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72_-_A_ReeducaYYo_Postural_Global_no_tratamento_da_escoliose_idiopYtica

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¹ Pós-graduando em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais 
²Orientador 
A Reeducação Postural Global no tratamento da escoliose idiopática 
 
Eduardo Oliveira Frota Carneiro¹ 
frota_du@hotmail.com 
Dayana Priscila Maia Mejia² 
Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais – Faculdade Ávila 
RESUMO 
O presente estudo tem como tema “A Reeducação Postural Global no tratamento da 
escoliose idiopática ” e trata-se de um artigo de conclusão da Pós-graduação em Ortopedia 
e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais, envolvendo a comunidade de 
Fisioterapia. De caráter totalmente bibliográfico este estudo descreverá sobre: a escoliose 
idiopática, uma breve explanação sobre a anatomia da coluna vertebral, a utilização da 
Reeducação Postural Global - RPG no tratamento da escoliose idiopática. A RPG é um dos 
melhores métodos de alongamento muscular, uma vez que suas posturas visam restabelecer o 
comprimento-tensão das fibras musculares, pois os músculos e ligamentos se adaptam à 
deformidade e sua função sobre a postura e o movimento se encontra alterada, a 
propriocepção deixa de ser percebida com normalidade. 
Palavras-chave: Coluna Vertebral; Escoliose Idiopática; RPG. 
 
1. Introdução 
 
De acordo com Dantas (1999), a coluna vertebral é uma estrutura forte e flexível que protege 
os elementos neurais, bem como sustenta o corpo na posição ereta. Devido ao esforço, pode 
ocorrer um desgaste da estrutura comprimindo a raiz nervosa ocasionando o aparecimento de 
patologias diversas. 
A escoliose é uma curva que se desenvolve no espaço e se deve a um movimento de torção 
generalizada da coluna; ela é constituída por desvios da coluna nos três planos do espaço. No 
plano axial observamos a rotação específica. No plano frontal, observamos inclinações 
intervertebrais que, associadas a componente anteroposterior, obrigam a coluna a descrever 
uma curvatura de convexidade oposta à inclinação (PERDRIOLLE, 2006). 
O presente estudo tem como objetivo descrever, através de revisão bibliográfica, a 
Reeducação Postural Global - RPG no tratamento da escoliose idiopática, pois a mesma tem 
sido um dos melhores métodos de alongamento muscular, uma vez que suas posturas visam 
restabelecer o comprimento-tensão das fibras musculares. 
 
2. Anatomia da Coluna Vertebral 
 
A coluna vertebral é formada por 33 vértebras: 7 cervicais, 12 torácicas e 5 lombares; além de 
5 sacrais e 4 coccígeas, diferenciadas entre si por características próprias. (COHEN; 
ABDALLA, 2005). 
A coluna vertebral é composta, em geral, de 33 (trinta e três) vértebras, sendo sete cervicais, 
doze torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro coccígeas. Vinte por cento dos 
indivíduos podem apresentar alteração no número das vértebras, tanto por subtração como por 
adição, sendo as mais comuns no nível coccígeo e, em segundo lugar, no nível lombar 
(SIZINIO et al, 2003). 
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 Fonte: Magee, 2005 
 Figura 1: Coluna Vertebral: articulada: curvas fisiológicas 
 
 
De acordo com Knoplich (2003), o corpo das vértebras cervicais é uniforme e pequeno em 
relação ao arco posterior e ao orifício vertebral. O diâmetro transverso do corpo vertebral é 
maior do que o anteroposterior. Porém, a característica importante é que há uma saliência na 
superfície superior e posterior do corpo vertebral. 
A estabilização dinâmica da coluna vertebral é fornecida pelas 
musculaturas intrínseca e extrínseca. A musculatura intrínseca é 
profunda, sendo dividida em três grupos principais: os 
espinhotransversais, originando-se na meia-linha e direcionados 
proximal e lateralmente até os processos transversos; o segundo 
grupo, os transversocostais ou espinhoespinhais é direcionado 
longitudinalmente, de costela a costela, de processos transversos a 
costelas ou de um processo espinhoso a outro; e o terceiro grupo, os 
multífidos, os semiespinhais e os rotadores, que se originam nos 
processos transversos e se inserem nos processos espinhosos em 
direção superior e medial. Além desses existem pequenos músculos 
que ligam vértebra a vértebra, os interespinhais e os 
intertransversários (SIZINIO et al, 2003). 
A coluna vertebral apresente curvaturas que se alteram em toda a sua extensão com função de 
dissipar as forças compressivas impostas pela ação da gravidade. As curvaturas apresentam 
convexidade posterior (cifose) ou concavidade posterior (lordose) (MOREIRA et al, 2004). 
Na região cervical existem duas curvaturas: uma menor, a curvatura 
cervical superior, convexa posteriormente, que se estende do occipital 
até a C2 (áxis) e a outra maior, a curvatura cervical inferior, côncava 
posteriormente, que se estende da C2 até a T2. A curvatura torácica é 
convexa posteriormente, estendendo-se desde T2 até T12. A 
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convexidade posterior ocorre devido à menor espessura da porção 
posterior dos corpos vertebrais destas vértebras. A curvatura lombar 
apresenta concavidade posterior e se estende da T2 até a junção 
lombosacral. Esta curvatura é mais proeminente na mulher. A 
curvatura sacrococcígea é convexa posteriormente estendendo-se da 
junção lombosacral até o cóccix. Sua concavidade anterior esta 
ligeiramente dirigida para baixo. (MOREIRA et al, 2004). 
A coluna vertebral é sustentada e protegida de forças em parte pelas estruturas articulares. Os 
discos intervertebrais são compostos de duas estruturas principais. O núcleo pulposo é uma 
massa semelhante a gel situada no centro do disco. É limitado por uma camada de 
fibrocartilagem resistente denominada anel fibroso (KNOPLICH, 2003). 
De acordo com Rasch (1991), os músculos que atuam sobre a coluna 
vertebral podem inicialmente ser divididos em duas categorias: 
anterior e posterior. Os músculos de ambas as categorias existem 
pares bilaterais, agindo de modo independente (unilateralmente). 
Como regra geral, os músculos da categoria anterior causam flexão da 
coluna vertebral, enquanto os da categoria posterior são responsáveis 
pela extensão. Considera-se que um músculo, o quadrado lombar, atua 
como flexor lateral puro. Em cada uma das categorias gerais podem-se 
subdividir os músculos cinesiologicamente, em termos da região que 
eles afetam mais diretamente. 
O movimento da coluna vertebral é função dos discos intervertebrais “triaxias” e das 
articulações zigoapofisárias planas. A orientação da articulação entre os processos articulares 
nos planos horizontal e vertical determina o tipo e magnitude do movimento permitido para 
qualquer unidade vertebral (RASCH, 1991). 
 
3. Escoliose 
 
A escoliose trata-se de uma patologia séria, que se desenvolve principalmente nas fases de 
crescimento e que deve ser tratada precocemente. Escoliose é o desvio lateral não fisiológico 
da linha mediana. Devido ao alinhamento vertebral e às relações estruturais das bordas 
vertebrais e às articulações posteriores, a inclinação lateral é acompanhada por rotação 
simultânea (CAILLIET, 1979). 
De acordo com Sizínio et al (2003), a palavra escoliose é originária de palavra grega que 
significa curvatura, sendo usada em medicina para denominar qualquer curvatura lateral da 
coluna vertebral. 
A evolução nos conhecimentos sobre as escolioses ocorreu com a fundação da Scoliosis 
Research Society, em Minneapolis, Minesota, EUA, em 1966, sociedade que mantém um 
congresso anual especificamente sobre as deformidades vertebrais. No Brasil, o primeiro 
curso sobre escoliose foi realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo na década de 50 
(SIZINIO et al, 2003). 
Segundo Salate (2003), a escoliose é definida por umdesvio lateral da 
coluna vertebral, podendo ser combinada com rotação vertebral e 
lordose. Devido ao caráter evolutivo, pode desencadear transtornos 
estéticos e complicações futuras graves, envolvendo uma modificação 
estrutural das vértebras e costelas com rotação vertebral no plano 
transverso, desvio lateral no plano frontal e lordose no plano sagital. 
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Conforme Schroth (1992), a escoliose pode ser definida como uma curvatura lateral da coluna 
vertebral, onde sua origem pode vir de uma paralisia, de doenças genéticas ou hereditárias ou 
de outras causas identificáveis. Sendo que 80% dos casos são idiopáticas e apesar de muito ter 
sido pesquisado sobre sua etiologia, nenhuma evidência conclusiva foi registrada dos 
pacientes. 
Tecnicamente, a escoliose é um desvio do eixo no plano coronal. Além do desvio nesse plano, 
há também alterações no plano horizontal (rotação) e do plano sagital (lordose ou cifose). O 
segmento mais acometido é a coluna torácica, seguido pela coluna lombar. Normalmente, a 
curvatura lombar é compensatória, pois a coluna torácica é mais rígida (ROCHA; 
PEDREIRA, 2001). 
A escoliose é definida como uma torção dos elementos básicos da coluna em torno do eixo 
vertical, em geral, envolve as regiões torácica e lombar. Tipicamente em indivíduos destros, 
há uma leve curva em “S”, torácica direita e lombar esquerda ou uma leve curva em “C” 
toracolombar. Pode haver assimetria nos quadris, na pelve e nos membros inferiores. 
(KISNER, 2005). 
A progressão de uma curva escoliótica pode ser vista como uma 
deformação planejada em escalas combinadas por alterações devido 
ao crescimento. A presença de rotação axial combinada com 
inclinação lateral pode contribuir para o desenvolvimento de curvas 
escolióticas exageradas. A deformidade do corpo vertebral que 
acompanha a escoliose vai adicionando um estado de desequilíbrio 
(SMITH e FERNIE, 1991). 
Há muitas causas diferentes envolvendo a escoliose. Muitos autores identificam a escoliose 
como uma desordem multifatorial envolvendo principalmente fatores genéticos e de 
crescimento. É estimado que 80% de todas as escolioses não têm nenhuma causa em 
particular identificável (PLAUGHER, 1993). 
A escoliose pode ser classificada segundo sua etiologia em estrutural e não estrutural. A 
estrutural pode ser a idiopática, a neuromuscular e a osteopática e, a não estrutural pode ser 
causada pela discrepância de membros inferiores, espasmo ou dor nos músculos da coluna 
vertebral por compressão de raiz nervosa ou outra lesão na coluna e ainda pelo 
posicionamento do tronco (MOLINA e CAMARGO, 2003). 
Uma Escoliose Estrutural envolve uma curvatura lateral irreversível, 
com rotação fixa das vértebras. Pode ser causada por distúrbios 
neuromusculares, osteopáticos ou idiopática. Uma Escoliose não 
estrutural é reversível e pode ser alterada com inclinação para frente 
ou para o lado, ou apenas com mudanças de posição, como decúbito 
dorsal. É também chamada de escoliose funcional ou postural. Pode 
ser causada pela discrepância de membros inferiores, espasmo ou dor 
nos músculos da coluna vertebral por compressão de raiz nervosa 
(KISNER, 2005). 
 
3.1 Escoliose Idiopática 
 
De acordo com Coillard e Rivard (1996), a escoliose idiopática é responsável por cerca de 
80% de todos os tipos de escoliose e a curva tende a aumentar até a cessação do crescimento 
esquelético. 
Segundo a divisão das escolioses, a escoliose idiopática é subdividida em: infantil (0-3 anos), 
juvenil (3-10 anos) e adolescente (acima de 10 anos), esta última, por sua vez a mais comum. 
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Apesar de não fazer parte da divisão das escolioses, a escoliose adulta deve ser citada, pois a 
maioria das escolioses juvenil e adolescente não possuem remissão espontânea (DANDY, 
2000). 
Segundo Gardner (2000), a escoliose idiopática é classificada em três categorias: Escoliose 
idiopática infantil, que acomete indivíduos de até três (3) anos de idade; escoliose idiopática 
juvenil, onde pode ser vista em indivíduos de três (3) a dez (10) anos de idade; escoliose 
idiopática adolescente, encontrada em indivíduos a partir de dez (10) anos de idade. 
A escoliose infantil apresenta duas divisões: resolutiva e evolutiva. 
Este tipo de escoliose afeta mais meninos, com padrão de curvatura 
torácica e convexidade à esquerda. As chances de remissão da 
curvatura são de 80 a 90% . A escoliose infantil do tipo resolutiva 
resolve-se naturalmente, sem qualquer tipo de intervenção. Este tipo 
de escoliose possui maior chance de remissão, sem utilizar qualquer 
tipo de tratamento, realizando apenas controle de progressão da (s) 
curvatura (s). Já a do tipo evolutiva deve ser tratada o mais 
precocemente possível, pois quando não tratada apresenta significativa 
progressão da(s) curvatura(s). Esse tipo de escoliose inicia-se no 
primeiro ano de vida, prevalece em meninos, com curva geralmente 
única e torácica convexa para lado esquerdo (BRUSCHIN, 1998). 
De acordo com Ricard(1999), a escoliose juvenil aparece entre quatro a dez anos de idade, na 
maioria dos casos é dorsal de convexidade direita e muito flexível. É preciso vigiá-la ao 
aproximar-se da puberdade porque pode progredir muito rapidamente ao nível lombar e 
tóracolombar. 
Desenvolve-se depois dos dez anos e antes da maturação óssea. É a forma mais frequente de 
escoliose, afeta a menina em 80% dos casos. Pode progredir rapidamente entre os doze e os 
dezesseis anos. Mais tarde aparecem alterações degenerativas (RICARD, 1999). 
A escoliose idiopática é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral, de causa 
desconhecida, acompanhada de modificações globais no tronco, às quais repercutem sobre as 
extremidades. Uma vez constituída, evolui ao longo da vida, principalmente durante o período 
de crescimento na adolescência (BIOT et al, 2002). 
Segundo Biot et al (2002), os músculos e ligamentos se adaptam à 
deformidade e sua função sobre a postura e o movimento se encontra 
alterada, a propriocepção deixa de ser percebida com normalidade. A 
caixa torácica, o diafragma e o abdome estão envolvidos na 
deformidade vertebral, onde deles se derivam um certo grau de 
insuficiências respiratórias restritivas, proporcional ao ângulo de 
escoliose, e modificações espaciais do conteúdo abdominal. 
As vértebras escolióticas apresentam rotação importante no seu plano transverso, sendo que 
os processos espinhosos são direcionados para a convexidade e os transversos para posterior 
no lado convexo da deformidade, levando à torção do tronco e à consequente elevação das 
costelas, criando a giba torácica clássica (SIZINIO et al, 2003). 
Para Bradford et al (1994), as alterações nos músculos intrínsecos da 
coluna são responsáveis pelo aparecimento da escoliose, quando se 
altera o sinergismo, principalmente nos fascículos dos músculos 
espinotransversos que mantêm suas propriedades embriogênicas ao 
longo da vida. Demonstraram que no lado convexo, no local onde a 
curva está mais acentuada, existem relativamente mais fibras do tipo I. 
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Resta determinar se as alterações musculares são secundárias ao 
aparecimento das curvas escolióticas ou existem antes do processo. 
As escolioses são classificadas em: 
1. Escoliose Torácica: 
- 80% são torácicas à direita; 
- rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e espinhosas para 
concavidade); 
- horizontalização das costelas da concavidade e verticalização das vértebras da convexidade; 
- protração/elevação/rotação superior da escápula; 
- retração/depressão/rotação inferior da escápula; 
- anteversão/elevação/rotação do ilíaco; 
- retroversão/elevação em menor grau; 
- retificação do plano sagital para as escolioses evolutivas; 
- horizontalização sacral. 
2. Escoliose Lombar: 
- 80% são lombares à esquerda; 
- rotação das vértebras para convexidade (corpos paraconvexidade e espinhosas para 
concavidade); 
- protração/elevação/rotação superior da escápula em menor grau; 
- retração/depressão/rotação inferior da escápula em menor grau; 
- anteversão/elevação/rotação do ilíaco; 
- retroversão/elevação em menor grau; 
- retificação do plano sagital lombar para as escolioses evolutivas; 
- horizontalização sacral. 
3. Escoliose Tóraco-lombar: 
- 50% são tóraco-lombares à direita e 50% são à esquerda; 
- rotação das vértebras para convexidade (corpos para convexidade e espinhosas para 
concavidade); 
- horizontalização das costelas da concavidade e verticalização das vértebras da convexidade; 
- protração/elevação/rotação superior da escápula; 
- retração/depressão/rotação inferior da escápula; 
- anteversão/elevação/rotação do ilíaco em menor grau; 
- retroversão/elevação em menor grau; 
- retificação do plano sagital para as escolioses evolutivas; 
- horizontalização sacral (DURIGON, 2003). 
A escoliose que tem localização na coluna torácica dá não somente uma alteração, uma 
deformidade no tórax, como também dificuldades respiratórias, nos casos graves. A 
localização lombar causa algum desequilíbrio orgânico e muitas vezes dores (KNOPLICH, 
2003). 
 
4. Reeducação Postural Global 
 
A reeducação postural global (RPG) foi descrita originalmente por Philippe Emmanuel 
Souchard na década de 70, a partir de observações feitas por Françoise Méziéres sobre cadeias 
musculares. Esse método provoca o alongamento muscular ativo de um conjunto de músculos 
estáticos, antigravitários, rotadores internos e inspiratórios. (TEODORI et al 2003). 
É um método de reeducação postural, criada em 1980 pelo 
fisioterapeuta francês Philippe Emanuel Souchard, que tem como 
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objetivo tratar patologias que requerem fisioterapia, como problemas 
morfológicos, articulares, neurológicos, traumáticos, respiratórios e 
esportivos. Conforme Souchard, a RPG é definida como a realização 
de posturas ativas, isotônicas excêntricas dos músculos da estática, 
com manutenção dos músculos dinâmicos, sempre em decoaptação 
articular e progressivamente, cada vez mais global. Apresenta três 
princípios elementares: a individualidade, na qual cada ser humano 
sente e reage de forma diferente; causalidade, que a verdadeira causa 
do problema pode estar distante do sintoma e a globalidade, em que 
não se tratam partes isoladas e sim o corpo como um todo 
(VENDRAMINI e LIMA, 2006). 
A RPG considera sistemas musculares e esqueléticos como um todo e procura tratar de forma 
individualizada, músculos que são de estruturas diferentes (músculos dinâmicos e estáticos). 
A musculatura posterior ou estática está sempre contraída para a manutenção da postura e 
pronta para entrar em ação (SOUCHARD, 2003). 
As posturas empregadas nesse método são ativas e consecutivas, 
isotônicas e excêntricas dos músculos estáticos e com manutenção dos 
dinâmicos, sempre em descompressão articular progressivamente mais 
global. Visam corrigir retrações existentes nas diferentes cadeias 
permitindo adaptações que permitem a melhora da flexibilidade e 
força muscular e devem ser mantidas o máximo de tempo possível, 
uma vez que o tempo de manutenção é proporcional ao ganho de 
alongamento (SOUCHARD E OLLIER, 2001). 
Segundo Marques (2000), a Reeducação Postural Global é um método terapêutico que 
considera o sistema muscular de forma integrada, organizando os músculos em cadeias 
musculares e baseando-se no alongamento de músculos encurtados. 
De acordo com Souchard (2003), a RPG corrige a morfologia, agindo 
sobre a estrutura do músculo estriado; age sobre as tensões 
neuromusculares, introduzindo um trabalho essencialmente mais 
ativo, mais global e de maior qualidade; age igualmente sobre o 
transmissor psicossomático; problemas morfológicos (cifolordose, 
escoliose, genovaro, genovalgo, pés planos, pés calvos), problemas 
articulares (cervicalgias, dorsalgias, lombalgia), problemas pós-
traumáticos, problemas respiratórios e problemas do esporte. 
O RPG possui uma preocupação em trabalhar também o alongamento da musculatura 
respiratória, no entanto não há comprovação científica desta técnica no tratamento das 
patologias respiratórias (BUFO, 2007). 
De acordo com Souchard (1996), o homem tem dois tipos de músculos: os estáticos, muito 
tônicos e fortemente fibrosos, que permitem a posição ereta; os dinâmicos, muito pouco 
tônicos e praticamente não fibrosos, que realizam os movimentos de grande amplitude. 
O tratamento com RPG é realizado através de posturas estáticas, com o objetivo de atuar neste 
conjunto de cadeias musculares, de modo que os músculos estáticos sejam alongados, 
enquanto que os dinâmicos devem ser contraídos. Partindo da consequência até a causa do 
problema, buscando reencontrar a boa morfologia corporal e solucionando os problemas 
relacionados a ela. (MORENO et al, 2007). 
De acordo com Souchard (2003), dentre todas as posturas utilizadas no método da RPG, a 
decisão de utilizar uma postura ou outra depende de um exame criterioso. Compreende em: 
- uma avaliação geral da estática do paciente; 
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- um interrogatório; 
- um exame morfológico particular das zonas dolorosas; 
- manobras de correção das deformações ou das lesões, em diversas situações de famílias de 
postura. A preferência será dada à postura onde a correção é mais difícil ou dar origem a dor. 
Existem cadeias musculares da estática e cadeias da dinâmica. 
Sequencia inspiratória: ela compreende os escalenos, o peitoral menor, 
os intercostais, o diafragma e seu tendão. Sequencia posterior: 
compreende os espinhais, o glúteo máximo e os isquiostibias. 
Sequencia anterointerna do quadril: comportam os iliopsoas e os 
adutores pubianos. Em cima ela continua pelos espinhais graças à 
ação lordosamente desses músculos sobre os ilíacos e a coluna 
lombar. Embaixo, sendo o psoas e adutores pubianos flexores e 
rotadores internos do fêmur quando o individuo está em pé, ela 
prolonga-se com o poplíteo, a panturrilha e os músculos plantares. 
Sequencia anterior do braço: compreende todos os suspensores do 
braço, do antebraço, da mão e dos dedos. É quase exclusivamente 
anterior. Sequencia anterointerna do ombro: é constituída pelo 
subescapular, coracobraquial e peitoral maior prolongando-se pela 
cadeia anterior do braço. Sua perda de flexibilidade a adução interna 
do braço e perturba a adução. (SOUCHARD, 1986). 
Segundo Vendramini e Lima (2006), existem quatro famílias de 
posturas, em que cada uma delas promove maior correção em 
determinadas regiões do corpo, por meio da participação ativa do 
paciente e da insistência do terapeuta, podendo ser classificadas em 
posturas sem carga e com carga. Na primeira, são posicionamentos em 
decúbito dorsal, em que o paciente não precisa suportar o peso do 
próprio corpo. Já nas com carga, é necessário tolerar o próprio peso e 
o desequilíbrio causado pela ação da força gravitacional. 
 
 
 Fonte: Souchard, 2003 
 Figura 2: Postura rã no chão 
 
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 Fonte: Souchard, 2003 
 Figura 3: Postura rã no ar 
 
 
 Fonte: Souchard, 2003 
 Figura 4: Postura inclinada 
 
5. Metodologia 
 
Esta pesquisa está fundamentada em revisão de literaturas, entre os anos de 1979 à 2007, 
tendo como fonte de pesquisa, livros de acervo próprio, artigos eletronicamente 
disponibilizados na internet. Com o objetivo de obter informações acerca do tema, analisando 
sistematicamente quanto à verificaçãode opiniões sobre o método mencionado e métodos 
similares ao tipo de tratamento. Foram utilizadas como palavras-chave na pesquisa ao banco 
de dados na internet: Coluna Vertebral; Escoliose Idiopática; RPG. 
 
6. Resultado e Discussão 
 
A reabilitação trata de organizar, o melhor possível, as capacidades funcionais da coluna 
vertebral, com a finalidade de reduzir as pressões que agravam o componente estrutural da 
deformação (BIOT et al, 2002). 
Muitos pesquisadores afirmam que se deve fazer um esforço neuromuscular e um 
condicionamento sensorial-motor adequado no tratamento da escoliose, e por essa razão 
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recomenda-se a correção voluntária da escoliose, realizando adaptação corporal e mantendo, 
com contração isométrica dos músculos, o corpo nessa posição (REDONDO, 2001). 
Sem intervenção, a curvatura progride entre o tempo de detecção e o tempo de maturidade 
esquelética; o risco de progressão aumenta assim que o grau de curvatura aumenta (MOLINA 
e CAMARGO, 2003). 
Para Souchard e Ollier (2001), o RPG trata o indivíduo e não a doença, porque cada um tem 
sua própria resistência à agressão e sua própria maneira de reagir a ela, muitas vezes adotando 
padrões posturais alterados para evitar a dor ou bloqueio. Durante o tratamento, caberá ao 
fisioterapeuta tentar descobrir como a causa do problema se relaciona com o sintoma, analisar 
as ele para esconder uma dor ou uma tensão. É um trabalho fino, delicado, que exige um 
tratamento personalizado e individual, pois cada comportamento é pessoal. 
Segundo Bassani (2008), para que se obtenha um resultado satisfatório é necessária uma 
avaliação detalhada, para se conseguir recursos completos, que vão refletir no quadro de 
incapacidade e acompanhamento de sua evolução e consequentemente sua progressão. 
 
7. Conclusão 
 
O presente estudo em trouxe como resultados a definição de escoliose, considerando a sua 
classificação e sua etiologia, dando maior ênfase a escoliose idiopática. Estudou-se o assunto 
com o intuito de descrever a anatomia da coluna vertebral. 
Como método de tratamento escolheu-se a reeducação postural global devido ao objetivo 
traçado no tratamento da escoliose idiopática, visando organizar, as capacidades funcionais da 
coluna vertebral, com a finalidade de reduzir as pressões que agravam o componente 
estrutural da deformação. 
 Ao descrever a reeducação postural global, verificou-se a eficácia do tratamento levando em 
conta sempre o objetivo traçado na reabilitação de pacientes portadores de escoliose 
idiopática. 
Conforme o estudo, com bases em revisão bibliográfica, constatou-se que a reeducação 
postural global apresenta-se como um procedimento eficaz para restaurar a função da coluna 
vertebral. 
Ressaltando que, torna-se imprescindível a elaboração de um estudo em pesquisa de campo 
tornando-se possível a análise dos resultados da reeducação postural global no tratamento da 
escoliose idiopática. 
 
Referências 
 
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