Buscar

DIREITO PENAL 3 QUESTOES

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL 3 - PARTE 2 - QUESTÕES COMENTADAS - INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO, AUXÍLIO,A SUICÍDIO, INFANTICÍDIO
          Agora podemos começar o bloco com os demais crimes constantes da parte especial, direcionados à vida.
      1-Em relação ao induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, assinale a opção correta: 
a) A pena é duplicada se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência e triplicada se a vítima não oferecer nenhum tipo resistência.
RESPOSTA: FALSA. O essencial em relação ao crime é saber da especificidade da VÍTIMA, ou seja, de uma qualidade especial dela: há de ser pessoa capaz de entender o significado de sua ação e de determinar-se conforme esse entendimento, podendo oferecer RESISTÊNCIA. A vítima precisa RESISTIR, pois a inexistência de resistência cede lugar para crime do art. 121(homicídio) do Código Penal. O aumento de pena mencionado no artigo fala EM capacidade de resistência diminuída por qualquer causa, e não INEXISTÊNCIA DE RESISTÊNCIA!!!!!!!!!!!!! Já que estamos falando no crime, algumas questões são interessantes repisar. O tipo subjetivo é doloso, inexistindo modalidade culposa. Importante salientar que o animus jocandi (brincadeira do “pula pula”) exclui a tipicidade, porque ausente o elemento subjetivo de induzir ou instigar. Outro detalhe relevante diz respeito ao crime não comportar TENTATIVA, consumando-se com a morte ou, no caso do artigo, com a lesão (Estefan, Hungria, Marques). Em relação ao tipo objetivo, trata-se de crime de ação múltipla (conteúdo variado), com vários verbos designativos de condutas, bastando a subsunção a um dos verbos para responder pelo crime uma só vez. INDUZIR =incutir, inspirar, implantar IDEIA QUE NÃO EXISTIA. INSTIGAR = fomentar a IDEIA QUE JÁ EXISTE. AUXILIAR = prestar apoio material (arma, corda, veneno). O tipo traz asformas qualificadas: a) motivo egoístico: interesse próprio, obtenção de vantagem pessoal (recebimento de herança). b) vítima for menor: idade inferior a dezoito anos. c) vítima tem a capacidade de resistência diminuída por qualquer causa (enfermo). Classificação: comum, material, instantâneo, comissivo, dano, forma livre, plurissubsistente. Em relação aopacto de morte, importante ressaltar que a realização de atos materiais (como puxar uma corda ou produzir emissão do gás) traz a subsunção ao homicídio. No     “caso da torneira de gás”: a) quem abre a torneira e sobrevive (art. 121); b) ambos sobrevivem sofrendo lesão grave: aquele que abriu a torneira responde por tentativa de homicídio (art. 121 c/c art. 14, II, do CP), enquanto o outro responde pelo induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio (art. 122). No "caso do veneno”: a) todos tomam e um sobrevive (art. 122); b) um ministra e sobrevive (art. 121); c)cada um ministra (art. 121, consumado ou tentado, dependendo se alguém sobrevive); d) cada um toma e todos sobrevivem (atípico); e) cada pessoa ministrar veneno, uma para outra, todas sobrevivendo (tentativa de homicídio); f)uma ministra à outra e dela recebe (se consumar, homicídio, se não consumar, tentativa); g) contratação de médico para ministrar veneno (casos de art. 122 e 121). Por fim, no “caso da roleta russa”: o sobrevivente responde pelo art. 122 do Código Penal. Idem para caso do pacto suicida”: o sobrevivente responde pelo art. 122 do Código Penal. Por fim, temos um caso de coação moral irresistível quando o indivíduo aponta a arma para o filho da vítima, compelindo-a a se matar para salvar a vida da criança (domínio do fato no homicídio). 
b) Não constitui qualificadora baseada na surpresa a ameaça de morte anteriormente feita à vítima, uma vez que já era do conhecimento do ofendido a predisposição do agente. 
RESPOSTA: VERDADEIRA. A qualificadora incide quando a situação é súbita, ou seja, de imediato, e não apregoada antes. Apesar de ter sido especificado na outra lista, essa questão já existia aqui, e, para não ficar uma questão de V ou F com poucas opções, mantive o homicídio no meio da instigação.
c) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
RESPOSTA: VERDADEIRA, pois se trata do disposto no art. 121, par. 4o. do CPB. 
d) Na hipótese de homicídio culposo, o juiz deverá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
RESPOSTA: FALSO, pois a hipótese em questão - causa de diminuição de pena - é obrigatória CONQUANTO EXISTAM OS REQUISITOS. A letra da lei, contudo, não fala de "deverá", mas sim "poderá", tornando falsa da afirmativa. 
2-Em relação ao crime de INFANTICÍDIO, julgue os itens a seguir em V ou F: 
a) trata-se, a rigor, de um homicídio privilegiado, tendo em vista que o legislador houve por bem atribuir uma punição mais abrandada.
RESPOSTA: VERDADEIRA.  O INFANTICÍDIO É NOSSO HOMICÍDIO PRIVILEGIADO!!!! Claro! Trata-se de uma faixa de pena INTEIRA, ao contrário da causa de diminuição constante no art. 121, p. 1o. do CPB.
b) em virtude da teoria monista, tanto o auxílio como a co-autoria acarretam a subsunção ao tipo penal infanticida, e não homicida. 
RESPOSTA: VERDADEIRA, porque, para manter intacta a subsunção UNA para todos - TEORIA MONISTA - o CPB trabalha com a subsunção conjugada ao tipo infanticida, agregando o art. 30 do CPB em face de ser elementar do crime de infanticídio a condição especialíssima de "puerpério". Injusto? Justo? Não interessa. Dura lex sede lex.
c) constitui crime próprio, material, instantâneo, material, comissivo, dano, forma livre, unisubsistente, plurisubjetivo e progressivo, admitindo tentativa. 
RESPOSTA: FALSA, pois, ao contrário, é unissubjetivo (one person, pode ser praticado por uma pessoa, mas, claro, admite o concurso) e plurissubistente (many acts, ou seja, vários atos que compõem a conduta. Lembram da dica da "foto"? Não? Tirar várias fotos, instantâneas, para congelar o modus operandi? Daí, se conseguirmos fazer isso, o crime comporta tentativa).
d) constitui crime próprio que não admite modalidade concursal em relação à autoria e participação, uma vez que a condição especialíssima (puerpério) é elementar incomunicável a todo aquele que agrega esforços para a consecução do delito. 
RESPOSTA: FALSA, porque, para manter intacta a subsunção UNA para todos - TEORIA MONISTA - o CPB trabalha com a subsunção conjugada ao tipo infanticida, agregando o art. 30 do CPB em face de ser elementar do crime de infanticídio a condição especialíssima de "puerpério". 
Algumas lembranças interessantes a respeito do INFANTICÍDIO:
A “mãe de aluguel”, ou seja, aquela que aliena seu ventre para gestar óvulo de terceira não incorre em infanticídio, tendo em vista que o material genético não é dela e, portanto, ela nem mãe é. Trata-se de excludente de tipicidade.
Cuidado! Para incidir em infanticídio o critério adotado é o início do parto, com ruptura da bolsa, apesar de alguns doutrinadores – a exemplo de André Stefan – mencionarem as primeiras contrações. Nascente é o objeto material, enquanto a objetividade jurídica é a VIDA.
O estado puerperal é o conjunto de transformações fisiopsíquicas de que se acomete a mãe, diferenciando de depressão pós-parto, de melancolia pós-parto e depsicose pós-parto[1]), pressupondo um lampejo, um súbito arrebate rumo à ocisão da vida do nascente. Observável mediante exame pericial, pois não temos condições, a olho nu, de diferenciar as situações de dramas pós-parto. Segundo  ROGÉRIO GRECCO:  “[...] tem-se entendido que o chamado estado puerperal não é tão-somente aquele que se desenvolve após o parto, incluindo-se nesse raciocínio o período do parto e também o sobreparto. Durante esse período, a parturiente sofre abalos de  natureza psicológica que a influenciam para que decida causar a morte do próprio filho [...] Entretanto, para que se caracterize o infanticídio, exige a lei penal mais do que a existência do estado puerperal, comumem quase todas as parturientes, algumas em menor e outras em maior grau [...] Assim, o critério adotado não foi o puramente biológico, físico, mas sim uma fusão desse critério com o outro, de natureza psiocológica, surgindo daí o critério chamado fisiopsíquico ou biopsíquico [...]” (Curso de direito penal: parte especial. 6. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 218-219). (grifei). Daí, muito cuidado, pois, dependendo do sintoma, pode recair no art. 26.Perícia desnecessária, em tese, para comprovar o estado puerperal, mas necessária para a declaração de inimputabilidade. Logo após = deve ser lido em conjunto com o estado puerperal.

Continue navegando