2019 07 25 Exercício 10 - Peça 05

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA... VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE...
VALDEMIR, estado civil..., profissão..., inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o número..., e-mail..., residente e domiciliado na..., rua..., bairro..., cidade..., estado..., vem, por meio de seu advogado subscritor (procuração anexa), com endereço profissional na..., rua..., bairro..., cidade..., estado..., onde receberá as devidas intimações, nos termos do artigo 103 e seguintes do Código de Processo Civil, propor a presente REPETIÇÃO DE INDÉBITO FISCAL, com fundamento nos artigos 165, I e 168, I do Código Tributário Nacional, 319 do Código de Processo Civil e Súmula 546 do Supremo Tribunal Federal, em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica sob o número..., com sede na..., rua..., bairro..., cidade..., estado..., pelos motivos de fato e de direito a seguir delineados.
I – FATOS
O Autor ingressou com reclamação na justiça trabalhista contra a empresa da qual integrava o quadro de colaboradores, requerendo o recebimento de salários atrasados e de indenização por danos morais por ter sofrido acidentes de trabalho que lhe causaram problemas estéticos.
Ocorre que a ação foi julgada parcialmente procedente, tendo o juiz do trabalho condenando a empresa Impressão Quality ao pagamento de danos morais no valor de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais).
Em que pese ter ocorrido o trânsito em julgado da sentença, a empresa descontou o quantum de R$ 23.375,00 (vinte e três mil, trezentos e setenta e cinco reais), por ter retido esse valor na fonte (IRRF).
No entanto, conforme se restará demonstrado, o valor retido é indevido, devendo ser repetido ao Autor. Vejamos.
II – DO DIREITO
Do cabimento da presente ação.
Conforme se depreende da leitura do artigo 165, I, o contribuinte tem direito à restituição total ou parcial de tributo, abstraindo-se a modalidade de seu pagamento. Perceba-se que no caso em tela, o tributo se considera pago por ter sido retido na fonte.
O artigo 168 do CTN dispõe que o prazo para a propositura da presente ação, deve observar o prazo prescricional de 5 (cinco) anos. Tendo em vista que o trânsito em julgado ocorreu em agosto de 2018, percebe-se que não está prescrito o direito de requerer a repetição, nos termos do artigo 168, I do CTN.
Ainda, a súmula 546 do Supremo Tribunal Federal legitima o Autor a propor a presente ação, visto que este é contribuinte de direito e que não recuperou do contribuinte de fato o quantum respectivo.
Portanto, configurado o completo cabimento da presente ação, é a presente para requerer a repetição do indébito fiscal, por ter sido recolhido de forma indevida, conforme se demonstrará abaixo.
Mérito. Da indenização por dano moral. Não caracterização do fato gerador do Imposto de Renda. Artigo 43 do CTN. Súmula 498 do STJ.
Percebe-se as ilicitude da retenção do imposto de renda na fonte por parte da empresa, pois não ficou caracterizado o fato gerador que faz nascer o dever de pagar o imposto.
Isto porque, em se tratando de indenização, não há que se falar em enriquecimento do Autor. Veja-se que no caso em tela, o valor arrecadado advém de uma indenização arguida pela justiça do trabalho, que entendeu sua aplicação como medida de justiça.
Não fosse o suficiente, a Súmula 498 do STJ dispõe claramente que “Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais”.
Apesar de o entendimento do STJ dispor que acerca de aquisição por meio de títulos judiciais cabe ao devedor reter o imposto diretamente na fonte, este entendimento não é aplicável ao caso em tela, pois só houve indenização moral, e não enriquecimento do Autor.
O entendimento também está disposto no artigo 12-A, §2º da Lei 7.713/88 que define que o pagamento não é devido, se há indenização no quantum.
Assim, tendo em vista que o valor foi retido pela empresa diretamente na fonte destinada à União, é a presente para que se restitua o valor retido indevidamente ao contribuinte, haja vista seu caráter indenizatório.
III – DA DISPENSA DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Nos termos do artigo 334 do CPC, o juiz designará audiência de conciliação ou mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias se preenchidos os requisitos mínimos da petição inicial.
No entanto, conforme o artigo 171 do CTN, o instituto da transação somente pode ocorrer em matéria tributária quando estabelecido em lei.
Assim, em atendimento ao artigo 334, §4º, II e § 5º do CTN, o autor informa o desinteresse na audiência de conciliação, por força do artigo 319, VII do CPC por não ser possível no caso a autocomposição.
IV – PEDIDOS
Diante do exposto e por todos os fundamentos de fato e de direito delineados, requer-se:
A dispensa da audiência de conciliação, nos termos dos artigos 334, §4º, II e §5º do CPC e 171 e 319, VII do CPC;
A procedência dos pedidos para os fins de se repetir o indébito fiscal, nos termos dos artigos 43, 165, I e 168, I do CTN e Súmulas 546 do STF e 498 do STJ, bem como do artigo 12-A, §2º da Lei 7.713/88.
A citação da União para que apresente sua Contestação, nos termos do artigo 335 do CPC;
A condenação da União ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do artigo 90 do CPC.
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos.
Dá-se a causa o valor de R$... (valor por extenso).
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data
Nome e assinatura do advogado
OAB número...