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CLINICA DE GRANDES ANIMAIS II – EQUINOS 
Prof. Dr. Neimar Roncati 1 
SISTEMA LOCOMOTOR 
 
1. HISTÓRICO/ANAMNESE 
 
Em relação às afecções do sistema locomotor dos equinos é muito importante o 
detalhamento do todo o histórico frente às informações que podem ser colhidas durante 
a anamnese, quer seja com o proprietário do animal ou com a pessoa que lida com ele. 
Dentre as informações mais importantes pode-se destacar: 
 Idade: certas afecções são mais comuns em determinadas fases da vida, como por 
exemplo, as artrites sépticas, osteocondrites e deformidades angulares são 
caracteristicamente notadas em animais jovens, assim como as doenças articulares 
degenerativas (osteoartroses) estão mais presentes em animais velhos e também nos 
animais atleticamente mais exigidos. 
 Raça: esta pode ser uma característica erroneamente notada, já que determinadas 
raças são mais estudadas ou apresentam maior possibilidade diagnostica; mesmo 
assim, podemos encontrar uma maior predisposição das chamadas “dores de 
canelas” em animais das raças Quarto-de-Milha e no Puro Sangue Inglês, assim 
como os Quarto-de-Milha parecem apresentar uma maior incidência de problemas 
no navicular. Portanto um cuidado especial deve ser tomado ao relacionar-se a raça 
com a afecção ou o tipo de trabalho à afecção. 
 Sexo: esta é uma divisão menos importante às anteriores. Pode-se citar que a 
osteocondrite dissecante acomete mais machos do que fêmeas. 
 Utilização: esta talvez seja uma das distinções mais importantes no diagnóstico das 
afecções do sistema locomotor já que fraturas de falanges, sesamóides e ossos do 
carpo, assim como tendinites são mais comuns nos cavalos atletas. Já as fraturas em 
ossos longos estão mais relacionadas a cavalos que vivem em grupos ou lotes no 
pasto e, portanto mais predispostos a acidentes. Problemas nos posteriores são mais 
comuns em cavalos de salto, as doenças de navicular nos cavalos de laço, apartação, 
provas de tambor, etc. 
 
O manejo, tipo de criação, geografia podem ser importantes na determinação da 
incidência de muitas doenças. 
Determinar na história o passado e o presente, de maneira detalhada, para um correto 
diagnóstico e instituição de terapia adequada é fundamental. 
 
 
2. EXAME CLÍNICO 
 
Iniciar o exame sempre de distal para proximal, pois além de facilitar o exame é sabido 
que a maioria das afecções dos membros dos equinos concentram-se do carpo (ou tarso) 
à distal. 
 Inspeção direta: observação do animal parado e em movimento (preferencialmente 
em um solo firme/duro). Inicialmente pode-se prestar atenção na presença de 
inchaços, aumentos de volume, feridas ou outras alterações da normalidade física 
como os problemas de aprumos ou atrofias musculares. Quando em movimento 
observar a coordenação dos movimentos, assim com amplitude nas diferentes fases, 
simetria ou presença de claudicação. 
CLINICA DE GRANDES ANIMAIS II – EQUINOS 
Prof. Dr. Neimar Roncati 2 
É importante examinar o animal nos diferentes tipos de andamentos – passo, trote e 
galope, tanto em linha reta distanciando-se e retornando, como em movimentos 
circulares para ambos os lados. 
A maioria das claudicações é notável no trote, observando-se que o cavalo faz “sim” 
para o membro não afetado, ou seja, levanta a cabeça quando apoia o membro 
afetado no solo, a não ser que seja uma afecção bilateral. 
Os diferentes graus de claudicação podem ser classificados simplesmente em leve, 
moderado ou severo, contudo uma avaliação mais minuciosa pode auxiliar uma 
classificação mais apurada: I = não evidente ao passo, mas perceptível ao trote; II = 
notada ao passo e torna-se óbvia ao trote; III = tanto ao passo como no trote a 
claudicação é perceptível e grau IV = um membro sem apoio esta presente. 
 Palpação: objetiva a avaliação tanto das alterações de volume, sinais de dor ou ainda 
diferenças na temperatura dos diferentes locais, normalmente realizada por digi-
pressão, palpação e ainda flexão forçada e temporária das articulações (testes de 
flexão). 
 Palpação indireta: avaliação das estruturas dos cascos através da utilização da pinça 
de casco. Lembre-se em realizar a avaliação dos pontos de fixação de cada cravo, 
caso o animal seja ferrado, assim como todas as estruturas internas ao estojo córneo. 
Um exame completo consta da avaliação comparativa do casco afetado com o 
membro contralateral. 
 Percussão: pode ser realizada no casco com um pequeno martelo ou mesmo com a 
pinça de casco. 
 Inspeção indireta: consta como um exame complementar, podendo ser tanto a 
avaliação radiográfica como a ultra-sonografia. Certamente é fator fundamental o 
diagnóstico presuntivo da região afetada para indicação ou requisição dos exames 
radiográficos. 
 
 Exames auxiliares mais comuns: 
 Bloqueio anestésico local ou regional – em muitos casos não é possível 
localizar a região afetada frente ao exame clínico convencional ou ainda podem 
existir causas múltiplas envolvidas na afecção. Muitas vezes é importante 
realizar o bloqueio anestésico tanto para confirmação diagnostica como para 
localizar a região de origem do problema. Este exame pode ser realizado tanto 
com a infiltração de alguns nervos periféricos como através da infiltração de 
anestésicos intraarticulares, logicamente este método deve ser realizado frente 
ao máximo de assepsia possível. 
 Análise do líquido sinovial – importante exame para distinção entre problemas 
articulares sépticos e formas inespecíficas de doenças articulares. Nas artrites 
sépticas os valores de proteína total aumentam acima de 3g/dl e o total de 
leucócitos pode ultrapassar valores de 10.000/dl. 
 
 
 
 
 
 
CLINICA DE GRANDES ANIMAIS II – EQUINOS 
Prof. Dr. Neimar Roncati 3 
CASCOS 
 
HEMATOMA SUBSOLEAR e ABCESSO SUBSOLEAR – afecção bastante comum 
e normalmente localizada na região posterior dos cascos ou entre os talões e ranilha, 
principalmente em consequência a ferraduras mal colocadas, traumas em pisos 
pedregosos ou feridas penetrantes ou ainda por conta de infecções bacterianas como o 
Fusobacterium necrophorum, bactéria mais comum causadora da broca. 
História – ferrageamento recente, trauma por objeto penetrante no casco, manqueira. 
Sinais clínicos – claudicação, relutância em alongar o movimento ou mesmo em apoiar 
o casco afetado, frequentemente com apoio em pinça. Aumento de temperatura do 
casco, resposta dolorosa à aplicação da pinça de casco na possível região afetada. 
Tratamento – retirar a ferradura e quando necessário recolocá-la de maneira adequada, 
além da exploração da sola com rineta com possibilidade de descompressão; 
administração de antiinflamatórios como a Fenilbutazona (2,2 a 4,4 mg/kg) ou Flunixim 
Meglumine (1,1mg/kg), BID por 5 a 7 dias, antibioticoterapia nos casos de abcessos(?), 
profilaxia tetânica (vacina e soro) e pedilúvio com hipoclorito de sódio, por 3 a 5 dias 
para desinfecção das possíveis feridas de casco. 
 
 
DOENÇA DO NAVICULAR OU SÍNDROME NAVICULAR – causa mais comum 
de claudicações crônicas nos equinos atletas. Tem origem controversa sendo 
relacionada a uma doença degenerativa ou ainda de origem vascular, mas sabidamente 
não há apenas uma entidade causadora ou predisponente envolvida. Anormalidades de 
conformação dos cascos podem predispor ao acometimento. Preferencialmente é uma 
doença de diagnóstico clínico, já que muitos animais demonstram alterações 
radiológicas compatíveis com a afecção sem sinais clínicos, mas que pode ser uma 
demonstração inicial do problema. 
Histórico – animais a partir dos seis a oito anos de idade são grandes candidatos a 
apresentarem claudicações leves e crônicas, principalmente dos membros anteriores. 
Raças como o Quarto-de-Milha,Puro Sangue Inglês, assim como os animais de salto 
parecem se mais freqüentemente afetados. 
Sinais clínicos – claudicação progressiva, mas intermitente, sendo em casos graves 
evidente a rejeição ao andamento (cavalo pisa em ovos). Avaliação de claudicação uni 
ou bilateral dos membros anteriores, gradualmente progressiva. Normalmente os 
cavalos acometidos por esta síndrome tendem a apoiarem o casco, tanto no passo como 
ao trote, primeiramente na pinça, sendo visível ao trote um tempo de suspensão menor. 
Quando examinados em movimentos circulares tendem a demonstrarem uma 
exacerbação da claudicação no membro central ao círculo. A maioria dos cavalos com 
síndrome navicular pode não apresentar sinais positivos à utilização da pinça de casco, 
mas em muitos casos dor pode estar presente no teste central à ranilha e parede contra-
lateral. O teste de flexão do boleto e falanges (1 a 2 minutos) pode evidenciar a 
claudicação, assim como o bloqueio do nervo digital palmar pode ser positivo, 
demonstrando alívio no sintoma doloroso. Exame radiográfico pode denotar muitas 
alterações no osso navicular, principalmente nos canais vasculares dilatados e presença 
de cistos, que podem auxiliar no diagnóstico. 
CLINICA DE GRANDES ANIMAIS II – EQUINOS 
Prof. Dr. Neimar Roncati 4 
Tratamento – não existem tratamentos realmente efetivos para esta afecção. Existindo 
conformação inadequada dos cascos é importante o casqueamento corretivo (evitando 
pinças longas e talões curtos) assim como a colocação de ferraduras com pinças roladas 
pode ser benéfico. Analgésicos como a Fenilbutazona podem ser dados, mas quando o 
tratamento é cessado os sintomas podem voltar. Isoxsuprine, agente vasodilatador, 
(1mg/kg, oral, BID inicialmente e SID) por períodos longos pode melhorar os sintomas. 
Um novo agente que melhora a hemeostase óssea (ácido Tiludrônico), diminuindo sua 
reabsorção vem sendo utilizado – denominado comercialmente de Tildren®. O 
tratamento para animais que não respondem às terapias convencionais é a cauterização 
química ou mesmo cirurgia de neurectomia dos nervos digitais palmares. 
 
 
LAMINITE – inflamação das laminas do casco, mas que envolve um patogenia 
complicada e interrelacionada a eventos sequenciais. Antigamente considerava-se uma 
afecção causada por problemas vasculares periféricos manifestada por alterações na 
pressão venosa, vasoconstrição digital, microtrombose, edema perivascular, necrose 
isquêmica e dor; todas consequências de alterações metabólicas sistêmicas. Mas 
pesquisas recentes têm demonstrado que o evento mais importante que desencadeia o 
processo é a liberação excessiva de enzimas degradantes (metaloproteinases), que 
acabam degradando o processo de união entre as lâminas dérmicas e as lâminas 
coriônicas dos cascos. Como fatores predisponentes pode-se relacionar infecções 
sistêmicas, alterações no equilíbrio ácido-básico orgânico, alterações cardio-
circulatórias, ingestão acentuada de carbohidratos, traumas, terapias com 
antiinflamatórios esteróides, etc. 
História – cólica, retenção de placenta, trabalho exagerado, caracterizando a presença 
de uma afecção primária. 
Sintomas – presença de claudicação em diferentes graus: I – alternância entre o apoio 
dos membros anteriores, sem observação evidente de claudicação nos andamentos; II – 
movimento dificultoso e claudicação presente com diminuição do tempo de elevação; 
III- relutância para caminhar e para trocar de apoio; IV – o animal não caminha e pode 
ficar bom tempo em decúbito. 
Diagnóstico – sintomas evidentes, exame de pinça de casco positiva para sensibilidade 
na sola, aumento de temperatura dos cascos e presença de pulso nas artérias digitais 
(palpável na altura do boleto e quartela), além da troca de apoio nos anteriores. O 
exame radiográfico pode ser importante ao diagnóstico e também para avaliação do 
desenvolvimento do quadro e prognóstico – elucidando a presença de rotação da 
terceira falange. 
Tratamento – deve ser considerada uma emergência médica, já que quanto antes 
iniciado o tratamento menores as chances de rotação da terceira falange e melhores 
resultados são obtidos. Inicialmente deve-se inibir (tratar) as causas primárias. Alpha-
bloqueadores, como a Acepromazina, podem ser benéficos para melhoria da 
vascularização periférica e diminuição da pressão (0,02 – 0,055, TID, IV ou IM), pode-
se administrar Isoxsuprine no mesmo período, analgésicos como Flunixim Meglumine 
(0,25-1,1mg/kg, IV ou IM, BID) ou Fenilbutazona, além do Ketoprofen (3,3mg/kg, IV 
ou IM, SID) ou Ácido acetil salicílico (10-20mg/kg, BID). Nos casos infecciosos – 
antibioticoterapia. Confinar o animal em baias com camas altas e limpas (areia). 
Diminuir ou cessar o fornecimento de concentrados. Nos casos crônicos é importante 
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fornecer suplementos de biotina/metionina para promover o crescimento do estojo 
córneo, além da colocação de botas protetoras e casqueamento corretivo com 
possibilidade de colocação de ferraduras em forma de coração. Atualmente a terapia 
mais indicada para as fases iniciais do processo é a crioterapia, ou seja, “mergulhar” os 
cascos do animal continuamente por mais de 48 a 72h, com o objetivo de diminuir o 
fluxo sanguíneo local e por consequente a circulação de metaloproteinases.

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