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Disciplina: Laboratório de Fenômenos de Transporte Transferência de calor em regime transiente – Determinação do coeficiente convecção Carolina Maldonado Martins Vidal RA: 125219-6 Lucas de Campos Martins RA: 120774-5 Maria Júlia Xavier Belém RA: 126473-8 Milena Cristina Gutzlaff RA: 122468-2 Renata Damasceno Moreira RA: 126042-1 Wellington Oliveira RA: 126106-4 Santa Bárbara d’Oeste - SP Junho de 2014 Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 2 Resumo A transferência de calor é energia em trânsito devido a uma diferença de temperatura. Sempre que existir uma diferença de temperatura em um meio ou entre meios ocorrerá transferência de calor. A transferência de calor por convecção ocorre entre um fluído e uma superfície quando os dois se encontram a diferentes temperaturas. Em processos de aquecimento ou resfriamento em equipamentos com operação de batelada, por exemplo, a transferência de calor ocorre em regime transiente. Para analisar a transferência de calor em um regime transiente, utilizou-se no experimento esferas e cilindros de cobre e alumínio que incialmente estavam em equilíbrio térmico com o ar ambiente e em seguida foram imersos em banhos de água quente e depois água fria. O acompanhamento da variação de temperatura dos corpos no tempo foi feito através de um software no computador. Os dados obtidos de tempo e temperatura para as duas condições de aquecimento e resfriamento foram anotados em tabelas. Gráficos para ambas as condições foram construídos e fez-se a determinação do coeficiente de convecção médio para os dois casos e das geometrias e materiais diferentes. No aquecimento determinou-se o coeficiente médio para o alumínio: cilindro h=427,53 W/m².K; esfera h=225,28 W/m². E para o cobre determinou-se o coeficiente médio: cilindro h=534,66 W/m²; esfera h=381,18 W/m². No resfriamento determinou-se o coeficiente médio para o alumínio: cilindro h=390,35 W/m².K; esfera h=422,41W/m². E para o cobre determinou-se o coeficiente médio: cilindro h=471,76 W/m²; esfera h=393,81 W/m². Palavras-chave: regime transiente, coeficiente de convecção médio, transferência de calor. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 3 1. Introdução Ao existir uma diferença de temperatura em um meio ou entre meios ocorrerá transferência de calor podendo acontecer de três maneiras diferentes, por condução, por convecção ou radiação. No experimento estudou-se o mecanismo de transmissão de calor por convecção. A transferência de calor por convecção ocorreu entre um fluido e uma superfície quando os dois se encontram a diferentes temperaturas. A transferência pode ser natural ou forçada, dependendo das condições de escoamento do fluído. A convecção forçada é quando o movimento é gerado por algum agente externo e a convecção natural é quando o movimento é gerado pelos gradientes de temperatura, o estudado no experimento. O coeficiente de convecção é uma constante de proporcionalidade que resume as condições nas camadas mais próximas à superfície, considerando a geometria da superfície, a natureza do escoamento (laminar ou turbulento) e propriedades do fluído. Para analisar a transferência de calor em regime transiente, utilizaram-se, no experimento, esferas e cilindros de cobre e alumínio que inicialmente estavam em equilíbrio térmico com o ar ambiente e em seguida foram imersos em banhos de água quente com temperatura monitorada por termopares. Fez- se o acompanhamento da variação de temperatura dos corpos no tempo através de um software no computador que operava junto com os termopares inseridos nos corpos. Em seguida, analisou-se o comportamento dos corpos no processo de resfriamento onde os corpos foram submetidos a um banho em um tanque com água fria. O acompanhamento da variação de temperatura no tempo nessa nova condição também foi feito utilizando o mesmo software no computador. Os dados de temperatura e tempo dos corpos foram coletados e anotados em tabelas em ambas as condições. Gráficos de temperatura pelo tempo foram construídos para as duas condições analisadas, aquecimento e resfriamento. Através dos resultados obtidos, obteve-se o coeficiente de convecção médio para ambos os casos. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 4 1.1. Justificativa Em processos de aquecimento ou resfriamento em equipamentos com operação de batelada, assim como na colocação em marcha ou na parada de equipamentos com operação contínua, a transferência de calor ocorre em regime transiente. Na transferência de calor em regime transiente, a temperatura muda não só com a posição no interior do corpo, ela também muda com o tempo em uma mesma posição; tanto a taxa de transferência de calor através do corpo, como a energia interna do corpo mudam com o tempo. O corpo acumula ou libera energia interna. 1.2. Objetivo Analisar o comportamento transiente de aquecimento e resfriamento de geometrias como cilindro e esfera, analisar os principais fenômenos envolvidos e determinar experimentalmente o coeficiente de convecção entre o fluido e o corpo analisado. 2. Revisão Bibliográfica De acordo com Çengel (2009), a convecção é o mecanismo de transferência de calor através de um fluido, na presença de movimento da massa de um fluido. A convecção pode ser classifica como convecção natural ou forçada, dependendo de como o movimento do fluido é iniciada. Na convecção forçada, o fluido é forçado a fluir sobre uma superfície ou dentro de um tubo por meios externos, tais como uma bomba ou um ventilador (ÇENGEL, 2009). Na convecção natural, qualquer movimento do fluido é causado por meios naturais, tais como o efeito empuxo, que se manifesta com os fluidos quentes subindo e os fluidos frios descendo (ÇENGEL, 2009). A convecção é também classificada como externa e interna, dependendo se o fluido é forçado a fluir sobre uma superfície ou dentro de um duto (ÇENGEL, 2009). A transferência de calor por convecção é complicada, porque ela envolve movimento do fluido. Este movimento aumenta a transferência de calor, uma vez que colocada mais parte quentes e frias do fluido em contato iniciando Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 5 altas taxas de condução em um maior numero de pontos em um fluido. Por isso, a taxa de transferência de calor através de um fluido é muito mais elevada por convecção do que por condução, ou seja, quanto maior a velocidade do fluido maior é a taxa de transferência de calor (ÇENGEL, 2009). A transferência de calor por convecção depende fortemente das propriedades do fluido, como a viscosidade dinâmica , a condutividade térmica k, a densidade e o calor específico Cp, assim como da velocidade do fluido V. Ela também depende da geometria e da rugosidade da superfície sólida além do tipo de escoamento do fluido. Apesar da complexidade da convecção, observa-se que a taxa de transferência de calor por convecção é proporcional à diferença de temperatura e está muito bem expressa pela lei de Newton do resfriamento na equação 1 (ÇENGEL, 2009). ̇ (W/m²) Eq. 1 Onde: h = coeficiente de transferência de calor por convecção [W/m².ºC] Ts = temperaturada superfície [ºC] T = temperatura do fluido suficientement longe da superfície [ºC] Em estudos de convecção, é pratica comum adimensionalizar as equações e combinar as variáveis, que se agrupam em números adimensionais, a fim de reduzir o numero total de variáveis. É utilizado também adimensionalizar o coeficiente de transferência de calor h usando o número de Nusselt visto na equação 2 (ÇENGEL, 2009). (adm) Eq. 2 Para solucionar problemas existentes em um regime transiente estudam- se os períodos e processos que são envolvidos na troca de calor de um corpo mergulhado em um fluido, com ele trocando calor por convecção (SARAIVA, 2011). No processo de resfriamento o problema tipicamente se encontra em ser um caso transiente, já que a temperatura do corpo varia não somente de região para região, mas também com o tempo. (SARAIVA, 2011). Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 6 Segundo Saraiva (2011), no tempo inicial a camada na superfície do corpo em contato com o fluido, torna-se mais fria que a região do núcleo, já no tempo final, a camada fria avança em direção ao núcleo do corpo, diminuindo as diferenças de temperatura entre as várias posições no interior do corpo, de modo que não mais é possível distinguir as duas regiões, a superficial e a do núcleo. 3. Metodologia 3.1. Materiais Utilizados Termopares; Computador (Software Pico); Tanques; Água; Resistências; Cilindros 153 mm x ø51 mm (alumínio e cobre); Esferas ø50,5 mm (alumínio e cobre). 3.2. Métodos Utilizou-se dois tanques, um contendo água aquecida por resistência com temperatura de 80°C, e outro continha água fria à temperatura ambiente, sendo esta de 19°C. Os corpos de prova ensaiados eram esferas e cilindros sendo estes de alumínio e cobre. Inicialmente, os corpos de prova, que estavam em equilíbrio térmico com a temperatura ambiente, mergulhou-os no tanque com água quente, e através de termopares o software Pico coletou-se a variação da temperatura das amostras cilíndricas e esféricas, até que estas alcançaram um novo equilíbrio térmico com a água. Após esse equilíbrio, retirou-se as amostras do tanque e inseriu-as no segundo tanque contendo água fria para o resfriamento, acontecendo assim convecção natural. Coletou-se novamente a variação da temperatura dos corpos, Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 7 monitorou-se através do software até que houvesse o equilíbrio térmico, em um tempo de 300 segundos. Construíram-se tabelas de temperatura pelo tempo a partir do momento da mudança da condição do corpo (imersão no banho para o aquecimento e imersão no banho para o resfriamento). 3.3. Hipóteses Regime transiente; Propriedades dos materiais (cobre e alumínio) constantes; Transferência de calor unidimensional em r; Análise Concentrada. 3.4. Equacionamento A temperatura varia de modo exponencial em função do tempo. Esta função da temperatura é expressa usualmente como: Onde : temperatura adimensional Calculou-se o comprimento característico do sólido (Lc) de acordo com a geometria dos corpos de prova. Para o cilindro utilizou-se a equação 5 e calculou-se o Lc da esfera pela equação 6. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 8 A difusividade térmica ( para os materiais alumínio e cobre, calculou-se pela equação 7. Calculou-se o número de Fourier, que é denominado o tempo adimensional do sistema, através da equação 8. Determinou-se os números de Biot pelas equações exponenciais dos gráficos do número de Fourier versus temperatura adimensional, apresentados no tópico Resultados e Discussão. Através da equação 9, utilizou-se o número de Biot (Bi) determinados pelos gráfico, e calculou-se o coeficiente convectivo experimental ( ). Legenda das equações: : número de Biot (adm) : número de Fourier(adm) : temperatura adimensional : temperatura final dos corpos de prova (°C) : temperatura ambiente (°C) : temperatura inicial dos corpos de prova (°C) : comprimento característico do sólido (m) : volume do cilindro (m³) : área do cilindro (m²) Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 9 : volume da esfera (m³) : área da esfera (m²) : condutividade térmica do material (W/m.K) : densidade do material (m³/kg) : capacidade calorífica do material (J/kg.K) : difusividade térmica (m²/s) raio (m) 4. Resultados e Discussões Coletou-se dados da variação de temperaturas de resfriamento e aquecimento em função do tempo, sendo este de 300 segundos, pois seria uma média na qual os corpos de prova estram em equilíbrio térmico com o banho. Então, fez-se gráficos da temperatura versus tempo tanto para o aquecimento como para o resfriamento para os corpos de provas de diferente materiais e geometrias. Estes estão apresentados como figura 1 (aquecimento) e figura 2 (resfriamento). A amostra de alumínio precisa- receber mais calor que a de cobre para que sofra a mesma variação de temperatura; por isso se aquece mais lentamente. No experimento notou-se que (esfera e cilindro) do alumínio com mesma dimensão do cobre aqueceu e resfriou mais rápido, na qual em um determinado tempo, aproximadamente 300 segundos os corpos entraram-se em equilíbrio térmico com o banho, trocando calor por convecção. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 10 Figura 1. Gráfico da variação da temperatura em função do tempo no aquecimento para os corpos cilíndricos e esféricos de alumínio e cobre. Figura 2. Gráfico da variação da temperatura em função do tempo no resfriamento para os corpos cilíndricos e esféricos de alumínio e cobre. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 11 A tabela 1 apresenta os valores das constantes utilizadas nos cálculos descritos neste tópico. Tabela 1 - Dados das propriedades constantes dos materiais (T=300 K) (J/kg.K) (m³/kg) (W/m.K) (m²/s) Alumínio 903,0 2702,0 237,0 97,1x10-6 Cobre 385,0 8933,0 401,0 117x10-6 A tabela 2 apresenta o raio (r) utilizado para o cálculo do comprimento característico do sólido (Lc) para o cilindro (Equação 5) e esfera (Equação 6). Tabela 2 – Valores de raio e comprimento característico do sólido (mm) (mm) Cilindro 25,50 12,75 Esfera 25,25 8,416 Com os valores de Lc, para o aquecimento calculou-se o número deFourier (Equação 8) para cada tempo de 300 segundos, e determinou-se também o theta (θ) fazendo a diferença de temperatura inicial e final pela temperatura ambiente (Equação 4). Fez-se os gráficos com os valores de tetha (eixo y) e Fourier (eixo x), traçou-se a linha de tendência exponencial, assumiu- se as equações dadas pelos gráficos e determinou-se o número de Biot, mostrados nos gráficos da figura 3, para as esferas e cilindros de Al e Cu. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 12 Figura 3. Gráficos θ versus Fourier de aquecimento para determinação do número de Biot para esferas e cilindros de alumínio e cobre. Usou-se as equações exponenciais dadas pelos gráficos e determinou-se o número de Biot (Equação 3), e através da equação 9, calculou-se os coeficientes de convecção para o aquecimento, para o alumínio e cobre, esferas e cilindros. As tabelas 3 e 4 apresentam os valores de Bi e h calculados. Tabela 3 – Transiente de aquecimento para alumínio, coeficiente de convecção (h) entre o fluido e os corpos esfera e cilindro e o número de Biot (Bi). Alumínio h (W/m².K) Bi (adm) Cilindro 427,53 0,023 Esfera 225,28 0,008 Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 13 Tabela 4 – Transiente de aquecimento para cobre, coeficiente de convecção (h) entre o fluido e os corpos esfera e cilindro e o número de Biot (Bi). Cobre h (W/m².K) Bi (adm) Cilindro 534,66 0,017 Esfera 381,18 0,008 Analisou-se o comportamento transiente de resfriamento, pelo mesmo procedimento do aquecimento, calculou-se o Fourier e o theta e fez-se os gráficos com os valores de tetha (eixo y) e Fourier (eixo x), traçou-se a linha de tendência exponencial, assumiu-se as equações dadas pelos gráficos e determinou-se o número de Biot, mostrados nos gráficos da figura 4, para as esferas e cilindros de Al e Cu. Figura 4. Gráficos θ versus Fourier de resfriamento para determinação do número de Biot para as esferas e cilindros de alumínio e cobre. Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 14 Para o resfriamento, também usou-se as equações exponenciais dadas pelos gráficos e determinou-se o número de Biot (Equação 3), e através da equação 9, calculou-se os coeficientes de convecção para o resfriamento, para o alumínio e cobre, esferas e cilindros. As tabelas 5 e 6 apresentam os valores de Bi e h calculados. Tabela 5 – Transiente de resfriamento para alumínio, coeficiente de convecção (h) entre o fluido e os corpos esfera e cilindro e o número de Biot (Bi). Alumínio h (W/m².K) Bi (adm) Cilindro 390,35 0,021 Esfera 422,41 0,015 Tabela 6 – Transiente de resfriamento para cobre, coeficiente de convecção (h) entre o fluido e os corpos esfera e cilindro e o número de Biot (Bi). Cobre h (W/m².K) Bi (adm) Cilindro 471,76 0,015 Esfera 393,81 0,008 5. Conclusão Considerou-se as equações utilizadas no experimento para o cálculo dos coeficientes de convecção que não são completamente adequadas, não conhecendo a liga dos materiais, assumiu-se assim propriedades de alumínio e cobre puro e notou-se um erro nas equações exponenciais que determinou-se o número de Biot. Conclui-se que o perfil de temperatura variou-se com o tempo, como pode ser observado nos gráficos das figuras 1 e 2. Como consequência, a Faculdade Engenharia e Arquitetura – FEAU “Campus” Santa Bárbara d’Oeste 15 quantidade de calor transferida para fora foi cada vez menor. Portanto, a temperatura em cada ponto variou-se, assim teve-se um regime transiente. Utilizou-se o uso do ajuste exponencial e da expressão empírica na geração das curvas representativas do processo de aquecimento e resfriamento e determinou-se os coeficientes médios convectivos, portanto o objetivo da prática foi alcançado. Na qual determinou-se pela medição do gradiente de temperatura adjacente à superfície e a diferença de temperatura. Conclui-se que o cilindro de cobre teve maior transferência de energia com o fluido, assim maior coeficiente de convecção no aquecimento comparando com o cilindro de alumínio, assim os coeficientes são funções da geometria da superfície. A transferência por convecção é influenciada pelas camadas-limite que se desenvolvem sobre a superfície. 6. Referência Bibliográfica ÇENGEL, Yunus A.. Tranferência de Calor e Masa: Uma Abordagem Prática. 3. ed. São Paulo: Mcgraw-hill Interamericana do Brasil Ltda., 2009. SARAIVA, Prof. Dr. Luís Edson. Transferência de Calor. 1.2 São Paulo: Ltc - Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 2011. 75 p.
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