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Câncer e o ciclo celular

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Francilara Santana Silva – RA: 21000380 
Estética – 1º sem/2019 – VA01 
APS – Processos Biológicos Básicos 
 
O corpo humano é formado por cerca de 100 trilhões de células, as quais multiplicam-se a fim de 
manter a homeostasia (entre morte e divisão celular). A taxa de renovação é variável em função 
do tipo celular, e existem cerca de 100 bilhões de novas células por dia. 
Em uma divisão celular bem-sucedida, as células-filhas devem ser idênticas às células-mães, 
porém, a esta frequência de divisão celular, podem surgir pequenas alterações da molécula de 
DNA – mutações – que podem acontecer por uma série de fatores; externos e internos. 
Podemos citar como fatores externos que potencializam e/ou aceleram as mutações exposição a 
radiações ultravioletas (luz solar), raios X, contatos com agentes químicos (como o benzopireno) 
e/ou infecção por alguns vírus capazes de provocar alterações na molécula de DNA. 
A célula possui alguns mecanismos de controle para evitar a perpetuação de mutações: em alguns 
casos, enzimas especializadas se encarregam de consumir as mutações; em outros, a célula se 
“sacrifica” no processo de apoptose (“suicídio celular”). Porém, há situações em que a mutação 
não é eliminada, sendo então transmitida para todas as células-descendentes. 
As mutações não eliminadas são, normalmente, quase inexpressivas, isto é, não provocam 
mudanças significativas na transmissão da descendência. Porém, quando elas ocorrem nos genes 
de alguma forma envolvidos nos mecanismos de divisão celular, podem causar uma 
multiplicação celular descontrolada. 
O câncer é um subproduto da falha mitótica ou, mais especificamente, da reprodução falha do 
DNA e divisão celular descontrolada. Acredita-se que principalmente as mutações nos genes 
que matem o genoma estável, que codificam proteínas que percebem e reparam dano ao DNA e 
outros mecanismos chaves de manutenção, são o início do desenvolvimento de um câncer. As 
células cancerosas comportam-se de forma diferente das células normais do organismo, sendo 
que a maioria dessas diferenças estão relacionadas ao comportamento da divisão celular. 
As células cancerosas podem fabricar seus próprios fatores de crescimento em meio de cultura, 
enquanto as células normais dependem de fatores de crescimento presente no soro humano 
(adicionado no meio de cultura); ou até mesmo, no contexto do corpo, enganar as células vizinhas 
e fazê-las produzir fatores de crescimento para sustentá-las. As células cancerosas também 
ignoram os sinais que deveriam levá-las a interromper sua divisão, como a inibição de contato – 
em que o glicocálix emite sinais químicos para interromper a mitose por meio de contatos físicos 
entre células de um mesmo tecido –, presentes nas células normais. A consequência desse 
crescimento acelerado é que as células se posicionam de forma desordenada, sobrepondo-se e 
formando os tumores, ao contrário das células normais que se alinham ao lado uma das outras 
ordenadamente. 
Isso pode ser explicado pela transformação dos proto-oncogenes em oncogenes, ou seja a 
mutação dos genes responsáveis pela sintetização de proteínas reguladoras positivas do ciclo 
celular, que pode ocorrer de diversas formas: (a) mudança na sequência de aminoácidos da 
proteína, alterando seu formato e prendendo-a em um estado “sempre ligado”; (b) amplificação 
– a célula ganha copias extras do gene e, assim, começa a fabricar proteínas demais; (c) erro na 
reparação do DNA podendo conectar um proto-oncogene à parte de um gene diferente, 
produzindo uma proteína “combo” com atividade desregulada. Todos estes tipos de mutação 
Francilara Santana Silva – RA: 21000380 
Estética – 1º sem/2019 – VA01 
levam a uma aceleração do processo de divisão celular, na ausência ou não de fatores de 
crescimento. 
Uma característica peculiar às células cancerosas também é a capacidade de se dividirem muito 
mais que as células saudáveis antes de morrerem, em grande parte porque elas expressam uma 
enzima chamada telomerase, que reverte o desgaste normal das extremidades do cromossomo 
durante cada divisão celular. Outra capacidade específica das células cancerosas é sua capacidade 
de migrar para outras partes do corpo (no processo de metástase). Também obtém capacidade 
de acelerar a angiogênese - crescimento de novos vasos sanguíneos -, fornecendo fonte de 
oxigênio e nutrientes para o tumor. 
Células cancerosas evitam a apoptose, a morte programada da própria célula em caso de danos 
irreversíveis no material genético. Isso deve-se ao fato de os supressores de tumor estarem menos 
ativos ou não funcionais. Estes são genes responsáveis por bloquear a progressão do ciclo celular, 
prevenindo a formação de tumores cancerosos quando estão funcionando corretamente, uma vez 
que liberam proteínas que identificam danos ao DNA e desencadeiam uma resposta que 
interrompe a progressão do ciclo celular. 
A proteína p53 é um dos mais importantes supressores de tumor, pois desempenha papel-chave 
na resposta celular ao dano do DNA no estágio G1. A p53 identifica danos no DNA e promove 
transcrição de genes alvo. Desencadeia a produção de proteínas inibidoras, pausando o ciclo 
celular em G1para permitir que reparos sejam feitos (que são ativados também pela p53). Caso 
não seja possível reparar o material genético, a p53 aciona a apoptose. Em suma, sua função é 
impedir que o DNA danificado seja herdado e perpetuado. 
Em células cancerosas, a p53 geralmente está ausente, não funcional ou menos ativa que o normal, 
e é a mutação mais comum nos canceres humanos. Assim, é possível que uma célula com DNA 
danificado proceda com sua divisão, perpetuando a mutação nas próximas gerações. A mesma 
p53 defeituosa também é herdada, o que leva a um acúmulo de mutações ao longo das gerações, 
sendo que algumas podem gerar oncogenes ou até mesmo inativar outros supressores de tumor.

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