma quebra natural de preconceitos. (CÂNDIDO). 
 
De acordo com Zardo e Freitas (2004), a literatura infantil é uma forte aliada 
para a promoção da inclusão em sala de aula. 
 
A literatura infantil pode ser o cerne da construção de uma educação 
inclusiva, pois operando a partir de sugestões fornecidas pela fantasia e 
imaginação, socializa formas que permitem a compreensão dos problemas 
e demonstra-se como ponto de partida para o conhecimento real e a adoção 
de uma atitude que valorize as diferenças e as particularidades. (apud 
SILVA; SIMPLÍCIO, 2009). 
 
 
Com esta afirmação percebe-se que a literatura infantil é uma necessidade 
básica para a formação da criança e um significativo recurso para mudanças nas 
representações sociais relacionadas com as diferenças, podendo ser o ponto de 
equilíbrio entre o imaginário e o real. 
O tema da inclusão, na literatura infantil, é representado através do 
conhecimento da realidade, a verdade, a desconstrução de estereótipos, a busca 
pela identidade individual, a superação das dificuldades e a aceitação dos 
problemas de uma forma natural. Em relação a isso Coelho (2005), relata que a 
literatura infantil é uma abertura para formação de uma nova mentalidade e um 
agente formador, e que há uma nova visão em relação aos seus conceitos. Sobre 
essa nova consciência de mundo a autora enfatiza: 
 
Da mesma forma, toda leitura que, consciente ou inconscientemente, se 
faça em sintonia com a essencialidade do texto lido, resultará na formação 
de determinada consciência de mundo no espírito do leitor; resultará na 
representação de determinada realidade ou valores que tomam corpo em 
sua mente. Daí se deduz o poder de fecundação e de propagação de ideias, 
padrões ou valores que é inerente ao fenômeno literário, e que através dos 
tempos tem servido à humanidade engajada no infindável processo de 
evolução que a faz avançar sempre e sempre... (COELHO, 2005, p. 50). 
 
Observa-se que atualmente há uma significativa preocupação por parte dos 
autores de literatura infantil, em trazer em suas obras discussões a cerca das 
diferenças e da inclusão. Essa nova forma de escrever possibilita o envolvimento do 
leitor com a obra literária, pois ao escrever sobre situações do cotidiano, estas 
ensinam, formam e levam à reflexão. As histórias infantis estão valorizando a 
diversidade e o direito à diferença de uma forma que estas passam a contribuir para 
o desenvolvimento social, a criticidade e a melhoria das atitudes das crianças 
enquanto participante ativo da sociedade. 
Os problemas relatados nos livros infantis, as experiências vivenciadas e 
identificadas pela criança nas histórias, fazem com que a literatura infantil contribua 
com o processo de inclusão. As histórias ajudam na desconstrução de conceitos 
impostos pela sociedade em relação ao preconceito e às diferenças, fazendo com 
que as crianças possam expressar seus desejos e atitudes de uma forma consciente 
e acima de tudo de uma forma humanitária. Segundo Silva (2010), “a literatura 
infantil vem procurando conscientizar o jovem leitor para aceitar as diferenças, 
propondo-lhe considerar a questão pelo ângulo do deficiente e também vem 
tentando produzir material de leitura adaptado às suas necessidades especiais”. 
 
 
Portanto, o papel do professor nesse processo de inclusão é de suma 
importância para sua efetivação, pois este precisa estar informado sobre recursos 
disponibilizados para o atendimento de crianças com necessidades especiais e estar 
em constante formação. 
 
 
4 IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA 
 
A Implementação do projeto intitulado “Literatura Infantil: uma possibilidade de 
inclusão”, iniciou- se em fevereiro de 2014, no Colégio Estadual ProfessorAídes 
Nunes da Silva – Ensino Fundamental e Médio, coma apresentação do projeto para 
a Equipe de Gestão, Equipe Pedagógica, professores e funcionários na Semana 
Pedagógica, com o objetivo de socialização e conhecimento das atividades 
propostas na Unidade Didática. 
Como base teórica, optou- se pelo Método Criativo, elencado entre as 
propostas de Bordini e Aguiar em Literatura: a formação do leitor (1993). 
 Num segundo momento iniciaram-se as atividades com os alunos do 6º Ano 
C, período vespertino, com a apresentação do projeto e discussão sobre o tema. 
O início das atividades do projeto se deu com a apresentação da coleção Era 
uma vez um conto de fadas inclusivo, de Cristiano Refosco (2012), onde os alunos 
demonstraram grande interesse nas histórias. As histórias apresentadas foram 
adaptações dos contos de fadas tradicionais, onde o escritor utilizando-se das 
personagens principais optou por atribuir a cada uma, uma determinada deficiência, 
que aos poucos vai sendo amenizada não pela sua cura total, mas pela superação. 
As atividades propostas foram realizadas e contaram com a participação ativa dos 
alunos, notando-se um grande interesse pelos contos. 
O momento da contação de história foi uma experiência muito significativa, 
tanto para o professor, quanto para os alunos. Relatei sobre o escritor, dizendo que 
havia entrado em contato com ele e que este havia ficado muito contente com a 
realização do projeto. Algumas crianças acharam muito interessante esse contato, 
pois muitas imaginavam o escritor alguém muito distante. Ao conhecerem as 
histórias muitos comentários foram surgindo, pois os alunos nunca tinham tido 
contato com essas histórias. Após a apresentação dos livros, fomos fazendo a leitura 
 
 
dos títulos e levantamento de hipóteses sobre as narrativas. Algumas questões 
foram levantadas: O que mais desperta a atenção na capa dos livros? E os 
personagens apresentados, o que especialmente chamou a atenção? A seguir, 
transcrevemos alguns trechos: 
 
Os nomes das histórias, pois eles são diferentes. Os desenhos. Os 
personagens são diferentes dos contos de fadas. Os personagens não são 
“normais”. Todos eles têm uma deficiência. (fala dos alunos do 6º Ano C) 
 
Quando perguntei o significado da palavra “inclusivo” no título da coleção, 
observei que algumas crianças já tinham conhecimento do assunto. A seguir 
transcrevemos algumas respostas: 
 
É quando inclui alguma coisa. Inclusão. É quando tem criança com algum 
problema e que precisa ser ajudada. São as crianças que estudam na APAE 
e também em outras escolas. Todos têm direito de estudar para aprender a 
ler e escrever. Todas as crianças tem o mesmo direito. Na nossa escola tem 
alunos que estudam na sala de recurso. Tem aluno com um professor só 
para ele na sala. (fala dos alunos do 6º Ano C) 
 
Outro ponto importante a ser destacado é a primeira impressão que os alunos 
tiveram dos contos, principalmente os meninos, pois ao apresentar a coleção disse-
lhes que se tratava de contos de fadas e a reação dos meninos foi um pouco 
diferente: 
 
 “Ah! Professora! Contos de fadas? Só tem princesa e príncipe! É tudo a 
mesma coisa!”. Isso é coisa de menina! Nós já lemos todos eles. (fala dos 
alunos do 6º Ano C) 
 
Após o conhecimento da coleção e a apreciação da contação de histórias, a 
impressão foi outra, os alunos realmente se envolveram com a realidade retratada 
nos contos e com a magia dos contos de fadas. As adaptações dos contos de fadas 
produzidos pelos alunos efetivou a proposta do primeiro encontro. 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- Contação de História
 
Fonte: Regallo, 2014 
 
Figura 2 – Adaptação e ilustração dos contos de fadas 
 
Atividade realizada pelo aluno José Matheus, 10 anos. 
O segundo encontro iniciou-se com o gênero discursivo História em 
quadrinhos, da Turma da Mônica, Viva as diferenças e Acessibilidade (2009). A 
receptividade foi grande, devido ao fato de já conhecerem as personagens e terem 
lido várias histórias, assistido vídeos e desenhos. Os gibis trabalhados despertaram 
muito interesse aos alunos. A turma demonstrou conhecimento em relação ao tema 
 
 
trabalhado. Muitos comentários surgiam no decorrer da leitura e discussão. Os 
alunos reportaram para a vida real os acontecimentos registrados nas histórias. O 
planejado para essa atividade seria apresentar para cada aluno uma cópia do gibi, 
para que este pudesse ler e interpretar, e consequentemente realizar todas as 
atividades propostas. Mas, em decorrência da falta de material suficiente, adequei a 
atividade para leitura em grupo. Apesar desse fato, a atividade foi realizada com 
êxito. A proposta de produção de texto foi à criação de texto descritivo onde cada 
criança escreveu sobre si mesmo e em seguida todos os textos foram colocados em 
uma caixa para que cada um escolhesse um texto e tentasse descobrir quem era o 
autor. A atividade foi muito interessante e contou com a participação dos alunos de 
uma forma significativa. Foi um momento interessante, pois os alunos puderam 
perceber que cada pessoa é única, com suas qualidades, diferenças e preferências. 
Os alunos se divertiram e alguns ficaram bravos, pois seus colegas, muitas vezes 
não concordavam com o que haviam descrito no texto. 
No terceiro encontro foi apresentado o livro e o vídeo A felicidade das 
borboletas, de Patrícia Engel Secco (2005), na qual despertou a atenção dos alunos, 
pois estes ficaram curiosos para descobrir qual era a deficiência retratada. Eles se 
surpreenderam, pois a história retratava a vida de uma menina cega, que se tornou 
bailarina. Muitos alunos sensibilizaram-se com a história retratada no livro e alguns 
se manifestaram: 
 
 “Muitas vezes a gente reclama e diz que não consegue fazer uma atividade 
e a menina do texto é cega e é bailarina”. Que interessante, mesmo com 
tantas dificuldades ela não desistiu de ser bailarina. Até mesmo a mãe dela 
não estava acreditando que ela queria fazer aula de balé. Ela teve ajuda de 
suas amigas. Ninguém teve preconceito, todos a ajudaram. (fala dos alunos 
do 6º Ano C) 
 
 
 Por se tratar de uma turma, onde os alunos, em sua grande maioria tem 
acesso à Internet, indiquei os sites onde poderiam encontrar o livro e o vídeo para 
aprofundamento da leitura e apreciação. A produção de texto realizada foi à 
produção de uma HQ sobre a história. Primeiramente expliquei as características do 
gênero discursivo para que os alunos tivessem maior facilidade na sua realização. 
As HQs ficaram interessantes e riquíssimas, efetivando assim, a proposta 
apresentada. Tivemos a oportunidade de manter contato com a escritora. 
 
 
 
Figura 3 - Produção de Histórias em quadrinhos 
 
Atividade desenvolvida pela aluna Marcelly, 10 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Produção de Histórias em quadrinhos 
 
Atividade desenvolvida pela aluna Ilana Carla, 10 anos. 
 
 
 
No quarto encontro trabalhamos com o gênero discursivo: Reportagem: 
Portadores de deficiência ainda sofrem com preconceito e intolerância, Carolina 
Mendonça (2008). 
A realização dessa atividade foi muito significativa, pois os alunos perceberam 
a realidade que envolve todo o tema do projeto. A apresentação da reportagem 
desencadeou muita discussão sobre o direito à acessibilidade e fez com que os 
alunos percebessem essa realidade em nossa própria cidade e escola. Segundo 
alguns alunos, nossa cidade não tem um planejamento adequado que possa atender 
às pessoas com deficiências. Destacamos algumas respostas dos alunos: 
 
 Nossa! O que fala no texto acontece também em nossa cidade! As 
calçadas e as ruas estão todas cheias de buracos.Como um cadeirante 
pode sair sozinho? Professora, eu já vi pessoas sendo desrespeitadas 
como no texto. Na nossa escola já tem rampa e banheiro adaptado, isso é 
muito bom. (fala dos alunos do 6º Ano C) 
 
Após leitura e discussão, os alunos confeccionaram cartazes com o tema 
“Acessibilidade”. A atividade que mais se destacou nessa ação foi os depoimentos 
trazidos pelos alunos, das entrevistas que eles realizaram com pessoas que 
apresentam algum tipo de deficiência. A seguir, transcrevemos alguns trechos: 
 
E1: Enrosquei a mão na trave do gol e acabei perdendo parte de um dedo. 
Após o acidente eu me senti apavorado e minha família ficou assustada. Eu 
não senti nenhum tipo de preconceito, pois é uma coisa que não é muito 
visível. L.S.S.,33 anos 
E2: Eu tenho deficiência visual e estou aposentado. Não me sinto 
discriminado pelas minhas dificuldades de não conseguir dirigir e trabalhar. 
A.R.,41 anos 
E3: Sou deficiente físico. Não consigo andar devido à queda de um cavalo. 
O que importa é que eu estou vivo e encarei minha deficiência. J.C.N., 71 
anos 
E4: Sofri um acidente e fraturei a coluna. Não posso mais trabalhar, por isso 
fico triste. Minha família me ajuda muito e eu gostaria de sarar para voltar a 
jogar futebol. M.,59 anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 -Confecção de cartazes 
 
Atividade realizada pelas alunas Ilana Carla, Julia, Edilaine e Mayara. 
 
No quinto encontro foi feita a apresentação do livro A metamorfose do Lívio, 
de Liana Leão (2009).A primeira atividade realizada nesse encontro foi à 
apresentação do livro para que os alunos pudessem analisar a capa e seus 
componentes. Estes fizeram levantamento de hipóteses sobre a narrativa. Após 
levantamento e discussão sobre as informações da capa, os alunos pesquisaram 
sobre o significado da palavra metamorfose. A produção textual foi à criação de um 
texto não verbal, onde os alunos criaram através de recorte e colagem o significado 
da palavra. Os trabalhos apresentados foram criativos. Tivemos metamorfose da 
borboleta, de contos de fadas, de sapo, entre outras. A receptividade do livro foi 
muito boa, os alunos demonstraram interesse e articulação da história com a 
realidade. Em relação a isso, destacamos algumas colocações: 
 
O livro é muito legal, os desenhos são reais, dá a impressão que estamos 
dentro da história. O que fala no livro já aconteceu comigo quando eu mudei 
de escola. A história do Lívio é verdadeira, pois muitas crianças são 
discriminadas na escola. Eu não acho isso legal, todos nós temos que ser 
respeitados. Por que sempre tem que ter aquele aluno que gosta de judiar 
dos outros? O bom é que sempre tem uma pessoa boa para ajudar a gente. 
(fala dos alunos do 6º Ano C) 
 
 
Figura 6 - Texto não verbal: Metamorfose 
 
Atividade realizada pelo aluno Iro Pedro, 10 anos. 
 
 
Figura 7 - Texto não verbal: Metamorfose 
 
Atividade realizada pela aluna Ilana Carla, 10 anos. 
 
 
Figura 8 - Texto não verbal: Metamorfose 
 
Atividade realizada pela aluna Mayara, 10 anos. 
 
 
Figura 9 - Texto não verbal: Metamorfose 
 
Atividade realizada pela aluna Júlia, 10 anos. 
 
 
Iniciamos o sexto encontro com a leitura da primeira parte do livro A 
metamorfose do Lívio (2009), realizada pelo professor. Após leitura e discussão 
houve a atividade de interpretação. Na sequência foi realizada uma roda de 
conversa, onde os alunos puderam relatar alguma experiência vivida na sua vida 
escolar que o marcou de alguma forma. O relato foi pensado, seguindo a ideia 
principal do texto. No início da atividade alguns alunos não quiseram relatar suas 
experiências, mas com o desenrolar da atividade acabaram adquirindo confiança. 
Esse momento foi muito bom, fazendo com que os alunos percebessem que muitas 
vezes determinadas atitudes podem ferir e causar sérios problemas às pessoas. 
Iniciamos as atividades do sétimo encontro com a leitura da segunda parte do 
livro A metamorfose do Lívio (2009), realizada pelo professor. Após a discussão dos 
fatos os alunos realizaram a interpretação escrita do texto. A atividade de produção 
textual foi à continuação para a narrativa. O resultado foi interessante, pois a maioria 
sensibilizou- se com a situação apresentada pelo personagem na história. Para a 
finalização da atividade proposta cada aluno compartilhou sua história. 
No oitavo encontro foi retomada a história A metamorfose do Lívio (2009), 
para que os alunos pudessem estar relembrando os fatos da história. Em seguida, 
foi comentado sobre o gênero discursivo poema, onde foi relembrado as suas 
características. No terceiro momento foi proposta a criação de poemas, utilizando 
das metamorfoses presentes na história ou outra da preferência do aluno. A 
ilustração do poema foi feita em papel vergê e utilizada à técnica de pintura com giz 
de cera derretido. O trabalho foi muito interessante e o resultado foi muito bom, pois 
a criatividade nos poemas e nas ilustrações garantiram o sucesso da produção. 
 
Figura 10 - Produção e ilustração de poemas
 
Fonte: Regallo, 2014 
 
 
Figura 11 – Poema Menino Lagartixa 
 
Atividade realizada pela aluna Ilana Carla, 10 anos. 
 
Figura 12 – Poema Crianças Joaninhas 
 
Atividade desenvolvida pela aluna Marcelly, 10 anos. 
 
 
Figura 13 – Poema Criança Formiga 
 
Atividade realizada pelo aluno José Matheus, 10 anos. 
 
Figura 14 – Poema Menina Formiguinha 
 
Atividade realizada pela aluna Gabriela, 10 anos. 
 
 
Para iniciarmos o nono encontro foi feita a apresentação do livro O corcunda 
de Notre-Dame em cordel, de Victor Hugo, adaptação de João Gomes de Sá (2008). 
Em seguida foi feita uma sondagem sobre o conhecimento dos alunos em 
relação à literatura de cordel. Após a troca de informações foi realizada a análise da 
capa e interpretação da narrativa. Para finalizar esse encontro foi proposta a 
reescrita do poema em forma de texto não verbal, utilizando a técnica da 
isopogravura. Os alunos se reuniram em duplas para a realização da atividade e 
participaram ativamente desta. O trabalho com o isopor foi divertido, mas não tão 
fácil. Desta forma concluímos de maneira satisfatória mais uma etapa do nosso 
trabalho. 
 
Figura 15 - Produção de texto não verbal com a técnica da isopogravura 
 
Fonte: Regallo, 2014. 
 
No décimo encontro foi feita a apresentação do filme X- MEN versus 
preconceito, e este foi muito interessante, pois de início os alunos imaginaram que 
iriam somente assistir a um filme conhecido, mas não sabiam que o tema discutido 
no projeto estava tão presente na história retratada. O filme gerou muitas 
discussões principalmente, sobre o apoio da família em relação às pessoas com 
 
 
deficiências. Muitas histórias reais foram relatadas pelos alunos. Estes participaram 
ativamente dessa atividade demonstrando que tiveram um bom entendimento, 
tratando com seriedade o assunto abordado. 
Iniciamos o décimo primeiro encontro com a apresentação do livro 
Metamorfose de Franz Kafka, adaptação de Neno Alves e Marco Haurélio (2009), 
para apreciação dos alunos. Em seguida foi feito levantamento de hipóteses sobre a 
narrativa, através do título. Na sequência foi distribuído cópias do livro para 
exploração das imagens. Nesta atividade, os alunos trabalharam em duplas, devido 
ao número de cópias disponíveis. As atividades orais desenvolvidas contribuíram 
para o desenvolvimento das atividades escritas. A produção textual proposta nesse 
encontro foi à criação de um texto não verbal, possibilitando aos alunos uma 
reprodução bem interessante, das impressões em relação ao personagem principal. 
Nas atividades foram utilizados o papel canson e a técnicada pintura em grafite. 
 
Figura 16 - Produção de texto não verbal com a técnica da pintura em grafite 
 
Atividade realizada pela aluna Edilaine, 10 anos. 
 
 
 
 
Figura 17 - Produção de texto não verbal com a técnica da pintura em grafite 
 
Atividade realizada pela aluna Gabriela, 10 anos. 
 
 
A obra literária Metamorfose, de Franz Kafka (2009) foi lida em três partes de 
acordo com a divisão do próprio livro. 
A leitura da primeira parte do livro Metamorfose (2009) foi realizada em sala 
de aula, pelo professor, despertando assim, o interesse dos alunos pela história. 
Estes se mostraram ansiosos para saber o que iria acontecer com o personagem 
principal. As atividades de interpretação proporcionaram uma discussão bem 
interessante, onde os alunos puderam opinar sobre os acontecimentos da narrativa. 
Muitos alunos se mostraram indignados com a atitude da família de Gregor, 
personagem principal da história. A produção de texto solicitada nesse momento foi 
à criação de um texto narrativo em 1ª pessoa, onde os alunos puderam se colocar 
no lugar do personagem principal e relatar a experiência da metamorfose, suas 
 
 
consequências e sentimentos. Essa atividade confirmou o objetivo proposto, que era 
fazer com que o aluno se colocasse no lugar do personagem participando 
ativamente da obra. 
 
Figura 18 - Produção de texto narrativo em 1ª pessoa 
 
Atividade realizada pela aluna Ilana Carla, 10 anos. 
 
Para iniciarmos as atividades do décimo terceiro encontro, os alunos fizeram 
a leitura da segunda parte da narrativa em casa. Como o material era insuficiente, 
alguns alunos se propuseram a xerocar sua própria cópia, isso facilitou muito as 
atividades, pois não tivemos que revezar para realizar a leitura. 
 A atividade iniciou-se com a discussão da continuidade da história e em 
seguida com a interpretação do texto. A produção textual proposta neste momento 
foi à criação de um texto descritivo, onde os alunos puderam escolher um dos 
personagens secundários para a sua realização. O interessante foi que todos os 
alunos escolheram a irmã de Gregor, devido ao fato dela se mostrar caridosa em 
relação ao ocorrido. 
 
 
Figura 19- Produção de texto descritivo 
 
Atividade realizada pela aluna Gabriela, 10 anos. 
 
Para a realização dessa etapa, os alunos realizaram a leitura da terceira parte 
do livro em casa. Nesse momento foi proposta a discussão da história e atividades 
de interpretação com indagações sobre a questão do diferente e de sua aceitação 
perante a sociedade. Os alunos mostraram-se chocados com a atitude da irmã no 
final da história e muitos disseram que gostariam de reescrever seu texto. 
Outro aspecto importante, que se notou nos comentários dos alunos, foi que 
alguns deles demonstraram querer salvar o personagem Gregor da morte. Eles se 
mostraram caridosos e ao mesmo tempo revoltados com a situação. Diante do meu 
questionamento em relação ao sofrimento de Gregor e a rejeição de sua própria 
família, obtive as seguintes colocações: 
 
“Ele não vai morrer, pois no final tudo vai ser um sonho e sua família vai 
pedir desculpa para ele. O que a família fez para ele não é certo, pois só ele 
trabalhava para sustentar todo mundo. E quando ele não pode mais 
trabalhar, abandonaram ele. A irmã dele gostava dele só no começo da 
história, quando ele começou a dar trabalho ela quis que ele morresse. Eu 
acho que muita gente não tem paciência para cuidar de pessoas doentes”. 
(fala dos alunos do 6º Ano C) 
 
 
 
No décimo quinto encontro foi feita a retomada da história, para que os alunos 
pudessem discutir a intenção da história e suas impressões em relação aos 
acontecimentos. Em seguida foi realizada a atividade de produção, na qual os 
alunos tiveram que reescrever a história modificando o seu final. A grande maioria 
dos alunos optou pela não morte do personagem principal. O interessante dessa 
atividade, foi que alguns alunos, em suas produções, utilizaram o imaginário como 
forma de explicar os acontecimentos. Para finalizar a atividade os alunos 
compartilharam suas produções através da leitura em sala de aula. Ao trabalhar a 
obra literária como um todo, esta alcançou seu objetivo, pois a maioria dos alunos 
conseguiram um resultado satisfatório em relação à leitura, entendimento e análise 
crítica. 
Figura 20- Produção de texto: Outro final para a história... 
Atividade realizada pela aluna Ilana Carla, 10 anos 
 
A exposição literária foi à concretização do projeto. Todas as atividades 
realizadas pelos alunos foram apresentadas. Cada aluno se caracterizou de um dos 
personagens das obras trabalhadas e a atividade de contação de história foi muito 
 
 
produtiva e emocionante. A exposição contou com a presença dos pais e dos alunos 
do período vespertino da escola, onde estes puderam ouvir histórias, conhecer as 
obras trabalhadas e apreciar as atividades produzidas durante o desenvolvimento do 
projeto. 
Figura 21- Exposição Literária 
 
Fonte: Regallo, 2014 
 
Figura 22- Exposição Literária 
 
Fonte: Regallo, 2014 
 
 
Figura 23- Exposição Literária 
 
Fonte: Regallo ,2014 
 
 
Figura 24- Exposição Literária 
 
Fonte: Regallo, 2014 
 
 
 
 
Figura 25- Exposição Literária 
 
Fonte: Regallo, 2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que 
se inicia desde cedo, pois ele começa na família, se desenvolve na escola e 
perpassa por toda a vida. Despertar o interesse das crianças pela leitura é papel 
fundamental do professor, mas para que isso ocorra, este deve promover atividades 
que envolvam a criatividade e demonstrar seu interesse pela leitura, pois o professor 
deve ser um leitor. Portanto, cabe ao professor a responsabilidade de mediar o 
processo de leitura. 
Através desse trabalho constatamos que a literatura infantil é uma forte aliada 
no processo de inclusão, pois ela permite à criança experimentar emoções, viver 
conflitos, ter consciência de seus limites, respeitar e aceitar o diferente, pois ao 
mesmo tempo que ela tem contato com o mundo real, tem com o mundo imaginário. 
Portanto, é de extrema importância a leitura de histórias que apresentam fatos 
verdadeiros e importantes em relação às diferenças, buscando não a cura do 
problema, mas sim a superação e a aceitação. 
Acreditamos que a literatura exerce um papel primordial de transmitir 
conhecimentos e valores e de possibilitar uma nova visão de mundo através das 
histórias, onde é capaz de transformar simples leitores em leitores aptos a perceber 
as diferenças sociais e culturais. 
Cabe ressaltar aqui que a escola é um espaço único para se desenvolver o 
hábito da leitura e o uso da literatura em sala de aula é uma ferramenta fundamental 
no processo de aprendizagem, pois ela contribui para a motivação dos alunos em 
relação à leitura literária. 
No que diz respeito às obras aqui tratadas, estas se mostraram adequadas à 
faixa etária, ao gosto dos alunos e oportunizaram a discussão em relação ao tema 
trabalhado, não deixando de lado o estudo da obra literária. 
Ao finalizar este trabalho, é possível afirmar que a literatura quando utilizada 
como uma forma de promover a inclusão, ela se transforma em um importante 
instrumento de formação, já que os temas discutidos nas obras literárias fazem parte 
do universo humano. 
 
 
 
 
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