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1 FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS GERAIS - FEAMIG - Gerência de Riscos MARCELO GIORDANO GÁRIOS ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 2 APRESENTAÇÃO Esta apostila tem o objetivo de informar aos alunos do curso de pós- graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho a evolução da Gerência de Riscos, desde a Segurança Tradicional, passando pela transição entre o tradicional e o moderno até à sua integração nos dias de hoje, com os modelos de gestão que buscam a competitividade e a sobrevivência das Empresas. Fruto de uma extensa pesquisa bibliográfica e de muitos anos de experiência prática, agradeço a efetiva participação dos colegas Engº Químico José Antônio Mendonça de Araújo e Engº Civil Flavio Neves na elaboração técnica desta e no desenvolvimento do curso. 3 ÍNDICE / ETAPAS: 1ª) Introdução à Gerência de Riscos (página 4) • Conceitos • Associação Risco Segurança Empresa • Aspectos do Gerenciamento de Riscos • Inspeção de Segurança • Análise de Riscos e Padronização • Investigação e Análise de Acidentes • Programas de Gerência de Riscos 2ª) Noções Básicas de Seguro (página 32) • Administração de Seguros • Retenção de Riscos • Auto Adoção e Auto Seguro • Transferência de Riscos • Franquias 3ª) Fundamentos Matemáticos (página 39) • Confiabilidade • Probabilidade • Simbologia Lógica • Álgebra Booleana 4ª) Custos de Acidentes (página 57) • Conceitos • Elementos de Custos de Acidentes • Relação Custo/Benefício. 5ª) Controle de Danos e Perdas (página 66) • Evolução do Prevencionismo • Conceitos e fatores de perda • Controle de Danos - Conceito de Bird • Controle total de perdas - Conceito de John Fletcher • Prevenção e Controle de Perdas • Análise e avaliação de perdas 6ª) Engenharia de Segurança de Sistemas (página 85) • Conceitos • Segurança de Sistemas • Sistemas e subsistemas • A Empresa como Sistema • Técnica de Incidentes Críticos • Análise Preliminar de Riscos • Análise de Modos de Falha e Efeito • Análise de Árvore de Falhas 7ª) Segurança X Gerência de Riscos X Melhoria da Qualidade • Conceitos • Ferramentas da qualidade aplicadas à Gerência de Riscos. 4 1ª ETAPA INTRODUÇÃO 5 1. INTRODUÇÃO A maioria dos acidentes é devida à falta ou deficiência de algo fundamental na execução das tarefas diárias. A segurança dos empregados nas áreas de risco é função direta do método de trabalho que infelizmente, não tem recebido o carinho, atenção e respeito que merece! Havendo problema quanto ao método, a segurança sempre falha!... E quando a segurança falha, os resultados são catastróficos: - São as mortes; - São as mutilações físicas e/ou mentais; - São as perdas materiais; - São as interrupções brutais do trabalho com toda sorte de prejuízo! Revisaremos alguns conceitos básicos sobre acidente e segurança. Os conceitos sobre acidente serão estudados isoladamente apesar de que, na prática eles (os acidentes) ocorrem sempre em cadeia. Eles serão classificados em: caráter pessoal, material e administrativo. Gerenciar riscos depende fundamentalmente do claro entendimento desses conceitos. 2. ACIDENTE - REVISÃO DE CONCEITOS 2.1 Acidente Ocorrência não programada que pode produzir danos. É um acontecimento que não prevemos ou, se prevemos, não sabemos precisar quando vai acontecer. • Acidente Pessoal: Ocorrência com pessoas. Ex: Queda de pessoa • Acidente Material: Ocorrência com material Ex: Queda de aparelho de medição • Acidente Administrativo: Ocorrência com a empresa Ex: Falência, não programada. Notas: 2.1.1 Acidente do Trabalho Qualquer evento não programado que interfere negativamente na atividade produtiva e que tem a cobertura da seguradora. 2.1.2 Incidente crítico • É uma situação ou condição que se apresenta, mas não manifesta dano. • É também chamado de quase-acidente. 2.2 Dano Conseqüência negativa do acidente. É o produto ou resultado negativo do acidente (prejuízo) • Dano Pessoal: Lesão: ferimento no braço - perturbação mental • Dano Material: Dano em aparelho, equipamento, etc. • Dano Administrativo: Ex.: Prejuízo monetário, desemprego em massa 6 2.3 Risco Tudo que pode causar acidente. Tudo com potencionalidade ou probabilidade de causar acidente. De um modo geral os riscos são mais “visíveis” nas tarefas e podem ser controlados. Por vezes ele está oculto no processo que envolve a realização das tarefas. Podemos descobri-lo preventivamente (através de conhecimento, estudo, pesquisa, testes, etc. o que é sempre difícil) ou corretivamente (após algum acidente): Ex: Defeito de fabricação de um equipamento, Existem riscos que nunca são descobertos. “Os inimigos ocultos são os mais perigosos!” Risco Pessoal É o homem - o maior risco da humanidade! Pode causar os mais variados acidentes a qualquer instante. Risco Material Condição insegura - risco no ambiente, máquinas, equipamentos, ferramentas, etc. pode ser a presença (gás tóxico) ou falta (falta de pessoal treinado em primeiros socorros) de alguma coisa no ambiente de trabalho. Risco Administrativo A administração, a gerência, a supervisão ou quem os representar diretamente. É o risco mais crítico da Empresa. Quando o gerente é competente, o trabalho e a segurança funcionam a contento. Um grande número de acidentes na empresa indica sempre uma supervisão falha ou inexistente. 2.4 Causa (de Acidente) Aquilo que provocou o acidente, que foi responsável por sua ocorrência. Que permitiu a transformação do risco em acidente. Obs: Só passa a existir após a ocorrência do acidente. A condição insegura (piso escorregadio, por exemplo) é um risco, antes de acontecer o acidente. Após o acidente a condição insegura é causa do acidente (e continua sendo risco para outros acidentes). • Causa Pessoal: Ato inseguro Ex: Não seguir o fluxo padronizado das tarefas • Causa Material: Condição Insegura Ex: Piso escorregadio • Causa Administrativa: Ato inseguro administrativo Ex: diretriz errada, ordem errada da chefia, de gerência, de supervisor. 2.5 Ato Inseguro Maneira pela qual, consciente ou inconscientemente, a pessoa física ou jurídica: 1º se expõe ao risco; 2º Expõe pessoa (físicas ou jurídicas) e outras coisas ao risco. • Ato Inseguro (simplesmente) Cometido por pessoa física Ex: Lançamento de cigarro aceso (pontas) pela janela. 7 Notas: • Ato Inseguro Administrativo: Cometido por pessoa jurídica Ex: Ordem de chefia para transportar mercadoria em caminhão com carga superior a sua capacidade. 2.6 Condição Insegura, ou condição ambiente de insegurança. Condição de meio que pode causar ou favorecer a ocorrência de acidentes (risco) ou a condição do meio que causou ou favoreceu o acidente (causa). A condição insegura antes do acidente é risco e após o acidente é causa. 2.7 Fator Pessoal (de insegurança) Condição que leva o ser humano a cometer o ato inseguro pode ser: 2.7.1 - Inconsciente ou consciente 2.7.2 - Inerente ou não ao ser humano Ex: medo, insegurança. Exemplos de Fatores Humanos: Física (surdez, daltonismo). 1. Incompetência Mental (intelectual ou psíquico) Falta de treinamento ou treinamento inadequados Todos nós somos competentes paraalguma coisa e incompetentes para outras. Omissão 2. Irresponsabilidade Indisciplina Vício (bebida, tóxico, etc.). 3. Excesso de confiança (o “bom” geral) Insegurança 4. Falta de confiança Dúvida Medo Doenças Falta de “tinta” (dinheiro) 5. Problemas pessoais Preocupação Excesso de “tutu” (dinheiro) Fome Doença na família Fadiga Bom seria se pudéssemos ter sempre “o homem certo no lugar certo” Com talento 6. Incompatibilidade Com chefes Com colegas Com a vida 8 Exemplos de atos Inseguros: • O não uso ou uso incorreto de EPI; • Lançamento de pontas acessas de cigarro; • Ligação de chave (elétrica) errada; • O ato de dirigir sem habilitação; • O ato desligar aparelhos sem conhecer ou seguir instruções; • O de fumar em lugar proibido ou com risco de incêndio; • O exercício de função administrativa só pelo cargo ou dinheiro (não tendo competência para exercê-la); • O ato de emitir qualquer diretriz inadequada ou errada (chefia); • O de fazer os empregados de cobaias, testando teorias utilizadas em outras civilizações, sem competência e conhecimento profundo do assunto e sem visão para medir conseqüências futuras; • Usar o cargo ou função para impor idéias não aceitas pela totalidade consciente dos empregados. Exemplos de condições inseguras: • Piso defeituoso, escorregadio, com óleo; • Ambiente com produtos nocivos à saúde; • Ambiente com temperaturas extremas; • Ambiente mal iluminado; • Ambiente mal ventilado; • Materiais mal posicionados (sem arranjo físico); • Ferramentas e máquinas perigosas ou defeituosas; • Substâncias químicas e outros materiais no ar respirável; • Equipamentos energizados sem proteção e controle; • Falta de condições essenciais à realização do trabalho. 3. Segurança - revisão de conceitos 3.1 Segurança (geral) É a garantia de um estado de bem estar físico e mental traduzindo por saúde, paz e harmonia. 3.2 Segurança do Trabalho (1) É a garantia de um estado satisfatório de bem estar físico e mental do empregado, no trabalho para a empresa e se possível, fora de ambiente dela (em viagem de trabalho, no lar, no lazer, etc.). 3.3 Segurança do trabalho (2) É a parte do planejamento, organização, controle e execução do trabalho, que objetiva reduzir permanentemente as probabilidades de ocorrência de acidentes (parte de administração com objetivo de reduzir permanentemente os riscos). 9 3.4 Linha de atuação para atingir a segurança 1º) Administração correta (consciente): Com pessoas capazes; Com planejamento, organização e métodos eficazes e eficientes; Com supervisão atuante (consciente); Que acredite em segurança (e no trabalho); Que apóie a segurança (e o trabalho). 2º) Conscientização dos empregados (e patrões) quanto à segurança no trabalho “Quando a pessoa acredita naquilo que faz, ela se torna mais produtiva e feliz”. Notas: 3º) Atuação na área de risco: Identificação de riscos; Eliminação de riscos; Controle de riscos; Proteção do trabalhador (EPC, EPI, Layout, etc.). 4º) Atendimento de acidentados: Com 1ºs socorros Médico-hospitalar Psicológico Social 3.5 Como fazer segurança na área de risco 1º) Com prevenção: Inspeção de segurança Análise de risco Métodos de Trabalho 2º) Com correção: Investigação de acidente Análise de acidentes Notas: 10 TIPOS DE RISCOS CONSTANTES • São aqueles que mantém suas características de identificação inalterável todos os períodos determinados. Ex: equipamentos fixos, máquinas de serrar, etc. VARIÁVEIS • São aqueles que apresentam alterações substanciais por influência de fatores exógenos (que está à superfície). Ex: incêndios de bosques (de acordo com a estação do ano). Acidentes de trânsito (de acordo com faixa de período). PROGRESSIVOS • São aqueles que apresentam maior potencialidade na medida que transcorre o tempo. Ex: morte (risco aumenta com a idade) Notas: NATUREZA DOS RISCOS ESTÁTICOS (PUROS) Aqueles que causam somente prejuízo se ocorrerem os eventos a eles associados. DINÂMICOS (Impuros/Especulativos) Aqueles que podem produzir lucros como prejuízos, na hipótese da ocorrência de eventos a eles relacionados. Notas: 11 ESTÁTICOS TÉCNICOS NATURAIS SOCIAIS PESSOAIS INCÊNDIO EXPLOSÃO DANOS ELÉTRICOS QUEBRA DE EQUIPAMENTO ERROS DE MONTAGEM DEFEITOS DE PRODUTOS INUNDAÇÕES FURACÃO E OU TEMPESTADE TERREMOTO RAIO ERUPÇÕES VULCANICOS DESLIZAMENTO DE TERRA ROUBO / ASSALTO VANDALISMO INFIDELIDADE FRAUDE SABOTAGEM GREVE/TUMULTOS ACIDENTES PESSOAIS DOENÇAS SEQUESTRO / EXTORSÃO HOMENS CHAVES DA ORGANIZAÇÃO TURN-OVER 12 DINÂMICOS GERAIS FENÔMENOS SOCIAIS LEIS CONCORRÊNCIA AUMENTO DE CUSTO DIFICULDADE DE CRÉDITO CONTROLE DE ESTOQUE MUDANÇAS DE HÁBITO RECESSÃO ECONÔMICA MUDANÇA DE EXIGÊNCIA ANSEIOS DO CONSUMIDOR PROTECIONISMO NO MERCADO INTERNO MUDANÇAS NOS PADRÕES DE QUALIDADE LIBERAÇÃO DE IMPORTAÇÕES MELHORES PRODUTOS MELHORES PREÇOS DUMPING 13 RISCO Uma ou mais condições de uma variável, com potencial necessário para causar danos. DANO É a severidade da lesão, perda física, funcional ou econômica, que pode resultar, se o controle sobre um risco é perdido. PERIGO Expressa uma exposição a um risco, que favorece a sua materialização em danos. 14 AS INEVITÁVEIS LEIS DE MURPHY • QUALQUER OPERAÇÃO PODE SER FEITA DE FORMA ERRADA, NÃO INTERESSA O QUANTO ESSA POSSIBILIDADE É REMOTA, ELA ALGUM DIA VAI SER FEITA DESSE MODO. • NÃO IMPORTA O QUANTO É DIFÍCIL DANIFICAR UM EQUIPAMENTO, ALGUÉM VAI ACHAR UM JEITO. • SE ALGO PODE FALHAR, ESTA FALHA DEVE SER ESPERADA PARA OCORRER NO MOMENTO MAIS INOPORTUNO E COM MÁXIMO DANO. • MESMO NA EXECUÇÃO DA MAIS PERIGOSA E COMPLICADA OPERAÇÃO, AS INSTRUÇÕES PODERÃO SER IGNORADAS. Notas: 15 FUNÇÃO EMPRESARIAL DE SEGURANÇA (CONCEITUAÇÃO) EVITAR ACIDENTE PARA • MANTER CONTINUIDADE OPERACIONAL • PRESERVAR INTEGRIDADE FÍSICA E MENTAL DO TRABALHADOR • GARANTIR SALUBRIDADE E SEGURANÇA DO PÚBLICO LEVANDO A • MAIOR RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO • AUMENTO DE PRODUTIVIDADE • DIMINUIÇÃO DOS CUSTOS Notas: 16 FUNÇÃO EMPRESARIAL DE SEGURANÇA DISTRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES ENGENHARIA DE SEGURANÇA ENGENHARIA DE SEGURANÇA ÁREAS TÉCNICAS PADRÕES DE SEGURANÇA ÁREAS -PRODUÇÃO -CONSTRUÇÃ0 -OPERAÇÃO -MANUTENÇÃO -SERVIÇOS DE APOIO -ETC. MANTER MEDIR DESVIOS OBTER 17 Notas: CONTROLE EVITARF A Z E R DETERMINÍSTICO PREVENÇÃO RISCO ACIDENTE PROBABILÍSTICO 18 CUSTO COM PERDAS SEGURANÇA CUSTO COM SEGURANÇA GASTO ADEQUADO 19 GERÊNCIADE RISCOS CONCEITOS: “Conjunto de procedimentos que visa a proteger a empresa das conseqüências de eventos aleatórios que possam reduzir sua rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros”. FINALIDADE Prevenir todos os fatos negativos, que distorcem um processo de trabalho, impedindo que se cumpra o programado, e que podem provocar danos e/ou perdas às pessoas e aos elementos materiais. Notas: A GERÊNCIA DE RISCOS CONSISTE EM: • Identificação de Riscos, • Análise de Riscos, • Avaliação de Riscos, • Tratamento de Riscos, Prevenção Eliminação Redução Financiamento Redução Auto-adoção Auto-seguro Transferência Sem Seguro Por Seguro Notas : 20 GERÊNCIA DE RISCOS ENG. DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS ANÁLISE DE RISCOS SEGUROS LEVANTAR AS POSSIBILIDADES DE OCORRÊNCIA DE FALHAS E PROBLEMAS EM TODAS AS ÁREAS AVALIAR E ACOMPANHAR TODOS OS PROJETOS DA EMPRESA, DETALHANDO AS PROVIDÊNCIAS QUE DEVEM SER TOMADAS DO PONTO DE VISTA DA ELIMINAÇÃO / CONTROLE, BEM COMO DA APROVAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA ( INDIVIDUAL E COLETIVO ) REALIZAR INSPEÇÃO REGULAR DOS LOCAIS DE TRABALHO ONDE SE VERIFICA O CUMPRIMENTO DAS NORMAS DE SEGURANÇA ESTABELECIDAS ADMINISTRAR TODOS OS CONTRATOS FEITOS PARA COMPLEMENTAR AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO 21 PROCESSO DE DECISÃO NA GERÊNCIA DE RISCOS • DETERMINAR A GRANDEZA DO RISCO • AVALIAR O RISCO • DESENVOLVER ALTERNATIVAS PARA TRATAR O RISCO • SELECIONAR A MELHOR ALTERNATIVA DE CONTROLE (JUSTIFIQUE) • APLICAR MEDIDA DE CONTROLE. Notas: RESPONSABILIDADES DA GERÊNCIA DE RISCOS • IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS • CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS • AVALIAÇÃO DOS RISCOS • GERAÇÃO, ATUALIZAÇÃO E ARQUIVAMENTO DE DADOS ESTATÍSTICOS E RELATÓRIOS. • ESTABELECIMENTO DE UMA POLÍTICA DE RISCOS • COOPERAÇÃO E BUSCA DA COOPERAÇÃO DE TODOS OS DEPARTAMENTOS DA EMPRESA. Notas: 22 IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS • QUESTIONÁRIOS (CHECK LISTS); • INSPEÇÃO DE SEGURANÇA; • FLUXOGRAMAS; • TÉCNICA DE INCIDENTES CRÍTICOS; • ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS; • INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES; • Outras técnicas. Notas: CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS • SOBRE PROPRIEDADES; • PESSOAIS; • DE RESPONSABILIDADE CIVIL; • SOBRE VENDA E/OU COMERCIALIZAÇÃO; • FINANCEIROS; • SOBRE PRODUÇÃO E/OU OPERAÇÃO; • AO MEIO AMBIENTE. Notas: 23 AVALIAÇÃO DE RISCOS • DANO MÁXIMO PROVÁVEL (DMP) • PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIAS DO EVENTO GERADOR DO DANO (PO) • NÍVEL DE EXPOSIÇÃO AO RISCO (CLASSES DE PRIORIDADES) • EFICIÊNCIA DAS MEDIDAS DE CONTROLE DO RISCO • CUSTO DAS MEDIDAS E CONTROLE DO RISCO Notas: 24 3.5.1 ASPECTOS DA GERÊNCIA DE RISCOS O que fazer? Como Fazer? Planejamento Onde fazer? Determinística Porque fazer? Para quem fazer? Operacional Em quanto tempo? Quem fazer Quanto custa fazer? 1. PREVISÃO O que pode Planejamento sai errado Probabilística ou não dar Prevencionista certo? 2. INOVAÇÃO - CRIATIVIDADE disciplina 3. RESPONSABILIDADE punição Notas 25 Observação (simples ou rigorosa) dos CONCEITO ambientes de trabalho (pessoal, material e organizacional) OBJETIVO Identificar riscos Tomar ou propor medidas preventivas. 4. INSPEÇÃO DE SEGURANÇA Favorecer a formação e o fornecimento do IMPORTÂNCIA espírito preventivo Favorecer a cooperação entre os CIPAs e os diversos setores da Empresa Mostram o interesse da Empresa na segurança do trabalho . Notas: 26 5. PROCEDIMENTOS Materiais, equipamentos Sistemas Estáticos ferramentas, antes do uso O que inspecionar? Atividades com os recursos Sistemas Dinâmicos necessários Guia de Inspeção Como inspecionar? Manuais de Segurança Manuais de análise de Riscos Todos envolvidos direta ou Quem inspecionar? indiretamente na tarefa, mantendo certos critérios Quando inspecionar? Estabelecer critérios de periodicidade Onde inspecionar? Estabelecer programação de locais a serem inspecionados Notas: 27 6. TIPOS DE INSPEÇÃO OFICIAL ESPECIAL GERAL (Observação “simples” de uma determinada área ou áreas de trabalho, instalações e atividades). PARCIAL (Observação rigorosa de uma área específica de trabalho ou de uma única atividade com os recursos necessários para executá-la). 7. RESPONSABILIDADES Órgãos governamentais do trabalho ou securitários. Órgãos especializados internos ou exteriores à Empresa. Chefes, supervisores, encarregados empreiteiros, Engenheiros de Segurança, Médicos do Trabalho, membros da CIPA. Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiros, Engenheiros de Segurança, Médicos do Trabalho, encarregados, membros da CIPA, empregados que executam diretamente a tarefa, supervisores. Notas: 28 3.5.2 Análise de riscos (inclusive os ocultos no processo) • Identificação de riscos ou falhas O que é feito? É necessário? Quem é o responsável? Quem executa? Onde é realizada a tarefa? Quando é (será) realizada? Como é feita? O que está errado? Qual a probabilidade de sai errado? Qual a conseqüência de sair errado? • Mudanças Definição (padronização) de métodos de trabalho (procedimentos, norma e orientações para controle e proteção). • Providências: Por em prática métodos de trabalho; Conscientizar empregados quanto ao uso; Acompanhar/avaliar o emprego dos métodos adotados. 4. Análise de riscos e métodos de trabalho(padronização) 4.1 Conceitos Processo É um conjunto de tarefas para se atingir um objetivo. Ex: manutenção de iluminação pública, faturamento, compras e vendas. Notas: Tarefa Cada uma das partes distintas que compõe o processo. Ex: Substituição de lâmpadas, medição de obras executadas, coletas de preços. Atividade Ações necessárias à execução da tarefa. Ex: Retirar escada do veículo, medir as obras, consultar terminal on- line. 4.2 Análise de Risco É a procura, investigação, pesquisa, estudo e reconhecimento de riscos existentes nas operações, tarefas ou serviços (de modo detalhado e organizado) para posterior eliminação, controle de riscos e proteção do traballhador. 29 Seqüência para análise de risco (ou falhas): serviço; tarefa; operações. 1. Decompor o serviço em tarefas; 2.Decompor com tarefa em atividade; 3. Evidenciar os riscos para cada atividade; 4. Propor medidas para: Eliminação e controle de riscos e proteção do trabalhador para cada operação. 4.2.1 Como fazer (conduzir) a análise de risco ou análise do trabalho 1º Pela observação das tarefas • Escolher empregados qualificados para observar e registrar (pelo menos dois, em épocas diferentes, se possível); • Observar as tarefas e também aos empregados; • Não interferir na realização das tarefas (na 1ª observação); • Discutir as tarefas com os executantes (após 1ª observação); • Pedir repetição de operações que deixem dúvidas (se possível); • Verificar a eficiência e deficiência da tarefa. Notas: • Identificar os riscos de acidentes e as deficiências; • Chegar a um consenso (entre os observadores); • Emitir parecer global e enviá-lo à chefia; • Emitir orientações, procedimentos e normas de serviço, sem fugir da realidade (chefias). 2º) Pela discussão em grupo • Escolher empregados qualificados (os encarregados, executantes e aqueles que tenham maior conhecimento prático e teórico não podem faltar). • Escolher um para conduzir a discussão • Cada participante deverá, pessoalmente sem censura: Desmembrar processos tarefas atividades Identificar riscos ou deficiências; Propor eliminação e controle de riscos (ou deficiências) das tarefas e proteção dos empregados. • Formar grupos de discussão e repetir os itens acima, com censura evitando-se abstrações sem sentido prático, cada grupo terá um representante; • Formar novos grupos (com o representante de cada grupo final de discussão e repetir outra vez os mesmos itens chegando ao consenso final); • Emitir parecer geral (global) com orientações e procedimentos escritos. 3º) Pela Mentalização (análise mental) Na realização dos vários serviços existentes na empresa, os empregados deparam algumas vezes, com situações novas, sem nenhuma orientação verbal 30 ou por escrito. A execução das tarefas, em tais casos, vai depender do conhecimento, vivência e prática do encarregado e sua equipe. A situação deve ser estudada e analisada minuciosamente pelo encarregado e sua equipe, chegando a uma definição concreta, sem deixar dúvidas. Análise Mental: • Desmembrar mentalmente a tarefa em atividades; • Discutir com a equipe; • Escolher a seqüência certa ou a melhor seqüência; • Identificar antes, os riscos ou deficiências existentes; • Eliminar e controlar riscos ou deficiências existentes; • Usar corretamente os EPI’s, EPC’s, ferramentas e materiais necessários à execução da tarefa; • Só executar a tarefa quando tiver perfeito conhecimento de que ela pode ser realizada sem acidente ou falhas (com eficácia e eficiência). • Análise Mental Individual: • Desmembrar mentalmente a tarefa em atividades • Escolher a seqüência certa ou a melhor seqüência • Identificar antes, os riscos e deficiências existentes; • Eliminar e controlar riscos e deficiências existentes; • Usar corretamente os EPI’s, EPC’s, ferramentas e materiais necessários à execução da tarefa. 5. INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE ACIDENTE 5.1 Conceito É a pesquisa dos fatos que envolvem um acidente e suas respectivas análises, Visando aprimorar a Segurança do Trabalho. 5.2 Objetivo Visa estabelecer critérios para investigação de acidentes, que orientem de maneira eficaz a busca de causas, a apuração de responsabilidades e adoção de recomendações preventivas (controles). 5.3 Tipos de Acidentes a) Acidente com vítima; b) Acidente sem vítima; c) Acidente de trajeto; d) Acidente com terceiros; e) Acidente com empreiteiros. Notas: 31 CONCEITUAÇÃO DOS ACIDENTES a) É o acidente que causa lesão pessoal, resultando ou não danos ao patrimônio da Empresa. b) É o acidente que não causa lesão pessoal resultando ou não danos ao patrimônio da Empresa. c) É o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o trabalho, ou deste para àquela. d) É o acidente ocorrido com pessoas que não pertencem ao quadro de empregados da Empresa, e nem de firmas contratadas. Notas: 32 2ª ETAPA TEORIA GERAL DO SEGURO NOÇÕES BÁSICAS 33 TEORIA GERAL DO SEGURO - NOÇÕES BÁSICAS 1. O SEGURO - CONCEITO “O Seguro é uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma pequena remuneração, uma pessoa, se faz prometer para si ou para outrem, no caso da efetivação de um evento determinado, uma prestação de uma terceira pessoa que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo (MEMARD)”. Pagamento de uma remuneração: Prêmio A pessoa: Segurado De uma prestação: Indenização A outrem: Beneficiário Efetivação de um evento determinado: Sinistro A possibilidade da efetivação de um evento determinado é o risco. Conceito Completo “Seguro é uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma pequena remuneração, o prêmio, uma pessoa, o segurado, se faz prometer para si ou para outrem, o beneficiário, no caso da efetivação de um evento determinado, (risco/sinistro), uma prestação (indenização), por parte de uma terceira pessoa, (o segurador) que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo”. As leis da estatística e o princípio do mutualismo são as “Técnicas Básicas” utilizadas na operação de seguro. 2. FINALIDADE E CARACTERÍSTICA DO SEGURO A morte de uma pessoa, deixando desamparados aqueles que dependem de sua atividade, ou a destruição de coisas ou bens fazendo desaparecer ou reduzir-se o patrimônio, são acontecimentos que o homem procurou reparar por intermédio de uma instituição. O Seguro foi o organismo que se criou e progressivamente, vem se aperfeiçoando para restabelecer o equilíbrio perturbado. Notas: Qualquer que seja sua modalidade, o seguro apresenta três características básicas: 1. Previdência 2. Incerteza 3. Mutualismo 34 2.1. CONTRATO DE SEGURO A operação de seguro é efetivada através de um contrato. Na formulação do contrato do seguro são utilizados dois instrumentos: A Proposta - representa a vontade do segurado. A Apólice - representa a concretização do contrato e é emitida pelo segurador. 3. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTRATO DE SEGURO Em todo contrato de seguro deverão estar presentes os elementos essenciais a esta operação: Risco O segurado O segurador O prêmio A indenização O risco é o elemento fundamental do contrato de seguro, que caracteriza cada uma das modalidades ou ramos de seguro. Assim, no ramo incêndio o risco é a probabilidade de incêndio, no ramo acidentes pessoais, o risco é a probabilidade de acidente pessoal, no ramo agrícola, o risco é o acontecimento capaz de produzir dano à lavoura, como o granizo por exemplo. O risco, para ser segurável, deverá satisfazer as seguintes condições, simultaneamente: a) ser possível b) ser futuro c) ser incerto d) independente da vontade das partes contratantes e) deve resultar de sua ocorrência, prejuízo de ordem econômica. O segurador é a pessoa jurídica que assume o risco e paga indenização no caso, de ocorrência de sinistro. Notas: O segurado é a pessoa física ou jurídica perante o qual o segurador assume a responsabilidade de determinado risco. O prêmio, também elemento essencial do contrato de seguro é o pagamentofeito pelo segurado ao segurador, ou seja, é o preço do seguro para o segurado. Os parâmetros gerais para calcular o prêmio são: 1. O prazo do seguro; 2. A importância segurada; 3. Exposição ao risco. Normalmente o prazo do seguro é de 1 ano ou 12 meses, nada impede que seja calculado prêmio a prazos inferiores (prazo curto) ou superiores a 1 ano (prazo longo). 35 4. FRANQUIA Dizemos que franquia é o valor inicial da importância segurada até o qual o segurado é o segurador de si próprio, ou seja, se dizemos que num seguro há uma franquia de R$ 20.000,00, isto significa que, prejuízos até R$ 20.000,00 serão suportados pelo segurado, quer dizer, é a parte inicial que fica sob sua responsabilidade. Há dois tipos de franquia: 1.) Franquia Dedutível: É aquela cujo valor é reduzido de todos os prejuízos. É a mais utilizada. 2.) Franquia Simples: É aquela em que, no momento que o prejuízo ultrapassa o seu valor, ele deixa de ser deduzida. É pouco utilizada. Ex: Considerando uma IS (importância segurada) de R$500.000,00 e uma franquia de 10%, levando em conta os dois tipos de franquia, vimos calcular o que será pago de indenização ao segurado no caso dos seguintes prejuízos: 1.) R$ 6.000,00 2.) R$ 50.000,00 3.) R$ 120.000,00 Notas: 1ª) Franquia Dedutível 1º prejuízo: Ca$ 6.000,00 < franquia Ù não há indenização 2º prejuízo: Ca$ 50.000,00 = franquia Ù não há indenização 3º prejuízo: Ca$120.000,00 > franquia Ù Ca$ 70.000,00 de indenização 2ª) Franquia Simples 1º prejuízo: Ca$ 6.000,00 < franquia Ù não há indenização 2º prejuízo: Ca$ 50.000,00 = franquia Ù não há indenização 3º prejuízo: Ca$120.000,00 > franquia Ù Ca$ 120.000,00 de indenização. 36 5. SEGUROS PROPORCIONAIS E NÃO PROPORCIONAIS 5.1 SEGUROS PROPORCIONAIS Na maioria dos seguros de coisas, os seguros são proporcionais, ou seja, você só recebe o valor total do prejuízo se seu seguro estiver suficiente. Este é o princípio da cláusula de rateio. I P = IS VR I = Indenização P = Prejuízo IS = Importância Segurada VR = Valor em Risco Ex: Nota seguro proporcional, a IS é de R$ 1.500.000,00. Ocorreu um sinistro que gerou um prejuízo de R$ 400.000,00. Calcular o valor da indenização sabendo-se que o valor em risco apurado foi de R$ 2.000.000,00 como IS < VR cláusula de rateio. I = 400 X 1.500 I = R$ 400.000,00 = P 2 000. ∴ 5.2 SEGUROS NÃO PROPORCIONAIS Nesses seguros não se cogita o valor em risco para o cálculo de indenização. O Segurador paga pelos prejuízos ocorridos, é lógico, até o limite da importância segurada sem aplicar o rateio. Notas: 37 6. PULVERIZAÇÃO DE RESPONSABILIDADES A técnica das operações de seguro baseia-se em vários princípios, dentre os quais, a pulverização de responsabilidade, que é o princípio técnico da distribuição das responsabilidades decorrentes dos negócios segurados. C.N.S.P. - Conselho Nacional de Seguros Privados. SUSEP - Superintendência de Seguros Privados. I. B. R. – Instituto de Resseguros do Brasil. 6.1 O CONSEGURO É o seguro relativo ao mesmo bem, ou a riscos relativos ao mesmo bem, feito por dois ou mais seguradores cotizantes. 6.2 O RESSEGURO É a operação onde o excedente de responsabilidade sobre um determinado bem é transferido ao órgão ressegurador. Notas: 38 6.2.1 NOMENCLATURA UTILIZADA EM RESSEGURO Segurador cedente: Segurador que coloca um resseguro Segurador direto: Segurador que aceita o risco diretamente do proponente, perante o qual é responsável pela responsabilidade assumida. Pelas suas definições acima, notamos que as duas figuras se confundem numa única figura, a diferença de nomenclatura refere-se ao relacionamento, com o segurado (direto) e com o ressegurador (cedente). CESSÃO: Quantidade dada por meio de seguro e, portanto quantidade aceita pelo ressegurador. RESSEGURADOR: Segurador que aceita um resseguro do segurador cedente PLENO: Parte do risco que o segurador direto retém por conta própria. No mercado brasileiro é utilizado mais comumente o termo retenção. RETROCESSÃO: Resseguro de um resseguro, que pode efetuado quando o ressegurador deseja limitar sua responsabilidade com relação ao negócio aceito. Notas: 39 3ª ETAPA FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS 40 1. CONFIABILIDADE / PROBABILIDADE CONCEITOS BÁSICOS 1.1 Confiabilidade (C): é a probabilidade de um equipamento ou sistema desempenhar satisfatoriamente suas funções específicas, por um período de tempo determinado. CONFIABILIDADE X CONTROLE DE QUALIDADE depende do tempo independe do tempo Confiabilidade é a probabilidade de não haver falhas. 1.2 Probabilidade de falha (P): é a possibilidade de ocorrência de um determinado número de falhas num período de tempo considerado. A probabilidade de falha, até certa data, é denominada “não confiabilidade” e é o complemento de C. P = 1 - C 1.3 Taxas de falhas ( λ ): é a freqüência com que as falhas ocorrem, num certo intervalo de tempo, e é medida pelo número de falhas para cada hora de operação ou número de operações do sistema. Notas: λ λ = nº de falhas em horas ou = nº de falhas nº de operaçõestempo 1.4 Tempo médio entre falhas (TMEF): é o recíproco da taxa de falhas. TMEF = 1λ 41 1.5 Tipos de falhas 1.5.1 Falhas prematuras Ocorrem durante o período de depuração, devido a deficiências nas montagens ou a componentes abaixo do padrão, que falham logo após colocados em funcionamento. As falhas prematuras não são consideradas na análise de confiabilidade porque se admite que o equipamento foi depurado e as peças iniciais defeituosas foram substituídas. Para a maioria dos equipamentos, 200 horas é um período considerado seguro para que haja depuração. 1.5.2 Falhas casuais São falhas que resultam de causas complexas, incontroláveis e, algumas vezes, desconhecidas. Ocorrem durante a vida útil do componente ou sistema. 1.5.3 Falhas por desgaste São falhas que ocorrem após o período de vida útil dos componentes. A taxa de falha aumenta rapidamente, nesse período, devido ao tempo e a algumas falhas casuais. Notas: 1.6. CURVA DA TAXA DE FALHA X TEMPO (“Curva de Banheira”) 42 2 CÁLCULO DA CONFIABILIDADE É dado pela expressão matemática que indica a probabilidade com que os componentes operarão, sem falhas, num sistema de taxa de falhas constante, até a data t. C = e-λt ou C = e-t/T pois λ = 1 T onde: C = confiabilidade e = 2,718 λ = taxa de falhas t = tempo de operação T = tempo médio entre falhas Notas: 3. SISTEMA DE COMPONENTES EM SÉRIE A característica principal do sistema de componentes em série é a de que uma falha de qualquer um dos componentes implica na quebra ou paralisação do equipamento ou sistema. Sejam C1, C2, C3.........Cn, as funções de confiabilidade dos componentes de um equipamento ou sistema: C1 C2 C3 Cn ENTRADA S SAÍDA A confiabilidade C do sistema é dadapela expressão: C= C1. C2. C3.............Cn que é, também, denominada LEI DO PRODUTO DE CONFIABILIDADE. A probabilidade de falha será: P = 1 - C Notas: 1 3 2 n 43 4. SISTEMA DE REDUNDÂNCIA PARALELA Nesse caso, para que haja a paralisação do sistema é necessário que todos os meios ou componentes do sistema falhem. 1 P1 2 P2 Entrada Saída 3 P3 n Pn Sejam P1, P2, P3.......Pn, as probabilidades de falha dos componentes de um equipamento ou sistema. A probabilidade de falha do equipamento ou sistema é dada pela fórmula: P = P1, P2, P3.......Pn A confiabilidade ou probabilidade de não falhar será: C = 1 - P A redundância paralela é uma ferramenta de projeto para aumentar a confiabilidade de um sistema ou equipamento. Essa ferramenta apresenta, entretanto, algumas desvantagens tais como: aumento de custo, peso, volume, complexidade, exigindo maior manutenção. Notas: 44 Exercícios 1. Seja um sistema de 5 componentes em série, e cada um deles com confiabilidade de 90% (0,90). Calcule a confiabilidade total desse sistema. 2. Um outro sistema com 25 componentes em série e cada componente com confiabilidade igual a 0,90, apresentam que confiabilidade total? 3. Com emprego da redundância paralela, qual a confiabilidade de um equipamento a ser inserido no local determinado abaixo para que a confiabilidade total do sistema aumente mais 30% do valor inicial? Ca= 0,9 Cc = 0,7 Cd = 0,8 A B Cb= 0,9 Cx = ? Ce = 0,8 Notas: 4. Calcular a confiabilidade CAB do sistema abaixo: 0,7 0,8 0,9 0,7 0,8 A 0,7 0,7 0,7 0,8 B 0,8 0,8 45 5. Calcular a confiabilidade CAC do sistema: Ca1 = 0,9 Ca2 = 0,8 a Cb1 = 0,8 Cb2 = 0,8 Cb3 = 0,9 Cb4 = 0,9 A b C Cc1 = 0,7 4.1 OUTROS SIGNIFICADOS DE PROBABILIDADE Pode parecer intuitivamente óbvio o significado de probabilidade, mas a palavra tem, de fato, vários significados. Veremos abaixo, três definições básicas de probabilidade: Notas: 4.2 CHANCES IGUAIS Uma definição de probabilidade deriva do princípio da chance igual.Se uma situação tem n chances iguais e efeito mutuamente exclusivo e se nA representa os resultados ou efeitos para o evento A, a probabilidade P(A) do evento A ocorrer, é: P (A) = nA n ...............(1) Essa probabilidade pode ser calculada ou não por intermédio de experiências. O exemplo usualmente dado é o lance de um dado não viciado, o qual apresenta seis possibilidades iguais de chances. A probabilidade de tirarmos o número 1 é de 1/6. Outro exemplo é a retirada de 1 bola de dentro de uma caixa contendo 04 bolas brancas e 2 vermelhas. A chance de retirarmos 1 bola vermelha é dada pela razão 1/3. O princípio das chances iguais também é aplicado ao 2º caso, porque, apesar da possibilidade de retirar uma bola vermelha e uma branca ser desigual, a chance de retirada de 1 bola é igual. Essa definição de probabilidade é muitas vezes de utilidade limitada na engenharia, principalmente pela dificuldade de definir situações com chances iguais e mutuamente exclusivas nas aplicações práticas. 46 4.3 FREQUÊNCIA RELATIVA - EXPERIMENTAÇÃO Uma segunda definição de probabilidade é baseada no conceito de freqüência relativa. Se uma experiência é executada n vezes e se o evento A ocorre nA vezes nessas ocasiões, então a probabilidade P(A) do evento A ocorrer é: P(A) = lim nA n .........................(2) Essa probabilidade pode somente ser determinada por experiências. Essa definição de probabilidade é uma das mais largamente usadas em engenharia. Em particular, esta é a definição empregada na estimativa da probabilidade de falha. Notas: 4.4 PROBABILIDADE PESSOAL Uma terceira condição de probabilidade é condição de opinião. Ela é uma medida numérica de confiança na qual uma pessoa tem de que o evento poderá ocorrer. Muitas vezes ela corresponde a freqüência relativa do evento. 4.5 ALGUMAS RELAÇÕES DE PROBABILIDADE Chegou o momento de apresentarmos as ferramentas básicas para o desenvolvimento das relações de probabilidades. Afinal, é com estas ferramentas que procuramos desvendar os campos da Engenharia de Confiabilidade. 4.6 ÁLGEBRA BOOLEANA Devemos o desenvolvimento de Álgebra Booleana a George Boole, que a criou para aplicação ao estudo da lógica. A mais notável aplicação da lógica booleana, foi na implantação de sistemas eletrônicos digitais que originaram os computadores eletrônicos (Hardware). Mas não é só na informática que encontramos aplicação para a Álgebra Booleana. Atualmente, além de uma infinidade de sistemas eletrônicos e eletromecânicos, a matéria está sendo empregada nas análises de probabilidade, em estudos que envolvem processos decisórios (Teoria da Decisão) e ou Segurança de Sistemas, principalmente. A principal vantagem da Álgebra Booleana é a simplificação de sistemas complexos, facilitando o seu entendimento e favorecendo a sua análise. A aplicação do assunto fica limitada a sistemas ou processos que puderem assumir dois estados discretos, como por exemplo: Sim ou Não; Falso ou Verdadeiro; Positivo ou Negativo; Alto ou Baixo; Zero ou 1. Na matéria é utilizado o sistema binário como sistema de numeração e uma notação simbológica específica. O sistema binário, como sabemos é empregado como linguagem de computação e nos proporciona duas condições apenas.(Ø ou 1). Notas: 47 4.7 NOÇÕES DE CONJUNTOS Por conjuntos entendemos qualquer coleção de objetos, elementos, eventos, símbolos, idéias ou entidades matemáticas. A totalidade do conjunto é expressa pela unidade e o conjunto vazio por zero. (Ø) Devemos lembrar que esses valores não são quantitativos, são apenas símbolos. Utiliza-se comumente os diagramas de Vann para identificar os conjuntos. Os desenhos que se seguem, representam algumas situações de interações entre conjuntos e o seu significado encontra-se explícito ao lado. Notas: 48 Notas: 49 Como já observado nas explicações anteriores a união e intercessão de conjuntos pode ser escrita respectivamente, através da notação: C = A ∪ B ou C = A + B eC = A ∩ B ou C = A.B = AB A notação A, significa não A, ou seja, o complemento do conjunto A. A seguir são apresentadas algumas identidades expressas segundo a lógica Booleana. Notas: 50 1. Conjunto Universo Conjunto vazio (que não apresenta nenhum elemento) Lei dos conjuntos complexos ou vazios. A.1 = A A.Ø = Ø A + Ø= A A + 1 = 1 Lei da involução: O conjunto do complemento do sub-conjunto é ele próprio. A = A Lei da Idempotência A.A = Ø A+A = 1 A.A = A A+A = A Lei comutativa A.B = B.A A + B = B + A Lei distribuitiva A. (B+C) = (AB) + (AC) A + (B.C) = (A+B); (A+C) Lei associativa A (B.C) = (AB).C (A+B) + C = A + (B+C) = A + B + C Notas: Lei da dualização de Morgan (A+B) = A.B (AB) = A + B 51 Atenção especial deve ser dada às leis distributivas e de idempotência, pois diferem das expressões análogas oriundas da álgebra. 2 TABELAS VERDADE Analisar um sistema significa, de maneira geral, estudar o comportamento da saída de acordo com os dados fornecidos à entrada. ENTRADA PROCESSO SAIDA Nos sistemas lógicos, essa análise é feita, em sua forma elementar, através de tabelas verdade, onde os elementos são as variáveis de entrada, com todas as combinações binárias possíveis. O resultado, na tabela-verdade, representa os estados de saída do sistema, de acordo com as combinações das variáveis de entrada. O processo nos sistemas lógicos e, na sua forma básica, dividido em módulos com funções determinadas, que recebem o nome genérico de portas lógicas. Notas: 3 PORTAS LÓGICAS MÓDULO SÍMBOLO EXPLICAÇÃO EXPRESSÃO BOOLEANA E TABELAS VERDADES NOT (NÃO) O módulo NOT indica inversão do valor (estado da variável de entrada). A = S 0 = 1 1 = 0 OR (OU) O módulo OR indica que, quando uma ou mais das entradas estiverem presentes, a proposição será verdadeira e resultará uma saída. Ao contrário, a proposição será falsa se, e somente se, nenhuma das condições estiver presente. A + B = S (OR) 0 0 0 (Falso) 0 1 1 (Verdadeiro) 1 0 1 (Verdadeiro) 1 1 1 (Verdadeiro) 52 AND (E) O módulo AND indica que todas as condições determinantes ou entradas devem estar presentes para que uma proposição seja verdadeira. Se uma das condições estiver faltando, a proposição será falsa. A . B = S (AND) 0 0 0 (Falso) 0 1 0 (Falso) 1 0 0 (Falso) 1 1 1 (Verdadeiro) NOR O módulo NOR pode ser considerado um estado NO-OR (NÃO -OU). Indica que, quando uma ou mais das entradas estiverem presentes, a proposição será falsa e não haverá saída. Quando nenhuma das entradas estiver presente, resultará uma saída. A + B = S (NOR) 0 0 1 (Verdadeiro) 0 1 0 (Falso) 1 0 0 (Falso) 1 1 0 (Falso) Notas: MÓDULO SÍMBOLO EXPLICAÇÃO EXPRESSÃO BOOLEANA E TABELAS VERDADES NAND O módulo NAND indica que, quando uma ou mais das entradas ou condições determinantes não estiverem presentes, a proposição será verdadeira e haverá uma saída. Quando todas as entradas estiverem presentes, a proposição será falsa e não haverá saída. A . B = S (NAND) 0 0 1 (Verd.) 1 0 1 (Verd.) 0 1 1 (Verd.) 1 1 0 (Falso) Exercícios: 1. Demonstrar por dedução as seguintes identidades: (A) - A + AB = A + B (B) - A . (A + B) = AB (C) - AB + AC + BC = AB + AC 53 2. Simplificar: (A + B) . (A + C) . (A + C) A . B [C + (D . E)] . [ (A . B . C) + C + (D . E)] A + C + A . B + C . B 3. Demonstrar por verificação a Lei de Dualização de Morgan. A . B = A + B 4. Demonstrar por verificação e dedução a Lei Distributiva A + (B . C) = (A + B) . (A + C) 5. Dados os circuitos abaixo, analisar o comportamento das respectivas saídas. 4. PROBABILIDADE DE UNIÕES (TEOREMA DA SOMA) A probabilidade de um evento X qualquer ocorrer e, portanto, a união ou soma desses eventos é: n P(X) = P( UAi ).........................................................(3) i=1 Para dois eventos teremos: P(X) = P(A1) + P(A2) - P(A1A2) Para três eventos: P(X) = P(A1) + P(A2) + P(A3) - P(A1A2) - P(A2A3) + P(A1A2A3) Para eventos: P(X) = P(A1) + P(A2) +.....................+ P(An) - P(A1A2) - P(A2A3) -............................... - P(An -1An) + P(A1A2A3) + P(A1A2A4) + ..... + P(An-2an-1An)....(-1)n-1 P(A1A2...An) Notas: 54 Se os eventos são mutuamente exclusivos, a equação (3) fica simplificada para: n P(X) = Σ P(Ai).............................................................(4) i=1 Em geral, temos que: n n P(UAi) ≤ Σ P(Ai) i=1 i=1 Para evento não mutuamente exclusivo, mas de baixa probabilidade, o erro em usar a equação (4) no lugar da equação (3) é pequeno. A equação (4) é chamada, algumas vezes de aproximação de baixa probabilidade ou raros eventos. A estimativa da probabilidade dada pela equação (4) erra por uma boa margem e conseqüentemente se conserva no cálculo de probabilidade de falhas, mas não se conserva no cálculo de probabilidade de sucesso ou confiabilidade. 5. TEOREMA DO PRODUTO OU JUNÇÃO E PROBABILIDADE MARGINAL A probabilidade de um evento X qualquer ocorrer somente se todos os n eventos Ai ocorrerem é dado pela intercessão desses eventos e representada por: n P(X) = P(A.......An) = P( ∩ Ai).....................(5) i=1 P(Ai.........An) = Probabilidade de junção dos eventos. Notas: 55 Notas: A probabilidade de um evento X qualquer ocorrer se qualquer dos mutuamente exclusivos n eventos Ai em uma sub-experiência ocorrer e o evento B em sua segunda sub-experiência ocorrer é: n P(X) = P( ∪ AiB) i=1 n = Σ P(Ai) P(B) = P(B) i=1 P(B) é a probabilidade marginal do evento: 56 6. PROBABILIDADE CONDICIONAL A probabilidade de um evento X qualquer ocorrer se o evento A ocorrer em uma sub-experiência e o evento B ocorrer em uma segunda sub-experiência onde o evento A depende do evento B é: P(X) = P(AB) = P(A/B)P(B).........................................(6) P(A/B) é a probabilidade condicional de A dado B. 7. INDEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA CONDICIONAL Se os eventos A e B são independentes: P(AB) = P(A/B) P(B) = P(A) . P(B).....................(7) O que significa dizer que P(A/B) = P(A). A probabilidade de um eventoX qualquer ocorrer somente se todos os eventos A ocorrerem, foi dada pela equação (5). Se todos os n eventos são independentes, P(X) = P(A1......An) = n = pi P(Ai)......................(8). i=1 Notas: Dois eventos A e B são condicionalmente independentes se a relação com um terceiro evento C é: P(AB/C) = P(A/C) P(B/C)..........................................(9) Independência condicional não envolve independência. 8. TEOREMA DE BAYES A relação dada pela equação (7) é a forma do Teorema de Bayes. Esse teorema é extremamente importante no cálculo e trabalhos de probabilidades. Ele é apresentado em várias formas, dentre as quais citaremos: P(AB) = P(A/B) P(B) = P(B/A) P(A).....................................(10) P A B P B ( / ( ) ) = P(AB) P(B) = P(B / A) P(A) ..........................................(11) Notas: 57 4ª ETAPA CUSTOS DE ACIDENTES 58 CONCEITOS E ABORDAGENS A evolução do conceito de custo de acidentes nos últimos quarenta anos através dos estudos de Heinrich, Simond, Bird-Germain, conclui que o custo total dos acidentes do trabalho para a empresa é dado pela soma das seguintes parcelas: 1. Custo Direto e Indireto dos acidentes com afastamento superior a um dia. 2. Custo Direto e Indireto de acidentes com afastamento inferior a um dia. 3. Custo (Indireto) dos acidentes sem lesão, com dano sobre o equipamento, ou simples paralisação do serviço. 4. Risco investido em acidentes de baixa freqüência e alta gravidade. Outros tipos de abordagem podem ser dados ao problema dos acidentes: 1. Custo não quantificável, decorrente do trauma psicológico ou fisiológico causado por acidentes graves, na vítima, nos colegas que o presenciam, no público que o vê ou dele toma conhecimento. 2. Conceito de Custo Social do Acidente, para a Nação. 3. Conceito de Controle Total de Perdas. 4. Teoria da Análise de Sistemas em função do Risco Potencial. Notas: 59 1. CUSTO DIRETO E INDIRETO DOS ACIDENTES COM PERDA DE TEMPO Os primeiros estudos sobre o assunto focalizavam apenas, o que hoje chamamos de “custo direto dos acidentes com perda de tempo” (custo do tratamento médico + compensação salarial dos acidentes com afastamento superior de um dia). Viu- se, porém, desde logo, que esse custo não representava senão uma pequena parcela do custo total dos acidentes. Pois, além do custo direto ou aparente, existe um custo indireto ou oculto, causado por muitos fatores: a. Perda de tempo, dos companheiros de trabalho e chefes por causa do acidente. b. Perdas e danos sobre materiais. c. Dano provocado sobre equipamentos e máquinas. d. Tempo que esse equipamento fica parado. e. Descoordenação do trabalho e queda de produtividade devido à dificuldade de se conseguir e treinar um novo funcionário para substituir o acidentado, por um tempo limitado. f. Atrasos na prestação de serviços. Multas contratuais resultantes desses atrasos. g. Dificuldades com autoridades governamentais (multas, impostos, processos e outras despensas decorrentes). 60 Esses custos indiretos podem ser quantificados. Coube a Heinrich (EEUU - 1931), o cálculo da relação Custo Indireto - Custo Direto (Heinrich determinou que o Custo Indireto é dado pela fórmula Cl = 4 CD) e a Simond (EEUU - 1963), a apresentação do primeiro método verdadeiramente científico para o cálculo do Custo Indireto dos acidentes do trabalho. A partir de 1963 apareceram vários estudos feitos com o objetivo de determinar o valor da constante de correlação (K) entre o Custo Indireto e o Custo Direto dos acidentes com perda de tempo. A tendência destes estudos foi de atribuir um valor cada vez maior a esta constante. (O exemplo mais frisante é o da equipe de segurança da U.S. Steel Co. que achou para a sua indústria o valor 80). Esta tendência se deve a dois fatores: a. Aperfeiçoamento dos métodos de detectação de perdas e danos. b. Progressiva sofisticação dos equipamentos industriais. Esta sofisticação faz com que o “acidente sobre a máquina” do qual decorre o Custo Indireto fique cada vez mais oneroso para a empresa. 3. CUSTO DIRETO E INDIRETO DOS ACIDENTES SEM PERDA DE TEMPO Bird e Germain (EEUU - 1966), realizaram o primeiro estudo, em nível científico sobre os impropriamente denominados “acidentes sem perda de tempo” (acidentes com lesões, porém com afastamento inferior a um dia e acidentes sem lesão, isto é, com dano apenas sobre equipamentos). Esses estudos tiveram o mérito de chamar a atenção dos pesquisadores sobre a enorme freqüência desse tipo de acidente (avaliado como 5 vezes superior aos “acidentes com perda de tempo”) e o seu alto custo total (avaliado em igual ao custo total dos “acidentes com perda de tempo”). Interpolando os estudos de Bird-Germain, com os de Heinrich veremos que o Custo Total dos Acidentes (com ou sem lesão) é dez vezes superior ao Custo Direto dos Acidentes com Perda de Tempo. 61 4. ACIDENTES DE BAIXA FREQUÊNCIA E ALTA GRAVIDADE Com efeito. Se levantarmos a estatística de acidentes de uma empresa, por 10 anos, e calcularmos o seu custo estaremos estudando apenas os acidentes de alta (ou média) freqüência e baixa (ou média) gravidade. Não estaremos levando em conta os acidentes de baixíssima freqüência, mas que poderão ser de altíssimo gravidade. Se lembrarmos que o Custo Potencial ou Risco Potencial é o produto da freqüência pela gravidade poderemos compreender que esta parcela de “risco investido” pode ser bastante alta. Notas: 62 5. CUSTO TOTAL DE ACIDENTES O Custo Total de acidentes do trabalho deve ser calculado pela soma das seguintes parcelas: A. Custo Direto e Indireto dos acidentes com lesões médias e graves (afastamento superior a um dia). B. Custo Direto e Indireto dos acidentes com lesões leves (afastamento inferior a um dia). C. Custo (Indireto) de acidentes sem lesão, com dano exclusivo sobre o equipamento ou com simples interrupção do trabalho. d. “Custo Investido” em acidentes de baixa freqüência, porém de alta gravidade. Notas: 63 6. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CUSTO DE ACIDENTE 6.1 CUSTO QUANTIFICÁVEL X CUSTO NÃO QUANTIFICÁVEL Além do custo quantificável que analisarmos existe também para a empresa um custo não quantificável (ou pelo menos não quantificado até agora por nenhum autor). Citaremos apenas uns poucos aspectos deste problema: 6.1.1 Aspectos Psicológicos Trauma psicológico produzido nos funcionários de uma empresa devido à ocorrência de um acidente grave. Como quantificar isto? É muito difícil. Quem poderá, entretanto, negar a sua influência negativa sobre o grau de motivação para o trabalho dos funcionários sobre a Produtividade? Quadro: 1 Aspectos Psicológicos Não Quantificáveis Quanto aos Próprios Funcionários Trauma Psicológico Imagem interna negativa Queda de motivação Queda de Produção Quanto ao Público Trauma Psicológico Imagem externa negativa Queda de vendas 6.2.2 Aspectos Fisiológicos Passemos dos aspectos psicológicos para os fisiológicos. Trata-se do problema do “stress”. Stress é um conjunto de reações fisiológico-hormonais que ocorrem no organismo sob forte medo, tensão ou pavor. Qual a produtividade de um funcionário sujeitoa um estado contínuo de “stress”, no momento em que encontra numa condição insegura ou perigosa. Quais os efeitos dos chamados incidentes críticos, isto é, dos acidentes que quase aconteceram (mas não se efetivaram) sobre o organismo? Qual o efeito disto, ao longo de anos e anos na queda do rendimento de uma empresa? São perguntas que devem ser levantadas. Notas: 64 6.2.3 Aspectos Orgânicos e Laborativos Qual a produtividade de um funcionário dado como “apto” pelo INSS após um acidente grave e um afastamento prolongado? Pode-se dizer que ela é igual a sua produtividade antes do acidente? Notas: Quadro 2 65 6.2.4 Imagem externa e mercado O que representa para uma empresa em termos de imagem externa e de mercado a ocorrência de um acidente grave? O impacto de um acidente grave internamente representa diminuindo a produtividade e externamente as vendas. 6.2.5 Aspectos individuais e sociais O nosso tema é o papel da prevenção de acidentes na economia das empresas. Por isto apenas citaremos dois outros aspectos importantíssimos para não dizer capitais. a) O que representa o Acidente do trabalho para a sua vítima? b) O que representa o Acidente do Trabalho para a Nação em termos do chamado Custo Social da Incapacidade? Notas: Quadro 3 66 5ª ETAPA CONTROLE DE DANOS E PERDAS 67 Em 1828, Baker escrevia a um empregador que lhe perguntava como deveria proteger seus empregados: “Coloque no interior de sua fábrica o seu próprio SESMT que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar sala por sala, área por área sempre que ali existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre estas pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele compete fazer tal prevenção”. 68 Dessa forma, você poderá dizer: meu SESMT é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade, no que diz respeito à saúde e as condições físicas dos meus operários; e se alguns deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o SESMT a princípio e unicamente é que deve ser responsabilizado ““. 1) SESMT: Serviço de Engenharia de Segurança, Medicina e Psicologia do Trabalho. 2) Na falta de um SESMT alguém da Empresa encarregado, superior ou gerente, devidamente treinado, fará este papel buscando evidentemente apoio técnico/operacional para as medidas preventivas especificadas. Notas: TIPO DE INSPEÇÃO OFICIAL ESPECIAL GERAL (Observação “simples” de uma determinada área ou áreas de trabalho, instalações e atividades). PARCIAL (Observação rigorosa de uma área específica de trabalho ou de uma única atividade com os recursos necessários para executá- la). RESPONSABILIDADE Órgãos governamentais do trabalho ou securitários. Órgãos especializados internos ou exteriores à Empresa. Chefes, supervisores, encarregados empreiteiros, Engenheiros de Segurança, Médicos do Trabalho, membros da CIPA. Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiros, Engenheiros de Segurança, Médicos do Trabalho, encarregados, membros da CIPA, empregados que executam diretamente a tarefa, supervisores. 69 ESTUDOS COMPARATIVOS 70 1. CONTROLE DE DANOS 1968 - FRANK BIRD JR. ( ENGº AMERICANO ). OBJETIVO Procurar a identificação, registro e investigação de todos os acidentes com danos à propriedade, determinando seu custo para a empresa, e ainda as medidas preventivas. REGRA CONVENCIONAL Quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera qualquer acidente que resulte em lesão pessoal, mesmo de pequena importância, você deve comunicar o fato, imediatamente, a seu superior. REGRA ALTERADA Quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera qualquer acidente que resulte em lesão pessoal ou dano à propriedade, mesmo de pequena importância, você deve comunicar o fato, imediatamente, a seu superior. Notas: CONCLUSÃO DA LUKEN’S STEEL SOBRE A TEORIA DE FRANK E. BIRD. A Administração reconheceu que a investigação efetuada na amostra de 75.000 acidentes com danos materiais, o que permitiria eliminar muitas ações e condições inseguras, que por sua vez eram causa freqüente de acidentes com lesões, o que permitiria também fortalecer a ação de preservação dos recursos humanos da companhia. A Administração admitiu e reconheceu a importância desta ação para melhorar a qualidade dos produtos e evitar os atrasos na produção. A redução observada nos custos dos acidentes com danos materiais, produto da ação programada, permitia assegurar o financiamento de qualquer atividade prevenir relacionada ao assunto. 71 A Administração comprovou e reconheceu a importância da participação dos especialistas na prevenção para lograr a melhor da utilização dos recursos disponíveis e, portanto, para tornar mais eficiente à ação da companhia. As possibilidades reais de medir e avaliar a redução no custo dos danos materiais constituem ferramenta dinâmica para despertar o interesse da administração. Notas: 2. ENGENHARIA DE PREVENÇÃO E CONTROLE TOTAL DE PERDAS 1970 - JOHN A. FLETCHER ( ENGº CANADENSE ) CONCEITO É uma das especialidades da engenharia, cuja finalidade é prevenir todos os fatos negativos, que distorcem um processo de trabalho, impedindo que se cumpra o programado, e que podem provocar danos e/ou perdas às pessoas e aos elementos materiais. OBJETIVO Reduzir ou eliminar todos os acidentes que possam interferir ou paralisar um sistema. Notas: 72 Notas: PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS PREVENÇÃO DE PERDA CONTROLE DE PERDAS PLANOS DE AÇÃO SEGURANÇA DO TRABALHO (TRADICIONAL) + SEGURANÇA DE SISTEMAS CONTROLE DE DANOS + CONTROLE TOTAL DE PERDAS 73 3. DIRETRIZES DA PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS 3.1 Eliminar ações e condições inseguras, que por sua vez poderão ser causas de acidentes com lesões, o que permitirá também fortalecer a ação de preservação dos recursos humanos da empresa; 3.2 Reconhecer a importância desta ação para melhorar a qualidade dos produtos e evitar os atrasos na produção; 3.3 Assegurar o financiamento de qualquer atividade preventiva relacionada a custos dos acidentes com danos humanos e/ou materiais; 3.4 Reconhecer a importância da participação dos especialistas na prevenção, para lograr a melhor utilização dos recursos disponíveis e, portanto para tornar mais eficiente a ação da empresa; 3.5 Constituir ferramenta dinâmica para medir e avaliar as possibilidades reais da redução no custo dos danos materiais, visando despertar o interesse da administração.Notas: 4. ANÁLISE E PREVENÇÃO DE PERDAS 4.1 CONCEITO DE PERDA - ALGUNS EXEMPLOS Para as finalidades deste opúsculo, consideramos perda e desperdício como sinônimos, embora o desperdício seja uma questão de comportamento e a perda tenha várias causas. Daremos atenção às perdas, suas possíveis causas e aos meios de as identificar, eliminar e prevenir. Conceituamos perda como sendo toda e qualquer inutilização de bens materiais e imateriais que direta ou indiretamente causa prejuízos de qualquer natureza para os indivíduos, para as organizações e para a sociedade. 74 Nenhuma definição de perda é abrangente o bastante para incluir todas as suas formas e todas as suas causas nos diversos ramos de atividades. Para se ter uma idéia do significado econômico e social das perdas, eis alguns pontos para ponderar: A FAO, organismo da ONU encarregado dos problemas de produção de alimentos no mundo, calcula que a safra mundial de grãos sofra uma perda média de 15% entre a colheita e o consumo, por problemas na colheita, armazenagem e transporte. O governo do Paraná elaborou na década de 1980 um levantamento das perdas provocadas por normas burocráticas inúteis. Conclusão: os paranaenses pagavam 2,5% do orçamento estadual para lubrificar a máquina burocrática, sem que disso lhes resultasse benefício algum. Notas: Quanto custa à nação a perda de um emprego? Quem perde o emprego perde de imediato o salário, mas a nação perde muito mais, pelos impostos e taxas que deixa de recolher, pelo consumo que deixa de ser realizado etc. Neste opúsculo nossa análise ficará restrita às perdas cuja produção, eliminação e prevenção podem proporcionar redução de custos desnecessários para as organizações empresariais. 4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS PERDAS Todas as perdas podem ser divididas em dois grupos: perdas inevitáveis e perdas evitáveis. Isso não significa, entretanto, que devamos nos contentar com essa identificação simples. Identificando as perdas como inevitáveis e evitáveis, aceitaremos aquelas e só nos preocuparemos com estes. Nada mais falso. As perdas inevitáveis podem ser sempre reduzidas, as perdas evitáveis podem ser também reduzidas, mas às vezes com mais dificuldades do que as perdas inevitáveis. 4.3 PERDAS INEVITÁVEIS Quando um alfaiate confecciona um terno, ele é obrigado a cortar partes do tecido em pedaços tão pequenos que não podem ser utilizados na confecção de outro vestuário; esses pedaços são os retalhos. Eles são jogados fora ou usados na confecção de tapetes de retalhos. 75 Na indústria metalúrgica, as chapas de aço são compradas em tamanhos padronizados. Para a confecção do produto final, essas chapas são recortadas e perfuradas. Os restos são retalhos e recortes. Os retalhos não aproveitáveis e os recortes são classificados como sucata. As perdas acima são perdas inevitáveis. Elas são previsíveis e decorrentes de um imperativo perfeitamente conhecido, que é o desbaste da matéria-prima para se obter o produto acabado. Tais perdas podem ser reduzidas a um valor mínimo e não podem ser configuradas como desperdícios. O perigo das perdas inevitáveis reside no fato de poderem mascarar desperdícios. Por exemplo: ao recrutar candidatos para uma vaga na empresa, todos eles preenchem um formulário de solicitação de emprego. O índice de perdas inevitáveis nesse caso será igual ao total de formulários preenchidos menos um. Mas há desperdício quando o formulário é entregue para ser preenchido por candidatos sem as condições essenciais para o cargo, ou que é muito comum - é preenchido por candidatos a cargos ou funções de que a empresa não tem necessidade. 4.4 PERDAS EVITÁVEIS Embora denominemos certas perdas de evitáveis, isso não significa necessariamente que elas sejam facilmente identificadas, eliminadas ou pelo menos reduzidas. Muitas vezes uma perda evitável ocorre simplesmente porque vem mascarada por um fenômeno de perda inevitável. Para ilustrar esse fato, consideremos os pneumáticos de um veículo. Todos os pneumáticos desgastam-se pelo uso. Esse desgaste é uma perda inevitável. A vida útil de um pneumático é medida em quilômetros rodados; essa vida útil, no entanto, pode ser drasticamente reduzida por inadequada pressão do ar no interior do pneumático, por patinação, por atrito com a pavimentação em freadas bruscas, excesso de carga sobre os pneumáticos etc. Todos esses fatores poderão passar desconsiderados se os critérios de controle dos pneumáticos forem somente os olhos e a memória. Um exemplo doméstico e muito interessante de perda evitável mascarada sob o manto de perda inevitável é o do aquecimento da água num fogão de gás. Para aquecer a água até a ebulição a dona-de-casa coloca a água em fogo alto. Atingida a ebulição, ela pode ser mantida nesse estado em fogo baixo. O que vemos normalmente é a água continuar a ferver em fogo alto, num gesto de evidente perdularismo (conseqüência do desconhecido de alguns princípios básicos de economia doméstica, para não dizer de Física). Uma vez uma empresa pretendia contratar os serviços de confecção de um audiovisual consistindo de projeção de filmes fixos sincronizados com um texto gravado em fita. O produto final deveria consistir de cerca cem imagens. As firmas que se apresentaram para realizar o serviço apresentaram orçamentos díspares. 76 Dos cinco orçamentos apresentados, o mais barato apresentava um valor igual a um terço do mais caro. Ao procurar saber por que os orçamentos diferiam tanto, a empresa descobriu, entre muitas coisas, que: • Um orçamento previa a necessidade de fazer 500 fotos, enquanto outro considerava suficiente fazer 200; • Um orçamento previa que a contratante fornecesse uma descrição detalhada das fotografias que deveriam ser feitas e dos locais em que elas deveriam ser obtidas, enquanto previa o acompanhamento do fotógrafo por pessoas da contratante, capazes de dizer quais as fotografias que deveriam ser feitas para ilustrar que parte do texto. Isto é, os métodos de trabalho das firmas especializadas diferiam tanto de uma para a outra, que o cliente potencial não tinha condições de fazer uma escolha sem antes discutir não só o que deveria ser feito, mas também como deveria ser feito. Dessa maneira foi possível obter o audiovisual a um custo razoável, reduzindo ao mínimo as perdas evitáveis em trabalhos dessa natureza. Só podemos falar em perdas evitáveis se soubermos quais são as suas causas e quais os meios por que essas causas podem ser eliminadas, ou ter pelo menos sua ação bastante restringida. Por isso, vamos subdividir as perdas evitáveis em algumas categorias que facilitam a análise. As perdas evitáveis podem ser: visíveis invisíveis de segurança tecnológicas 4.4.1 PERDAS VISÍVEIS Toda e qualquer perda evitável é inadmissível e inaceitável. Algumas perdas evitáveis são visíveis, isto é, perceptíveis, evidentes, indiscutíveis; o surpreendente é que, pela freqüência com que ocorrem, contudo, acabam sendo admitidas como naturais e aceitáveis; algumas têm até mesmo padrões estabelecidos de ocorrência e de aceitação, como se fossem perdas inevitáveis. Exemplos: garrafas de bebidas que se quebrarão no transporte entrem a fábrica e o revendedor, número de peças que não irão atender às especificações do comprador, quantidade de embalagens que conterão o produto em peso ou volume inferior ao declarado no rótulo, quantidade de sacos de leite que se perderão nos supermercado etc. Há perdas visíveis que lesam o consumidor ou o usuário final; outras prejudicam a própria empresa. Entre estas, as mais freqüentes ocorrem por rejeições no controle de qualidade: O produto final não é aprovado paraa venda, ou é recusado no controle de recepção do comprador e devolvido. O relatório de um 77 fabricante de louças sanitárias revelou que em uma de suas fábricas o índice de rejeição no controle de qualidade, chegou a atingir 50% da produção de um trimestre. Para que uma perda visível possa ser aceita, é necessário elaborar criterioso balanço entre o custo da perda e o custo de evitar a perda. As companhias distribuidoras de gasolina e álcool carburante sabem que uma parte não desprezível do produto (entre 2% a 6%) se evapora no transporte. Essa perda poderia ser evitada em grande parte se o transporte fosse feito à noite. Mas, uma cidade como São Paulo, por exemplo, entraria em colapso se tal medida fosse adotada. O prejuízo provocado pela falta de combustíveis - tanto para o país quanto para a companhia distribuidora - será muitas vezes superior ao valor do combustível que se perde por evaporação. Em alguns casos, mesmo com o balanço aparentemente favorável à ocorrência das perdas, uma pequena modificação em algum critério pode resultar em grandes economias. Numa empresa fabricante de componentes eletrônicos, o custo médio da embalagem dos produtos representava 0,5% do custo de produção; isso era relativamente desprezível. Uma análise do processo de embalagem permitiu, contudo, reduzir o custo em 16% e, adicionalmente, eliminar alguns problemas crônicos que existiam entre a empresa e alguns clientes. Nesse caso, não existia uma perda no sentido que lhe demos no início deste opúsculo. Havia, contudo, custos desnecessários que não traziam benefícios maiores do que os proporcionados por um custo menor. Ora, custo que não traz benefício é perda. Um exemplo de redução de perdas visíveis foi dado pelo engenheiro-chefe dos serviços gerais de uma empresa petroquímica. Ele verificou que a quantidade de água consumida nas instalações sanitárias da empresa era excessiva. Os cartazes solicitando economia não produziam o resultado desejado. Observando o comportamento das pessoas no uso das instalações sanitárias, o engenheiro descobriu que a maioria delas tinha maus hábitos que não poderiam ser eliminados com cartazes ou aplicações verbais. Pensando sobre o assunto, um dia ocorreu-lhe uma idéia. Sem dizer nada a ninguém, o engenheiro começou a reduzir a vazão da água nas instalações sanitárias, diminuindo gradativamente a abertura do registro geral. Em um mês, a vazão estava reduzida à metade, o consumo de água diminuiu em 25%, no mês seguinte em um terço. O engenheiro chegou à conclusão de que uma redução maior da vazão seria contraproducente. Mas podia apresentar um bom resultado: vazão pela metade, consumo diminuído em um terço. 4.4.2 PERDAS INVISÍVEIS De todas as perdas evitáveis, existem algumas que numa primeira análise não se configuram como perdas; daí o nome de perda invisível. Eis um exemplo muito ilustrativo de identificação e eliminação de perda invisível. Numa empresa fabricante de painéis de equipamentos elétricos, um dos modelos vinha sendo fabricado havia mais de dez anos. Ao longo desse tempo, esse modelo sofrera uma série de modificações internas, para adaptá-lo a finalidades diferentes da 78 finalidade original. Ao se fazer uma análise do modelo, descobriram-se algumas coisas que poderiam ser mudadas: • O painel tinha três partes fabricadas em chapa de aço. As chapas eram requisitadas separadamente para cada uma das partes. Uma das partes provocava uma perda de quase 20% da chapa de que era confeccionada. • Duas peças do painel eram feitas com o mesmo material e com as mesmas dimensões externas, diferindo apenas em algumas dimensões internas. Essa diferença de dimensões internas exigia o emprego de duas ferramentas diferentes para confeccionar as peças. • Cada painel usava quatro porcas especiais e exclusivas, diferentes das porcas padronizado existentes no mercado. Essas porcas faziam parte de um complexo sistema de fixação que dificultava a montagem de equipamentos no interior do painel. Quando se fizeram as modificações possíveis no painel, seu custo de fabricação diminuiu em 18%. Os investimentos necessários para implantar as modificações se pagaram com a economia proporcionada por 10% da produção de um ano. O exemplo acima ilustra um tipo de perda invisível provocada por análise insuficiente do projeto e do processo de fabricação. Perdas invisíveis ocorrem, contudo, em muitas outras circunstâncias. • Compra de materiais com especificações acima das mínimas necessárias para determinada necessidade. • Conserto de equipamentos obsoletos, em vez de os substituir por equipamentos novos. • Compra de produtos para uso imediato em embalagens destinadas a conservá- los durante meses. As perdas invisíveis de natureza material cedo ou tarde são descobertas e, havendo disposição e vontade, rapidamente eliminadas. Existam, contudo, perdas invisíveis de natureza comportamentais, mais difíceis de se descobrir e muito mais difíceis de se eliminar: elas estão ligadas aos hábitos das pessoas, à maneira dessas pessoas de analisar problemas e tomar decisões, à administração que elas fazem do seu tempo etc. Essas perdas são danosas, porque contribuem para a deterioração da eficácia organizacional e da competência dos recursos humanos. Elas podem, no entanto, ser descobertas e eliminadas, desde que se implante na organização um clima de confiança e de abertura que estimule as pessoas a revelar suas deficiências sem temor nem desconfiança. 4.4.3 PERDAS DE SEGURANÇA Denominamos de perda de segurança a decorrente da mobilização de recursos superiores aos necessários para alcançar um resultado. Um exemplo de perda de segurança ocorre nos estoques de segurança. 79 Uma empresa mantinha em estoque um material em quantidade suficiente para suprir suas necessidades durante cinco meses. Esse material, contudo, era abundante na praça, podendo ser facilmente adquirido em quantidades pequenas: quantidades maiores tinham um prazo de entrega máximo de cinco dias. Um tipo muito comum de perda de segurança é a mobilização de uma dúzia de pessoas para fazer um trabalho que pode ser feito por meia dúzia delas. Não se devem confundir perdas de segurança e gastos com segurança. A manutenção de um corpo de bombeiros que passa meses e meses sem trabalhar, a instalação de um sistema de prevenção e combate de incêndios que nunca é ativado não são perdas. Para eles, vale o que se diz do exército de um país: ele pode passar um século sem combater, mas não pode ficar um minuto sem estar preparado. Nesses casos, só existe perda se, por exemplo, o corpo de bombeiros falhar quando tiver que agir, os soldados fugirem em vez de enfrentar o inimigo etc. As perdas da segurança são em geral provocadas por uma necessidade de se garantir contra possíveis problemas futuros: escassez do material ou dificuldades na sua aquisição, suposição de que no futuro a empresa não permita contratação de pessoal especializado etc. O erro grave que se comete nesses casos é tentar resolver um possível problema futuro agora e com as dificuldades do presente, em vez de tomar medidas que incluem o futuro e evitem que os problemas venham a ocorrer. As perdas de segurança são como as refeições: almoçar hoje não evitará que eu sinta fome amanhã. Contratar pessoal supérfluo hoje - só porque há facilidade para contratá-lo - não me impedirá de solicitar mais pessoas amanhã, para compensar a baixa eficiência do pessoal que foi contratado ontem e ficou sem fazer nada durante esse tempo todo. 4.4.4 PERDAS TECNOLÓGICAS Existe perda tecnológica quando uma necessidade é satisfeita pelo uso de um recurso, sem levar em conta a possibilidade de outro às vezes mais aceitável e barato, tão ou mais eficiente que o recurso atualmenteem uso. Notas: As perdas tecnológicas podem ser dos seguintes tipos: - perdas de reciclagem - perdas de ociosidade - perdas de substituição 80 O emprego do resíduo de um processo como insumo de outro processo é geralmente chamado de reciclagem. Quando este aproveitamento não se faz, temos obviamente as perdas de reciclagem. Nem todo resíduo inaproveitado representa naturalmente perda de reciclagem. Esta existe somente quando, havendo necessidade de um insumo e a possibilidade técnica e econômica de sua obtenção a partir de um resíduo, esse aproveitamento não é feito. Todos os processos industriais e todas as rotinas de administração e de serviços produzem resíduos que não têm utilidade no processo ou na rotina. Uma máquina operatriz desbasta peças, corta chapas e produz, desse modo, cavacos e retalhos metálicos. Esses cavacos são reaproveitados por outras indústrias. Existem casos em que os resíduos não têm condições de aproveitamento - os gases liberados pelo escapamento dos automóveis, por exemplo - e outros, contudo, em que os resíduos poderiam ser aproveitados com excelentes resultados, mas não o são, como por exemplo, o lixo e os esgotos. Mas há exemplos menos conhecidos e muito importantes do ponto de vista econômico. Eis um deles, no Brasil, o gás carbônico para diferentes finalidades industriais é obtido a partir da queima da BPF, um derivado de petróleo. Por outro lado, o Brasil produz álcool a partir da cana-de-açúcar. A fermentação da qual resulta o álcool produz gás carbônico. Pois bem: anualmente, a produção de álcool no Brasil produz uma quantidade média de gás carbônico igual a mais de quinze vezes as necessidades industriais do mesmo. Essa quantidade toda é jogada fora. As perdas de ociosidade são provocadas em geral pelo uso de um recurso escasso e caro no lugar de um recurso abundante e barato. Um exemplo de perda de ociosidade é o uso de energia elétrica ou de gás para aquecimento de água de uso residencial no lugar de energia solar. Outro exemplo é a construção de uma rodovia entregue às moscas, ao longo da margem de um rio navegável em ambos os sentidos. Um dos mais gritantes exemplos de perda de ociosidade é a queima de óleo diesel para gerar energia elétrica na região amazônica. O potencial hidroelétrico dos rios da região poderia ser aproveitado por usinas especiais, que a burocracia, contudo, impede que sejam construídas. As perdas de substituição ocorrem quando um recurso adequado para determinadas situações e circunstâncias substitui, em outras situações e circunstâncias, os recursos que seriam mais adequados para elas. Embora essa substituição em si não pareça prejudicial (pode até mesmo parecer benéfica) ela traz conseqüências que podemos considerar perdas. Um exemplo triste é a substituição do fogão e do forno de lenha nas áreas rurais por fogões de gás, em vez de se estimular o uso de fogões e fornos de lenha construídos para melhor aproveitamento da combustão da madeira. 81 Nas empresas industriais e organizações de serviços à ocorrência de perdas tecnológicas se dá de maneira muitas vezes sutil e insidiosa. Um exemplo: a secretária datilografa uma carta e em seguida tira duas cópias xerográficas, em vez de datilografar a carta e simultaneamente fazer as duas cópias com papel carbono. Outro exemplo: uma empresa adquiriu um computador de grande capacidade, que em pouco tempo estava com a capacidade saturada. Por sugestão da gerência do centro de processamento de dados, a empresa adquiriu um novo computador com maior capacidade, mas durante dois anos ambos os computadores deverão trabalhar em paralelo, para que os programas do computador antigo sejam transferidos para o novo. Os problemas que se quiseram resolvidos com a aquisição de um novo computador acabaram se agravando, quando a solução mais simples poderia ter sido alcançada através da instalação de microcomputadores ou terminais “inteligentes”. Mais um exemplo: uma empresa apresentava elevada taxa de substituição de pessoal em determinada área, na qual trabalhava grande número de especialistas, em geral engenheiros com pós-graduação. Quando um profissional pedia demissão, a contratação de um substituto demorava meses, para tudo recomeçar dois anos a dois anos e meio depois. Uma análise das demissões demonstrou que todo profissional com experiência de trabalho em alguma empresa tinha maiores probabilidades de pedir demissão do que o profissional recém-saído da universidade e sem experiência em empresas. Não se pesquisou a causa disso, mas a taxa de substituição de pessoal caiu sensivelmente e a produtividade da área cresceu nos quatro anos seguintes à adoção do critério de aumentar o quadro de pessoal somente com recém formados. 4.5 FATORES PRODUTIVOS AFETADOS PELAS PERDAS Nas organizações empresariais os principais fatores afetados pelas perdas são os seguintes: • Recursos financeiros • Materiais • Espaço físico • Tempo Os recursos financeiros são afetados, obviamente, por todas as perdas, uma vez que todas elas têm um custo que deve ser pago pela empresa. Existem, contudo, falhas que se refletem diretamente nos recursos financeiros.Por exemplo, um equívoco de registro provoca o pagamento de multas ou de juros. Isso é uma perda visível. Outras vezes, a antecipação de um pagamento, que poderia receber um desconto satisfatório, não é feita com a desculpa de que “a despesa não está prevista para este mês”. 82 Os materiais são em geral os portadores das perdas. As matérias-primas e os materiais auxiliares de produção estão, em geral, submetidos a controle. As perdas irracionais são em geral nulas. Ocorrem, obviamente, perdas que só uma análise mais detalhada pode identificar e corrigir. Há, entretanto, uma área que provoca grandes perdas de materiais e que poucas vezes é saneada corretamente. É a área administrativa. Notas: As perdas de materiais são elevadas e incluem desde canetas esferográficas até catálogos de produtos, de grafite para lapiseiras de desenho a fitas e discos de computador. Uma das perdas mais disseminadas de materiais é causada pela estocagem de formulários em quantidades acima das necessidades. Isso traz como conseqüência a necessidade de armários para guardar esses formulários, o que por sua vez provoca a perda de espaço físico. A perda de material pode ser provocada por normas e procedimentos desnecessariamente aplicados. Por exemplo, um gerente recebe um memorando interno de outro gerente (talvez um telefonema bastasse) solicitando alguma informação. Para dar a resposta, o gerente elabora outro memorando interno (em geral original e duas cópias) que via de regra começa assim: “Em resposta ao seu memorando nº 074-36/85 de 24 de janeiro p.p., informo que...”. Hoje em dia, com o uso do fax e dos e-mails, a tendência é a redução natural dessas perdas. A profusão de papéis provoca a necessidade de os armazenar daí a proliferação de pastas de arquivo e de armários e de sistemáticas de arquivos e de métodos de encontrar o que se arquivou. A Diretoria de uma grande empresa decidiu um dia que todos os arquivos desnecessários deveriam ser desmantelados, de acordo com determinados critérios. Resultado: em dois meses, setenta toneladas de papel foram removidas do edifício em que ficava a sede central da empresa. Não fiquei sabendo, infelizmente, quantas pastas de arquivo se tornaram inúteis e quantos armários ficaram vazios. Isso é o mínimo que se pode dizer sobre perda de materiais na área administrativa. Há, obviamente, muito mais. O espaço físico é outro fator produtivo atingido pelas perdas. De um lado, ele é atingido por perdas de segurança, tais como armazenamento de materiais em quantidadesexcessivas ou por longo tempo. Por outro lado, o espaço físico pode sofrer perdas por má disposição de máquinas e equipamentos de trabalho. O aproveitamento inadequado do espaço físico pode comprometer seriamente a segurança das pessoas e das instalações. 83 Um dos fatores produtivos mais seriamente afetados pelas perdas é o tempo. Uma vez um pastor luterano me disse que o “único senhor do tempo é Deus. Nós não somos senhores do tempo, mas temos a responsabilidade de administrar o tempo que nos é concedido pelo seu único Senhor”. A má administração do tempo é a principal responsável pela sua perda irreversível. Embora uma das coisas mais fáceis do mundo seja perder tempo, uma das coisas mais difíceis é administrá-lo corretamente. Recuperar o tempo perdido é impossível. O que não se fez hoje, pode ser feito amanhã.Mas, como foi ocupado o tempo que deveria ter sido dedicado a fazer hoje o que não se fez? Finalmente, chegamos às pessoas. O relacionamento das pessoas com as organizações é tema de vastos estudos elaborados por vários especialistas. Não vamos repeti-los aqui, pois o que nos interessa é tão somente o aspecto que envolve as pessoas como fator de perdas e como fator produtivo afetado pelas perdas. Consideramos primeiramente as pessoas como fator de perdas. Uma pessoa pode causar perdas de várias maneiras. Ela pode não saber executar a tarefa, pode saber executá-la, mas não executá-la porque não sabe que deve executá-la. Além disso, a pessoa pode estar ausente no momento em que deveria estar executando a tarefa. O cômputo das perdas provocadas por operários nas áreas de produção industrial é hoje um trabalho preciso e exato, apoiado por recursos requintados de planejamento e controle de produção: cronoanálise, ergonomia, “plant layout” etc. O mesmo não se pode dizer de todos os trabalhos das áreas administrativas, de serviços e de gerência. Um dos fatores mais seriamente afetados pelas pessoas nessas áreas é o tempo. Há uma longa lista de livros e de cursos que se ocupam do assunto, sendo os mais comuns os que tratam da administração do tempo pelos gerentes e executivos. Analisando esses livros e cursos, chega-se à conclusão de que o gerente faz uso eficaz do seu tempo quando sabe estabelecer objetivos e prioridades, planejar os recursos, motivar as pessoas e controlar resultados, além de saber identificar e prevenir problemas e tomar decisões. Há, entretanto, fatores de dispersão do tempo que, se não forem devidamente controlados, liquidam com a eficácia de qualquer gerente. No livro “Administração do Tempo - Um recurso para melhorar a qualidade da vida pessoal e profissional”- Ed. Nobel - SP, Renato Bernholft menciona uma lista de fatores de dispersão do tempo, que vão desde coisas tão simples como atender ao telefone a situações mais complexas como participar de reuniões. As perdas do tempo podem ser provocadas por processo administrativos complexos e altamente burocratizadas. E é nesse ponto que existem verdadeiros lances de genialidade, se não os considerarmos de má fé. Um amigo me deixou uma empresa, depois de dez anos, e ingressou em outra empresa. Seis meses depois, estava frustrado e desanimado. O novo emprego era uma guerra de 84 papéis, a tal ponto que ele chegou a comentar comigo: “Eu não precisei até agora tomar decisão alguma. Tudo o que tenho visto acontecer é se criarem normas. Segundo fui informado, nessa empresa é possível passar o tempo todo escrevendo, não fazer nada e, mesmo assim, ser promovido e premiado”. Consideremos agora as pessoas como fator produtivo afetado pelas perdas. Uma pessoa pode ter as habilidades e os conhecimentos necessários para desempenhar uma tarefa, mas por alguma razão o desempenho que se exige dela está abaixo dos padrões que suas habilidades e conhecimentos lhe permitem alcançar. Nesse caso podemos dizer que a empresa está tendo uma perda de competência pessoal. É comum, por exemplo, empresas contratarem secretárias bilíngües e lhes atribuírem tarefas em que o conhecimento da língua estrangeira é exigido somente para datilografar cartas que já chegam às mãos das secretárias manuscritas na língua estrangeira. O inverso também é verdadeiro. Pessoas sem as habilidades e os conhecimentos necessários são colocados em funções que não podem desempenhar de acordo com o padrão de desempenho exigido pelas funções. Nesse caso há uma perda de competência empresarial. Não é raro encontrarmos, por exemplo, instrutores competentes transformados em gerentes de treinamento e sofrendo com isso, pois o aprendizado de gerente é feito de tentativas e erros, as tentativas são olhadas com condescendência e os erros são pesadamente punidos. Após alguns meses, perdeu-se o instrutor competente e não se fez o gerente eficaz. Notas: 85 6ª ETAPA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DE SISTEMAS 86 SISTEMAS Um sistema é um arranjo ordenado de componentes que estão inter- relacionados e que atuam e interatuam com outros sistemas, para cumprir uma tarefa ou função (objetivos) num determinado ambiente. SUBSISTEMAS 1. SUBSISTEMA POTÊNCIA 2. SUBSISTEMA CONTROLE 3. SUBSISTEMA SENSOR 4. SUBSISTEMA OPERAÇÃO 5. SUBSISTEMA DE COMUNICAÇÃO 6. SUBSISTEMA ESTRUTURAL 7. SUBSISTEMA AMBIENTAL 8. SUBSISTEMA MOTRIZ Notas: 87 Notas: 88 Notas: 89 TÉCNICA DE ANÁLISE OBJETIVO Análise Preliminar de Riscos Permite o estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento de um novo produto ou sistema, da existência de riscos e falhas que poderão estar presentes na fase operacional. Análise de Modos de Falha e Efeitos Permite analisar como podem falhar os componentes de um equipamento ou sistema, estimar suas taxas de falha, determinar os efeitos que poderão advir e estabelecer as mudanças necessárias para que o mesmo funcione satisfatoriamente. Análise de Árvores de Falhas Permite a análise quantitativa de fatores que podem causar um evento indesejável (falha ou risco). Técnica de Incidentes Críticos Possibilita a identificação de erros e condições inseguras, reais ou potenciais, que contribuem tanto para os acidentes com lesão como para os acidentes com danos à propriedade. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO (1) DETALHES 1. NOME - ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR). 2. TIPO - Análise inicial, qualitativa. 3. APLICAÇÃO - Fase de projeto ou desenvolvimento de qualquer novo processo, produto ou sistema. 4. OBJETIVOS - Determinação de riscos e medidas preventivas antes da fase operacional. 90 5. PRINCÍPIOS/METODOLOGIA - Revisão geral de aspectos de segurança através de um formato padrão, levando-se causas e efeitos de cada risco, medidas de prevenção ou correção e categorizando-se os riscos para priorização de ações. 6. BENEFÍCIOS E RESULTADOS - Elenco de medidas de controle de riscos desde o início operacional do sistema. Permite revisões de projeto em tempo hábil no sentido de maior segurança. Definição de responsabilidade no controle de riscos. 7. OBSERVAÇÕES - De grande importância para novos sistemas de alta inovação. Apesar de seu escopo básico de análise inicial, é muito útil como revisão geral de segurança em sistemas já operacionais, revelandoaspectos às vezes desaparecidos. Notas: 91 CATEGORIAS DE RISCO (MIL STD) – adaptação CAT NOME CARACTERÍSTICAS I DESPREZÍVEL • Não degrada o sistema, nem seu funcionamento. • Não ameaça os recursos humanos. II MARGINAL/LIMÍTROFE • Degradação moderada/danos menores. • Não Causa Lesões • É compensável ou controlável. III CRÍTICA • Degradação crítica. • Lesões. • Dano Substancial. • Coloca o sistema em risco e necessita ações corretivas imediatas para a sua continuidade e recursos humanos envolvidos. IV CATASTRÓFICA • Seria degradação do sistema. • Perda do sistema. • Mortes e lesões. 92 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS Subsistema: Asas Identificação: Sistema de vôo DEDI Projetista: Dédalo RISCO CAUSA EFEITO CAT/RISCO MEDIDAS PREVENTIVAS OU CORRETIVAS Radiação Térmica do Sol Voar muito alto em presença de forte radiação Calor pode derreter cera de abelha que une penas. Separação e perda podem causar má sustentação aerodinâmica. Aeronauta pode morrer no mar. IV Prover advertência contra vôo muito alto e perto do sol. Manter rígida supervisão sobre aeronauta. Prover trela de linho entre aeronauta para evitar que o jovem, impetuoso voe alto. Restringir área da superfície aerodinâmica. Umidade Voar muito perto da superfície do mar. Asas podem absorver a umidade, aumentando de peso e falhando. O poder propulsivo limitado pode não ser adequado para compensar o aumento de peso. Resultado: perda da função e afogamento possível do aeronauta. IV Advertir aeronauta para voar a meia altura, onde o sol manterá as asas secas, ou onde a taxa de acumulação de umidade é aceitável para a duração da missão. 93 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS FOLHA___/____ IDENTIFICAÇÃO:MONTAGEM DE TUBULAÇÃO PARA SPRINKLERS DATA___/___/___ RISCO CAUSA EFEITO CAT/ RISCO MEDIDAS PREVENT. OU CORRETIVAS RESPONSÁVEL 1.1 Queda de tubos • Mal acondicionado • Descarregamen-to Irregular • Lesão • Danificar tubos III • Treinamento aos empregados • Isolamento da área • EPI • Meios materiais em condições para descarregamento • Inspeção preliminar • Chefia • Empregados • Segurança do Trabalho 1.2 Quebra da serra • Falha material • Falha execução • Lesões • Danos • materiais III • Orientação • Inspeção no material • Serra específica • EPI adequado • Apoio adequado • Chefia • Operadores 1.3 Exposição agente tóxicos • Falta procedimento • Falta proteção • intoxicação III • EPI Adequado • Orientação • Acompanhamento (monitoramento) • Chefia • Ordenadores • Seg. de Trabalho 2 Quedas tubos (Acidente Trânsito) • Idem 1.1 • Imperícia/ • imprudência outros veículos • Lesão • perda • material III • Idem 1.1 • Orientação ao motorista • Determinação das vias acesso • Chefia • Operadores • Motoristas 2.1 Quedas tubos (pessoas) Mal acondicionado Lesão Perda material III • Treinamento • Inspeção nos Tifor • Isolamento de área • EPI - Cinto Seg. • Chefia • Operadores 2.2 Falha na soldagem Queda material / pessoas • Soldagem c/equip. defeituoso • Andaimes inadequados • Lesão • Perda material III • Inspeção oxi-acetileno • Inspeção andaimes • Cinto seg. • Chefia • Operadores 94 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS IDENTIFICAÇÃO: ______________________________________ RISCO CAUSA EFEITO CAT/ RISCO MEDIDAS PREVENT. OU CORRETIVAS RESPONSÁVEL FOLHA: DATA: 95 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO (2) DETALHES 1. NOME - ANÁLISE DE MODOS DE FALHA E EFEITOS (AMFE) 2. TIPO - Análise detalhada, qualitativa/quantitativa. 3. APLICAÇÃO - Riscos associados a falhas em equipamentos. 4. OBJETIVOS - Determinação de falhas de efeito crítico e componentes críticos, análise da confiabilidade de conjuntos, equipamentos e sistemas. 5. PRINCÍPIOS/METODOLOGIA - Determinar os modos de falha de componentes e seus efeitos em outros componentes e no sistema, determinar meios de detecção e compensação das falhas e reparos necessários. Categorizar falhas para priorização das ações corretivas. 6. BENEFÍCIOS E RESULTADOS - Relacionamento das contra-medidas e formas de detecção precoce de falhas, muito úteis em emergências de processos ou utilidades. Aumento da confiabilidade de equipamentos e sistemas através do tratamento de componentes críticos. 7. OBSERVAÇÕES - De grande utilidade na associação das ações de manutenção e prevenção de perdas. Notas: 96 ANÁLISE DE MODO DE FALHAS E EFEITOS Retroprojetor COMPONENTE MODO DE FALHA EFEITOS CATEGORIA RISCO MÉTODOS DE DETECÇÃO AÇÕES DE COMPENSAÇÃO/REPAROS OUTROS COMPONENTES SISTEMA Lâmpada Queimar Não funciona III • Visual • Liga/desliga • Substituição da lâmpada • Lâmpada reserva • Previsão vida útil da lâmpada Ventoinha • Queima motor • Curto circuito interno • Rotor trava • Queda da rotação • Super aquecimento no aparelho • Queima lâmpada Não funciona III • Barulho ventoinha • Visual • Aumento temperatura • Substituição • Manutenção • periódica • Ventilação externa • • • • Manômetro • Não registra • Registra errado • Falta marcador de pressão • Pressão errada II • Visual • Teste pressão • Troca • Manutenção Preventiva Válvula • Trava - fechada/abe rta • Vazamento • Perda pressão Não funciona III • Teste • Visual • Manômetro • Troca válvula • Manutenção preventiva Manete • Furada • Entupida - • Perda de eficiência II • Visual • Teste • Inspeção periódica • Substituição Extintor de incêndio 97 ANÁLISE DE MODO DE FALHAS E EFEITOS COMPONENTE MODO DE FALHA EFEITOS CATEGORIA RISCO MÉTODOS DE DETECÇÃO AÇÕES DE COMPENSAÇÃO/REPAROS OUTROS COMPONENTES SISTEMA 98 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO (3) DETALHES 1. NOME - ANÁLISE DE ÁRVORES DE FALHAS (AAF) 2. TIPO - Análise quantitativa/Qualitativa 3. APLICAÇÃO - Qualquer evento indesejado, especialmente em sistemas complexos. 4. OBJETIVOS - Obtenção, através de um diagrama lógico, do conjunto mínimo de causas (falhas) que levariam ao evento em estudo. Obtenção da probabilidade de ocorrência do evento indesejado. 5. PRINCÍPIOS/METODOLOGIA - Seleção do evento, determinação dos fatores contribuintes. Diagramação lógica, simplificação booleana. Aplicação de dados quantitativos. Determinação de probabilidade de ocorrência. 6. BENEFÍCIOS E RESULTADOS - Conhecimento aprofundado do sistema e de sua confiabilidade.Detecção de falhas singulares desencadeadas do E.C. e das conseqüências de eventos mais prováveis. Possibilita decisões de tratamento de riscos baseados em dados quantitativos. 7. OBSERVAÇÕES - Pode ser realizada em diferentes níveis de complexidade. Ótimos resultados podem ser conseguidos com a forma qualitativa da análise. Completa-se excelentemente com a AMFE. Notas: FATORES DE PERDAS ENVOLVIDOS EM UM SISTEMA � Recursos humanos � Materiais � Financeiros � Organizacionais Com o objetivo de dar uma pequena idéia de como avaliar, quantitativamente, as perdas de sistemas, apresentaremos dois fatores de perda básicos – o absenteísmo e a paralisação de equipamentos – mostrando suas incidências na produção, e traduzindo-os em termos econômicos. 1. Absenteísmo Podemos definir absenteísmo como sendo a ausência do trabalhador ao serviço, quando escalados para trabalhar. 99 Para avaliarmos as perdas pelo absenteísmo, empregamos o chamado “Fator de Utilização de Pessoal” – FUP – que é relação entre o tempo efetivamente trabalhado e o tempo disponível para a execução do que foi programado, ou seja: Este fator representa a fração dos recursos humanos programados que participou da produção fixada. A fração que não participou (absenteísmo) foi à causa de não se alcançar à produção programada, resultando, desse modo, uma produção menor. Isto pode ser traduzido matematicamente pela expressão: IAP = PP (1-FUP) onde: IAP = Índice ou incidência do absenteísmo na produção; PP = Produção programada; e FUP = Fator de Utilização de Pessoal Mais adiante, veremos uma aplicação onde utilizaremos essa expressão. 2. Paralisação de Equipamentos Podemos representar a incidência da paralisação de equipamentos na produção através da seguinte expressão matemática: onde: IEP = Incidência da paralisação do equipamento; PP = Produção programada; t = Tempo de duração da falha; T = Período de execução da tarefa; e N = Número de equipamentos comprometidos na linha. Para que possamos explicar melhor o significado dos elementos dessa expressão, vamos considerar o diagrama de fluxo abaixo: IEP = PP x t T x N FUP = − − Horas homem efetivamente trabalhas horas homem programadas Materiais Diretos Materiais Indiretos F1 ( 2 dias) Eq. B Eq. A F2 ( 3 dias) Eq. C Eq. D F3 ( 1 dia) Eq. E Eq. F Produto 100 Tivemos: - Equipamento B: Falha 1: F1 – duração: t = 2 dias Número de equipamentos comprometidos: N = 2 - Equipamento C: Falha 2: F2 – duração: t = 3 dias Número de equipamentos inseridos: N = 1 - Equipamento E: Falha 3: F3 – duração: t = 1 dia Aplicando-se a expressão: IEP = PP x t/T x N em cada uma das falhas acima, obtemos as seguintes incidências. Desse modo, para o cálculo da incidência da falha 2 subtraímos da produção a incidência da falha 1; e, para a falha 3, subtraímos da produção programada resultante a incidência da falha 2 anteriormente calculada. Portanto, a incidência (total) das paralisações dos equipamentos na produção é igual a: IEP = IEP1 + IEP2+ IEP3 que seria o caso mais desfavorável, visto que consideramos cada falha ocorrendo isoladamente, isto é, admitimos não haver qualquer relação entre os tempos de duração das falhas 1, 2 e 3 (eventos mutuamente exclusivos). Notas: − para F2: IEP2 = (PP - IEPI) x 3 T x 1 - para F3: IEP 3 = (PP - IEP1 - IEP2) x 1 T x 3 − para F1: IEP1= PP x 2 T x 2 101 EXEMPLO PRÁTICO 1. Suponhamos que uma empresa de terraplenagem tenha programado executar um serviço de remoção e transporte de 150.000 m³ de terra, durante um período de 60 dias de trabalho. Calculou-se o preço de venda unitário (PVU) como sendo igual a R$ 32,0/m³.Km, e o preço de custo unitário (PCU) igual a R$ 24,0/m³.Km. Sabe-se, que a distância entre a frente de trabalho e o bota-fora era de 15Km, e a jornada de trabalho de 24 horas (três turnos de 8 horas). A empresa contava, para execução desses serviços com os seguintes recursos: RECURSOS HUMANOS • 40 motoristas de caminhão; • 06 operadores de escavadeira; • 04 operadores de trator; • 08 operadores de pá carregadeiras. EQUIPAMENTOS • 20 caminhões (X = 10m³); • 03 escavadeiras; • 02 tratores; • 04 pás carregadeiras. Durante esse período de 60 dias, registraram-se: • 05 acidentes com lesão: Absenteísmo - 500 HH; • Ausentismo por outras causas: 1600 HH; • F1: Uma escavadeira paralisada 06 dias; • F2: Uma pá carregadeira paralisada 12 dias; • F3: Uma pá carregadeira paralisada 05 dias; • F4: Um caminhão parado 04 dias; • F5: Um caminhão parado 08 dias; • F6: Um caminhão destruído após 02 dias de trabalho; Notas: CUSTOS • Custos sociais: R$ 40.000,00 • Custo dos reparos: R$ 192.000,00 • Custo médio de 1 caminhão: R$ 60.000,00 A partir desses dados, pede-se para determinar: 1º. A incidência do absenteísmo na produção; 2º. A incidência da paralisação de equipamentos na produção; 3º. O lucro não obtido nesse período. 102 Notas: 103 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BASTIAS, H. HERMAN Y BOUER, Gregório.Prevenção de Perdas. Série ABPA - 1982. 2. BASTIAS, HERMAN H. Introdución a La Ingenieria de Prevención de Perdidas - 1978. 3. BEMGE SEGURANÇA - Seguros. Manual de Instruções. 4. BIRD, Júnior, FRANK, E.C.S.P. & FERNANDEZ, Frank E. Administration Del Control de Perdidas. 1981. 5. BIRD, Júnior, FRANCK, E. & LOFTUS, Robert. Loss Control Mangement. 1976. 6. BRASIL TRAINIG. Análise e Prevenção de Perdas. 1986. 7. CAMPOS, Vicente Falconi. Gerência da Qualidade Total. 1995. 8. CAMPOS, Vicente Falconi. Métodos Estatísticos para Melhoria de Qualidade. 1990. 9. CAMPOS, Vicente Falconi. Qualidade Total. Padronização de Empresas. 1990. 10. CARNEIRO, Paulo P.C. Por uma visão Contemporânea da Função Empresarial de Segurança. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1985. 11. COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Departamento de Segurança no Trabalho. Manual de Segurança no Trabalho. Belo Horizonte, CEMIG, 1989. 12. DE CICCO, Francisco M.G.A.F., FANTAZZINI, Mário Luiz. Prevenção e Controle de Perdas. Uma Abordagem Integrada. 1981. 13. DE CICCO, Francisco M.G.A.F & FANTAZZINI, Mário Luiz. Técnicas Modernas de Gerência de Riscos. s.n.t.. 14. GOFFMAN, Erving. A Representação do EU na Vida Cotidiana. s.n.t. 15. HILLESHEIM, Sérgio W., COSMO, José R. GSA. A Modernização das Relações do Trabalho. s.n.t. 16. INSTITUTE PRESS. Management Guide to Loss Control. 1985. 17. INSTITUTO BRASILEIRO DO PETRÓLEO. Seminário de Segurança Industrial, 3. 1985. s.n.t.. 104 18. ITSEMAP DO BRASIL. Curso de Gerência de Riscos e Seguros. s.n.t. 19. ORSINI, Mário P. Filosofia Gerencial; Resumo de Palestra. Belo Horizonte, CEMIG. 1988. 20. PIMENTA, Aluisio & FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Qualidade e Produtividade. Belo Horizonte. FJP. 1985. 21. QC CIRCLE KORYO. JUSE. General Principles of the QC Circle. 1980. 22. TAYLOR, F.W. Princípios da Administração Científica. 1960. 23. DUCA, Antônio Lara. 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