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1 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL metodologia para o diagnóstico discussão de casos clínicos e cirúrgicos Habilidade em identificar, analisar problemas e avaliar as informações relevantes para se atingir uma conclusão adequada. • BASEADA EM: Observação Experiência Reflexão Comunicação Processo analítico de que se vale o especialista ao exame de uma doença ou de quadro clínico para chegar a uma conclusão. • COMO SE FAZ: Coleta dados → aplica seu conhecimento médico e raciocínio. Aplica o conhecimento clínico para pedir exames subsidiários e aplica a terapêutica. ✓ História clínica ✓ Exame físico ✓ Exames subsidiários diagnósticos ✓ Terapêutica: clínica ou cirúrgica ✓ Seguimento ✓ Prognóstico ✓ Discussão ✓ Prevenção ✓ Resumo objetivo O guideline depende do diagnóstico. • LEI DE MILLER: Memória de curto prazo Armazena de 5 a 9 (+7 ou -2) fragmentos de informação. - independentes ao mesmo tempo - discussão do caso clínico por partes (Chunks) - melhor assimilação do conteúdo - ordem crescente - eficácia comprovada • PASSO 1: analisar o texto Seguir a orientação do texto para não perder as informações. • PASSO 2: resumir com as provas palavras Anotar o que se entende disso. • PASSO 3: determinar quais são os sintomas específicos e não específicos • PASSO 4: quais são os sinais presentes da doença. • PASSO 5: quais são os sinais ausentes da doença. Professor Airton Zogaib 2 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL ✓ Sindrômicos ✓ Anatômicos ✓ Tipificação nosológica ✓ Etiológicos Deve-se passar por todos os diagnósticos para conseguir chegar até o diagnóstico etiológico. • SÍNDROMES: Conjunto de sinais e sintomas. - abdome agudo - hemorrágicas - neoplásicas - infecciosas - inflamatórias - isquêmicas - traumáticas - insuficiência renal, respiratória etc. • ANATÔMICAS: qual o órgão que está acometido - colon/reto - estomago/duodeno - pleura - peritônio - coração - sistema CV • TIPIFICAÇÃO NOSOLÓGICA: - congênitas - adquiridas - traumáticas ou não traumáticas - neoplásicas - infecciosas - metabólicas - degenerativa - autoimune - iatrogênicas - idiopáticas Doenças: agudas subagudas crônicas agudizadas recorrentes/recidivantes • DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO: Juntas o diagnóstico sindrômico, anatômico, tipificação nosológica para chegar no diagnóstico etiológico. - apendicite aguda perfurada - úlcera duodenal hemorrágica - ferimento penetrante do colo sigmoide por PAF - ruptura traumática do baço • DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO: Combinação de sintomas e sinais. Associar a prevalência das mesmas. Há que se pensar em 1 ou 2 diagnósticos que expliquem todo o quadro do paciente. Síndromes primárias Síndromes secundárias As síndromes secundárias são consequências da primária. ✓ laboratoriais ✓ de imagem ✓ outros (gráficos, endoscópios etc) Se possível nessa ordem ou concomitantes. Para solicitar os exames deve-se adequar com os primeiros diagnósticos etiológicos realizados. Na ausência de diagnósticos etiológicos, associar com os diagnósticos sindrômicos e anatômicos. Aplicar a razão de verossimilhança para cada doença ou para cada suspeita (Likelihood Ratio). Acesso facilitado ao exame pelo médico (deve-se pedir exames que estão disponíveis). Custo/benefício. • RAZÃO DE VEROSSIMILHANÇA: Indica qual a probabilidade de encontrarmos um teste positivo para cada doença, comparada a uma pessoa sem a doença. Quanto maior a razão (acima de 1), melhor o teste para diagnóstico de determinada doença. Quanto menor a razão (abaixo de 1), melhor o teste para afastar o diagnóstico de determinada doença. Os melhores testes são os de LR + > 10 e os LRD - < 0,1. 3 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL O melhor teste é quanto tem próximo de 10. Quanto mais positivo, maior a chance de fazer o diagnóstico da doença. São testes que podem tanto confirmar a doença quanto afastá-la. EXEMPLO: tomografia com LR de 8. Portanto, a chance de encontrar o diagnóstico por meio da tomografia é alta. Essa razão serve para ajudar a escolher qual o melhor exame para aquela doença. • RESULTADOS: Avaliar os resultados dos exames laboratoriais, de imagem com outros exames. Após isso, voltar nos diagnósticos etiológicos. Na ausência de diagnóstico etiológico deve- se associar com os diagnósticos anatômicos e sindrômicos. • SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE: Sensibilidade: sensibilidade do teste em dar positivo Especificidade: não faz diagnóstico da doença quando é negativo. O melhor exame é o que apresenta maior sensibilidade e maior especificidade. É uma jovem da terceira década de vida, proveniente da zona urbana com dor aguda na fossa ilíaca direita recente (há menos de 24 horas). Jovem que apresenta comportamento de risco e por conta disso já teve várias infecções ginecológicas. EF: não está muito bem, está desidratada, taquicardia, febril, dor razoável. No abdome: sinais de peritonite localizada (na fossa ilíaca direita). Sinal de Blumberg + e sinal de Rovsing +. DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO: - abome agudo infeccioso e inflamatório - peritonite inflamatória localizada - obstrutivo → porque ela está constipada e apresenta RHA diminuídos - isquêmico - perfurativo SECUNDARIAMENTE: - desidratação - hipóxia - síndrome dispéptica (poderia ser devido aos sintomas de náuseas e vômitos, sintomas digestivos) DIAGNÓSTICO ANATÔMICO: - colón ascendente - apêndice - região íleo cecal - duodeno - ovário direito - linfonodos mesentéricos - útero à direita - peritônio TIPIFICAÇÃO NOSOLÓGICA: - adquirida - inflamatória - infecciosa - aguda - não traumático - autoimune DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO: - apendicite aguda - ulcera péptica perfurada - diverticulite - peritonite - gravidez ectópica rota - doença inflamatória pélvica - doença de Chron no íleo terminal EXAMES: hemograma, PCR, beta-HCG, urina I 4 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Valores de referência: Hemograma: de 4,5 a 6 milhões/mm3 Hemoglobina 13 a 16 g/dL Hematócito: 38 a 50% Leucócitos: 4000-27000 Plaquetas: 121 a 412 mil O PCR está elevado, o que indica uma inflamação. Após os exames, voltar nas hipóteses diagnósticas e descartar: - gravidez ectópica (beta-HCG negativo) - cólica nefrótica (urina I daria hematúria, leucocituria) revisão semiologia do abdome ABDOME ESCAVADO: sinal de desnutrição ABDOME GLOBOSO: panículo adiposo, ascite, gases, tumores etc. Deve-se prestar atenção para a presença de circulação colateral, peristalse e pulsações visíveis. A circulação colateral pode ser do tipo porta ou do tipo veia cava inferior → indica hipertensão portal. • MANOBRA DE VALSALVA: Durante a inspeção, quando há suspeita da presença de hérnias, deve-se realizar a manobra de Valsalva. Solicitar que o paciente sopre o punho fechado. Com isso, aumenta a pressão intra- abominal, forçando o aparecimento intra- abdominal, forçando o aparecimento das hérnias que podem estar presentes. É utilizada para fazer a hepatometria, ou seja, mensuração do tamanho do fígado, percussão do espaço de Trauba (para identificar visceromegalia) e percussão geral para identificar se o som é timpânico SINAIS DE HIPERTENSÃO PORTAL ✓ ascite ✓ edema de membros inferiores ✓ hematêmese ✓ varizes esofágicas ✓ hemorroidas 5 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL (normal) ou maciço (indicando que há massas anormais na cavidade abdominal). Antes de iniciar as manobras de palpação é necessário perguntar ao pacientese ele sente alguma dor abdominal, se está com a bexiga cheia e se defecou no dia do exame (assim como na percussão). Palpação do baço → posição de Schuster (paciente em decúbito lateral direito). • TÉCNICAS PARA PESQUISA DE ASCITE: Ascite consiste no acúmulo anormal de líquido na cavidade abdominal, que além de causar aumento do volume abdominal, pode gerar aumento de peso, desconforto abdominal e dispneia. Normalmente, a ascite está associada a doenças hepáticas graves associadas à hipertensão portal e déficit na síntese de albumina, que causam desequilíbrio entre as pressões osmótica e coloidosmótica, forçando o extravasamento de líquido para o terceiro espaço (vasos linfáticos). Macicez móvel: ocorre em casos de ascite de médio volume. Quando o paciente está em decúbito dorsal o líquido acumula-se na região lateral do abdome, revelando timpanismo na região anterior, quando o paciente posiciona-se em decúbito lateral, o líquido desloca-se para o mesmo lado, onde fica maciço e a região acima fica timpânica. Semi-círculo de Skoda: com o paciente em decúbito dorsal percute-se a regiçao periumbilical do meio para as extremidades. Em casos de ascite, observa-se alteração do timpanismo. Visa identificar: - ruídos hidroaéreos - sopros nas artérias abdominais Para ouvir os RHA basta posicionar o estetoscópio em áreas difusas do abdome, permanecendo por cerca de 2 minutos – ouvir um ruído já exclui a possibilidade de íleo paralítico e não é necessário ficar os 2 minutos inteiros caso se ouça antes disso. ÍLEO PARALÍTICO: Íleo paralítico é uma doença causada por defeitos ou ausência da motilidade intestinal (peristalse). Isso gera inapetência, obstipação grave, vômitos, obstrução intestinal, que causa muito desconforto para o paciente, além de muita flatulência e risco de peritonite e sepse, visto que o conteúdo intestinal fica paralisado, gerando aumento das microbiotas residentes. • PONTOS DE AUSCULTA: 6 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Alguns sintomas e sinais relacionados com os órgãos abdominais podem indicar doenças e complicações. • SINAL DE CULLEN: Coloração azulada ao redor do umbigo, sugestivo de hemorragia retroperitoneal. • SINAL DE GREY TURNER: Referente a equimoses não traumáticas nos flancos, que pode indicar pancreatite hemorrágica, estrangulamento intestinal ou abscessos com extravasamento de sangue. • SINAL DE MURPHY: Dor profunda à palpação da área subcostal direita, que sugere colecistite. • SINAL DE BLUMBERG: É referente à dor à compressão e principalmente à descompressão súbita da fossa ilíaca direita, no ponto de McBurney (ponto apendicular), sugestivo de apendicite aguda. Essa manobra também pode identificar peritonite, que também pode ser pesquisada pinçando e puxando uma parte do abdome, e caso o paciente sinta dor quando soltar rapidamente a pinça, é sugestivo de peritonite. MODELO DE DESCRIÇÃO DE EXAME FÍSICO NORMAL DO ABDOME DE UM ADULTO: (Inspeção) Abdome plano, simétrico, ausência de lesões, cicatrizes, circulação colateral, peristalse e pulsações visíveis; cicatriz umbilical intrusa. (Ausculta) RHA presentes, ausência de sopros. (Percussão) Predomínio de som timpânico à percussão geral, hepatimetria 9 cm na linha média clavicular (LMC) e 4 cm na linha médio esternal (LME = nível do apêndice xifoide), espaço de Traube livre. (Palpação) Indolor à palpação superficial e profunda, ausência de VCM, Giordano negativo (em alguns casos é importante negar outros sinais). 7 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL • SINAL DE ROVSING: Refere-se à dor no quadrante inferior direito quando há compressão do quadrante inferior esquerdo, e esta manobra é utilizada para identificar apendicite. • SINAL DO PSOAS: É positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar o movimento de extensão do quadril, sendo um indicativo de apendicite. • SINAL DO OBTURADOR: também é investigado para diagnóstico de apendicite e consiste na elevação da perna direita, flexionando-a até 90°. O sinal é positivo quando o indivíduo sente dor ao realizar esse movimento, visto que o músculo obturador fica próximo ao apêndice cecal. • SINAL DE GIORDANO: É positivo quando se tem dor à punho percussão das lojas renais, o que sugere pielonefrite. • USG DE ABDOME TOTAL: Permite examinar fígado, vesícula biliar, baço, pâncreas, rins, bexiga, aorta, veia cava inferior, adrenais e intestino. Não utiliza radiação ionizante, o que é uma vantagem, pode ser realizado em gestantes. Esse exame sofre interferência de gases na formação da imagem, sendo difícil o estudo do pâncreas e estruturas retroperitoneais na presença de hipermeteorismo intestinal (acúmulo excessivo de gases), mas apresenta ótima resolução para órgão maciços e estruturas contendo líquido. Além disso, a USG permite avaliação em tempo real, analisando a peristalse e fluxo vascular fetal, sendo indicada para exames de estruturas tubulares. Assim, as principais indicações para USG de abdome total é a identificação de tumores, cistos, nódulos ou massas abdominais, litíase (vesicular e renal), lesões das camadas e músculos abdominais, auxiliando na pesquisa de abscessos e hérnias, por exemplo. • TC de abdômen: TC de abdome se refere à tomografia computadorizada dessa cavidade, a qual permite analisar diretamente os órgãos abdominais maciços, diferenciar a composição das lesões e ainda identificar as lesões expansivas provenientes de estruturas ósseas. A TC pode se apresentar em planos sagital, coronal e axial (mais usado) e ser realizada utilizando ou não o contraste. O contraste pode ser administrado por via oral, venosa ou retal, sendo a venosa a mais utilizada. O contraste oral não é mais utilizado porque apenas a ingestão de água já produz o efeito desejado para o exame, que é dilatação das alças intestinais, à medida que a água vai descendo pelo tubo digestório. A desvantagem da TC é que utiliza radiação ionizante em doses mais elevadas, sendo contraindicada para gestantes e tem restrições para os exames de estruturas tubulares, pois os planos de corte são axiais, não acompanhando o maior eixo dessas estruturas. Apendicite é uma complicação na qual o apêndice cecal (intestino grosso) se torna inflamado, devido ao acúmulo de resíduos nessa região, quando ocorre uma obstrução. É uma emergência cirúrgica, que deve ser rapidamente identificada para ser tratada, evitando que o apêndice rompa e extravase seu conteúdo para o peritônio, o que pode levar à sepse. A apendicite pode ser identificada por uma das quatro manobras mencionadas acima (rouvsing, psoas, obturador e blumberg). 8 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL A TC de abdome pode auxiliar o diagnóstico de diversas patologias, tais como apendicite, pielonefrite, colite ulcerosa, doença de Crohn, pancreatite, cirrose, liítise vesicular ou renal, entre outras. Além disso, é o exame mais frequentemente solicitado em casos de trauma abdominal, a fim de avaliar o estado do paciente. • RM de abdome: Possibilita identificar a composição tecidual da lesão sem utilizar contraste, nem radiação ionizante, permitindo avaliar a presença de fluxo e a dissecção de aorta sem contraste. A desvantagem da RM é que sofre muitas interferências pela peristalse e movimentos respiratórios, bem como pela presença de materiais metálicos. Assim, é contraindicada para pacientes com claustrofobia e em uso de marca-passo cardíaco. A RM de abdome pode ser prescrita para estadiamento de tumores abdominais, como carcinoma de cólon ou do colo do útero, e na avaliação de aneurismas da aorta abdominal.• RAIO-X DE ABDOME: A radiografia abdominal permite: - visualizar aumento do fígado, baço rins e órgãos pélvicos (bexiga). - permite identificar pneumoperitônio e retropneumoperitônio, calcificações e corpos estranhos metálicos - evidencia a distensão das alças intestinais A desvantagem desse exame é que não pode ser realizado em gestantes, por conta dos riscos do uso de radiação, além de que as patologias dos órgãos maciços só são identificadas com o uso de contraste. O raio-X abdominal é indicado quando o paciente refere náuseas, vômitos, obstipação, flatulência, diarreia, massas abdominais, hematúria, possibilidade de ingestão de corpos estranhos. Além disso, é o exame utilizado para checar a posição de drenos. O RX de abdome também pode ser método diagnóstico de algumas patologias, como litíase renal ou vesicular, oclusão intestinal, pneumoperitônio, fecalomas, entre outros. 9 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL alterações metabólicas ao trauma É uma resposta inflamatória à uma lesão, tentando combater essa lesão e tentar combater os danos para proteger o que é mais nobre no organismo: SNC e coração. Portanto, todo o resto é secundária, inclusive os rins. A ultima parte a ser lesada será o SNC e o coração. A resposta de fase aguda é uma coisa boa, mas se passa a ser excessiva, é prejudicial. • ESTÍMULOS AFERENTES: DOR → causa liberação de vários hormônios como a adrenalina e outros hormônios de ação mais prolongada, como o cortisol, agindo também nos centros cognitivos, sendo assim, a pessoa sente os reflexos dessa dor HIPOVOLEMIA (hemorragia, sequestro, vômitos) → na cirurgia, a principal causa de hipovolemia é a hemorragia. Sequestro é líquido acumulado no terceiro espaço (interstício), causando o edema (que retira o líquido de dentro das células e do meio intravascular). ACIDOSE/HIPERPOTASSEMIA → são basicamente consequências do mesmo problema (o metabolismo anaeróbico) Esse metabolismo libera hidrogênio, tendo uma queda do pH. Durante a acidose, as enzimas não funcionam corretamente. Além disso, a célula entra em sofrimento, pois não está recebendo oxigênio corretamente, assim, a bomba sódio potássio da célula não funciona corretamente. Vai começar a ter escape do potássio. Se não reverter esse sofrimento celular, a célula entra em apoptose. JEJUM PROLONGADO → causa catabolismo Atualmente, se o indivíduo estiver bem no pós operatório, já se entra com dieta, para evitar o jejum prolongado. HIPOTERMIA/HIPERTEMIA → a variação de temperatura é prejudicial. ANSIEDADE/DEPRESSÃO A e B: entubar o paciente → como o paciente sofreu um trauma, precisa ser intubado com o colar cervical. Sinal do guaxinim → fratura de base de crânio (a intubação tem que ser nasotraqueal). Quando tem suspeita de fratura de base de crânio não se pode também utilizar sonda nasogástrica, porque a sonda pode passar pela área de fratura e ir até o crânio. C: colher amostra de sangue e Hb de entrada (o que é o controle dos próximos Hb). Antes de fazer a transfusão do sangue, realizar reposição volêmica com soro fisiológico. Em um primeiro momento, vai ter diluição do sangue com o soro fisiológico, portanto, o número de Hb vai cair um pouco em relação ao Hb de entrada. Se voltar a subir após um tempo não vai precisar repor hemácias. Se continuar caindo, deve-se fazer reposição com sangue. OBS: cada papa de hemácia tende a aumentar o hb do paciente em 1 ponto. D: observar os sinais neurológicos. Midríase → indica lesão medular. Se a medula estiver integra, deve-se preocupar outra causa para a hipovolemia. E: procurar outras lesões • CHOQUE HIPOVOLÊMICO: Hipovolemia → ↓ na pressão arterial → a hipotensão vai ser detectada pelos barorreceptores → informam o bulbo sobre essa situação → os centros cardiovasculares do bulbo vão determinar uma secreção de noradrenalina (sistema nervoso simpático) e adrenalina (medula da adrenal) → vasoconstrição do sistema arterial e venoso → pressão recupera ALÉM DA VASOCONSTRIÇÃO → aumento da FC e FR. Professor João Paulo Esposito 10 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Porém, se o sangramento continuar, esse mecanismo não vai ser eficiente. Assim, a pressão vai começar a cair. Após isso, vai começar a pinçar, até chegar em 0 x 0. 12x8; 11x7; 10x5; 8x5; 6x5; 4x3; 0x0. Durante um sangramento intenso, as metarteriolas vão contrair, como forma de redirecionar o sangue, para não deixar o SNC sem sangue, dessa forma a pressão não vai conseguir ser aferida na periferia, pois essa estará sem fluxo durante essa situação. Isso porque o fluxo estará concentrado no SNC e no coração. Dessa forma, a coronária é a única que terá pulso. • CHOQUE SÉPTICO: Vai ocorrer uma vasodilatação porque as toxinas bacterianas e as células inflamatórias promovem uma vasodilatação disseminada. O coração, como consequência, vai aumentar a pressão, para tentar mandar sangue para todo esse território dilatado. O pulso do indivíduo com choque séptico vai estar alto. • O QUE OS DOIS TEM EM COMUM: A periferia não vai receber sangue e nutrientes adequadamente. No hipovolêmico porque não estará passando e no séptico porque o fluxo estará muito forte, portanto, muito rápido, não vai dar tempo de a troca ocorrer adequadamente. • CATECOLAMINAS (SNS/MEDULA ADRENAL): Noradrenalina secretado pelo Sistema Nervoso Simpático. Vão determinar vasoconstrição periférica. • VASOPRESSINA (HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO): É secretada pela neurohipófise. Determina uma vasoconstrição ainda mais intensa que as catecolaminas. Antidiurético porque aumenta a retenção de água nos túbulos coletores. • SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA ALDOSTERONA: Diferentemente das catecolaminas que tem efeito imediato, esse sistema é mais demorado. Quando tem uma queda do fluxo renal, aquelas células justaglomerulares secretam renina, que ativa angiotensina I, que vai para o pulmão, ativando a angiotensina II, vai para o córtex e determina a secreção da aldosterona. Determinam uma vasoconstrição e retenção de sódio e água nos túbulos contorcidos distais e ductos coletores. O objetivo disso é não permitir que o indivíduo perca mais volume. Esses três sistemas anteriores vão tentar controlar o sistema volêmico do indivíduo. Faz com que o organismo mobilize o volume ainda presente nos vasos para o SNC e as coronárias. • ACTH/CORTISOL: Quando o indivíduo sofre trauma, além da parte de volume sanguíneo, tem-se também que lembrar da parte metabólica. Após um trauma, o organismo libera hormônio ACTH (secretado na adenohipófise), que é um hormônio de ação mais demorada/prolongada. Determina que o córtex da supraadrenal secrete cortisol. O principal objetivo do cortisol é aumentar a glicemia, pois não pode faltar glicemia para o SNC. Assim, o cortisol estimula a neoglicogênese, faz catabolismo das proteínas musculares e manda os aminoácidos para o fígado, para produzir mais glicose (neoglicogênese) e proteínas de fase aguda (albumina e glicoproteína). O cortisol também determina uma maior resistência periférica aos receptores insulínicos. • GLUCAGON/INSULINA: Em uma situação de estresse, também aumenta a síntese de glucagon, pois o glucagon impede que o açúcar entre na célula, diminuindo a glicose da periferia, concentrando-a no SNC. No estresse, a insulina tende a ser baixa. 11 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL ✓ Complemento ✓ Tromboxane ✓ Prostaciclinas ✓ Leucotrienos ✓ Interleucinas 1, 2, 6 ✓ Caquexinas ✓ Ifn-gama ✓ Tnf Esses mediadores vão potencializar a ação do cortisol + glucagon ao realizarem umcatabolismo intenso. Assim, o indivíduo vai sofrer uma caquexia, contudo, associada a uma situação de hiperglicemia. Para evitar que o paciente morra, é preciso corrigir as respostas aferentes citadas no começo da aula. Para isso, deve-se cortar a ação desses mediadores inflamatórios e do cortisol, o que é feito pelo soro fisiológico (aumentando o volume – na forma de cristaloides, coloides ou sangue para corrigir a parte hemodinâmica). Além disso, é preciso dar corticoides anti- inflamatórios, como cortisona, que vão agir no processo de combate à inflamação intensa, diminuindo a ação dos mediadores inflamatórios. Para diminuir a ação das toxinas bacterianas em uma infecção deve-se dar antibiótico. CHOQUE ANAFILÁTICO: Dar volume e corticoide em altíssimas doses para diminuir a inflamação. HIPOVOLEMIA: Trata dando volume. HIPONATREMIA: Ocorre uma hiponatremia dilucional. É uma condição que não ocorre em todos os pacientes, apenas em pacientes com idade ou em pacientes muito acamados. Quando dá muito líquido na forma de soro glicosado, além de muitos medicamentos, associado a uma função renal não adequada. Assim, o sódio é diluído, o paciente não consegue eliminar adequadamente. Nesse caso é necessário entrar com diurético. HIPERPOTASSEMIA: bomba de sódio potássio é interrompida. O perigo dessa situação é parada cardíaca. HIPERGLICEMIA: neoglicogênese associada a função de vários hormônios causando uma resistência periférica à insulina7 HIPERLIPIDEMIA: após um tempo, o tecido adiposo também é utilizado fornecendo energia (ácido graxo garante muita energia). CATABOLISMO INTENSO: principalmente pela ação do cortisol, mas também por causa dos outros hormônios. HIPERCOAGULABILIDADE: as substancias inflamatórias além de ativar a cascata do complemento, também ativam a cascata de coagulação. Extremo máximo da hipercoagulabilidade: CIVD (Coagulação intravascular disseminada). ACIDOSE METABÓLICA: porque o indivíduo está em metabolismo anaeróbico (por causa da vasoconstrição e IMO: insuficiência de múltiplos órgãos, devido à essa vasoconstrição. Para de circular sangue. INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA: substâncias inflamatórias no capilar pulmonar resultam em extravasamento de líquido para os alvéolos, pelo aumento da permeabilidade vascular, os alvéolos ficam encharcados. EDEMA: retenção de líquido porque o rim não está funcionando bem. Além disso, o paciente está recebendo muito volume e não consegue urinar todo esse volume. LIBERAÇÃO DE ENZIMAS LISOSSOMAIS: No processo de morte celular (apoptose), a primeira coisa que sofre é a membrana celular, sendo a bomba de sódio e potássio a primeira coisa que para de funcionar. Assim, tem escape de potássio e hidrogênio, a corrente sanguínea vai apresentar hiperpotassemia e queda do pH. Com o passar do tempo, começa a ter fraturas das membranas, começam a escapar substancias de dentro do citoplasma. A última coisa a sofrer ruptura é a membrana dos lisossomas, as enzimas lisossomais vão para a corrente sanguínea e 12 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL começam a digerir células de forma disseminada. Tem-se a proteólise muscular, em que os aminoácidos são utilizados pelo fígado para a neoglicogênese e proteínas de fase aguda. Portanto, vai ter um intenso metabolismo (as proteínas musculares são utilizadas para liberar glicose intensamente). Essa glicose vai para o SNC e junto com as proteínas de fase aguda vai ser usada também para tentar reparar a lesão. O catabolismo das proteínas vai produzir amônia, que vai ser convertida em ureia, que vai ser eliminada pelos rins. Portanto, esse metabolismo é controlado principalmente pela excreção de ureia na urina pelo rim (BALANÇO NITROGENADO). ALBUMINA: retém liquido do intravascular Intestino que sofre um processo agressivo, como a cirurgia, entra em íleo paralitico. Portanto, não pode dar dieta para esse indivíduo, pois ele iria vomitar. O QUE SE DEVE FAZER: - sonda nasogástrica aberta – aberta porque reflui, porque impede que as coisas se acumulem no estomago, impedindo que o paciente vomite. - soro de manutenção (EV 3x ao dia) • SORO DE MANUTENÇÃO: soro glicosado 5% ------------ 1000 ml NaCl 30% ------------------------- 20 ml (volume de líquido menor do que a osmolaridade do corpo) KCl 19,1% ----------------------- 10 ml De 8 em 8 horas. Para não deixar o paciente em jejum, diminuindo o catabolismo proteico. Se essa situação perdurar por mais de 3 dias, entrar com alimentação parenteral prolongada. NO PRIMEIRO DIA PÓS OPERATÓRIO → auscultar o abdome Se tiver ruídos hidroaéreos pode-se entrar com dieta leve/líquida. Na UTI é feito o cálculo do BN: Em que se calcula a quantidade de ureia que tem no volume de urina em 24h. Comparando a quantidade de nitrogênio que o paciente ingere por meio da sonda nasogástrica ou soro de manutenção com o quanto de nitrogênio que está eliminando. Se tiver perdendo mais nitrogênio na urina do que está sendo dado por meio da dieta, indica que o paciente está em catabolismo, o que indica balanço nitrogenado negativo (quando perde mais proteínas do que ingere). Um BN positivo significa anabolismo, ou seja, incorporando nitrogênio e ganhando massa. 13 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL nutrição em cirurgia ✓ aceitação via oral < 50% das calorias diárias (adulto tem como necessidade básica diária 2.000 kcal/dia) ✓ perda de peso > 10% (pode ser feita a nutrição antes ou após a cirurgia) ✓ inanição por mais de 7 dias (não pode ficar 7 dias recebendo apenas soro de manutenção, porque o catabolismo seria muito intenso, levando à caquexia). preparo pré-operatório para cirurgia de grande porte – esofagectomia (paciente não pode estar desnutrido). Íleo prolongado → quando o indivíduo faz anastomose e é operado, o intestino fica parado e, por esse motivo, não pode ser alimentado de imitido, caso contrário, iria vomitar a comida. Dessa forma, indivíduos com íleo prolongado devem receber suplementação através do soro de manutenção. ✓ preparo pré-operatório (antes de grandes cirurgias) → precisa nutrir o indivíduo antes da cirurgia ✓ albumina sérica < 3 g/100 mL → quando a albumina serica está muito baixa, o paciente precisa ser nutrido (não pode ser operado com a albumina tão baixa). ✓ patologias específicas → doença de Crohn, retocolites ulcerativas. No caso dessas patologias não adianta fornecer via nasoenteral ou oral, porque não será absorvido, causaria apenas diarreia, o que deixaria o indivíduo ainda mais desnutrido. Portanto, a nutrição deve ser feita parenteral. Soro glicosado x soro fisiológico (de manutenção) Indivíduo chocado recebe soro fisiológico aberto, isto é, deixar o soro correndo pingando direto. Quando o indivíduo vai ficar mais de 7 dias sem ingerir nada, o soro de manutenção faria o paciente entrar em catabolismo intenso, por isso se utiliza NPP nesse caso. EMPILHAMENTO DE MOEDA: Primeiro raio-x: paciente em decúbito dorsal horizontal. Segundo raio-x: paciente em posição ortostática. São as válvulas coniventes do intestino delgado. Portanto, esse é um raio-X de um paciente com íleo paralítico/adinâmico. Portanto, o intestino para de funcionar, tem- se proliferação bacteriana, o que faz com que acumule gás. Com esse acumulo de gás, as válvulas coniventes ficam visíveis no raio-X. É o típico intestino que não está funcionando, portanto, não pode receber alimentação via oral porque ele vomitaria, nem por sonda nasogástrica ou por via enteral (porque o intestino está paralítico). Dessa forma, o paciente só pode sernutrido por via parenteral. No segundo raio-x é possível observar a formação de níveis hidroaéreos: o gás vai para cima e o líquido para baixo. Assim, as válvulas coniventes não podem mais serem vistas. Professor João Paulo Espósito Quando quer tirar o indivíduo do jejum (para inibir a neoglicogênese) Para hidratar o paciente 14 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Na tomografia é possível visualizar o instestino e suas alças. Partes em cinza e partes em preto. Cinza: o corte pegou liquido dentro do intestino Preto: o corte pegou gás dentro do intestino Nesse primeiro paciente ficou visível que não será possível fornecer alimentação via oral ou parenteral. Nessa imagem é possível ver as austrações do intestino grosso (transverso). O intestino está muito mais distendido na primeira porção do intestino grosso do que na parte mais próxima do reto. Nesse caso o paciente está com intestino obstruído. Caso dê dieta para esse indivíduo, como ele tem obstrução baixa, não vai vomitar como no primeiro caso, vai começar a distender o abdome desse paciente. A diferença desse caso para o primeiro é que no anterior não foi observado pontos de obstrução. Já nesse caso, há uma grande obstrução com distensão no colo transverso e descendente, e quando chega no sigmoide o diâmetro está normal. Nesse caso, entrar com soro de manutenção desse paciente, sonda nasogástrica para drenar o conteúdo gástrico. Colón distendido com presença de gás e líquido. No canto esquerdo tem-se o sigmoide obstruído. Tudo que está a montante desse sigmoide obstruído está dilatado, com acúmulo de gases e fezes. E tudo que está a jusante dessa obstrução está normal, porque não tem nada passando. Na segunda TC pode ser visto uma grande quantidade de fezes acumulada no colón transverso. Para esse paciente também não pode ser dada dieta oral, nem enteral, pois iria distender ainda mais o intestino. Nesse caso, a via parenteral é a recomendada. • ENTERAL: Sonda de Levine em posição gástrica ou enteral → serve para drenar, não para alimentar. Sonda de Dobhoff → sonda para alimentar Gástrica → consegue controlar a osmolaridade antes de enviar para o intestino, portanto, pode ser dado alimentado batido no liquidificador. Enteral → não pode ser comida batida como quando na posição gástrica, por causa da osmolaridade, se não for igual à do plasma causa diarreia. Osmolaridade do plasma = 280 mOsm/L. • PARENTERAL: NPP (nutrição parenteral prolongada). CENTRAL → jugular ou subclávia (pode ficar longos períodos) 15 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL PERIFÉRICA → veia basílica (no máximo 10 dias) Na NPP não se utiliza soro 5% porque é prolongado e seria muito concentrado, portanto, é utilizado soro 10%, para diluir mais. ✓ Medidas antropométricas ✓ Tabelas de peso ideal ✓ Albumina/transferrina (albumina baixa indica hipoproteinemia) ✓ Balanço nitrogenado ✓ 3-metil-histidina ✓ Imunidade celular BN = nitrogênio de ingesta – perdas em 24h BN + → perde menos que ingere (anabolismo) BN - → perde mais que ingere (catabolismo) BN = INGESTA PROTEICA(g)/6.5 – URÉIA URINÁRIA(g) – 2 x (TGI+PELE) – 2 x (NITROGÊNIO não Uréia) GLICEMIA DE JEJUM: 70 a 110 mg/dl A oferta de glicose inibe a neoglicogênese (400mg/dia) → dar glicose na forma de soro glicosado para não deixar entrar em catabolismo. A glicemia não pode ficar baixa por muito tempo para que não queime os neurônios, por isso que se deve dar glicose na forma de soro glicosado para não deixar entrar em catabolismo. Hiperglicemia prolongada: - disfunção metabólica hepática - imunodepressão - cicatrização deficiente Por esse motivo que é feito controle de glicemia uma vez por dia no indivíduo que está em NPP. Catabolismo: 1ª fonte → glicogênio hepático 2ª fonte → músculos 3ª fonte → lipólise Indivíduo que está em resposta de fase aguda tem sua glicemia aumentada porque tem-se um monte de interleucinas agindo e inibindo os receptores de insulina, assim, a glicose não consegue entrar na célula, causando uma hiperglicemia intensa. Portanto, não é porque o indivíduo está em hiperglicemia que ele está bem nutrido. O indivíduo que está em inanição passa a fazer lipólise com produção de ácidos graxos, que são encaminhados ao fígado para conversão em corpos cetônicos. Estes são usados pelos neurônios como substituto da glicose. As gorduras fornecem cerca de 25% das calorias necessárias (ATP). Portanto, na nutrição parenteral também precisa ter ácido graxo, por ser uma excelente fonte de caloria, além disso, inibe a neoglicogênese. Fonte de ácidos graxos essenciais: presente no óleo de soja e clara de ovo. TG de cadeia media não pode ser utilizado em cirróticos, porque o metabolismo se dá no fígado. Oferta: 2g/kg/dia Concentração sérica máxima = 400 mg/dl Excesso pode causar disfunção do sistema reticuloendotelial hepático (macrófagos com acúmulo de gorduras) e pancreatite. Enterectomia: remoção de parte do intestino Enterotomia: corta o intestino e depois costura Enterostomia: comunica a luz intestinal com o meio externo (ex: colostomia, ileostomia, jejunostomia). Jejunostomia é para alimentar, ou seja, joga o alimento do meio externo para o intestino, porque a absorção é melhor do que no íleo. Portanto, ileostomia e colostomia é apenas para drenar, enquanto jejunostomia é para alimentar. 16 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL OBS: portanto, quando o paciente está em NPP deve-se fazer o controle diário de: glicemia, albumina, triglicérides e colesterol. Turn-over diário (perdas): 250 - 300 mg/dia Necessidades diárias: 0,8 g/kg por dia Estados catabólicos: 2 g/kg/dia ou mais Em indivíduos normais seria de 1g/kg/dia • AMINOÁCIDOS: Cadeia ramificada: metabolizados no músculo esquelético. Aromáticos: metabolizados no fígado (não pode ser dado a pacientes cirróticos – encefalopatia hepática). Os aminoácidos semiessenciais, em indivíduos com catabolismo intenso, passam a ser essenciais. • PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL: Urina muito pouco ou nada, portanto, retem ureia e sódio. Portanto, esse paciente não pode receber qualquer tipo de proteína para não entrar em uremia. Existem NPPs especiais que não produzem muita ureia. Reposição com AA essenciais (menor síntese de ureia) + associação com dextrose hipertônica (glicose 10%) + restrição de volume (restrição hídrica para não reter sódio e água). • PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA: Não pode ser dado aminoácidos aromáticos, apenas de cadeia ramificada, que são metabolizados no músculo esquelético. Se der aminoácidos aromáticos para paciente com insuficiência hepática eles não vão ser metabolizados corretamente, tendo acúmulo desses aminoácidos e formação de “falsos neurotransmissores” que vão provocar uma encefalopatia hepática. Evitar o excesso de glutamina, porque leva a um acúmulo de amônia, o que também leva a formação de “falsos neurotransmissores”. Eletrólitos: reposição de sódio e potássio, cálcio, magnésio, fósforo. Portanto, na NPP não é feito apenas reposição de sódio e potássio como no soro de manutenção. • HIDROSSOLÚVEIS: E, C, H • LIPOSSOLÚVEIS: A, D, E, K (se em excesso ficam retidas no tecido adiposo e fígado causando intoxicação. A vitamina K é importante para a coagulação. ✓ Zinco ✓ Cobre ✓ Cromo ✓ Selênio ✓ Manganês ✓ Ferro Nutrição artificial é toda nutrição que não é por boca/natural. Quando utiliza nutrição artificial é porque está pulando alguma parte da digestão. • PREFERIR NUTRIÇÃO ENTERAL: Sempre que puder, preferir a nutriçãoenteral, por ser mais fisiológica do que a NPP, isto porque passa pela circulação porta. Mas só é possível caso o intestino esteja funcionante. Diferentemente da NPP que não passa pela circulação portal, dessa forma, pode causar uma atrofia do fígado e do intestino. Exemplos de pacientes que não podem receber nutrição enteral: paciente com íleo paralítico e obstrução de colón. • VANTAGENS DA NUTRIÇÃO ENTERAL: Mantém no mínimo 20% das necessidades proteico-calóricas Preserva funções hepáticas Mantém trofismo do TGI Melhora a imunidade 17 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL • SÍNDROME DO INTESTINO CURTO: Se o indivíduo for funcionante, mas possuir a síndrome do intestino curto. Síndrome do intestino curto é analisado pela clínica: muita diarreia, mas não necessariamente vai apresentar desnutrição. O íleo é mais distal (mais a jusante), o íleo é responsável por absorver água e sais mineiras. Enquanto o jejuno é o maior responsável pela absorção de nutrientes. Portanto, é pior perder o jejuno do que o íleo. Nesse sentido, não necessariamente o indivíduo está desnutrido por ter síndrome do intestino curto. Sem o íleo, não tem absorção dos sais biliares, assim, pode causar diarreia osmótica, porque o líquido que era para ser absorvido pelo íleo chega até o colón. Com o passar do tempo, os enterócitos vão se adaptando. Conduta com esse paciente: colocar nutrição enteral e gotejamento (para estimular os enterócitos) + parenteral (para conseguir nutrir o paciente ao mesmo tempo em que estimula o intestino que precisa se adaptar). Posteriormente vai diminuindo a parenteral e aumentando a enteral. Por fim, vai diminuindo a enteral e iniciando a via oral. • INDICAÇÕES: ✓ paciente com TGI funcionante, mas com baixa aceitação via oral (anorexia) ✓ necessidade de suplementação proteico-calórica (tumor de esôfago – não consegue se alimentar direito). • COMPLICAÇÕES: ✓ Úlceras gástricas e esofágicas (refluxo) ✓ Estenose esofágica (refluxo → processo inflamatório que pode estenosar) ✓ Aspiração ✓ Sinusite • SONDA: Dobhoff (8-10F) Sonda nasogástrica: limitante é a velocidade de esvaziamento (não adianta encher o estômago porque o paciente vai vomitar). É dado de acordo com a dilatação gástrica, se o estômago for pequeno não pode dar muito. Aumentar aos poucos e ver aceitação do paciente (10 – 20 ml/hora) Sonda enteral: limitante é a osmolaridade. Hipermoslaridade no jejuno → a hipermoslaridade do líquido que está dentro do jejuno começa a puxar o líquido que está dentro dos enterócitos, do interstício e do vascular → diarreia osmótica → desidratação. A posição enteral tem que ser gotejada, infusão contínua. Observar cólicas, diarreias e distensão. Gastrostomia: sonda direto no estômago, sem passar sonda. Jejunostomia: sonda direto no jejuno • CENTRAL: Soluções hipertônicas (>900mOsm/L) Veia jugular interna ou veia subclávia • PERIFÉRICA: Dextrose 5% + lipídios 20% No máximo 10 dias. • TERAPIA PRIMÁRIA: ✓ Fechamento de fístulas de TGI ✓ Insuficiência renal ✓ Síndrome do intestino curto (<45cm) ✓ Queimaduras ✓ Insuficiência hepática • NPP de suporte: ✓ Quimioterapia ✓ Enterite actínica: indivíduo que faz radioterapia na cavidade intestinal, há proliferação celular intensa, fica sensível e desenvolve processo inflamatório que pode levar a estenose, ou edema agudo. ✓ Íleo prolongado ✓ Desnutridos candidatos a grandes cirurgias • NECESSIDADES CALÓRICAS: 25 – 35 kg/kg/dia Glicose = 3,4 kcal/g Proteína = 4 kcal/g Lipídios = 9 kcal/g Acréscimos: 10% nas grandes cirurgias; 10- 30% nas peritonites; 30-50% na sepse e politrauma; 50-100% nas queimaduras. • CONTROLE DIÁRIO: ✓ Glicemia ✓ BHE, BTF, PTF ✓ U/C ✓ Ca/P ✓ Mg ✓ Albumina, TP, TGO, TGP 18 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL obstrução intestinal Ausência de trânsito gastrointestinal. • POSSIBILIDADES DE CAUSA: - mecânicas (maioria) → algo fecha o lúmen do intestino delgado ou grosso - funcional → por falta de peristalse • SUBOCLUSÃO: obstrução parcial (estreitamento parcial), leva a um prejuízo do trânsito gastrointestinal. É uma doença mais comum em adultos ou idosos porque esses pacientes tiveram tempo de vida para levar ao desenvolvimento das doenças que levam a essa oclusão. É dito abdome agudo obstrutivo, sendo o segundo abdome agudo mais frequente (perde apenas para o inflamatório). Pode ser intrínseca (algo do próprio intestino está obstruindo) ou extrínseca (algo externo). Fecha o lúmen intestinal → estagnação do bolo fecal → acúmulo de bolo fecal → dilatação de alças a montante → processo inflamatório → edema → perda da barreira mucosa → isquemia intestinal → perfuração. Está distendido a ponto de fechar algumas veias, embora as artérias continuam perfundindo o intestino, assim, vai apresentar edema da parede intestinal. Quando chega a um ponto crítico, em que as alças estão extremamente distendidas e edemaciadas, as artérias não conseguem mais perfundir, podendo causar uma perfuração intestinal. º RHA aumentados porque a resposta do corpo vai ser intensificar e aumentar a frequência da peristalse para tentar aliviar, o que vai causar a dor em cólica. O ruído é chamado de metálico. O avançar da doença, o paciente vai apresentar translocação bacteriana, porque a mucosa não está fazendo a barreira adequada. Vai apresentar translocação e sepse. Ao ter uma isquemia grave da alça intestinal e perfurar, pode desenvolver uma peritonite difusa. Nesse caso, deixa de ser um abdome agudo obstrutivo para se tornar um abdome agudo perfurativo. Associar o quadro clínico típico com exames radiográficos. OBSTRUÇÃO COMPLETA: para de eliminar gases e fezes. OBSTRUÇÃO INCOMPLETA: elimina gases, mas não elimina fezes ou o inverso. 19 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL TRANSIÇÃO → transição jejuno-ileal • ALTA: Obstrução do intestino delgado. Manifesta menos distensão abdominal e mais vômitos, vômitos mais precoces. Os vômitos são biliosos. • BAIXA: Causa mais distensão abdominal, mas os vômitos são menos frequentes e mais tardios. O paciente apresenta mais dor. • OBSTRUÇÃO ALTA: ✓ Hérnias ✓ Aderências pós-operatórias ✓ Bridas ✓ Tumores vizinhos ✓ Tumores primários ✓ Intuscepção ✓ Corpo estranho/bezoar ✓ Íleo biliar (cálculo que veio da vesícula biliar e obstruiu o intestinal) ✓ Parasitas ✓ Chron estenosante ✓ Volvo de intestino médio • OBSTRUÇÃO BAIXA: ✓ Tumores colorretais ✓ Volvo de sigmoide ✓ Diverticulite previa (estenose inflamatória cicatricial) ✓ Volvo de ceco (mais raro) ✓ Chron estenosante ✓ Fecaloma (bolo fecal endurecido) ✓ Aderências (mais comum no colón transverso) • PRESCRIÇÃO: A sonda nasogástrica aberta terá efeito descompressivo e vai esvaziar o estômago do paciente antes que ele vomite (não é obrigatório nas obstruções baixas). Ringer lactato (soro fisiológico) → para hidratar (porque o paciente estará desidratado. Soro de manutenção para nutrir. Analgésico venoso para controlar a dor e antieméticos. Dependendo do grau do paciente, pode precisar de sondagem vesical de demora, acesso central para iniciar uma droga vasoativa em casos de hipotensão ou intubação orotraqueal caso apresente rebaixamento. • INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL: ✓ Hemograma completo ✓ Ureia e creatinina (para ver função renal) ✓ Na, K, Mg e Ca (principais eletrólitos) ✓ Coagulograma (porque é um paciente com chances cirúrgicas) ✓ PCR (para fazer rastreamento da doença) • INVESTIGAÇÃO RADIOLÓGICA: ✓ Radiografia de tórax PA ✓ Radiografia de abdome AP, ortostático ✓ Radiografia de abdome AP, decúbitodorsal 20 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL • DILATAÇÃO DE ALÇAS DE DELGADO: É central e tem um sinal de empilhamento de moeda, por causa das válvulas coniventes do intestino delgado. • DILATAÇÃO DE ALÇAS DO CÓLON: Dilatação da periferia. • NÍVEIS HIDROAÉREOS: Pode ser visto tanto na obstrução alta como na baixa. Forma uma linha em que acima está preto (gás) e abaixo branco (líquido). Nesse caso o paciente estará em posição ortostática, em que a água desce e o ar sobe. A clinica é semelhante, mas é mais branda. Mais comum no delgado. Pode ou não eliminar flatos e fezes. São transtornos funcionais que levam a um quadro obstrutivo, são causados por uma aperistalse secundária. • CAUSAS: ✓ Sepse ✓ Pós-operatório ✓ IRA ✓ Transtorno eletrolítico Quando essa pseudo-obstrução ocorre no cólon é chamado de síndrome de Ogilvie, já no delgado é chamado de íleo adinâmico/metabólico/paralítico. 21 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL caso clínico • Mulher, 42 anos, do lar, natural e procedente de Santos. • QD: dor abdominal no mesogástrio há 24hs. • HPMA: dor em cólica, localizada no mesogástrio, com início insidioso, de fraca intensidade, com períodos de acalmia de 15’, com náuseas e eructações. Há 18 horas, 3 episódios de vômitos biliosos, com piora da dor e eliminação de poucos flatos, apesar do uso de analgésicos e antieméticos. Há 10 horas, sem eliminar flatos, com cólicas mais frequentes. • ISDA: obstipação intestinal de até 5 dias, há anos, com uso de laxativos esporadicamente. • AP: IIG, IIPN, apendicectomizada há 3 anos • AF: mãe falecida de câncer metastático de cólon. EXAME FÍSICO • REG, corada, pálida, desidratada 3+/4+, eupneica, acianótica, anictérica, afebril, consciente. • P:100, rit./ PA:100x70mmHg / FR:20rpm / T:37,1C / Sat O2=95% / Dor = 6/10. • CP, Tórax e Cor: ndn. • Abdome: distendido 2+/4+, cicatriz McBurney sem hérnias, peristalse visível, RHA>s com timbre metálico, hipertimpanismo central à percussão, discretamente tenso, doloroso no mesogástrio, sem tumores palpáveis, DB negativo. • Exame Ginecológico: normal. • Toque retal: ampola vazia, sem tumorações ou dor. • MM=boa perfusão periférica, sem edemas. Peristalse visível: ondas de Kussmaul (sinal de que o intestino apresenta uma obstrução) Cicatriz McBurney: da apendicectomia. Timbre metálico (ausculta): quando o intestino contrai pela peristalse o ar é jogado, e esse ar bate no líquido que está dentro das alças intestinais, causando o timbre metálico. Toque renal: para verificar tumores ou fecalomas. Ponto de McBurney: Traça uma linha entre a crista ilíaca antero- superior e a cicatriz umbilical, divide essa linha em 3, no terço lateral (em direção à crista ilíaca) Palidez: alterada da pele (essa paciente está pálida pela dor e pela desidratação). Corada: alteração da mucosa ✓ Abdome agudo inflamatório ✓ Abdome agudo isquêmico ✓ Abdome agudo obstrutivo ✓ Neoplasias ✓ Síndrome infecciosa → cursa com diarreia SECUNDÁRIA: ✓ Desidratação aguda ✓ Síndrome dispéptica ✓ Insuficiência renal aguda secundária ao vômito ✓ Acidose metabólica (distúrbios hidroeletrolíticos) pelos vômitos ✓ Alcalose metabólica ✓ Jejuno ✓ Íleo ✓ Mesentério da alça ✓ Colon transverso ✓ Grande epiplon ✓ Peritônio ✓ Rins (secundário) ✓ Sistema cardiovascular (secundário) ✓ Ceco obstrução intestinal 22 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL ✓ Colon ascendente ✓ Ovário direito ✓ Tubas direita ✓ Ureter direito ✓ Íleo terminal (pensando em divertículo de Meckel) ✓ Adquirida ✓ Aguda ✓ Crônica agudizada ✓ Inflamatória ✓ Infecciosa ✓ Neoplásica ✓ Aderências ✓ Bridas ✓ Intussuscepção ✓ Volvo de colón transverso ✓ Volvo de ceco ✓ Diverticulite do ceco ✓ Neoplasia ✓ Corpo estranho ✓ Doença de Crohn ✓ Bolo de áscaris ✓ Divertículo de Meckel ✓ Fecaloma ✓ Hernia incisional encarcerada • ADERÊNCIAS: Adesão não fibrosa entre superfícies ou órgãos em localizações não anatômicas. • BRIDAS: Adesão fibrosa entre superfícies ou órgãos em localizações não anatômicas. FISIOPATOGENIA: Ocorre como resultado de uma lesão ou desvascularização do peritônio com subsequente resposta inflamatória e cicatrização fibrosa local ou difusa. Apresenta clínica em horas, meses ou até mesmo anos após o ato operatório. É resultado de uma cicatrização. • SOLICITAR: ✓ Hemograma completo ✓ Sódio e potássio ✓ PCR ✓ Creatinina (IRA) ✓ Amilase (pancreatite aguda) • RESULTADOS: Sódio e potássio estão baixos → hiponatremia e hipopotassemia. Creatinina → normal Leucocitose com desvio a esquerda. Amilase está normal, o que descarta a hipótese de pancreatite aguda. Quando tem abdome agudo distendido e ruido hidroaéreo metálico, a chance de ser uma obstrução intestinal é bem grande. • 3 incidências de raio-x: Raio-X ortostático Raio-X em decúbito horizontal Raio-X tóraco-abdominal • RAIO-X DEITADO: sinal de empilhamento da moeda • ORTOSTÁTICO: Nível hidroaéreo. 23 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL • TC DE ABDOME: É melhor, mostra tanto a dilatação das alças quanto a transição entre alças dilatadas e não dilatadas, o que é o local da obstrução. Primeiro é realizado o raio-x, posteriormente pode ser feita a TC de abdome se houver necessidade e disponibilidade. A apendicite aguda por si só pode causar a brida. Em mulheres que nunca realizaram cirurgia pode ocorrer a formação de brida por uma endometriose, ruptura de cisto de ovário e doença inflamatória pélvica. A mulher tem mais chance de doença inflamatória pélvica do que homens por conta da comunicação interna e externa da vagina com o peritônio. ✓ Tipo de operação (quanto maior a operação, maior o risco) ✓ Extensão do dano peritoneal ✓ Operações de urgência/emergência (trauma) ✓ Peritonites ✓ Trauma abdominal ✓ Operações em jovens (quanto mais jovem, maior a chance de desenvolver bridas) ✓ Operações prévias nos últimos 5 anos As cirurgias por vídeo apresentam menor risco por serem menos invasivo e mais delicadas. Na apendicectomia convencional e laparoscópica é igual porque o local de manipulação é menor (incisão pequena), manipula pouco a região. A brida é formada como uma resposta do corpo a um processo inflamatório → causa uma fibrose → intestino adere na parede e faz um ângulo (compressão extrínseca da alça) → a alça angula → obstrução → dilatação da alça (por gases e líquidos à montante da obstrução) → distensão da alça A distensão da alça começa a causar o quadro clínico: - cólica abdominal - náuseas - vômitos → perde água e eletrólitos - diminui a absorção de nutrientes - as reservas de carboidrato diminuem → metabolismo anaeróbio - aumenta a pressão no diafragma por causa da distensão que pode causar até mesmo uma atelectasia - alcalose pela perda de água e eletrólitos (diminui cloro e aumenta bicarbonato) → obstrução alta e precoce - acidose metabólica → aumenta H+ e diminui K- - desidratação SE DEMORAR MUITO: pode causar uma inflamação da parede da alça necrose da alça, perfuração. 24 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL A pressão na alça é muito grande e o retorno venoso não se faz corretamente, comprime as vênulas, podendo causar uma isquemia das alças. ✓ Internação ✓ Acesso venoso periférico ✓ Jejum ✓ Analgésico ✓ Sonda nasogástrica e vesical ✓ Soro fisiológico ✓ Monitorar os sinais vitais (choque, vômitos fecaloides, baixo débitourinário, hipotensão arterial → sinais de complicação) ✓ Repor sódio e potássio Videolaparoscopia → é perigoso porque a alça está muito dilatada e sensível, portanto, tem maior risco de perfuração. Pacientes em choque jamais poderão passar por uma videolaparascopia, porque o O2 pode piorar o quadro de choque. Laparotomia → fazer próxima ou paramediana. 25 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL trauma torácico Paciente do sexo masculino, 32 anos, vítima de um FAB (ferimento por arma branca) em precórdio (região do tórax anterior ao coração, 4-5cm a esquerda do esterno) há 30 minutos. Foi levado ao atendimento pelos colegas que estavam alcoolizados. Está consciente e respondendo (Glasgow 15). Orientado em tempo e espaço. Tem um ferimento corto-contuso em tórax (parede anterior). PA = 60 x 40 FC = 140 Saturação = 92% Ausculta pulmonar = MV + s/ ra BRhipofoneticos S/S. → Importante perguntar o tamanho da faca. • EXAMES COMPLEMENTARES: ✓ Hb/Ht → hemograma completo não interessa, porque não tem quadro infeccioso/sepse, quero saber apenas o Hb de entrada, o que tende a ser normal, porque não dá tempo de alterar. ✓ Amostra de sangue → porque esse paciente vai precisar receber sangue. Na pior das hipóteses, se o paciente estiver muito mal, se dá sangue do tipo O-. ✓ Raio-X → é o máximo a ser pedido, porque é rápido. Não é um paciente indicado para TC porque esse paciente será operado de qualquer jeito. Ferimento corto-contuso e hemodinamicamente instável. ✓ FAST (ultrassom na sala de emergência) → avaliação focada no trauma. O FAST inclui: - goteiras - fundo de saco - recessos costofrênicos (para ver se tem derrame) - janela pericárdica → para ver se tem derrame pericárdico (na região do processo xifoide) O FAST mostrou um derrame pericárdico. O sangue no saco pericárdico é justificado pelo ferimento, indicando que o indivíduo tomou uma facada, atingiu o coração, o que levou a um vazamento de sangue para o pericárdio. Isso justifica o choque hipovolêmico (pressão pinçada → cai a sistólica e sobe a diastólica, por causa da perda de volume com consequente dilatação periférica). Contudo, o sangue contido no pericárdio não é o suficiente para causar uma situação de hipovolemia. O choque é cardiogênico, não hipovolêmico → pela restrição da expansibilidade miocárdica (restrição do bombeamento cardíaco). Isso porque o coração estará restrito, porque estará envolto por um espaço preenchido por líquido. Para compensar, o coração irá aumentar a frequência cardíaca. O sangue do retorno venoso, que quer retornar ao átrio direito, não conseguirá entrar, o que vai causar um aumento da pressão venosa central (pressão que se mede com cateter dentro do átrio direito ou na cava). PVC → medida na cava ou no átrio direito (normalmente é zero, porque o sangue está constantemente aspirado). Não é choque hipovolêmico porque o sangue que está dentro do pericárdio não é o bastante para causar uma perda de volume significativa. Esse paciente está chocado por causa da restrição do bombeamento do coração. Se fosse choque hipovolêmico, a PVC estaria baixa, porque Professor João Paulo Espósito 26 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL teria menos volume, chegando menos volume no coração. PVC DIMINUÍDA → sinônimo de hipovolemia PVC AUMENTADA → represamento de sangue do lado venoso, porque o coração não consegue bombear adequadamente (choque cardiogênico). É causada por um tamponamento cardíaco. Estase jugular será bem evidente → é o sinal mais evidente. Bulhas hipofonéticas + estase jugular → diagnóstico Nessa imagem tem-se um pneumotórax, em que se pode ver que o espaço pleural esquerdo está preenchido por ar. Enquanto o direito está normal. Portanto, é um pneumotórax à esquerda. Quando tem um derrame pericárdico, na sala de emergência é feito um procedimento para esvaziar esse pericárdio → punção aspirativa do saco pericárdio (no ângulo entre o apêndice xifoide e o rebordo costal do lado E). O ideal é que esse procedimento seja acompanhado do FAST. A agulha deve penetrar 45º em relação ao plano (punção de Marfan). Tem que ter no mínimo um ECG ou USG, porque se a agulha tocar no coração vai causar uma arritmia. Levando o paciente para o centro cirúrgico, precisa fazer uma via de acesso: toracotomia ântero-lateral (2). Esternotomia (1) só vale para cirurgia eletiva, para o trauma é ruim, porque não dá um acesso adequado às estruturas. A toracotomia ântero-lateral é a melhor via de acesso por trauma. É melhor ser feito no quinto espaço intercostal. Lesões de vasos da base é indicado fazer a esternotomia mediana. No homem, o quinto espaço intercostal é logo abaixo do mamilo. Para fazer a toracotomia antero-lateral é necessário dissecar a artéria mamária e fazer uma ligadura. Toracotomia póstero-lateral → não serve para o trauma. Paciente fica em decúbito lateral, o braço fica em cima de um suporte e a referencia é o ângulo da escápula. 27 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Paciente masculino, 42 anos, vítima de um atropelamento (por bicicleta) há 40 minutos. Foi trazido pelo resgate (pensar que o resgate colocou um colar cervical). Chegou consciente (Glasgow 15), referindo falta de ar e dor no peito. Não tinha bebido. PA = 70 x 30 FC = 120 FR = 28 O paciente está hemodinamicamente instável (chocável → pressão pinçando). Não tem pulso periférico. BRNF S/S MV diminuídos à esquerda, percussão timpânico, expansibilidade diminuída. Estase jugular. Esse paciente provavelmente está com pneumotórax → percussão timpânica indica ar dentro do espaço pleura. MV ↓ → indica que o ar está dificultando a ausculta. No espaço pleural, normalmente, entre a pleura visceral e parietal tem um líquido pleural (secreção serosa). Quando tem um trauma (no caso fechado) pode ter uma fratura de costela, o que pode fazer um furo no pulmão. Nesse caso, cada vez que o indivíduo respira, vai jogar ar para dentro do espaço pleural, aumentando a quantidade de ar dentro desse espaço cada vez mais. Como consequência dessa entrada de ar no espaço pleural, o pulmão tende a colabar. Risco de pneumotórax fechado é a evolução para hipertensão, porque a pressão dentro desse espaço estará cada vez maior, o que vai evoluir para desvio de mediastino (empurra o mediastino para o lado contralateral), empurra o coração, fazendo com que ele tenha dificuldade de bombeamento. Esse desvio de mediastino explica a estase de jugular (vai ter acúmulo de sangue periférico com PVC aumentado). A pressão venosa central, mede o volume de sangue no AD. ↑ PVC por restrição → acumulado do lado direito. Nesse caso o débito cardíaco estará diminuindo, porque o sangue não está conseguindo passar do lado direito para o lado esquerdo, o coração vai tentar aumentar a força de contração para compensar, mas não vai funcionar. DESVIO DO MEDIASTINO: A partir do momento em que aumenta muito a pressão na cavidade pleural, o que acontece é que empurra o coração, o que causa não só um desvio das veias cavas, formando um ângulo, o que vai causar uma dificuldade na passagem do sangue. Portanto, tanto o pneumotórax hipertensivo quanto o derrame pericárdico com tamponamento cardíaco causam choque cardiogênico. Toracocentese: é uma punção aspirativa de tórax. • PUNÇÃO DE ALÍVIO (toracocentese): Agulha chamada Jelco 14. No segundo espaço intercostal ipsilateral (do lado do pneumotórax) na linha hemiclavicular e fazer uma punção nesse ponto. Quando entrar na cavidade pleural, vai sair ar. 28 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERALAtravés dessa punção de alívio no segundo espaço intercostal transforma um pneumotórax hipertensivo em não hipertensivo. A estase jugular desse paciente diminui, porque o coração volta para o seu lugar e a circulação retorna normalmente. Porém, se deixar dessa forma, o quadro retornará após um tempo, portanto, é só um tratamento emergencial. • SELO D’AGUA: Em seguida, vai precisar realizar uma drenagem, dessa vez no quinto espaço intercostal na linha axilar média. Esse dreno, dentro da cavidade pleural, vai ser conectado em um frasco com soro fisiológico (selo d’água), cada vez que o indivíduo tossir ou respirar profundamente, vai sair ar por esse dreno até o frasco, esse selo d’agua é o que vai fazer com que o ar não consiga voltar, porque o líquido segura. Sendo assim, aos poucos o pulmão vai expandindo até ocupar toda a cavidade pleural. O dreno pode ser retirado após 7 dias (no mínimo). Mas antes se faz um raio-x para ver se o pulmão já expandiu bem, se não tiver expandido o suficiente o pneumotórax irá se refazer. Para retirar o dreno → pedir para o paciente encher o pulmão de ar, na hora que inflar o pulmão retira o dreno e cobre o local com um esparadrapo (se retirar o esparadrapo o pneumotórax é refeito). O soro fisiológico precisa cobrir a ponta do dreno para funcionar. O dreno passa pela borda superior da costela inferior para não rasgar o feixe intercostal. Indicações: empiema, hemotórax, pneumotórax, quilotórax, pós-toracotomias. • LESÕES COM RISCO IMINENTE DE VIDA: ✓ obstrução de vias aéreas → é a primeira coisa a ser vista (A), porque mata em minutos ✓ pneumotórax hipertensivo ✓ pneumotórax aberto (mata também, mas não é tão urgente quanto o hipertensivo) ✓ hemotórax volumoso → sangue na cavidade torácica (C) ✓ afundamento torácico ✓ tamponamento cardíaco Nessa imagem não tem derrame pleural (se há ou não derrame pleural é avaliado pelo recesso costofrênico). É um pneumotórax porque tem um grande espaço de ar ente a pleura visceral e parietal. 29 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL TC em corte coronal mostrando a presença de ar (pneumotórax). Não tem derrame pleural, o recesso costofrênico está livre. Nessa TC pode ser vista uma parte esbranquiçada (infiltrado no pulmão E) → é o local em que teve a fistula (escape de ar). Caso de outro paciente em que se tem um derrame pleural (o líquido é mais cinza, diferente do pneumotórax em que o ar é visto em preto). Além disso, há um infiltrado inflamatório no espaço pleural. Diafragma oscilando: indica que o paciente fez a TC respirando (não ficou quieto), portanto, não indica nenhuma alteração. O pulmão do lado direito possui uma área de contusão pulmonar dentro do pulmão. Em vermelho: pneumotórax com enfisema subcutâneo (presença de ar infiltrando entre os músculos, entre as fáscias do subcutâneo). Esse círculo vermelho é o típico sinal de enfisema subcutâneo. Em azul é possível ver o dreno (portanto, esse paciente já está sendo drenado). A contusão pulmonar é intraparenquimatosa, portanto, drenar não é um tratamento eficaz, o tratamento deve ser feito com diuréticos. Amarelo: pneumotórax Vermelho: contusão pulmonar, ou seja, líquido dentro do pulmão (que não vai poder ser drenado). 30 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Não tem derrame porque o recesso costofrênico está livre. Também não tem pneumotórax. Esse paciente tem enfisema subcutâneo (azul). Além disso, o mediastino está alargado. Esse paciente tem enfisema de mediastino, que está espalhando gás para todos os tecidos. É uma lesão de brônquio fonte (via aérea grande). Lesão de via aérea pequena → o ar vai para o espaço pleural. Lesão de via área grande → o ar vai para o mediastino. O ar está indo para toda parte, ou seja, o paciente está com extenso enfisema universal. Não tem pneumotórax, nem derrame (os recessos costofrênicos estão limpos). Portanto, o problema desse paciente está dentro do pulmão, porque no espaço pleural não tem nada. Esse paciente apresenta metástases pulmonares. Quando se tem um pneumotórax aberto, em um tiro de grande calibre, por exemplo, tem uma abertura que serve de saída do ar. Portanto, não vai fazer um pneumotórax hipertensivo, mas o paciente vai ficar dispneico. Primeira coisa a ser feito é colocar um curativo de três pontas (plástico estéril e fechar com fita apenas em 3 pontos, deixar um aberto, onde o ar vai escapar), assim, se transformou um pneumotórax aberto em um fechado com esse curativo de 3 pontas. Posteriormente é feito a drenagem no 5º espaço intercostal. Se o ferimento for muito grande talvez precise de um retalho. 31 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL trauma abdominal História Homem de 23 anos, dirigia só e perdeu controle de seu automóvel que estava na velocidade de 95km/h, em rodovia de asfalto úmido, com colisão frontal contra árvore. Houve dano importante no veículo com intrusão de lataria no compartimento do passageiro. Usava cinto de segurança e havia histórico de ingestão alcoólica, mas não de drogas ilícitas. Chegou à sala de emergência onde foi realizada a avaliação primária. avaliação primária + exame físico A: via aérea pérvia, hálito etílico, com colar cervical B: dor esternal à palpação / sem alterações traquéia/pulmões abrasão e contusão do cinto no tórax anterior FR=22rpm / Sat. O2=100% (2l/min) C: PA=110x70mmHg, P=120, regular, Cor=ndn / abrasão e contusão do cinto na parede abdominal anterior Distensão abdominal +, dor abdominal difusa, DB Sem evidências de fratura de bacia D: Glasgow 15, ansioso E: sem fraturas de ossos longos ou outras lesões, enchimento capilar=3”, Tax=37,6C Via aérea pérvia: não tem nenhuma obstrução. Se não estivesse pérvia o sinal a ser percebido seria percebido por meio de sibilos e rouquidão. Enchimento capilar: aperta com a ponta do dedo para avaliar a perfusão periférica. 3” é normal. Mesentério: sustenta os vasos e gânglios que irrigam o intestino delgado. Mesocólon: mesma coisa, só que do cólon. Esse paciente tem maior chance de ter fratura cervical, por causa do efeito chicote. - trauma abdominal contuso - trauma abdominal penetrante - abdome agudo hemorrágico - hipovolemia - trauma crânio-cervical ✓ Pleura pulmonar ✓ Esterno ✓ Costelas ✓ Crânio ✓ Coluna cervical ✓ Encéfalo ✓ Grandes vasos ✓ coração ✓ Abdome ✓ Fígado ✓ Baço ✓ Pâncreas ✓ Rins ✓ Intestino delgado ✓ Bexiga ✓ Coluna torácica ✓ Diafragma ✓ Ruptura esplênica ✓ Fratura de esterno ✓ Derrame pleural ✓ Hemotórax ✓ Hemopneumotorax ✓ Fratura de múltiplas costelas Professor Airton Zogaib Trauma Abdominal Penetrante x Abdome Agudo Perfurativo - O trauma abdominal penetrando é quando um paciente se fere com uma facada, por exemplo, não necessariamente atinge um órgão oco. - Um abdome agudo perfurativo tem perfuração de víscera oca. 32 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Compressão direta → comprime diretamente a víscera Desaceleração → lesa as partes fixas mais do que as partes moles. A perda é calculada pela PS, PD, FC, FR, diurese, se está consciente ou não. Ou seja, a avalição não precisa de exame nenhum. Quanto maior a classe, maior a perda sanguínea. Esse doente: PS um pouco baixa (classe III) FC: II ou III FR: III PD: normal Ou seja, esse paciente estaria entre classe II ou III. - internação - jejum - acesso - reposição volêmica (soro fisiológico) - cateterismo vesical - analgesia - cateter nasal de O2 - glicose hipertônica (40mL na veia) - monitorar os sinais vitais - hemograma- tipagem sanguínea - urina tipo I - eletrólitos - amilase - TGO/TGP - ureia/creatinina - coagulograma Hb baixa Leucócitos altos (leucocitose) Sódio normal Potássio normal Ureia: normal Creatinina: normal Amilase: normal Portanto, o paciente tem uma anemia e uma leucocitose. Assim, se exclui lesão pancreática e duodenal (pela amilase normal). - raio-x de tórax → normal - raio-x cervical - raio-x de abdome NO RAIO X: fratura de esterno 33 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL Utilizado em qualquer suspeita de trauma abdominal. • INDICAÇÕES: - instabilidade hemodinâmica - rebaixamento de consciência do paciente - lesão de estruturas adjacentes - exame físico duvidoso - sinal de cinto de segurança • RESULTADOS DESSE PACIENTE: A laparotomia é indicada para pacientes instáveis, com LPD ou FAST positivo. Caso contrário, o tratamento será conservador, porque o paciente estava estável. Observar o paciente e fazer hematócrito e hemoglobina de 2 em 2h. Se a Hb tiver caindo e o paciente piorando, deve ir para cirurgia. Pode-se fazer uma embolização por cateterismo também, para parar o sangramento de algum órgão. Nesse paciente, como ele possuía um sangramento visível pela TC no baço, foi feito essa embolização por cateterismo nas artérias esplênicas. O paciente foi tratado de forma conservadora porque: - hemodinamicamente estável - ausência de extravasamento de contraste na TC Internado na UTI para tratamento conservador. 24 horas após a internação: estável Hb = 8,9 Lactato nl Febre Dor abdominal, debito urinário mantido às custas de > hidratação EV com > necessidade de analgesia. Sinal de infecção por apresentar febre. • CONDUTA: Fazer nova TC de abdome. Nessa nova TC apareceu um pneumoperitônio (ar entre o peritônio e a cavidade peritoneal). A lesão esplênica já estava estável, não tinha lesão nenhuma. O paciente teve uma lesão da alça. • MECANISMO: Contusão da alça ou avulsão do mesentério. Avulsão do mesentério: é quando rasga o mesentério, a alça vai perdendo a viabilidade, necrosa e perfura. • INDICAÇÕES: Laparotomia ou videolaparoscopia. Nesse caso é uma laparotomia mediana. Se o doente estiver estável pode ser feita uma videolaparoscopia. 34 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL colecistite aguda História A.G.L, 50 anos, sexo feminino, do lar, natural e procedente de Santos. QD: dor contínua no epigástrio há 3 horas. HPMA: refere dor contínua no epigástrio há 3 horas, progressiva em intensidade, sem irradiação, de moderada intensidade, após ingestão de feijoada com caipirinha, associada a náuseas e 2 episódios de vômitos alimentares, mal-estar, empachamento, sem melhora com antiespasmódico usual. Notou urina pouco mais escura há 30 minutos ISDA: há 3 meses refere dor em cólica no HCD, irradiada para o ombro direito, de moderada intensidade 40 minutos, após a ingestão de gordurosos, com duração de 20 minutos que melhora com antiespasmódico. AP: diabética (tipo 2) e hipertensa, em uso de Metformina 500mg/dia e Losartana 50mg/dia. Apendicectomizada há 2 anos. IIIG, IIIPN. AF: ndn. exame físico REG, obesa, acianótica, anictérica, eupneica, desidratada+/4+, consciente, dor = 7/10. PA=180x90mmHg / FC=92,rit / FR=24rpm / Tax=37,9C/Sat O2=92% CP e Cor: sem alterações. Tórax: diminuição da expansibilidade na base do HTD (hemitórax direito), MV+ e discretamente diminuído na base do HTD, sem ruídos adventícios. Abdome: cicatriz de McBurney sem alterações, RHA diminuídos, dor à palpação no epigástrio e HCD, Murphy+, sem visceromegalias. Toque retal: normal, com fezes na ampola retal. MM: ndn. → o Murphy é apenas do lado direito, caso a palpação dolorosa seja em ambos os lados, pode ser peritonite ou pancreatite aguda. → a hipertensão ocorre por causa da dor → pode ocorrer o sinal de Kehr: em um episodio de cólica biliar ou em casos agudos (colicistite aguda, traumas) pode irradiar a dor para o ombro pelo nervo frênico. → MV na base diminuído por causa da dor: muitas vezes a dor (por isso que os ruídos adventícios estão ausentes) • Abdome agudo inflamatório • Abdome agudo isquêmico • Síndrome infecciosa • Peritonite localizada • Síndrome colestática extra-hepática • Síndrome dispéptica tipo discinesia (alteração da motilidade que ocorre em vísceras ocas, se uma pessoa tem uma dor em cólica) • Distúrbio hidroeletrolítico • Desidratação aguda • Insuficiência respiratória aguda • Diabetes mellitus É um quadro que pode confunde, porque a paciente é diabética e hipertensa que começa com dor epigástrica que vai para HD, não é incomum ser insuficiência coronariana (diagnóstico diferencial). • Fígado • Vesícula biliar • Vias biliares • Pâncreas • Duodeno • Diafragma • Peritônio parietal e visceral • Rim • Coração (pela insuficiência coronariana) Sinal de Murphy: dor à inspiração da vesícula biliar no cruzamento da linha hemiclavicular com o rebordo costal direito (rebordo cístico). Palpa, pede para o paciente inspirar, quando ele inspirar, palpar nesse ponto, o paciente suspende a inspiração por dor, caso dê positivo. Isso acontece porque quando aperta, a víscera inflamada encosta no peritônio. 35 ANA PAULA – XXII CIRURGIA GERAL • Ureter direito • Colo direito • Pulmão direito/pleura direita • Pancreatite aguda • Hepatite aguda • Colangite aguda • Colecistite aguda • Ulcera péptica perfurada (porque ulcera péptica aguda não causa febre, só tem febre quando ela complica) • Ulcera péptica tenebrante • Diverticulite aguda • Pielonefrite aguda direita • IAM (doente hipertenso, diabético e obeso) • Lesão biliar iatrogênica • Pielonefrite aguda direita • Pneumonia lobar direita (o que fala contra é a ausência de ruídos adventícios) • Colecistolitías/colelitíase (cálculos na vesícula → não sente nada, está assintomático, diferente desse caso) Cólica quando come comida gordurosa: cólica biliar (pode ir até o PS, toma medicação e volta para casa) Coledocolitiase → cálculo parado no colédoco biliar Colangite aguda → inflamação com infecção aguda das vias biliares Pancreatite aguda biliar → pancreatite que é causada por um cálculo que passa pela papila duodenal Colecistite alitiásica Em casos de neoplasia de pâncreas o sinal seria de Courvoisier Terrirer (vesícula palpável no hipocôndrio direito, na presença de icterícia, sem dor), o paciente estará ictérico e apresenta massa ovalada no HD, que é a vesícula biliar distendida que se torna palpável por efeito de massas de neoplasias de vias biliares. • COLECISTITE AGUDA LITIÁSICA: O acúmulo de colesterol ou triglicérides elevados leva a um aumento de viscosidade da bile e uma produção de cálculos, que impacta no ducto cístico, que fica dilatado, inflamado e aumenta a pressão na vesícula. Cálculo impactado no infundíbulo ou no cístico. Pode ser formado por cálcio elevado também. Pode comprometer o fluxo sanguíneo, podendo necrosar e perfurar a vesícula. Por isso que pode ser um abdome agudo inflamatório ou isquêmico, dependendo da fase em que se encontra. • COLECISTITE AGUDA ALITIÁSICA: De 5 a 10% dos casos. Nesse caso, o paciente está em choque, muito tempo na UTI, desidratado ou anemias agudas, que podem levar a um aumento da viscosidade da bile, causando estase da bile. Esse tipo de colecistite alitiásica é muito mais grave do que a litiásica porque os outros grandes problemas escondem os sintomas da colecistite (como o choque, insuficiência cardíaca etc), e o diagnóstico é feito somente quando já está
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