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Apostila da cultura do milho - 2

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1 
 
 
 
 
C U L T U R A D O M I L H O - II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
PARTE – I 
CULTIVARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. CULTIVARES 
 
A produtividade de uma lavoura de milho é o resultado do potencial genético da 
semente e das condições edafoclimáticas do local de cultivo, além do manejo da 
lavoura. De modo geral, a cultivar é responsável por 50% da produtividade final. 
Conseqüentemente a escolha correta da cultivar pode ser razão do sucesso ou do 
insucesso da lavoura. Existem atualmente no mercado (safra 2013/2014) 467 cultivares 
3 
 
de milho (EMBRAPA, 2013) e a escolha baseada no gosto pessoal, na disponibilidade e 
no preço não é a melhor escolha. 
Aspectos relacionados às características da cultivar, tais como potencial 
produtivo, resistência a doenças, a pragas e adequação ao sistema de produção em uso e 
às condições edafoclimáticas deverão ser levados em consideração, para que a lavoura 
se torne mais competitiva. A escolha de cada cultivar deve atender às necessidades 
específicas, pois não existe uma cultivar superior que consiga atender a todas as 
situações regionais. Como não existe uma cultivar superior, mesmo para um local 
definido, é interessante a utilização de um conjunto de cultivares, de forma a maximizar 
a possibilidade de sucesso (Embrapa, 2013). 
Na escolha da cultivar o produtor deve fazer uma avaliação completa das 
informações geradas pela pesquisa, assistência técnica, empresas produtoras de 
sementes, experiências regionais e comportamento em safras passadas. O produtor 
deverá levar em consideração os seguintes aspectos: a) – tipo de cultivar; b) – adaptação 
à região; c) – produtividade e estabilidade; d) – ciclo; e) – tolerância a doenças; f) – 
qualidade do colmo e raiz; g) – textura e cor dos grãos; h) – finalidade da exploração; i) 
– porte da planta e inserção da espiga. 
 
1.1 – Tipos de cultivar 
Cada cultivar apresenta constituição genética única e, portanto, expressa 
características próprias. Mesmo assim, muitas dessas características são similares dentro 
de grupos de cultivares o que sem dúvida, é benéfico, uma vez que resulta em maior 
número de opções para uma mesma finalidade. Quando se considera a base genética as 
cultivares de milho são agrupadas em: a) híbridos (de linhagens e intervarietais) e, b) 
variedades. 
A linhagem é obtida por meio de um processo que conduz as plantas ao estado 
homozigoto, sendo adotado, normalmente, o processo de autofecundação que requer de 
cinco a sete autofecundações sucessivas para que a linhagem se torne homozigótica ou 
pura. As linhagens, assim obtidas, passam por testes de Capacidade de combinação 
(Capacidade de Combinação Geral e Capacidade de Combinação Específica, CGC e 
CEC, respectivamente) que permitem verificar a habilidade que apresentam de se 
combinarem, originando bons híbridos. Aquelas selecionadas são então utilizadas na 
4 
 
composição de híbridos. Diante o processo de autofecundação há uma perda acentuada 
no vigor das plantas (depressão endogâmica), o que é restaurado através do cruzamento 
(vigor híbrido ou heterose). 
Os híbridos de linhagens existentes no mercado brasileiro podem ser assim 
definidos: 
Híbrido Simples - obtido pelo cruzamento de duas linhagens endogâmicas. Em geral, é 
mais produtivo que os demais tipos de híbridos, apresentando grande uniformidade de 
plantas e espigas. A semente tem maior custo de produção, porque é produzida a partir 
de linhagens, que, por serem endógamas, apresentam menor produção. 
Híbrido Simples Modificado - neste caso, é utilizado como progenitor feminino um 
híbrido entre duas progênies afins da mesma linhagem e, como progenitor masculino, 
outra linhagem. 
Híbrido Triplo - é obtido do cruzamento de um híbrido simples com uma terceira 
linhagem. 
Híbrido Triplo Modificado - O híbrido triplo pode também ser obtido sob forma de 
híbrido modificado, em que a terceira linhagem é substituída por um híbrido formado 
por duas progênies afins de uma mesma linhagem. 
Híbrido duplo - obtido pelo cruzamento de dois híbridos simples, envolvendo, 
portanto, quatro linhagens endogâmicas. 
Além desses existem também os “híbridos top cross” que são obtidos dos 
cruzamentos entre híbridos e variedades e variedades x linhagens. O termo “top cross” 
também é empregado entre linhagens e um testador, que pode ser uma variedade (Testes 
de CGC), uma linhagem ou um híbrido, geralmente simples, (testes de CEC). 
Híbrido de variedade ou intervarietal – Resultante do cruzamento entre duas 
variedades. Embora de menor produtividade que os híbridos de linhagens, apresenta as 
vantagens de utilização da heterose sem a necessidade da trabalhosa obtenção das 
linhagens. Tem como desvantagem a maior desuniformidade das plantas. Geralmente 
expressa boa superioridade em relação a seus pais e por possuir ampla base genética 
apresenta também ampla adaptação. 
Geralmente quanto mais estreita for a base genética de um híbrido maior a sua 
uniformidade e produtividade e menor a sua adaptação, enquanto que, quanto maior a 
sua base genética, maior a adaptação e menor a sua uniformidade e produtividade. Desta 
5 
 
forma, os híbridos simples, simples modificado, triplo e triplo modificado, nesta 
sequência, tendem a serem os de maiores potenciais de produção e maiores 
uniformidades de plantas e de espigas, porém os menos adaptados. Os duplos 
apresentam boa adaptação, contudo, são menos uniformes e produtivos. Os híbridos 
simples são os que possuem sementes mais caras, seguidos dos híbridos triplos e dos 
híbridos duplos. 
Na safra 2013/2014 dos genótipos disponibilizados no mercado uma ampla 
maioria são híbridos simples, em segundo lugar vêm os híbridos triplos e os menos 
ofertados são os duplos. (Tabela 1) 
Variedades. São populações de base genética ampla com alguns caracteres 
agronômicos em comum que as diferenciam de outros materiais. É a única modalidade 
de cultivar cuja semente produzida na lavoura pode ser utilizada para a semeadura da 
próxima geração sem previsão de queda na produtividade. Apresenta, em geral, 
potencial produtivo inferior aos dos híbridos, embora a sua ampla base genética possa 
conferir-lhe maior capacidade de adaptação às variações ambientais. 
 Na safra 2013/2014, 17,2% dos cultivares disponíveis (convencionais) foram 
variedades melhoradas (populações exóticas que sofreram processo de seleção 
recorrente ou variedades sintéticas (população resultante do intercruzamento de 
linhagens com alta capacidade de combinação) 
Tabela 1. Tipos de cultivar transgênicas e convencionais disponíveis no mercado 
brasileiro para a safra 2013/14. 
Tipo de cultivar Convencional (%) Transgênicos 
Híbrido simples 44,7 81,8 
Híbrido triplo 18,6 17,4 
Híbrido duplo 19,5 0,8 
Variedade 17,2 0,0 
Total 100 100 
Fonte: Embrapa (2013). 
Sementes de variedades melhoradas são de menor custo que sementes de 
híbridos e, com os devidos cuidados na multiplicação, podem ser reutilizadas por alguns 
anos, sem diminuição substancial da produtividade. As variedades são, ainda, de grande 
utilidade em regiões onde a utilização de sementes de milho híbrido torna-se inviável 
devido às condições econômico-sociais mais precárias e consequente uso de baixa 
tecnologia na cultura do milho. No segmento da agricultura familiar e em sistemas de 
produção orgânica, as variedades são amplamente utilizadas e recomendadas. 
6 
 
A geração F1 do híbrido (semente adquirida no mercado) exibe como principal 
vantagem a heterose em relação à variedade e à geração F2. Essa superioridadeque só é 
mantida no primeiro cultivo é devido a combinação dos genes que aparecem em grande 
quantidade na condição heterozigótica (PATTERNIANI e MIRANDA FILHO, 1987). 
Os híbridos, portanto, só apresentam vigor elevado e alta produtividade na primeira 
geração (F1) sendo necessária a aquisição de sementes híbridas todos os anos. A perda 
de vigor e produtividade que se observa na geração F2 é devido a segregação e à 
recombinação gênica. Se os grãos colhidos forem semeados, o que corresponde a uma 
segunda geração (F2), haverá redução, dependendo do tipo do híbrido, de 15 a 40% na 
produtividade, perda de vigor e grande variação entre plantas (EMBRAPA, 2010). 
Considerando que os diferentes tipos de cultivares apresentam grande variação, 
tanto no custo das sementes como no seu potencial produtivo é obvio que a escolha do 
cultivar deve levar em conta o sistema de produção que o agricultor usará, pois de nada 
adiantará usar uma semente de alto potencial genético e de maior custo, se o manejo e 
as condições da lavoura não permitirem que a semente expresse o seu potencial 
genético. 
1.2 Adaptação à região 
De fato, um dos primeiros aspectos a serem considerados na escolha da 
semente é sua adaptação à região. Entretanto, esse aspecto é minimizado, pois 
normalmente as empresas de sementes já direcionam suas cultivares de acordo com as 
suas regiões de adaptação, das principais doenças que ocorrem na região, do sistema de 
produção predominante, das exigências do mercado e do perfil dos agricultores. O 
problema é quando o agricultor adquire sua semente em locais diferentes daquele onde 
será implantada a lavoura (EMBRAPA, 2010) 
1.3 Produtividade e estabilidade 
O potencial produtivo de uma cultivar é um dos primeiros aspectos 
considerados pelos agricultores na compra de sua semente. Entretanto, a sua 
estabilidade de produção, que é determinada em função do seu comportamento em 
cultivos em diferentes locais e anos, também deverá ser considerada. Cultivares estáveis 
são aquelas que, ao longo dos anos e dentro de determinada área geográfica, têm menor 
oscilação de produção, respondendo à melhoria do ambiente (anos mais favoráveis) e 
7 
 
não tendo grandes quedas de produção nos anos mais desfavoráveis (EMBRAPA, 
2010). 
1.4 Ciclo 
O ciclo de uma cultivar é bastante influenciado pelos fatores ambientais, 
principalmente pela temperatura. Assim, é variável de acordo com a época de 
semeadura e com o local. Prolongando-se em locais ou épocas com temperaturas mais 
baixas. Pode ser determinado em número de dias da semeadura até o pendoamento, até a 
maturação fisiológica ou até a colheita. 
Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas em normais, 
semiprecoces, precoces e superprecoces (EMBRAPA, 2010). As diferenças no ciclo 
das cultivares são determinadas principalmente pelo período compreendido entre a 
emergência e o florescimento. O período após o florescimento é mais homogêneo, 
embora a perda de umidade de grãos apresente variação entre as cultivares. Algumas 
empresas não consideram o grupo semiprecoce e outras incluem ainda o grupo 
hiperprecoce. 
Tecnicamente o ciclo de uma cultivar leva em consideração o número de 
unidades de calor (soma dos graus dias) necessárias para atingir o florescimento. 
Unidades de calor são as somas das unidades diárias de calor, a partir da emergência até 
ao florescimento masculino (início da polinização), dada pela seguinte expressão: 
UC = [(T. máxima + T. mínima): 2)] - 10 
 Temperaturas máximas iguais ou maiores que 30ºC devem ser 
consideradas 30ºC e temperaturas mínimas iguais ou menores que 10ºC devem ser 
consideradas 10ºC. As cultivares normais apresentam exigências térmicas entre 890 e 
1200 graus-dias (GD); as precoces de 830 a 890 GD e as superprecoces de 780 a 830 
GD. Esta classificação não é rigorosa uma vez que as diferenças entre as cultivares mais 
tardias e as mais superprecoces pode não chegar a dez dias. Além do que uma cultivar 
classificada como superprecoce pode comportar-se como precoce e vice-versa. Por 
outro lado as cultivares apresentam diferentes taxas de secagem após a maturidade 
fisiológica (dry down), sendo algumas mais rápidas o que permite uma colheita mais 
cedo. 
No mercado há ampla predominância de cultivares precoces (72,5%) que 
são as mais cultivadas tanto na safra como na safrinha. Entretanto, em situações 
8 
 
especiais, para escapar de estresses climáticos como geada, em plantios tardios de 
safrinha nos estados mais ao sul, ou em condições de período chuvoso reduzido, como 
em algumas regiões do Nordeste, e mesmo em sistemas de sucessão de culturas em 
agricultura irrigada, quando há necessidade em liberar a área para o plantio de uma 
outra cultura, as cultivares hiperprecoces ou superprecoces, que representam cerca de 
24% do mercado, são utilizadas preferencialmente (Tabela 2). 
Tabela 2. Disponibilidade de cultivares transgênicas e convencionais quanto ao ciclo no 
mercado brasileiro para a safra 2013/14. 
 Cultivares Convencional (%) Transgênicos 
Superprecoce 23,7 23,7 
Precoce 64,2 73,5 
Semiprecoce 5,6 2,3 
Normal 6,5 0,5 
Total 100 100 
Fonte: Embrapa (2013). 
Como dito, pelo fato desta classificação não ser muito rigorosa, para efeito de 
zoneamento agrícola de riscos climáticos, houve uma grande mudança a partir da safra 
2009/10. Para efeito de simulação, o Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento classifica as cultivares em três grupos de características homogêneas: 
Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n maior ou igual a 110 dias e menor ou igual a 145 
dias); e Grupo III (n >145 dias), onde n expressa o número de dias da emergência à 
maturação fisiológica (EMBRAPA, 2010). 
 
1.5 Resistência ou tolerância às doenças 
As doenças podem ocorrer de forma epidêmica, podendo atingir até 100% 
das plantas na lavoura. Em áreas de plantio direto, os problemas poderão ser agravados, 
principalmente com cercosporiose, helmintospirose e podridões do colmo e espigas. 
Atualmente, o problema com doenças é sério em algumas regiões do país, 
especialmente onde a cultura permanece no campo durante todo o ano, como em áreas 
irrigadas, ou onde o cultivo de safrinha é significante. Nessas situações, é fundamental a 
escolha de cultivares tolerantes às principais doenças para evitar redução de 
produtividade. 
 A sanidade dos grãos também deve merecer atenção na escolha da cultivar. 
Essa característica é função da quantidade de inóculo, da resistência genética da cultivar 
aos fungos que atacam o grão, sendo normalmente associada a um bom empalhamento, 
9 
 
mas é também dependente das condições climáticas nos estágios de desenvolvimento e 
secagem dos grãos no campo. Baixa percentagem de espigas doentes e grãos ardidos são 
características que podem estar incorporadas ao insumo semente e representam valor 
agregado, pois melhor qualidade de grãos poderá significar maior preço no mercado 
(EMBRAPA, 2010). 
1.6 Qualidades de colmo e raiz 
Com o aumento do nível tecnológico na cultura do milho, um dos fatores que 
deve ser considerado é a resistência da planta ao acamamento e ao quebramento. 
Embora essas características também sejam afetadas pelo manejo da lavoura, elas 
variam com a cultivar. Lavouras que serão colhidas mecanicamente deverão ser 
plantadas com cultivares que apresentam boa qualidade de colmo, evitando, dessa 
forma, perdas na colheita. 
1.7 Textura e cor dos grãos 
As cultivares de milho podem ser agrupadas de acordo com a textura do grão. 
Os milhos comuns podem apresentar grãos com as seguintes texturas: 1-dentado ou 
mole ("dent"); ou 2 - grão duro ou cristalino ("flint").Para milhos do tipo dentado (“dent”) (Figura 1) os grãos de amido são 
densamente arranjados nas laterais dos grãos, formando um cilindro aberto que envolve 
parcialmente o embrião, enquanto na parte central os grãos de amido são menos 
densamente dispostos e farináceos. O grão é caracterizado pela depressão ou "dente" na 
sua parte superior, resultado da rápida secagem e contração do amido mole; 
Para milhos do tipo duro ou cristalino ("flint"), os grãos apresentam reduzida proporção 
de endosperma amiláceo em seu interior, notando-se que a parte dura ou cristalina é a 
predominante e envolve por completo o embrião. A textura dura é devida ao denso 
arranjo dos grãos de amido com proteína. 
Existem, ainda, os grãos semiduros (SMDURO) e os semidentados 
(SMDENTADO), que apresentam características intermediárias. 
10 
 
 
Figura 1. Milho dentado (mole) 
Os grãos mais duros apresentam a vantagem de boa armazenagem e qualidade 
de germinação. Milhos de grãos mais duros, preferidos pela indústria alimentícia, em 
algumas situações alcançam preço um pouco superior no mercado, enquanto os de grãos 
dentados não são aceitos ou comprados por um preço menor. No entanto, em materiais 
para produção de milho-verde e silagem, grãos dentados são uma característica desejada 
e frequente. 
Verifica-se no mercado uma predominância de grãos semiduros (em torno de 
56%) e duros (em torno de 20%). Materiais dentados são minoria (em torno de 6%) 
(Tabela 3) e geralmente são utilizados para a produção de milho-verde ou produção de 
silagem. 
Tabela 3. Disponibilidade de cultivares transgênicas e convencionais quanto à textura 
do grão no mercado brasileiro para a safra 2013/14. 
 Cultivares Convencional (%) Transgênicos 
Duro 22,0 18,9 
Semiduro 54,5 58,4 
Semidentado 15,9 17,5 
Dentado 7,6 5,2 
Total 100 100 
Fonte: Embrapa (2013). 
Com relação à cor do grãos, verifica-se uma predominância no mercado, de 
cultivares de grãos alaranjados (AL) ou laranja (LR), variando de cerca de 56% a 65%; 
grãos avermelhados (AV) e avermelhados/alaranjados (AV/AL), variando de 5,4% a 
7,3%; e grãos amarelados (AM) e amarelados/alaranjados (AM/AL), variando de 26,8% 
a 35,4% (EMBRAPA, 2010). 
Além desses aspectos relatados acima, as cultivares também se diferenciam em 
outras características morfofisiológicas, como: arquitetura de planta, sincronismo de 
florescimento, empalhamento, decumbência (percentagem de dobramento de espigas 
após a maturação), tolerância a estresses de seca e temperatura, tolerância às pragas, 
11 
 
tolerância ao alumínio tóxico e eficiência no uso de nutrientes, prolificidade, massa de 
1000 grãos, stay green e dry down. Todas estas outras características também devem ser 
consideradas na escolha da cultivar. 
1.8 Altura de planta e de inserção de espiga 
Alguns autores têm classificados as cultivares de milho em grupos de: porte 
alto, médio e baixo e, não existindo normas para estabelecer limites entre eles, tem se 
adotado os seguintes valores: a) porte alto – acima de 2,80 m; porte médio, entre 2,80 e 
2,20 m e c) – porte médio, entre 2,80 e 2,20 m. Já a altura de inserção da espiga tem 
variado de 0,75 a 1,50 em média. Verifica-se atualmente que a maioria dos cultivares 
disponíveis apresentam altura variando de 2,00 a 2,50 m, alturas que podem ser afetadas 
por condições ambientais. 
A redução do porte de planta de milho pode ser devida a presença do gene 
braquítico (br2), que na condição de homozigose provoca o encurtamento dos entrenós 
da planta. Geralmente cultivares de ciclo precoce apresentam porte mais reduzido do 
que as de ciclo normal, sendo a altura da planta também influenciada pela condição do 
meio e, portanto, pela época da semeadura, espaçamento e outras variáveis que influem 
na disponibilidade de água, luz e nutrientes. 
Tem-se correlacionado o porte da planta com a sua tolerância ou resistência ao 
acamamento e quebramento do colmo, de forma que, de modo geral, cultivares de porte 
alto tendem a ser mais suscetíveis ao acamamento e quebramento de colmo do que as 
cultivares de porte médio e baixo. 
1.9 Finalidades da exploração 
Além de cultivares direcionadas para a produção de grãos, há as cultivares 
específicas para a produção de silagem de planta inteira, silagem de grãos úmidos e 
produção de milho verde. 
1.2 Milho transgênico 
1.2.1 Introdução 
Plantas geneticamente modificadas são aquelas cujo genoma foi alterado pela 
introdução de DNA exógeno. Este DNA exógeno pode ser derivado de outros 
indivíduos da mesma espécie ou de outra espécie completamente diferente, podendo ser 
12 
 
inclusive artificial, isto é, sintetizada em laboratório. O termo organismo geneticamente 
modificado (OGM) é também freqüentemente utilizado para indicar, de maneira 
genérica, qualquer indivíduo que tenha sido manipulado geneticamente, utilizando as 
técnicas do DNA recombinante (Figura 2). 
 
Figura 2. Transgenia (técnica do DNA recombinante) 
Os híbridos transgênicos de milho têm sido desenvolvidos, na sua maioria, de 
forma a disponibilizar aos produtores novas alternativas no controle de pragas e 
espécies daninhas, principalmente. Além disso, diversas instituições de pesquisa estão 
desenvolvendo variedades geneticamente modificadas com maior qualidade nutricional 
e com outras características que dificilmente poderiam ser obtidas por meio do 
melhoramento genético clássico. 
Embora as cultivares transgênicas tenham despertado grande interesse dos 
produtores, os consumidores têm manifestado preocupação com as plantas 
geneticamente modificadas e os produtos delas obtidos. Essa resistência tem se 
mostrado de forma bastante diversificada em diferentes países. Tem sido notada maior 
restrição aos OGM na Europa, especialmente nos países escandinavos. (BORÉM e 
GIUDICE, 2004). 
Uma série de potenciais riscos dos organismos geneticamente modificados tem 
sido levantada, dentre as quais: criação de novas espécies daninhas, alergenicidade dos 
alimentos, redução da biodiversidade, efeito nocivo sobre insetos não-alvo e escape 
gênico. Cada nova cultivar transgênica deve ser minuciosamente analisada quanto a 
13 
 
esses e outros possíveis riscos para a saúde e para o ambiente, antes de ser liberada para 
a comercialização. 
A análise dos riscos para as cultivares transgênicas para a saúde humana, 
animal e para o meio ambiente no Brasil é de responsabilidade da Comissão Técnica 
Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão criado em 1995 na estrutura do ministério 
da Ciência e Tecnologia cuja função é assessorar o governo federal quanto às políticas 
de biossegurança do País.Composta de 27 membros da comunidade científica e de 
representantes da sociedade, a CTNBio tem atuado de forma idônea e independente na 
análise dos pedidos de avaliação, estudo e comercialização de organismos 
geneticamente modificados no Brasil. 
O milho é a segunda cultura transgênica mais cultivada no mundo perdendo 
apenas para a soja tolerante ao herbicida Glyphosate, conhecida como soja “Roundup 
Ready” (evento GTS-40-3-2). Em 2011, apenas seis países produziram mais de 90% dos 
transgênicos cultivados em nível mundial: Estados Unidos (43% do total de cultivos), 
Brasil (19%), Argentina (15%), Índia (7%), Canadá (7%) e China (2%). A área total 
cultivada com transgênico em nível mundial foi de 160 milhões de hectares, o que, 
apesar de elevado, ainda assim, constitui apenas os 3% da área agrícola: 97% da 
agricultura mundial continuam, portanto, livre de transgênicos. 
No Brasil a aprovação do cultivo e comercialização do milho transgênico 
somente aconteceu em 2007, com a aprovação de três eventos transgênicos:Liberty 
Link (marca registrada da Bayer CropScience), tolerante ao herbicida Glufosinato de 
amônia; Bt 11((marca registrada da Singenta) e o evento MON 810-YieldGard (marca 
registrada da Monsanto Campany), os dois últimos tolerantes a algumas espécies de 
insetos da ordem Lepdoptera. A aprovação desses eventos pela CTNBio ocorreu após 
oito anos de análises e uma década após os transgênicos estarem disponíveis para 
cultivo nos EUA e na Argentina (PIONNER, 2008). 
 
1.2.2 Milho geneticamente modificado para tolerância a insetos – Milho Bt 
Bt são as iniciais do nome científico da bactéria Bacillus thuringiensis. Esta 
bactéria está presente nos solos dos mais diversos continentes, é gram-positiva, aeróbica 
e, quando em condições adversas, podem esporular para sobreviver a essas condições. 
Tanto na fase vegetativa como na fase de esporulação essas bactérias produzem 
14 
 
proteínas que têm efeito inseticida (a mesma utilizada em formulações comerciais de B. 
thuringiensis de amplo uso na agricultura). Os genes denominados de “cry”, presentes 
na bactéria, codificam para diferentes versões de proteínas, produzidas durante a fase de 
esporulação, que são específicas para as diferentes ordens de insetos ou mesmo 
diferentes espécies dentro da mesma ordem. 
Já foram identificadas diversas proteínas tóxicas que atuam em diferentes 
ordens de insetos. Essas proteínas são organizadas em família (existem hoje mais de 50 
famílias descobertas) e denominadas segundo um código numérico, por exemplo: a 
“Cry 1” que atua sobre insetos da ordem lepidóptera; a “Cry 3”, sobre insetos da ordem 
coleóptera e a “Cry 4” que atua sobre dípteros (PIONNER, 2008). 
O que torna as proteínas do Bacillus thuringiensis eficientes e seguras para 
uso é o seu modo de ação altamente específico, onde cada proteína atua de maneira 
singular em uma determinada ordem de insetos. Da forma como são produzidas pelas 
bactérias essas proteínas são inócuas porque a parte inseticida está fechada por duas 
cadeias protéicas. Para liberar o núcleo inseticida é necessário que a proteína, em forma 
de cristal, seja primeiramente ingerida, para depois, em ambiente alcalino (pH > 8), ser 
quebrada em pontos específicos que liberem este núcleo ativo. No sistema digestivo de 
humano e animais superiores, pelo fato do ambiente ser ácido, a proteína é 
completamente degradada em minutos, não apresentando nenhum efeito tóxico em 
animais superiores e humanos. 
Após o núcleo ativo ser liberado este deve se ligar a receptores específicos na 
parede do intestino do inseto-alvo. É, por isso, que diferentes proteínas têm diferentes 
especificidades, haja vista a variação desses receptores através das diferentes espécies e 
ordens de insetos. Uma vez ligada, a proteína em forma de cristal, inicialmente inibe a 
absorção de alimento e depois provoca poros nas membranas do intestino, destruindo-o 
por completo e provocando a morte do inseto. Em resumo, são três os passos para que 
proteína cristal funcione como inseticida: a) – ingestão pelo inseto; b) – quebra nos 
lugares corretos; c) – ligação em receptores específicos (PIONNER, 2008) 
As formulações de inseticidas à base de Bacillus thuringiensis utilizadas no 
controle de lagartas na cultura do milho (produtos comerciais Dipel e Thuricid) têm a 
sua eficiência comprometida pelo fato da dificuldade de fixação das proteínas às folhas, 
sujeitas que ficam à lavagem pela água da chuva ou irrigação e ainda pela sua 
degradação pela luz solar, haja vista a necessidade da mesma ser ingerida pelo inseto. 
15 
 
Por essas razões a solução encontrada foi inserir genes específicos de Bacillus 
thuringiensis nas plantas de milho por meio da aplicação de técnicas de engenharia 
genética de plantas e, assim, foi desenvolvido do milho Bt. 
Milho Bt, portanto, é o milho geneticamente modificado no qual foram 
introduzidos genes específicos de Bacillus thuringiensis que levam à produção de 
proteínas tóxicas a determinadas ordens de insetos consideradas pragas para a cultura. 
Os produtos atualmente no mercado foram desenvolvidos em sua maioria pelo método 
da biobalística (Figura 3), que consiste no bombardeamento sobre o tecido vegetal 
imaturo de micropartículas de tungstênio recobertas de DNA contendo os genes de 
interesse, no caso, genes de Bacillus thuringiensis, bem como outros elementos 
necessários ao seu funcionamento em plantas (PIONNER, 2008). 
 
Figura 3. Método da biobalística (bombardeamento de DNA) 
 Posteriormente, os tecidos que sofreram o bombardeamento são colocados 
em meio de cultura apropriados para a regeneração das plantas que serão, por sua vez, 
avaliadas quanto à expressão desses genes, isto é, se produzem ou não a proteína e a sua 
adequação ao uso comercial. Uma vez fixados esses genes se comportarão como 
qualquer gene que a planta já possuía e poderão ser transmitidos através das gerações 
seguintes em programas regulares de melhoramento genético e desenvolvimento de 
híbridos. 
16 
 
Os benefícios da tecnologia Bt estão no fato da presença da proteína em todas 
as partes da planta ao longo do seu ciclo o que permite o controle das pragas desde os 
seus estádios iniciais até as fases finais de desenvolvimento, evitando a reinfestação, o 
aumento da pressão dos insetos e, no caso da lagarta do cartucho (Spodoptera 
frugiperda), o seu possível alojamento nas espigas. 
 O controle desde a fase inicial é também fator especialmente útil para insetos 
que atacam o interior do colmo, como a broca da cana de açúcar (Diatraea sacharallis). 
As proteínas tóxicas degradam-se rapidamente nos restos culturais não constituindo-se 
em fator de contaminação ambiental. Com a tecnologia Bt têm-se as seguintes 
vantagens: a) – menor impacto ambiental decorrente da não aplicação ou menor uso de 
inseticidas tóxicos e poluentes (redução do risco de intoxicação, contaminação do meio 
ambiente, preocupação com descarte de embalagens, etc.) ; b) - economia com água e 
combustível decorrente da redução ou não aplicação de inseticidas; c) – preservação dos 
inimigos naturais e insetos benéficos; d) – menor custo e melhor qualidade dos 
alimentos ( o milho Bt e menos atacado pelos fungos, portanto, apresenta menor 
quantidade de micotoxinas), e) – controle satisfatório da broca-do-colmo e da lagarta da 
espiga ( praga para as quais não existem hoje método eficiente de controle.). De acordo 
com a EMBRAPA (2011), em geral, tem-se conseguido uma redução de perda da ordem 
de 16 a 20% na colheita com o uso da tecnologia Bt. 
Por outro lado são apontadas como desvantagens do uso desta tecnologia o 
maior custo das sementes, pois o agricultor estará pagando antecipadamente pelo 
controle de pragas, que podem ou não ocorrer em determinadas épocas ou áreas. Outra 
desvantagem é a necessidade do produtor de obedecer às regras de coexistência em que, 
a não observação das mesmas, pode levá-lo a sofrer penalidades previstas na legislação, 
podendo ser autuado pela Fiscalização Federal Agropecuária do Ministério de 
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
Na safra 2013/2014 foram disponibilizadas 467 cultivares de milho, sendo 
253 cultivares transgênicas (54,17%), ocorrendo, pela primeira vez, maior 
disponibilidade de cultivares transgênicas do que convencionais (EMBRAPA, 2013). 
As proteínas do Bt apresentam alta especificidade, sendo que mesmo dentro 
do grupo de insetos a atividade de cada proteína é diferenciada. A eficiência para 
algumas das espécies-alvo é bastante alta e pode dispensar totalmente a aplicação de 
defensivos. Entretanto, para os dados indicam variação na proteção oferecida às plantas, 
17 
 
portanto, dependendo do híbrido, do evento e da intensidadede infestação, pode ser 
necessário controle complementar com a aplicação de inseticida. 
O milho Bt disponível comercialmente hoje no Brasil utiliza toxinas com 
maior especificidade para os lepidópteros-praga (lagartas), estando disponíveis para 
comercialização eventos que expressam diferentes proteínas (Tabela 4). No registro das 
empresas, as pragas-alvo incluem três espécies: a lagarta-do-cartucho do milho (lcm), 
Spodoptera frugiperda; a lagarta-da-espiga do milho (lem), Helicoverpa zea; e a broca 
da cana-de-acúcar (bca), Diatraea saccharalis. Entretanto, há dados na literatura 
indicando também a atividade dessas toxinas sobre a lagarta-elasmo, Elasmopalpus 
lignosellus. (EMBRAPA, 2012). 
Tabela 4. Eventos de milho geneticamente modificados que expressam proteínas 
inseticidas de B. thuringiensis liberadas para cultivo no Brasil desde 2007. 
Ano/ 
 
Evento Marca comercial proteinas lagartas 
2007 MON 810 Yieldgard Cry 1Ab lcm; lem; bca 
2008 Bt 11 Agrisure TL Cry 1Ab lcm; lem; bca 
2008 TC1507 Herculex I Cry 1 F lcm; lem; bca 
2009 MON 89034 Yieldgard VT PRO Cry1A.105/2Ab2 lcm; lem; bca 
2009 MIR 162 TL Viptera VIP3Aa20 lcm; lem; bca 
2010 BT11xMIR162 Agrisure Viptera Cry 1Ab/Vip3Aa20 lcm; lem; bca 
2010 MON 89034+TC1507 Power Core PW Cry1A.105/2Ab2/Cry1F lcm; lem; bca 
2011 TC1507 x MON 810 Optimum
TM 
Cry 1 F/ Cry 1Ab lcm; lem; bca 
Obs: lcm = lagarta do cartucho do milho; lem = lagarta da espiga do milho; bca = broca da cana 
de açúcar. 
Fonte: Embrapa (2012) 
 
1.2.2.1 Manejo da resistência de insetos 
 Uma das maiores preocupações no uso do milho Bt é a seleção de insetos 
resistentes que possam reduzir a vida útil da tecnologia. O fenômeno de seleção de 
insetos resistentes já está presente na agricultura, tendo já sido catalogadas mais de 500 
casos de insetos e ácaros resistentes a, pelo menos, uma classe de defensivos agrícolas, 
o que ocorre pela seleção de indivíduos já resistentes que, com a eliminação dos outros 
indivíduos da população, têm maiores chances de se reproduzir e passar essas 
características a seus descendentes (PIONNER, 2008). 
Desta forma, para a utilização do milho Bt, é necessário que o produtor cumpra 
duas regras: a) - a de coexistência, exigida por lei; e b) - a regra do Manejo da 
Resistência de Inseto (MRI), recomendada pela Comissão Técnica Nacional de 
Biossegurança (CTNBio). 
18 
 
 Coexistência - A regra exige o uso de uma bordadura de 100m isolando as 
lavouras de milho transgênico das de milho que se deseja manter sem contaminação de 
transgênico. Alternativamente, pode-se usar uma bordadura de 20m, desde que sejam 
semeadas 10 fileiras de milho não-transgênico (igual porte e ciclo do milho 
transgênico), isolando a área de milho transgênico. 
 Área de refúgio - A recomendação da CTNBio para o MRI é a utilização de 
área de refúgio. Esta recomendação é o resultado do consenso de que o cultivo do milho 
Bt em grandes áreas resultará na seleção de biótipos das pragas-alvo resistentes às 
toxinas do Bt. 
Obviamente, o monitoramento da infestação das plantas também é importante, 
pois, dependendo do híbrido utilizado e da intensidade da infestação, o produtor pode 
precisar adotar medidas de controle complementares. No Brasil, a área de refúgio é a 
semeadura de milho não Bt, utilizando híbridos de igual porte e ciclo, de preferência o 
seu similar Bt, em cinco ou dez por cento da área cultivada com milho Bt, dependendo 
da recomendação da empresa detentora do evento. A área de refúgio não deve estar a 
mais de 800m de distância das plantas transgênicas. Esta é a distância máxima 
verificada pela dispersão dos adultos da lagarta do cartucho do milho no campo. Todas 
as recomendações são no sentido de sincronizar os cruzamentos dos possíveis adultos 
sobreviventes na área de milho Bt com suscetíveis emergidos na área de refúgio. O 
refúgio estruturado deve ser desenhado de acordo com área cultivada com o milho Bt 
(Figura 4). Para glebas com dimensões acima de 800m cultivadas com milho Bt, serão 
necessárias faixas de refúgio internas nas respectivas glebas. Ainda segundo a 
recomendação da CTNBio, na área de refúgio é permitida a utilização de outros 
métodos de controle, desde que não sejam utilizados bi inseticidas à base de Bt. 
A intenção das áreas de refúgio é permitir que nas redondezas do campo, onde 
esteja semeado o milho Bt, ocorra uma população de insetos suscetíveis e estes se 
cruzem com os prováveis insetos resistentes (escapes) da área com o gene Bt. Desse 
modo se obtém um descendência que mantém uma proporção de indivíduos suscetíveis 
na população original, evitando-se, assim, o aparecimento de insetos resistentes (Figura 
5). 
Responsabilidade de execução da área de refúgio e riscos da não 
adoção. 
19 
 
Nas embalagens de sementes de milho Bt, há um contrato através do qual o 
produtor, ao abri-las, assume a responsabilidade de seguir as normas de coexistência e 
as de manejo da resistência. Portanto, cabe ao produtor a responsabilidade do uso dessas 
regras. O principal risco do não uso da área de refúgio está na rápida seleção de raças 
das pragas-alvo resistentes às toxinas do Bt. Assim, o produtor que não utilizar a prática 
do manejo da resistência será, sem dúvida, a primeira vítima da quebra da resistência, 
não obtendo controle das pragas-alvo com os híbridos de milho Bt. 
 
 Figura 4. Esquemas de áreas de refúgio 
 
 
20 
 
 Figura 5. Esquema do manejo de resistência 
Na Figura 6 observa-se, `a direita milho transgênico Bt, sem danos, e à 
esquerda o milho convencional, mostrando os danos sofridos pelo ataque da lagarta do 
cartucho.. 
 
Figura 6. À direita, milho transgênico, à esquerda convencional 
 Seletividade a organismo não alvo e a inimigos naturais 
A especificidade das toxinas do Bt resulta em alta seletividade na sua 
atividade, agindo apenas nas espécies-alvo. Assim, afeta menos a comunidade dos 
insetos que utilizam o milho como hospedeiro que a utilização de inseticidas 
convencionalmente utilizados, por exemplo. Essa seletividade inclui também a 
comunidade de inimigos naturais, abelhas e outros insetos como pulgões e tripes. Dados 
mostram que essas toxinas, nas formulações de inseticidas à base de Bt empregadas na 
agricultura, têm sido consideradas relativamente não tóxicas para abelhas, existindo 
inclusive uma formulação comercial para controle de traça-da-cera em favos de mel. 
Para predadores, como alguns percevejos e joaninhas, as pesquisas realizadas até o 
momento indicam ausência de efeito negativo sobre esses insetos (EMBRAPA, 2012). 
1.2.3 Milho geneticamente modificado para tolerância a Herbicidas 
As plantas daninhas são responsáveis por enormes prejuízos à agricultura, 
vários métodos são empregados no seu controle, entre eles o controle químico com 
herbicidas. Uma limitação até então dos herbicidas não-seletivos é que sua aplicação 
deve ocorrer antes da emergência da cultura, porém, após a emergência das espécies 
daninhas. 
21 
 
Atualmente estão sendo comercializados híbridos de milho tolerantes aos 
herbicidas Sulfoniluréia, Glyphosate e Glufosinato. Um grande número de gramíneas e 
de espécies de folhas largas é eficientemente controlado pelos herbicidas aos quais as 
variedades transgênicas são tolerantes, permitindo aos produtores maior flexibilidade no 
manejo e no controle dessas espécies, com menor custo. O uso de híbridos tolerantes a 
herbicidas, além de permitir controle mais eficiente das espécies daninhas, aumenta a 
flexibilidade na rotação de culturas e na adoção alternativa de sistemas de cultivo, como 
o plantio direto na palha e o cultivo mínimode preparo do solo (BORÉM e GIÚDE, 
2004). 
O gene inserido nas variedades tolerantes ao Glyphosate é denominado “cp4- 
epsps”, sendo sua função codificar para a enzima CP4 EPSPS que confere a tolerância a 
este herbicida. Tal característica foi obtida pela inserção de um gene da enzima 
enolpiruvilshiquimato-3-fosfato sintetase (EPSPS), oriundo da bactéria Agrobacterium 
spp, o qual impede o desenvolvimento das plantas. Esta enzima não é bloqueada pelo 
Glyphosate, permitindo o crescimento normal das plantas de milho quando pulverizadas 
com o produto. Linhagens e híbridos que possuem o gene “cp4 epsps” para tolerar a 
ação do Glyphosate permitem a aplicação desse herbicida em pós emergência às plantas 
daninhas e à cultura. 
Nos híbridos desenvolvidos para serem tolerantes ao herbicida Glufosinato de 
amônio foi introduzido o gene “pat” que confere tolerância a esse produto. Este gene foi 
clonado do fungo actonomiceto Streptomyces viridochromogenes e codificado para a 
enzima fosfinotricina-N-acetiltransferase (PAT) (BORÉM e GIÚDICE, 2004). 
O desenvolvimento de variedades tolerantes a herbicidas é uma das primeiras 
características agronômicas desenvolvidas pela indústria de biotecnologia do mundo. 
Estas plantas geneticamente modificadas visam tornar o controle de plantas daninhas 
mais prático, econômico e com menor impacto no meio ambiente. Segundo Borém e 
Giúdice (2004) os benefícios das plantas geneticamente modificadas tolerantes a 
herbicidas, quando comparadas às convencionais, em sistemas de alta tecnologia, 
incluem: 
 Menor volume de aplicação de herbicidas; 
 Maior conservação do solo de corrente do menor trânsito de máquinas 
(pulverizações); 
 Redução dos custos com a redução das pulverizações; 
22 
 
 Redução do problema de fitotoxicidade para as culturas seguintes (certos 
eventos permitem a aplicação somente até um determinado estádio de 
desenvolvimento da planta); 
 Controle eficiente de um grande espectro de gramíneas e folha larga; 
 Contabilidade total com o sistema de plantio direto. 
 Utilização de herbicidas com menor toxicidade para o meio ambiente. 
Na safra 2013/2014 foram comercializado três eventos transgênicos que 
conferem resistência ao herbicida Glufosinato aplicado em pós-emergência 
(EMBRAPA, 2013). 
a) – evento NK603, marca Roudup Ready (RR); 
b) – evento GA 21-TG. 
c) – evento Liberty Link. Este evento está presente nos milhos Herculex 1 
que, desta forma, são tolerantes às lagartas e ao herbicida Glufosinato de amônio. 
Na safra 2013/2014 foram disponibilizadas 65 cultivares transgênicas para, 
simultaneamente, controle de lagartas e resistência aos herbicidas Glyphosate e/ou 
Glufosinato de amônio, aplicados em pós-emergência no milho e dez cultivares com 
resistência exclusivamente ao herbicida Glyphosate, (EMBRAPA, 2013). Os eventos 
transgênicos tanto para resistência a insetos como para tolerância a herbicidas, presentes 
nas cultivares de milho comercializadas em 2013, encontram-se descritos na Tabela 6. 
 
 
 
 
Tabela 6. Marca, Sigla, Classe de inseto e herbicida dos eventos disponíveis nas 
cultivares de milho transgênicas, comercializadas no Brasil em 2013. 
Marca Sigla Classe: inseto/herbicida 
YieldGard YG, Y Lepidópteros 
Herculex I Hx, H Lepidópteros/Glufosinato de Amônio 
Agrisure TL TL Lepidopteros /Glufosinato de Amônio 
Agrisure TG TG Glifosato 
YieldGardVT PRO PRO Lepidópteros 
YieldGardeVT PRO 2 PRO 2 Lepidóptero/Glifosato 
YieldGardeVT PRO 3 PRO 3 Lepidóptero/Coleóptero/Glifosato 
Viptera VIP, Viptera Lepidópteros 
Roundup Ready 2 RR, RR2 Glifosato 
Optimum
TM
Intrasect
TM 
YH Lepidóptero/Glufosinato de Amônio 
Agrisure TL + Agrisure TG TLTG Lepidóptero/Glufosinato de 
Amônio/Glifosato 
23 
 
Agrisure TL + Agrisure TG + 
Viptera 
TLTG Viptera Lepidópteros/Glufosinato de 
Amônio/Glifosato 
YieldGard + Roundup ready 2 
 
YR, YGRR2 Lepidópteros/Glifosato 
Herculex + Roundup Ready 2 HR Lepidópteros/Glufosinato de 
Amônio/Glifosato 
YeldGardVTPRO + Herculex + 
Roundup Ready 
PW Lepidópteros/Glufosinato de 
Amônio/Glifosato 
YeldGard + Herculex + Roundup 
Ready 2 
HXYGRR2, 
YHR 
Lepidópteros/Glufosinato de 
Amônio/Glifosato 
Fonte: Embrapa (2013a) 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
BORÉM, A.; GIÚDE, M. P. de. Cultivares transgênicos. In: GALVÃO, J. C. C; 
MIRANDA, G. V. (Eds). Tecnologias de Produção do Milho. Viçosa: Editora UFV, 
2004, p. 85 – 108. 
 
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo. Cultivo do milho. 
Sistema de Produção 1. Versão eletrônica. Set/2010. Disponível em: 
http://www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/milho_6_ed/cultivares.htm Consulta em 
26/02/2015. 
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Milho - Coleção 500 
perguntas-500 respostas. Brasília: Embrapa, 2011. 338p. 
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo. Cultivo do milho. Sistema 
de Produção, 1. Versão Eletrônica – 8ª edição. Out/2012. Disponível em: 
http://www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/milho_8_ed/milhobt.htm. Consulta em 
28/01/2015. 
 
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo. Cultivares para a Safra 
2013/2014. 2013. Disponível no site: www.cnpms.embrapa.br/milho/cultivares. 
Consulta em: 13/01/2015. 
 
EMBRAPA. Empresa Nacional de Pesquisa Agropecuária. Indicações Técnicas para o 
cultivo do milho e do sorgo no Rio Grande do Sul. 58ª Reunião Técnica Anual e de 
Milho. Pelotas: Embrapa. Clima Temperado. 2013a. 113p. 
 
PATTERNIANI, E e MIRANDA FILHO J. B. Melhoramento de populações. In: 
PATTERNIANI, E e VIEGAS, G. P. (Eds). Melhoramento e Produção de Milho. 
Campinas, Fundação Cargil, 1987, vol. 1, p. 217-274. 
 
PIONNER. Pionner Responde – milho Bt. Revista Pionner, 2008 15p. 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
PARTE – II 
 
IMPLANTAÇÃO DA CULTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. SEMEADURA 
 
1.1 – Época 
 O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela umidade do solo, 
temperatura, radiação solar e fotoperíodo. A época de plantio é função destes fatores, 
cujos limites extremos são variáveis em cada região agroclimática. A época de 
semeadura mais adequada é aquela que faz coincidir o período de floração com os dias 
mais longos do ano e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas 
mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar (EMBRAPA, 2010), isto, 
considerando satisfeitas as necessidades de água pela planta. 
26 
 
Trabalho de pesquisa mostra que as épocas em que a produtividade de grãos 
foram maiores e mais estáveis foram aquelas em que os estádios de desenvolvimento de 
quatro folhas totalmente desenvolvidas e a floração ocorrem sob boas condições de 
água no solo. Nas condições tropicais, devido à menor variação da temperatura e do 
comprimento do dia, a distribuição de chuvas é que geralmente determina a melhor 
época de semeadura. 
 No Sul do Brasil, o milho geralmente é cultivado de agosto a setembro e, à 
medida que se caminha para os estados do Centro-Oeste e Sudeste, a época de 
semeadura na safra varia de outubro a novembro. Resultados de pesquisa mostram que 
atraso na época de semeadura além dos meses de setembro - outubro resulta em redução 
no ciclo da cultura e na produtividade de grãos (EMBRAPA, 2010). 
 A época de semeadura afeta várias características da planta, ocorrendo um 
decréscimo mais acentuado no número de espigas por planta (prolificidade) e na 
produtividade de grãos. Váriosresultados da literatura mostram que o atraso na 
semeadura pode resultar em perdas que podem ser superiores a 60 kg/ha/dia. Essa 
tendência pode ser revertida se não houver déficit hídrico e, ocorrer uma redução na 
temperatura do ar, nos meses de fevereiro – março 
Comparando as épocas de semeadura das lavouras com produtividades de 
grãos superiores a 8.000 kg ha-1, pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo verificaram 
que na região Sul do Brasil observa-se que o Estado do Rio Grande do Sul obtém 
maiores produtividades com a semeadura mais cedo. Cerca de 90% da área é semeada 
nos meses de agosto e setembro. Em Santa Catarina, 80% dos cultivos são realizados 
também nos meses de agosto e setembro. Esses resultados caracterizam-se pelo fato de 
serem locais com clima característico de regiões subtropicais. No Estado do Paraná, os 
resultados observados mostram que a época de semeadura das lavouras de maiores 
produtividades se concentra nos meses de setembro e outubro (EMBRAPA, 2010). 
Na região Sudeste, as épocas de semeadura das lavouras de milho de alta 
produtividade concentram-se nos meses de outubro e novembro, chegando a cerca de 
80% das lavouras com produtividade acima de 8.000 kg há-1. O mesmo ocorre nos 
estados da região Centro-Oeste, onde as melhores lavouras de milho são semeadas, 
principalmente, nos meses de outubro e novembro. Com a análise dos levantamentos, 
pode-se concluir que as diferenças edafoclimáticas de cada região influenciam muito na 
tomada de decisão da época de semeadura da cultura de milho. 
27 
 
Por ser semeado no final da época recomendada, o milho safrinha ou segunda 
safra, tem sua produtividade de grãos bastante afetada pelo regime de chuvas e por 
fortes limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além disso, 
como o milho segunda safra é semeado após uma cultura de verão, a sua data de 
semeadura depende da época da semeadura dessa cultura e de seu ciclo. Assim, o 
planejamento do milho safrinha começa com a cultura do verão, visando liberar a área o 
mais cedo possível. Quanto mais tarde for a semeadura, menor será o potencial e maior 
o risco de perdas por seca e/ou geadas (EMBRAPA, 2010). 
 Uma análise realizada pela Embrapa (EMBRAPA, 2010) por estado mostrou 
que nos estados do PR e MS as maiores freqüências de altas produtividades de milho 
safrinha são obtidas em semeadura entre a primeira quinzena de fevereiro e a primeira 
quinzena de março. Em MT e GO as maiores frequências de altas produtividades são 
obtidas no mês de fevereiro, sendo que em GO se concentram mais na primeira 
quinzena enquanto em MT se concentram na segunda quinzena. No Estado de São 
Paulo, a época de semeadura de maiores quantidades de lavouras de milho estende-se 
até o mês de abril. 
Hoje, com os avanços nos trabalhos na área de climatologia, o Brasil já tem um 
Zoneamento Agrícola para o milho, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento, que fornece informações sobre as épocas de semeadura, tanto na 
primeira como na segunda safra, com menores riscos, para quase todo o país. 
 
1.1.1 - Épocas de semeadura do milho safrinha no Mato Grosso do 
Sul/Zoneamento Agrícola. 
Objetivando estabelecer a época de semeadura de milho de sequeiro para as 
diferentes regiões, foi desenvolvido um estudo para recomendação das épocas de 
semeadura em função dos períodos críticos da cultura a estresse hídrico. Nesse trabalho, 
além de ser considerado o fator climático precipitação (intensidade e distribuição) e os 
elementos temperatura e radiação na estimativa da demanda de água pela planta, 
levaram-se também em consideração aspectos fisiológicos da planta e características 
físico-hídricas dos solos. As épocas de semeadura de menor risco para a cultura do 
milho no Estado de Mato Grosso do Sul podem ser vistas no zoneamento agrícola de 
risco climático disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, além da Portaria do 
28 
 
Zoneamento para o estado. Na Tabela 7 encontram-se as datas limites para a semeadura 
do milho safrinha (segunda safra) nos Estado de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso 
(Tabela 7) de acordo com a Embrapa (2009). 
O milho safrinha, que é semeado além dos limites dos Cerrados, não tem um 
período pré-fixado para sua semeadura, como o milho de safra normal, que é semeado no 
início das chuvas. É uma cultura desenvolvida de janeiro a abril, normalmente após a soja 
precoce e, em alguns locais, após o milho de verão e o feijão das águas. Isso a torna uma 
cultura de alto risco, uma vez que a estação chuvosa encontra-se no fim, o que 
proporciona uma variabilidade espacial e temporal muito grande e, como conseqüência, 
uma variabilidade de produção. Na safrinha, além do potencial de produção ser reduzido, 
há alto risco de frustração de safras, baixo investimento na cultura e, conseqüentemente, 
baixa produtividade. O principal fator de risco é o déficit hídrico, sendo atenuado nas 
áreas de maior altitude (acima de 600 metros) em razão das temperaturas amenas 
proporcionarem menor evapotranspiração (EMBRAPA, 2009). 
 
Tabela 7. Limites das épocas de semeadura para a cultura do milho safrinha para os 
Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso . 
.Estado Data limite Altitude Região (cidade referência) 
 
Mato Grosso do Sul 
 
15 de março 
Baixa e Alta Centro-Norte (Campo Grande, 
São G. do Oeste, Chapadão do 
Sul) 
Baixa Centro-Sul (Dourados, 
Sidrolandia, Itaporã, Ponta Porã) 
Mato Grosso 15 de março Alta Centro Norte (Sapezal, Lucas do 
Rio verde) 
Fonte: Embrapa (2009). 
1.2 Sementes 
1.2.1 Tamanho e forma das sementes 
 
As sementes de milho por apresentarem forma e tamanho diferenciado na 
espiga, no beneficiamento, são separadas em função dessas características, sendo que 
elas determinam as regulagens de semeadoras, afetam o tipo e a quantidade de danos 
mecânicos e o tratamento químico das sementes. (ANDRADE, 1998). 
Para uniformizar e facilitar a semeadura as semente de milho são classificadas 
quanto a forma em redondas e chatas, as quais são separadas em diversos tamanhos 
29 
 
(largura, comprimento e espessura) e classificadas em peneiras de furos redondos e 
oblongos. Biruel et al. (2010) mencionam que o tamanho das sementes pode ser 
considerado um indicativo de sua qualidade fisiológica, sendo que sementes pequenas, 
geralmente tendem a apresentar menores valores de germinação e vigor em comparação 
as de tamanhos médio e grande. As sementes de maior tamanho geralmente são mais 
bem nutridas durante o seu desenvolvimento, possuindo embriões bem formados e com 
maior quantidade de substâncias de reserva, sendo, conseqüentemente, as mais 
vigorosas (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Vanzolini e Nakagawa (2007) 
concluíram que sementes menores tendem a germinar mais rapidamente, mas as maiores 
originam plântulas de maior tamanho e massa, características essas que propiciam um 
maior desenvolvimento inicial. 
Estudos têm demonstrado a influência do tamanho e formato de sementes, tanto 
nas fases iniciais, como nos componentes de produção e produtividade final de algumas 
culturas (KARA, 2011; GHOLIZADEH et al., 2011), no entanto, na cultura do milho 
vários trabalhos têm demonstrado não haver relação entre o tamanho de semente, 
porcentagem e velocidade de emergência e a produtividade de grãos da cultura. 
Trogello et al. (2012) avaliaram a influência de diferentes classes de tamanhos e 
formatos de sementes sobre o desenvolvimento e produtividade da cultura do milho na 
região sudoeste do Paraná e concluíram que os diferentes tamanhos e formatos de 
semente de milho não influenciaram a germinação, os componentes de produção e a 
produtividade finalda lavoura. 
 Sangoi et al. (2004) também concluíram que o tamanho da semente não 
interfere sobre a capacidade de elongação do mesocótilo, a porcentagem e a velocidade 
de emergência da cultura do milho, independente da profundidade e da época de 
semeadura, todavia, observaram que sementes grandes aumenta o crescimento inicial da 
cultura, propiciando a formação de plantas mais altas e maior acúmulo de fitomassa em 
relação as sementes pequenas. Já Vasquez et al (2012) concluíram que alterações no 
tamanho de sementes de milho interferem apenas no desenvolvimento inicial das 
plantas. Após 40 dias da emergência, a altura das plantas e da inserção da primeira 
espiga, o diâmetro do colmo, o número de grãos por espiga, o peso e o tamanho do grão 
colhido e a produtividade de grãos não sofrem interferência do tamanho e da forma da 
semente de milho empregada em semeadura normal de verão. 
30 
 
Para a Embrapa (2002) o tamanho e a forma das sementes não afetam a 
produtividade da lavoura de milho desde que as condições do solo, principalmente 
umidade, sejam adequadas, caso contrário o tamanho poderá influenciar em função das 
sementes pequenas terem menos reserva no endosperma. 
Sementes pequenas, contudo, podem acarretar uma economia na semeadura de 
até 44% em relação às sementes maiores (EMBRAPA, 2002) devido gastarem menor 
quantidade (kg ha-1). Atualmente as firmas de sementes comercializam o saco de 
sementes geralmente com 60.000 sementes, quantidade suficiente para a semeadura de 1 
hectare. A quantidade de sementes necessárias para a semeadura de 1 há depende 
basicamente do tamanho (peneira) e do seu poder germinativo. Para se calcular o quanto 
de sementes (kg) se deve utilizar por hectare o produtor precisa saber o peso de 1.000 
grãos e a porcentagem de emergência das sementes a campo, e empregar a seguinte 
expressão: 
Qtde de sementes (kg há-1) = nº sementes m-2 x peso de 1000 sementes (gramas) 
 Emergência das sementes campo (%) 
 
1.2.2 Tratamento de Sementes 
 
 1.2.2.1Tratamento com fungicidas 
 
A semente é o vetor mais eficiente de disseminação de patógenos devido às suas 
características intrínsecas, uma vez que o patógeno veiculado por ela tem maior chance 
de provocar doença na planta oriunda dela se espalhar para outras plantas sadias, 
iniciando assim uma epidemia. A eficiência da semente como vetor independe da 
distância, sendo que os patógenos podem permanecer viáveis por períodos de tempo 
mais longos, mantendo sua patogenicidade inalterada (PARISI e MEDINA, s/d). 
O uso de sementes certificadas com boa qualidade física, fisiológica e sanitária 
é uma das medidas mais eficientes de controle das doenças disseminadas por sementes. 
Para tanto, é necessário que o produtor confira a qualidade das sementes antes da 
semeadura, através das análises de pureza, germinação e sanidade realizadas em 
Laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA). Quando não se dispõe de sementes de boa qualidade em quantidade suficiente 
ou se deseja introduzir materiais de procedências duvidosas, ou ainda para reduzir o 
potencial de inóculo primário, recomenda-se o tratamento das sementes. 
31 
 
Fungos de semente e de solo podem afetar a germinação do milho e reduzir a 
emergência, principalmente em condições adversas como solo frio, seco ou úmido, 
nestas condições há impedimento da germinação ou retardamento na velocidade de 
emergência das plântulas expondo-as por um maior período ao ataque dos fungos. O 
tratamento de sementes contribui para a manutenção do estande, além de reduzir a 
disseminação de vários patógenos. De acordo com Lasca et al. (2005) falhas na 
emergência refletem diretamente na densidade final de plantas e, conseqüentemente, na 
produtividade pelo fato do milho, segundo Fancelli e Dourado Neto (2000), ter uma 
baixa capacidade efetiva de recuperação entre plantas. 
De acordo com Pinto (1998), os principais fungos que infestam ou infectam 
sementes de milho nas condições brasileiras são Fusarium moniliforme e 
Cephalosporium sp. no campo e Aspergillus sp. e Penicillium sp em armazenamento. 
Entre os fungos de solo que afetam a germinação do milho destacam-se espécies de 
Pythium, Rhizoctonia e Fusarium. 
O tratamento químico de sementes além de ser econômico e de fácil execução, é 
também considerado seguro ao homem e ao ambiente. Devido à pequena quantidade de 
produtos adicionados às sementes e estes estarem em contato direto com o sítio alvo, é 
um método pouco prejudicial ao ambiente, quando comparado aos sistemas 
convencionais de tratamento de doenças, via aérea. Esta prática representa apenas 0,5 a 
1,0% do custo de produção das culturas. 100% das sementes de cultivares híbridos de 
milho são tratados com fungicidas e 85% com inseticidas (PARISI e MEDINA, s/d). 
Os principais requisitos para um fungicida destinado ao tratamento das sementes 
são que ele seja tóxico aos patógenos, não fitotóxico, não acumulável no solo, que tenha 
alta persistência nas sementes, grande capacidade de aderência às sementes e cobertura 
das mesmas, ser compatível com inseticidas, ser efetivo sob diferentes condições 
agroclimáticas, ser seguro para os operadores durante o manuseio e a semeadura, não 
deixar resíduos nocivos na planta e ser economicamente viável. 
Quanto ao modo de ação, os fungicidas utilizados no tratamento das sementes 
de milho podem ser classificados em desinfectante, desinfestante, protetor e erradicante. 
O fungicida com ação desinfectante atua no controle dos patógenos localizados dentro 
das sementes (endosperma e embrião) ou nos tecidos do pericarpo. Os patógenos 
infectantes são controlados por fungicidas de ação sistêmica, os quais são absorvidos e 
difundem dentro das sementes (p. ex Thiabendazole). O fungicida com ação 
32 
 
desinfestante atua no controle do patógeno que está localizado externamente na 
superfície das sementes. Para a desinfestação das sementes de milho destacam-se o 
Captan, o Thiran, o Quintozene, o Tolylfluanid. O fungicida com ação protetora é 
aquele que protege as sementes e as plântulas contra o ataque de fungos das sementes e 
do solo. O fungicida com ação erradicante é aquele que elimina o patógeno que está 
associado às sementes, quer seja fungo infectante ou infestante. Ressalta-se que os 
fungicidas sistêmicos podem atuar como desinfectantes e erradicantes (ALMEIDA 
PINTO, 2007) 
As sementes quando tratadas com fungicida de comprovada eficiência, ficam 
protegidas contra os patógenos por elas transmitidos e contra os patógenos habitantes do 
solo. Isso propicia maior índice de emergência das plântulas garantindo alto estande da 
cultura. O tratamento das sementes com fungicida é indicado quando: a) – as sementes 
são destinadas à formação de campo de produção de sementes; b) – quando se quer uma 
uniformidade de estande; c) – quando houver possibilidade da germinação ser retardada 
devido às condições desfavoráveis de solo frio, seco ou úmido; d) – em áreas de plantio 
direto com o milho como cultura anterior; e) – quando a infecção fúngica for a razão da 
baixa germinação; e f) - quando os patógenos transmitidos pelas sementes representam 
uma ameaça para a produção de grãos ou de sementes de milho (ALMEIDA PINTO, 
2007). 
A seleção do fungicida e a segura identificação do fungo na semente ou no solo 
são de fundamental importância e devem ser fundamentadas em resultados da pesquisa. 
Deve-se verificar no rótulo do produto para quais fungos o fungicida está indicado. Esse 
procedimento evita a utilização de fungicida ineficiente contra um determinado fungo. 
Por exemplo, o fungicida Thiabendazolenão apresenta eficiência no controle de 
Pythium spp, mas é eficiente no controle de Fusarium spp. O Quintozene é muito 
eficiente no controle de Rhizoctonia spp., mas sem efeito em relação ao Fusarium spp 
(ALMEIDA PINTO, 2007). A Tabela 5 relaciona os fungicidas recomendados para o 
tratamento de sementes de milho. 
Tabela 5. Fungicidas registrados no MARA para tratamentos de sementes de milho 
Produto Comercial (PC) Ingridiente 
Ativo 
Fungos controlados Dose/ PC 
(100 kg/sementes) 
Captan 200 FS Captana Pythium spp 
Rizoctonia solani 
375 ml
 
Captan 500 TS Captana Fusarium moliniforme 300 g 
33 
 
 
 
Captan 750 TS 
 
 
Captana 
Fusarium moliniforme 
Stenocarpella maydis 
Coletroticum graminicola 
Pythium spp 
 
 
 
160 g 
Vitavax-Thiram 200 SC Carboxin 
 + 
Thiram 
Acremonium strictum 
Aspergillus spp 
Fusarium moliniforme 
Penicillium oxalicum 
 
250-300 ml 
Maxim Fludioxonil Fusarium moliniforme 150 ml
 
 
Maxim XL 
Fludioxonil 
+ 
Metalaxyl-M 
Pythium aphanidermatum 
Fusarium moliniforme 
 
100-150 ml 
Carboxina + Tiram Derosal Plus Aspergillus flavus; 
Helminthosporium maydis; 
Fusarium moliniforme; 
Fusarium moliniforme 
 
 
200 – 300 ml 
Fonte: Embrapa (2013 a) 
 
1.2.2.2 Tratamentos com inseticidas 
O tratamento de sementes na lavoura de milho proporciona menor incidência 
do ataque das chamadas pragas do solo que ocorrem na lavoura durante a germinação 
das sementes, emergência de plântulas e fase inicial de crescimento vegetativo, afetando 
significativamente a produção de grãos. Várias espécies de insetos atacam as sementes, 
raízes e plântulas do milho após a semeadura reduzindo o estande e o potencial 
produtivo da lavoura. Esses insetos são de hábito subterrâneo ou superficial e, na 
maioria das vezes, passam despercebidos pelo agricultor, dificultando o emprego de 
medidas para o seu controle. A importância desses insetos varia de acordo com o local, 
ano e sistema de cultivo e medidas de proteção das sementes e plântulas recém-
emergidas atuam como uma prevenção contra o ataque dessas pragas. 
A utilização de híbridos de alto potencial produtivo, juntamente com o uso de 
sementes tratadas com inseticidas na semeadura tem se mostrado uma excelente opção 
adotada pelos produtores como solução para o controle de insetos, além de reduzir a 
necessidade de pulverização nos estádios iniciais da cultura. Existem no mercado 
diversos inseticidas registrados para o tratamento de sementes de milho com diferentes 
indicações em função das pragas ocorrentes. 
Atualmente os inseticidas do grupo químico neonicotinóides (Imidacloprid, 
Tiametoxan, Tiacloprid e Acetamiprid) têm sido um dos mais utilizados tanto no 
34 
 
controle das pragas iniciais sugadoras que atacam a lavoura de milho como sobre os 
insetos mastigadores que danificam as sementes e/ou as plântulas (MACHADO et al, 
2006). 
Nas doses recomendadas, a circulação dos neonicotinóides nas plantas 
promove a proteção contra os pulgões, percevejos, cigarrinhas, tripes, mosca - branca e 
minadores de folhas, por até 40 dias; esse longo período residual tem promovido uma 
verdadeira revolução no controle dos insetos - vetores de patógenos, ou toxinas, com 
grande benefício para os produtores e para o ambiente (BRANDL, 2001). 
O Fipronil que pertence à classe dos Phenilpirazoles, tem atividade expressiva 
sobre os insetos-praga em geral, principalmente aqueles de hábitos subterrâneos e 
sociais, como cupins e formigas (MACHADO et al., 2006), enquanto os carbamatos e 
os fosforados apresentam espectro de ação mais variável agindo sofre diferentes pragas 
em variadas circunstâncias (MELO et al, 2012). 
Os inseticidas de tratamento de sementes no solo desprendem-se das mesmas e, 
devido sua baixa pressão de vapor e solubilidade em água, são lentamente absorvidos 
pelas raízes, conferindo à planta um adequado período de proteção contra insetos do 
solo e da parte aérea (SILVA, 1998). Na Tabela 6 estão relacionados os inseticidas 
registrados para o tratamento de sementes de milho. 
O tratamento de sementes de milho híbrido é realizado por empresas produtoras 
de sementes, que as comercializam já tratadas. Existem vários benefícios ao se adquirir 
as sementes já tratadas pela empresa produtora. Um deles é a garantia de qualidade, já 
que o tratamento industrial das sementes é feito de forma mais uniforme, com doses 
mais precisas do ingrediente ativo por semente e com a redução dos danos mecânicos da 
semente. Outra vantagem é a eliminação do custo operacional. O tratamento industrial é 
realizado com qualidade e não impõe gastos extras para o produtor. Isso, além da 
redução de riscos na propriedade, uma vez que não há o manuseio do produto e 
exposição do tratador, além da eliminação da necessidade de maquinas para ao 
tratamento, e preocupações com descarte de embalagens. 
 
35 
 
Figura 7. Sementes tratadas com defensivos (prontas para a semeadura) 
As vantagens do uso do tratamento de semente são: a eficiência, o baixo custo do 
produto e da mão-de-obra para efetuar o tratamento, e a seletividade do processo, por 
ser uma aplicação localizada. Além disso, dispensa o trabalho de monitoramento e não 
utiliza água, essenciais e imitantes quando se faz pulverizações. O inseticida tanto atua 
diretamente sobre as pragas matando-as por ingestão e contato como também pode atuar 
por repelência. Quando a operação é feita na propriedade (pequenos volumes de 
sementes) são utilizados o tambor de eixo descentralizado (Figura 8) ou a betoneira 
 
 Figura 8. Misturador de sementes (eixo descentralizado) 
 
 
Figura 9. Betoneira para tratar sementes 
 Tabela 6. Inseticidas registrados para o tratamento de sementes de milho. 
Ingrediente 
ativo 
Marca Comercial 
( PC ) 
Grupo Químico Dose
1/ 
( PC) 
Praga 
Tiodicarbe Semevin 350; Saddler 
350; Thiodicarbe 350; 
Semevin 350; Futur 
300; 
 
 
Carbamato 
 
 
2.000 ml 
Syntermus molestus; 
Deois flavopicta, 
Spdoptera 
frugiperda; 
Elasmopalpus 
lignosellus; 
Diloboderus abderus 
Imidacloprido Gaucho 600 A; 
Gaucho FS; 
 
Neonicotinoide 
 
400 ml 
S. molestus; 
Rophalosiphum 
36 
 
maydis; 
Imidacloprido Gaucho WS Neonicotinoide 1000 g S. molestus; 
 
Imidacloprido Saluzi 600 FS. 
Imidacloprid 600 FS; 
Gaucho 600 A; 
Gaucho FS; 
 
Neonicotinoide 
 
800 g 
Frankliniella 
williansi; 
Dalbulus maydis 
Imidacloprido Gaucho FS, Gaucho 
600 A 
Neonicotinoide 350 g Dichelops furcatus 
Imidacloprido Gaucho FS, Gaucho 
600 A 
Neonicotinoide 600 ml Deois flavopicta 
Imidacloprido Gaucho 700 g Diabrotica spciosa 
Benfuracarbe Oncol Sipcam; Laser 
400 SC; 
Carbamato 1.750-
2.500 ml 
S. molestus 
Procomitermes 
triacifer 
 
 
Carbofurano 
 
Furadan 350 TS; 
Raizer 350 TS; 
Carboran Fersol 350 
 
 
Carbamato 
 
 
2.000-
3.000 ml 
S. molestus; S. 
frugiperda; P. 
Triacifer; E. 
lignosellus; Astylus 
variegates; Agrotis 
ipsilon; Cornitermes 
snyderi 
Carbofurano Furazin 350 FS Carbamato 2.250ml E. lignosellus 
Carbosulfano Marzinc 250 DS Carbamato 2.000 g Syntermes molestus; 
Carbosulfano Fenix Carbamato 2.000-
2.800 ml 
Syntermes molestus; 
P. triacifer; 
Carbosulfano Fenix Carbamato 2.400-
2.800 ml 
Elasmopalpus 
lignosellus 
Carbosulfano Fenix Star Carbamato 1.500 ml Agrotis ipsilon 
 
Furatiocarbe 
 
Promet 400 SC 
 
Carbamato 
 
1.600 ml 
Spodoptera 
frugiperda; 
Elasmopalpus 
lignosellus 
Clotianida Poncho neonicotinoide 400 ml Rhopalosiphum 
maydis 
 
Clotianida 
 
Ponchoneonicotinoide 
 
350 ml 
Phyllophaga 
cuyabana; Dichelops 
melacanthrus; 
Dichelops furcatus 
Tiametoxan Cruiser 350 FS neonicotinoide 600 ml E. lignosellus 
Tiametoxan Cruiser 700 WS neonicotinoide 300ml E. lignosellus 
Fipronil Standak sulfinilpirazol 40-50 ml P. cuyabana 
1/
 = refere-se a 100 kg de sementes 
Fonte: Embrapa (2009) 
 1.3 Profundidade de Sementes 
A profundidade de semeadura é condicionada por fatores Omo: umidade; 
temperatura e tipo de solo. O fato da semente ser colocada em profundidades diferentes 
não interfere na profundidade do sistema radicular definitivo (Figura 10) 
37 
 
 
Figura 10. Diferentes profundidades de semeadura do milho 
A semeadura deve ser mais superficial (3 a 5 cm) em solos mais argilosos, 
mais pesados, que dificultam a emergência, ou quando a temperatura do solo é mais 
fria, em função da época ou da região. Em solos mais leves, pode ser maior variando de 
5 a 8 cm, aproveitando as condições mais favoráveis de umidade do terreno 
EMBRAPA, 2002). 
 
 
 
 
Figura 11. Semeadura (plantio direto) Figura 12. Semeadura (sistema convencional) 
No sistema plantio direto, onde há sempre um acumulo de resíduos na 
superfície do solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura morta retarda a 
emergência, reduz o estande e, em alguns casos, pode até causar queda na produtividade 
de grãos da lavoura, dependendo da profundidade em que a semente foi colocada. A 
38 
 
Tabela 7 mostra o efeito da profundidade de semeadura sobre a emergência, o vigor e a 
duração do período de emergência na cultura do milho . 
Tabela 7. Percentagem de emergência, vigor e duração do período de germinação de 
sementes de milho, em diferentes profundidades. 
Profundidade (cm) Emergência (%) Vigor1 Duração média (dias) 
2,5 100,0 3,0 8,0 
5,0 97,5 3,0 10,0 
7,5 97,5 3,0 12,0 
10,0 80,0 2,5 15,0 
12,5 32,5 0,7 18,0 
Fonte: Embrapa (2010) 
¹vigor aos 22 dias após a semeadura. Notas: 3.0 para o máximo vigor a zero para mínimo vigor. 
 
Sangoi et al. (2004) avaliando quatro diferentes profundidades de semeaduras de 
milho (2,5, 5,0, 7,5 e 10 cm) concluíram que semeaduras profundas são prejudiciais à 
emergência e crescimento inicial da cultura quando realizadas em períodos de menor 
temperatura do solo na fase de estabelecimento do estande. Souza et al. (2013), avaliando a 
influencia de diferentes profundidades de semeadura do milho na formação do estande e na 
eficiência de semeadura, num experimento implantado em um sistema de Plantio Direto (SPD), 
em um solo classificado como Latossolo Distroférrico, observaram que o aumento da 
profundidade de 5 para 9 cm influenciou de forma negativa o estande bem como a eficiência de 
semeadura, enquanto que na profundidade de 5 cm foram obtidos a melhor eficiência de 
semeadura e o melhor estande. 
 
1.4 Densidade de semeadura 
É pela ocasião da semeadura que se define uma boa ou ruim densidade de 
semeadura que, por sua vez, irá definir o número de plantas por unidade de área que tem 
papel preponderante na produtividade final de uma lavoura de milho. Pequenas 
variações na densidade exercerão grande influência na produtividade final dde grãos na 
cultura. Esta característica não é tão importante em outras culturas com grande 
capacidade de perfilhamento, como o arroz, trigo, aveia, sorgo e outras gramíneas, ou de 
maior habilidade de produção de floradas como o feijão ou a soja. Daí a importância em 
se dedicar especial atenção à operação da semeadura de forma a assegurar a densidade 
de plantas desejada na colheita (EMBRAPA, 2002). 
A densidade de semeadura definida como o número de plantas por unidade de 
área (EMBRAPA, 2002) tem um papel importante na produtividade de uma lavoura de 
milho, uma vez que pequenas variações na densidade, como já dito, exercem grande 
39 
 
influência na produtividade final da lavoura. A densidade de semeadura (ou estande) 
inadequada é uma das causas responsáveis pela baixa produtividade do milho no Brasil. 
Para o milho, cada planta constitui componente importante na produção final, devido à 
baixa capacidade de compensação nos componentes de produção. 
A produtividade de uma lavoura se eleva com o aumento da densidade de 
semeadura até atingir uma densidade ótima, que é aquela que proporciona a exploração 
mais eficiente da área de cultivo, e que é determinada pela cultivar e por condições 
externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do manejo da lavoura. A 
partir da densidade ótima, quando a produtividade é máxima, o aumento da densidade 
resultará em decréscimo progressivo da produtividade de grãos da lavoura por afetar as 
características fenotípicas e os componentes de produção da planta. Ocasionam colmos 
delgados e de maior altura, proporcionando o acamamento e quebramento de colmo, o 
que, em lavouras mecanizadas torna as perdas elevadas na colheita. Além disso, 
diminuem o tamanho e o índice de espigas (relação entre o número total de espigas e o 
número total de plantas numa determinada área), podendo ocorrer inclusive aumento na 
incidência de doenças, principalmente as podridões de colmo. 
Para cada sistema de produção, existe uma população que maximiza a 
produtividade de grãos. A população ideal para maximizar a produtividade de grãos de 
milho varia de 40.000 a 80.000 plantas por hectare, dependendo da disponibilidade 
hídrica, da fertilidade do solo, do ciclo da cultivar, da época de semeadura e do 
espaçamento entre fileiras. A densidade ótima é, portanto, variável para cada 
situação e, basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade hídrica e 
do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores, direta ou 
indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio. A densidade ótima é obtida pela 
conjugação do espaçamento entre fileiras e o número de plantas nas fileiras 
(EMBRAPA, 2010). 
 Por estas razões, às vezes deixa-se de recomendar densidades maiores, que 
embora em condições experimentais apresentem maiores rendimentos, não são 
aconselhadas em lavouras colhidas mecanicamente. A densidade de plantio, dentre as 
técnicas de manejo cultural, é um dos parâmetros mais importantes e, geralmente a 
causa principal da baixa produtividade de milho é o baixo número de plantas por área. 
 
40 
 
 
 
 Figura 13. Estande uniforme (sem falhas) 
 Fonte: Pionner Sementes 
 
1.4.1 Densidade de semeadura e cultivar 
 
Para que haja um aumento da produtividade, é necessário que vários fatores, 
como o nível de fertilidade do solo, o nível de umidade e as cultivares estejam em 
consonância com o número de plantas por área. Em termos genéricos, verifica-se que 
cultivares precoces (ciclo mais curto) exigem maior densidade de plantio em relação a 
cultivares tardias para expressarem sua máxima produtividade de grãos. A razão desta 
diferença é que cultivares mais precoces, geralmente, possuem plantas de menor altura e 
menor massa vegetativa. Essas características morfológicas determinam um menor 
sombreamento dentro da cultura, possibilitando, com isto, menor espaçamento entre 
plantas, para melhor aproveitamento de luz (EMBRAPA, 2010) 
Mesmo dentre os grupos de cultivares (precoces ou tardios), há diferenças 
quanto à densidade ótima de plantio. Uma análise de cerca de 362 cultivares de milho 
comercializadas na safra 2010/11 mostra que as variedades são indicadas para plantios 
com densidades variando de 40.000 a 55.000 plantas por hectare, o que é coerente com 
o menor nível de tecnologia dos sistemas de produção empregados pelos agricultores 
que usam esse tipo de cultivar. As faixas de densidades mais frequentemente 
recomendadas

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