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Farmacognosia - Saponinas

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3 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 4 
 
2. PROPRIEDADES GERAIS ................................................................................................... 4 
 
3. TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO .............................................................................. 4 
 
4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS ....................................................................................... 5 
4.1. Saponinas Esteroidais Neutras ............................................................................................ 5 
4.2. Saponinas Esteroidais Básicas ............................................................................................. 6 
4.3. Saponinas Triterpênicas ....................................................................................................... 7 
 
5. OCORRÊNCIAS E DISTRIBUIÇÃO ................................................................................... 9 
 
6. DETECÇÂO, IDENTIFICAÇÃO E OBTENÇÃO ................................................................ 9 
6.1. Detecção no Vegetal ............................................................................................................ 9 
6.2. Métodos de Extração e Purificação ..................................................................................... 9 
 
7. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS ....................................................................................... 10 
 
8. EMPREGO FARMACÊUTICO .......................................................................................... 11 
 
9. DROGAS VEGETAIS CLÁSSICAS ................................................................................... 12 
4 
 
Alcaçuz ..................................................................................................................................... 12 
Ginseng ..................................................................................................................................... 13 
Centela ...................................................................................................................................... 14 
 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 15
5 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Saponinas são glicosídeos de esteróides ou de terpenos policíc1icos. Esse tipo de 
estrutura, que possui uma parte com característica lipofílica (triterpeno ou esteróide) e outra 
parte hidrofílica (açúcares), o que determina a propriedade de redução da tensão superficial da 
água e suas ações detergente e emulsificante. 
As saponinas são substâncias de elevada massa molecular (600 a 2000) e, de modo 
geral, ocorrem em misturas complexas devido à presença concomitante de estruturas com um 
número variado de açúcares ou ainda devido à presença de diversas agliconas. A cadeia de 
açúcares pode ser linear ou ramificada e uma das dificuldades na elucidação estrutural desses 
compostos está justamente em determinar os carbonos das ligações interglicosídicas. Por 
essas razões, o isolamento de saponinas, bem como a sua elucidação estrutural, podem ser 
muito difíceis. É por isso, também, que o conhecimento sobre a química e propriedades 
biológicas de saponinas desenvolveu-se apenas mais recentemente, paralelo à evolução das 
técnicas cromatográficas e espectroscópicas. 
Apesar dessas dificuldades, ao longo do tempo, esse grupo de substâncias sempre tem 
sido de interesse farmacêutico, seja como adjuvante em formulações, componentes ativos em 
drogas vegetais, ou ainda, como matéria-prima para a síntese de esteróides. 
 
2. PROPRIEDADES GERAIS 
 
As saponinas em solução aquosa formam espuma persistente e abundante. Essa 
atividade provém, como nos outros detergentes, do fato de apresentarem na sua estrutura, 
como já referido, uma parte lipofílica, denominada aglicona ou sapogenina e uma parte 
hidrofílica constituída por um ou mais açúcares. A espuma formada é estável à ação de ácidos 
minerais diluídos, diferenciando-a daquela dos sabões comuns. Essa propriedade é a mais 
característica desse grupo de compostos, da qual deriva o seu nome (do latim sapone = 
sabão). 
Outras propriedades físico-químicas e biológicas encontradas, mas nem sempre 
presentes em todas as saponinas, são: 
- elevada solubilidade em água; 
6 
 
- ação sobre membranas: muitas saponinas são capazes de causar desorganização das 
membranas das células sangüíneas (ação hemolítica) ou das células das brânquias em peixes 
(ação ictiotóxica); 
- complexação com esteróides: razão pela qual freqüentemente apresentam ação 
antifúngica e hipocolesterolemiante. 
 
3. TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO 
 
As saponinas podem ser classificadas de acordo com o núcleo fundamental da 
aglicona ou, ainda, pelo seu caráter ácido, básico ou neutro. Assim, quanto à aglicona, 
denominam-se saponinas esteroidais e saponinas triterpênicas. No grupo das saponinas 
esteroidais podem ser considerados também os glicosídeos nitrogenados esteroidais, que são 
tratados por alguns autores como um grupo à parte. O caráter ácido pode ser devido à 
presença de um grupamento carboxila na aglicona ou na cadeia de açúcares (por exemplo, 
ácidos glicurônico e galacturônic), ou ambos. O caráter básico decorre da presença de 
nitrogênio, em geral sob forma de uma amina secundária ou terciária, como nos glicosídeos 
nitrogenados esteroidais. 
Outra classificação refere-se ao número de cadeias de açúcares ligadas na aglicona. 
Assim, saponinas monodesmosídicas possuem uma cadeia de açúcares, enquanto que 
saponinas bidesmosídicas têm duas cadeias de açúcares, a maioria com ligação éter na 
hidroxila em C-3 e a outra com ligação éster. Essa diferenciação é importante já que, 
freqüentemente, as saponinas bidesmosídicas não apresentam as atividades biológicas 
relatadas para as saponinas monodesmosídicas. As saponinas apresentam um número variável 
de monossacarídeos ligados entre si em cadeia linear ou como uma cadeia ramificada. Os 
monossacarídeos encontrados mais comumente são: D-glicose, D-galactose, L-ramnose, L-
arabinose, D-xilose, D-fucose e os ácidos glicurônico e galacturônico. As ligações 
interglicosídicas podem ser α ou β e os monossacarídeos podem ocorrer na forma de piranose 
ou furanose. 
 
4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS 
 
A variação estrutural das agliconas pode ser mais facilmente entendida considerando a 
classificação em saponinas esteroidais e saponinas triterpênicas. 
7 
 
 
4.1. Saponinas esteroidais neutras 
 
Nas saponinas esteroidais, a aglicona é formada por um esqueleto de 27 carbonos 
dispostos num sistema tetracíclico. Biogeneticamente, formam-se via pirofosfato de 
isopentenila originando o óxido de esqualeno que cicliza numa conformação cadeira-barco-
cadeira-barco formando o cicloartenol (em algas e plantas verdes) ou o lanosterol (em fungos 
e organismos não fotossintéticos), após vários rearranjos do tipo 1,2. Nessa rota biogenética, o 
cicloartenol, após clivagem oxidativa de três metilas, forma, entre outros compostos, os 
esteróides e os cardenolídeos (Abe et al., 1993; Lichtenthaler etal., 1997). 
Essas saponinas apresentam duas estruturas básicas comuns: o espirostano 
(16,22:22,26-diepóxi-colestano) e o furostano (16,22-epóxi-colestano). 
O espirostano é o cetal de 16,26-di-hidróxi-22-colestanona, enquanto que o hemiacetal 
correspondente, furostano-22,26-diol é estável apenas quando o grupo hidroxila em C-26 está 
ligado a um açúcar. Quando esse é cindido, ocorre espontaneamente a cetalização formando o 
derivado espirostano (figura 1). 
As saponinas do tipo espirostano possuemnúcleo espirocetal em C-22 e podem ser 
divididas nas séries 25R (metila em posição α; série normal) ou 25S (metila em posição β; 
série iso). As saponinas de núcleo furostano apresentam cadeia lateral com ligação osídica na 
hidroxila em C-26. São menos freqüentes e, por hidrólise, transformam-se em estruturas do 
tipo espirostano através do fechamento do anel. 
Em relação à conformação espacial, a fusão dos anéis A e B pode ser cis (H-5 em 
posição β, como na esmilagenina) ou trans (H-5 em posição α, como na digitogenina). Já a 
fusão dos anéis B/C e C/D é trans, enquanto que os anéis D/E têm junção cis (figura 1). 
8 
 
 
 
4.2. Saponinas esteroidais básicas 
 
As saponinas de caráter básico pertencem ao grupo dos alcalóides esteroidais, que são 
característicos do gênero Solanum (família Solanaceae). Possuem nitrogênio no anel F e são 
conhecidos dois tipos de estruturas: espirosolano (quando o nitrogênio é secundário) e 
solanidano (quando o nitrogênio é terciário). 
Os compostos com núcleo espirosolano podem existir nas configurações 22R,25R 
(exemplo, solasodina encontrada na batata-inglesa) ou 22S,25S (exemplo, tomatidina 
encontrada no tomate) (figura 2) . 
9 
 
Nos compostos com núcleo solanidano, o nitrogênio pertence aos dois anéis E e F, 
simultaneamente, sendo também conhecidos como indolizidinas. Os solanidanos têm a 
configuração 22R,25S, estando a metila do carbono 25 em posição equatorial. 
Diferentes substituintes, geralmente hidroxilas, caracterizam os diversos compostos 
desses dois grupos de esteróides. As ligações osídicas normalmente ocorrem na hidroxila em 
C-3 sendo que, naquelas de tipo furostano, também encontram-se açúcares em C-26. Às 
vezes, há ligação dupla entre os carbonos 5 e 6. 
 
 
4.3. Saponinas triterpênicas 
 
10 
 
As saponinas mais freqüentemente encontradas na natureza possuem 30 átomos de 
carbono e núcleo triterpênico. Esse núcleo tem a mesma origem do esqueleto esteroidal até a 
formação do óxido de esqualeno. No entanto, este último, ao ciclizar numa conformação 
cadeira-cadeira-cadeira-barco e, de acordo com dois tipos diferentes de rearranjos, pode 
originar os triterpenos tetracíclicos e os triterpenos pentacíclicos (Abe et al., 1993). Os 
triterpenos pentacíclicos podem ser divididos em três grupos principais, segundo seu 
esqueleto: β-amirina, α-amirina e lupeol. As saponinas do tipo β-amirina (conhecidas também 
como oleananos) apresentam duas metilas em C-20. Aquelas do tipo α-amirina (ou ursanos) 
apresentam uma metila em C-20 e outra em C-19. Nessas saponinas, a estereoquímica entre 
os anéis A/B, B/C e CID é trans, e entre D/E é eis. As saponinas do tipo lupeol diferem, 
daquelas citadas acima, na estereoquírnica entre os anéis DIE, que é trans. 
Além disso, o quinto anel (E) possui cinco carbonos, não sendo hexagonal como nas outras 
saponinas triterpênicas. 
 
11 
 
 
 
Substituintes no núcleo básico, tais como hidroxilas, carboxilas e metoxilas, 
diferenciam os compostos identificados nesse grupo. As ligações osídicas normalmente 
ocorrem na hidroxila em C-3 (ligação éter) ou na carboxila em C-28 (ligação éster). Quando 
ocorre ligação dupla esta é, em geral, entre C-12 e C-13, nos grupos de oleananos, de ursanos 
e do lupeol. Outros tipos de núcleos, mais raramente encontrados incluem: friedelano, 
taraxastano e hopano. 
 
5. OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 
 
As saponinas esteroidais e triterpênicas apresentam uma distribuição diferenciada no 
reino vegetal. 
12 
 
As saponinas esteroidais neutras são encontradas quase que exclusivamente em 
monocotiledôneas, principalmente nas famílias Liliaceae, Dioscoreaceae e Agavaceae. Os 
gêneros Smilax, Dioscorea, Agave e Yucca são especialmente ricos nessas saponinas. Em 
dicotiledôneas, a ocorrência dessas saponinas é bastante rara, tendo sido isoladas na família 
Scrophulariaceae, mais especificamente nos gêneros Digitalis e Trigonella. 
As saponinas esteroidais básicas ou alcaloídicas são encontradas principalmente no 
gênero Solanum, pertencente a família Solanaceae. 
As saponinas triterpênicas encontram-se predominantemente em dicotiledôneas, 
principalmente nas famílias Sapindaceae, Hippocastanaceae, Sapotaceae, Polygalaceae, 
Caryophyllaceae, Primulaceae e Araliaceae. 
 
6. DETECÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E OBTENÇÃO 
 
6.1. Detecção no vegetal 
 
A detecção de saponinas no vegetal é realizada a partir de suas propriedades químicas 
e físico-químicas: pela reação com ácidos minerais, aldeídos aromáticos ou sais de metais 
produzindo compostos corados, pela diminuição da tensão superficial e/ou pela ação 
hemolítica. Esses testes podem ser realizados qualitativa ou quantitativamente. 
O teste de ação superficial é realizado com o extrato aquoso obtido a partir do decocto 
do vegetal. Após agitação enérgica do extrato filtrado em tubo de ensaio, a formação de 
espuma, que não desaparece com a adição de um ácido mineral diluído, indica a presença de 
saponinas. 
A ação hemolítica pode ser determinada tanto em tubo de ensaio contendo uma 
solução tamponada de células sangüíneas, como em placa cromatográfica, após migração dos 
diferentes extratos vegetais em teste. No primeiro caso, a presença de solução avermelhada, 
após centrifugação, caracteriza a liberação de hemoglobina das células. Na cromatografia em 
camada delgada (CCD), o aparecimento de halos esbranquiçados sobre fundo avermelhado 
homogêneo caracteriza hemólise. Apesar de outras substâncias presentes nos vegetais também 
apresentarem ação hemolítica (alguns taninos, por exemplo) ou existirem saponinas que não 
são hemolíticas, esse teste é bastante útil quando aplicado em conjunto com outros. 
 
6.2. Métodos de extração e purificação 
13 
 
 
Sendo glicosídeos, e portanto, substâncias polares, as saponinas são geralmente 
solúveis em água e pouco solúveis em solventes apolares. O extrato aquoso apresenta como 
vantagem, além do custo menor, a ausência de lipídeos e clorofila. No entanto, como 
desvantagens devem ser consideradas as possibilidades de hidrólise, durante o processo 
extrativo, ou hidrotermólise, no caso de extração a quente, bem como a baixa estabilidade 
desses extratos. Por essas razões, de modo geral, são utilizados álcoois, etanol ou metanol, ou 
misturas hidroalcoólicas para a extração, através de maceração, decocção, percolação ou 
extração exaustiva sob refluxo. Freqüentemente, o extrato hidroalcoólico assim obtido é 
submetido à purificação, após eliminação do conteúdo alcoólico, através da partição com 
solvente pouco polar (diclorometano ou clorofórmio) para a retirada de compostos apolares, 
seguida da partição com n-butanol, para a eliminação de açúcares livres, aminoácidos e ácidos 
orgânicos, entre outras substâncias hidrofílicas que ficam na fase aquosa, obtendo-se uma 
fração purificada de saponinas na fase butanólica. Tradicionalmente, tem sido também 
utilizada como técnica de purificação, a precipitação fracionada através da adição do extrato 
concentrado de saponinas a solventes de menor polaridade, como éter etílico ou acetona, 
provocando sua precipitação por redução da solubilidade. 
Outros métodos de purificação incluem a complexação com colesterol, diálise, 
cromatografia de troca iônica ou extração seletiva utilizando a formação de sal, quando na 
presença de saponinas de reação ácida, bem como métodos cromatográficos, utilizando 
resinas sintéticas (Amberlite®), gel de sílica ou géis de exclusão molecular, tipo Sephadex® 
(Hostettmann e Marston, 1995). 
 
7. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS 
 
O comportamento anfifílico das saponinas e a capacidade de formar complexos com 
esteróides, proteínas e fosfolipídeos de membranasdeterminam um número variado de 
propriedades biológicas para essas substâncias, destacando-se a ação sobre membranas 
celulares, alterando a sua permeabilidade, ou causando sua destruição. Relacionadas com essa 
ação sobre membranas, estão as atividades hemolítica, ictiotóxica e molusquicida, 
freqüentemente observadas. Para algumas saponinas também foi relatada ação espermicida; o 
mecanismo proposto até agora para essa ação seria a ruptura da membrana plasmática da 
célula do espermatozóide. Atividade anti-helmíntica foi apontada para um número 
14 
 
significativo de saponinas; no entanto, a irritação causada nas mucosas tem impedido o 
desenvolvimento de aplicações práticas (Jentsch et al., 1961). 
A complexação com colesterol, propriedade também freqüentemente observada, 
originou um número significativo de trabalhos objetivando avaliar o uso de saponinas na dieta 
com o objetivo de reduzir os níveis de colesterol sérico. Um dos primeiros trabalhos data de 
1971, demonstrando a redução de colesterol no sangue e tecidos pela adição de saponinas à 
dieta de frangos (Cheeke, 1971). Posteriormente, foi relatada a redução de lipídeos e 
colesterol no fígado de camundongos através de dieta contendo saponinas da alfafa, Medicago 
sativa L. (Reshef et aI., 1976). Também para extratos de ginseng (Panax ginseng C.A.Mey.) 
foi demonstrada, em coelhos, a redução das concentrações de colesterol e triglicerídeos 
(Moon et aI., 1984). Efeitos semelhantes foram descritos também para as saponinas de 
Calendula officinalis L. (calêndula) e Beta vulgaris L. (beterraba) (Lutomski, 1983). 
A atividade antiinflamatória dessa classe de substâncias é conhecida há longo tempo 
para as saponinas de Aesculus hippocastanum L. (castanheira-daíndia, cuja mistura de 
saponinas é conhecida como escina) e Glycyrrhiza glabra L. (alcaçuz, cuja saponina principal 
é a glicirrizina). Mais recentemente, essa ação foi descrita em modelos animais também para 
as saponinas de Akebia quinata (Houtt.) Decne., Bupleurum chinense DC., Bupleurum 
falcatum L., Eryngium planum L., Hedera helix L., Hydrocotyle vulgaris L., entre outras 
espécies. 
A atividade antiviral de saponinas tem sido investigada intensamente na última 
década, destacando-se as atividades verificadas para substâncias isoladas de Glycyrrhiza 
glabra L., Gymnema sylvestre (Retz.) R.Br.ex Schult.), Anagallis arvensis L., Calendula 
arvensis L., Bupleurum falcatum L., Guettarda platypoda DC., entre outras. 
É de se ressaltar que muitas das propriedades apontadas anteriormente foram 
detectadas em testes in vitro ou em modelos animais, sendo indispensável para propiciar o 
desenvolvimento de aplicações terapêuticas, na maioria dos casos, a avaliação de aspectos 
farmacocinéticos relativos à absorção, metabolização, eliminação (em muitos ensaios, a 
avaliação preliminar foi realizada por via i.p.!), ensaios pré-clínicos quanto à toxicidade, bem 
como ensaios clínicos em todas suas fases, já que, na maioria dos casos, nem mesmo aqueles 
ensaios de fase I para determinação da dose em humanos foram desenvolvidos. 
 
8. EMPREGO FARMACÊUTICO 
 
15 
 
As saponinas são componentes importantes para a ação de muitas drogas vegetais, 
destacando-se aquelas tradicionalmente utilizadas como expectorantes e diuréticas. Exemplos 
de drogas de uso tradicional são Polygala senega L. (polígala), Primula veris L. (prímula), 
Grindelia robusta Nutt. (grindélia) e Hedera helix L. (hera) como expectorantes e Smilax spp. 
(salsaparilha), Hemiaria glabra L., Betula pendula Roth e Equisetum arvense L. como 
diuréticas. No entanto, os mecanismos dessas atividades não estão completamente elucidados. 
Alguns autores argumentam que a irritação no trato respiratório aumentaria o volume do 
fluido respiratório, hidratando a secreção brônquica. O muco teria, então, sua viscosidade 
diminuída. Outra possibilidade seria devida à atividade superficial das saponinas, também 
originando menor viscosidade e maior facilidade de expulsão do muco. Já a atividade 
diurética , seria devida à irritação do epitélio renal causada pelas saponinas, ou ainda devida 
aos flavonóides, geralmente também presentes nessas drogas, ou mesmo pela presença de 
teores elevados de potássio. 
Outros empregos farmacêuticos destacados são como adjuvantes para aumentar a 
absorção de outros medicamentos através do aumento da solubilidade ou interferência nos 
mecanismos de absorção e, como adjuvante para aumentar a resposta imunológica. 
Como substâncias isoladas, são poucas as saponinas utilizadas, destacando-se a 
glicirrizina e o seu derivado hemi-succinato sódico do ácido glicirrético, conhecido como 
carbenoxolona, além do asiaticosídeo, obtido de Centella asiatica (L.) Urb. Mais 
recentemente, como fármaco investigacional tem se destacado a utilização da saponina 
isolada de Quillaja saponaria Molina, QS-21, como adjuvante imunológico. 
 As saponinas esteróides são usadas na podução comercial de hormônios sexuais de uso 
clínico. Os dois tipos principais de saponinas esteróides são a diosgenina e hecogenina. A 
matéria-prima mais abundante para a síntese de progesterona é a diosgenina isolada de 
espécies de Dioscorea, antes fornecida pelo México agora pela China. O grupo espirocetal 
ligado ao anel D da diosgenina pode ser removido com facilidade. Outros hormônios 
esteróides são a cortisona e hidrocortisona que podem ser preparados a partir da hecogenina, 
que pode ser isolada de folhas de sisal abundantes na África Oriental. 
 
9. DROGAS VEGETAIS CLÁSSICAS 
 
ALCAÇUZ 
Nome científico: Glycyrrhiza glabra L. 
16 
 
Família botânica: Fabaceae 
Parte utilizada: raízes e rizomas 
Monografias farmacopéicas: F. Bras. III, Ph. Eur. II 
O termo glicirriza é de origem grega e significa raiz doce. O alcaçuz já era utilizado 
pelos gregos como edulcorante em bebidas, como expectorante e para o tratamento de úlceras. 
É uma das plantas mais comumente usadas nas prescrições chinesas tradicionais (Shibata, 
1977), utilizada no tratamento de doenças alérgicas, distúrbios inflamatórios e úlceras 
gástricas. Porém o alcaçuz produz efeitos do tipo mineralocorticóide, causando retenção de 
sódio e perda de potássio, o que leva ao desenvolvimento de efeitos adversos como aumento 
da pressão sangüínea. 
Dados químicos: 
As saponinas triterpênicas são consideradas os principais componentes, apresentando 
teor variável, de acordo com a variedade e procedência, entre 2 a 15% (Hartke e Mutschler, 
1988). A saponina predominante é a glicirrizina (ácido glicirrízico). Essa saponina apresenta 
sabor cerca de 50 vezes maior que a sacarose. Ao sofrer hidrólise, o heterosídeo fornece uma 
aglicona, o ácido glicirrético (ou glicirretínico) que não possui sabor doce, mais duas 
moléculas de ácido D-glicurônico. O ácido glicirrético (ácido 3β-hidróxi-ll-oxo-olean-12-eno-
29óico) é um triterpeno pentacíclico do tipo β-amirina, caracterizado pela presença de uma 
cetona α,β insaturada no anel C. O ácido glicirrético existe comercialmente nas formas 
estereoisômeras 18α-(configuração trans entre os anéis D/E) e 18β-(configuração eis entre os 
anéis D/E) devido à sua isomerização durante a hidrólise da glicirrizina. 
A droga vegetal é caracterizada, ainda, pela presença de glicosídeos de flavanonas, 
flavonóis e isoflavonas, destacando-se o teor elevado da flavanona liquiritina e da chalcona 
isoliquiritigenina, esta última determinando a coloração amarela da droga. 
Dados farmacológicos: 
A principal atividade investigada é a ação antiinflamatória, a qual é atribuída à 
inibição da enzima 11 P-hidróxi-esterol-desidrogenase, responsável pela inativação do 
cortisol (conversão do cortisol à cortisona). A ausência congênita dessa enzima resultana 
ação do cortisol como um potente mineralocorticóide (pseudoaldosteronismo). A inibição 
dessa enzima determina um aumento nos níveis de cortisol nos rins e em outros tecidos 
mineralocorticóides seletivos. Já que o cortisol, que ocorre em quantidades maiores do que a 
aldosterona, se liga com a mesma afinidade da aldosterona aos receptores 
mineralocorticóides, o resultado é um efeito hipermineralocorticóide do cortisol. 
17 
 
Outra atividade investigada é o efeito na cicatrização de úlceras: na década de 1950, 
estudos com compostos derivados da glicirrizina revelaram que o efeito antiúlcera era devido 
à inibição das enzimas 15-hidróxi-prostaglandina-desidrogenase e Δ13-prostaglandina-
redutase. A enzima 15-hidróxi-prostaglandina-desidrogenase converte as prostaglandinas E2 e 
F2α em 15-cetoprostaglandinas, que são inativas. Dessa forma, esses compostos têm o efeito 
de aumentar a concentração local de prostaglandinas que promovem a secreção de muco e a 
proliferação celular no estômago, levando à cicatrização das úlceras (Baker, 1994). 
Entre as outras atividades em investigação destacam-se a atividade antiviral, incluindo 
a ação sobre o vírus HIV e citomegalovírus humano (Ito, 1987; Hattori, 1990) e atividade 
indutora de interferon (Acharya et al., 1993). 
O alcaçuz é uma das plantas sobre a qual maior número de estudos farmacológicos 
têm sido realizados, incluindo estudos em seres humanos, de farmacocinética e ensaios 
clínicos. 
Emprego farmacêutico: 
Adicionalmente ao seu uso como adoçante em confeitaria e produtos alimentares 
como chocolates, cervejas, licores, gomas de mascar, e mesmo na indústria do tabaco, 
extratos de alcaçuz são empregados como edulcorante em preparações farmacêuticas. Embora 
utilizado em outros países em produtos com indicações relacionadas às atividades 
antiinflamatória e antiúlcera, no Brasil as especialidades farmacêuticas presentes atualmente 
no comércio são produtos preconizados como expectorante. Como precauções de uso, pessoas 
com problemas cardíacos e hipertensão devem evitar o consumo excessivo de preparações 
contendo alcaçuz. 
 
GINSENG 
Nome científico: Panax ginseng C.A.Mey. 
Família botânica: Araliaceae 
Parte utilizada: rizomas e raízes dessecadas 
Monografias farmacopéicas: OAB 1990, Chinesa 1990, Ph. Franç. X, DAB 10., Ph. Jap. 12., 
1991 e Ph. Helv. VI 
O ginseng, originário da Manchúria e Coréia do Norte, é utilizado na China há mais de 
3000 anos como uma planta estimulante, reconstituinte, geradora de vitalidade, conhecido 
como elixir da longa vida. A palavra "panax" significa panacéia. 
18 
 
As raízes secas, das quais a periderme é retirada, são chamadas de "ginseng-branco", 
enquanto que o "ginseng-vermelho" é obtido através da exposição das raízes ao vapor de 
água, com posterior secagem, sem retirada da periderme. Esse procedimento altera a cor do 
produto para marrom-avermelhado. 
Uma característica importante é o aspecto antropomórfico dessas raízes, do qual deriva o 
nome ginseng, que, em chinês, significa imagem do homem. 
Dados químicos: 
Muitos compostos foram isolados das partes subterrâneas do ginseng, principalmente 
saponinas triterpênicas tetracíclicas e pentacíclicas, cujo teor nas raízes pode variar de 0,5 a 
3%. A maioria pertence ao grupo damarano (protopanaxadiol e protopanaxatriol), enquanto 
que a saponina triterpênica pentacíclica é do grupo do ácido oleanólico. A denominação 
ginsenosídeo seguida de letras foi dada por pesquisadores japoneses de acordo com os valores 
de Rf em um determinado sistema cromatográfico (ex.: ginsenosídeos Ro, Ra, Rb1 Rb2, ...), o 
que é determinado pelo número de cadeias osídicas e pelo número de açúcares presentes em 
cada molécula. Já os panaxosídeos, designados desse modo pelos pesquisadores russos, foram 
denominados por letras (A, B, C...). Alguns ginsenosídeos e panaxosídeos possuem a mesma 
estrutura (ginsenosídeo Rg-l = panaxosídeo A). Até o momento foram descritas 28 saponinas 
das raízes, pedúnculos, folhas, flores e botões de flores da planta. Há pequenas diferenças 
quanto à composição química entre o ginseng-branco e o vermelho, com exceção para o 
ginsenosídeo Ra que no ginseng-branco é da ordem de 20%, enquanto que no ginseng-
vermelho apresenta-se em torno de 3% (Hostettmann e Marston, 1995). Além dos 
ginsenosídeos, polissacarídeos e flavonóides, aminoácidos e vitaminas foram isolados em 
diferentes partes da planta. 
Dados farmacológicos: 
Com base em suas propriedades farmacológicas, os extratos de ginseng têm sido 
classificados como uma nova classe de compostos conhecidos como adaptógenos ou agentes 
antiestresse. Os ginsenosídeos são considerados os responsáveis pela maioria das atividades 
farmacológicas do ginseng. Contudo, o mecanismo de ação do ginseng não está esclarecido. 
Emprego farmacêutico: 
No mercado brasileiro estão presentes dezenas de especialidades farmacêuticas com 
indicação para aumentar a resistência natural do organismo ao estresse e infecções e para 
reduzir a fadiga. Usualmente, são utilizados 200 a 600mg de extrato de ginseng (padronizado 
em 1,5% de ginsenosídeos expressos como ginsenosídeo Rgl), diariamente, durante 3 meses 
19 
 
no máximo. As reações adversas incluem efeitos cardiovasculares (hipertensão, edema), no 
sistema nervoso central (tontura, insônia, nervosismo, euforia, dificuldade de concentração), 
ação sobre sistema endócrino (mastalgia), sobre sistema genitourinário (hemorragia vaginal e 
ação estrogênica), diarréia matinal e erupções cutâneas. A síndrome de abuso do ginseng pode 
ser detectada pelos sintomas: insônia, nervosismo, euforia, diarréia matinal e erupções 
cutâneas. Como contra-indicações são consideradas: gravidez e lactação, diabetes, 
hipertensão; interações são relatadas com fármacos hormonais, estimulantes, hipoglicemiantes 
e anticoagulantes (Hammond e Whitworth, 1981; Baldwin et aI., 1986; Chong e Oberholzer, 
1988; Schulz e Haensel, 1996; Wong et aI., 1998). 
 
CENTELA 
Nome científico: Centella asiatica (L.) Urb. 
Sinonímia científica: Hydrocotyle asiatica L. 
Família botânica: Apiaceae 
Parte utilizada: raiz 
Monografias farmacopéicas: Chinesa 1990, F. Bras. IV 
Popularmente conhecida como centelha, centela, centela-da-ásia, pata-de-mula, pata-
de-burro ou pé-de-cavalo, é uma espécie cosmopolita, de uso tradicional no tratamento de 
feridas e lesões cutâneas diversas. No Brasil, ocorre nos Estados de Minas Gerais, Rio de 
Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo encontrada em quase 
todos os ambientes e obtida por extrativismo ou por importação. Como é amplamente 
comercializada, a sua adulteração é bastante freqüente com espécies de Hydrocotyle (Fischer 
et aI., 1995). 
Dados químicos: 
As propriedades farmacológicas são atribuídas às saponinas e triterpenos, destacando-
se como componente principal o asiaticosídeo 1. Em alguns países, a mistura do asiaticosídeo 
com triterpenos de estrutura similar (ácido madecássico, ácido asiático e ácido madasiático) 
está no mercado em preparações de uso tópico e interno, incluindo o Brasil (Madecassol®). 
Em 1992, o ácido asiático e o asiaticosídeo foram isolados das raízes de Schefflera octophylla 
(Lour.) Harms, sendo esta a primeira vez que estes componentes foram isolados de outra 
planta que não em Centella asiatica (L.) Urb. (Sung et aI., 1992). 
Emprego fannacêutico: 
20 
 
Atualmente, vem sendo utilizada em preparações magistrais e em cosméticos, 
preconizada como cicatrizante, em queimaduras e quelóides e para o tratamento de 
insuficiência venosa crônica, com base na ação benéfica verificada sobre o metabolismo do 
tecido conectivo das paredes vasculares e na microcirculação(Arpaia et aI., 1990; Cesarone et 
al., 1994). Têm sido relatados casos de dermatite de contato em cremes e preparações 
contendo esses compostos (Danese et al., 1994; Bilbao et aI., 1995; Gonzalo-Garijo et al., 
1996). 
 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
SARKER, S.D; NAHAR, L.; Química para estudantes de Farmácia: Química Geral, 
Orgânica e de Produtos Naturais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 
 
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; et al, Farmacognosia: da Planta ao 
medicamento. 9ed. Porto Alegre/Florianópolis Ed.Universiade/UFRGS/Ed. Da UFSC, 1999.

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