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Traumatologia da Coluna vertebral Disciplina: Fisioterapia Traumatológica Funcional Profª Patrícia Verçoza Articulações intervertebrais • Articulação anterior – entre os corpos vertebrais (discos intervertebrais); • Articulações posteriores – articulações zigoapofizárias (facetárias). Disco intervertebral • Estrutura do disco: ▫ Anel fibroso – formado por camadas ou lamelas fibrocartilagíneas elásticas, separadas por tecido conjuntivo frouxo. ▫ Núcleo pulposo – material gelatinoso, com alto conteúdo de proteoglicanos, e poucas fibras de colágeno. ▫ Placa cartilaginosa terminal – cobre as superfícies superior e inferior das vértebral. Disco Intervertebral • Fibrocartilaginoso, avascular, porém apresenta alta atividade metabólica. • Nutrição – trocas entre os canais vasculares das vértebras e a placa terminal. • Funções dos discos: ▫ Absorção e transmissão de cargas; ▫ Resistir à cargas compressivas; ▫ Permitir os movimentos da coluna vertebral. Espondilólise • Defeito na porção interarticular do istmo, que separa o arco neural em dois segmentos: ▫ Segmento anterossuperior – pedículo, processo transverso e faceta superior; ▫ Segmento posteroinferior – faceta inferior, lâmina e processo espinhoso. • É a lesão desportiva por uso excessivo (estresse) mais comum da região lombar; • Normalmente se desenvolve durante a primeira década de vida, com um aumento da incidência até os 20 anos. • A maior incidência é em L5 (90% dos casos) e na L4 (aprox. 10%), sendo rara em outros níveis. Possíveis causas • Traumas – Fratura de caráter agudo da parte intervertebral; • Defeito fibroso adquirido; • Caráter congênito; • Fratura por estresse – comum em ginastas (11%) Etiopatogenia • Normalmente ocorre unilateralmente; • O istmo vertebral é mais vulnerável aos microtraumas de caráter repetitivo; • Lordose lombar acentua o estresse sobre esta região • Influências genéticas. Achados clínicos • Inicialmente assintomática; • Geralmente não causa compressão nervosa; • A dor surge possivelmente por formação de uma pseudoartrose com alterações hipertróficas que comprime a raiz nervosa no pedículo; • Após atividade física pode haver dor lombar baixa, podendo haver irradiação para as nádegas ou membros inferiores. Tratamento • Tratar a dor; • Repouso das atividades; • Conforme a dor passe – retorno gradual às atividades; • Estabilidade e força da coluna lombar; • Exercícios de controle de movimento lombar; • O tratamento cirúrgico só é considerado em caso de pseudoartrose após 6 meses de tratamento conservador. Espondilolistese • É o deslocamento para frente de um corpo vertebral sobre o corpo vertebral infrajacente; • Esta perda de alinhamento pode ocorrer por trauma, malformações congênitas e degeneração; • Antecedentes familiares – ocorrência entre parentes do primeiro grau varia de 15 a 70%; • É mais frequente no sexo feminino e na raça branca. Etiopatogenia • Acomete predominantemente L5 e L4; • A estrutura da coluna lombossacra favorece a listese – inclinação de 30º na junção lombossacra; • Teoria de Rambaud e Ranault (1964) – falha na fusão de dois centros de ossificação; • Teoria da contribuição displásica – distúrbio genético de ossificação do arco neural, e anormalidades do desenvolvimento das facetas articulares. • Displásico • Ístmico • Degenerativo • Traumático • Patológico Classificação Classificação • Displásico: ▫ Alteração congênita nas facetas articulares; ▫ Arco posterior íntegro; ▫ Compressão dos elementos posteriores – cauda equina; ▫ Sintomas neurológicos precoces – déficits neurológicos graves; ▫ Diagnosticado ao nascimento. • Ístmico: ▫ Acomete o istmo vertebral, ou seja a parte articular (pars articularis) entre a faceta inferior e a superior; ▫ Pode apresentar três variantes: fraturas por estresse, alongamento e fratura aguda. ▫ É o tipo mais comum, e acomete preferencialmente crianças entre 6 e 16 anos. ▫ Cerca de 90% dos casos têm deslizamento inferior a 50% ou grau II de Meyerding. • OBS: Os tipos displásico e ístmico são os mais comumente encontrados em crianças – 85% dos casos. Classificação • Degenerativo: ▫ Em decorrência da osteoartrose aguda pela degeneração discal, levando à incompetência facetária; ▫ Adultos na 4ª e 5ª décadas de vida; ▫ Maioria são assintomáticas. • Traumático: ▫ Trauma que leva à fratura dos elementos posteriores, exceto da parte articular; ▫ Relacionados a doenças osteometabólicas, tuberculose e tumores ósseos. Classificação • Patológico: ▫ Lesão tumoral primária ou metastática que leva à instabilidade e ao deslizamento de uma vértebra em relação à outra; Classificação Classificação radiográfica de Meyerding • Grau I – deslocamento ou translação de até 25%; • Grau II – deslocamento ou translação de 26 a 50%; • Grau III – deslocamento ou translação de 51 a 75%; • Grau IV – deslocamento ou translação de 76 a 100%; • Grau V – deslocamento ou translação acima de 100% • Obs.: Cerca de 70% das espondilolisteses são do grau I e 20%, do grau II. Diagnóstico • História clínica – início dos sintomas, fatores predisponentes, antecedentes de trauma, acentuação clínica aos esforços de flexão da coluna e atenuação dos sintomas com extensão da coluna. • Raio X – incidências AP, perfil e oblíqua. • TC • Cintilografia óssea • RNM Achados clínicos • Dor lombar baixa frequentemente associada aos esforços; • A dor pode se tornar mais constante e piorar aos pequenos esforços; • Dor irradiada para os membros inferiores (tipo ístmico) • Parestesias (tipo displásico); • Sintomas de estenose de canal – perda de força e da coordenação dos movimentos ou mesmo incapacidade de andar. • Nos graus ≥ 3 pode ser observado um degrau à palpação lombossacra, com retração da musculatura isquiotibial. Tratamento • Defeito na pars em crianças < 10 anos sem sintomas = acompanhamento radiográfico a cada 4-6 meses até os 15 anos. • Tipo ístmico em crianças assintomáticas grau ≥ 2 = evitar esforços físicos intensos + acompanhamento radiográfico. • Atletas jovens com espondilolistese inferior a 50% porém sintomáticos = tratamento conservador. • Atletas jovens com espondilolistese superior a 50% e sintomáticos = tratamento cirúrgico. • Piora do grau da listese e não melhora das dores – cirurgia. Tratamento Conservador • Afastamento das atividades esportivas; • Fisioterapia: ▫ Alívio da dor; ▫ Correções posturais; ▫ Fortalecimento local – abdome, glúteos, estabilizadores lombopélvicos; ▫ Órteses nas fases sintomáticas. • Acompanhamento radiográfico a cada 6 a 12 meses. Indicação para tratamento cirúrgico • Persistência ou recorrência da dor, apesar da modificação da atividade e da fisioterapia; • Encurtamento dos flexores da coluna, persistência de marcha anormal, deformidades posturais sem alívio com fisioterapia; • Déficit neurológico progressivo; • Progressivo deslizamento superior a 25 a 50%, mesmo quando assintomático; • Ângulo de deslizamento (40º a 50º) em criança crescendo, com provável associação da progressão e deformidade. Avaliação física da lombar • Testes para Instabilidade (Hicks et al, 2005): ▫ Posterior-anterior spring test; ▫ Teste de Instabilidade em Prono; ▫ Teste de Elevação da perna estendida; ▫ Teste de Extensão da coluna lombar em apoio unipodal; ▫ Avaliação funcional da flexão e extensão do tronco. • Testes para disfunção de controle de movimento – testes de Luomajoki et al. (2008) PA Springtest Teste de Instabilidade em Prono Teste de elevação da perna estendida Teste de Extensão da coluna lombar em apoio unipodal Avaliação dinâmica de flexão e extensão da coluna lombar • Possíveis achados: ▫ Dor na flexão e/ou extensão do tronco; ▫ Sinal de Gower na extensão; ▫ Acelerações ou desacelerações dos movimentos; ▫ Alterações no ritmo lombopélvico. Fatores preditores para sucesso com exercícios de estabilização • Idade < 40 anos; • > 91º no teste de elevação da perna estendida; • Presença de movimentos aberrantes durante a ADM lombar; • Teste de Instabilidade em Prono + ▫ 3 ou 4 desses fatores presentes = maior chance de sucesso Hicks et al. (2005) • Subescala de atividade física do FABQ ≤ 8; • Ausência de movimentos aberrantes durante a ADM lombar; • Teste de Instabilidade em Prono Negativo; • Ausência de hipermobilidade no Spring Test. ▫ 2 ou mais desses fatores presentes = maior chance de falha Hicks et al. (2005) Fatores preditores para falha com exercícios de estabilização Disfunção de controle de movimento • Teste 1 – Flexão do quadril a partir da postura de pé, mantendo a pelve neutra, sem flexionar a lombar. • Teste 2 – inclinação posterior da pelve (retroversão), criando uma flexão da lombar. Disfunção de controle de movimento • Teste 3 – Paciente fica em apoio unipodal e é medido o deslocamento lateral da cicatriz umbilical (lateral shift). ▫ Pés a uma distância de 1/3 da distância entre os trocânteres maiores. Disfunção de controle de movimento • Teste 4 – Extensão unilateral do joelho na posição sentada com a lordose lombar neutra, sem movimentar a lombar. Disfunção de controle de movimento • Teste 5 – Avançar a pelve para trás e para frente a partir da postura de 4 apoios, mantendo a lombar na posição neutra. • Teste 6 – flexão ativa do joelho na posição prona, sem movimento de quadril ou lombar. Disfunção de controle de movimento Exercícios para melhorar estabilidade Exercícios para melhorar estabilidade Exercícios para melhorar estabilidade Exercícios para melhorar estabilidade Exercícios para melhorar estabilidade Exercícios para melhorar estabilidade Exercícios para melhorar estabilidade Exercícios para melhorar controle de movimento Exercícios para melhorar controle de movimento Exercícios para melhorar controle de movimento Exercícios para melhorar controle de movimento Exercícios para os glúteos Referências • SIZÍNIO, H.; XAVIER, R. – Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Prática, 4a. ed., Capítulos 41-43, Editora Artes Médicas, 2009. • Murade ECM. Espondilólise e espondilolistese em atletas jovens. In: Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva; Mendonça LM, Oliveira RR, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Esportiva e Traumato-Ortopédica: Ciclo 4. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014.p. 43-67. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1). • Nava-Bringas et al. Effects of a stabilization exercise program in degenerative spondylolisthesis. Journal of Back and Musculoskeletal Rehabilitation 27 (2014) 41– 46. • Biely, S; Smith, S.S; Silfies, S.P. Clinical Instability of the Lumbar Spine: Diagnosis and Intervention. Orthopaedic Practice Vol. 18;3:06, 2006. • Luomajoki, H. Movement control tests of the low back; evaluation of the difference between patients with low back pain and healthy controls. BMC Musculoskeletal Disorders 2008, 9:170. Referências • Hicks GE, Fritz JM, Delitto A, MishockJ. Interrater reliability of clinical examination measures for identification of lumbar segmental instability. Arch Phys Med Rehabil 2003;84:1858-64. • Hicks GE, Fritz JM, Delitto A, McGill SM. Preliminary development of a clinical prediction rule for determining which patients with low back pain will respond to a stabilization exercise program. Arch Phys Med Rehabil 2005; 86:1753-62. Referências
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