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APS DIRETRIZES DE PROCESSSO DE TRABALHO (DPT) ACOLHIMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PROJETO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL APS DIRETRIZES DE PROCESSSO DE TRABALHO (DPT) ACOLHIMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PROJETO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL APS DIRETRIZES DE PROCESSOS DE TRABALHO (DPT) 3 DIRETRIZES DE PROCESSSO DE TRABALHO (DPT) ACOLHIMENTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) RESPONSÁVEIS: todos os profissionais da equipe de saúde. QUANDO: diariamente, durante todo o horário de funcionamento da unidade de saúde. COMO PROCEDER: 1) Escuta inicial: • Atender o paciente, idealmente, em um ambiente privado (sala específica ou um consultório que esteja vago), permitindo o diálogo aberto de forma acolhedora; • Observar, reconhecer, descrever sinais e sintomas e identificar a queixa principal; • Avaliar a vulnerabilidade e/ou risco biológico e psicossocial do usuário para definir se sua demanda pode ser resolvida no próprio acolhimento ou se ele necessita de avaliação com profissional de nível superior/consulta; • Caso necessite de uma consulta, avaliar se sua urgência demanda um atendimento no mesmo turno ou no mesmo dia ou se ele pode ser atendido em 24h, 48h, ou ainda se pode ser agendado para outra data. A classificação de risco pode ser realizada com base em protocolos validados (como, por exemplo, os do Caderno de Atenção Básica nº 28 volume II) ou a partir de instrumentos próprios do município e deve levar em conta tanto o risco biológico quanto a vulnerabilidade psicossocial; • Em caso de dúvida sobre como proceder, consultar os profissionais de nível superior para discussão de caso ou interconsulta. 2) Seguimento: • Caso necessite de atendimento com profissional de nível superior, ofertá-lo em tempo oportuno (ou seja, em tempo hábil para atender às necessidades do usuário), garantindo a resolutividade do acolhimento; • Caso o usuário necessite ser referenciado para outro serviço, viabilizar o encaminhamento de forma responsável - realizar contato telefônico prévio com o outro serviço para discussão do caso, preencher adequadamente o documento de referência com o motivo do encaminhamento e, se necessitar de remoção, avaliar a necessidade de um profissional da equipe acompanhá-lo. APS DIRETRIZES DE PROCESSOS DE TRABALHO (DPT) 4 ATRIBUIÇÕES DE CADA PROFISSIONAL NO ACOLHIMENTO*: Todos os profissionais: acolhem os usuários, informam sobre os fluxos da unidade e as formas de acesso. Participam das decisões que influenciam no funcionamento da unidade. Participam/coordenam grupos**; • Técnico de enfermagem: realiza a escuta inicial, presta orientações em saúde e classifica o risco, a partir de protocolos e pactuações com a equipe e sob supervisão do enfermeiro, médico e odontólogo. Presta cuidado dos usuários que ficam em observação até estabilização ou remoção para outro serviço; • Agente comunitário de Saúde (ACS): acolhe e realiza orientações nos domicílios. Pode participar da escuta inicial em conjunto com outros profissionais da equipe e sob supervisão do enfermeiro/médico; • Enfermeiro: realiza consultas agendadas e de urgência na APS, na unidade de saúde e no domicílio. Supervisiona a equipe que realiza escuta inicial, dando retaguarda através da discussão de casos e de interconsultas. Presta cuidado aos usuários que ficam em observação até estabilização ou remoção para outro serviço. Realiza monitoramento das condições que exigem vigilância (vigilância de gestantes, puericultura, hipertensos, diabéticos, casos sob investigação - em especial, de HIV e tuberculose – com ênfase nos casos que envolvem vulnerabilidade psicossocial, entre outros). Pode participar diretamente da escuta inicial em alguns momentos (naqueles em que há maior procura por atendimento), dando mais resolutividade à primeira escuta; • Médico: realiza consultas agendadas e de urgência na APS, na unidade de saúde e no domicílio. Supervisiona a equipe que realiza escuta inicial, dando retaguarda através da discussão de casos e de interconsultas. Presta cuidado aos usuários que ficam em observação até estabilização ou remoção para outro serviço. Realiza monitoramento das condições que exigem vigilância; • Odontólogo: realiza consultas agendadas e de urgência na APS, na unidade de saúde e no domicílio. Supervisiona a equipe que realiza escuta inicial, dando retaguarda através da discussão de casos e de interconsulta nas demandas que envolvem a odontologia. Supervisiona o Técnico em Saúde Bucal (TSB) no atendimento das consultas agendadas e na avaliação de risco em odontologia. Realiza monitoramento das condições que exigem vigilância (por exemplo cárie, doença periodontal, má oclusão, más formações congênitas, traumatismo dentário, fluorose e câncer bucal); • Técnico em Saúde Bucal (TSB): participa da escuta inicial, fazendo avaliação de risco das demandas odontológicas e realiza atendimentos, sob supervisão do odontólogo. Auxilia/assessora o odontólogo em atendimentos programados e de urgência e no monitoramento das condições que exigem vigilância; APS DIRETRIZES DE PROCESSOS DE TRABALHO (DPT) 5 • Auxiliar de Saúde Bucal (ASB): auxilia/assessora o odontólogo em atendimentos programados e de urgência. Pode participar da escuta inicial em conjunto com outros profissionais da equipe e sob supervisão do odontólogo. PONTOS ESSENCIAIS A SEREM CONSIDERADOS NA IMPLANTAÇÃO DO ACOLHIMENTO: 1) Escuta inicial: É preciso definir qual (is) profissional(is) faz(em) a escuta inicial e como garantir a sua retaguarda, através de discussão de caso para eventuais dúvidas e realização de interconsulta. A equipe deve definir a melhor composição de acordo com as características de cada profissional e suas habilidades. Comumente a escuta inicial é realizada pelo técnico de enfermagem ou por uma dupla composta pelo técnico de enfermagem e o ACS, com a supervisão do enfermeiro. Muitas equipes optam por ter o enfermeiro diretamente na escuta inicial em horários de maior procura por atendimento na unidade – das 8 – 10h e das 13h-15h - ou mesmo reservar todo o turno da segunda-feira pela manhã para o acolhimento (considerando a demanda represada do final de semana). A escuta inicial necessita ser resolutiva, ou seja, capaz não apenas de identificar a urgência de cada demanda para a priorização da ordem de atendimento dos usuários, mas também de solucionar diversos problemas/necessidades sem gerar consultas necessariamente. Alguns exemplos: renovação de receita de uso continuado de usuários que fazem acompanhamento regular com a equipe; orientações gerais sobre higiene, amamentação; encaminhamentos para outros serviços como CAPS, oftalmologista; retorno de exames de rotina sem alteração, entre outros. É importante que não demore muito tempo entre a chegada do usuário na unidade e a oferta da escuta inicial. 2) Fluxos da unidade: É preciso planejar os fluxos na unidade, desburocratizando ao máximo o acesso. A escuta inicial deve ser ofertada apenas para quem vem por demanda espontânea - quem veio realizar uma vacina, retirar uma medicação ou tem uma consulta marcada, por exemplo, pode acessar diretamente os profissionais. É preciso definir em equipe como se dará o agendamento. A forma de marcação deve garantir o acesso tanto à demanda espontânea quanto às demandas que podem ser agendadas previamente (não utilizar mais fichas para regular a porta de entrada, pois barra o acesso, limitando o número de atendimentos sem realizar avaliação de risco). O tempo entre a procura e a oferta de atendimento não deve ser muito grande, pois aumentam as chances de absenteísmo e insatisfação do usuário, comprometendo a resolutividade da APS. 3) Processo de trabalho: A equipe precisa preparar-se para a implantação do acolhimento, redefinindotarefas, estudando protocolos/diretrizes clínicas das * Aqui estão listadas algumas atribuições dos profissionais ligadas ao acolhimento. As funções podem ser modificadas a partir das necessidades singulares de cada equipe. ** Na existência de um recepcionista, ele pode participar da marcação de forma compartilhada com a equipe que faz a escuta inicial. APS DIRETRIZES DE PROCESSOS DE TRABALHO (DPT) 6 demandas mais comuns em APS e capacitando os profissionais que farão a escuta inicial para avaliação de risco. É necessário repensar as tarefas que cada profissional vem desempenhando na equipe, aproveitando o potencial de cada um. Devem ser privilegiadas as consultas na agenda do médico, enfermeiro e odontólogo, dividindo atividades não assistenciais com os demais profissionais da equipe. A resolutividade do acolhimento depende de alguns elementos, como por exemplo: do estabelecimento de um trabalho cooperado, a garantia de retaguarda para quem realiza a escuta inicial e a ampliação da prática clínica do enfermeiro (através da aprovação de protocolos municipais, diretrizes clínicas claras e da parceria do trabalho do médico e do enfermeiro). 4) Agenda: a agenda precisa ser gerenciada de modo a proporcionar melhor aproveitamento do tempo dos profissionais de nível superior e garantir que, quem necessita, consiga consultar no mesmo turno/no mesmo dia. Precisa ser flexível, possibilitando encaixes de atendimentos com tempo variável, de acordo com a necessidade do usuário. É necessário que, todos os dias, existam horários disponíveis para atendimento no mesmo turno/dia, evitando sempre que possível o agendamento de consultas, a não ser que esta seja uma opção do usuário. Metade da oferta de consultas com o médico/enfermeiro ou mais deve estar disponível para atendimento às demandas espontâneas, garantindo que possamos atender as pessoas com menos tempo de espera possível. 5) Odontologia: É preciso pactuar como acontecerá o acolhimento das demandas odontológicas. Algumas equipes optam por estabelecer uma escuta inicial específica da odonto, ficando sob responsabilidade do TSB e ASB com supervisão do odontólogo. Em outras, todas as demandas da equipe (incluindo as da odonto) são recebidas pela mesma equipe de escuta inicial. Neste caso, é necessário assegurar momentos de capacitação para identificação dos sinais de risco mais comuns a serem observados e garantir a retaguarda para discussão de caso/interconsulta de forma facilitada. De toda forma, a sintonia entre os todos os profissionais é muito importante. A odontologia não é uma equipe em separado – precisa atuar de forma integrada ao restante da equipe. APS DIRETRIZES DE PROCESSOS DE TRABALHO (DPT) 7 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na atenção básica. . Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica n. 28, v. II).Disponível em: <http://www.saude.sp.gov.br/resources/humanizacao/ biblioteca/documentos-norteadores/cadernos_de_atencao_basica_-_volume_ ii.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2016. CURITIBA. Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba. Departamento de Atenção Primária à Saúde. Novas possibilidades de organizar o acesso e a agenda na atenção primária à saúde. Curitiba: SES, 2013. Disponível em: <http://www.saude. curitiba.pr.gov.br/images/cartilha%20acesso%20avan%C3%A7ado%2005_06_14. pdf>. Acesso em: 4 abr. 2016. MURRAY, Mark; TANTAU, Catherine. Same-day appointments: exploding the access paradigm. Family Practice Management, Kansas City (MO), v. 7, n 8, p. 45- 50, 2000 [Traduzido para o português por Leonardo Graever]. Versão original, em inglês, disponível em: <http://www.aafp.org/fpm/2000/0900/p45.html>. Acesso em: 4 abr. 2016. VIDAL, Tiago Barra. O acesso avançado e sua relação com o número de atendi- mentos médicos em atenção primária à saúde [recurso eletrônico]. 2013. Dis- sertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Porto Alegre, 2013. Texto parcial disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufrgs.br/da.php?nr- b=000910522&loc=2014&l=f2bc85ff5bb8a04e>. Acesso em: 4 abril. 2016. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APS DIRETRIZES DE PROCESSOS DE TRABALHO (DPT) 8 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Medicina – Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia TelessaúdeRS/UFRGS Rua Dona Laura, 320 – 11º andar Bairro Rio Branco CEP: 90430 – 090 – Porto Alegre/RS Tel.: (51) 3333-7025 Site: www.telessauders.ufrgs.br E-mail: contato@telessauders.ufrgs.br Supervisão Geral: Erno Harzheim Elaboração de texto: Lígia Castegnaro Trevisan Diagramação: Carolyne Vasques Cabral Luiz Felipe Telles Projeto gráfico: Luiz Felipe Telles Revisão: Letícia Felipak dos Passos Martins Roberto Umpierre Otavio Pereira D’avila Ricardo Heinzelmann Rosely de Andrades Vargas TelessaúdeRS/UFRGS 2016 Porto Alegre – RS.
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