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Síndrome de dilatação-vólvulo-gástrica (DVG) – Lilian Ferrari - Omento direcionado de forma caudal, saindo da curvatura maior. •Uma das mais graves emergências médico - cirúrgicas em cães. •Dilatação gástrica seguida é de rotação – vólvulo causando uma série de alterações fisiopatológicas graves e progressivas que culminam no choque com alto risco de morte. - Nem sempre que observarmos um cão com uma dilatação, não necessariamente ele esta com uma torção. Geralmente a dilatação ocorre antes da torção. FATORES DETERMINANTES: •Cães de tórax profundo e porte grande - Fila, Setter, São Bernardo, Doberman, Pastor Alemão, Dogue Alemão. •Idade variável – mais comum em animais idosos – com a idade tudo fica flácido, inclusive as inserções do estomago no peritôneo. •Sobrecarga alimentar – animais alimentados uma vez ao dia / exercício pós-prandial. - Som timpânico, cavidade cheia de ar, aumento tanto do lado direito como do lado esquerdo. •Sentido da torção: • Cão visto em decúbito dorsal •Para a direita- sentido horário: piloro para a esquerda e fundo para a direita. Epíplon recobre a porção ventral do estômago deslocado. Pode chegar a 360º(pedículo esplênico.) •Para a esquerda- sentido anti-horário: é mais rara. Não evolui além de 90º. Não há epíplon recobrindo o estômago. - O estômago pode torcer tanto para a direita quanto para a esquerda. Para a direita também é chamado de sentido horário, para a esquerda é no sentido anti horário. A forma mais comum é rotacionar para a direita. - A referência é visualizando o cão de decúbito dorsal com a cavidade aberta. - Como saber se foi para a direita ou esquerda? Se tiver o omento recobrindo o estomago é porque a torção foi para a direita – sentido horário. O omento sai da curvatura maior e cobre o aspecto caudal, então ela pode na torção cobrir o estomago. Esta torção para a direita é a que pode ocorrer em 360 graus. Porque os ligamentos peritoneais do estomago não permitem essa rotação intensa no sentido anti horário. - A importância de saber para que lado foi para fazer a manobra de reposicionamento. FISIOPATOLOGIA: •A origem é devido a um acúmulo de gás (fermentação e aerofagia) + líquido (ingesta, secreção e transudação congestão venosa) no estômago – com o estomago dilatado começa haver falha nos mecanismos de esvaziamento gástrico - eructação, vômito e esvaziamento pilórico → DILATAÇÃO. •A DILATAÇÃO ANTECEDE A TORÇÃO E PREDISPÕE A ESTA. - Dilatação é o que ocorre para que possa ocorrer a torção. Fisiopatologia: A torção gástrica ocorre por conta de aerofagia, estresse, digestão rápida, excitação, gerando acumulo de gás, as bactérias , os carboidratos da alimentação, o acido clorídrico, o bicarbonato salivar, aumenta a produção de gás. Tudo isso faz com que a função gastroesofagica anormal retarde o vasamento gástrico, tanto pelo esôfago quanto pelo piloro. A composição da dieta, o afrouxamento dos ligamentos gástricos, a predisposição racial, o exercício pós prandial, aqueles fatores pré disponentes, de tórax profundo, alimentação, causa essa dilatação gástrica, fazendo que o estomago não seja capaz de esvaziar, com isso pode ter o vólvulo gástrico. Consequência... •Insuficiência torácica –déficit respiratório ↓do flx veia cava caudal e porta -↓DC, ↓ PA, ↓ perfusão tecidual (Hipoperfusão esplênica –CID, lesão miocardio) Atonia gástrica –paralisia intestinal –desequilíbrio dos eletrólitos Isquemia Gástrica Necrose gástrica –peritonite Gastrite necrótica hemorrágica ➢ Absorção de bactérias e endotoxinas–choque séptico (↓DC) ➢ Perda de sangue –Anemia ➢ Perda de proteínas –hipoproteinemia - Em conseqüência disso porque o cão morre no final das contas?? É difícil reverter alguns quadros porque a causa mortis é multifatorial, causando uma série de alterações sistêmicas. A primeira delas, insuficiência torácica, porque o estomago fica muito distendido. O estomago fica intimamente ligado ao diafragma, então se há um aumento de volume muito importante no abdome o cão vai apresentar insuficiência respiratória porque o diafragma não consegue expandir o tórax – cão respira mal – quando o cão chegar por mascara de O2. Então o cão começa ficar em acidose respiratória, e o Ph sanguineo tende a ficar mais acido pelo aumento de acido carbônico – ph diminui. Existem dois grandes vasos posicionados dorsalmente ao lado das vértebras – cava caudal e aorta – com a dilatação estomacal, há compressão da veia cava, com isso o retorno venoso para o coração fica comprometido, assim diminui o debito cardíaco – além disso, aorta vai ejetar menos sangue. Em conseqüência da diminuição do debito cardíaco vai cair também a pressão arterial – se a PA esta baixa vai haver uma hipoperfusão dos tecidos, havendo ativação da respiração anaeróbica – aumentando produção de lactato, radicais livres – Fator depressor do miocárdio – taquiarritmias ventriculares – por conta dos fatores depressores – primeira droga de escolha lidocaína , segunda droga de escolha amiodarona. Um outro fator é a atonia gástrica – como o estomago fica parado o intestino também para pois eles trabalham reflexamente – havendo paralisia intestinal e desequilíbrios hidroeletroliticos e o cão desidrata muito rápido. Porque ocorre isquemia gástrica? Porque esta dilatado e a perfusão na parede gástrica não é boa. Então a isquemia gástrica é por conta da dilatação e principalmente por conta da torção, porque quem irriga o estomago são as AA.gastro curtas na curvatura maior, e na curvatura menor as AA. Gastro epiploicas, e quando torce, todo esse pedículo de vaso também fica sob compressão. Então toda essa isquemia gástrica vai gerar uma necrose gástrica – as vezes chegando a perfurar – ou uma gastrite necrótica hemorrágica. Também pode haver translocação bacteriana, essa dilatação e torção faz com que as bactérias presentes na luz gástrica consigam chegar na corrente sanguinea (perde barreira entre estomago e corrente sanguinea) – sempre fazer antibioticoterapia. Além disso, são absorvidas varias endotoxinas que vão causar repercussões sistêmicas. Com o andar da doença, com a presença dessas bactérias e endotoxinas, pode haver um choque séptico causando uma queda da pressão arterial por conta da diminuição do DC. Tem perda de sangue principalmente pela mucosa gástrica e perda de proteínas porque todo o intestino esta lesionado, havendo perda, diminuição da absorção, além disso, perda de proteínas para a cavidade peritoneal. - Assim, vemos que o óbito ocorre por três motivos : choque hipovolêmico, cão desidratado, retorno venoso baixo, choque endotoxico pela hipoperfusão e por conta também da lesão de reperfusão que causa falência múltipla de órgãos – mecanismo: na maioria das vezes hipoperfusão, acumulo de endotoxinas e fatores depressores do miocárdio, fazendo que os órgãos fiquem sem oxigenação. - Lesão de reperfusão: todas essas endotoxinas e fatores que levam a óbito, quando a torção é corrigida e liberamos eles na corrente sanguinea, as vezes há morte do cão causando essa lesão da reperfusão. SINAIS CLÍNICOS: •Inicio abrupto de apatia, mímica de vômito e dor abdominal, após ingestão de alimentos e “brincar” •DISTENSÃO abdominal de inicio agudo •Distensão abdominal progressiva e piora do quadro clínico •Sons timpânicos na percussão da distensão abdominal gás •Ao exame físico: taquicardia, taquipnéia, pulso fraco •Parâmetros progressivamente deteriorados EMERGÊNCIA - Taquicardia reflexamente – a PA cai e o coração aumenta a FC. - Taquipnéia porque o cão não esta conseguindo respirar – pela acidose respiratória. - Pulso fraco porquea PA caiu, desidratou, veia cava comprimida, fator depressor do miocárdio. DIAGNÓSTICO: •Sinais clínicos •Exame radiográfico - ** importante – saber se há apenas dilatação ou também uma torção. •Raio-x lateral direito e dorsoventral ** •Ampla distensão •Fundo do estomago caudoventral – numa situação normal ele vai estar cranial. •Compartimentalização – vendo mais de uma bolha ( 2 compartimentos = torção) – somente dilatação 1 bolha. - Braço do Popeye. TRATAMENTO: •Tratamento emergencial - O tratamento é multifatorial. - Os focos terapêuticos principais são: a descompressão do estomago, correção das alterações hemodinâmicas e por ultimo prevenir recidiva – alterando o manejo alimentar e gastropexia (sutura do estomago na parede abdominal). Tratamento Clínico: •Muito importante •ESTABILIZAÇÃO – terapia para CHOQUE e descompressão ➢ Fluido de choque (90 ml/kg/hr – canular duas veias, porém, hoje em dia mais adequado fazer a prova de carga – 10ml/kg/hr em 3 min aferindo PA, se aumentar a PA esperar um pouco), ATB de amplo espectro. ➢ AINE – flunixim meglumine (banamine) – reduz endotoxinas. ➢ O2 •Descompressão – se possível, há ganho de tempo. •Percutâneo X sondagem ➢ Passagem da sonda não exclui a possibilidade de torção. •Sifonagem com água morna •Monitoração – hemogasometria**, PA (hipotenso – noradrenalina), hemogramas, bioquímicos. - O tratamento clinico é muito importante – estabilizar e dar suporte. - Sempre canular os vasos craniais – para fluidoterapia conseguir chegar no coração – cateter calibroso. - Fazer oxigenioterapia – aumentando fração inspirada de O2. - Descompressão é feita com a passagem de sonda e também pode colocar cateter na lateral do abdome (pouco eficaz). - Sondagem é feita por sifonagem com água morna – sonda esofágica passando pela cárdia – muitas vezes não consegue passar – o fato de não passar com a sonda não garante que o estomago esta torcido. Tratamento Cirúrgico: Celiotomia mediana exploratória: •3 objetivos: ➢ Inspecionar estômago e baço – remover tecidos desvitalizados ➢ Descomprimir o estômago e corrigir posicionamento ➢ Gastropexia - Quando a torção é para direita, no sentido horário o pediculo esplênico pode estar envolvido. Na duvida ligar o baço antes de reposicionar para não liberar as toxinas, se o baço estiver comprometido, antes de reposicionar fazer a esplenectomia. - Se o estomago estiver necrosado fazer gastrectomia desta porção. - Abrir a cavidade, introduzir a sonda esofágica, e auxiliar a introdução da sonda para liberar conteúdo pela sonda, evitando que faça uma gastrotomia com o estomago dilatado, ganhando em tempo cirúrgico. Se não haver necrose, fazer apenas gastropexia (na parede abdominal direita) depois de liberar torção. GASTROPEXIAS: •Há três tipos principais sendo que a escolha da técnica depende do cirurgião. •Na DVG o tempo é muito importante. •Técnicas: ➢ Gastropexia incisional – rápida, mais usada. ➢ Belt-loop ➢ Circuncostal – prende na costela. Gastropexia cincuncostal: •Flapeno antro pilórico seromuscular •Incisão na 11 ou 12 costela próximo a junção costocondral •Vantagem: Não penetra o lúmen, mais forte? Questionável. •Desvantagem: Fratura, difícil. - Neste caso é feita uma alça no antro pilórico seromuscular, na parede abdominal direita faz uma incisão e divulsiona a costela, pegar o flap e passa por detrás da costela e costura o flap no estomago novamente. - Não penetra no lúmen e é mais forte. Gastropexia Belt-loop: •2 incisões: peritônio e músculo transverso do abdominal (3 a 4 cm caudal a 13 costela) •Flape seromuscular no antro pilórico •Vantagem: técnica simples menor risco de peritonite. •Desvantagem: não é tão forte - Alça de cinto, diferença com a anterior, essa faz apenas uma incisão no peritoneo. - Pouco utilizada. Gastropexia incisional: •Incisões seromuscular no estômago e no peritônio •Sutura borda com borda •Vantagem: Técnica simples e rápida •Desvantagem: Não é tão forte - A mais utilizada, faz duas incisões seromuscular – antro pilórico e parede abdominal – incisões lineares – forma uma elipse – suturar borda com borda, causando uma aderência. Estomago fica aderido a parede abdominal. Pós-operatório: •Tratar taquiarritmias ventriculares –Lidocaína •Tratar hipocalemia –Cloreto de potássio •Hipoproteinemia por perdas gastrointestinais – Plasma •Antibióticos de amplo espectro – metro associado a cefalexina , ou amoxilina com clavulanato. •Terapia antiendotóxica– flunixin meglumine •Terapia antioxidante –Alopurinou, DMSO, Succinatode metilpredinisolona, hidrocortisona, acetil-cisteína •Retorno a alimentação – preservar enterócitos •Risco de gastrite –protetores de mucosa gástrica – sucralfato – reveste erosões do trato gatrointestinal. Prevenção: - Alterar manejo alimentar. •Alimentação em pequenas quantidades •Evitar excesso de ingestão de água •Limitar atividade física após alimentação
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