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Ciência Política O CONTRATUALISMO EM THOMAS HOBBES 1 Sumário Introdução ................................................................................................................... 2 Objetivos ...................................................................................................................... 2 1. Apontamentos introdutórios sobre o pensamento de Thomas Hobbes ............... 2 1.1 Do estado de natureza à vida em sociedade ..................................................... 2 1.2. Conceitos e ideias centrais em Thomas Hobbes................................................. 4 Exercícios ..................................................................................................................... 5 Gabarito ....................................................................................................................... 7 Resumo ........................................................................................................................ 7 2 Introdução O presente capítulo pretende conhecer o pensamento de Thomas Hobbes, tomando como referência sua obra “Leviatã ou Matéria, Palavra e Poder de um Governo Eclesiástico e Civil”, publicada em 1651, cuja ideia central era a defesa do absolutismo e a elaboração da tese do contrato social. A obra foi escrita no contexto da Guerra Civil Inglesa, durante o governo de Oliver Cromwell, e propunha a concentração de poderes em uma autoridade soberana, capaz de assegurar a ordem social, que é representada pelo contrato social. Thomas Hobbes (1588-1679) nasceu em Westport, Inglaterra, em 1588. Foi um teórico político, filósofo e matemático. Thomas Hobbes teve toda sua vida ligada à monarquia inglesa. Durante o exílio foi tutor de Carlos II, até 1648 quando se mudou para Holanda e deu continuidade a sua obra “Leviatã”, mas seu objetivo sempre foi voltar para Inglaterra. Sua obra critica a Igreja católica porque diverge dela sobre a origem do poder. Compreendia que o Estado deveria ser laico, civil e racional, o que o colocava em confronto com o poder eclesiástico que defendia a soberania divina dos reis. Depois de onze anos Cromwell concede anistia a Hobbes, ele volta para uma Inglaterra devastada pela guerra e pela anarquia, também não era mais uma monarquia e sim uma república. Com a morte de Cromwell, em 1658, seu filho assume o poder e permanece nele por apenas um ano até o protetorado sucumbir e a monarquia ser restaurada. Carlos II assume o poder e garante uma pensão vitalícia a Hobbes. Objetivos • Conhecer os elementos estruturais do pensamento de Thomas Hobbes em sua obra Leviatã; • Compreender com profundidade alguns postulados políticos do pensamento de Hobbes na referida obra; 1. Apontamentos introdutórios sobre o pensamento de Thomas Hobbes 1.1 Do estado de natureza à vida em sociedade A teoria de Thomas Hobbes tem como elemento estrutural de suas proposições uma concepção precisa sobre a natureza humana. Isso porque em Hobbes, a natureza humana é fortemente influenciada pelas paixões, e pela busca 3 pelo prazer e a fuga da dor. Nesse sentido, compreende a vida do homem como solitária, pobre, sórdida, brutal e curta, sendo essas algumas das características da vida em estado de natureza. A condição de guerra, medo e desrespeito é fruto das paixões naturais que se instalam em ambientes onde não existe o medo do castigo. Essa situação de caos gera a necessidade de que os homens cedam e transfiram seu direito de governar-se a um homem ou assembleia. Assim, essa multidão unida se chamada Estado (civitas). A abdicação dos homens da sua liberdade em favor de um representante que garanta sua proteção chama-se contrato social. O leviatã é a multidão submetida ao seu soberano. Assim o estado natural é abandonado quando as pessoas firmam o contrato social a fim de obterem seu bem-estar e se submetem a autoridade do seu representante legitimado, dessa forma nasce o Estado. DICA! SAIBA MAIS! O estado de natureza é um conceito central em Hobbes, e pode ser conhecido com o auxílio de duas máximas, a que o descreve como: a) contexto em que há a “guerra de todos contra todos”. Isto é, diante das circunstâncias de medo e da escassez de recursos as disputas violentas a pretexto da subsistência são recorrentes. E b), em razão das circunstâncias de medo e disputa, o comportamento humano manifesta suas características mais cruel, na medida em que se volta contra o homem, é quando “o homem é o lobo do homem”. Portanto, com a expectativa de encontrar na vida em sociedade melhores condições de existência do que aquelas verificadas no estado de natureza que os homens constituem o Estado e passam a viver em sociedade. Todavia, para que os A conhecida expressão, o homem é o lobo do homem, “homo homini lupus” é uma metáfora que revela como o ser humano é capaz dos atos mais cruéis contra sua própria espécie. O nome dado a principal obra de Hobbes “Leviatã” é uma referência ao monstro da bíblia. Tal referência revela a importância do fundamento religioso do poder do soberano e do estado. 4 indivíduos abandonem o estado de natureza e passem a se subordinar a uma nova organização social desconhecida, se faz necessário que a esperança de viver melhor supere o medo do desconhecido. EXEMPLO 1.2. Conceitos e ideias centrais em Thomas Hobbes Algumas ideias são singulares no pensamento de Thomas Hobbes, pois expressam como seus conceitos estruturais são aplicáveis em situações concretas. Nesse sentido, destaca-se que o Estado é representado pela figura do Leviatã, remetendo a uma autoridade inquestionável e irrecusável. Porém, uma exceção ao poder dessa autoridade merece ser destacada, a que considera justo o indivíduo resistir às pretensões do Leviatã quando elas ameaçam a existência individual, se mostrando justa a oposição a tais determinações. PRATIQUE! Outro conceito central em Hobbes é o de soberania, atualmente ele pode ser definido como, poder acima de tudo, e soberano é o povo que exerce seu poder mediante o voto nos regimes democráticos. Porém, o entendimento desse conceito é variável ao longo do tempo e em diferentes lugares. Um caso citado como exemplo do estado de natureza é o dos saques que ocorreram no Haiti após o grande terremoto que destruiu a ilha em 2010. Diante da ausência de autoridades que garantissem a segurança, o desespero e a escassez de recursos motivaram diversos atos de violência que foram equiparados ao estado de natureza hobbesiano. Uma forma de praticar a aplicação da teoria de Hobbes é por meio do conceito de “razão de estado”, usual em situações de medo e elevação da violência. Nesse sentido, é possível exercitar a aplicação desse conceito nos casos em que se defende a ditadura e a supressão de direitos para se justificar o combate à violência. 5 Para o pensador em análise, a soberania é um poder exercido por um indivíduo ou um grupo de indivíduos. O soberano é quem exerce o poder político após receber a autoridade gerada por cada pessoa que cede sua soberania a esse representante. Assim ninguém pode discordar do soberano que foi legitimado por seus súditos. Com relação ao poder, o associa ainda ao sentimento de tristeza ou felicidade, “a alegria provém da‘imaginação do próprio poder e capacidade de um homem’, ao passo que a tristeza se deve à "convicção da falta de poder" (p. 53). Para Hobbes (p.48) “seja qual for o objeto do apetite do desejo de qualquer homem, esse objeto é aquele a que cada um chama de bom; ao objeto de seu ódio ou aversão, chama mau” IMPORTANTE! Por fim, deve-se atentar para a ideia de “razão de estado”, segundo a qual, a pretexto de preservar uma ordem social e estatal, para a preservação e sobrevivência do estado justifica-se o uso das medidas mais severas, mesmo que se faça necessária a violação das leis. Por isso, a “razão de estado” é um argumento recorrentemente utilizado por ditaduras e em regimes autoritários para justificar suas ações. CAI NA PROVA! Exercícios 1. Em Thomas Hobbes, no estado de natureza, os indivíduos são compelidos a lutar entre si, criando um ambiente de tensão e medo permanente. Para o pensador para que os homens vivam em paz e deixem a guerra, se faz O pensamento de Thomas Hobbes é um importante instrumento para se compreender o Estado de Exceção, conceito jurídico e político que explica circunstâncias em que a democracia e os direitos individuais podem ser suspensos. Em Hobbes o sistema de governo considerado o melhor é a monarquia em sua forma absolutista. Trata-se de um sistema em que a autoridade política concentra a maior quantidade de poder. Trata-se de uma forma de organização política coerente com as demais ideias desse pensador. 6 necessária a criação de uma sociedade submetida à Lei, o que pressupõe que todos renunciem a sua liberdade original. Nesse contexto, a liberdade individual é delegada a uma autoridade política inquestionável, o soberano. A teoria de Hobbes teve importância fundamental na construção dos sistemas políticos contemporâneos consolidando a: a. Monarquia Parlamentar. b. Democracia Liberal. c. Monarquia Republicana. d. Monarquia Absolutista. 2. No que se refere à ideia de poder soberano em Thomas Hobbes, a partir dos postulados enunciados na obra Leviatã, é CORRETO afirmar que: a. Soberano é o povo que exerce o poder democraticamente por meio do voto; b. Soberano é quem detém o poder político, podendo ser um indivíduo ou um grupo de indivíduos; c. Soberano é o poder religioso e divino, que oferece os elementos de controle político, social e espiritual sobre os indivíduos; d. A soberania é um poder partilhado em parte pelo povo e em parte pelo líder político; 3. Em Thomas Hobbes o poder do estado representado pela figura do Leviatã é intransponível. No entanto, o autor vislumbra uma hipótese em que esse poder pode ser questionado, sendo essa: a. Trata-se da hipótese em que a vida do indivíduo se coloca em risco em oposição ao interesse do estado; b. Trata-se de quando há o questionamento da autoridade política que viola as leis que regulam o estado; c. Quando a existência do estado é colocada em risco, justificando medidas duras em nome da “razão de estado”; d. Quando o poder do monarca necessita agregar novas forças a fim de se perpetuar e ampliar seu alcance; 7 Gabarito 1. A alternativa correta é a D. O enunciado descreve algumas das características da natureza humana e algumas características dessa natureza, para em seguida apresentar a concentração de poderes em uma autoridade. É nesse sentido que justifica as monarquias absolutistas como regime político mais adequado a essa natureza. 2. A alternativa correta é a B. Em Hobbes a soberania apresenta um significado preciso, é o poder político concentrada em um indivíduo ou um pequeno grupo de indivíduos. 3. A alternativa correta é a A. No pensamento hobbesiano o estado é uma autoridade que se impõe, se mostrando como única justificativa para resistir a essa autoridade, a preservação da própria vida. Resumo Pode-se apontar como conceitos mais relevantes no pensamento hobbesiano a noção de “estado de natureza” como contexto de conflitos em que os indivíduos se apresentam em condições elementares de existência. Porém, esse estado é superado pela celebração do contrato social a fim de assegurar a segurança dos indivíduos. Ao Estado representado pelo Leviatã, são reservados os poderes para se impor às vontades individuais, no entanto, também é assegurado ao indivíduo o direito de resistir a esse poder com a finalidade de preservar sua vida. O exercício desse poder pelo Estado é fundado em uma noção de soberania que considera como soberano aquele que detém o poder político. Por fim, tais fundamentos conceituais são auxiliares na definição de uma “razão estado”, em que, a fim de preservar a existência do estado, é valido o uso de diversos meios, mesmo que condenáveis moralmente. 8 Referências bibliográficas HOBBES, Thomas; MONTEIRO, João Paulo; DA SILVA, Maria Beatriz Nizza. Leviatã: ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. 1999.
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