Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA EIXO EMPENADO EM MÁQUINAS ROTATIVAS, MAIS UMA MANEIRA DE DETECÇÃO BRUNA AMÉRICO DO NASCIMENTO RECIFE 2016 2 BRUNA AMÉRICO DO NASCIMENTO EIXO EMPENADO EM MÁQUINAS ROTATIVAS, MAIS UMA MANEIRA DE DETECÇÃO. RECIFE 2016 Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao curso de graduação de Engenharia Mecânica do Centro Universitário Maurício de Nassau do Estado do Pernambuco, como pré- requisito para obtenção da nota da disciplina de Trabalho de Conclusão de curso, sob orientação do Professor Msc. Alfredo José Batista. 3 Dedico esta monografia a meu amigo Tarcísio Santos que muito me ensinou sobre análise de vibração, que sempre dedicou algumas horas do seu tempo para analisar problemas nas máquinas comigo. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele nada disso seria possível. Aos meus amigos de fábrica que muito me ensinaram. Aos meus pais pela paciência. Aos meus professores da Maurício de Nassau e aos que eu tive durante toda minha vida. Em especial ao professor Ricardo Góz que foi o grande motivador desse trabalho. À Professora Maria Clara e ao professor Alfredo Batista que muito me ajudaram no desenvolvimento desse trabalho. À coordenação do curso que também me ajudou a chegar até aqui na vida acadêmica na Maurício de Nassau. 5 RESUMO A análise de vibração é uma ferramenta cada vez mais utilizada na inspeção para monitoramento das condições de máquinas rotativas. Através desse recurso, existe a possibilidade de detecção de problemas mecânicos como desalinhamento, desbalanceamento, folgas, defeitos em engrenagens, falhas em rolamentos, entre outros. Com a detecção prévia dos problemas, o sistema de manutenção tem avançado no controle de custos no planejamento das paradas de manutenções, pois essa ferramenta viabiliza a redução de corretivas emergenciais, ou no caso de uma situação severa, a intervenção antes da quebra total de uma máquina rotativa. Tendo uma redução de 50 a 80% do custo de manutenção, de 50 a 80% de falha das máquinas e de 20 a 50% do estoque de sobressalentes. Contudo, a análise não é uma coisa fácil de realizar, requer muitas vezes estudo e prática em campo para que sejam diagnosticados os defeitos nos espectros de vibração. O aumento dos estudos das configurações mostradas nos espectros como frequências, harmônicas e sinais determinísticos, auxilia na análise mostrando claramente a situação das máquinas. O objetivo desse trabalho foi trazer mais um aspecto para análise que foi a percepção do comportamento da harmônica de quarta ordem e como sua configuração ajudou na identificação de eixo empenado nas máquinas rotativas avaliadas. Para isso, foram feitas medições com o coletor de vibração nas máquinas em campo e ajustes nas propriedades dos pontos de medição no software com as informações específicas dos equipamentos como rotação e frequências características. Após as análises dos espectros de vibração, foram realizadas as medições mecânicas e inspeção visual com as máquinas paradas para constatação do resultado que foi condizente com a análise. De acordo com o referencial teórico, percebe-se que ainda não existe de forma acessível um material de estudo que indique uma relação do aumento da amplitude da frequência de quarta ordem com empeno de eixo, assim, aponta-se a necessidade de estudos mais específicos sobre a configuração das harmônicas no espectro para detecção de defeitos em máquinas rotativas. Palavras Chave: quarta ordem; espectro; vibração; 6 ABSTRACT Vibration analysis is an useful tool in mechanical inspections used to monitor rotating machinery. It is possible to detect mechanical problems as misalignment, imbalance, looseness, defects in gears, bearing failures, among others before a shutdown. With this feature, the maintenance system has made progress in cost control and planning of maintenance stops, as this tool enables the reduction of unplanned maintenance, known by corrective maintenance, or in the case of a severe situation, schedule interventions before full breakdown. This tool reduces 50 to 80% of the maintenance cost, 50 to 80 % of failures on machines and 20 to 50 % of the warehouse costs with spare parts. However, the vibration analysis is not an easy tool to apply, requires study and practice in field to recognize the real situation of the machine on the vibration spectra. The increase in studies of the settings shown in the spectra as frequency, harmonics and deterministic signals, assists in the analysis clearly showing the status of machines. The aim of this work is to bring another aspect of vibration analysis, the perception of harmonic behavior on fourth order and how its configuration helped to identify bent shafts on rotating machines. For this, measurements were made with vibration collector on machines and adjustments to the measurement points of the properties in the software to the specific information equipment such as rotation and characteristic frequencies. After the analysis of the vibration spectra were carried out mechanical measurements and visual inspection during shutdowns to whether the result was consistent based on the analysis. According to the theoretical framework, it is noticed that there is not yet an affordably research which indicates a ratio of the increase in the amplitude of the fourth order frequency axis warping, so it is pointed out the need for more specific studies on the configuration of the harmonic spectrum to detect the issues on rotating machinery. Keywords: fourth order; spectrum; vibration; 7 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Gráfico de Custos X tipos de manutenção. 12 Figura 02 – Movimento Harmônico Simples. 15 Figura 03 – Espectro de Frequência típico. 17 Figura 04 – Esquema prático: utilidade da FFT. 17 Figura 05 – Sinal da vibração na FFT. 18 Figura 06 – Desbalanceamento estático, mancais em fase. 18 Figura 07 – Desbalanceamento dinâmico, mancais fora de fase. 19 Figura 08 – Desalinhamento angular. 19 Figura 09 – Espectro de vibração de um desalinhamento angular. 20 Figura 10 – Desalinhamento angular em vários estágios. 20 Figura 11 – Desalinhamento offset. 21 Figura 12 – Espectro de vibração de um desalinhamento offset. 22 Figura 13 – Disposição dos pontos de medição em uma máquina. 24 Figura 14 – Exemplo de pontos de ajuste para medição em uma máquina. 24 Figura 15 – Foto do Motor do ventilador Z3P05. 27 Figura 16 – Espectro de vibração de velocidade medido no ponto BV. 28 Figura 17 – Gráfico em cascata da medição no ponto BV. 29 Figura 18 – Representação do visor do alinhador. 30 Figura 19 – Foto do Redutor montado no acionamento do elevador 32 Figura 20 – Descrição dos itens do redutor do elevador Z2J01 33 Figura 21 – Foto da Transmissão por correntes e rodas dentadas. 33 Figura 22 – Espectro de vibração em velocidade no ponto HH. 33 Figura 23 – Gráfico em cascata da medição no ponto HH. 34 Figura 24 – Espectro de vibração medido no ponto HH; destaque para harmônicas. 34 Figura 25 –Roda dentada montada no eixo de saída do redutor. 35 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 9 2. OBJETIVOS 11 2.1. Objetivo Geral 11 2.2. Objetivos Específicos 11 3. REFERENCIAL TEÓRICO 12 3.1. Manutenção Preditiva 12 3.2. Harmônicas 15 3.3. Transformada Rápida de Fourier 17 3.4. Alguns diagnósticos de defeitos analisando Harmônicas 18 4. METODOLOGIA 23 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 27 5.1. Motor do ventilador Z3P05 27 5.2. Redutor do elevador de caçambas Z2J01 31 6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 ANEXO 01: NORMA ISO 2372 39 ANEXO 02: NORMA ISO 10816-3 40 ANEXO 03: GLOSSÁRIO DE TERMOS 41 ANEXO 04: TABELA DE INDICAÇÃO DE DEFEITOS 45 9 1. INTRODUÇÃO Com o desenvolvimento de novas ferramentas para monitoramento e controle de defeito dos equipamentos, a inspeção industrial se tornou uma das grandes vantagens para o melhor uso dos recursos e redução de custo. Baseada nesses critérios, a manutenção preditiva utiliza informações sobre as condições de operação atual dos equipamentos ou sistemas de forma a identificar o seu estado e agendar as atividades de manutenção necessárias. Os programas de gestão preditivos utilizam uma combinação de ferramentas, tais como análise de vibrações, termografia, ultrassom e tribologia, com o objetivo de monitorar os equipamentos, identificando os defeitos no momento que ocorrem até o devido reparo (SMITH E MOBLEY Apud FILHO, 2013). A análise de vibração dos equipamentos é um processo contínuo de desenvolvimento no qual o inspetor investiga os gráficos mostrados identificando as frequências características e os sinais que determinam os defeitos que podem levar às falhas do equipamento, acompanham a tendência do aumento de vibração e através de parâmetros pré-estabelecidos pelo fabricante ou segundo as normas ISO 2372 e ISO 10816-3, sinalizam o melhor momento de intervenção. Sendo um dos instrumentos mais adequados para o acompanhamento do estado das máquinas rotativas, o resultado de suas ações impacta diretamente na confiabilidade e na vida útil dos equipamentos. Por isso, o profissional que atua nessa área deve ser treinado para utilização adequada das ferramentas e possuir um perfil de análise crítico e investigativo para diagnosticar adequadamente os defeitos e predizer o melhor momento para intervenção; Vários problemas podem ser detectados com a análise de vibração, desde os mais simples como: desalinhamento, desbalanceamento, folgas e falhas nos rolamentos, como os mais complexos: falhas nas engrenagens, eixo empenado, cavitação em bombas, problemas em compressores, problemas elétricos nos motores, entre outros. Para isso é necessário o uso de softwares desenvolvidos para transcrição dos dados coletados e armazenados no coletor de vibração, transformando-os em dados legíveis para o analisador que por sua vez, deve conhecer os elementos que compõem a vibração das máquinas. Assim, o desenvolvimento de melhores práticas de leitura e identificação dos problemas através dos espectros considerando as harmônicas dos sinais determinísticos, suas variações, amplitudes e modulações é um caminho longo a ser percorrido de 10 pesquisas e observação em campo. O objetivo desse trabalho foi divulgar uma análise do comportamento da harmônica de quarta ordem da frequência de rotação no espectro e como ela pode indicar empeno de eixo em máquinas rotativas. Também com isso, incentivar mais pesquisas de modo que o espectro de vibração fique mais fácil de ser interpretado e que sejam identificados previamente os defeitos a fim de evitar paradas frequentes nos equipamentos para avaliação ou trocas desnecessárias. 11 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Demonstrar que eixo empenado também se detecta analisando a harmônica de quarta ordem no espectro de vibração. 2.2. Objetivos Específicos Descrever a importância da manutenção preditiva, em particular, a análise de vibração para preservação das máquinas e aumento da produtividade. Discutir sobre os elementos da análise de vibração para detecção de defeitos; Analisar o comportamento da Harmônica de quarta ordem no espectro de vibração e como ela pode indicar eixo empenado em uma máquina rotativa. 12 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Manutenção Preditiva O controle e preveção de falhas dos equipamentos passou a fazer parte das atividades do setor de manutenção, trazendo bons resultados e aumento da confiabilidade e disponibilidade das máquinas, repercutindo na diminuição dos custos de manutenção e aumentando a produtividade das empresas. Com os equipamentos trabalhando bem, os riscos à segurança e saúde dos colaboradores, e ao meio ambiente, diminuíram. Mesmo com a melhoria nos custos gerados por uma manutenção preventiva, as interrupções no funcionamento das máquinas tiveram impacto negativo na produtividade, aumentando o custo dos produtos. Com as pesquisas científicas para desenvolvimento de máquinas e produtos e o avanço tecnológico dos computadores a partir da década de 60, houve inovações que beneficiaram a manutenção com o controle, medição e análise de falhas, melhorando o tratamento de dados e disponibilizando novos instrumentos e equipamentos. A partir disso, novos instrumentos foram desenvolvidos e com eles critérios de previsão de falhas como análise de óleo e análise de vibração, equipes de inspetores treinados e focados no melhor aproveitamento dos recursos disponíveis, através de controles de tendências, estudos das avarias e uso de sistemas informatizados. Surge então, a Manutenção Preditiva e a área de Planejamento e Controle da Manutenção - PCM (FILHO, 2013). A preditiva é um tipo de manutenção que utilizando ferramentas específicas consegue coletar dados e através de uma análise e acompanhamento de tendências, consegue informar qual o melhor período para troca dos componentes de uma máquina, visando maior utilização com redução de custos, reduzindo a preventiva e principalmente as ações corretivas emergenciais (Figura 01). Figura 01- Gráfico de Custos X Tipo de Manutenção fonte: autoentusiastas TEMPO 13 Para Souza (2009) a manutenção preditiva é baseada nas informações de desgaste ou processos de degradação, indicando as condições reais de funcionamento dos equipamentos, prediz o tempo de vida útil dos componentes das máquinas para que este componente seja bem aproveitado dando o nome também de manutenção por condição. Embora o custo final da manutenção preditiva seja mais baixo, conforme mostrado na figura 01, esse tipo de manutenção apresenta ferramentas específicas para acompanhamento das máquinas, existe portanto, um custo incial para aquisição de aparelhos, instrumentos de medição e qualificação dos inspetores. Uma vez estabelecidos os parâmetros das medições das máquinas, estas devem ter um acompanhamento contínuo nas mesmas posições e dependendo do tipo e operação, nas mesmas condições de funcionamento: rotação, produção, etc. Com o aprimoramento do uso das ferramentas, a prática da preditiva evolui para a Engenharia de manutenção, esta por sua vez, tem a finalidade de eliminar problemas crônicos, problemas que requerem uma avaliação tecnológica, melhorar a gestão dos recursos, materiais e estoque estratégico, dar suporte a execução, elaborar planos de manutenção, fazer análise de falhas, manter documentação técnica e histórico dos equipamentos, auxiliar o setor de novos projetosna melhorias dos equipamentos, baseado em informações dos equipamentos ao longo de seu funcionamento na planta (KARDEC E NASCIF, Apud ARCO VERDE, 2001). Uma das ferramentas para acompanhamento de máquinas rotativas durante seu funcionamento é a coleta e análise de vibração. Nos últimos 70 anos houve um grande avanço no estudo das vibrações e tecnologias de softwares e equipamentos para coleta e análise. No começo os equipamentos eram capazes de captar apenas ondas de baixa frequência, depois a amplitude era a única forma de análise de vibrações, quanto maior a amplitude maior o defeito da máquina. Logo começaram a ser analisadas as frequências e descobriu-se que através delas não só era possível detectar que havia um defeito, como também a natureza deste, mas ainda os equipamentos eram complexos e necessitavam de um operador muito experiente. No final dos anos 60 muitas indústrias apresentavam problemas em suas máquinas com relação a eixos e mancais, através disso foram desenvolvidos estudos sobre esses defeitos, surgindo o monitoramento do deslocamento de eixos rotativos e a proteção através de medições de proximidade. Ainda assim, mesmo fornecendo grande quantidade de dados, só era possível determinar se a amplitude de vibração e se esta estava ou não dentro dos limites 14 permitidos de acordo com os índices de severidade, também as análises eram limitadas ao domínio do tempo, pois devido a sua complexidade, não eram analisados corretamente. E faltavam meios para analisar máquinas em alta rotação. Também no começo, os equipamentos eram grandes e pesados, o que dificultava a coleta em lugares apertados e de difícil acesso (como equipamentos montados em silos que o acesso era por escada tipo marinheiro). Foi apenas com a introdução da transformada rápida de Fourier (FFT) no final dos anos 70 que o tamanho e o peso dos coletores foram reduzidos e realizavam transferência do domínio do tempo para a frequência digital em um display integrado ao equipamento. Ainda assim, era necessário que o resultado fosse anotado imediatamente no papel. Já com o advento dos computadores modernos e o aumento do armazenamento de dados digitais, a possibilidade de salvar os dados coletados em campo para uma análise posterior, tornou mais fácil o trabalho do analista de vibração, melhorando o cenário do uso dessa ferramenta para a manutenção preditiva (MITCHEL Apud FILHO, 2013). Atualmente é possível fazer coleta de vibração usando um software instalado no celular e monitoramento online através de sensores instaldos em campos, acompanhados por programas supervisório das indústrias. As fontes de vibração podem ser identificadas pelo cálculo da frequência de vibração apresentada quando a máquina estiver funcionando com determinada rotação. A análise do espectro revela as frequências nas quais os níveis de vibração variam de forma significativa e estão relacionadas com fenômenos mecânicos característicos como desbalanceamento, desalinhamento, engrenamentos, folgas, etc (ALMEIDA, 2011). As máquinas rotativas possuem rotações que são especificadas em RPM (Rotações por minuto) pelo fabricante, para a análise de vibração, geralmente as rotações são transformadas em HZ (hertz - rotações por segundo) e a frequência portadora, que geralmente é a do acionamento, definirá as demais frequências dos componentes do equipamento. Exemplo: em um acionamento com motor e redutor, a frequência de engrenamento do eixo de entrada é a rotação do motor vezes o número de dentes do pinhão e assim sucessivamente, assim, se eu tenho um motor com 1800 RPM (rotações por minutos) que corresponde a 30HZ, vezes 23 dentes, tem-se uma frequência de engrenamento de 690 HZ. As unidades de medida vão depender do software de análise e do critério do analista. 15 A medição das vibrações consiste em transformar um sinal mecânico originado pelas vibrações da máquina em um sinal que possa ser medido por um sistema óptico, analógico ou digital. Para isso as variáveis mais utilizadas são três: deslocamento, velocidade e aceleração. Os sinais dinâmicos das máquinas se misturam ao ser coletada a vibração através do transdutor em um ponto específico, porém são facilmente separados por banda estreita ou filtragem digital através de recursos matemáticos, como os usados na transformada rápida de Fourier, comumente utilizada nos softwares de análise de vibração. (ALMEIDA, 2011). 3.2 Harmônicas A forma mais simples que a vibração se apresenta é através do movimento harmônico, a figura 02 abaixo ilustra um exemplo da geração deste movimento: Figura 02 –Movimento harmônico simples fonte: Halliday, vol. 2, 8ª edição As equações que ilustram esse movimento são descritas por x = Asenω t (1.1a) x = Asen(ω t +φ ) (1.1b) A forma do movimento harmônico é a mesma usando seno, cosseno ou uma soma de seno e cosseno com o mesmo argumento. A conseqüência disso é o deslocamento da função no tempo, repercutindo no valor de φ. (RAO, 2008). As principais características do movimento harmônico são (SILVA, 2006): 16 Amplitude - A - é o máximo valor atingido por x. A unidade utilizada é a mesma da variável x. Equação 1.1a.• Período - T - é o tempo que o movimento leva para se repetir, é representado geralmente por segundo. Frequência - f - é o número de repetições que ocorrem em uma determinada unidade de tempo. É definida como o inverso do período, f =1/T (1.2), normalmente medida em ciclos por segundo (Hertz - Hz). Outra unidade de frequência bastante comum em engenharia mecânica é a RPM (rotações por minuto) ou CPM (ciclos por minuto), frequentemente utilizada para medir velocidade de rotação em sistemas rotativos. Frequência angular - ω - é a velocidade angular com que um vetor de amplitude A gira (Fig. 1), de forma que suas projeções, horizontal e vertical são movimentos harmônicos. Está relacionada com a frequência f pela equação: • ω = 2πf, (1.3) Uma vez que um período de oscilação corresponde a uma volta completa do vetor o que equivale a um ângulo de 2π rad. É, portanto, medida em rad/seg. Ângulo de fase - φ - é o ângulo inicial do argumento da função senoidal que descreve o movimento harmônico. É normalmente representado em radianos. O ângulo de fase começa a se tornar importante quando se compara dois movimentos harmônicos não coincidentes no tempo. Ao se estabelecer um movimento como básico, uma escolha adequada do início da observação do movimento fará com que o ângulo de fase represente o quanto um movimento está adiantado ou atrasado em relação ao outro. O movimento harmônico é um movimento periódico, ou seja, que se repete em intervalo de tempos iguais, neste trabalho o sinal harmônico é objeto de estudo para identificação de defeitos nas máquinas rotativas. O software de vibração usa a FFT (transformada rápida de Fourier) para traduzir os sinais vibratórios para o analista. As funções harmônicas an cos nωt ou bn sen nωt na equação: Se x(t) é uma função periódica com período τ, sua representação por série de Fourier é dada por: (2.0) 17 ω= 2π/τ é a freqüência fundamental e a0, a1, a2, ... b0, b1, b2, ...são coeficientes constantes. Segundo a equação (2.0) qualquer função periódica pode ser representada como uma soma de funções harmônicas. As funções harmônicas an cos nωt ou bn sen nωt, são classificadas como harmônicas de ordem n da função periódica x(t). A harmônica de ordem n tem um período τ/n. Podem ser representadas como linhas verticais em um diagrama de amplitude (an e bn ou dn e ɸn) em relação à frequência (nω) denominadoespectro de frequência ou diagrama espectral (RAO, 2008), conforme mostrado na Figura 03. Figura 03 – Espectro de frequência típico Fonte: RAO, 2008. Pág. 28. 3.3 Transformada Rápida de Fourier Muito utilizada na transformação de sinais senoidais em sinais complexos, como também o inverso disso, a transformada de Fourier deve ser representada por uma série finita, uma vez que é impossível obter uma série infinita de pontos, ou seja,um sinal contínuo no tempo, o sinal era respresentado por um valor discreto e finito de modo a facilitar seu processamento por um computador e ainda assim levava muito tempo. Então, em 1965, Coley e Tukey reformularam a Transformada de Fourier através de um algoritmo que a implementa de forma rápida. Este método computacional ficou conhecido como Transformada Rápida de Fourier (Fast Fourier Transform – FFT). A FFT reduziu o tempo de processamento computacional, revolucionando o tratamento de sinais, possibilitando o uso de analisadores de sinais como os coletores de vibração (RANDALL Apud ARCO-VERDE, 2008). As figuras 04 e 05 mostram respectivamente o esquema de uma analisador de sinais e a representação do sinal na FFT. 18 Figura 04 – Esquema prático: utilidade da FFT Fonte: SILVA, 2006 pág. 52. Figura 05 – Sinal da vibração na FFT Fonte: SILVA, 2006 pág. 53. 3.4 Alguns diagnóstico de defeitos analisando Harmônicas 3.4.1 Desbalanceamento O desbalanceamento é causado geralmente por um desequilíbrio de massa, esse defeito no espectro é identificado pelo aumento da amplitude na frequência da rotação (1x RPM). A amplitude do sinal é proporcional à quantidade de desbalanceamento e ao quadrado da sua rotação (ALMEIDA, 2011). 19 Figura 06 – Desbalanceamento estático, mancais em fase Fonte: SILVA, 2006 pág. 60. Figura 07 – Desbalanceamento dinâmico, mancais fora de fase Fonte: SILVA, 2006 pág. 60. 3.4.2 Desalinhamento Segundo Almeida (2011) o desalinhamento é a diferença entre os centros dos eixos acoplados. Existem dois tipos de desalinhamento: o angular e o offset (paralelo), podendo também existir a combinação entre os dois. 20 a) Desalinhamento Angular Esse tipo de desalinhamento mesmo com acoplamentos flexíveis, cria forças, axiais e radiais, gerando vibrações axiais e radiais. A amplitude das forças e o nível de vibração gerado aumentam com o aumento do desalinhamento. Normalmente, a frequência de vibração é 1 x RPM do eixo; porém, quando o desalinhamento é severo, a frequência é de segunda ordem (2 x RPM) e muitas vezes também aparecem vibrações de terceira ordem (e altas ordens). As Figuras 08 e 09 ilustram o desalinhamento angular e a representação de seu espectro: Figura 08 – Desalinhamento angular Fonte: SILVA, 2006, pág.65 Figura 09 – Espectro de vibração de um desalinhamento angular Fonte: SILVA, 2006, pág.65 21 A Figura 10 a seguir ilustra o comportamento de um eixo desalinhado e fixado rigidamente em seu acoplamento. Figura 10 – Desalinhamento angular em vários estágios Fonte: SILVA, 2006, pág.67. b) Desalinhamento Offset O desalinhamento offset também conhecido como desalinhamento paralelo, ocorre nos equipamentos da forma ilustrada na figura 11, produzindo vibração radial em 2 x RPM da máquina. Outras vezes, devido aos vários pinos, encaixes (dentes) e parafusos de fixação do acoplamento, podem aparecer vibrações de altas ordens (4x ,5x, 6x, 7x e 8x). Este tipo de desalinhamento tem sintomas similares ao do desalinhamento angular, porém apresenta altas vibrações radiais e defasadas de 180° entre dois pontos através do acoplamento. Geralmente, o componente em 2 x RPM tem maior amplitude que o de 1 x RPM. A diferença entre os picos em 2x e 1x é ditada pelo tipo de acoplamento usado 22 e mobilidade do sistema de eixos. Quando os desalinhamentos angular e offset tornam- se severos, podem aparecer picos em altas frequências harmônicas de quarta ordem e oitava ordem (4x e 8x) ou mesmo uma série de altas frequências harmônicas. O tipo de acoplamento tem grande influência na forma do espectro de vibração resultante do desalinhamento. De acordo com as análises realizadas nas diagnoses de desalinhamento, Almeida (2011) também afirma que um eixo empenado age no sistema como um eixo desalinhado e suas vibrações características no espectro de vibração são de desalinhamento. Figura 11 – Desalinhamento offset Fonte: SILVA, 2006, pág.68. A Figura 12 mostra um espectro de vibração provocado por um desalinhamento offset ou paralelo. Figura 12 – Espectro de vibração do desalinhamento offset Fonte: SILVA, 2006, pág.69. 23 4. METODOLOGIA O estudo de caso presente neste trabalho foi realizado em uma fábrica de cimento localizada na cidade de Caaporã, região litoral sul da Paraíba. A medição dos equipamentos em campo foi realizada utilizando o aparelho para coleta SKF Microlog GX-70, acelerômetro modelo cmss2200, 100mV e programa para análise Aptitud Analist SKF para Microlog versão 6.2.0.8 2010. Os equipamentos que tiveram os problemas detectados através da análise de vibração e selecionados para este trabalho foram: O motor do ventilador – TAG (Identificação do equipamento) Z3P05 da moagem de cimento 3, responsável por fazer a tiragem do filtro de processo; O redutor do acionamento do elevador de caçambas – TAG Z2J01 da moagem de cimento 2, resposável pelo transporte de cimento do moinho para o separador. As medições foram realizadas seguindo o cronograma de inspeções mensais e trimestrais de coleta de vibração, os equipamentos estavam operando em regime permanente no momento da coleta. Além da análise de vibração, foram realizadas medições e verificações em campo com o equipamento parado. No ventilador Z3P05 foi feito a verificação do alinhamento com um alinhador a laser DU10 da Fistur Laser e a medição com um relógio comparador na ponta do eixo. No Elevador foi feita a desmontagem da carenagem da roda dentada localizada no eixo de saída do redutor para avaliação das condições do eixo e roda dentada. Nesse equipamento também foi realizada uma medição com o acionamento desacoplado do elevador para a constatação de que as frequências investigadas no acionamento fossem apenas do acionamento, não excitadas por alguma frequência dos componentes do elevador, como rolo motriz em funcionamento com a corrente das caçambas ou ruídos adversos. Os parâmetros de ajuste do programa Aptitud para os dois equipamentos foram: Janela Hanning, oitocentas (800) linhas, Detecção em RMS, cinco (5) médias e dados salvos em FFT - Transformada rápida de Fourier. (Ver Anexo 3) As medições foram realizadas nos mancais do motor conforme disposição mostrada na figura 13: 24 Figura 13 – Disposição dos pontos de medição Fonte: a autora. De acordo com a figura 13, a disposição de medição nos pontos são: A – Mancal , AH – Mancal A na posição horizontal; BV – Mancal B na posição Vertical, BA- Mancal B na posição axial. A mesma disposição serve para o redutor, apresentando a classificação sequente: CV, CH e assim por diante, conforme número de mancais. Para que seja feita a análise de vibração é necessário que seja feita previamente uma coleta de dados das máquinas, para isso, o sensor foi acoplado à máquina através de um imã ligadoa um coletor de dados que recebeu o sinal da vibração. Antes de ser realizada a medição no ponto, foi feito ajuste do coletor segundo informações descritas anteriormente. Com o objetivo prático de identificar os principais pontos, a figura 14 ilustra um exemplo de uma tela de ajuste dos parâmetros para facilitar a análise de vibração. Figura 14 – Exemplo de Pontos de ajuste para medição Fonte: software Aptitud Analist SKF 25 Principais pontos de ajuste ilustrados na figura 14. (maiores definições - ver Glossário no Anexo 3): 1- Fundo de Escala Define o valor do fundo da escala linear de corte para apresentação do espectro de vibração. 2- Entrada mV/EU É o valor de referência do sensor utilizado para coleta de vibração. 3- Detecção É o tipo de medida escolhida para a amplitude, neste caso RMS : média quadrática, a média das amplitudes em um período de tempo. 4- Salvar dados Identifica o tipo de espectro a ser mostrado, o FFT (transformada rápida de Fourier) é um algoritmo utilizado para produzir um espectro com frequências características. Existe também a opção Tempo que é utilizada para detecção de frequências naturais. 5- Frequência inicial Frequência de início da formação do espetro de vibração. Define um corte para que não sejam captados ruídos, além das frequências características. 6- Frequência Final Define a frequência que abrange todas as frequências que interessam do equipamento. Uma frequência final muito grande mascara os defeitos que aparecem nas frequências mais baixas 7- Linhas Se uma vibração complexa contém componentes de vibração que estão juntos, mais próximos que o espaçamento da linha em frequência, eles não serão separados. Estes componentes serão combinados com a mesma linha. Para que estes componentes próximos sejam separados, então o número de linhas deve ser aumentado, ou a 26 frequência máxima deve ser diminuída. Basicamente, também pode ser observado que uma resolução mais alta, automaticamente precisa de um tempo de análise mais longo. O tempo de aquisição é inversamente proporcional à resolução do espectro. Tempo de aquisição ou amostragem: T = número de linhas/Faixa de frequência. 8- Janela Hanning Janela que tem melhor resolução para mostrar espectros em frequência, é a mais utilizadas nas análises de vibração. 9- Velocidade É a velocidade em RPM do equipamento. 10- Médias É o número estabelecido pela média da quantidade de vezes que foi aquisitada uma amostra pelo coletor de dados. Um número grande de médias, aumenta o tempo de medição. Os dados coletados em campo foram descarregados em uma máquina com o software Aptitud Analist SKF para análise dos espectros. 27 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Motor do ventilador Z3P05 O motor ilustrado na figura 15 aciona um exaustor responsável pela tiragem de um filtro de processo da moagem de cimento 3. A sua velocidade é regulada através de um inversor de acordo com a produção do moinho de bolas do qual o filtro recebe os gases. No momento das medições, a rotação estava regulada para 1349 RPM (rotações por minuto). O quadro 01 abaixo mostra as informações do motor. Quadro 01 – Dados do motor do ventilador Z3P05 Fabricante: Kohlbach Modelo: 250 M Número de Série: 1087 Potência Nominal: 100 CV Potência Nominal: 74 KW Rotação Nominal: 1775 RPM Número de Polos: 04 Frequência: 60 HZ Fator de Serviço: 01 Fonte: Placa de identificação no equipamento Figura 15 – Motor do ventilador Z3P05 Fonte: a autora A figura 15 mostra o motor e como ele é acoplado ao ventilador, sua base e sua instalação na área. 28 Figura 16 – Espectro de vibração em velocidade medido no ponto BV Fonte: Aptitud Analist SKF, 2015 De acordo com a norma ISO 2372 (Anexo 01), o nível de vibração entre 4,5mm/s e 7,1mm/s é insatisfatório e segundo a figura 16, a amplitude de vibração neste ponto estava em torno de 6,4mm/s no momento da medição. O ponto BV indica o mancal lado acoplado do motor na posição vertical. A figura 17 abaixo se trata de um gráfico em cascata que mostra as medições ao longo do tempo, de setembro de 2013 a outubro de 2015. 29 Figura 17 – Gráfico em cascata da medição no ponto BV Fonte: Aptitud Analist SKF, 2015 Analisando o gráfico da figura 17, o eixo vertical trata-se da amplitude de vibração em velocidade mm/s, na horizontal a frequência em Hertz e no eixo axial, a data da medição. A rotação do motor estava em 1349 RPM, dividido por 60, temos 22,5HZ que corresponde 1X a rotação. Verifica-se que a medição realizada no dia 11/09/2013 destacou uma frequência de 90 HZ, que corresponde 4 X a frequência de rotação. Ao longo do tempo, as amplitudes das demais frequências foram aumentando, porém isso ocorre devido ao agravamento do defeito que provocou outros problemas na máquina, como folgas e desalinhamento mostrado no espectro da medição do dia 15/10/2015, na figura 16. Para investigação dos problemas detectados nessa máquina, foi solicitada uma parada e foram realizadas as medições com o AL (alinhador a laser), cuja representação do visor é ilustrada na figura 18 e um relógio comparador no acoplamento do eixo do motor. O Quadro 02 mostra os resultados obtidos em campo: 30 Quadro 02 – Medição do alinhamento do motor AL ALINHAMENTO POSIÇÃO HORIZONTAL VERTICAL Paralelo 0,16 0,22 Angular 0,24 0,10 Figura 18 – Representação da leitura no visor do alinhador Fonte: alinhador a laser DU10 Foi realizada na ponta do eixo uma medição com relógio comparador e a medição indicou um empeno de eixo de 0,11mm. Confirmando a indicação da análise. Com o ventilador desacoplado do motor foi realizada uma medição de vibração e foi constatado que a vibração do equipamento provinha do motor e não do ventilador. 31 5.2 Redutor do elevador de caçambas Z2J01 O eixo empenado neste caso está alocado na indicação 11 da figura 14 que corresponde ao eixo de saída. O redutor indicado faz parte do acionamento de um elevador de caçambas que é responsável por transportar o material produzido pelo moinho para um separador de finura de material de acordo com o processo de fabricação de cimento. O quadro 03 abaixo informa os dados do redutor e a figura 20 ilustra a sua posição no acionamento. Quadro 03- Dados do redutor Modelo: 2100Y2-K-25 Fabricante: FALK Potência: 175 CV Potência: 131 KW Fator de Serviço: 2,36 Rotação de Entrada: 1775 RPM Rotação de Saída: 68,4 RPM Fonte: Placa de identificação no equipamento Figura 19 – Redutor montado no acionamento do elevador Fonte: a autora. A figura 20 mostra o motor, o redutor e a caixa de transmissão que são responsáveis pelo acionamento do elevador de caçambas. 32 Figura 20 – Descrição dos itens do redutor do elevador Z2J01 Fonte: Catálogo de redutores do setor Industrial. Calculando a relação de transmissão com as informações da quantidade de dentes das engrenagens do redutor segundo a figura 19 e o valor da rotação do eixo de entrada, que corresponde à rotação fornecida pelo motor, é possível encontrar a frequência de rotação do eixo de saída, que é a aproximadamente 1,13HZ. Baseado nesse valor, foi analisado o comportamento das frequências nos espectros dasmedições realizadas no ponto H do redutor que corresponde ao mancal do eixo de saída, onde existe uma roda dentada de transmissão montada na ponta do eixo, conforme a figura 21. 33 Figura 21 – Transmissão por corrente e rodas dentadas Fonte: a autora. A figura 21 mostra o conjunto do acionamento do elevador de caçambas, temos um motor, um redutor e na ponta do eixo de saída do redutor mais uma redução por transmissão de engrenagens e correntes. A roda dentada maior é responsável pelo giro do eixo motriz do elevador. Figura 22 – Espectro de vibração em velocidade medido no ponto HH Fonte: Aptitud Analist SKF, 2015 34 Na figura 22 temos uma amplitude de 4,2mm/s na frequência 4,5 HZ que corresponde a harmônica de quarta ordem da frequência de rotação do eixo de saída do redutor. Segundo o gráfico em cascata na figura 23, existe uma tendência de aumento na amplitude dessa frequência, indicando o aumento da severidade do empeno de eixo. (Os dados demonstrados nesse gráfico são de 24/11/2014 à 21/08/2015). O ponto HH corresponde ao mancal do eixo de saída na posição horizontal. Figura 23 – Gráfico em cascata da medição no ponto HH Fonte: Aptitud Analist SKF, 2015 Adiante, o espectro de vibração da figura 24 mostra claramente o aumento da amplitude de 4X a rotação (quarta harmônica ou harmônica de quarta ordem) e com ela também a oitava harmônica (as duas em destaque indicadas pelas setas). Esse gráfico foi ampliado com o objetivo de demonstrar a presença de 4x e 8x que segundo Almeida, 2011, é a demonstração de um desalinhamento severo ou empeno de eixo. 35 Figura 24 – Espectro de vibração em velocidade medido no ponto HH, destaque para harmônicas Fonte: Aptitud Analist SKF, 2015 Foi solicitada uma parada para inspeção em campo e foi constatado o problema como mostra a figura 25. Figura 25 – Roda dentada montada no eixo de saída do redutor Fonte: a autora. Em funcionamento normal de uma roda dentada dupla a marcação de desgaste devido à passagem da corrente de transmissão seria em ambos os lados e no mesmo sentido, neste caso, o sentido de rotação. Na figura 21 temos a representação do conjunto, sendo o sentido de rotação horário. 36 Observando as setas na figura 25 é possível ver que existe um desgaste irregular em sentido oposto nas fileiras dos dentes. Tal marcação irregular é provocada pela rotação irregular do eixo gerada, neste caso, por um empeno. Diante dos resultados apresentados nesse trabalho é possível afirmar que de fato a presença de uma amplitude em destaque da quarta harmônica pode indicar eixo empenado em uma máquina rotativa, para isso, se deve levar em consideração as harmônicas sequentes e as amplitudes delas. Para Almeida (2011), um eixo empenado no sistema se comporta como um desalinhamento e suas frequências características também e que para desalinhamentos severos temos a presença de 4x e 8x a rotação. No caso do motor do ventilador Z3P05, temos a presença no espectro de várias harmônicas e um destaque maior para a quarta harmônica, já no caso do redutor do elevador, tivemos o destaque da quarta harmônica e na sequência o da oitava harmônica. Assim, fica evidente que deve ser de importância na análise de vibração a presença e o comportamento da harmônica de quarta ordem como indicação de eixo empenado e não apenas 1X a rotação como é comum nas literaturas em uso da qual temos um exemplo mostrado na tabela do anexo 04. 37 6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste Presente trabalho conseguiu-se demonstrar que o estudo das harmônicas podem revelar os defeitos existentes em máquinas rotativas, com citação em particular para o destaque da harmônica de quarta ordem (4x a rotação) como indicadora de eixo empenado. Esse resultado contesta as informações das tabelas existentes que apenas relatam genericamente o aumento da amplitude em 1x a rotação como indicação desse defeito. O termo genericamente se remete ao fato dessa frequência também expressar desbalanceamento, baixa rigidez e desalinhamento (em alguns casos). Evidenciou-se também o uso da análise de vibração, uma das ferramentas da preditiva, como eficiente e eficaz na detecção de defeitos em máquinas em regime permanente de funcionamento, bem como sua vantagem em relação à preventiva que para ser realizada, foi necessária a parada das máquinas e a utilização de recursos como materiais e mão de obra, na qual foram confirmados os defeitos detectados previamente. Assim, de acordo com os resultados apresentados nesse trabalho, propõe-se que seja incluída nas tabelas de referência como a especificada no anexo 04, cuja disposição das amplitudes das harmônicas demonstra seus defeitos associados, a informação da quarta harmônica (4x) como indicadora de empeno de eixo. E incentivar mais pesquisas sobre as harmônicas e os demais defeitos que podem ser identificados através da sua análise, facilitando cada vez mais a leitura dos espectros de vibração. 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M.T. & F.V., Análise de Vibração 1: Princípios de diagnóstico de falhas. Itajubá-MG, FUPAI, V.1, 225 páginas, 2011. ARCO VERDE, M. M., Identificação de falhas em sistemas rotativos empregando técnicas não lineares. Rio de Janeiro, CPPE/UFRJ, 124 páginas, 2008. FILHO, F.L., Manutenção por Análise de Vibrações: Uma Valiosa Ferramenta para Gestão de Ativos. Rio de Janeiro, CPPE/UFRJ, 48 páginas, 2013. HALLIDAY, D. & RESNICK, R., Gravitação, onda e termodinâmica. 8ª edição, Rio de Janeiro, Ed. LTC, V. 2, 2009. RAO, S. S., Vibrações Mecânicas. 4. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. SILVA, D. A., Diagnóstico de equipamentos de propulsão naval através de análise de vibração. Rio de Janeiro, CPPE/UFRJ, 135 páginas, 2006. SOUZA, V. C., Organização e Gerência da Manutenção – Planejamento, Programação e Controle da Manutenção. 3ª Ed, revisada. São Paulo: All Print, 2009. SKF, Curso de análise de vibração 1(capítulo 10). São Paulo, Centro de Conhecimento, 2009. SITES: http://www.artigonal.com/tecnologias-artigos/a-importancia-da-manutencao-preditiva- nas-empresas-para-reducao-de-custos-e-aumento-da-lucratividade-4627899.html http://www.autoentusiastas.com.br/2015/12/ferias-revisao-desleixado/ http://www.mundomecanico.com.br/wp-content/uploads/2011/09/An%C3%A1lise-de- Vibra%C3%A7%C3%B5es1.pdf http://www.mgstecnologia.com.br/noticias/admin/arquivos/MODELO%20RELATORI O%20BALANCEAMENTO.pdf 39 ANEXO 01 NORMA ISO 2372 Fonte: www.mgstecnologia.com.br 40 ANEXO 02 NORMA ISO 10816-3 Fonte: www.mundomecanico.com.br 41 ANEXO 03 GLOSSÁRIO DE TERMOS Aceleração - A taxa de tempo da alteração de velocidade. As medições de aceleração geralmente são feitas com acelerômetros. Acelerômetro - Um sensor cuja saída é diretamente proporcional à aceleração. Alinhamento - Uma condição por meio da qual os eixos dos componentes da máquina são coincidentes, paralelos ou perpendiculares, de acordo com os requisitos projetados. Amostragem Externa - Em um DSA, refere-se ao controle da amostragem de dados por um sinal de tacômetro multiplicado. Fornece uma exibição estacionária da vibração comalteração da rotação. Amplitude - A magnitude de movimento ou vibração dinâmicos. Expressa em termos de pico a pico, zero a pico ou RMS. Analisador de Espectro - Um instrumento que exibe o espectro de freqüência de um sinal de entrada. Análise do Sinal - Processo de extração de informações sobre o comportamento de um sinal no domínio de tempo e/ou domínio de frequência. Descreve o processo completo de filtragem, amostragem, digitalização, cálculo e exibição dos resultados em um formato expressivo. Axial - Na mesma direção que a linha central do eixo. Balanceamento - Um procedimento para ajuste da distribuição da massa radial de um rotor, para que a linha central da massa se aproxime da linha central geométrica do rotor. Campo - Um item de dados. Os exemplos de campos são Tipo de PONTO, Descrição, etc. Canal - Um sensor e o hardware de instrumentação e software relacionado, requeridos para exibir seu sinal de saída. Carregar - Transferir informações para os dispositivos de medição do computador central. Ciclo - Uma sequência completa de valores de uma quantidade periódica. CPM - Ciclos por minuto. CPS - Ciclos por segundo. Conhecido também como Hertz (Hz). 42 Defeito do Rolamento - Danos relativamente maiores em um elemento do rolamento. Desbalanceamento - Uma condição tal que a massa de um eixo e suas linhas centrais geométricas não coincidem. Deslocamento - A alteração na distância ou posição de um objeto em relação a uma referência. Domínio da Frequência - Um gráfico FFT (amplitude vs. frequência). Domínio de Tempo - Um gráfico de amplitude vs. tempo. Eixo - O plano de referência utilizado em rotinas de plotagens. O eixo X é o plano de frequência. O eixo Y é o plano de amplitude. Faixa de Frequência - A amplitude de frequência (largura de banda) sobre a qual uma medição é considerada válida. Geralmente refere-se ao limite superior da frequência, considerando zero como o limite inferior da análise. Fase - Uma medição da relação de tempo entre dois sinais, ou entre um evento específico de vibração e um pulso keyphasor. FFT - Veja Transformação Rápida de Fourier. Filtro - Um dispositivo eletrônico projetado para aprovar ou rejeitar uma faixa de frequência específica. Filtro de Passa Banda - Um filtro com uma única faixa de transmissão que se estende de frequências de corte inferiores para superiores. A largura da faixa é determinada pela separação de frequências nas quais a amplitude é atenuada em 3 dB (0.707). Forma de Onda - Uma apresentação ou exibição da amplitude instantânea de um sinal como uma função de tempo. Forma de Onda de Tempo - (Veja Forma de Onda.) Frequência - A taxa de repetição de um evento periódico, geralmente expressa em ciclos por segundo (Hz), ciclos por minuto (CPM), revoluções por minuto (RPM) ou múltiplos de velocidade de rotação (ordens). As ordens geralmente são conhecidas como 1X para velocidade de rotação, 2X para o dobro da velocidade de rotação e assim por diante. Frequência Central- Para um filtro passa banda, o centro da faixa de transmissão. Frequência Natural - A frequência de vibração livre de um sistema. A frequência na qual um sistema não amortecido provido de um único grau de liberdade oscilará quando do deslocamento momentâneo a partir de sua posição de repouso. Hertz - Ciclos por segundo. CPM/60. 43 Hierarquia - Um método de organização do equipamento em grupos lógicos ou áreas físicas para facilitar o acesso ao banco de dados do PRISM4. Esse formato consiste em SETs Principais, Sub-SETs, máquinas e pontos de medição. Janela Flat top - Função de janela DSA que fornece a melhor precisão de amplitude para a medição de componentes de frequência discretos. Janela Hanning - Função da janela DSA que proporciona melhor resolução de frequência que a janela plana, porém com uma precisão reduzida de amplitude. Largura de Banda - O espaçamento entre frequências no qual um filtro de passagem de faixa atenue o sinal por 3 dB. Linhas - Termo comum utilizado para descrever os filtros de uma DSA (p. ex. analisador de 400 linhas). Média - Em uma análise de sinais dinâmicos, a média digital de várias medições serve para melhorar a precisão estatística ou para reduzir o nível de componentes assíncronos aleatórios. Monitoramento de Condição - A determinação da condição de uma máquina através da interpretação de medições tomadas periódica ou continuamente, enquanto a máquina está sendo executada. PONTO - Define uma localização da máquina na qual os dados de medição são coletados e o tipo de medição. Ponto de Ajuste - (Veja ponto de ajuste do alarme.) Ponto de Ajuste do Alarme - Qualquer valor além do qual é considerado inaceitável ou perigoso para operação da máquina. Radial - Direção perpendicular à linha central do eixo. Referência de Fase - Um sinal utilizado em medições de maquinário rotativo, gerado por um sensor que observa um evento uma vez por revolução. Resposta de Fase - A diferença de fase (em graus) entre os sinais de entrada e de saída do filtro à medida que a frequência varia. RMS - A raiz média quadrática da soma de um conjunto de valores instantâneos ao quadrado. ROTA - Uma sequência de coleta de pontos de medição. Rotações Críticas - Em geral, qualquer velocidade de rotação associada a amplitude de alta vibração. Muitas vezes as velocidades do rotor que correspondem às frequências naturais do sistema. 44 Sensibilidade - A relação de magnitude de uma saída à magnitude de uma quantidade medida. Também o menor sinal de entrada para o qual um instrumento pode responder. Sensor - Um transdutor que detecta e converte um fenômeno físico para um sinal elétrico análogo. Sensor de Referência de Fase Keyphasor - Um sinal utilizado em medições de maquinário rotativo, gerado por um sensor que observa um evento uma vez por revolução. Tendência - A medição de uma variável vs. tempo. Fonte: SKF, 2003 cap.10. 45 ANEXO 04 TABELA DE INDICAÇÃO DE DEFEITOS Fonte: Ameilda, 2011, pág. 125
Compartilhar