Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 1 Data: 01.08.17 Aula 1 Bibliografia: Curso de Direito Tributário; Cláudio Carneiro. Ed. Saraiva. Manual de Direito Tributário; Anderson Madeira. Ed. Freitas Bastos. COMENTÁRIOS: Direito financeiro nada tem haver com finanças ou mercado financeiro. Quando falamos de Direito Financeiro estamos falando de Estado, de toda a atuação do Estado em relação à receita e despesa pública. Quando o governo diz, por exemplo, que a Previdência Social terá um rombo de R$ 59 bilhões neste ano, significa que tudo que a Previdência Social arrecada, com seu gasto, o Tesouro Nacional terá que cortar em outros setores para alocar na Previdência Social. Vários especialistas dizem que a Previdência Social é superavitária, porque a legislação tributária, de forma geral, diz que as contribuições para o INSS das empresas e pessoas físicas, INSS, COFINS, PIS, CSLL, são direcionadas para a Seguridade Social (Previdência Social, Saúde Pública, Assistência Social). Ocorre que, de acordo com o art. 76 da ADCT, 30% é desvinculado da Seguridade Social, conhecido como D.R.U. (Desvinculação da Receita da União), onde o governo federal retira da Seguridade Social para gastar onde achar importante. Esse dinheiro é uma reserva estratégica para gastos emergências para alocar onde for necessário, porém, esse valor vai para pagamento de juros da dívida interna, como por exemplo, dívidas com o tesouro direto, títulos da dívida pública. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) da arrecadação da União relativa às contribuições sociais, sem prejuízo do pagamento das despesas do Regime Geral da Previdência Social, às contribuições de intervenção no domínio econômico e às taxas, já instituídas ou que vierem a ser criadas até a referida data. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 2 Isso significa que, de todo orçamento que se arrecada, sobram apenas 3% (três por cento) para investimentos com educação, saúde, segurança, etc. Com relação carga tributária no Brasil, que pode chegar a 34%, não seria alta se o Estado repassasse o que se arrecada, pois, a carga tributária em outros países, como Finlândia, Noruega, Suécia etc., pode chegar até 70%, mas há o repasse. Dessa forma, o problema não é a carga tributária, mas o retorno que não ocorre como deveria ocorrer. Quando foi criado o Estado, que é uma ficção jurídica, este ficou encarregado de tutelar os direitos de cada cidadão e por isso pagamos tributos. Tributo é uma forma de exercício de justiça social, porque se retira parcela da riqueza individual para redistribuir nacionalmente com os mais pobres. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Conceito: São ações que o Estado desempenha para obtenção de recursos necessários ao seu sustento e a respectiva realização de gastos voltados a execução no atendimento das necessidades públicas. Isso significa que o Estado, para garantir saúde, educação, obras públicas, transporte; precisa de recursos. Essa atividade estatal é chamada de atividade financeira do Estado; de um lado o Estado invade a esfera patrimonial dos contribuintes para aplicá-las ao bem comum. A atividade financeira do Estado, em si é estudada pela Ciência das Finanças, com o objetivo voltado para atender as necessidades públicas, ou num sentido mais amplo, o interesse público, analisando a atividade financeira, sem adentrar no mérito da normatização de seus elementos. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 3 Podemos dizer que a Ciência das Finanças, enquanto ciência econômica pura e especulativa estuda e confronta os vetores para a obtenção e o emprego dos meios materiais e serviços utilizados pelo Estado para a realização de suas finalidades, ou seja, a realização do interesse público através de uma política financeira. DIREITO FINANCEIRO Conceito: “Conjunto de normas e princípios que regulam a atividade financeira do Estado”. (Ricardo Lobo). Logo, o direito financeiro dá suporte à atividade financeira do Estado; é esse conjunto de normas que dá embasamento e regulação às atividades financeiras estatais. O Direito Financeiro é exatamente a normatização da atividade financeira estatal, isto é, o estudo e a regulamentação das diversas formas de que o Estado e seus organismos se valem para obter e utilizar as riquezas necessárias para a consecução dos seus objetivos. Na visão de Ricardo Lobo Torres, o Direito Financeiro deve ser analisado sob dois aspectos: o objetivo (ordenamento) e o cientifico, como qualquer outro ramo do sistema jurídico (ciência). Do ponto de vista objetivo, é considerado como o conjunto de normas e princípios que regulam a atividade financeira do Estado, disciplinando a constituição e a gestão da Fazenda Pública, estabelecendo as regras e os procedimentos para a obtenção da receita pública e a realização dos gastos necessários a consecução dos objetivos do Estado. Do ponto de vista científico, estuda as normas e os princípios que regulam a atividade financeira do Estado, elaborando o discurso sobre as regras da constituição e da gestão da Fazenda Pública. Seu foco principal é conhecer, estudar e justificar a realidade objetiva na qual se apresenta, em uma verdadeira síntese hermenêutica. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 4 1.1. Fundamentos Legais do Direito Financeiro a) Constituição Financeira (art. 24, I e art. 163 ao art. 169, da CF/88) Fazer leitura dos arts 163 a 169 da CF/88 b) Lei nº 4.320/64 – Normas Gerais de Direito Financeiro e Controle dos Orçamentos c) Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal– L.R.F. PRINCÍPIOS APLICADOS AO DIREITO FINANCEIRO a) Princípio da Legalidade (art. 167,VI, CF/88): Toda receita pública e sua exigibilidade decorre da lei. A realização de qualquer despesa pública deve está prevista em lei. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; Lei nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o disposto no art. 5º, inciso XV, letra b, da Constituição Federal. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle,na qualidade de beneficiário do empréstimo. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 167. São vedados: VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 5 b) Princípio da Transparência (art. 48, da Lei de Responsabilidade Fiscal): Não se deve confundir com o princípio da publicidade, este tem por objetivo tornar público os atos da administração, enquanto aquele (princípio da transparência) tem por finalidade tornar a informação compreensível, simples e clara para a sociedade. c) Princípio da Eficiência (art. 37, da CF/88): O núcleo do princípio da eficiência é a procura de produtividade e economicidade, e o que é mais importante é a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. Há vários aspectos a serem considerados dentro do princípio da eficiência como a produtividade, economicidade, qualidade, celeridade, presteza, desburocratização e flexibilização, como acentuam estudiosos sobre o assunto. OBJETO DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO a) Despesa pública: É o conjunto de gastos do Estado para o funcionamento dos serviços públicos e atendimento das demandas sociais. Tudo o que o Estado realiza em termos de atendimento de demandas sociais como campanha de vacinação, ajuda de pessoas em desastres etc., isso é denominado despesa pública. É a necessidade que o Estado tem para auto se sustentar, para garantir a lei e a ordem Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 37.A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 6 com o seu aparato de segurança pública; garantir o funcionamento dos hospitais, etc.; para toda despesa pública necessita de receita pública. §§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§ Data: 08.08.17 Continuação Aula 2 Classificação das Despesas públicas (Art. 12 da Lei 4.320/64) Lei nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas: DESPESAS CORRENTES Despesas de Custeio Transferências Correntes DESPESAS DE CAPITAL Investimentos Inversões Financeiras Transferências de Capital § 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. § 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. § 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se como: I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. § 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. § 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas a: I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros. § 6º São Transferências de Capitalas dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 7 b) Despesas de Capital (Investimento) – São aquelas despesas de investimento, uma novidade, um acréscimo ao patrimônio do Estado e que exige um maior aporte de recursos. Quando se fala em despesa de capital significa algo que não existia no acervo patrimonial do Estado e que agora passa a existir através de investimentos. Obs.: Toda a despesa de capital deve estar prevista em lei; qualquer ordenação de despesa não autorizada configura violação da constituição e responsabilidade criminal. c) Despesas Correntes (Custeio) – São as despesas de custeio ou manutenção do acervo patrimonial do Estado. São dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE NA DESPESA PÚBLICA Por este princípio toda e qualquer despesa deve estar prevista em lei. O governante que gerar gastos sem previsão legal atenta contra o princípio da legalidade e comete crime de responsabilidade fiscal. a) Art. 15 da Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 167. São vedados: VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; Decreto-Lei 2.848/40 – Código Penal Ordenação de despesa não autorizada Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 15. Serãoconsideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 8 b) Art. 167 da CF/88 – todos os incisos. c) Art. 10, IX da Lei 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa. O princípio da legalidade na despesa pública é importante porque toda e qualquer despesa deve estar prevista em lei. Qualquer governante que realizar um gasto não previsto em lei atenta contra o princípio da legalidade e comete crime de responsabilidade. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 167. São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. Lei nº 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa .Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento; Decreto-Lei 2.848/40 – Código Penal Ordenação de despesa não autorizada Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 167. São vedados: VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 9 A lei orçamentária é dividida em PPA – Plano Plurianual, LDO – Lei de Diretrizes Orçamentária e, LOA – Lei Orçamentária Anual. Assim como em um condomínio onde os condôminos se reúnem anualmente para aprovar o orçamento do condomínio, o Estado também é assim; os nossos representantes se reúnem para aprovar o orçamento do ano seguinte, e neste orçamento a lei orçamentária, em observância ao princípio da legalidade deve ser observada, sob pena de crime de responsabilidade e crime previsto no código penal. O que é importante sobre este princípio é que todo e qualquer gasto não previsto na lei orçamentária, por mais que beneficie a sociedade, implica em crime de esponsabilidade. RENÚNCIA DE RECEITA A renúncia de receita, para a doutrina, é equivalente a realização de despesa pública. Só é possível a ocorrência de renúncia mediante lei, conforme previsto no art. 150, §6º da CF/88. A doutrina é pacífica quanto ao cuidado que o gestor público deve ter em relação as renúncias odiosas. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 10 De acordo com o parágrafo único do art. 11 da lei de responsabilidade fiscal, o governante que renunciar sua receita de forma irresponsável, não haverá transferências voluntárias. De acordo com esse artigo, o município ou estado deve arrecadar seus tributos, porque se houver renúncia de forma odiosa ou irresponsável, não haverá transferências voluntárias. A constituição federal em seu artigo 159 da CF/88 prevê que, de tudo que a União arrecada, mas IR e IPI, 49%, é dividido entre fundos de participação dos estados e dos municípios. Os estados e municípios receberão da União Contudo, se o estado ou município não tributar, os repasses obrigatórios continuarão recebendo, mas as transferências voluntárias não serão repassadas, uma vez que tal conduta demonstra não necessitar de dinheiro. Porém, o estado ou município que renunciar receita Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 159. A União entregará: I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados,49% (quarenta e nove por cento), na seguinte forma: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 84, de 2014) a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios; c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 55, de 2007) e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 84, de 2014) Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 11 de forma irresponsável poderá haver manifestação do Tribunal de Contas do Estado e o município será penalizado com base no art. 11 da lei de responsabilidade fiscal. Assim, como o gasto público deve ser mediante lei, a renúncia de receita também deve ser feita por lei. FASES DA DESPESA PÚBLICA Diferente do particular que quando quer realizar despesas, na despesa pública é diferente, pois possui fases. A lei 4.320/64 traz três fases para sua realização. 1ª fase – Empenho – art. 60da Lei nº 4.320/64 Empenho é uma autorização para realização de despesa. Isto significa que, quando uma empresa participa de licitação, há um contrato assinado, e deseja entregar o produto. Tal produto só pode ser entregue se houver nota de empenho. Se não houver nota de empenho antes da entrega do produto, não há despesa, e, se não há despesa o recebimento do valor do produto entregue somente será pago por meio de precatório. 2ª fase – Liquidação de Despesa – art. 63 da Lei nº 4.320/64 É o momento em que a Administração Pública verifica se o serviço foi efetivamente prestado ou se as mercadorias foram entregues de acordo com a licitação pública. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Lei nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 12 3ª fase – Pagamento – art. 64 da Lei nº 4.320/64 RECEITA PÚBLICA – Art. 11 da Lei 4.320/64 Conceito: “Receita é a soma de dinheiro recebida pelo Estado para realização dos gastos públicos”. (Ricardo Lobo Torres). A receita é considerada a entrada ou o ingresso definitivo de dinheiro nos cofres públicos, de que o Estado lança mão para fazer frente às suas despesas, com o intuito de realizar o interesse público e movimentar a máquina administrativa. Lei nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelos serviços de contabilidade. Lei nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. § 1º - São Receitas Correntesas receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. Lei nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. § 1° Essa verificação tem por fim apurar: I - a origem e o objeto do que se deve pagar; II - a importância exata a pagar; III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 13 Ponto Histórico das Receitas Públicas: Uma das grandes dificuldades para o Estado em obter receitas sempre foramas guerras, por exigir receitas do Estado, porque durante os conflitos as despesas ocorrem de forma exponencial. Num primeiro momento o Estado antes de avançar na esfera patrimonial do contribuinte utilizava do seu próprio patrimônio. É diferente daquela receita em que o Estado avança na esfera patrimonial do contribuinte e retira parcela do patrimônio do particular. O Estado existe para a consecução do bem comum. Para atingir tal mister, precisa obter recursos financeiros, o que faz, basicamente, de duas formas, que dão origem a uma famosa classificação dada pelos financistas às receitas públicas. Tanto nas receitas originárias quanto nas derivadas existem hipóteses em que o sujeito passivo (devedor) também é ente estatal, sendo a nota distintiva entre as espécies de receitas ora estudada o regime jurídico a que estão essencialmente submetidas (direito público ouprivado) e não os polos da respectiva relação jurídica. Atualmente, com a concepção de Estado mínimo que tem sido globalmente adotada, tornando excepcional a exploração de atividade econômica por parte do Estado, perderam importância as receitas originárias, tendo como consequência a concentração da arrecadação estatal precipuamente nas receitas derivadas. A excepcionalidade da exploração de atividade econômica por parte do Estado é decorrente de previsão constitucional expressa, prevista no Art. 173 da CF/88. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevanteinteresse coletivo, conforme definidos em lei. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 14 Classificação Doutrinária das Receitas Públicas a) Receitas Originárias Dizem respeito aos recursos aferidos em razão da exploração do patrimônio do Estado. Ou seja, para obter receitas originárias, o Estado se despe das tradicionais vantagens que o regime jurídico de direito público lhe proporciona e, de maneira semelhante a um particular, obtém receitas patrimoniais ou empresariais. A título de exemplo, cite-se um contrato de aluguel em que o locatário é um particular e o locador é o Estado. O particular somente se obriga a pagar o aluguel porque manifesta sua vontade ao assinar o contrato, não havendo manifestação de qualquer parcela de poder de império do Estado; a relação jurídica entre o Estado e o particular é horizontal (Ex.: aluguéis, lucros distribuídos, tarifas, doações etc.). Somente quando o Estado começou a assumir funções sociais é que as receitas provenientes do seu próprio patrimônio não eram suficientes, a partir daí que o Estado passou a avançar sobre o patrimônio do particular. b) Receitas Derivadas São aquelas que decorrem do poder soberano do Estado, ou seja, o Estado invade a esfera patrimonial dos seus administrados e exige parcela de suas riquezas. Na obtenção de receitas derivadas, o Estado, agindo como tal, utiliza-se das suas prerrogativas de direito público, edita uma lei obrigando o particular que pratique determinados atos ou se ponha em certas situações a entregar valores aos cofres públicos, independentemente de sua vontade. Como exemplo, tributos, aquele que auferiu rendimento será devedor do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (imposto de renda – IR) independentemente de qualquer manifestação volitiva. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 15 ORÇAMENTO PÚBLICO Conceito: É um instrumento de planejamento, de ação do Estado para previsão da estimativa de receita e fixação das despesas públicas. Para instrumentalizar, tanto a necessidade quanto a possibilidade, somente pode ser através de lei, através do orçamento público. Assim, diante da necessidade X possibilidade é o orçamento público que vai tratar disso. É nos debates da lei orçamentária que o Estado irá dizer onde, quanto, quando e de que força irá materializar tais necessidades. Em relação às receitas fala-se em estimativa, porque se trata de incertezas de receitas. Em relação a despesas há uma fixação de quanto irá gastar. As receitas dependem de uma série de fatores; quanto as despesas já estão fixadas. Natureza Jurídica do Orçamento A tese dominante na doutrina é de que o orçamento é uma lei formal, ou seja, é meramente autorizativa. Isto significa que, embora a lei deva ser cumprida, a lei orçamentária é uma mera formalidade; por não ter natureza vinculativa o gestor público pode ou não cumprir seus dispositivos. Há quem defenda a tese de que o orçamento público deveria ser vinculativo, uma vez que o povo autorizou a realização de algum projeto. Tipos de Orçamento a) Orçamento Executivo – quando o chefe do Poder Executivo determina onde e quando o dinheiro público será utilizando, sem passar por qualquer crivo da sociedade (Ex. Síria; Venezuela). Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 16 b) Orçamento Legislativo – O orçamento é discutido e aprovado pelo Poder Legislativo (Ex. Inglaterra). c) Orçamento Misto – A iniciativa do projeto de lei é do chefe do Poder Executivo e a sua aprovação e fiscalização é do Poder Legislativo (Ex. Brasil). Art. 165 e Art. 166 da CF/88. O Poder Executivo prepara o orçamento e envia para o Congresso Nacional. Daí cabe ao Congresso aprovar ou não os projetos de lei orçamentária de inciativa do chefe do Poder Executivo. Todo ano a lei orçamentária anual e a lei de diretrizes orçamentária são discutidas e aprovas, já o PPA são de quatro em quatro anos. O PPA começa a ser discutido no primeiro ano do governo seguinte, no caso, no inicio de 2019 ainda estará em vigor o PPA do governo Temer. E o PPA do Governo seguinte estará sendo discutido e elaborando o seu próprio PPA. Contudo, o mais importante a ser discutido aqui é a Lei Orçamentária Anual– LOA, porque é nela que será discutido o valor do salário mínimo, aumento dos servidores, concursos públicos, isenção e incentivos fiscais, alíquota de imposto etc., ou seja, é ela que vai dizer onde serão alocados os recursos. É na lei orçamentária anual que começa a solução ou o problema. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 17 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ORÇAMENTÁRIOS 1) Princípio da Legalidade (art. 165, da CF/88) – O princípio da Legalidade é o princípio norteador de todo o sistema orçamentário. Toda receita pública e sua exigibilidade decorre da lei. A realização de qualquer despesa pública deve está prevista em lei. 2) Princípio da Exclusividade/Pureza (art. 165, §8º da CF/88) – No projeto de lei orçamentária e no debate no parlamento não pode haver matéria estranha que não seja receita pública e despesa pública. Isso porque de nada aditaria uma rigidez formal, exigindo uma lei para determinar a relação existente entre a receita e a despesa, se no bojo dessa lei existisse outros assunto inseridos. (Ex.: agravamento da punição contra violência doméstica). 3) Princípio da Universalidade (art. 165, §5º da CF/88) – O orçamento deve conter todas as despesas e todas as receitas públicas. Ou seja, para que o orçamento seja uno, as leis orçamentárias terão que prever de uma vez todas as receitas e despesas dos Poderes, dos órgãos, fundos e entidades da Administração Pública Direta e Indireta pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane DiasUniversidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 18 4) Princípio da Não Afetação de Receita (Não Vinculação) (art. 167, IV e IX da CF/88) – A receita de impostos não pode ficar vinculada a qualquer categoria de despesas. Isto porque, via de regra, os impostos são divididos pelos demais entes da federação. Essa vedação existe em especial porque os impostos são tributos classificados como não vinculados, ou seja, não exige para sua cobrança uma contraprestação estatal. É por isso que o mesmo não acontece com outros tributos, exatamente pela peculiaridade que as outras espécies possuem de serem vinculadas a uma contraprestação do Estado ou à vinculação da destinação de suas receitas, como é o caso das contribuições em geral. Obs. É importante destacar que o Princípio da Não Afetação de Receita se refere apenas aos impostos e não aos demais tributos. Por outro lado, não se confunde com a chamada D.R.U. (Desvinculação de Recursos da União), que significa que determinado percentual da receita proveniente das contribuições sociais estaria desvinculado da sua destinação social. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: § 5º A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 167. São vedados: IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 19 5) Princípio do Equilíbrio Orçamentário (art. 167, II e III da CF/88) – As despesas públicas devem se limitar, via de regra, ao montante da arrecadação de receitas a fim de se evitar o endividamento do Estado. Embora o equilíbrio orçamentário seja o ideal, isto é, a busca da perfeição de uma administração satisfatória não raro ocorre determinadas situações durante o exercício financeiro que mudam a estratégia do administrador público, fazendo com que haja, sem “culpa” da própria administração, um desequilíbrio orçamentário e responsabilizar o administrador, considerando que o aspecto econômico sofre variações conjunturais muitas vezes imprevisíveis. Acredita-se ser correta a posição do legislador constituinte em retirá-la da Constituição, para que futuramente tal norma Constitucional não viesse a ser descumprida por inviabilidade técnica. §§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§ Data: 15.08.17 continuação Aula 3 Quando as contas públicas fecham o ano de forma negativa o Estado corrige esse déficit através de empréstimos. O princípio do equilíbrio orçamentário visa evitar que as despesas do Estado sejam maiores do que as receitas. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 167. São vedados: II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 20 Quando se fala em orçamento público fala-se em lei orçamentária. Pela tipologia constitucional dada a matéria há três tipos: PPA, LDO e LOA, conforme art 165, I, II, III da CF/88. Plano Plurianual – PPA (art. 165, I e §1º da CF/88). De acordo com o §1º, inciso I do art. 165 da CF/88, o plano plurianual irá tratar de diretrizes, metas e objetivos, de forma regionalizada, ou seja, no âmbito federal. Tudo começa na lei orçamentária, sejam políticas públicas e projetos. Quando o chefe do Poder Executivo Federal determina a elaboração do PPA ele deve elaborar pensando as suas diretrizes, metas e objetivos nas regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul), de forma eficiente e equânime. O PPA é o instrumento pelo qual o governo do estado orienta o planejamento e a gestação da Administração Pública para os próximos quatro anos. Vale ainda dizer que o art. 166, §6º da CF/88 determina que os projetos de lei relativos ao plano plurianual, as diretrizes orçamentárias, o orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. O PPA, de duração de quatro anos, inicia-se no segundo ano do mandato subsequente. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; § 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 21 O PPA atual que irá até o primeiro ano de 2019 é a lei 13.249/16. Lei de Diretrizes Orçamentária – LDO (art. 165, II e §2º da CF/88). A Lei de Diretrizes Orçamentárias serve para muitas coisas, mas a sua principal função é orientar a LOA servindo de baliza. Com base no plano plurianual, a LDO compreenderá as metas e prioridades da Administração Pública Federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da LOA, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. A atual lei de diretrizes orçamentária de 2017 é a lei 13.408/16. Lei Orçamentária Anual – LOA (art. 165, III e §8º da CF/88). A Lei Orçamentária Anual é aquela lei que programará ano a ano, dentro de cada exercício financeiro, o orçamento fiscal. Essa programação é feita através de uma análise da estimativa de receita para a realização das despesas. A LOA tem por objetivo precípuo implementar as metas e prioridades estabelecidas pela LDO. A LOA atual é a lei 13.414/16. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Seção II – DOS ORÇAMENTOS Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: II - as diretrizes orçamentárias; § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 22 O princípio da legalidade na lei orçamentária é importante porque só pode ocorrer despesa pública prevista na lei, sob pena de violação ao princípio da legalidade e crime responsabilidade. De acordo com o art. 167, I da CF/88, são vedados programas e projetos não previstos na lei orçamentária. O inciso II do art. 167 da CF/88 veda a realização de despesas que extrapolam o valor que há na lei orçamentária anual. Para que o governo possa mudar o déficit fiscal deve ser aprovado pelo Congresso Nacional. De acordo com o inciso III do art. 167 da CF/88, as operações de crédito devem ser realizadas nos limites da previsão de despesa de capital prevista na lei orçamentária. Obs. De acordo com o inciso III do art. 167 da CF/88, via de regra, operações de crédito (empréstimos) que qualquer ente federativo realizar, ela não pode ser maior do que as despesas de capital (investimentos) prevista no orçamento anual. Qualquer operação de crédito somente poderá ser realizada para investimentos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 167. São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 167. São vedados: II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 167. São vedados: III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 23 Prazo para aprovação das leis orçamentárias PPA – 31/08/XX LDO – 15/04/XX LOA – 31/08/XX Quando o Estado traz a previsão de, por exemplo, concurso público, ele tem até 31 de agosto para aprovar a lei orçamentária do ano que vem. O gestor público deve ter o cuidado com relação ao concurso e a sua previsão no PPA, LDO e na LOA, caso o gestor esqueça de incluir na lei orçamentária o concurso, ele não poderá ser realizado. Agora, se o concurso já esteja previsto na lei orçamentária, mas extrapolou os limites de gastos com pessoal, em tese, o gestor não poderia realizá-lo, mas quando o ente federativo extrapola esses limites deve realizar cortes; ele terá 02 (dois) quadrimestres para se adequar à lei de responsabilidade fiscal para realizar o concurso, ou, não realizar cortes e ainda assim realizar o concurso e correr o risco de responder por crime de responsabilidade. CONTROLE DO ORÇAMENTO PÚBLICO Durante muitos anos não havia controle dos gastos públicos, o primeiro controle começou com a carta magna de 1215, que colocava imposições ao rei João Sem Terra. Os barões ingleses impuseram ao rei que ele não poderia realizar nenhuma exigência tributária que não fosse autorizada pelos barões. No Brasil, em 1890, por iniciativa de Ruy Barbosa, foi criado o Tribunal de Contas da União – TCU. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 24 Conceito: O tribunal de Contas é corte especializado em análises das contas públicas dos diversos órgãos da Administração Pública da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Todos os entes da federação passam pelo controle dessa corte especializada em análise de contas. Embora seja chamada de tribunal não é uma corte judicial, não faz parte do Poder Judiciário, e sim, vinculado ao Poder Legislativo. Função do Tribunal de Contas Obs.1. O controle externo do orçamento público é realizado pelo povo (Congresso Nacional). Obs.2. O tribunal de contas é órgão auxiliar, cabendo a este recomendações ao Congresso Nacional quanto a aprovação ou não das contas do chefe do poder executivo, judiciário e também legislativo. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 25 Estrutura Estados – A constituição estadual é quem vai determinar o número de seus membros, todavia o STF sumulou a questão estipulando como 07 o número máximo de conselheiros (sumula 653/STF). União – art. 73 da CF/88. Obs. Qualquer cidadão poderá denunciar qualquer irregularidade dos gastos públicos, conforme §2º do art. 74 da CF/88. CORREÇÃO DO CASO CONCRETO SEMANA 1 Determinado governador do Estado do Acre está em forte debate com a Assembleia Legislativa. Apesar de ter sido eleito em primeiro turno com uma expressiva maioria de votos, sua Assembleia é hoje composta em maioria considerável pela oposição, ressentida por não ter reeleito o antigo governador, candidato da situação. Diante deste conflito político, o governador não consegueaprovar a lei orçamentária que se manifesta compatível STF – Súmula 653 No Tribunal de Contas Estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro a sua livre escolha. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 26 com suas propostas. Sendo assim, decide baixar o orçamento por medida provisória. Deputado da oposição se recusa a votar a medida provisória e levanta argumentos tecnicamente adequados. Pergunta-se: a) Quais seriam estes argumentos? Resposta:Os argumentos seriam: o artigo 62, § 1º, “d” da CF/88 veda expressamente a edição de medida provisória que tenha por objeto o orçamento anual. Está matéria somente poder ser objeto de lei ordinária, conforme art.165 da CF/88. b) Pode o governador editar medida provisória? Resposta: É controversa a aplicação, por simetria, a vedação do artigo 62 da CF/88, em relação aos estados. Parte da doutrina admite a edição de medida provisória pelo governador do estado quando a constituição estadual prevê tal matéria. c) Cabe medida provisória em Direito Financeiro? Resposta: Não há propriamente uma vedação quanto ao Direito Financeiro, pois a exceção é relativa às leis orçamentárias. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 62 (...) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 27 Questão Objetiva: Identifique qual das opções abaixo traz situação que será objeto de aplicação das regras do Direito Financeiro: a) realização de despesa pela Ordem dos Advogados do Brasil. b) processo de seleção de juízes para a carreira da magistratura estadual. c) projeção de receitas da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Estado do Rio de Janeiro d) previsão de gastos com pessoal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte CORREÇÃO DO CASO CONCRETO SEMANA 2 Em meio a uma crise política e econômica em 2015, o Governo Federal apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei orçamentária com um déficit de 30,5 bilhões de reais. À época, questionamentos políticos e econômicos foram levantados e o cerne da questão girava em torno de um dos princípios orçamentários mais relevantes, que congrega todos os elementos da atividade financeira do estado. Indaga-se: 1) A questão que se levantou é se estaria o poder executivo autorizado a propor um projeto de lei com este desequilíbrio? Identifique o princípio orçamentário referente e como os elementos do Direito Financeiro se relacionam no caso. Resposta: O princípio orçamentário não observado no caso concreto é o do equilíbrio orçamentário, ou seja, o poder legislativo estaria autorizando o ente federativo a gastar mais do que ele arrecada. A moderna interpretação do Tribunal de Contas da União autoriza este tipo de orçamento com base no princípio da exatidão das estimativas de receita e fixação das despesas. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 28 2) Como ficaria com base na legislação atual? Resposta: Não existe previsão na Constituição Federal de forma explícita do princípio do equilíbrio orçamentário como era previsto na constituição de 1976, logo é perfeitamente aplicável o orçamento deficitário. Questão objetiva: Julgue os seguintes itens relativos à receita pública e marque a opção correta. a) Todo tributo advém da Receita Originária. b) Ingresso e receita constituem sinônimos. c) Os tributos constituem receita derivada cobrada mediante atividade administrativa vinculada ou discricionária. d) Receita originária é aquela em que o Estado atua como particular e receita derivada é aquela em que o Estado atua através do seu poder de império. e) Receita derivada é aquela em que o Estado atua como particular e receita originária é aquela em que o Estado atua através do seu poder de império. CORREÇÃO DO CASO CONCRETO SEMANA 3 O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, no ano de 2014, aplicou multas no valor total de R$278.000,00 a 69 prefeituras por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Estas prefeituras deixaram de encaminhar no prazo legal àquele Tribunal o Relatório de Gestão Fiscal, o Relatório Resumido de Gestão Orçamentária e o Comparativo das Metas Bimestrais de arrecadação. Neste sentido, considerando a natureza do Tribunal de Contas e as regras da Lei de Responsabilidade fiscal, responda: 1) A aplicação de multas do Tribunal de Contas é ato regular? Resposta: O Tribunal de Contas é órgão do Estado responsável por fazer avaliação técnica das contas pública. Em função disso, possui a função de aplicar sanções pelo Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 29 descumprimento das regras constitucionais e da L.R.F. A aplicação de multas é conduta prevista no art. 71, VIII da CF/88. 2) Estas multas podem ser questionadas perante o Poder Judiciário, ou já se encontram alcançadas pela coisa julgada? Resposta: Sim, é possível recorrer da aplicação de multas tanto na esfera administrativa quanto na esfera judicial com base nos princípios da ampla defesa e contraditório e o da inafastabilidade do Poder Judiciário.3) Independente da solução aplicada pelo Tribunal de Contas, qual é o princípio contido na Lei de Responsabilidade Fiscal relacionado com os relatórios exigidos? Resposta: O caso concreto recorre à aplicação do princípio da transparência. Questão objetiva – O Tribunal de Contas a) auxilia o Legislativo na fiscalização da aplicação de subvenções e na apreciação de renúncia de receitas. b) é subordinado ao Poder Legislativo, ao qual auxilia no exercício do Controle Externo. c) integra o Poder Legislativo, por força de disposição constitucional. d) não integra nenhum dos Poderes, condição assegurada por cláusula pétrea constitucional. e) tem a titularidade do exercício do controle externo e suas decisões de que resultem multa ou imputação de débito tem a natureza de título executivo. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 30 §§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§ Data: 22.08.17 Aula 4 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – L.R.F. 1) História 2) Previsão constitucional (art. 163, I e art. 169 da CF/88) 3) Conceito 4) Princípios específicos da L.R.F. 5) Principais inovações com a L.R.F. Previsão Constitucional (art. 163, I e art. 169 da CF/88) Conceito É um código de conduta para os administradores que impõe limites para administrar com responsabilidade as finanças públicas, o qual deve prestar contas de quanto e como gastam os recursos públicos. Obs. A Lei de Responsabilidade Fiscal é uma norma de características mistas, considerando que dela provem princípios e regras em relação ao gasto público. Regras quanto às informações a serem fornecidas e princípios quanto aos objetivos e metas a serem alcançadas. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 163. Lei complementar disporá sobre: I - finanças públicas; Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 31 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA L.R.F. Princípio do Planejamento É um instrumento indispensável para racionalizar a ação do Estado em relação ao gasto público (art. 4º da LRF). Tudo na Administração Pública deve ser planejado. Princípio da Transparência O legislador, por meio da L.R.F., inovou ao estabelecer a transparência do gasto público, pois não basta a mera publicidade, é necessário a participação popular e a compreensão desta do gasto público (art. 48 da L.R.F.). Este princípio veio para mostrar para a sociedade de forma clara e simplificada os gastos públicos. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 4 o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2 o do art. 165 da Constituição e: I - disporá também sobre: a) equilíbrio entre receitas e despesas; b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9 o e no inciso II do § 1 o do art. 31; e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos; f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas; § 1 o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. § 1oA transparência será assegurada também mediante: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; e III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 32 Princípio da Responsabilidade Todos os atos da gestão pública e o próprio gestor estão sujeitos a sanções, caso venham a infringir a L.R.F. (Arts. 1º, 15, 16, 17, 21, 34, 35, 37, 39, 40 e 42) Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 1 o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda: Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Complementar. Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados: I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no §7 o do art. 150 da Constituição; II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação; III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes; IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços. Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais às seguintes: Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo, as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as condições estabelecidos pelo Senado Federal. Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 33 PRINCIPAIS INOVAÇÕES Obrigatoriedade de Arrecadação Tributária A partir da L.R.F., os entes federativos não podem livremente ficar inertes quanto a exigibilidade de suas receitas sem as devidas consequências de ordem financeira (art. 11, §U, L.R.F.). Isso está ligado ao Princípio da Não Afetação de Receita de Imposto, que impõe ao ente público a não afetar a arrecadação cuja consequência afetará a repartição de imposto. Limitação de Gastos com Pessoal (Art. 19, L.R.F.) Quando há preocupação com a coisa pública, por mais que uma lei ou decisão possa trazer beneficio individual, em detrimento da sociedade, não deve fazer. A lei de responsabilidade fiscal trouxe uma limitação de gastos com pessoal, ou seja, de toda receita liquida não poderá ultrapassar os percentuais previsto na lei. Limitação de Restos a Pagar (art. 42, L.R.F./art. 359-C do CP) Geralmente é no último ano do mandato do chefe do executivo que o gestor público resolve fazer obras. Isso porque: Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50% (cinquenta por cento); II - Estados: 60% (sessenta por cento); III - Municípios: 60% (sessenta por cento). Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 34 1º) é ano eleitoral; ou quer ser eleito ou quer prejudicar o outro candidato. 2º) para alcançar o seu objetivo ou prejudicar o outro candidato, realiza compras e assina contratos. Com isso gera contas a pagar maior que os recursos disponíveis. O candidato eleito fica administrando dívidas, porque há contas a pagar. Se ficou contas a pagar, por exemplo, de R$ 1.000.000,00; tem que haver no caixa a mesma quantidade de dinheiro no caixa. Obs. Nos últimos oito meses do mandato, os gestores públicos não poderão contrair obrigações de despesas que não possam ser quitadas no mesmo exercício ou que tenham parcelas a serem pagas no exercício seguinte, sem que haja disponibilidade de caixa. Proibição de Operações de Crédito do Ente Federativo com Instituição Financeira que seja o Titular (art. 36 da L.R.F.). Discussões doutrinárias divergentes à parte, a filosofia jurídica diz que a discussão será discutida de forma ou de essência ao caso concreto. Isso quer dizer que mesmo que não haja forma (documento) as práticas caracterizam o ato. Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos Criado por Alexandre Silva DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO I Professor Mastroiane Dias Universidade Estácio de Sá – Campus Duque de Caxias – 2017 Página 35 Os entes federativos titulares de bancos pegavam empréstimos em seus bancos e não pagava, isso gerava dívidas exorbitantes. A LRF extinguiu tais práticas. Se o ente federativo precisar de dinheiro, deve pegar dinheiro em outra instituição financeira que não seja de sua titularidade. Isso gerou a privatização de diversos bancos públicos, como Banerj, por exemplo, pois não havia mais interesse do ente federativo manter tais bancos. OPERAÇÕES DE CRÉDITO Conceito:“Entendemos que o crédito público seja o crédito que o particular tem com o ente público, onde este deverá restituir o empréstimo feito nas bases prometidas.” (Anderson Madeira). Obs. 1: Operações de crédito nada mais são do que empréstimos, onde o Estado faz com o particular ou com uma instituição, seja ela pública ou privada. (Ex. Estado do Rio de Janeiro faz operação de crédito com o BNDES/ o Estado faz operação de crédito com o particular, tal como na aquisição de títulos da dívida pública). Obs. 2: Qualquer ente federativo pode realizar operações de crédito desde que o povo, através de seu parlamento, autorize a realização. Natureza Jurídica: Sua natureza jurídica é de contrato de direito administrativo, decorrente do poder de império do Estado. §§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§§ Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – L.R.F. Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.
Compartilhar