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Resumo_Teoria_Geral_das_Provas

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Resumo – Teoria Geral das Provas:
1) Finalidade da Prova: 
 - Nucci: Convencer o juiz de uma verdade-ideia ultrapassada, verdade real – hoje trabalhamos com a verdade processual. 
 - Prof. Guilherme Dezem: Pretensão punitiva proporcionando decisão mais justa – visão mais moderna e atual.
 - Prof. Magalhães Filho: Conteúdo axiológico=valores sociais, consenso social, foge da visão processual.
2) Conceito de Prova: Informação que chega às partes do processo e ao juiz. Reproduções do passado, sujeitas a falas e imprecisões. 
- Conceito Polissêmico de Provas: Várias Possibilidades de Interpretação, podem ser entendidas como:
 - Atividade Probatória: A formação de provas no decorrer do processo.
 - Elemento de Prova: É a fonte de prova, sujeito ou objeto por onde origina a informação probatória.
 - Meio de Prova: É o instrumento processual, com contraditório e ampla defesa. Ex. prova testemunhal. Em geral, previstos no CPP.
 - Meio de Obtenção de Prova: É a forma, o caminho utilizado para chegar ao meio de prova. Ex. Interceptação telefônica; ordem de apreensão de um documento. Geralmente restringem um direito fundamental, por isso, são obtidos com decisão judicial fundamentada, ou a prova pode ser nula. Produzidos em procedimento externo.
3) Objeto das Provas: Sobre os fatos alegados. No processo penal não há fatos incontroversos, nem revelia, nem confissão ficta, ainda que tenha confissão, o juiz analisará e julgará analisando as demais provas.
4) Classificação das Provas: 
 - Quanto ao Objeto: Contato com o juiz com a prova
 - Prova Direta: O juiz tem contato direto com a prova – ex. prova testemunhal.
 - Prova Indireta: O juiz não tem contato direto. Indícios, raciocínio sobre diversos elementos de prova.
 - Quanto ao Valor: Grau de certeza, credibilidade da prova.
 - Plena: Capaz de produzir, por si só, convicção ao juiz.
 - Não Plena: Provas com indícios, elementos de prova, que não trazem convicção.
 - Quanto ao Sujeito: Pessoa ou objeto da prova
 - Real: Qualquer forma física, ex: documento.
 - Pessoal: Pessoa, ex. testemunhal.
 - Quanto à Forma: 
 - Testemunhal: Qualquer pessoa que forneça algum testemunho, seja vítima, ofendido, testemunha propriamente dita, etc.
 - Documental: Manifestação gráfica que apresente um escrito, ex: contrato, bilhete de ameaça.
 - Material: Qualquer forma que corporifica a demonstração de um fato. Ex: Exame de corpo de delito, laudo pericial, etc.
 - Quanto a formação: 
 - Pré-constituídas: Já formadas antes do processo. Valorada no processo, mas formada antes. Ex. documento.
 - Constituídas: Aquelas formadas e valoradas dentro do processo. Ex: Prova testemunhal.
OBS: Habeas Corpus e Mandado de Segurança: Só podem ser alegados com base em provas pré-constituídas. 
- Prova Anômala: Utilizada com objetivo distinto da forma que originalmente foi constituída. Ex. MP ouve testemunha fora do processo, sem contraditório e ampla defesa, de forma inquisitiva e tenta usar nas alegações finais. Não é aceito. Não é prova emprestada, nem testemunhal (pois fora do processo) – mas isso existe.
5) PRINCÍPIOS:
- Princípio da Auto Responsabilidade das Partes: As partes tem dever de proar, no processo penal, a parte que tem o dever de provar é a acusação (ônus da Prova).
- Princípio da Aquisição ou Comunhão das Provas: A prova é do processo. Não há um titular da prova, mas um proponente. Colocada a prova no processo, às partes e o juiz podem se manifestar. Tudo que é inserido no processo, é comum a todos envolvidos no processo, pode ser utilizada pela outra parte.
- Princípio da Oralidade: É a diretriz do sistema. Os atos processuais, serão sempre que possível, orais. Está ligado à economia e celeridade processual. Dele derivam três sub-princípios:
 - Princípio da Concentração dos Atos Processuais: Tudo deve ser concentrado numa audiência, ou na menor quantidade de audiências e atos possíveis. Se possível, ouve testemunhas de ambas as partes, acusação, defesa, réu, peritos, etc – nem sempre é possível, mas é a ideia.
 - Princípio da Imediatidade: O Juiz terá o máximo de contato direto com as provas.
 - Princípio da Identidade física do juiz: Art. 399, §2º. O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. De acordo com STJ e STF, quer dizer: o último juiz que teve contato com o processo.
- Princípio da Verdade Real: Não há previsão na constituição e tão pouco do CPP.
Doutrinadores se dividem sobre haver a verdade real x verdade formal. As provas buscam trazer ao máximo a verdade do que aconteceu – por lidar com fatos criminosos. Por lidar com direitos indisponíveis, mais delicados, maior proteção, não existe revelia - a verdade real se aplicaria no processo penal, as provas devem se assemelhar ao máximo com a verdade.
CRÍTICA: Encontrar uma verdade real seria encontrar um mito. A doutrina hoje vem defendendo é a busca de uma verdade possível. Ela estaria ligada ao grau de convicção do juiz. Há outros que defendem que nem a verdade possível existiria, ela seria contingencial, fruto do acaso.
Por outro lado, no processo civil, temos a verdade formal, fatos de natureza civil, direitos disponíveis, admite confissão ficta, tem revelia.
- Princípio da Liberdade Probatória: Admite qualquer meio de prova, além dos do CPP, há também em legislações esparsas, extravagantes (ex. colaboração premiada, escutas telefônicas). 
 - Limites: Vedação das provas ilícitas; e também o “privileges” – o sigilo do exercício da profissão, ex: advogado do Temer teve o seu sigilo quebrado. Outros privileges constitucionais como o direito de não se autoincriminar.
- Princípio da Presunção de Inocência – Art. 5º, LVII, CF: Enquanto o acusado não tem condenação transitada em julgado, ele e presumidamente considerado inocente. Garantia Política; Garantia de tratamento; Garantia Probatória – “Nemo Tenetur se detegere” (direito a não autoincriminação). 
Situações práticas relacionadas a isso: 
- Interrogatório: É um meio de defesa (autodefesa) – art. 185, CPP – o acusado tem o direito de ficar em silencio pois é um direito de falar para se defender e não de ter que falar para criar provas.
- Reprodução Simulada dos fatos – art. 7º, CPP – reprodução dos fatos de maneira simulada para elucidar detalhes e pontos obscuros dos fatos. Acusado comparece e participa se achar que irá contribuir com sua defesa.
- Condução Coercitiva – art. 260, CPP – se intimado e não comparecer, pode ser levado por autoridade policial ou judiciária. ADPF 395 e 444 originadas pelo caso Lula, declararam o dispositivo inconstitucional para o acusado, vai contra a garantia da não autoincriminação. Testemunha/Vítima: Necessário haver previa intimação judicial; O não comparecimento de forma não justificada; 
- Principio da Audiência Contraditória: A audiência tem que se dar de maneira dialéxica, se a prova apresenta uma informação, tenho que possibilitar a outra parte resistir (informação + possibilidade resistência), rebater.
6) Sistemas de Valoração de Provas:
- Sistema da íntima convicção: O juiz não precisa fundamentar, basta a convicção subjetiva (única possibilidade no Brasil: Tribunal do júri). No tribunal do júri há princípios específicos.
- Sistema das Provas Tarifadas: De caráter inquisitivo, o juiz não tem a liberdade de julgar, tem uma hierarquia de provas – ex. confissão é a rainha das provas, se houver duas testemunhas, não há necessidade de prova pericial – não é válido em nosso sistema. Mas em três exceções: 
 - Para o inimputável (art. 149, CPP) - para se declarar a inimputabilidade de alguém temos que leva-lo a fazer exame técnico psiquiátrico, ou seja, essa prova é mais importante que todas; 
 - Crimes que deixam vestígios (art. 158, CPP) – a única prova para relatar é o exame de corpo de delito, apenas não sendo possível o exame, permite-se a prova testemunhal; 
 - Morte do Agente (art. 62, CPP) – a única prova é o atestado de óbito.
- Livre convicção (ou livre convencimentomotivado, ou ainda, persuasão racional): É o que adotamos no Brasil, art. 155, CPP, lido de acordo com o art. 93, IX, CF. Não há hierarquia de provas, mas é necessária a fundamentação motivada - Art. 381, CPP. O CPC/2015 retirou a palavra livre, o convencimento deve ser motivado, fundamentado.
7) Ônus da Prova: Ligada ao interesse processual. Doutrina Majoritária é de que o Ônus de provar é do MP ou Querelante, acusadores. O acusado tem o ônus de provar causas extintivas de ilicitude, culpabilidade, possível álibi. CRÍTICA: O acusado não deveria ter nenhum tipo de ônus, deverá ter sempre a presunção de inocência, assim não deveria ter qualquer obrigação de provar. 
8) Poderes Instrutórios do Juiz: Quem tem que produzir as provas são as partes do processo – acusação e defesa. Mas o juiz, na busca do convencimento motivado, de forma suplementar, pode atuar, se as partes não o fizer, na buscar de alguma prova que vislumbra necessária. CRÍTICA: Na falta de provas, o réu deveria ser absolvido, ativismo judicial-resquícios do sistema inquisitório; 
Situações que autorizam o poder instrutório: 1) produção antecipada de provas consideradas urgentes (risco de perecimento da prova) e relevantes (o juiz pondera a gravidade do delito). Antes da Ação Penal. Em caráter investigatório. 2) Determinar no curso da instrução processual (na fase da Ação Penal), em caráter supletivo.
9) Prova Emprestada: Conceito: Prova emprestada é aquela produzida em um processo e, através da reprodução documental, juntada ao processo criminal pendente de decisão.
Natureza: Documental (a prova que em um processo pode ser testemunhal, no outro será documental).
Características: 
 - Precisam ser as Mesmas Partes (mas segundo o STJ, se exercido o contraditório, não necessita que a mesma parte que é ré em um processo, seja no outro).
 - Mesmo fato a ser provado (“thema Probandum”)
 - Exercício do contraditório – Tem que ter tido no processo de origem. Não pode haver prova emprestada do inquérito policial (lá não há contraditório, aliás, lá não há prova, mas elementos/indícios de prova).
 - Prova Lícita – prova ilícita não tem validade nem no processo originário.
Processo Civil: Art. 372 - Pode ser prova de um processo civil, encartada no processo criminal e vice-versa.
Valor da Prova: O valor probatório é igual as demais provas – nosso sistema é o livre convencimento motivado.
Sumula 591 STJ: No Processo Adm. Disciplinar também é permitido o empréstimo de prova.
10) Limites ao Direito de Provar: Ainda que poucos, existem limites.
- Limite Processual: Ex. a prova testemunhal, tem limite de numero de testemunhas que podem ser arroladas, idade para a testemunha. 
- Limite Extraprocessual: Limites constitucionais – ex. não se pode obter confissão sob tortura, respeitar o direito a não autoincriminação. Escuta telefônica sem autorização judicial. São irregularidades de ordem constitucional, que afronta direitos fundamentais.
11) Provas Ilícitas: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Art. 157, CPP – As provas ilícitas devem ser desentranhadas do processo e nunca mais podem ser usadas, são declaradas nulas. Atingem um direito essencialmente constitucional. Ex. Interceptação telefônicas sem autorização judicial, busca e apreensão sem mandado, confissão sob tortura, etc.
 - Provas Ilegítimas (Irrituais): Não são ilícitas, mas fere direito processual, procedimental. Não tem ilicitude na prova, mas pode ser solicitada sua nulidade pois o procedimento foi realizado em desacordo com a lei, embora a prova seja lícita, não é legítima. Ex: juiz deixar de observar art. 212 e 479, CPP.
 - Provas Ilícita por Derivação: Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados – se a origem está envenenada pela ilicitude, envenena todo o restante. Ex. interceptação telefônica sem decisão judicial, pela escuta chega a um documento ou testemunha, estarão também ilícitos pelo nexo de causalidade com a origem.
Exceções: 
1) Quebra do nexo de causalidade. Atenuação. Quando não ficar evidenciado o nexo com a origem ilícita. Ex: Confissão sob tortura na fase inquisitiva e na fase processual, é feita sem tortura, com contraditório, é lícita. 
2) Teoria da fonte independente. A outra prova é feita de maneira independente, sem nexo com a origem. Ex. Exame de alcoolemia forçada e posterior exame clínico e prova testemunhal. 
3) Teoria da Descoberta Inevitável. Ainda que haja nexo de causalidade, por um raciocínio lógico simples, tudo leva a crer que aquela prova seria descoberta (Obs: estranho isso, muito subjetivo). 
Juiz Contaminado Não existe, pois o juiz tem o convencimento motivado, ele não poderia motivar a decisão em prova ilícita, então ele não fica contaminado.
Prova Ilícita “Pro Reo” Pode. É permitido, como única prova, estado de necessidade. Mas observar a parcimônia e principio da proporcionalidade.
Serendipidade Teoria do encontro fortuito. STJ entende que é permitido. A busca é por uma prova, mas ao acaso encontra outro fato (Ex. ordem de busca para encontrar pássaros e encontra drogas – para encontrar uma pessoa e encontra outra, etc). Pode ser quanto ao sujeito e ao fato.
11) PROVAS EM ESPÉCIE
a) Prova Pericial – Conceito: É o exame que exige conhecimentos técnicos científicos, artísticos, que servem ao convencimento judicial, no qual o perito emite um juízo de valor sobre os fatos (observação, indução).
O perito está obrigado a fazer a perícia sob pena de multa.
 - Tipos de Peritos:
 - Pericial: Concursado
 - Perito Não Oficial: Nomeado
 - Falta de perito oficial (na falta de perito oficial duas pessoas idôneas, que conheça da área).
 - Complexos – específicos
 a.1) Exame de Corpo de Delito – art. 158, CPP. (estudar para a prova)
Conceito: Meio de prova pericial, vale de um conjunto de elementos materiais deixados pelo crime – vestígios. 
Vestígio é toda alteração permanente no mundo físico. Fato mais comum: Lesões corporais, aborto, homicídio.
OBRIGATORIEDADE desse exame. Quando a infração deixar vestígio, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
A prova pericial não é obrigatória noutras circunstâncias, exceto o exame de corpo de delito, quando a infração deixar vestígio. Art. 184, CPP + 564. Sob pena de nulidade. 
- Oferecimento da denúncia desacompanhado do exame de corpo de delito: Em regra é admito o oferecimento da denúncia desacompanhada do exame de corpo de delito, ele pode ser produzido no decorrer do processo. Mas há duas situações que impedem o oferecimento sem o exame:
 - Crimes contra propriedade imaterial (art. 525, CPP); 
 - Lei de Entorpecentes (Lei 11.343/06 – laudo de constatação).
- Formas: 
 - Direto: Quando o perito tem contato direto com o corpo de delito – direto com a vítima.
 - Indireta: Quando desaparece o vestígio do delito – Art. 167 “Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta”. Ex. Violência doméstica: vítima chega na delegacia dizendo ter sofrido lesão, autoridade policial orienta a ir ao médico pedir atestado, o médico atesta se houve ou não a lesão, depois haverá um laudo pericial que irá confirmar se houve ou não a lesão, baseado não no exame direto do corpo, mas no laudo do médico.
- Exceção: Três casos em que é dispensado o exame de corpo de delito: 
 - Art. 12, §3º, Lei 11.340/06 – Violência doméstica;
 - Art. 77, §1º, Lei 9.099/95 – Juizado Especial Criminal – Quando houver boletim médico ou prova equivalente;
 - Art. 14, Lei de Abuso de autoridades – A prova testemunhal substituirá o exame de corpo de delito.
a2) Procedimento da Prova Pericial: A princípio, a prova pericial é, na maioria dos casos, realizada na fase investigativa Materialidade Justa Causa.
Mas há situações em que é possível a perícia judicial (art. 176), uma dessas situações é o caso da constatação da inimputabilidade de alguém – nesses casos será instaurado um processo incidental paraesclarecimento da inimputabilidade – Quesitos: Até o momento da realização da diligência. Feita a perícia, abre-se prazo para as partes se manifestarem, há inclusive a oportunidade de uma das partes pedir anulação de um assistente técnico.
 - Perícia (Não Repetíveis) => art. 155, CPP – Contraditório diferido => esclarecimento/complementação perito.
 - Assistente Técnico (art. 159, §3º - 7º).
 - Oitiva judicial; - Parecer; - Constar o laudo pericial
- Valor Probatório – art. 182 CPP
Dica para prova: (provas ilícitas, art. 155, 156 e 157, Princípios)

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