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Gestão de Interferências ambientais: pressões x políticas 
 
A razão para conversar a biodiversidade depende do valor que damos às espécies individuais. Este 
valor surge de muitas considerações relativas ao nosso próprio interesse e envolvimento. Para muitas 
pessoas, a extinção levanta uma questão moral. Alguns tomam esta posição porque, se a espécie 
humana afeta toda a natureza, é nossa responsabilidade moral proteger a natureza. Se a moralidade 
origina-se de uma lei natural – isto é, se a moralidade é intrínseca à vida propriamente dita -, então 
podemos presumir que os direitos dos indivíduos e espécies não-humanos são tão legítimos quanto os 
dos indivíduos da sociedade humana (Almeida, 2006). 
 
Ainda segundo o mesmo autor, naturalmente, a nenhuma espécie é garantido o direito à existência 
perpétua, assim como a nenhum humano é garantido o direito à imortalidade. Mas a extinção através da 
irrestrita caça, poluição e destruição de habitat, e disseminação irresponsável de doenças pode ser 
análoga ao assassinato, à carnificina, ao genocídio e outras infrações aos direitos humanos individuais. 
 
Os processos de gestão ambiental tanto nas cidades como no meio rural guardam uma estrita relação 
com as reais possibilidades de se promover o melhoramento do ambiente e das condições de vida da 
população, nos mais diversos locais em que se desenvolvem as atividades. Do mesmo modo, vinculam-
se diretamente às opções de proteção da natureza e de avanço para uma mais profunda compreensão 
dos nexos indissolúveis existentes entre a sociedade e seu entorno natural e as enormes repercussões 
das ações sociais sobre o Planeta (Funiber, 2009). 
 
A expressão gestão ambiental é sem dúvida muito geral, já que pode fazer referência a toda ação 
humana exercida sobre o ambiente, realizada em diversas esferas sociais, tanto nas atividades de 
caráter produtivo como social ou cultural. Além disso, o campo da gestão ambiental é muito extenso. 
Essa extensão se explica porque o tema meio ambiente precisa ser entendido em sua complexidade 
como um conjunto de fatores que constituem o todo. Acontece que a extensão dos problemas costuma 
não ser conhecida como decorrência das diversas facetas que compõem as questões ambientais como 
se fossem compartimentos independentes cuja importância e emergência dependem do problema a ser 
resolvido (Philippi Jr & Bruna, 2009). 
Conforme esses autores, ocorre que em certas comunidades, é dada prioridade para alguns desses 
compartimentos por parte dos respectivos poderes públicos. Como exemplo, a preocupação mundial 
com o clima, por causa do chamado efeito estufa, está associada à emissão de gases, em especial o 
dióxido de carbono, que advém da queima de combustíveis fósseis. Esse efeito leva a um aquecimento 
global produzido pelo uso de tecnologias associadas a comportamentos e necessidades sociais 
relacionados a um estilo de vida ainda altamente dependente do consumo energético baseado na 
combustão. A busca de soluções para esse sério problema passa necessariamente pela revisão de 
modelos de desenvolvimento abrangendo questões tecnológicas, industriais, econômicas, culturais, 
entre outras, todas associadas ao estilo de vida predatório das sociedades atuais. 
 
Para Philippi Júnior e Bruna (2009), em termos práticos, os poderes públicos estão diante de 
necessidades imediatas. Por exemplo, prover o abastecimento de água potável à população torna-se 
dispendioso, pois em muitos casos já não se dispõe de água com qualidade. A principal fonte de 
poluição dessas águas são os dejetos humanos e demais rejeitos da comunidade que, por vezes, 
poluem mais do que as indústrias, ainda que a população não se tenha dado conta desse fato. 
 
O mesmo acontece na esfera do governo quando se focaliza certa legislação e suas diretrizes, 
regulamentos e formas de controle; muitas vezes esse almejado controle não é obtido. A lei induziu a 
geração de efeitos contrários aos seus objetivos, como exemplo, temos a Lei de Proteção dos 
Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo (1975), que por ser muito restritiva, acabou 
contribuindo para formas de ocupação ilegal, organizadas por grupos da sociedade. Essa urbanização 
perversa, como pressão ambiental, é hoje uma das maiores responsáveis pela poluição das represas 
Guarapiranga e Billings, devido ao lançamento de esgotos domésticos e de lixo em córregos nas 
vertentes dos reservatórios ou mesmo nas próprias represas (Philippi Jr & Bruna, 2009).

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