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- 1 - SECRETARIA DE GESTÃO PÚBLICA INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL CEDEP/ Pós-Graduação - Av. Ibirapuera, 981 – 2º andar - SP/SP – CEP: 04029-000–Fone (11) 4573.8268 Emails: posgrad@iamspe.sp.gov.br e pgraduacao@gmail.com A PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE MATRIZES DE COMPETÊNCIA: UM ESTUDO EM PERIÓDICOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS RELATÓRIO FINAL Curso vinculado: Medicina Linha de Pesquisa: Gestão de Tecnologia, Inovação e Conhecimento na Atenção à Saúde - Tecnologias educacionais inovadoras na formação de profissionais de saúde e na educação em serviço. Gestor do Curso: Prof. Dr. José Lúcio Martins Machado Pesquisador Responsável: Prof. Dr. José Lúcio Martins Machado Link Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/9929706338666879 Estudante: Flávia Almeida Costa (http://lattes.cnpq.br/2886165417626871) 20 de novembro de 2016 - 2 - - 3 - Índice RESUMO ........................................................................................................................................... 4 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 5 1.1 DCN de Medicina ......................................................................................................................... 6 1.1.1 Atenção à saúde ................................................................................................................ 7 1.1.2 Gestão em Saúde ............................................................................................................... 8 1.1.3 Educação em Saúde e Educação Continuada ...................................................................... 8 1.2 Competência ................................................................................................................................ 9 1.3 Revisão Sistemática ....................................................................................................................10 1.3.1 Contrastando com a revisão literária ................................................................................11 1.3.2 Colaborador Cochrane ......................................................................................................12 1.3.3 Best evidence medical education (BEME) Collaboration ....................................................12 2 OBJETIVO ................................................................................................................................13 3 MÉTODOS ................................................................................................................................13 3.1 Tipo de estudo ............................................................................................................................13 3.2 Local ...........................................................................................................................................14 3.3 Critérios para inclusão dos estudos .............................................................................................14 3.3.1 Quanto ao desenho do estudo ..........................................................................................14 3.3.2 Quanto aos participantes ..................................................................................................14 3.3.3 Quanto à análise das competências ..................................................................................15 3.4 Desfechos ...................................................................................................................................15 3.5 Métodos para localizar os estudos...............................................................................................15 3.5.1 Busca eletrônica ...............................................................................................................15 3.5.2 Outras fontes de informação ............................................................................................16 3.6 Seleção dos estudos ...................................................................................................................16 3.7 Extração e gerenciamento dos dados ..........................................................................................16 4 RESULTADOS e discussão .....................................................................................................16 5 CONCLUSÃO ...........................................................................................................................19 6 REFERÊNCIA ...........................................................................................................................20 ANEXOS ..........................................................................................................................................23 - 4 - RESUMO Na área da saúde, a grande relevância da abordagem construtivista da educação responde ao desafio de articular os processos de formação profissional e de educação em serviço para o atendimento das necessidades de saúde das pessoas e populações. Nos países de língua Inglesa, a formação educacional baseada em competências ressurgiu como política educacional chave. As diretrizes Brasileiras vão ao encontro dessa tendência, sendo esta competência médica alcançada no Brasil através das Diretrizes Curriculares Nacional. A organização de programas educacionais orientados por competência e a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e da avaliação formativa e critério- referenciada fazem parte de um conjunto de novas tecnologias educacionais que, combinadas, visam potencializar a interação educando-conteúdo-professor, no sentido de uma educação construtivista e voltada à transformação das práticas. O Canadá criou o CanMEDS, um framework que foi utilizado como base para a elaboração e melhoria das diretrizes curriculares de diversos países como, por exemplo, Suíça e Austrália. A Europa segue a essa tendência através do “The tunning project”, e a Holanda atua nessa mesma linha. Portanto, ao observamos a tendência curricular médica baseada em competência, verifica-se que este é um dos temas mais importantes a serem definidos para a qualidade e conformidade entre diversos países para a formação médica atual. Esse projeto de pesquisa visa realizar uma revisão sistemática sobre Competência na produção científica nacional e internacional que possa fomentar essa tendência mundial, comparando com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Saúde. Palavras-chave: Educação Médica; Diretrizes Curriculares; Formação Médica; Competências Médica. - 5 - 1 INTRODUÇÃO Os modelos ainda vigentes de educação médica baseiam-se fortemente na figura do professor como fonte do conhecimento e o educando como receptor e reprodutor dos conhecimentos transmitidos. A introdução de tecnologias educacionais inovadoras surgiu como reação aos currículos orientados para a aquisição de conhecimentos. A partir das últimas quatro décadas do século XX, a produção de novos conhecimentos sobre cultura, mente, cérebro e aprendizagem passaram a questionar o modelo hegemônico da transmissão de conhecimentos, possibilitando a experimentação de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, centradas no sujeito que aprende (BRANSFORD, 2007). Os novos modelos buscam substituir processos de memorização e de transferência fragmentada de conhecimentos e habilidades. Ao invés do acúmulo e posse de informações, as concepções fundamentadas por novas evidências sobre o processo ensino-aprendizagemfocalizam a construção e significação de saberes, a partir do confronto com situações reais ou simuladas da prática profissional, justificando a necessidade de uma reformulação na formação médica (Brasil, 2002). No Brasil, o currículo médico é baseado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a área da saúde de 2014 (DCN, 2014). Essas diretrizes visam valorização das capacidades crítico-reflexiva e de aprender a aprender e passam a ser fortemente estimuladas no novo perfil profissional. Componentes como atitude, a exposição e apresentação dos conhecimentos prévios e adquiridos, visão crítica e analítica de informações fazem parte de uma gama de competências básicas que um aluno de medicina deve desenvolver durante a graduação. A organização de programas educacionais orientados por competências e a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e da avaliação formativa e critério-referenciada fazem parte de um conjunto de novas tecnologias educacionais que, combinadas, visam potencializar a interação educando-conteúdo- professor, no sentido de uma educação construtivista e voltada à transformação das práticas. - 6 - A formação na área da saúde tem grandes ganhos com a abordagem construtivista da educação, pois responde ao desafio de aproximar a formação e educação para o atendimento das necessidades de saúde das pessoas e populações, formando profissionais preparados para lidar com desafios da rotina médica. Nestes termos, é possível considerar uma matriz curricular como parte de um conjunto de novas tecnologias educacionais, que, dentre tantas funções promove a gestão da avaliação curricular de um sistema de ensino aprendizagem. 1.1 DCN de Medicina As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Medicina estabelecem os princípios, os fundamentos e as finalidades da formação Médica. Estas veem em sintonia com programa Mais Médicos, aprimorando as diretrizes de 2001 e acompanhando o atual estágio de mudanças do Sistema Único de Saúde (SUS) e os avanços da Educação em Saúde. A formação de graduado em medicina deverá ter uma formação mais crítica, ética, humanística e reflexiva, focando na promoção, recuperação e reabilitação da saúdo em ambitos individuais e coletivos e desdobrar-se-á nas seguintes áreas (DCN 2014): I. Atenção à saúde, II. Gestão em saúde, III. Educação em saúde. Além das diretrizes, as DCNs propõem um novo perfil profissional fundamentado no desenvolvimento e na avaliação de competência dos egressos desses programas, nos conteúdos curriculares e projeto pedagógico do curso de Graduação em Medicina (DCN, 2014). O perfil do profissional médico deve ser generalista, humanista, crítico e reflexivo, pautado em princípios éticos e nos processos de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção (DCN, 2014). - 7 - 1.1.1 Atenção à saúde A área de “Atenção em saúde” tem por objetivo desenvolver a aptidão do aluno em desenvolver ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de condições de saúde-doença, tanto no âmbito individual quanto coletivo, orientada à defesa do (a): a. Acesso universal e equidade em saúde – A atenção à saúde deve ser produzida de forma justa pelo SUS, segundo prioridades definidas pela vulnerabilidade e pelo risco à saúde e à vida, de acordo com as necessidades de cada pessoa. b. Integralidade e humanização do cuidado - A prática médica deve ser realizada de forma integrada e contínua às demais ações profissionais e instâncias do sistema de saúde, com respeito à dignidade e à liberdade de escolha das pessoas. c. Qualidade e segurança – Utilização de diretrizes e protocolos clínicos e de normas técnicas para a realização de processos e procedimentos, como um esforço coletivo e permanente para a redução de riscos e danos às pessoas e aos profissionais. d. Preservação da biodiversidade ambiental com sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida - Incorporação de novos hábitos e práticas de saúde, compreensão sobre as relações entre homem, ambiente, sociedade e tecnologia, ampliação da consciência e da responsabilidade de cada um na preservação da biodiversidade e da qualidade de vida. e. Ética profissional - Os princípios da ética/bioética devem fundamentar a prática médica, o compromisso social deve estar presente em todos os momentos do trabalho em saúde além do respeito, considerando a diversidade de perspectivas e valores. f. Promoção da saúde - Deve ser levada a cabo como estratégia de promoção da saúde, contribuindo para a construção de ações que possibilitem responder às necessidades sociais em saúde. g. Cuidado centrado na pessoa sob cuidados - Identificação de objetivos e responsabilidades comuns entre profissionais de saúde e usuários no cuidado. - 8 - 1.1.2 Gestão em Saúde Ao tratar da área de “Gestão em Saúde” o foco é o profissional agindo para gerenciar e administrar outros profissionais de saúde, serviços e instituições, respondendo as necessidades de saúde individuais e coletivas, a organização dos recursos e serviços, segurança e eficiência na atenção a saúde, portanto: a. Gestão do cuidado - Uso de saberes e dispositivos de todas as densidades tecnológicas para promover a organização de Sistemas Integrados de Saúde, com uma visão ampliada da clínica, para articular ações, profissionais e serviços. b. Valorização da vida - A melhoria dos indicadores de qualidade de vida, de morbidade e mortalidade devem ser os resultados que orientam a gestão em saúde, considerando as condições evitáveis e o conhecimento científico e a tecnologia disponíveis. c. Tomada de decisões - A tomada de decisões deve ser baseada na análise de evidências científicas, visando ampliar a eficiência e a efetividade no trabalho em saúde. d. Comunicação - Ao comunicar-se com usuários, familiares e membros das equipes, os profissionais de saúde devem estabelecer relações que favoreçam a construção compartilhada de um projeto assistencial comum. e. Liderança - Mesmo agindo localmente, o profissional precisa pensar globalmente. 1.1.3 Educação em Saúde e Educação Continuada A “Educação em saúde” é uma área que visa promover a autonomia e a independência intelectual do profissional, na qual o aluno está apto a aprender continuamente, tendo a responsabilidade e o compromisso com a própria educação. As capacidades em educação conformam uma área do perfil de competência médica, que promove a autonomia e a independência intelectual, com responsabilidade social: a. Aprender a Aprender - A identificação dos conhecimentos prévios em relação a uma situação de saúde e a formulação de questões para buscar informações científicas sobre o problema devem orientar o processo ensino-aprendizagem. - 9 - b. Aprendizagem Interprofissional - reflexão sobre a própria prática e a troca de saberes entre os profissionais de saúde devem orientar a identificação e discussão de problemas no processo de trabalho em saúde, para possibilitar o aprimoramento da colaboração e da qualidade da atenção à saúde. c. Aprender com o erro - O uso positivo da análise dos processos e dos resultados do equívoco e do erro, especialmente em situações e ambientes protegidos, ou em simulações da realidade. d. Envolvimento na Formação - A participação em processos de avaliação de desempenho de estudantes, docentes e da escola deve promover o autoconhecimento e a autoavaliação das escolas médicas e dos seus egressos. e. Mobilidade Acadêmica e Formação de Redes - A mobilidade de estudantes, professores, profissionais de saúde e de pessoassob cuidado deve favorecer a ampliação das oportunidades de aprendizagem, pesquisa e trabalho, bem como da identificação de novos desafios voltados para o levantamento e enfrentamento dos problemas de saúde da sociedade. A construção de um sentimento de responsabilidade pelo planeta deve mobilizar a ajuda profissional, em situações de emergência em saúde pública, no âmbito nacional e internacional. 1.2 Competência O tema competência, nos últimos anos, ganhou importância acadêmica e empresarial, entrando na pauta de discussões e ganhando diferentes modos de compreendê-lo. Competência deixou de ser tratado somente no senso comum, onde era utilizada para definir uma pessoa qualificada para realizar alguma atividade (Fleury, 2001). As competências envolvidas na educação médica costumam ser habilidades complexas e que inter-relacionam domínios variados como cognitivos, psicomotor e afetivo. A comunicação é um ponto crucial, ela envolve, por exemplo, a comunicação afetiva com o paciente, realização da anamnese bem elaborada e do exame físico, esses pontos já incluem todos os domínios supracitados. A tomada de decisão - 10 - envolve não somente o campo cognitivo, mas também atitudes e crenças frente aos padrões de conduta médica (TRONCON, 1996). De acordo com o dicionário Oxford, competência (competence ou Competency) é a “habilidade de fazer algo com sucesso ou eficientemente”. Longman define competência como a “habilidade de fazer bem algo”. Em ambas as definições se destaca a “habilidade de fazer”. Lima (2005) amplia o conceito de competência utilizando uma base literária educacional, dessa maneira pode-se verificar a existência de três relevantes abordagens conceituais sobre competência: a primeira vincula competência como uma coleção de tributos pessoais, a segunda relaciona com tarefas realizadas e a terceira fala sobre competência dialógica. Nas DCNs (2014), competência na formação médica é compreendida como a capacidade de mobilizar diferentes recursos para solucionar, com oportunidade, pertinência e sucesso, os problemas da prática profissional, em diferentes contextos do trabalho em saúde. Nos países de língua Inglesa, a formação educacional baseada em competências ressurgiu como política educacional chave (Gonzi, 1994). No Brasil, a competência médica é alcançada, de acordo com as DCNs (2014), pelo desenvolvimento integrado das três áreas de competência já citadas (Atenção à saúde, gestão em saúde e educação em saúde), sendo cada uma delas representadas por subáreas de ações chave que traduzem a prática profissional. O currículo do aluno é orientado por competência, sendo elas divididas em: área de competência, subárea, domínio e desempenho (Anexo 1). 1.3 Revisão Sistemática De acordo com Sharma (2015), Revisão Sistemática (RS) médica é uma ferramenta de pesquisa efetiva, mas requer uma abordagem dedicada, baseada numa série de passos de aceitação para o seu desenvolvimento. Para o Ministério da Saúde a revisão sistemática é definida como um sumário de evidências provenientes de estudos primários conduzidos para responder uma questão específica de pesquisa. Utiliza um processo de revisão de literatura abrangente, imparcial e reprodutível, que localiza, avalia e sintetiza o conjunto de - 11 - evidências dos estudos científicos para obter uma visão geral e confiável da estimativa do efeito da intervenção. De acordo com Campbell Collaboration, a finalidade de uma revisão sistemática é resumir a melhor pesquisa disponível sobre uma questão específica. Isso é feito por meio da síntese dos resultados de diversos estudos. A RS responde a uma questão específica com pouco abrangente. E fornece uma análise mais profunda e um resumo das melhores evidências disponíveis em resposta e essa questão. Isso envolve um rigoroso processo de pesquisa, seleção, apreciação, interpretação e revisão dos resumos de estudos publicados sobre o tópico específico (Shaman, 2015). Uma revisão pode ser considerada sistemática se: Tem uma questão claramente formulada Identifica estudos relevantes Avalia criticamente sua qualidade Resume a evidência usando uma metodologia explícita Conduzir uma revisão sistemática é um processo complicado de ser entendido, muitos consideram isso como um projeto por si só. Pesquisadores que realizam esta tarefa percebem que ela é intensa e leva tempo ao invés de uma tarefa “fácil e rápida”. Paradoxalmente, o processo por si só não é difícil e desafiador, mas envolve seguir um processo lógico passo a passo de forma escalonada. 1.3.1 Contrastando com a revisão literária Numa revisão literária são identificadas algumas revisões sem uma questão de revisão específica. O tópico a ser examinado é bastante amplo, e as fontes não são necessariamente especificadas. Uma revisão sistemática se difere pelo rigor do processo. Com o objetivo de esclarecer e distinguir uma revisão sistemática de uma revisão literária, o Guia da AMEE (Shaman, 2015) construiu o Quadro 1 na qual as características de cada tipo de estudo são apresentadas. Quadro 1 - Características de uma revisão sistemática e uma revisão literária: - 12 - Revisão literária Revisão sistemática Uma breve visão geral, sem uma questão de pesquisa específica. Objetivos claros e explícitos, com critério de inclusão firmado para os estudos a serem selecionados. Fontes de literatura e processo de seleção de estudos não estão especificados profundamente O uso do método de revisão sistemática reduz a amostragem de vieses Artigos revisados são resumidos e criticados, mas não são feitos num padrão sistemático e rigoroso Uso de avaliação consistente das informações disponíveis como qualidade de desfechos e estudos Susceptíveis a viés, onde a revisor pode selecionar artigos que suportem a sua visão, impedindo uma apresentação objetiva da pesquisa. Melhora a transparência mostrando como as decisões foram tomadas no processo de revisão, permitindo a avaliação direta da qualidade da revisão Não é considerado como uma pesquisa original Pode ser considerada uma pesquisa original, mas geralmente chamada de pesquisa secundária. Integra pesquisas de diversos campos e identifica novas ideias Resumos de pesquisas sobre um tema focado e destaca seus pontos fortes e fracos no corpo existente de evidências Existem metodologias que definem a execução deste tipo de revisão, por exemplo, as listados abaixo. 1.3.2 Colaborador Cochrane O Colaborador Cochrane é um movimento global com os objetos chave de preparação, manutenção e disseminação de resultados de revisões sistemáticas. Cochrane levou a formulação de uma abordagem para uma síntese de evidência, chamado de revisão sistemática, para lidar com problemas já evidenciados por má utilização da saúde baseada em evidência. Isso inclui escrever um protocolo conciso que é inicialmente revisado antes do início do trabalho e é usado para clarear os critérios de inclusão e exclusão, qualidade, força de conclusões e de resumos leigos. 1.3.3 Best evidence medical education (BEME) Collaboration Criado em 1999 com o objetivo de disseminar a informações que permitem médicos professores, instituições e todos envolvidos na educação médica tomarem decisão baseadas nas evidências médicas disponíveis, produzindo revisões sistemáticas apropriadas de educação médica que refletem as melhores evidências disponíveis e ir ao encontro das necessidades dos usuários, e criar uma cultura de melhores evidências na educação médicas entre professores individuais, instituições e national bodies.- 13 - 2 OBJETIVO O projeto tem como objetivo principal a realização de uma revisão sistemática sobre as competências para a graduação médica, na produção científica nacional e internacional que possa subsidiar a elaboração posterior da construção de uma matriz de competências para a Área da Saúde. Como objetivo secundário, o aprofundamento da compreensão sobre as mudanças na Graduação em Medicina baseadas nas diretrizes curriculares de 2014. A questão central que guiou esta revisão foi: como as competências médicas estão sendo utilizadas, no âmbito nacional e internacional, para a adequação das novas necessidades para a formação médica voltada numa educação construtivista e transformação das práticas? Como objetivo secundário foi realizada uma breve avaliação do alinhamento entre a base conceitual para a construção das DCNs comparando com o padrão das principais escolas médicas internacionais. 3 MÉTODOS 3.1 Tipo de estudo Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, quer seja, uma revisão planejada que utiliza métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos; de forma a diminuir o viés na seleção de trabalhos e sintetizar estudos sobre problemas relevantes de forma objetiva, reproduzível e, portanto, fundamentada em método científico. O Método Cochrane recomenda que a revisão sistemática seja efetuada em sete passos; quais sejam: i. Formular a pergunta - uma pergunta bem formulada, onde são definidas as intervenções é o passo inicial na realização da revisão sistemática. ii. Localizar e selecionar os estudos – devem-se buscar diversas fontes de busca de estudos, detalhando o método utilizado para cada uma delas. iii. Avaliar de forma crítica os estudos - são critérios para definir quais estudos são válidos e irão ser utilizados na revisão e citação com justificativas dos estudos excluídos. - 14 - iv. Coletar dados – resumos dos estudos selecionados com as características do método, dos participantes e dos desfechos clínicos, que permitirão determinar a possibilidade de comparar ou não os estudos selecionados. v. Analisar e apresentar os dados - baseado na semelhança entre os estudos, estes serão agrupados e poderão ser apresentados de forma gráfica e numérica. vi. Interpretar os dados - é determinada a força da evidência encontrada e a prática corrente que sejam relevantes. vii. Aprimorar e atualizar a revisão - uma vez publicada a revisão sofrerá críticas e receberá sugestões que devem ser incorporadas às edições subsequentes, caracterizando uma publicação viva, e ainda ser atualizada cada vez que surjam novos estudos sobre o tema. O presente projeto foi realizado seguindo os supracitados para um projeto de revisão sistemática. 3.2 Local Este é um estudo de revisão sistemática de literatura que foi realizado utilizando apenas dados secundários e busca eletrônica. Portanto, grande parte do estudo foi realizado na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Estado de São Paulo, Instituição de origem dos pesquisadores supracitados; contudo, eventualmente, os pesquisadores utilizaram as dependências do Programa de Iniciação Científica do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE), Município de São Paulo. 3.3 Critérios para inclusão dos estudos 3.3.1 Quanto ao desenho do estudo Foram incluídos estudos secundários que tenham realizado uma análise das competências necessárias à formação médica. 3.3.2 Quanto aos participantes Os participantes analisados pelos estudos foram a aluna de graduação de Medicina e seu orientador. - 15 - 3.3.3 Quanto à análise das competências Os estudos analisaram e descreveram as competências em relação ao curso como um todo ou sobre aspectos específicos do curso. 3.4 Desfechos Os desfechos foram os relacionados com as competências em suas possíveis variações. As competências foram analisadas considerando: o ano de publicação; evolução das competências ao longo do tempo; framework de competências em educação médica, sendo incluídos; competências somente na graduação médica e diferentes regiões dos estudos incluídos. 3.5 Métodos para localizar os estudos 3.5.1 Busca eletrônica As bases de dados eletrônicas analisadas foram a PubMed e Portal Regional da BVS onde foram utilizadas as bases de dados Medline e LILACS. Foi elaborada uma estratégia de busca matriz utilizando os descritores estruturados de acordo com a pergunta de pesquisa. Os termos para a busca foram: “Educação médica”, “currículo”, “Competência profissional” e “Educação médica baseada em competência” ou “Aprendizado Baseado em Problema”. Estratégia de busca utilizada no PubMed: systematic[sb] AND ("Education, Medical"[Mesh] AND "Curriculum"[Mesh] AND ("Professional Competence"[Mesh] OR "Problem-Based Learning"[Mesh] OR "Competency- Based Medical Education"[All Fields])) AND ((Review[ptyp] OR Clinical Trial[ptyp]) AND "loattrfull text"[sb] AND "humans"[MeSH Terms]) Estratégia de busca utilizada no Portal Regional da Saúde - LILACS/MEDLINE: (tw:(medical education)) AND (tw:(curriculum)) AND (tw:(professional competence)) OR (tw:(problem-based learning)) OR (tw:(competency-based medical education)) AND - 16 - (instance:"regional") AND ( fulltext:("1") AND db:("MEDLINE" OR "LILACS") AND type_of_study:("systematic_reviews") AND limit:("humans")) 3.5.2 Outras fontes de informação A busca também utilizou fontes de informação não indexadas (literatura cinzenta). Considerando estudos oriundos de associações, sociedades e congressos nacionais e internacionais na área e buscas nas bibliografias dos artigos selecionados. 3.6 Seleção dos estudos Os estudos foram selecionados por meio de dois avaliadores independentes que farão a leitura do título e resumo de todos os estudos localizados nas bases de dados e na literatura cinzenta. Os estudos considerados elegíveis para inclusão nesta etapa foram então avaliados em texto completo classificando os estudos como “incluídos” ou “excluídos”. 3.7 Extração e gerenciamento dos dados Os dados foram extraídos utilizando um formulário padronizado de acordo com os desfechos relacionados à revisão. Todos os resultados foram tabulados e classificados usando o software Excel. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A busca nas bases de dados LILACS e PubMed encontrou 139 documentos. Após a aplicação dos critérios de exclusão, foram selecionados 15 artigos para análise do texto completo e posteriormente mais cinco artigos para a finalização da revisão. Analisando as bibliografias dos artigos selecionados, foi decida a inclusão de novos artigos devido a afinidade com o tema do trabalho. Foram selecionados mais seis trabalhos, totalizando 11 para a revisão final, conforme figura 1. - 17 - Figura 1- Resultado das buscas nas bases de dados e artigos de referências bibliográficas O Anexo 2 apresenta uma tabela com os principais pontos abordados em cada um dos artigos selecionados, onde mostram a importância da utilização da competência médica como guia para a formação médica ou discutem sobre o tema. A partir desse resultado, observa-se que as DCNs especificam as principais competências esperadas dos alunos de graduação médica ao fim de seu curso (DCN, 2014), e é possível observar que este documento segue um padrão mundial baseado em competências. Gonzi (1994) infere que nos países de língua Inglesa, a formação educacional baseada em competências ressurgiu como política educacional chave, e este padrão está sendoutilizado no Brasil. O conceito de competência desempenha um papel fundamental na definição dos resultados dos currículos médicos, no que deve ser avaliado, na natureza dos recursos internos e externos e na maneira em que estes serão utilizados para fornecer serviços de saúde apropriados. Há um consenso de que competência é composta por conhecimento, habilidades e outros componentes que ainda não - 18 - existem um acordo de quais são, mas sugerem-se estes sejam atitude e valores (Fernandez, 2012). O Canadá desenvolveu um framework nos anos 90, o CanMEDS, nele o papel profissional reflete as expectativas da sociedade contemporânea sobre os médicos, que incluem a competência clínica e um compromisso com o desenvolvimento profissional contínuo. O CanMEDS tem o objetivo de definir as competências necessárias para a prática médica e fornecer uma base abrangente para a educação e prática médica no Canadá (Frank,2005). Em seguida, diversos países desenvolveram seus próprios frameworks baseados no CanMEDS (Hautz,2015). O Currículo suíço, por exemplo, foi criado inicialmente baseado no currículo holandês, mas em 2005 ele foi atualizado utilizando em parte o CanMEDS (SMIFK/CIMS,2008). Os Holandeses criaram um documento de requisitos educacionais comuns, que todas as escolas médicas devem garantir e que todos os médicos formados na Holanda devem ter para atender a população. Estes requisitos têm como objetivo definir o conhecimento, habilidade e conduta profissional necessária para a função de um bom médico (Metz,2001). O guia britânico mostra características e habilidades que o médico deve ter para que haja confiabilidade e respeito pela vida humana, e neste entram domínios como conhecimento, habilidade e comunicação, por exemplo, que são itens comuns aos frameworks supracitados (GNC, 2013). Em 2011 na Alemanha, foram definidas 289 metas de aprendizagem em três profundidades (12 sistemas orgânicos, áreas de contato com especialidades e área de competência de sistema cross orgânicos) com cronologias diferentes indo ao encontro dos objetivos suíços e australianos (Schnabel, 2011). Portanto foi identificado que Canadá, Suíça, Holanda, Alemanha, Reino Unido, Colegiado Europeu (por meio do “The Tuning Project”), Austrália e Brasil estão usando como base de suas diretrizes competências para definir o que é esperado na graduação médica. - 19 - 5 CONCLUSÃO A questão central que guiou esta revisão foi: como as competências médicas estão sendo utilizadas, no âmbito nacional e internacional, para a adequação das novas necessidades para a formação médica voltada numa educação construtivista e transformação das práticas? Na primeira etapa do trabalho foram apresentadas as buscas sistemáticas dos artigos relacionados ao tema, conforme os padrões de uma revisão sistemática, nas principais bases de dados médicas. Durante a segunda etapa do projeto foram realizadas as análises dos textos completos dos artigos pré-selecionados. Concluímos que a competência desempenha um papel fundamental na definição dos resultados dos currículos médicos, influenciando diretamente no que deve ser avaliado e na distribuição de recursos para fornecer serviços de saúde. Há um consenso de que competência é composta por conhecimento, habilidades e outros componentes ainda acordados, mas sugere-se que estes sejam atitude e valores. Ao avaliar as literaturas internacionais chegamos a conclusão de que as competências médicas estão sendo utilizadas por diversos países, como base para a elaboração de diretrizes curriculares médica para que houvesse uma melhor definição do conhecimento e habilidades básica do recém-formado em medicina, assim como aconteceu no Brasil com a elaboração das DCNs de 2014. Portanto, o Brasil, com a implantação das DCNs de 2014 na formação médica, encontra-se alinhado com o padrão das principais diretrizes internacionais, ou seja, a formação médica está sendo baseada em competências focadas nas necessidades de saúde básicas da formação, com a complementação de focos específicos a partir de dados regionais, além da formação em a gestão na área da saúde e na educação continuada. - 20 - 6 REFERÊNCIA ACF Revision Working Group. Australian Curriculum Framework for Junior Doctors. Version 2.2. Confederation of Postgraduate Medical Education Councils (CPMEC); 2009. BOLLELA, VR ; MACHADO, JLM. O currículo por competências e sua relação com as diretrizes curriculares. Revista Science in Health, v. 2, p. 126-142, 2010. BRANSFORD, J. D. et al. Como as pessoas aprendem. São Paulo: Editora Senac, 2007. 381p. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA. [Acesso em maio de 2015]. 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[serie PALTEX Salud y Sociedad; n. 5, 2000]. - 23 - ANEXOS - 24 - Anexo 1 - DCN Grande área subárea Ação chave Desempenho Descrição do desempenho Atenção à saúde Subárea: (I) - Atenção às necessidades individuais de saúde A. Ação-Chave: Identifica necessidades de saúde a. Realiza história clínica Estabelece uma relação profissional ética no contato com as pessoas sob seus cuidados, familiares e/ou responsáveis. Identifica situações de emergência, desde o início do contato, atuando de modo a preservar a saúde e a integridade física e mental das pessoas sob cuidado. Orienta o atendimento às necessidades de saúde das pessoas sob seus cuidados. Usa linguagem compreensível, estimulando o relato espontâneo e cuidando da privacidade e conforto da pessoa sob seus cuidados. Favorece a construção de vínculo, valorizando as preocupações, expectativas, crenças e os valores relacionados aos problemas trazidos pela pessoa sob seu cuidado e responsáveis. Identifica motivos ou queixas, evitando a explicitação de julgamentos, e considera o contexto de vida e os elementos biológicos, psicológicos e socioeconômico-culturais relacionados ao processo saúde-doença. Orienta e organiza a anamnese, utilizando o raciocínio clínico-epidemiológico e a técnica semiológica. Investiga sinais e sintomas, repercussões da situação, hábitos, fatores de risco, condições correlatas e antecedentes pessoais e familiares. Registra os dados relevantes da anamnese no prontuário de forma clara e legível. b. Realiza exame físico Esclarece os procedimentos, manobras ou técnicas do exame físico ou exames diagnósticos e obtém consentimento da pessoa sob seu cuidado ou responsável. Cuida da segurança, privacidade e conforto dessa pessoa, ao máximo possível. Mostra postura ética e destreza técnica na inspeção, palpação, ausculta e percussão, com precisão na aplicação das manobras e procedimentos do exame físico geral e específico, considerando a história clínica, a singularidade étnico-racial, gênero, orientação sexual e linguístico-cultural e identidade de gênero. Esclarece à pessoa ou responsável, os sinais verificados e registra as informações no prontuário, de modo legível. c. Formula hipóteses e prioriza problemas Estabelece hipóteses diagnósticas mais prováveis, relacionando os dados da história e dos exames clínicos. Formula e prioriza os problemas da pessoa sob seus cuidados, considerando os contextos pessoal, familiar, do trabalho, epidemiológico, ambiental e outros pertinentes. Informa e esclarece suas hipóteses de forma ética e humanizada, considerando dúvidas e questionamentos da pessoa sob cuidados, familiares e responsáveis. - 25 - d. Promove investigação diagnóstica Solicita exames complementares com base nas melhores evidências científicas, avaliando a possibilidade de acesso da pessoa sob seu cuidado aos testes necessários. Avalia condições de segurança para essa pessoa, bem como a eficiência e efetividade dos exames. Interpreta e relaciona os resultados dos exames realizados, considerando as hipóteses diagnósticas, a condição clínica e o contexto da pessoa sob seus cuidados. Registra e atualiza, no prontuário, a investigação diagnóstica, de forma clara e objetiva. B. Ação-Chave: Desenvolve e avalia planos terapêuticos a. Elabora e implementa planos terapêuticos Elabora planos terapêuticos, contemplando as dimensões de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, de modo contextualizado. Discute o plano, suas implicações e o prognóstico, segundo as melhores evidências científicas. Busca dialogar as necessidades referidas pela pessoa sob seus cuidados ou responsável com as necessidades percebidas pelos profissionais de saúde, estimulando-a a refletir sobre seus problemas e a promover o autocuidado. Pactua as ações de cuidado, promovendo a participação de outrosprofissionais, sempre que necessário. Implementa as ações pactuadas e disponibiliza prescrições e orientações legíveis, estabelecendo e negociando o acompanhamento e/ou encaminha a pessoa sob cuidados com justificativa. Informa situações de notificação compulsória aos setores responsáveis. b. Acompanha e avalia os planos terapêuticos Acompanha e avalia a efetividade das intervenções realizadas e considera a avaliação da pessoa sob seus cuidados e responsáveis em relação aos resultados obtidos, analisando dificuldades e valorizando conquistas. Favorece o envolvimento da equipe de saúde na análise das estratégias de cuidado e resultados obtidos. Revê diagnóstico e o plano terapêutico, sempre que necessário. Explica e orienta os encaminhamentos ou a alta, verificando a compreensão da pessoa sob seus cuidados e de seus responsáveis. Registra o acompanhamento e a avaliação do plano no prontuário, buscando torná-lo um instrumento orientado ao cuidado integral. Sub área: (II)- Atenção às necessidades coletivas de saúde A. Ação-Chave: Investiga problemas de saúde coletiva Analisa as necessidades de saúde de grupos e as condições de vida e de saúde de comunidades, a partir de dados demográficos, epidemiológicos, sanitários e ambientais, considerando as dimensões de risco, vulnerabilidade, incidência e prevalência das condições de saúde. Acessa e utiliza dados secundários ou informações que incluam o contexto cultural, socioeconômico, ambiental e das relações, movimentos e valores de populações, em seu território, visando ampliar a explicação de causas, efeitos e determinantes no processo saúde-doença. - 26 - Relaciona os dados e as informações obtidas, articulando os aspectos biológicos, psicológicos e socioeconômico-culturais relacionados ao adoecimento e à vulnerabilidade de coletivos. Estabelece diagnósticos de saúde e prioriza problemas segundo sua magnitude, existência de recursos para o seu enfrentamento e importância técnica, cultural e política da situação. B. Ação-Chave: Desenvolve e avalia projetos de intervenção coletiva Participa da discussão e construção de projetos de intervenção em coletivos, de modo orientado à melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade e à redução de riscos, danos e vulnerabilidades. Estimula a inclusão da perspectiva de outros profissionais e representantes de segmentos sociais envolvidos na elaboração dos projetos. Promove o desenvolvimento de planos orientados aos problemas priorizados. Participa da implementação de ações, considerando metas, prazos, responsabilidades, orçamento e factibilidade. Participa da avaliação dos projetos, prestando contas e promovendo ajustes, orientados à melhoria da saúde coletiva. Gestão em saúde A. Ação-Chave: Organiza o trabalho em saúde a. Identifica problemas no processo de trabalho Identifica oportunidades e desafios na organização do trabalho em saúde, considerando as diretrizes do SUS. Utiliza diversas fontes para identificar problemas no processo de trabalho, incluindo a perspectiva dos profissionais e dos usuários, de modo a identificar risco e vulnerabilidade de pessoas, famílias e grupos sociais, bem como a análise de indicadores e do modelo de gestão. Utiliza diversas fontes para identificar problemas no processo de trabalho, incluindo a perspectiva dos profissionais e dos usuários, de modo a identificar risco e vulnerabilidade de pessoas, famílias e grupos sociais, bem como a análise de indicadores e do modelo de gestão. Participa da priorização de problemas, identificando a relevância, magnitude e urgência, as implicações imediatas e potenciais, a estrutura e os recursos disponíveis. Mostra abertura para ouvir opiniões diferentes da sua e respeita a diversidade de valores, de papéis e de responsabilidades no cuidado à saúde. Trabalha de modo colaborativo em equipes de saúde, respeitando normas institucionais dos ambientes de trabalho e agindo com compromisso ético-profissional. b. Elabora e implementa planos de intervenção Participa da elaboração de planos de intervenção para o enfrentamento dos problemas classificados prioritariamente, visando melhorar a organização do processo de trabalho e da atenção à saúde. Apoia a criatividade e a inovação na construção de planos de intervenção. Participa da implementação das ações, favorecendo a tomada de decisão baseada em evidências científicas, - 27 - na eficiência e efetividade do trabalho em saúde. Participa da negociação de metas para os planos de intervenção, considerando os colegiados de gestão e de controle social. B. Ação-Chave: Acompanha e avalia o trabalho em saúde a. Gerencia o cuidado em saúde Promove a integralidade da atenção à saúde individual e coletiva, articulando as ações de cuidado, no contexto dos serviços próprios e conveniados ao SUS. Utiliza as melhores evidências e os protocolos e diretrizes cientificamente reconhecidos para promover o máximo benefício à saúde das pessoas e coletivos, segundo padrões de qualidade e de segurança na atenção à saúde. Favorece a articulação de ações, profissionais e serviços, apoiando a implantação de dispositivos e ferramentas que promovam a organização de sistemas integrados de saúde. b. Monitora planos e avalia o trabalho em saúde Participa de espaços formais para reflexão coletiva sobre o processo de trabalho em saúde e os planos de intervenção. Monitora a realização de planos, identificando conquistas e dificuldades. Avalia o trabalho em saúde, utilizando indicadores e relatórios de produção, ouvidoria, auditorias e processos de acreditação/certificação. Utiliza os resultados para promover ajustes e novas ações, mantendo os planos permanentemente atualizados e o trabalho em saúde em constante melhoria. Faz e recebe críticas, de modo respeitoso, valorizando o esforço de cada um e favorecendo a construção de um ambiente solidário de trabalho. Estimula o compromisso de todos com a transformação das práticas e da cultura organizacional, no sentido da defesa da cidadania e do direito à saúde. Educação em saúde A. Ação-Chave: Identifica necessidades de aprendizagem individuais e coletivas Estimula a curiosidade e o desenvolvimento da capacidade de aprender com todos os envolvidos, em todos os momentos do trabalho em saúde. Identifica necessidades de aprendizagem próprias, das pessoas sob seus cuidados e dos responsáveis, dos cuidadores, familiares, da equipe multiprofissional de trabalho, de grupos sociais ou da comunidade, a partir de uma situação significativa e respeitando o conhecimento prévio e o contexto sociocultural de cada um. B. Ação–Chave: Promove a construção e socialização de Mostra postura aberta à transformação do conhecimento e da própria prática. Mostra postura aberta à transformação do conhecimento e da própria prática. Orienta e compartilha conhecimentos com as pessoas sob seus cuidados, responsáveis, familiares, grupos e outros profissionais, respeitando o desejo e o interesse desses, no sentido de construir novos significados - 28 - conhecimento para o cuidado à saúde. Estimula a construção coletiva de conhecimento em todas as oportunidades do processo de trabalho, favorecendo espaços formais de educação continuada e participando da formação de futuros profissionais. C. Ação-Chave: Promove o pensamento científico e crítico e apoia a produção de novos conhecimentos Utiliza os desafios do trabalho para estimular e aplicar o raciocínio científico, formulando perguntas e hipóteses,buscando dados e informações. Analisa criticamente fontes, métodos e resultados, no sentido de avaliar evidências e práticas no cuidado, na gestão do trabalho e na educação de profissionais de saúde, pessoa sob cuidados, famílias e responsáveis. Identifica a necessidade de produção de novos conhecimentos em saúde e em medicina, a partir do diálogo entre sua própria prática e a produção científica, além de levar em consideração o desenvolvimento tecnológico disponível. Favorece ou participa do desenvolvimento científico e tecnológico voltado para atenção das necessidades de saúde individuais e coletivas, por meio da disseminação das melhores práticas e do apoio à realização de pesquisas de interesse da sociedade. Resumo dos artigos selecionados Artigo Principais resultados Building a Framework of Entrustable Professional Activities, Supported by Competencies and Milestones, to Bridge the Educational Continuum (CARRACCIO,2017) O framework do currículo Australiano para médicos em formação (Australian Curriculum Framework for Junior Doctors -ACF) é um modelo educacional que define os resultados de aprendizagem a serem alcançados por meio de suas rotações clínicas, programas de educação e aprendizagem individual, a fim de promover cuidados de saúde seguros e de qualidade. O ACF é construído em torno de três áreas de aprendizagem: Clínica de Gestão, Comunicação, e Profissionalismo. Estas áreas estão divididas em categorias cada uma das quais é ainda subdividida em tópicos de aprendizagem. Estes tópicos foram identificados na literatura e nas experiências dos supervisores como sendo crítico tanto para a prática pré-profissional seguro e uma base para a futura formação. The Tuning Project (medicine) – learning outcomes/competences for undergraduate medical education in Europe. (Cumming A,Ross M, 2008) O Projeto Sintonia (Tunning Project) começou em 2000 como uma iniciativa financiada pela Comissão Europeia para desenvolver núcleo comum de aprendizagem resultados / competências para programas de graduação na Europa. O objetivo foi promover a harmonização no setor do ensino superior em apoio da Declaração de Bolonha e os desenvolvimentos subsequentes. Os resultados são expressos como um modelo de dois níveis. O Nível 1 mostra as habilidades necessárias para a formação médica e o Nível 2 são os resultados que podem ser usados para determinar os itens de ensino, aprendizagem e avaliação, baseados no nível anterior. Varying conceptions of competence: an analysis of how health sciences educators define competence. (Fernandes, N. et al.) O conceito de competência desempenha um papel fundamental na definição dos resultados dos currículos médicos, no que deve ser avaliado, na natureza dos recursos internos e externos e na maneira em que estes serão utilizados para fornecer serviços de saúde apropriados. Há um consenso de que competência é composta por conhecimento, habilidades e outros componentes. Apesar da indefinição destes outros componentes, atitude e valores são os mais sugeridos. Existe uma grande questão sobre a implementação destes outros componentes, conforme cita o autor: “conceber o ensino e a aquisição de conhecimentos e habilidades em um ambiente acadêmico é fácil, mas é 30 - 30 - possível adquirir ou ensinar coisas como emoções, valores e atributos de caracteres?”. Ainda existem questões importantes a serem definidas sobre o conceito de competência na educação médica, pois estas têm um impacto direto sobre o ensino e aprendizagem em educação médica baseada em competência (CBME). Undergraduate education in critical care medicine. (Fessler, 2012) Foi realizado um estudo com 126 reitores de escolas médicas norte-americanas (com taxa de resposta de 88%) onde todas dizem conter curso de cuidados intensivos em seu currículo. No entanto, em apenas 20% das escolas que responderam, houve qualquer experiência clínica em cuidados intensivos necessários, e não necessariamente como um estágio. Cuidados intensivos como currículo formal era oferecidos em apensa 45% das escolas, sendo eles apenas de observação. O artigo finaliza dizendo que é essencial que todas as escolas médicas adquiriam competências básicas dentro da esfera de medicina intensiva e recomenda as seguintes mudanças no currículo: competência para cuidados críticos devem ser estabelecidos, as escolas médicas devem avaliar seu currículo para verificar se as competências estão sendo ensinadas e avaliadas, a reforma curricular deve abordar cuidados críticos, a avaliação do desempenho curricular deve acompanhar a avaliação do desempenho do aluno e a pesquisa educacional deve ajudar a identificar abordagens pedagógicas que maximizam estes resultados desejados. The CanMEDS 2005 physician competency framework.(Frank JR, 2005) CanMEDS é um Framework desenvolvido pelo Royal College na década de 1990, seu principal objetivo é definir as competências necessárias para todas as áreas de prática médica e fornecer uma base abrangente para a educação médica e prática no Canadá. O especialista médico é central para a função de médicos, esse especialista integra todas as funções do CanMEDS aplicando o conhecimento médico, habilidades clínicas e valores profissionais em sua prestação de alta qualidade e atendimento seguro centrado no paciente e baseia-se nas competências incluídos nas funções intrínsecas (comunicador, colaborador, líder, advogado da saúde, estudioso e profissional). 31 - 31 - Good medical practice (General Medical Council, 2013) Este guia fala sobre características ideais que o médico deve ter para atender melhor os eu paciente. Os requisitos são separados em grupos e dentro desses grupos existem itens mandatórios (must) ou parcialmente mandatório, pois podem existir situação que não se aplica (should). O objetivo é que os pacientes sejam capazes de confiar nos médicos com suas vidas e saúde. Para justificar a confiança o médico tem de mostrar respeito pela vida humana e se certificar dos padrões esperados em quatro domínios: Conhecimento, habilidade e desempenho; segurança e qualidade; comunicação, parceria e trabalho em equipe; manutenção da confiança. The scholar role in the National Competence Based Catalogues of Learning Objectives for Undergraduate Medical Education (NKLM) compared to other (Hautz SC et al., 2015) Pesquisa da alemã de comparação do seu framework de ensino em medicina (NKLM) com 13 frameworks internacionais onde foi observado que a NKLM enfatiza competências requeridas para a pesquisa e ensino, enquanto a aplicação clínica crítica dos resultados científicos é de importância comparativamente menor que os demais. Os componentes básicos comuns nos frameworks internacionais contêm: atitude científica, pensamento critico e conhecimento básicos de pesquisa de informação focada. A capacidade de aplicação clínica resultados científicos e métodos é amplamente exigida por todos os quadros internacionais pesquisados no artigo. Dentro do NKLM, As competências necessárias para realizar pesquisas, tem maior espaço em termos de quantidade e também são qualitativamente mais diferenciadas em comparação com os outros Frameworks avaliados por eles. Competências necessárias para o ensino são descritos em muito maior prolongará tanto quantitativamente como qualitativamente na LM N do que emestruturas comparáveis. A capacidade para a aprendizagem ao longo da vida é descrito no NKLM em um nível muito menos abstrato do que nos demais frameworks avaliados. Introduction of evidence-based medicine in undergraduate medical curriculum for development of professional Os currículos atuais de graduação em medicina, na maioria das instituições ao redor do mundo, não nutrem as habilidades necessárias para aprendizagem auto-dirigida ao longo da vida. A Medicina Baseada em evidencias (MBE) desenvolve o aprendizado auto- dirigido e promove este tipo de aprendizado. Professores de MBE devem se concentrar em 32 - 32 - competencies in medical students. (Kotur, 2012) métodos para diminuir a lacuna entre a investigação e a prática, permitindo que bons leitores sejam bons utilizadores dos resultados da investigação. Ensinar a usar MBE pode ocorrer no primeiro ano do curso, porém, alunos inicialmente costumam entendem como dados estatísticos, sem relevância para a prática clínica. Alunos que tem contato com a MBE na fase clínica ou pré-clinica, por serem mais maduros entendem a importância deste tipo de pesquisa. Os princípios da MBE, ou seja, auto-avaliação, habilidade de busca eletrônica de literatura médica, avaliação de literatura científica, e aplicação do conhecimento ou habilidade recém-adquiridas para o cuidado para do paciente, todos devem ser incorporados no currículo, e o estudante de medicina deve ser treinado e ensinado em todas essas competências. Blueprint 2001: training of doctors in The Netherlands. (Metz JCM et al., 2001) O Blueprint inicialmente mostra um quadro geral do perfil do médico. Esta imagem é utilizada como base para projetar os objetivos finais a partir do qual do qual os programas educativos concretos e questões do exame podem ser derivadas. São descrito neste documento os requisitos educacionais comuns que todas as escolas médicas devem garantir e aos que todos os médicos formados na Holanda devem ter para atender a população. Ele trabalha os componentes da educação médica, com uma relação direta a preparação para a prática médica. Os objetivos gerais são conhecimento, habilidades e conduta profissional necessária para a função de um bom médico. As funções são concentradas em torno de quatro temas: aspectos médicos, aspectos científicos, aspectos pessoais e aspectos relacionados à sociedade e ao sistema de saúde. A consensus statement on practical skills in medical school - a position paper by the GMA Committee on Practical Skills.(Schnabel, 2011) O artigo tem como objetivo definir as competências prática do ensino em graduação em medicina para entrar em conformidade com Licensing Regulations in Germany. Foram obtidas 289 metas de aprendizagem em três profundidades (12 sistemas orgânicos, áreas de contato com especialidades e área de competência de sistema cross orgânicos) com cronologias diferentes indo ao encontro dos objetivos suíços e australianos. O balanço do currículo foi desviado a favor da comunicação e da pratica de habilidades profissionais a então também em favor da aquisição das 33 - 33 - habilidades práticas. Swiss Catalogue of Learning Objectives for Undergraduate Medical Training. (SMIFK/CIMS, 2008) A necessidade de estabelecer um Catálogo suíço dos Objetivos de aprendizagem para a formação médica de Graduação surgiu no final dos anos noventa no curso dos procedimentos de obtenção de acreditação internacional e o reconhecimento mútuo dos diplomas. No ano de 2000, foi criado um catálogo de objetivos do estudo, usando os holandeses "Blueprint 1994, a formação de médicos", este foi o ponto de partida para organização curricular médica e grande parte ainda é usado na segunda edição. Na segunda edição são os objetivos gerais da versão atual foi baseada no "CanMEDS -2005" e no "Currículo para os anos de fundação na educação e na formação pós-graduação" britânica. Este documento aborda o que é esperado que o aluno saiba durante a graduação, o foco que os professores devem seguir planos curriculares para garantir que todo o conteúdo foi coberto e tipos de avaliação.
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