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ANOMALIAS NÚMERICAS

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Anomalias 
Numéricas 
A base para a compreensão dessas variações está nos 
conhecimentos sobre o desempenho dos 
cromossomos durante a meiose. Nos organismos 
eucarióticos o material genético está armazenado no 
núcleo celular na forma de cromossomos. Esses por 
sua vez são nada mais que DNA (que pode estar 
compactado) mais proteínas (as quais auxiliam no 
armazenamento do DNA). Cada indivíduo possui um 
conjunto numérico de pares cromossômicos, no qual 
um dos cromossomos é herdado do pai e o outro da 
mãe. Dessa forma, cada espécie é caracterizada por 
uma quantidade de cromossomos característica, na 
espécie humana, por exemplo, a maioria das células do 
corpo possuem 46 cromossomos. Esse conjunto pode 
ser representado como: 2n=46, ou número diploide 
igual a 46. Para que cada indivíduo mantenha esse 
conjunto, os organismos reduzem essa quantidade 
para metade nas células reprodutivas, assim quando 
um espermatozoide e um óvulo sofram fusão, o 
número é restaurado. Apesar dessa manutenção do 
número diploide é possível observar variações entre 
indivíduos da mesma espécie e ate mesmo em um 
mesmo indivíduo. Essas variações podem ser 
geneticamente programadas, como exemplo: 
1- Em um grupo de células como espermatozoides 
e óvulos, onde o número diploide é reduzido; 
2- Entre indivíduos de diferentes sexos (abelhas e 
zangões); 
3- Ou em espécies que apresentem variações lna 
ploidia durante seu ciclo de vida, como por 
exemplo, as algas. 
 
As variações numéricas não programadas do cariótipo 
convencional podem ocasionar alterações no 
desenvolvimento dos indivíduos levando à necessidade 
de cuidados especiais para sua saúde. Ainda assim 
algumas espécies possuem tolerância a essas variações 
e suportam essas variações sem perdas aparente na 
sua saúde, o que é bem visível em diversas 
populações de ratos domésticos (Rattus rattus) 
espalhadas pelo mundo. Porém a espécie humana 
expressa diversas características associadas a essas 
variações. Existem inúmeras variações numéricas: 
haploidias, poliploidias, aneuploidias, disploidias, 
agmatoploidias: e cromossomos B. Porém, na espécie 
humana as mais reconhecidas são as aneuploidias dada 
sua importância clínica. As aneuploidias são assim 
denominadas por sua numeração ser um número 
múltiplo do cariótipo esperado, como é o caso de 
poliploides (n, 2n, 4n, 6n..). No caso de aneuploides um 
ou poucos cromossomos são perdidos ou ganhos. Um 
dos exemplos mais conhecidos é a trissomia do 
cromossomo 21, que é um caso onde o indivíduo 
apresenta três cromossomos pertencentes ao par 21, 
ao invés de apenas dois. 
As aneuploidias são resultado de problemas de 
segregação dos cromossomos de um mesmo par 
durante a meiose para os gametas. Como dito 
anteriormente, para manter o número cromossômico 
na espécie, os gametas recebem apenas metade do 
material genético para posterior fusão e restauração 
do número. Como no indivíduo adulto os 
cromossomos existem aos pares, estes se separam e 
cada gameta recebe um dos cromossomos de um par. 
Porém, há casos em que os cromossomos do par não 
se separam e são enviados para um dos gametas, 
resultando em parte dos gametas com um 
cromossomo a mais e outro com um a menos. Se 
houver fusão de um gameta com um par daquele 
cromossomo com outro com apenas um, o resultado 
será um indivíduo com três cromossomos do mesmo 
tipo. Se houver fusão de um gameta com um a 
menos com outro gameta com apenas um, o 
resultado será um indivíduo com um cromossomo 
daquele mesmo tipo. 
Existe uma grande variedade de Aneuploidias 
diagnosticadas na espécie humana, abaixo segue uma 
lista dos casos mais clássicos, com explicações sobre a 
variação cromossômica: 
a) Nulissomia: letal para seres humanos, nesse caso o 
indivíduo não terá ambos os elementos de um par 
cromossômico. 
b) Monossomia: Síndrome de Turner, caso onde o 
indivíduo possui apenas um cromossomo X. Os 
cromossomos sexuais são responsáveis pela 
determinação sexual; o indivíduo desenvolverá 
características sexuais masculinas quando tiver um 
cromossomo X e um Y pareados e apresentará 
características sexuais femininas quando portar um par 
de cromossomos X. Os indivíduos afetados por essa 
condição terão características sexuais pouco 
desenvolvidas, assim como deficiência hormonal e suas 
consequências. 
c) Trissomia: Talvez seja o caso da maioria das 
variações numéricas conhecidas. Nesse caso o indivíduo 
terá um cromossomo a mais de um par específico. 
Exemplos disso são a Síndrome de Down (trissomia do 
par 21); Síndrome de Klienefelter, indivíduo com dois 
cromossomos X e um Y (XXY), o indivíduo irá 
apresentar estatura elevada, testículos pouco 
desenvolvidos, mamas e esterilidade 
 
 
 
 
 
 
 
Cromossomos Sexuais 
Entre os cromossomos sexuais X e Y existem 
diferenças quanto a forma e ao tamanho (quantidade 
de genes). 
Levando-se em conta apenas a quantidade de genes 
que cada um comporta, pode-se dizer que: 
1- Os cromossomos X e Y apresentam regiões que 
são homólogas, isto é existe uma região no 
cromossomo X apresentando genes que 
possuem alelos na região correspondente de Y. 
Sendo assim, estes genes se transmitem como 
se fossem autossômicos (genes comuns). 
2- Os cromossomos X e Y apresentam regiões não 
homólogas, isto é, o cromossomo X tem uma 
região com genes que não têm alelos em 
correspondência em Y; o cromossomo Y, por sua 
vez, também tem genes sem alelo em X. 
Naturalmente, estes genes se comportam de 
maneira diferente por que: 
a) Os genes localizados na porção não homóloga 
de X, mesmo quando recessivos, expressam-
se nos machos, já que não possuem alelos em 
Y. Nas fêmeas, estes genes recessivos só 
produzirão seus efeitos fenotípicos quando em 
dose dupla. Estes genes são denominados 
ligados ao sexo.. 
b) os genes localizados na porção não homóloga de Y 
são observados apenas nos indivíduos do sexo 
masculino e denominam-se holândricos. 
2- Herança Ligada ao Sexo: É a herança ligada à 
porção não homóloga de X, ou seja, á região que 
apresenta os genes ligados ao sexo. Como 
exemplo deste caso: Daltonismo e Hemofilia. 
 
a) Daltonismo: É a anomalia que têm por característica 
a dificuldade para distinguir as cores vermelha e 
verde. A genealogia neste caso obedece ao 
seguinte quadro: 
GENÓTIPO FENÓTIPO 
XDXD Mulher normal 
XDXd Mulher normal portadora 
XdXd Mulher daltônica 
XDY Homem normal 
XdY Homem daltônico 
 
b) Hemofilia: os indivíduos afetados estão sujeitos a 
intensos sangramentos, devido a deficiência de 
certos componentes do sangue, responsáveis pela 
coagulação. A genealogia obedece ao seguinte 
código: 
 
GENÓTIPO FENÓTIPO 
XHXH Mulher normal 
 
 
 Herança Restrita ao Sexo: é a herança ligada à 
porção não homóloga de Y, ou seja, à região 
que apresenta os genes holândricos onde, só 
os machos são afeta dos. Exemplos: 
Hipertricose da Orelha, Ictiose. 
 Herança Parcialmente Ligada ao Sexo: é a 
herança ligada à porção homóloga de X e Y. 
Exemplos: cegueira total para as cores, 
epidermólise bolhosa. 
 Herança Influenciada Pelo Sexo: Caracteriza-se 
pela variação de dominância ou recessividade 
de um gene, em função do sexo do indivíduo. 
 
Um exemplo deste tipo de herança é a Calvície na 
espécie humana. Em presença de hormônios 
masculinos, o gene para a calvície se expressa 
melhor, funcionando como dominante. Na ausência 
destes hormônios, ele atua como recessivo. 
Portanto, a calvície se manifesta com caráter 
dominante no homem e, recessivo na mulher. 
Observe: 
 
 
 Herança Limitada Pelo Sexo:Caracteriza-se 
pela manifestação de um gene frente a um 
hormônio. Por exemplo, o gene responsável 
pela produção de barba ou pela musculatura 
desenvolvida está relacionado com o sexo 
masculino (devido aos hormônios masculinos). 
Por outro lado, os genes responsáveis pelo 
desenvolvimento dos seios só se manifestam 
em presença dos hormônios femininos. 
 
Técnicas de Fish 
O Fish (Fluorescent In Situ Hybridization) é o maior 
progresso da citogenética nos últimos anos. A técnica 
baseia-se na formação duplex, em condições bem 
definidas, entre um fragmento de ácido nucleico de 
fita simples modificado (sonda ou probe) e sua 
sequencia complementar (sequencia alvo) em um 
espécime biológico fixado. A sonda e os 
cromossomos (a partir da interfase ou metáfase) são 
desnaturados para permitir a hibridização.. As técnicas 
de FISH incluem três áreas: 
GENÓTIPO FENÓTIPO 
 CC Homem e Mulher Calvos 
 Cc Homem Calvo; Mulher Não-Calva 
 Cc Homem e Mulher Não-Calvos 
XHXh Mulher normal portadora 
X
h
X
h
 Mulher hemofílica 
XHY Homem normal 
XhY Homem hemofílico 
 Na onco-hematologia: identificação, rastreamento, 
e monitoramento de anormalidades 
cromossômicas em leucemia/câncer; 
 Na genética constitucional: diagnóstico de 
indivíduos portadores de síndromes genéticas 
específicas; 
 No diagnóstico pré-natal: detecção de aneuploidias 
cromossômicas. 
Nas doenças onco-hematológias a técnica de FISH 
desempenha um papel importante na identificação de 
rearranjos, e deleções cromossômicas muitas vezes 
invisíveis na citogenética convencional ou casos com 
clones pequenos, nos quais a anormalidade 
cromossômica não é identificada pelo cariótipo, mas 
diagnosticada por FISH. Preparações citogenéticas sem 
metáfases também podem ter a alteração revelada 
por essa técnica. A identificação dessas alterações 
cromossômicas desempenha um papel crucial na 
escolha de uma terapia direcionada. 
 
A Técnica FISH desenvolveu sondas capazes de 
detectar: 1-Sequências repetitivas, que se ligam ao 
centrômero de um cromossomo, incluindo DNA 
satélite alfa; 2- sondas de cromossomos inteiros, as 
quais se ligam a todo o comprimento de um 
cromossomo em particular; 3- segmentos de DNA de 
genes específicos ou regiões em um cromossomo 
que tenham sido previamente mapeados ou 
identificados. 
A sonda é marcada diretamente, mediante a 
incorporação de nucleotídeos fluorescentes, ou 
indiretamente, mediante a incorporação de 
nucleotídeos ligados a moléculas pequenas, como a 
biotina, digoxigenina, ou dinitrofenil, ao qual anticorpos 
fluorescentes podem ser posteriormente amarrados. 
 
 
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