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1 Materiais de Construção Civil Aula 4: Aglomerante: Cimento Portland Profª. Drª. Ana Paula Moreno Trigo Prof. Me. Domício Moreira da Silva Júnior CAPÍTULO 4- AGLOMERANTES 4.1- Introdução Aglomerante é o material ativo, ligante, em geral pulverulento, cuja principal função é formar uma pasta que promove a união entre os grãos do agregado. São utilizados na obtenção das argamassas e concretos, na forma da própria pasta e também na confecção de natas. As pastas são, portanto, misturas de aglomerante com água. São pouco usadas devido aos efeitos secundários causados pela retração. Podem ser utilizadas nos rejuntamentos de azulejos e ladrilhos. As natas são pastas preparadas com excesso de água. As natas de cal são utilizadas em pintura e as de cimento são usadas sobre argamassas para obtenção de superfícies lisas. AGLOMERANTES Os aglomerantes são classificados como: ü Poliméricos: são os aglomerantes que tem reação devido a polimerização de uma matriz. ü Aéreos: são os aglomerantes que endurecem pela ação química do CO2 no ar, como por exemplo a cal aérea. ü Hidráulicos: são aglomerantes que endurecem pela ação exclusiva de água como por exemplo o cal hidráulico e o cimento Portland. Este fenômeno recebe o nome de hidratação. AGLOMERANTES Nosso foco 4.2- Conceito de pega Pega é a perda de fluidez da pasta. Ao se adicionar água a um aglomerante hidráulico, depois de certo tempo, começam a ocorrer reações químicas de hidratação, que dão origem à formação de compostos, que aos poucos, vão fazendo com que a pasta perca sua fluidez, até que deixe de ser deformável para pequenas cargas e se torne rígida. Simplificando bastante este conceito, pega nada mais é do que o endurecimento da pasta em função das reações químicas de hidratação. AGLOMERANTES ü Início de pega: é o período inicial de solidificação da pasta. É contado a partir do lançamento da água no aglomerante, até ao início das reações químicas com os compostos do aglomerante. Esse fenômeno é caracterizado pelo aumento brusco da viscosidade e pela elevação da temperatura da pasta (reações exotérmicas). ü Fim de pega: é quando a pasta se solidifica completamente, não significando, entretanto, que ela tenha adquirido toda sua resistência, o que ocorre somente após um longo período de tempo. Para os concretos produzidos com os cimentos usuais, o tempo médio para obtenção da máxima resistência é de 28 dias, muito embora, passados os 28 dias ele ainda continue ganhando resistência, mas de forma bastante lenta. AGLOMERANTES A determinação dos tempos de início de e de fim de pega do aglomerante é importante, pois através deles pode-se ter ideia do tempo disponível para trabalhar, transportar, lançar e adensar argamassas e concretos, regá-los para execução da cura, bem como transitar sobre as peças prontas. 4.3- Tipos de aglomerantes Estudaremos neste primeiro momento: ü Cimento Portland; ü Cal; ü Gesso. AGLOMERANTES 2 Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland - ABCP (http://www.abcp.org.br) Cimento Portland O cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob ação da água. Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido à ação da água, o cimento Portland não se decompõe mais. Breve histórico do cimento Portland (Segundo Battagin) A palavra CIMENTO é originada do latim CAEMENTU, que designava na velha Roma espécie de pedra natural de rochedos e não esquadrejada. A origem do cimento remonta há cerca de 4.500 anos. Os imponentes monumentos do Egito antigo já utilizavam uma liga constituída por uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem vulcânica da ilha grega de Santorino ou das proximidades da cidade italiana de Pozzuoli, que possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água. O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756 pelo inglês John Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de Smeaton, pela mistura de componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor do cimento artificial. Breve histórico do cimento Portland (Segundo Battagin) Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland. O material, conhecido dos antigos egípcios, ganhou o nome atual no século XIX graças à semelhança com as rochas da ilha britânica de Portland. Breve histórico do cimento Portland (Segundo Battagin) Breve histórico do cimento Portland (Segundo Battagin) Recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland. Leitura complementar: Experiência brasileira na história do cimento Portland (http://www.abcp.org.br/conteudo/basico-sobre- cimento/historia/uma-breve-historia-do-cimento- portland#.U0vhGvldWoM) Breve histórico do cimento Portland (Segundo Battagin) 4 Isso possibilitou adicionar a escória de alto-forno à moagem do clínquer com gesso, e obter um cimento que apresenta melhoria de algumas propriedades, como maior durabilidade e maior resistência final. Os materiais pozolânicos são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas encontradas na natureza, certos tipos de argilas queimadas em elevadas temperaturas (550oC a 900oC) e derivados da queima de carvão mineral nas usinas termelétricas, entre outros. Composição Também passam a apresentar a propriedade de ligante hidráulico em presença de outro material. O clínquer é justamente um desses materiais, pois no processo de hidratação libera hidróxido de cálcio (cal) que reage com a pozolana. Outros materiais pozolânicos têm sido estudados, tais como as cinzas resultantes da queima de cascas de arroz e a sílica ativa, um pó finíssimo que sai das chaminés das fundições de ferro-silício. Composição Os materiais carbonáticos são rochas moídas, que apresentam carbonato de cálcio em sua constituição tais como o próprio calcário. Tal adição serve também para tornar os concretos e as argamassas mais trabalháveis, porque os grãos ou partículas desses materiais moídos têm dimensões adequadas para se alojar entre os grãos ou partículas dos demais componentes do cimento, funcionando como um verdadeiro lubrificante. Quando presentes no cimento são conhecidos como fíler calcário. Composição 5 6 AGLOMERANTES Jazida a céu aberto Jazida subterrânea 7 AGLOMERANTES Matérias primas AGLOMERANTES Desmonte de rochas calcárias com auxílio de explosivos AGLOMERANTES Transporte dos materiais AGLOMERANTES Calcário antes de ser britado AGLOMERANTES Na britagem, o calcário é reduzido a dimensões adequadas ao processamento industrial AGLOMERANTES Moagem do calcário 8 AGLOMERANTES Mistura da farinha crua (calcário + argila) AGLOMERANTES Moinhos de rolo Forno de clinquerização Moinho de bola AGLOMERANTES Clínquer Interior do forno AGLOMERANTES Resfriador de grelhas 1450oC 80oC RESFRIADOR INDUSTRIAL AGLOMERANTES Clínquer Portland AGLOMERANTES + + = + = COMPOSIÇÃO DO CIMENTO PORTLAND 9 AGLOMERANTES Silos de Estocagem do cimento AGLOMERANTES Ensacamento e transporte a granel ADIÇÕES NO CIMENTO PORTLAND Conforme o tipo do cimento, poderão ser acrescentados no processo de moagem, outros materiais, diferentes dosapresentados anteriormente, conhecidos por “ADIÇÕES”, que melhoram algumas qualidades do cimento. Estas adições podem ser, por exemplo, escória de alto forno, materiais pozolânicos e fíler. AGLOMERANTES ü Escória de alto forno: As escórias de alto-forno são obtidas durante a produção de ferro-gusa nas indústrias siderúrgicas e se assemelham aos grãos d e areia. AGLOMERANTES A adição da escória de alto forno ao cimento melhora algumas propriedades, tais como maior durabilidade e maior resistência final. Contudo, as reações de hidratação das escórias são tão lentas que limitariam sua aplicação prática se agentes ativadores, químicos e físicos, não acelerassem o processo de hidratação. A cal liberada durante a hidratação do clínquer é o principal ativador químico da escória quando esta é adicionada ao cimento, ao passo que a ativação física é conseguida pelo aumento da finura quando a escória é moída separada ou conjuntamente com o clínquer. AGLOMERANTES ü Materiais pozolânicos (NBR 11.172) São materiais silicosos ou sílico-aluminosos que possuem pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas que, quando finamente moídos e na presença de água, formando compostos com propriedades hidráulicas. AGLOMERANTES 10 A pozolana é a cinza resultante da combustão do carvão mineral utilizado em usinas termoelétricas. A adição de pozolana propicia ao cimento maior resistência a meios agressivos como esgotos, água do mar, solos sulfurosos e a agregados reativos. Diminui também o calor de hidratação, permeabilidade, segregação de agregados e proporciona maior trabalhabilidade e estabilidade de volume, tornando o cimento pozolânico adequado a aplicações que exijam baixo calor de hidratação. AGLOMERANTES ü Fíler Calcário: É um material, derivado de rochas calcárias/basálticas, finamente moído, com aproximadamente a mesma finura do cimento Portland, que devido as suas propriedades físicas, melhora algumas propriedades do concreto, tais como trabalhabilidade, densidade, permeabilidade, capilaridade e tendência à fissuração AGLOMERANTES CP II-Z ou CP IV Clínquer Gesso + CP II-E ou CP III + CP II-F CP I ou CP V Filer Escória Pozolana AGLOMERANTES RAZÕES PARA O USO DAS ADIÇÕES ü Técnicas Melhoria de propriedades específicas ü Econômicas Diminuição do consumo energético e preservação das jazidas ü Ecológicas Aproveitamento de resíduos poluidores na fabricação do clínquer. AGLOMERANTES USO DE ADIÇÕES : RAZÕES TÉCNICAS Aumento da impermeabilidade Diminuição da porosidade capilar Maior resistência a sulfatos Redução do calor de hidratação Inibição da reação álcali-agregado AGLOMERANTES MAIOR DURABILIDADEMAIOR DURABILIDADE INFORMAÇÕES CONSTANTES NA EMBALAGEM DO CIMENTO AGLOMERANTES Frente 11 INFORMAÇÕES CONSTANTES NA EMBALAGEM DO CIMENTO AGLOMERANTES Verso TIPOS DE CIMENTO E NORMALIZAÇÃO 1991 20091982 CPC, AF e POZ CP I, CP II, CPIII, CP IV e CP V AGLOMERANTES Tipos de cimento O mercado nacional dispõe de 8 tipos, que atendem com igual desempenho aos mais variados tipos de obras. O cimento Portland comum (CP I) é referência, por suas características e propriedades. Esses tipos se diferenciam de acordo com a proporção de clínquer e sulfatos de cálcio, material carbonático e de adições, tais como escórias, pozolanas e calcário, acrescentadas no processo de moagem. Podem diferir também em função de propriedades intrínsecas, como alta resistência inicial, a cor branca, etc. Classes de Resistências São definidos por suas classes para efeito de verificação de conformidade de resistência conforme tabela 12 Teores das Adições Cada tipo de cimento apresenta faixa de valores para os teores das respectivas adições. Normas específicas: www.abnt.org.br Especificações dos cimentos Descrição dos tipos de Cimento Portland: - Cimento Portland Comum e Composto (CP I e CP II) O primeiro cimento portland lançado no mercado brasileiro foi o conhecido CP, correspondendo atualmente ao CP I, um tipo de cimento portland comum sem quaisquer adições além do gesso (utilizado como retardador da pega). AGLOMERANTES Ele acabou sendo considerado na maioria das aplicações usuais como termo de referência para comparação com as características e propriedades dos tipos de cimento posteriormente aparecidos. Foi a partir do amplo domínio científico e tecnológico sobre o Cimento Portland comum que se pôde desenvolver outros tipos de cimento, com o objetivo inicial de atender a casos especiais. A partir dos bons resultados dessas conquistas, surgiu no mercado brasileiro, em 1991, um novo tipo de cimento, o cimento portland composto, cuja composição é intermediária entre os CP comuns e os CP com adições (alto-forno e pozolânico), estes últimos já disponíveis há algumas décadas. A tabela a seguir apresenta a composição dos CP comuns e compostos. AGLOMERANTES AGLOMERANTES Composição dos cimentos portland comuns e compostos Atualmente os CP compostos são os mais encontrados no mercado, aproximadamente 75% da produção brasileira; são utilizados na maioria das aplicações usuais, veja o quadro de consumos a seguir: AGLOMERANTES Consumo dos diferentes tipos de cimento 13 - Cimento Portland de Alto Forno e Pozolânicos (CP III e CP IV) A adição de escória e materiais pozolânicos modifica a microestrutura do concreto, diminuindo a permeabilidade, a difusibilidade iônica e a porosidade capilar, aumentando a estabilidade e a durabilidade do concreto. AGLOMERANTES CP III (adição de escória de alto forno) CP IV (adição de pozolanas) Tais fatores repercutem diretamente no comportamento do concreto, melhorando seu desempenho ante a ação de sulfatos e da reação álcali-agregado. Outras propriedades são também alteradas, incluindo a diminuição do calor de hidratação, o aumento da resistência à compressão em idades avançadas, a melhor trabalhabilidade e outros. Dado o fato de que as escórias de alto-forno e os materiais pozolânicos terem menor velocidade de hidratação em relação ao clínquer, os cimentos com estas adições podem apresentar, em igualdade de condições, menor desenvolvimento inicial de resistência. AGLOMERANTES Entretanto, na prática, verifica-se que as resistências efetivamente alcançadas em todas as idades superam os limites mínimos estabelecidos pelas normas técnicas da ABNT, que especificam os valores necessários às aplicações mais usuais A tabela a seguir apresenta a composição desses tipos de cimento normalizados no Brasil. AGLOMERANTES - Cimento Portland ARI (Alta Resistência Inicial) – CP V O cimento portland d e alta resistência inicial (CP V-ARI) embora contemplado pela ABNT como norma separada do cimento portland comum, é na verdade um tipo particular deste, que tem a peculiaridade de atingir elevadas resistências já nos primeiros dias da aplicação. AGLOMERANTES CP V ARI Comum CP V ARI RS O desenvolvimento da alta resistência inicial é conseguido pela utilização de uma dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer, bem como pela moagem mais fina do cimento, de modo que, ao reagir com a água, ele adquira elevadas resistências, com maior velocidade. A tabela a seguir apresenta a composição desse tipo de cimento: AGLOMERANTES ESPECIFICAÇÕES NORMATIVAS - RESUMO Cimento Portland Sigla Classe Clinquer + Gesso Escória (E) Pozolana (Z) Filer (F) Comum CP I 25 32 40 100 % 0 CP I-S 25 32 40 99-95 1-5 Composto CP II-E 25 32 40 94-56 6-34 0 0-10 CP II-Z 25 32 40 94-76 0 6-14 0-10 CP II-F 25 32 40 94-90 0 0 6-10 AGLOMERANTES 14 CONTINUAÇÃO… Cimento Portland Sigla Classe Clinquer + Gesso Escória (E) Pozolana (Z) Fíler (F) Alto Forno CP III 25 32 40 65-25 35-700 0-5 Pozolânico CP IV 25 32 85-45 0 15-50 0-5 ARI CP V --- 100-95 0 0 0-5 AGLOMERANTES A figura abaixo apresenta a evolução média de resistência à compressão dos distintos tipos de cimento portland (fonte: ABCP, 1996) AGLOMERANTES As curvas apresentadas, podem ser resumidas na tabela abaixo (Moniz-IME): AGLOMERANTES Cimentos Portland Especiais: - Cimento Portland Resistêntes aos Sulfatos (CP RS) Têm a propriedade de oferecer resistência aos meios agressivos sulfatados, tais como os encontrados nas redes de esgotos de águas servidas ou industriais, na água do mar e em alguns tipos de solos. De acordo com a norma NBR 5737, quaisquer um dos cinco tipos básicos (CP I, CP II, CP lII, CP IV e CP V-ARI) podem ser considerados resistentes aos sulfatos, desde que obedeçam a pelo menos uma das seguintes condições: AGLOMERANTES ü teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas (filer) de, no máximo, 8% e 5% em massa, respectivamente. ü cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de alto-forno, em massa. ü cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico, em massa. ü cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos. AGLOMERANTES Exemplo de material/obra utilizando cimento do tipo RS a) Fábrica de tubos RP Tubos (Ribeirão Preto) b) Emissário final – ETE Votuporanga AGLOMERANTES (a) (b) 15 - Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação O aumento da temperatura no interior de grandes estruturas de concreto devido ao calor desenvolvido durante a hidratação do cimento pode levar ao aparecimento de fissuras de origem térmica, que podem ser evitadas se forem usados cimentos com taxas lentas de evolução de calor, os chamados cimentos portland d e baixo calor d e hidratação. AGLOMERANTES AGLOMERANTES Grandes concretagens como de usinas hidrelétricas exigem controle do calor de hidratação, para evitar fissuras térmicas. - Cimento Portland Branco O cimento portland branco é um tipo de cimento que se diferencia dos demais pela coloração. A cor branca é conseguida a partir de matérias primas com baixos teores de óxidos de ferro e manganês e por condições especiais durante a fabricação, especialmente com relação ao resfriamento e à moagem do produto. AGLOMERANTES Exemplo de aplicação do cimento portland branco estrutural AGLOMERANTES No Brasil o cimento portland branco é regulamentado pela norma NBR 12989, sendo classificado em dois subtipos: CPB estrutural e cimento CPB não estrutural, cujas composições são mostradas na tabela abaixo: AGLOMERANTES O CPB estrutural é aplicado em concretos brancos para fins arquitetônicos, possuindo as classes de resistência 25, 32 e 40, similares às dos outros tipos de cimento. Já o cimento portland branco não estrutural não tem indicação de classe e é aplicado, por exemplo, no rejuntamento de azulejos e na fabricação de ladrilhos, isto é, em aplicações não estruturais, sendo esse aspecto ressaltado na sacaria para evitar uso indevido por parte do consumidor. AGLOMERANTES 16 - Cimento para Poços Petrolíferos Constitui um tipo de cimento portland de aplicação bastante específica, qual seja a cimentação de poços petrolíferos. O consumo desse tipo de cimento é pouco expressivo quando comparado ao dos outros tipos de cimentos normalizados no País. O cimento para poços petrolíferos (CPP) é regulamentado pela NBR 9831 e na sua composição não se observam outros componentes além do clínquer e do gesso para retardar o tempo de pega. AGLOMERANTES No processo de fabricação do cimento para poços petrolíferos são tomadas precauções para garantir que o produto conserve as propriedades reológicas (plasticidade) necessárias nas condições de pressão e temperatura elevadas presentes a grandes profundidades, durante a aplicação nos poços petrolíferos. ü INFLUÊNCIA DOS TIPOS DE CIMENTO NAS ARGAMASSAS E CONCRETOS A tabela a seguir demonstra, de forma simplificada, como os diversos tipos de cimento agem sobre as argamassas e concretos de função estrutural com eles constituídos. AGLOMERANTES Influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos (ABCP, 2002) AGLOMERANTES As influências assinaladas na tabela anterior são relativas, podendo-se ampliar ou reduzir o seu efeito sobre as argamassas e concretos, através do aumento e diminuição da quantidade de seus componentes, sobretudo a água e o cimento. As características dos demais componentes também podem alterar a dimensão dessas influências. Pode-se, ainda, usar aditivos químicos para reduzir certas influências ou aumentar o efeito de outras, quando desejado. Tudo isso leva a conclusão de que é necessário estudar a dosagem ideal dos componentes das argamassas e concreto a partir do tipo de cimento escolhido. AGLOMERANTES PRESCRIÇÕES FÍSICO-MECÂNICAS (ensaios de caracterização) T ip o de c im en to P or tla nd C la ss e F inura Tem pos de pega (h) Expansibilidade (m m ) Resistência à com pressão (MPa) R es íd uo p en ei ra 7 5 mm (% ) Á re a es pe cí fic a (m 2 / kg ) In íc io F im A fr io A q ue nt e 1 di a 3 di as 7 di as 28 di as CPI CPI-S 25 32 40 £ 12,0 £ 10,0 ³ 240 ³ 260 ³ 280 ³ 1 £ 10 £ 5 £ 5 -- ³ 8 ³ 10 ³ 15 ³ 15 ³ 20 ³ 25 ³ 25 ³ 32 ³ 40 CPII-E CPII-Z CPII-F 25 32 40 £ 12,0 £ 10,0 ³ 240 ³ 260 ³ 280 ³ 1 £ 10 £ 5 £ 5 -- ³ 8 ³ 10 ³ 15 ³ 15 ³ 20 ³ 25 ³ 25 ³ 32 ³ 40 CPIII 25 32 40 £ 8,0 -- ³ 1 £ 12 £ 5 £ 5 -- ³ 8 ³ 10 ³ 12 ³ 15 ³ 20 ³ 23 ³ 25 ³ 32 ³ 40 CPIV 25 32 £ 8,0 -- ³ 1 £ 12 £ 5 £ 5 -- ³ 8 ³ 10 ³ 15 ³ 20 ³ 25 ³ 32 CPV-ARI £ 6,0 ³ 300 ³ 1 £10 £ 5 £ 5 ³ 14 ³ 24 ³ 34 -- AGLOMERANTES Indicação para aplicação dos diferentes tipos de cimento portland AGLOMERANTES 17 Continuação... AGLOMERANTES AGLOMERANTES EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO DO CIMENTO: O cimento Portland é embalado em sacos de papel kraft, com 50 kg. No caso de grandes obras, e dispondo-se de silos para armazenamento, pode ser fornecido a granel. Quando fornecido em sacos, as embalagens são de marcação padronizada, contendo a marca, o fabricante, o tipo e a classe, conforme vimos anteriormente. Considerando que o cimento é um produto perecível, alguns cuidados são necessários para o armazenamento do cimento na obra, tais como: AGLOMERANTES ü abrigar da umidade - o cimento não deve, antes de ser usado, entrar em contato com a água ou com a umidade, pois caso isto aconteça, empedrará. Devemos reservar um local para construção de um barracão coberto, e com estrados de madeira, para isolar o contato dos sacos com o solo; ü não formar grandes pilhas - a pressão dos sacos superiores sobre os inferiores diminuem o módulo de finura do cimento. Recomenda-se não fazer pilhas com mais de 10 sacos. ü não estocar por muito tempo - o cimento deve ser estocado por um período máximo de sessenta dias, embora seu “prazo de validade” seja de 90 dias a partir da fabricação, mesmo assim tomando-se as precauções acima. AGLOMERANTES Recomendações para armazenamento do cimento: AGLOMERANTES FUNÇÕES DA ÁGUA DE AMASSAMENTO: ü Hidratar os grãos dos cimento; ü Homogeneização da mistura; ü Garantir a trabalhabilidade. § A quantidade de água necessária à hidratação completa do cimento é de, aproximadamente, 40% do total de sua massa § A água utilizada na mistura deve ser isenta de impurezas. AGLOMERANTES18 ENSAIOS DE PEGA O ensaio para avaliação do tempo de pega é prescrito conforme a NBR 11581, utilizando o “Aparelho de Vicat”. Os elementos principais deste aparelho são: uma sonda de aproximadamente 10 mm de diâmetro (Sonda de Tetmajer), e uma agulha de 1mm² de seção plana (Agulha de Vicat). CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS A- Suporte B- Haste móvel (300g) C- Sonda Tetmajer D- Agulha de Vicat E- Parafuso controlador F- Indicador ajustável G- Molde troncocônico H- Placa de vidro Desenho esquemático do Aparelho de Vicat (Fonte NBR 11581) CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Aparelho de Vicat CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Aparelho de Vicat CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS A sonda e a agulha estão integradas pela haste que pode ser posicionada no aparelho conforme for a análise de interesse. Como é necessário uma padronização nos ensaios, é preparada, conforme a NBR 11580, uma mistura chamada de “Pasta de consistência normal”, formada pelo cimento a ser ensaiado e a água. Esta mistura é feita por tentativa e erro e é obtida quando a sonda penetra até uma profundidade 6,00mm do fundo do molde, este valor é lido pela escala graduado disposta no aparelho. Por sugestão, pode-se adotar para “chute inicial” a quantidade de água como sendo 40 % em relação à massa seca do cimento. A obtenção da pasta de consistência normal é feita utilizando a Sonda Tetmajer. CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS A mistura utilizada para encontrar a pasta de consistência normal não pode ser utilizada novamente para se determinar os tempos de início e fim de pega. Após encontrada a pasta de consistência normal, substitui-se a sonda Tetmajer pela agulha de Vicat e tem início o ensaio de pega. A temperatura ambiente para a realização dos ensaios deve estar de acordo com os valores estabelecidos pelas normas, normalmente próximo a 22 °C, e a umidade do ambiente ser maior do que 50%. O início de pega é reconhecido quando a agulha de Vicat estaciona à aproximadamente 4,00 ( ±1) mm do fundo, e o fim da pega, quando a sonda estaciona a aproximadamente 39,5 mm do fundo (praticamente não penetra mais). CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS 19 ENSAIOS DE FINURA Conforme a NBR 11579, o ensaio de finura pode ser realizado por peneiramento, através da peneira com abertura de malha de 0,075mm, verificando-se a porcentagem de cimento retida nesta peneira. (máx. 15% CP I a IV e 6% CP V) A finura é definida pela porcentagem retida de cimento na peneira. Outra maneira de se avaliar a finura do cimento, prescrita conforme a NBR 7224, é através do aparelho de Blaine. CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Resíduo em peneira CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS ENSAIOS DE MASSA ESPECÍFICA DO CIMENTO Primeiro, o que é massa específica? A massa específica informa-nos se a substância de que é feito um corpo é mais, ou menos compacta: - Corpos que possuem muita massa num pequeno volume, como os de ouro e de platina, apresentam grande densidade. - Corpos que possuem pequena massa num grande volume, como os de cortiça e os gasosos em geral, apresentam pequena densidade. CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Por definição, a densidade de um corpo é o quociente entre a massa e o volume delimitado pela sua superfície externa. Calcula-se através da equação: sendo: A sua unidade no sistema internacional é o quilograma por metro cúbico: kg/m³. r: massa específica M: massa do material V: volume do material CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Massa específica aparente (Massa Unitária) O volume considerado não desconta os espaços vazios entre os grãos preenchidos com ar ou água ou óleos minerais. � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � á� � � - É bastante utilizada para transformação do traço de massa em volume; - Também utilizado para conferência de estoque (no caso de cimento à granel) CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Massa específica real (Massa Absoluta) A ideia do cálculo da massa absoluta é a mesma da massa unitária, ou seja, massa por unidade de volume. A diferença básica entre elas é que, como dissemos, a massa unitária não desconta os vazios entre os grãos de cimento, já a massa absoluta, considera-se o volume sólido ou absoluto, ou seja, todos os espaços vazios são descontados. Para avaliar a densidade real e aparente deve-se seguir a norma NBR 6474. A densidade absoluta ou real do cimento Portland é usualmente considerada como 3,15 kg/l, embora, na verdade, possa variar para valores ligeiramente inferiores. CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS 20 A utilidade do conhecimento desse valor se encontra nos cálculos de consumo do produto nas misturas geralmente feitas com base nos volumes específicos dos constituintes. Nas compactações usuais de armazenamento e manuseio do produto, a massa unitária do mesmo é da ordem de 1,5 kg/l. Estes conceitos são de importante fixação, pois serão bastante utilizados no momento do cálculo da dosagem dos produtos à base de cimento. CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS ENSAIOS DE COMPRESSÃO Os ensaios de resistência à compressão com cimento Portland são definidos pela NBR 7215. É preparada a “argamassa de consistência normal”, com a utilização da “areia de consistência normal” (refere-se a quantidade de areia). São avaliadas normalmente a resistência dos corpos de prova cilíndricos de aproximadamente 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura, para as idades de 1 dia, 3 dias, 7 dias, 28 dias, e 91 dias, e o número de amostras para cada caso é definida em quatro. CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Os moldes são cheios cuidadosamente em quatro camadas, com adensamento em cada caso por meio de um soquete de aproximadamente 25 mm de diâmetro, e, no final, é regularizada a superfície de modo a se tornar plana, com auxílio de uma régua. A cura dos corpos de prova é feita da seguinte maneira: a) Cura inicial; - Colocar sobre cada um dos moldes placas de vidro, de modo a proteger os topos; - Levar todos os moldes com suas respectivas placas à câmara úmida; - Deixá-los desta forma por um período de 20 a 24h CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS b) Cura final; - Desformar os corpos de prova; - Identifique-os melhor (marque-os com giz de cera em sua superfície lateral); - Imergir todos os corpos de prova, separados entre si, em um tanque com água parada e saturada com cal, localizado dentro da câmara úmida; - Deverão permanecer ali até o instante de seus rompimentos. Após a cura executada, os corpos de prova são levados à prensa, onde são submetidos à compressão até a sua ruptura. A resistência à compressão é dada pela média dos quatro corpos de prova rompidos. CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS Moldagem do CP Acabamento do topo do CP Cura do CP Ensaio do CP à compressão CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS CÂMARA ÚMIDA PRENSA PARA ENSAIO DE COMPRESSÃO CIMENTO PORTLAND - ENSAIOS 21 ASPECTOS IMPORTANTES a) Finura O grau de finura é um requisito para todo tipo de aglomerante. Um corpo reduzido a partículas minúsculas possui uma propriedade peculiar, que é a de ter elevada “superfície específica” em função da sua finura. A superfície específica representa relação entre a área ocupada pelas partículas e seu volume, e representa o quanto este corpo tem de exposição de área com o meio. AGLOMERANTES Imagine um exemplo. O que é mais fácil de aquecer, um elefante ou um monte de cupins que ocupe o mesmo volume do elefante? Com o aumento da superfície específica, se torna maior a interação de um material com o meio e, no caso dos cimentos, o processo de hidratação será acelerado. Assim, quanto mais fino for o cimento sua interação com a água será maior nas reações de hidratação, facilitando o seu endurecimento e consequente ganho de resistência. AGLOMERANTES b ) Quando começa o endurecimento d o cimento? Esta preocupação se justifica pelo fato de que, quando fabricamos o concreto ou a argamassa, devemos ter umtempo mínimo, antes do endurecimento, para que estes sejam transportados e aplicados, sem que tenham perdido suas propriedades. O fenômeno mais importante sob este aspecto é a pega. A partir do contato com a água, as reações de hidratação tem início e algumas modificações podem ser percebidas no cimento, como a alteração da temperatura. A plasticidade do material é diminuída, e se torna já impróprio para o manuseio. O concreto já deve estar lançado nas formas e em repouso. AGLOMERANTES c ) E se adicionarmos água n o concreto para voltar a plasticidade? Este procedimento não é recomendável, pois o concreto que já estava em processo de cristalização será prejudicado irreversivelmente, e, além disso, como veremos posteriormente, a quantidade de água a ser adicionada na mistura é definida de modo a se garantir não só as condições de manuseio, como a resistência requerida pelo concreto no seu desempenho. A quantidade de água na mistura tanto do cimento quanto da argamassa tem um impacto direto em todas as propriedades destes no estado fresco e no estado endurecido. Por isso, devemos ser prudentes quanto a adição de água “extra” à mistura, sob pena de comprometer o desempenho do concreto e da argamassa. Realmente vale a pena adicionar mais água? AGLOMERANTES d ) Qual é o tempo médio d e início e fim d e pega d o cimento? O tempo de início pega do cimento Portland não deve ser inferior a 1 hora após a hidratação, e o processo completo, ou seja, fim de pega, demora aproximadamente de 4 a 10 horas, dependendo do tipo de cimento. O tempo de pega depende da finura do cimento, da quantidade de água adicionada, da temperatura ambiente, da composição do cimento, e da presença de aditivos retardadores de pega. Quando o material se apresentar duro o suficiente para não ser deformado sob ação de água ou jatos de água, deve-se iniciar o processo de “cura”. AGLOMERANTES e ) Por que se deve “jogar” água n o concreto, após a pega e início d o endurecimento (processo d a “cura”)? Isto se deve ao fato de que os materiais de granulometria fina são susceptíveis à retração por perda prematura da água de amassamento. A água que não participa das reações químicas deve sair pela evaporação e secagem normal do material. Considerando também que a temperatura do material se eleva devido ao processo de hidratação, alguns cuidados devem ser tomados para que a perda d’água não seja acentuada, minimizando as retrações. Uma das formas de controle é lançar água no concreto após endurecido, e outra, é evitar de se fazer a concretagens em dias muito quentes, mas ainda assim é necessário se proceder a “cura”. AGLOMERANTES 22 A retração do concreto depende basicamente da finura e composição do cimento, da quantidade de água adicionada, da temperatura e da umidade do ambiente. Os cimentos de alta resistência inicial apresentam maior tendência para a retração, devido ao maior calor de hidratação liberado e por serem mais finos que os demais. Outra preocupação em relação a perda prematura de água do amassamento no concreto/argamassas é o fato de que, algumas vezes a água que sobra no interior da mistura não é suficiente para hidratação completa do cimento, e após endurecido temos um material com aspecto de “esfarelado”, o que prejudica todas as suas propriedades requeridas após o endurecimento. Por isso, a “cura” é um processo fundamental para se obter um produto final com as qualidades desejadas. AGLOMERANTES f) Como devemos fazer a “cura” d o concreto? Listaremos agora algumas formas de se fazer a cura no concreto: - Jogar água constantemente com mangueira ou regador; - Umedecer os restos de sacos de cimento e mantê-los sobre as peças concretadas ajuda conservar a umidade; - No caso de lajes e pisos, podemos lançar uma camada de pó de serra e deixá-la umedecida, facilitando a manutenção da umidade; - Criar barreiras que favoreçam o “empoçamento” da água sobre a peça concretada, garantindo uma grande umidade. AGLOMERANTES
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