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direito processual do trabalho aula 1

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Direito Processual do Trabalho
Apostila 01
Professor: Marcos Jorge Mendes Junior
Contatos:
(32) 98712 7648
mendesjunior2905@gmail.com
Direito como Ciências Humanas
Refletirmos: “A profissão será exercida pela vida inteira e todos nós dependemos do conceito que firmamos nesse desempenho. A boa reputação é o tesouro que se acumula ao longo de uma atividade honrada e criteriosa.” (Evandro Lins e Silva)
Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir!
Sonhos sem disciplina geram pessoas frustradas! (Augusto Cury)
Critérios Avaliação:
Provas (10, 10 e 10 pts.)
Exercícios, trabalhos e conceito (10pts.);
Frequência (chamada) e, principalmente, participação;
Pontualidade;
Disciplina;
Bibliografia:
Curso de Direito Processual do Trabalho – Renato Saraiva e Aryanna Linhares;
Curso de Direito Processual do Trabalho – Carlos Henrique Bezzera Leite;
Manual de Direito Processual do Trabalho – Mauro Schiavi (Ltr);
Curso de Direito Processual do Trabalho – Elisson Miessa;
Finalidade do Direito Processual do Trabalho
Segundo Carnelutti: VIOLADA UMA NORMA JURÍDICA OU PRATICADA UMA CONDUTA DESCRITA NA NORMA JURÍDICA = Pretensão = SE NÃO FOR ATENDIDA ESPONTANEAMENTE, SE TORNA UMA PRETENSÃO RESISTIDA (LIDE) = CONFLITO;
Pretensão: Subordinação do Interesse Próprio ao Alheio ao Interesse Próprio.
Então, no Processo do Trabalho, haverá um conflito trabalhista quando houver uma pretensão resistida por parte do trabalhador (diferente empregado) ou do tomador de serviços (diferente de empregador).
Ex1: O empregador se recusa a pagar horas extras (Art 7, XIII CF);
Ex2: O empregado se recusa a devolver as ferramentas de trabalho.
Finalidade do Direito Processual do Trabalho é INSTRUMENTAL: Aplicar o Direito Material ao caso concreto, e, dessa forma, solucionar, com justiça, o conflito trabalhista. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO. (Art. 4º do NCPC)
OBS: Possibilidade de aplicação do Direito Civil ao Processo do Trabalho – Casos de ampliação da competência da Justiça do Trabalho – EC 45/2004.
Nas relações de trabalho (diferentes das relações de emprego – Ex: Empreitada):
Direito Material: Direito que regula a matéria;
Direito Processual: Direito Processual do Trabalho (IN 27/2005);
Objetivos do Direito Processual do Trabalho:
I – Facilitar o acesso à justiça pelo trabalhador (razão existência do Direito Processual do Trabalho);
II – Impulsionar o cumprimento da legislação trabalhista e social;
III – Solucionar, com justiça, o conflito trabalhista;
Conceito do Direito Processual do Trabalho
Direito Processual do Trabalho é o “conjunto de princípios, normas e instituições que regem a atividade da Justiça do Trabalho, com o objetivo de dar efetividade a legislação trabalhista e social, assegurar o acesso do trabalhador à Justiça e dirimir, com justiça, o conflito trabalhista.” (Mauro Schiavi)
Atividade da Justiça do Trabalho: Atuação das Partes, Advogados, Juízes, Auxiliares e Peritos e todos que intervenham no processo.
Conceito Clássico:
“Ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de valores, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a concretização dos direitos sociais fundamentais individuais, coletivos e difusos dos trabalhadores e a pacificação justa dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento e a competência dos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho.” (Carlos Henrique Bezerra Leite)
Autonomia do Direito Processual do Trabalho
Não há um consenso na doutrina:
I – Teoria Monista: Direito Processual do Trabalho NÃO se distinguiria do Direito Material do Trabalho e nem do Direito Processual Civil (sendo quase que um procedimento do Direito Processo Civil). (Jorge Luiz Souto Maior / Valentim Carrion)
II – TEORIA DUALISTA (majoritária): Reconhece a autonomia do Direito Processual do Trabalho, pois, há legislação própria (art.643 da CLT e Lei 5584/70), princípios próprios, e, até mesmo um ramo da Poder Judiciário que o aplica, no caso, a Justiça do Trabalho.
Bezerra Leite: Tanto é que o Direito Processual do Trabalho é autônomo que determina a aplicação subsidiária do CPC. E o próprio CPC, em seu Artigo 15, reconhece a autonomia do DPC.
Embora se reconheça a autonomia do DPT, não se pretende afirmar que o DPT viva no isolamento, no entanto, isso não lhe retira a autonomia, afinal, vivemos a era do diálogo das fontes.
Reconhecida a necessidade de “completar” o Direito Processual do Trabalho com o Processo comum, passemos ao estudo da Integração.
INTEGRAÇÃO
Completude do Ordenamento Jurídico, de modo que todas as situações / fatos encontram respostas no próprio Ordenamento Jurídico.
Para tanto, há momentos em que se precisar valer-se da técnica da Integração: mecanismo de suprimento de lacunas, buscando normas em outros ramos do direito para suprir aquela lacuna.
Para Mauro Schiavi, é tão importante a aplicação subsidiária da legislação processual comum, que temos no Processo do Trabalho o PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE, para muitos, apenas uma TÉCNICA DA SUBSIDIARIEDADE.
Omissão na fase de conhecimento – Artigo 769 da CLT
Ex: Tutelas de Urgência
Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.
Obs 1: Portanto, observe, não basta que a CLT seja omissa, para aplicação do Direito Processual comum é imprescindível que haja compatibilidade da norma a ser aplicada com os Princípios do Direito Processual do Trabalho.
(Ex: Artigo 229, §2º do CPC x OJ 310 da SDI-I)
LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. ART. 229, CAPUT E §§ 1o E 2o DO CPC DE 2015. ART. 191 DO CPC DE 1973. INAPLICÁVEL AO PROCESSO DO TRABALHO. (atualizada redação pela Resolução n. 208 do TST, de 19.04.2016.
Inaplicável ao processo do trabalho a regra contida no art. 229, caput e §§ 1o e 2o do CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973)  em razão de incompatibilidade com a celeridade que lhe é inerente.
Obs 2: A fonte subsidiária na fase do conhecimento é o Processo Comum, e, não necessariamente o CPC, podendo, por exemplo, ser aplicado o CDC (Processo Coletivo – DIREITOS METAINDIVIDUAIS).
Omissão na fase da execução – Artigo 889 da CLT
Art. 889 - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.
Obs 1: EM REGRA, A PRINCIPAL FONTE SUBSIDIÁRIA NA FASE DE EXECUÇÃO E A LEI DE EXECUÇÃO FISCAL, SE ESTA FOR OMISSA, APLICA-SE COMO 2ª FONTE SUBSIDIÁRIA O PROCESSO COMUM.
Obs 2: MAS A PRÓPRIA CLT PODE DETERMINAR QUE A APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC PRECEDA A APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO FISCAL.
Ex: Ordem de penhora (Artigo 882 da CLT – Aplicação imediata do CPC)
Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da quantia correspondente, atualizada e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial estabelecida no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil. 
OBS 3: A CLT é de 1943, por consequência, se questiona sobre a aplicação subsidiária e supletiva do Código de Processo Civil ao Processo do Trabalho, mormente o novo CPC, a fim de lhe conferir maior efetividade, PRINCIPALMENTE, POIS, NÃO TEMOS APENAS A LACUNA NORMATIVA.
TIPOS DE LACUNAS, segundo Maria Helena Diniz:
TIPOS DE LACUNAS / OMISSÕES: 
Normativa: Ausência de norma para determinado caso.
Ex: Tutela de Urgência, Ação Rescisória, ordem de penhora, impenhorabilidade(Todo procedimento é regulado pelo Processo Civil ou Lei 6.830/80 - LEF)
B) Ontológica: Existe a norma, no entanto, se tornou obsoleta (desatualizada), inútil, considerando-se a realidade. 
Ex: CLT – Admite penhora em feriados, para tanto exige autorização do Juiz (Artigo 770, § único CLT), já o NCPC (Artigo 212, §2º) admite a penhora em feriados sem autorização judicial.
c) Axiológica: Existe a norma, no entanto, a aplicação da norma existente acarreta um resultado injusto ou insatisfatório.
Ex: Artigo 899 da CLT (Execução Provisória até a penhora), e, no Processo Civil, com base no Artigo 521, I do CPC, que autoriza a liberação do crédito alimentar, em sede de execução provisória, independentemente de caução.
Execução Provisória no CPC
Art. 520.  O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime:
 
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.
Art. 521.  A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que:
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; (CPC)
II - o credor demonstrar situação de necessidade;
Execução Provisória na CLT
Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a execução provisória até a penhora. (CLT)
Caso 1 – Não Aplicação do Artigo 521 do CPC:
AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. LIBERAÇÃO DE VALORES. ARTS. 520 E 521 DO CPC. PROCESSO DO TRABALHO. INAPLICABILIDADE. No ordenamento jurídico trabalhista há previsão legal expressa que regula em que circunstâncias (tempo e modo) ocorrerá o levantamento do depósito recursal, sendo, portanto, inaplicável subsidiariamente o disposto nos artigos 520 e 521 do CPC, já que inexistente a lacuna prevista no artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.
(TRT da 3.ª Região; PJe: 0010466-10.2018.5.03.0165 (AP); Disponibilização: 01/02/2019; Órgão Julgador: Decima Turma; Relator: Rosemary deO.Pires)
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO COATOR CONSUBSTANCIADO NO DEFERIMENTO DO PEDIDO DE LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO RECURSAL. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA DE ORIGEM. ART. 899, § 1º, DA CLT. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DOS ARTS. 520 E 521 DO CPC/15 (antigo art. 475-O DO CPC/73). IMPOSSIBILIDADE. Cinge-se a controvérsia acerca da aplicação na esfera trabalhista dos arts. 520 e 521 do CPC/15 (antigo 475-O do CPC/73), que autorizam a liberação de valores em sede de execução provisória. O art. 899, § 1º, da CLT estabelece que o valor depositado passa a compor crédito à disposição do autor com vistas a garantir, mesmo que não totalmente, a satisfação futura da demanda trabalhista, sendo que, após o trânsito em julgado da decisão condenatória, o depósito recursal será liberado em favor da parte vencedora. O art. 769 da CLT autoriza a aplicação subsidiária do regramento processual civil nos casos omissos e quando compatível com as normas do processo do Trabalho, o que não se verifica no caso, uma vez que existe norma específica no diploma celetista. Na hipótese dos autos, houve decisão judicial na qual foi autorizado o levantamento de depósitos recursais efetivados nos autos da execução provisória, não obstante a pendência do julgamento de agravo de instrumento em recurso de revista. A jurisprudência desta Corte é no sentido da não aplicação do disposto no artigo 475-O do CPC/73 (atuais artigos 520 e 521 do CPC/15) às execuções provisórias de sentenças trabalhistas. Precedentes. Recurso Ordinário conhecido e a que se dá provimento para, reformando a decisão recorrida, denegar a segurança postulada. (RO - 32-49.2017.5.05.0000 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 06/03/2018, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 09/03/2018)
Caso 2 – Admite Aplicação:
EXECUÇÃO PROVISÓRIA. LIBERAÇÃO DE VALORES. POSSIBILIDADE. Mostra-se possível a liberação de valores em execução provisória, quando pendente de julgamento RE, por aplicação dos artigos 520, IV, e 521, I e II, do CPC (antigo artigo 475-O do CPC/1973), normas compatíveis com os princípios que regem o Processo do Trabalho. Esta é a posição que mais se harmoniza com o princípio constitucional da duração razoável do processo, nos termos do artigo 5º, LXXVIII, da Constituição Federal, de modo a conferir celeridade e efetividade à execução do crédito trabalhista, de natureza alimentar.
(TRT da 3.ª Região; PJe: 0000692-79.2011.5.03.0074 (AP); Disponibilização: 30/05/2018; Órgão Julgador: Decima Primeira Turma; Relator: Juliana Vignoli Cordeiro)
ENTÃO, AFINAL, APLICA-SE O CPC SOMENTE QUANDO HÁ LACUNA NORMATIVA, OU, TAMBÉM QUANDO HÁ LACUNA FOR ONTOLÓGICA E AXIOLÓGICA? 
SURGEM DUAS CORRENTES:
Somente haverá aplicação do Processo Comum, quando:
1ª Corrente – Restritiva: Somente nos casos de Lacuna Normativa, mantendo a previsibilidade do Processo, atento ao Princípio do Devido Processo Legal. (Manoel Antônio Teixeira Filho e Pedro Paulo Teixeira Manus – Críticas à civitização)
2ª Corrente – Evolutiva / Ampliativa / Sistemática: Aplicação da Legislação Processual civil nos casos de lacunas ontológica e axiológica, de modo a conferir maior efetividade ao processo do trabalho (pacificação social), mesmo a CLT tendo regramento próprio. BASE: Efetividade, Duração razoável do processo, instrumentalidade do processo (Jorge Luiz Souto Maior, Elisson Miessa e Carlos Henrique Bezerra Leite, Renato Saraiva e Aryana Linhares, Mauro Schiavi, Enunciado 66 da 1ª Jornada) – Artigo 15 do NCPC
COMPATIBILIDADE X ARTIGO 15 DO NCPC
Artigo 769/889 da CLT, para aplicação subsidiária do Processo do Comum e da Lei de Execução Fiscal, exigem que haja primeiro, omissão da lei processual trabalhista, e, além disso, que haja COMPATIBILIDADE com os Princípios do Direito Processual do Trabalho.
Por sua vez, o Artigo 15 do NCPC, não menciona acerca da COMPATIBILIDADE, determinando a aplicação, supletiva e subsidiaria, do NCPC diante de uma omissão da legislação trabalhista, in verbis:
Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
Quanto a compatibilidade:
1ª Corrente (minoritária): Revogação do Artigo 769/889 da CLT, uma vez que o Artigo 15 do NCPC é norma posterior, de modo a causar a revogação do requisito compatibilidade. (Edilton Meireles, Nelson Nery Junior)
2ª Corrente (majoritária Doutrina e TST – IN 39/2016 Artigo 1º - Enunciado 1º Forum Nacional de Processo do Trabalho): O Artigo 15 do NCPC deve ser interpretado em harmonia com os Artigo 769 e 889 da CLT, pois, a norma geral (CPC) não revoga a norma especial (CLT) (Artigo 2º, §2º da LINDB – PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE), além do mais, conforme já mencionado, nem sempre o CPC é a fonte subsidiária aplicável ao Processo do Trabalho. Esse é o entendimento do TST, no Artigo 1º da IN 39/2016.
Conclusão quanto a integração (Majoritária na Doutrina):
Assim:
- Aplicação Subsidiária do CPC = Lacuna Normativa da CLT e leis processuais trabalhistas e, desde que haja compatibilidade com os Princípios do Direito Processual do Trabalho.
- Aplicação Supletiva do CPC = Lacuna Axiológica ou Ontológica da CLT e leis processuais trabalhistas e, desde que haja compatibilidade com os Princípios do Direito Processual do Trabalho. (conferir completude).
Natureza Jurídica do Direito Processual do Trabalho:
RAMO DO DIREITO PÚBLICO – ATUAÇÃO E INTERESSE DO ESTADO – JUSTIÇA DO TRABALHO
Competência Privativa da União (Artigo 22, I da CF).

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