Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Proteção do Meio Ambiente Brasília-DF. Elaboração Luiz Roberto Pires Domingues Junior Marcel Anderson Borges Bento Paulo Celso dos Reis Gomes Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE.............................................................................................................. 9 CAPÍTULO 1 MEIO AMBIENTE ....................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 CAUSAS DOS PROBLEMAS AMBIENTAIS ................................................................................. 24 CAPÍTULO 3 CONTROLE DA POLUIÇÃO........................................................................................................ 38 UNIDADE II GESTÃO AMBIENTAL............................................................................................................................. 56 CAPÍTULO 1 SUSTENTABILIDADE................................................................................................................ 56 CAPÍTULO 2 GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS/INSTITUIÇÕES.............................................................. 64 UNIDADE III VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA NO CONTROLE DE EMISSÕES ........... 97 CAPÍTULO 1 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE .................................................... 97 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 156 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial4 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. Introdução O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi elaborado com o objetivo de propiciar conhecimentos acerca do contexto educacional com foco na Proteção do Meio Ambiente. A cada capítulo pensamos nas horas que você dedica ao trabalho destinado às atividades educativas bem como às práticas desenvolvidas no cotidiano de um ambiente universitário. Lembrando sempre de que você é protagonista da história que estamos construindo a partir de agora. Para nos conceituarmos, os estudantes de Engenharia de Segurança do Trabalho de hoje, serão a próxima geração de pesquisadores e profissionais altamente capacitados a exercer profissões diversas (áreas de segurança e saúde do trabalho). Ainda estamos longe de entender completamente os sistemas ambientais. Faz parte deste contexto, voltar-se ao meio ambiente como um todo para entender e integrar as funções de cada ecossistema. Desde o início dos tempos, quando o homem tentava dominar a energia através do controle do fogo, ele passou a interferir diretamente no meio ambiente. Os impactos ambientais sofridos pela Terra devido à ação antrópica já são discutidos há muito tempo, mas para confrontar a ideia de que os recursos naturais são ilimitados a questão ambiental passou a ser objeto de intensa preocupação para vários países, principalmente, após 1970, com a primeira crise do petróleo, quando a sociedade de uma forma geral despertou para os limites dos recursos naturais. A origem do movimento global de defesa do meio ambiente de forma pragmática se efetivou após o manifesto do Clube de Roma na década de 70, que fez uma previsão dos riscos decorrentes do crescimento econômico continuo sedimentado em recursos naturais escassos. Na última década do século XX, a tomada da consciência mundial quanto à importância das questões ambientais, dissemina as abordagens que se fundamentam na premissa que: “os custos da qualidade de vida em seu orçamento, pagando o preço de manter limpo o ambiente em que vive” (Vale, 1996). Desta forma, várias instituições econômicas e produtivas (fábricas, firmas, comércio...) passaram a inserir em sua cadeia produtiva os custos necessários para manter a qualidade de vida e o bem-estar coletivo. Paradigma este que fez com que na metade da década de 90, diversos normativos internacionais, do porte da ISO, concretizassem de forma coerente tal demanda da sociedade, passando as instituições a buscarem marcosconceituais e metodológicos como: “certificação ambiental” e “gestão ambiental”. Esta apostila lhes fornecerá uma visão integrada da proteção do meio ambiente para o início de uma carreira profissional respeitado o real entendimento da complexidade deste processo. Bons estudos! Objetivo » capacitar o aluno para compreensão das principais conceitos associados à preservação do meio ambiente; à poluição ambiental, ao desenvolvimento sustentável e aos instrumentos de gestão ambiental. 10 PROTEÇÃO UNIDADE I DO MEIO AMBIENTE CAPÍTULO 1 Meio Ambiente Introdução O Engenheiro de Segurança do Trabalho tem um papel importante de avaliar a diversidade de ambientes laborais e garantir que um ou mais trabalhadores tenham qualidade em sua jornada de trabalho, para tanto uma das principais atribuições deste profissional visa: » assegurar que o trabalhador não corra riscos de acidentes em sua atividade profissional, sejam eles danos físicos ou psicológicos. » administrar e fiscalizar o atendimento aos requisitos de segurança no ambiente laboral (Indústria da Construção e Setor Industrial). » Elaborar e implementar programas de prevenção de acidentes. » Acompanhar e verificar a eficácia dos planos de prevenção de riscos ambientais. » Inspecionar e emitir laudos técnicos. Por meio deste arranjo de atribuições este profissional interage para que o meio ambiente do trabalho esteja em conformidade com os conceitos atuais e em conformidade com a legislação. Conforme artigo publicado no sítio do Ministério Público do Trabalho, o trabalho consiste em legítimo instrumento de concretização da dignidade da pessoa humana, erigido a fundamento da República Federativa do Brasil, na condição de Estado Democrático de Direito, nos termos do artigo 1o, inciso III, da Constituição da República. 11 No entanto, o direito ao trabalho, encontra-se previsto no artigo 6o da Carta Magna, deve ser interpretado à luz das diretrizes fundamentais da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho. Logo, a todo cidadão tem o direito de possuir um trabalho digno ou decente, ou seja, que corresponda às condições mínimas de higiene, de saúde e de segurança, até porque a redução dos riscos inerentes ao trabalho também configura direito social constitucionalmente atribuído à classe trabalhadora (CF/1988, art. 7o, XXII). Para tanto, o atendimento protetivo conferido ao trabalhador, visa resguardar a sua integridade física e psíquica, esta tutela deve ser direcionada à manutenção da higidez do meio ambiente do trabalho, eliminando, ou neutralizando, a ação de agentes nocivos, e prevenindo a ocorrência de infortúnios e doenças ocupacionais. A implementação de medidas preventivas, que venham a reduzir os riscos à saúde e à segurança do trabalhador, é direito fundamental consolidado em nosso ordenamento jurídico pátrio. O objetivo principal de todos os atores envolvidos no meio ambiente do trabalho é garantir condições seguras e saudáveis ao trabalhador. Estas ações visam, sobretudo a prevenção de acidentes do trabalho e a ocorrência de doenças ocupacionais. Qualidade e preservação da vida do trabalhador, este e o único proposito entre as partes: Entidades públicas, privadas, o meio ambiente e os trabalhadores. O meio ambiente do trabalho e os princípios da precaução e prevenção A Política Nacional de Meio Ambiente conceitua meio ambiente como um conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Art. 3o, inciso I, da Lei no 6.938/1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente). O conceito permitiu o surgimento de um espaço positivo de incidência da norma legal, tutelando todos os aspectos inerentes ao meio ambiente, sejam de ordem natural, artificial, cultural ou do trabalho. Entendendo-se o meio ambiente do trabalho como um conjunto de fatores físicos, climáticos ou quaisquer outros que interligados, ou não, estão presentes e envolvem o local de trabalho 12 do indivíduo, é natural admitir que o homem passou a integrar plenamente o meio ambiente no caminho para o desenvolvimento sustentável preconizado pela nova ordem ambiental mundial. Grott (2003), afirma que o meio ambiente do trabalho faz parte do conceito mais amplo de ambiente, de forma que deve ser considerado como bem a ser protegido pelas legislações para que o trabalhador possa usufruir de uma melhor qualidade de vida. A defesa do meio ambiente incorporou-se definitivamente como uma das principais reivindicações dos movimentos sociais no Brasil e no mundo. Tradicionalmente, classificado em quatro espécies distintas, quais sejam: 1. Meio ambiente natural. 2. Meio ambiente artificial. 3. Meio ambiente cultural. 4. Meio ambiente laboral. No quarto: cabe ao Ministério Público do Trabalho zelar pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais. Existe uma sinergia entre o meio ambiente do trabalho, dentro da conceituação de meio ambiente artificial. É o local onde o trabalhador exerce suas funções laborativas e que passa grande parte de sua vida. Não necessariamente o ambiente de uma empresa ou fábrica, mas o local onde se trabalha, que pode ser externo como o caso dos agricultores ou em máquinas como carros e ônibus. Vejamos cada definição para compreender estas quatro vertentes de meio ambiente. Meio ambiente natural ou físico É composto pelos recursos naturais: água, solo, ar atmosférico, fauna e flora. Está explicitado mediatamente no Art. 225 da Constituição Federal, sendo que sua tutela imediata se encontra no Parágrafo I, incisos I e VII do referido Artigo: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- 13 se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1o – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas (...) VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Meio ambiente artificial O meio ambiente artificial é formado pelos espaços urbanos, incluindo as edificações que são os espaços urbanos fechados, como por exemplo, um prédio residencial e os equipamentos públicos urbanos abertos, como uma via pública, uma praça, dentre outros. Meio ambiente cultural Considera-se meio ambiente cultural o patrimônio cultural nacional, incluindo as relações culturais, turísticas, arqueológicas, paisagísticas e naturais. Este patrimônio está previsto expressamente nos Artigos 215 e 216 da Constituição Federal: Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1o - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. § 2o - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. 14 § 3o - A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; II produção, promoção e difusão de bens culturais; III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; IV democratização do acesso aos bens de cultura; V valorização da diversidade étnica e regional. Meio ambiente do trabalho O meio ambiente do trabalho é o local onde homens e mulheres desenvolvem suas atividades laborais. Deste modo, para que este local seja considerado adequado para o trabalho, deverá apresentar além de condições salubres, ausência de agentes que coloquem em risco o corpo físico e a saúde mental dos trabalhadores. A tutela mediata do meio ambiente do trabalho se encontra no Art. 225, já transcrito, em quanto que no Art. 200, VIII, a CF/1988, tutela imediatamente o meio ambiente do trabalho, ao afirmar que compete ao Sistema único de Saúde – SUS, colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: (...) VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Proteger o meio ambiente do trabalho significa proteção aos trabalhadores, mas também à saúde de agentes indiretos (comunidades periféricas aos estabelecimentos de labor), posto que um meio ambiente poluído por indústrias, por exemplo, afeta o meio ambiente interno e externo. 15 Para tanto, entender-se importante o estudo e a aplicação dos princípios da “prevenção” e da “precaução” no âmbito do meio ambiente do trabalho. Necessário é distinguir tais princípios, sabendo-se que a prevenção diz respeito aos danos previsíveis, e a precaução aos danos sobre os quais ainda não há certeza científica. Precaução e prevenção O ordenamento jurídico brasileiro no âmbito do direito ambiental tem como pilares diversos princípios, dentre eles os da prevenção e da precaução. Milaré (2005, p. 165) afirma que especialistas fazem uso do princípio da prevenção, enquanto outros se reportam ao princípio da precaução. “Outros, utilizam a ambas as expressões, supondo ou não diferença entre elas”. Apesar de aparentemente terem o mesmo significado, são princípios distintos, mesmo que sutilmente, possuem relação entre si de gênero e espécie. Como bem destaca Sirvinskas (2008, p. 57): “prevenção é gênero das espécies, ou seja, agir de forma a antecipar um fato. Precaução é agir com cautela, ou seja, ser preditivo e tomar atitudes de forma antecipada para evitar danos ao meio ambiente ou a terceiros. O conceito de prevenção é mais amplo do que precaução ou cautela.” O princípio da prevenção é aquele que impõe a adoção de medidas mitigatórias de danos previsíveis. Antunes (2008) considera que o princípio está atrelado aos impactos ambientais já conhecidos e desta forma, é possível estabelecer um conjunto de ações baseadas na casualidade sendo suficientes para a identificação de impactos futuros. O processo de licenciamento ambiental pode ser considerado a uma ação focada no princípio da prevenção e, além disso, os estudos de impacto ambiental e os relatórios de controle ambiental são ferramentas importantes que integram a conceituação da prevenção. As condicionantes ambientais emitidas em cada fase do licenciamento ambiental tem o objetivo de prevenir os danos ambientais e age de forma a eliminar (sempre que possível) os danos que uma determinada atividade degradante causaria ao meio ambiente, caso não fosse solicitado ao órgão de licenciamento ambiental. É no âmbito da prevenção/precaução que se destacam os estudos de impacto ambiental, os processos de licenciamento prévio e também as medidas punitivas, como forma de “estimulante negativo contra a prática de agressões ao meio ambiente” (FIORILLO, 2009). 16 O princípio da precaução, segundo Milaré (2005) a incerteza científica milita em favor do meio ambiente, carregando-se ao interessado o ônus de provar que as intervenções pretendidas não trarão consequências indesejadas para o meio ambiente. Por sua vez, o postulado da precaução pretende-se evitar o risco mínimo ao meio ambiente, nos casos de incerteza científica acerca de sua degradação (RODRIGUES, 2002). Os princípios da prevenção e da precaução sejam eles entendidos como expressões sinônimas ou distintas, mas inter-relacionadas, apresentam-se como normas basilares do direito ambiental, ao passo que impõem que se deve priorizar medidas prévias de proteção ambiental ante a usual impossibilidade de reparação efetiva do meio ambiente. Nesse sentido, Milaré (2005), afirma que sua atenção está voltada para o momento anterior ao da consumação do dano – o do mero risco. Ou seja, diante da pouca valia da simples reparação, sempre incerta e, quando possível, excessivamente onerosa, a prevenção é a melhor, quando não a única, solução. Feitas essas considerações acerca dos princípios da prevenção e da precaução, abordar-se-á a sua aplicabilidade no meio ambiente do trabalho. Os conceitos e definições a respeito dos princípios da prevenção e da precaução no âmbito do direito ambiental podem e devem ser utilizados para o entendimento no meio ambiente do trabalho, visto que as ações aplicadas em saúde e segurança do trabalho possuem o objetivo principal de prevenção e precaução. As ferramentas utilizadas neste processo são os programas de prevenção, controle, laudos e registros para liberação e acompanhamento de atividades. Como exposto, os princípios da prevenção e da precaução apresentam-se como base do direito ambiental. O meio ambiente do trabalho, como aspecto do conceito amplo de meio ambiente, por óbvio, não poderia ser uma exceção da influência desses dois princípios. Com efeito, o meio ambiente, inclusive o do trabalho, é correlacionado diretamente na Constituição Federal ao bem objeto de direito sobre o qual incide o interesse da coletividade: a saúde humana (DINIZ, 2009). Sabe-se que a legislação constitucional atrelada às convenções internacionais e as normas regulamentadoras, procuram dar consistência ao meio ambiente do trabalho e desta forma, represente a garantia de um ambiente seguro e que apresente menos riscos. A constituição federal, ao tratar especificamente da saúde em seu art. 196, deixa claro o caráter preventivo das políticas públicas. Evidencia que as normas constitucionais impõem 17 caráter preventivo não só às políticas públicas diretamente relacionadas ao meio ambiente, mas também àquelas que com ele se relacionam: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (...) Fonte: Constituição Federal, 1988. A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em seu capítulo V, dispõe sobre as normas de segurança e a medicina do trabalho. De uma forma geral, esse capítulo se dedica a estabelecer a necessidade de promover os direitos e deveres dos empregados e empregadores a todas as normas legais vinculadas que tratem da segurança do trabalhador bem como da obrigação do Estado de regular, coordenar e fiscalizar a aplicação dessa normatização. Nele percebe-se o tratamento das medidas necessárias a prevenção de acidentes ou de doenças adquiridas no ambiente laboral. Para tanto, recorre-se a necessidade da realização de exames admissionais, periódicos, mudança de função, retorno ao trabalho. O capítulo aborda também a aquisição e fornecimento de equipamentos de proteção individuais e estabelece critérios para a construção de ambientes de trabalho, desde a estruturafísica até as condições de conforto acústico, térmico e de iluminação. As Normas Regulamentadoras – NR, aprovadas pela Portaria no 3.214/1978, tratam justamente do capítulo V, título II da CLT e tem como meta dar tratativa as condições ambientais do trabalho e apresentam caráter eminentemente preventivo. Destacam-se dentre elas as NR nos 2, 3, 7, 9, 15, 16 e 18, que prevê inspeções prévias nas instalações de estabelecimentos antes do início de suas atividades e ainda quando submetidas essas instalações a modificações substanciais; situações que existe a possibilidade de embargo e interdições; a proposta para a elaboração e gestão do controle de saúde médico ocupacional bem como a elaboração de programa de prevenção de riscos ambientais onde existe uma interface com os estudos de avaliações ambientais para a conclusão de ambiente laboral salubre ou insalubre e condições de trabalho periculosa. Por fim, a NR no 18, vem tratar justamente do projeto do meio ambiente do trabalho e das proteções coletivas necessárias para a condução segura. Para Diniz (2009) a mera semelhança advém, por exemplo, dos Estudos de Impactos Ambientais - EIA visto que a implementação de projetos depende efetivamente destes estudos para assim garantir a preservação e conservação dos recursos 18 naturais para as atuais e futuras gerações. Logo esta ação é uma imposição constitucional. A experiência jurídica brasileira, no entanto, demonstra que a norma constitucional tem suscitado muitas dúvidas e divergências no que se refere a sua adequada compreensão (ANTUNES, 2008). Assim, difícil é afirmar categoricamente que se trata de instituto preventivo e de precaução que presta a tutelar com eficiência prática o meio ambiente do trabalho, dadas as peculiaridades desse aspecto do meio ambiente e o fato de ter sido o EIA um instituto pensado especialmente para o meio ambiente em seu aspecto natural, porém as normas regulamentadoras buscaram tratar do assunto afim de, permitir que o meio ambiente do trabalho possua os seus institutos conforme um Laudo Ambiental, PPRA, PCMSO, PGR e/ou PCMAT. A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei no 6.938/1981, escolheu como um dos instrumentos de gestão ambiental as ações preventivas a serem realizadas pelo Estado, dentre elas a avaliação de impactos ambientais para a instalação de obras ou atividades potencialmente poluidoras. Milaré (2005, p. 482) ressalta que a avaliação de impacto ambiental: pode ser implementada tanto para projetos que envolvam execução física de obras e processos de transformação como para políticas e planos que contemplem diretrizes programáticas, limitadas ao campo das ideias, neste caso denominada Avaliação Ambiental Estratégica. Nos termos do art. 1o, III, da Resolução CONAMA no 23719/1997, a Avaliação de Impacto Ambiental, por ela denominada de “Estudos Ambientais”, é gênero do qual são espécies todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Essas outras espécies de Estudos Ambientais poderão ser requisitadas na hipótese de não se exigir o EIA. Nesse contexto, a conteúdo previsto na NR nos 9, 15 e 16 pode ser considerada como uma medida de avaliação de impacto sobre o ambiente do trabalho, funcionando como mecanismo de prevenção e também de precaução, na medida em que pode se prestar a apontar situações em que não se tenha certeza científica quanto aos possíveis danos ao ambiente e determinar a aplicação de medidas preventivas e até corretivas. 19 Meio Ambiente do trabalho e o princípio do poluidor pagador O conceito de Meio Ambiente do Trabalho, diferentemente das outras divisões didáticas do Direito Ambiental, relaciona-se direta e imediatamente com o ser humano trabalhador no seu cotidiano, em sua atividade laboral exercida em proveito de outrem. De acordo com Fiorillo (2003) o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometem a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição individual (por gênero: homens ou mulheres, idade: maiores ou menores de idade, vínculo empregatício: celetistas, servidores públicos, autônomos etc.)”. Convém salientar que há distinção entre proteção ao meio ambiente de trabalho e a proteção do direito do trabalho, pois, o primeiro tem por objeto jurídico a saúde e a segurança do trabalhador, para que desfrute a vida com qualidade, por meio de processos adequados para que se evite a degradação e a poluição em sua vida. Já o direito do trabalho vincula-se a relações unicamente empregatícias com vínculos de subordinação (ENDO, 2014). A regulamentação dessa divisão – Meio Ambiente do Trabalho, segurança e saúde do trabalhador – está baseada na Constituição Federal de 1988, pois foi ela que elevou à categoria de direito fundamental a proteção à saúde do trabalhador e aos demais destinatários inseridos nas normas constitucionais (ENDO, 2014). Dois são os patamares dessa regulamentação. Como ação imediata está inserida no art. 200, VIII, que específica: Ao sistema único de saúde, compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. O artigo 225, caput , IV, VI e § 3o: afirma que Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (…) IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (…) 20 VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Cabe ao empregador atender ao estabelecido no inciso VI por meio da adoção e implantação de um programa de treinamento em atendimento aos requisitos estabelecidos no item 18.28 (NR no 18) onde torna obrigatório o cumprimento de realizar treinamento admissional e periódico, visando a garantir a execução das atividades com segurança, no entanto, este treinamento deverá abordar os riscos a que estão submetidos os trabalhadores e as medidas de controle e prevenção. Convém também lembrar o art. 170 da Constituição, argumenta a necessidade de valorização do trabalho humano e ter, por finalidade, assegurar a todos existência digna conforme os ditames da justiça social, tendo como princípio a defesa do meio ambiente – no caso em tela o meio ambiente do trabalho como novo direito da personalidade. Outras fontes que direcionam para a proteção do meio ambiente do trabalho são encontradas, conforme a seguir: » Constituição Federal. » Leis estaduais, municipais e do Distrito Federal. » Consolidação das Leis do Trabalho, Capítulo V – Segurança e Medicina do Trabalho. » Normas Internacionais da Organização Internacional do Trabalho - OIT. » Normas Regulamentadoras – NR (Portaria no 3.214/1978). » Código de Penal. » Lei de Crimes Ambientais. Destaca-se, portanto, como princípio basilar o art. 1o, III da referida Carta Magna, que é o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. Portanto, todo ser humano tem direito a uma vida digna, e o meio ambiente do trabalho deve tê-lo como parte integrante de sua plataforma,pois, como preceitua o art. 225, a vida deve ser de qualidade, e para que o trabalhador tenha uma vida com qualidade, torna-se necessário um trabalho decente e em condições seguras (ENDO, 2014). 21 A validação deste contexto depende da compreensão de alguns princípios, para tanto, eles devem ser mencionados e avaliados, como o da Prevenção e da Precaução. Para Endo (2014) prevenção significa adoção de medidas tendentes a evitar riscos ao meio ambiente e ao ser humano. No meio ambiente do trabalho é o homem trabalhador que é atingido direta e imediatamente pelos danos ambientais, portanto esse princípio é um dos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, inserido em seu artigo 7o, inciso XXII, que estabelece como direito do trabalhador urbano e rural a redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Entretanto, dois outros princípios devem ser mencionados, o da informação e o princípio do poluidor-pagador. A informação é entendida pelo relacionamento entre os trabalhadores, sindicatos e federações, logo, ela acaba criando um elo entre os atores com o intuito comum de garantir a defesa da vida e da saúde dos próprios trabalhadores, e da população direta e indiretamente afetada, como é o caso da emissão de poluentes em ambientes fabris. O princípio do poluidor-pagador possui duas razões fundamentais: primeiro, prevenir o dano ambiental e segundo, em não havendo prevenção, impõe-se a reparação da forma mais integral possível, ou seja, o poluidor deve prevenir danos a sua atividade para evitar problemas maiores ao meio ambiente, cabendo-lhe o ônus de utilizar todos os equipamentos e meios necessários para evitá-lo. Por isso, o meio ambiente do trabalho deve ser visto e integrado às ações de prevenção, cabe ao empregador garantir total segurança no tocante a exposição do trabalhador aos agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Infelizmente, no Brasil, a falta de cultura empresarial adequada para prevenir e precaver os riscos ambientais no trabalho, que ainda tem no lucro o foco principal e que acaba deixando de lado o fator humanitário, impossibilita uma aplicação adequada de regras voltadas à Educação Ambiental necessária nesse contexto. Necessitamos criar uma cultura ambientalista, destacando a do trabalho, pois é nesse enfoque que os danos atingem diretamente as pessoas, e os empresários devem criar uma cultura solidária e de responsabilidades para com todos os seres humanos, bem como para com o sistema em si. Assim, como indicam os índices, os acidentes do trabalho ocorrem por práticas inadequadas no meio ambiente do trabalho, podendo-se mencionar: a. falta de investimento na prevenção de acidentes por parte das empresas; 22 b. falta da criação do setor especializado em saúde e segurança do trabalho (SESMT); c. barreira entre a classe patronal e profissional no que diz respeito a priorização da prevenção dos acidentes do trabalho; d. falta de atendimento as normas regulamentadoras; e. foco no lucro e na produtividade elevada; f. ineficiência dos órgãos reguladores quanto a fiscalização dos ambientes de trabalho; g. falta de qualificação dos profissionais lotados nos ministérios e superintendências; h. normas com aplicação genérica sem embasamento técnico científico. Meio Ambiente do Trabalho e o Atendimento aos Requisitos A implementação de medidas preventivas, que venham a reduzir os riscos à saúde e à segurança do trabalhador, é direito fundamental (...). O que diz o Art. 157, inciso I, da CLT: » não basta o empregador (contratante e contratada) cumprir as normas de saúde e segurança do trabalho, mas também deve fazê-las cumprir, de modo a dar efetividade a às ações de qualquer das partes; » comprovado o descumprimento o empregador poderá ser julgado como poluidor pagador? Lei de Crimes Ambientais. O atendimento as normas regulamentadoras do trabalho denotam a adequação quando necessário de ambientes laborais que existam riscos, porém específicos para cada caso. O trabalho em espaços confinados requer avaliações ambientais constantes e o monitoramento intenso. A exposição de trabalhadores em altura superior a 2,0 m requer estudos detalhados conforme a evolução de um empreendimento, logo, as proteções coletivas e individuais deveram estar presentes no PCMAT, conforme NR 18. No tocante protetivo de máquinas e equipamentos, a NR no 12 visa garantir que todo o trabalhador faça uso de maquinários e equipamentos com a segurança necessária. 23 Figura 1. Figura 2. Figura 3. Fonte: <https://twitter.com/ Fonte: <http://www.espacoconsultoria. Fonte: <santanasegurancadotrabalho. conectonline> com/texto.php?id=2> com.br> O cumprimento deverá ser comprovado por meio da emissão de listagem de presença, emissão de certificado e permissões de trabalho. Figura 4. Exemplo de Certificado de Trabalho em Altura. Fonte: <http://segurancadotrabalhonwn.com/certificado-para-curso-de-nr-35-download/> Este atendimento trata-se, pois, de direito de ordem fundamental cujos os titulares encontram-se dispersos no seio da sociedade, de nítido caráter difuso, transcendendo a esfera do direito meramente individual, de forma a beneficiar, de uma só vez, todos os componentes de um meio social. 24 Portanto, a impossibilidade de se assegurar um meio ambiente salubre e a apenas uma parte de determinada coletividade, sem alcançá-la em sua plenitude. A observância do direito de um perpassa necessariamente pelo cumprimento do direito de todos. O art. 225, caput, da Constituição da República, após destacar o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (...). (...) de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Faça uma avaliação do seu ambiente de trabalho. Como a instituição onde você trabalha está atendendo a carta magna e as normas regulamentadoras? Atividades complementares Questão 1. Em sua opinião, como podemos atender aos requisitos da proteção do meio ambiente do trabalho? Questão 2. O que são ações Preditivas, preventivas e corretivas? Qual a sua importância na ótica da proteção do meio ambiente do trabalho? Questão 3. As atividades operacionais e de gestão em segurança do trabalho estão focadas em qual princípio (prevenção, precaução)? Na Segurança do Trabalho agimos com os princípios da prevenção ou da precaução? Questão 4. Você acha que os ambientes laborais estão inseridos no princípio do poluidor pagador? Questão 5. Quais as ferramentas de controle que estão intrinsecamente ligadas ao conceito de poluidor pagador? (Ex.: Programas de Gestão em SST). Questão 6. Quando é perceptível a conduta de poluidor pagador no meio ambiente do trabalho? Quais as medidas propostas para descaracterizar tal princípio? Questão 7. Como profissionais de segurança do trabalho, apenas o uso do EPI ou a Proteção Coletiva é o melhor meio para garantir às futuras gerações a qualidade de vida necessária? 25 CAPÍTULO 2 Causa dos Problemas Ambientais Introdução A gestão ambiental deve ser entendida como uma atividade voltada para a formulação de princípios e diretrizes, estruturação de sistemas gerenciais (como gestão de custos, de recursos humanos...) e tomada de decisão (planejamento), tendo por objetivo final promover, de forma coordenada, o uso, proteção, conservação e monitoramento dos recursos naturais e socioeconômicos em um determinado espaço geográfico, com vistas ao desenvolvimento sustentável1 . Com a necessidadede a gestão embrenhar-se no processo de consolidação e crescimento das instituições econômicas, fez de suma importância a sua inserção no contexto organizacional liderado pela alta direção, por meio de planejamento estratégico. Por força do mercado consumidor em última instância, as instituições econômicas encontram-se na necessidade de aprimoramento continuo como um todo e particularmente de seus processos. Para se obter este aprimoramento, principalmente no que se refere atender ao mercado consumidor e assim obter resultados, é fundamental a conjunção das ações de planejar, executar, verificar e agir, de tal modo que ao se evidenciarem desvios, suas causas sejam eliminadas, principalmente os de cunho ambiental. Os problemas ambientais decorrem de deficiências (falta de definição de papéis e de mecanismos de articulação entre os agentes sociais envolvidos no processo). Os níveis de degradação ambiental encontrados não podem ser justificados, apenas, pelo estágio atual do conhecimento científico sobre o funcionamento dos ecossistemas e sua interação com os sistemas econômicos e sociais e pela dificuldade de acesso a tecnologias de prevenção e controle de danos ambientais. Nas condições atuais, certamente, o fator mais importante a ser considerado são as inequações e falhas no próprio processo de gestão ambiental, que dificultam ou impedem os diferentes agentes sociais de apossar-se do conhecimento e das tecnologias disponíveis, aplicando-os no cotidiano da gestão. 1 É um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos e do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e melhoram o potencial existente e futuro para satisfazer as necessidades humanas. Sendo, portanto, o cenário que associa ao crescimento econômico atual e futuro, a equidade social e a sustentabilidade ambiental. 26 O quadro 1 mostra os problemas ambientais brasileiros, que permanecem sem solução, que seriam passíveis de controle, ainda que muitas vezes, de forma parcial, se utilizados o conhecimento e a tecnologia atualmente disponíveis. QUADRO 1 – Alguns dos principais problemas ambientais brasileiros PROBLEMA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS DE FORMAS DE CONTROLE Poluição urbana, industrial e de mineração Contaminação continua do ar, das águas e do solo. Tratamento reciclagem dos resíduos, mudanças para tecnologias não poluentes e restrição à implantação de atividades agressivas em locais sensíveis ambientalmente. Impactos ambientais em empreendimentos de grande porte Ex: construção de reservatórios que inundam grandes áreas e/ou alteram as vazões líquidas e sólidas (sedimentos) dos cursos de água; desmatamentos, aterros e dragagens para implantação de rodovias, ferrovias e hidrovias; construção de polders para controle de cheias. Alterações ecológicas localizadas nos projetos, recomposição da vegetação, repovoamento de espécies, implantação de corredores de fauna etc. Poluição originada na atividade agropecuária Carreamento sazonal de agrotóxicos, contaminando o solo, águas superficiais e subterrâneas. Uso controlado de agrotóxicos, controle biológico de pragas mudança para agricultura orgânica ou ecológica. Diminuição das vazões fluviais pela irrigação Aumento do consumo de água em projetos de irrigação, causando conflitos com outros usos antrópicos e com o ambiente. Coordenação do uso da água por meio do sistema de outorga, dos direitos de uso; aumento da oferta mediante regularização de rios, controle de perdas e adoção de tecnologias de baixo consumo. Degradação do solo Degradação acelerada dos processos físicos químicos e biológico dos solos em decorrência da ação antrópica. Uso de técnicas de controle: manejo agrosilvopastoril, terraceamento. Desmatamentos Motivado, principalmente, para a formação de pastagens ou áreas agrícolas. Controle da população e criação de áreas para desmatamento. Ameaças a fauna Localização de empreendimentos que afetam os hábitos da fauna, muitas vezes desconhecidos, além da predação por caça e os problemas causados por desmatamentos. Controle e discriminação de áreas de preservação, criação de corredores, proteção de áreas de procriação, recomposição da flora. 27 Antes de prosseguirmos, é necessário a fixação de alguns conceitos, para que a linguagem seja a mesma: Gestão Ambiental – é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço, visando garantir, com base em princípios e diretrizes previamente acordados/ definidos, a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais (naturais, econômicos e socioculturais) às especificidades do meio ambiente. Política Ambiental – é o instrumento legal que oferece um conjunto consistente de princípios doutrinários que conformam as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou modificação no uso, controle, proteção e conservação do ambiente. Impacto Ambiental – são as consequências sofridas, pelo meio ambiente, em função dos aspectos ambientais. Avaliação de Impactos Ambientais – é o instrumento orientador do processo de avaliação dos efeitos ecológicos, econômicos e sociais que podem advir da implantação de atividades antrópicas (projetos, planos e programas), bem como do monitoramento e controle desses efeitos pelo poder público e pela sociedade. Poluição – é a contaminação e consequentemente a degradação do meio ambiente por um ou mais fatores prejudiciais ao equilíbrio natural do meio. IMPACTOS AMBIENTAIS Antes de iniciar o estudo da gestão ambiental stricto senso, é preciso ter conhecimento dos considerados cinco maiores impactos ambientais da atualidade, onde após analisar os aspectos macro e suas consequências, poderemos fazer valiosas inferências no universo micro (empresa, escola, em casa), alterando inicialmente o local em que vivemos e trabalhamos. Neste caderno, voltaremos nossos esforços para os seguintes impactos ambientais: a explosão demográfica, a poluição do ar, do solo e da água e o uso da energia. Esses impactos serão discutidos um a um detalhando suas causas, seus efeitos e as suas formas de controle. 2.1. Explosão Demográfica No início da era cristã, a população mundial era de apenas 200 milhões de pessoas, e essa população cresceu vagarosamente demorando cerca de 1650 anos para atingir o número de 28 500 milhões de habitantes sobre a Terra. O primeiro bilhão foi atingido em 1850, o segundo bilhão foi atingido em 1930, em um intervalo de 80 anos e a população dobrou chegando aos quatro bilhões de habitantes em 1975 em apenas 45 anos. Atualmente, a cada minuto nascem mais ou menos 190 crianças no mundo, em um único dia são 270 mil crianças a mais no planeta, a mortalidade mundial gira em torno de 143 mil pessoas por dia, gerando um aumento populacional de 127 mil pessoas, por dia, sobre a superfície da Terra. A população atual sete bilhões e a expectativa é de que em 2025 sejamos oito bilhões de habitantes no planeta. Considerando que a capacidade de saturação da Terra é de 10 a 12 bilhões de pessoas, verificamos que temos de nos preocupar com medidas de controle para estabilizar a população mundial de forma a reduzir com o crescimento populacional. No Brasil, atualmente, a velocidade de crescimento populacional está em queda, na década de 1960 a taxa de crescimento era de 2,89% caindo para 1,17% em 2010 e a previsão é atingirmos a estabilidade em 2075, com uma populaçãoem torno de 265,5 milhões de habitantes no país. Principais Causas para a redução: » taxas de mortalidade de forma significativa: No século XIX, epidemias de cólera, febre tifóide e febre amarela constituíam graves problemas nas cidades, levando maiores preocupações quanto à higiene, ao aprimoramento da legislação sanitária e à criação de uma estrutura administrativa para a aplicação das medidas preconizadas. A explicação das causas das doenças era disputadas entre os que defendiam a teoria dos miasmas2 e os que advogavam a dos germes3 . QUADRO 2: Causa mortis da população mundial (2005) 4 2 Situa a origem das doenças na má qualidade do ar, proveniente de emanações oriundas da decomposição de animais e plantas. A malária, junção de mal e ar, deve seu nome a este modo de transmissão – Maurício Gomes Pereira – Epidemiologia Teoria e Prática. 3 Teoria criada após o desenvolvimento do microscópio, em 1675, por Van Leeuwenhoek (1632 – 1723), que com este engenho conseguiu visualizar pequenos seres vivos, aos quais denominou “animálculos”. 29 DOENÇAS PAÍSES DESENVOLVIDOS EM % PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO EM % BRASIL4 Doenças parasitárias e infectocontagiosas 5,2 40 5,3 Câncer 15,9 5,0 16,5 Doenças do sistema circulatório e degenerativas 53 19 32,5 Problemas de parto e puertério 0,5 9,1 1,1 Envenenamento e causas externas 6,0 5,0 14,5 Outros 19,4 21,9 30,1 Louis Pasteur (1822 – 1895), considerado o pai da bacteriologia, foi quem assentou as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas, onde caracterizou definitivamente de que as doenças eram transmitidas por contagio. Pasteur isolou e identificou numerosas bactérias, além de realizar trabalhos pioneiros em imunologia. Verificou que líquidos sem germes se conservavam livres deles, quando devidamente protegidos de contaminação. Os trabalhos de Pasteur, seguidos por Robert Koch (1843 – 1910), defendiam que as doenças poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico, possibilitando a comprovação laboratorial da presença de um agente. Tal descoberta alterou o quadro da saúde pública pois, quando a higiene passou a ser tratada de forma importante, foram eliminados, carpetes, tapetes dos hospitais, a roupa dos médicos e enfermeiros passou a ser branca e limpas com frequência, e no âmbito da cidade, fortaleceu o trabalho de John Snow5, onde destacou a importância do saneamento adequado na baixa taxa de incidência de doença. A melhoria das condições sanitárias, nas cidades, nas fábricas, corroboradas com uma legislação mais forte de saúde pública, fez com que os índices de mortalidade decrescessem rapidamente no passar dos anos, enquanto as taxas de natalidade permaneciam altas, devemos lembrar que era comum até meados do século XX, famílias com sete, nove, doze irmãos, ou mais. 4 http://portaldocoracao.uol.com.br/materias.php?c=cardiologia-preventiva&e=2859 5 Inglês (1813 * 1858) que determinou que o consumo de água poluída era responsável pelos episódios da doença cólera e traçou os princípios de prevenção e controle de novos surtos. 30 » Melhoria do sistema de transporte: Até o desenvolvimento e a proliferação de meios de transporte baratos e eficazes, as cidades se resumiam a pequenos espaços urbanos, pois os cidadãos não podiam se afastar muito do local de trabalho, se não tornaria inviável o seu deslocamento, fazendo com que estas tivessem de certo modo um tamanho pré-definido. As áreas destinadas à agricultura deveriam ficar próximas às cidades, pois os produtos pereciam e deviam ser vendidos rapidamente, o que impedia uma atividade agrícola muito distante dos centros urbanos. A maior cidade do mundo no início do século XX, era New York, com pouco mais de um milhão de habitantes. Com a melhoria dos sistemas de transporte, primeiramente com os trens no século XIX, e depois com os veículos automotores no século XX (graças ao desenvolvimento dos motores de combustão interna de ciclo Otto ou Diesel e a viabilidade econômica do petróleo6 ), o problema da distância foi quebrado, permitindo que as unidades de produção agrícola se afastassem mais das cidades, abrindo espaço físico para a ampliação e incremento das cidades. E no campo a ampliação da produção, pois o rendimento de um trabalhador, passou a corresponder a dez, doze, no modo de produção antiga. Crescimento da população mundial: * ano 1 200 milhões * ano de 1650 500 milhões * ano de 1850 1 bilhão * ano de 1930 2 bilhões * ano de 2000 6 bilhões * ano de 2005 6,45 bilhões * ano de 2010 7 bilhões 6 Até início do século XX, a gasolina não tinha nenhum valor comercial, pois o principal produto extraído do petróleo era o querosene para iluminação pública, tornando deste modo, à gasolina um bem econômico muito barato, valendo a mesma lógica para o diesel. 31 » Produção Industrial Mecânica: A lógica da produção industrial até fins do século XX privilegiava a força muscular e não intelectual, fazendo com que a geração de filhos em uma família tivesse o enfoque de criar mais uma fonte de trabalho e, consequentemente, de aumento na renda familiar, fortalecendo uma cultura de família numerosa. Aliado a isso, os trabalhadores rurais eram atraídos para as cidades pela expectativa de melhoria das condições de vida e facilidades como acesso à educação, saúde e aposentadoria e pelas dificuldades cada vez maiores de vida nas áreas rurais. Atualmente, para cada 100 habitantes no Brasil, 84 vivem nas cidades contra 16 que ainda se mantém nas áreas rurais. O estado do Maranhão é o estado mais rural com uma população rural de 36,9% e o Distrito Federal o mais urbano, com 96,6% da população vivendo na cidade. » Revolução Verde: Durante a 1a Guerra Mundial, vários compostos químicos foram desenvolvidos e testados para serem utilizados como armas, tais como o THC e o gás mostarda. Com o termino da guerra esta tecnologia desenvolvida, foi direcionada para o combate de pragas da lavoura e no uso de fertilizantes químicos, onde o produto mais conhecido foi o DDT. O uso destes produtos fez em alguns casos a produção crescer mais que três vezes, quebrando a famosa teoria do Padre Maltus, onde a população cresce em progressão geométrica e a população em progressão aritmética, fazendo com que a disponibilidade de alimentos para a população mundial aumenta-se sobremaneira. Tal fenômeno foi denominado revolução verde e teve seu ápice na década de 1970, antes da primeira crise do petróleo. Em 1970, a disponibilidade de grãos era de 331 kg/hab/ano em 0,205 hectares/hab/ano. Em 2005 a disponibilidade era de 344 kg/hab/ano com 0,106 hectares/hab/ano, graças em grande parte ao plantio de transgênicos (Fonte: FAO). Apesar dos transgênicos serem considerados como a nova revolução verde por alguns autores, os reais efeitos benéficos e maléficos do seu uso e disseminação ainda não foram bem esclarecidos por pesquisas científicas consistentes, de longa duração. » Baixa escolaridade do sexo feminino: 32 A participação da mulher no mercado de trabalho e que tem acesso à educação, faz com que tenha outros objetivos de vida, pensando não só no número de filhos, mas na qualidade de vida dada a estes filhos, além de considerar que um filho adia os planos de crescimento profissional e até mesmo pessoal. Uma mulher alijada do sistema educacional e do mercado de trabalho, naturalmente vê o casamento e a criaçãodos filhos motivo de vida. Para efeito de comparação, uma mulher brasileira hoje tem em média 1,8 filhos (IBGE/2010) enquanto que uma do Iraque tem 4,54 filhos. Em 1950, 33% da população mundial estava em países desenvolvidos, no ano 2000, esta proporção foi reduzida para 20% e a estimativa para 2025 é de 16% Principais Efeitos: » Capacidade de suporte do planeta. Cientistas alegam que a Terra tem capacidade de abrigar entre 10 e 12 bilhões de habitantes, mantendo um mínimo de qualidade de vida a este ser humano, e que pela nossa Carta Magna de 1988, incluí como direito básico de todo o cidadão brasileiro: alimentação, vestuário, seguridade social, educação, saúde, segurança, lazer, trabalho, transporte, habitação. E que em função do nosso “modus operande”, não haveria recursos naturais para todos em quantidades satisfatórias, a não ser que se mantivessem no mundo bolsões de pobreza e miséria como existentes na África, Ásia central e hindu e na América Latina. Segundo as Nações Unidas, um índice menor que 2.400 calorias diárias – cidadão médio global – pode resultar em desnutrição, reservadas as diferenças climáticas. A disponibilidade per capita de alimentos da população mundial considerando 1965 como o ano base, houve um incremento de 50% na Ásia, 33% na Europa, 9% na América Latina e houve um decréscimo de 30% na África. Na América do Norte o índice permaneceu estável. » Extinção de várias espécies vivas A devastação das florestas para construção de cidades, estradas e para o plantio causa a destruição de cerca de 100 espécies de animais e vegetais, por dia, e consequentemente a extinção de várias espécies, ocasionando um desequilíbrio ambiental de proporções incalculáveis. 33 » Desemprego Hoje já existe um déficit no número de empregos superior a um bilhão, e para equacionarmos esses números de forma a zerar e acompanhar esse crescimento populacional, seria necessário criar cerca de 38 milhões de empregos, por ano, nos próximos 50 anos. No Distrito Federal, de 1992 para 2001, a população economicamente ativa – PEA cresceu 42%, a taxa de vagas na construção civil (que absorve mão de obra menos qualificada), houve redução de 32%, a de limpeza e conservação 8%, enquanto que o de serviços especializados teve um incremento de 62% (fonte: PED-DF outubro de 2001, trabalhado por GVST/DISAT/SES/GDF). » Poluição Com o aumento populacional cresce também a poluição em todo o meio ambiente, o aumento da emissão de dióxido de carbono oriundo dos combustíveis fósseis, termoelétricos, sistemas produtivos produz o efeito estufa. Os resíduos sólidos da população lançados no meio ambiente poluem o solo e a água e os resíduos líquidos descartados sem o devido tratamento poluem também o solo e a água. » Agricultura Intensiva Com a revolução agrícola os agricultores conseguiram obter uma quantidade maior de alimentos com a mesma porção de terra porém os problemas decorrentes dessa revolução também aumentaram: a degradação acelerada dos solos, a perda de sua fertilidade natural, a contaminação do solo, das águas e do ambiente por agrotóxicos e fertilizantes, o envenenamento dos alimentos e a extinção de plantas e animais silvestres em consequência da destruição dos seus habitats naturais. » Desequilíbrio no ecossistema marinho Devido à pesca excessiva e descontrolada para alimentar a população planetária os pescadores estão ultrapassando o limite dos oceanos o que tem acarretado um desequilíbrio no ecossistema marinho e exaurindo a capacidade de produção e fornecimento de alimento do mar. » Queda da qualidade de vida 34 Um terço dos habitantes da Terra não tem acesso à água limpa, com o crescimento populacional esse número tende a crescer, e a qualidade de vida tende a cair. Quadro 3. Ranking do Brasil comparados a 192 países do Mundo – colocação (2000 e 2010). Item 2000 2010 Expectativa de vida 113 92 Mortalidade infantil 121 106 PIB per capita 71 63 PIB per capita – paridade do poder de compra – 77 Alfabetização 104 62 Escolaridade 114 72 Desenvolvimento Humano (índice GINI) 82 73 Economia 11 8 Formas de Controle Populacional: » Programas de Planejamento Familiar Com o acesso universal aos programas de planejamento familiar, saúde reprodutiva e sexual, principalmente, as mulheres passam a conhecer as diversas formas de evitar filhos e podem escolher a que melhor se adapta a suas necessidades, podendo planejar de forma segura quando e como ter seus filhos. » Crescimento Econômico apoiado no Desenvolvimento Sustentável O crescimento econômico apoiado no desenvolvimento sustentável é de suma importância quando se fala de controle da explosão demográfica. » Educação – sobretudo das mulheres Quando uma pessoa tem acesso à educação seus objetivos e ambições mudam, principalmente as mulheres, que passam a ter uma outra expectativa para suas vidas e de seus filhos, e passam a reduzir o número de filhos para poder dar melhor qualidade de vida para sua família. 35 » Igualdade entre os sexos Com a participação cada vez mais ativa das mulheres na vida da sociedade, faz-se necessário que ela tenha as mesmas oportunidades e direitos dos homens para que elas realmente assumam o seu papel na sociedade como mulher, trabalhadora, mãe e responsável pelo futuro da nação. 2.2. Energia É o recurso natural que possibilita o processamento de materiais e o fornecimento de vários recursos utilizados pela sociedade; é a força da natureza que usamos para executar um trabalho que seria realizado com muito mais dificuldade pelo homem. A primeira fonte de energia utilizada pelo homem foi o fogo produzido pela queima de madeira, fornecendo calor para aquecer, cozinhar e espantar animais. Com o passar do tempo o homem começou a “domesticar/ controlar” outras fontes de energia como: os ventos para mover moinhos e embarcações e a água por meio das rodas d’água além da tração animal. O grande problema é que cada vez que o homem utiliza uma fonte de energia em prol de sua existência ele causa também um grande estrago na natureza com a poluição do meio ambiente e a redução e/ou extinção dos recursos naturais limitados. A matriz energética mundial é composta de recursos naturais renováveis e não renováveis, com participação maciça dos não renováveis, o que interfere diretamente na qualidade de meio ambiente exigido por nossa sociedade. A matriz energética mundial está centrada hoje na utilização dos sequintes recursos energéticos, classificadas de acordo com suas propriedades de transformação, sendo as mais importantes: 3. energia potencial química – é devido a agregações moleculares: biomassa álcool, óleos vegetais, lenha, carvão vegetal, resíduos agrícolas e fl orestais, resíduos sólidos; fósseis petróleo, gás natural, carvão mineral, xisto; outras, hidrogênio, metanol etc. (energia química, calor mecânica e eletricidade); 4. energia potencial nuclear – devido a agregações nucleares fi ssão e fusão (potencial nuclear calor eletricidade); 36 5. Hidroelétrica – devido a gravidade (mecânica eletricidade); 6. energia solar direta – devido à ação direta da radiação solar. Célula fotovoltaica (luz eletricidade) e aquecedor solar (luz calor); 7. biodigestores – devido a ação microbiana (matéria orgânica gás, adubo e alimento) 8. eólica – devido ao movimento dos ventos (mecânica eletricidade e mecânica); 9. marítima – devido ao gradiente térmico nos oceanos (calor eletricidade); 10. mares – devido principalmente a gravidade da lua (mecânica eletricidade); 11. geotérmica – devido ao calor interno da terra. Geiserse erupções vulcânicas (calor eletricidade); 12. magneto-hidrodinâmica – devido à ionização dos plasmas. Carvão (calor eletricidade) A inclusão de biomassa como fonte de energia potencial química é devido à maneira como é transformada em energia útil, mas também podia ser enquadrada como energia solar por causa do modo como é produzida. Da mesma maneira, as energias hidráulicas, eólica e marítima são resultados da ação atual do sol na atmosfera e na superfície da Terra. Já os combustíveis fósseis são também resultado da ação do sol, mas os depósitos em exploração foram formados a centenas de milhões de anos. Petróleo e Gás Natural: é uma substancia formada principalmente por hidrocarbonetos (compostos de carbono e hidrogênio) combinados com diferentes cadeias moleculares. Composição do Petróleo: NÚMERO DE ÁTOMOS DE CARBONO DERIVADO DE PETRÓLEO FORMADO 1 a 4 Gases (metano, butano – gás de cozinha, etano, propano) 4 – 10 Gasolina 10 - 50 Óleos leves (diesel) e lubrificantes 51 – até centenas Óleos pesados, graxas e asfaltos 37 O sistema de exploração de petróleo promove uma verdadeira cadeia de impactos ambientais: potencial de poluição do mar (plataformas marítimas) e afundamento e vazamento de navios cargueiros; poluição do solo, por derramamento de óleo cru ou de seus derivados após o uso; poluição do ar no processo de craqueamento (quebra da molécula de hidrocarboneto) e na sua queima já como combustível. A capacidade de consumo das reservas mundiais de energia não renovável, conhecidas em 1999, indicam que neste ritmo de crescimento e consumo as reservas de petróleo se extinguiram em 2.052, a de gás natural em 2.068 e a de carvão em 2.271. CARVÃO MINERAL, HULHA E TURFA: O carvão mineral é o combustível fóssil economicamente aproveitável mais abundante da Terra, porém, seu uso sofre algumas limitações sérias devido aos problemas de poluição. O carvão mineral tem esse nome porque seu processo de formação é similar ao de rochas sedimentares. Entretanto é constituído de compostos orgânicos formados a partir de plantas que viveram de 340 milhões a 80 milhões de anos atrás. Existem quatro tipos de carvão mineral: linhito, sub-betuminoso, betuminoso e antracito. Além da poluição causada pelo seu uso, devemos considerar que a sua extração, além de provocar desordem e impacto diretos no meio ambiente na qual se situa a mina, provoca sérios problemas de saúde ocupacional, como a silicose, que leva o trabalhador de mina a se aposentar com apenas 15 anos de serviço, sendo uma atividade extremamente insalubre. BIOMASSA: è a utilização de recursos naturais renováveis para a transformação de energia, sendo destaque a produção agrícola, como o álcool, o bagaço de cana, as cascas de arroz e o carvão vegetal, mas a sua exploração gera de maneira geral os seguintes impactos ambientais: aumento do índice de desmatamento (carvão vegetal), uso intensivo do solo, poluição por agrotóxicos, erosão e exportação de nutrientes nobres como fósforo e o potássio. No seu uso, os mesmos impactos causados pelo petróleo e o carvão mineral. HIDROELÉTRICA: Apesar de ser considerada uma fonte renovável de energia, a sua instalação altera grandemente o ecossistema na qual está presente: impedimento de desova de peixes (necessidade de construir escadas) rio acima; alagamento de grande área vegetal, provocando potencial de extinção de espécies, desabriga a fauna ali existente, diminuição do raio de comida para a fauna, empobrecendo a cadeia alimentar local; desvio de rios e córregos; possibilidade de introdução de espécies exógenas aquele habitat; deslocamento de populações humanas inteiras; necessidade de deslocamento da produção agrícola porventura 38 existente, ampliando o índice de desmatamento. Tais impactos não consideram ainda os impactos causados pelas linhas de transmissão, que indicadores e estudos iniciais, sinalizam para a propensão a câncer nas comunidades próximas aos fi os de alta tensão, devido a radiação não ionizante gerada por estes. NUCLEAR: Produz energia nuclear por meio da fi ssão ou da fusão dos núcleos dos átomos. A fi ssão consiste na desintegração de um núcleo de um átomo pesado em núcleos mais leves, acompanhada da liberação de nêutrons, enquanto a fusão é um processo em que núcleos leves se juntam para formar um núcleo mais pesado. Em ambos os casos, a massa inicial do processo é maior que a massa final, a diferença sendo transformada em energia, de acordo com a celebre equação de Einstein, ΔE = Δmc2. A liberação de energia, por sua vez, acelera violentamente as partículas finais, gerando calor. O processo de fusão é o processo que ocorre no interior do sol e a energia liberada é sentida na Terra na forma de luz e de ondas eletromagnéticas, processo este que está em estudos na Terra, mas com a dificuldade de que só se consegue tais resultados em altíssimas temperaturas, tornando este processo, no nosso estágio tecnológico inviável economicamente. Por outro lado, o processo de fissão, é o mesmo que ocorre na bomba nuclear ou dentro da usina nuclear. O princípio básico de funcionamento consiste na captura desta energia liberada na fissão nuclear que faz com que a água esquente a temperaturas de 300°C (mas que permanece em estado líquido devido a pressão de 150 atm), e em contato com a câmara dos geradores (turbinas) está água é descompresada tornando-se vapor o que faz girar as turbinas. Os maiores impactos da energia nuclear, consiste no tempo de meia vida do rejeito radioativo (maior que 200 anos), quando comparados a vida útil da própria usina (próximo dos 50 anos), além do potencial de risco de vazamento no ar e na água, por acidente e como fornecedora de plutônio matéria prima básica para a fabricação das bombas atômicas. As outras formas de energia de certa forma tem reduzido impacto ambiental, até devido a baixa participação na matriz energética mundial, que não ultrapassa a 1%, aconselhando uma leitura complementar em publicação mais especializada. 39 CAPÍTULO 3 CONTROLE DA POLUIÇÃO 3.1. Poluição do Ar É a contaminação provocada pela presença de gases e partículas que, quando aspiradas ou absorvidas pelo corpo humano, causam efeitos negativos à saúde. A fumaça dos escapamentos dos veículos, as emissões industriais e muitos outros tipos de impurezas são os grandes causadores da poluição atmosférica, hoje um grande problema de saúde pública. O planeta Terra está completamente envolto por uma camada composta de uma mistura de gases, dos quais, o nitrogênio é o mais abundante. A esta camada, que se estende a uma modesta altura de cerca de 9.600 Km, damos o nome de atmosfera. A atmosfera terrestre é composta de 75,51% de nitrogênio, 23,15% de oxigênio, 1,28% de argônio, 0,046% de dióxido de carbono, 0,014% dos demais (esta distribuição está em peso e não em volume, se assim fosse a distribuição seria 78,09%, 20,94%, 0,93%, 0,032% e 0,004%, respectivamente). O conteúdo de vapor d’água é altamente variável, atingindo valores que vão de 0,02% em zonas áridas até 6% em zonas equatoriais úmidas, e é este conteúdo que influenciará de maneira significativa no comportamento da atmosfera no que se refere a movimento de massas de ar, no espalhamento da luz, absorção de calor, e no comportamento aerodinâmico das partículas em suspensão e sobre reações térmicas e fotoquímicas. Existem referências a poluição da atmosfera, anteriores aos protestos feitos pela nobreza contra o uso do carvão durante o reinado de Eduardo (1272 – 1309). No entanto, foi a Revolução Industrial quem marcou o início do reconhecimento público dos chamados episódios de poluição do ar e cujos exemploshistóricos mais citados são os seguintes: Principais episódios: Vale do Meuse, 1930 (Bélgica): 1. Duração: 5 dias. 40 2. Grande número de pessoas adoeceu com a seguinte sintomatologia: dores no peito, tosse, dificuldade de respiração, irritação nasal e dos olhos. 3. Sessenta pessoas morreram, principalmente pessoas idosas que já estavam doentes do coração e pulmões. 4. Morte do gado. 5. Presumiu-se que uma combinação de poluentes esteve associada com o episódio; é destacada a presença de gotículas de ácido sulfúrico, resultante de altas concentrações de dióxido de enxofre em gotículas de água. Donora, 1948 (Pensilvânia, EUA). 1. Duração: 5 dias. 2. Adoeceu 43% da população de 14.000 habitantes, cuja sintomatologia era: irritação no trato respiratório e dos olhos. 3. Vinte pessoas morreram, principalmente pessoas que já estavam doentes do coração e pulmões. 4. Presumiu-se que a presença de dióxido de enxofre e material particulado em suspensão esteve associado ao episódio. Poza Rica, 1955 (México). 1. Duração: 25 minutos. 2. Foram hospitalizadas 320 pessoas das quais 22 morreram. 3. A presença de gás sulfídrico, lançado na atmosfera acidentalmente, por uma indústria de recuperação de enxofre de gás natural, foi a responsável. Londres, 1952 (Inglaterra). 1. Duração: 5 dias. 2. Grande número de pessoas adoeceu, sendo que aumentou o número de internações por problemas respiratórios. 3. 3.500 a 4.000 pessoas morreram a mais do que o esperado epidemiologicamente para este período, principalmente pessoas idosas que já eram portadoras de doenças do coração e pulmões. 41 4. Atribuiu-se o fato a presença de poeira em suspensão (4,46mg/m3) e de dióxido de enxofre (3,75mg/m3). Bauru, 1952 (Brasil). 1. Foram registrados 150 casos de doença respiratória aguda e nove óbitos. 2. Bronquite e manifestações alérgicas do trato respiratório foram os principais efeitos. 3. O fato ocorreu devido à emissão na atmosfera de pó de mamona (Rícino), por uma indústria de extração de óleos vegetais. New York, 1953 (EUA). 1. Duração: 5 dias. 2. Excesso de mortes do esperado em todos os grupos etários. 3. Presença de dióxido de enxofre (2,0mg/m3) associada ao fato. New Orleans, 1955 (Louziania, EUA). 1. Aumentada a frequência de asma. 2. Presumiu-se que o poluente do episódio foi poeira industrial de farinha. Bombaim, 1988 (Índia). » Diversas mortes de pessoas e animais devido à emissão acidental de ácidos e óxidos na atmosfera por uma indústria de produtos químicos. Cubatão, década de 1980 (Brasil). » Devido a grande concentração de poluentes na atmosfera, várias crianças começaram a nascer com hidrocefalia ou até mesmo acéfalas. PRINCIPAIS EFEITOS DA POLUIÇÃO DO AR: » Efeito Estufa É o aumento de temperatura da Terra, pela emissão de toneladas de gases, principalmente dióxido de carbono, resultante da queima de combustíveis fósseis. 42 Esses gases atuam como uma estufa de fl ores, permitindo a entrada da luz do sol, mas impedindo a Terra de devolver esse calor ao espaço 7 , podendo provocar aquecimento e alteração do clima, favorecendo a ocorrência de furacões tempestades e até terremotos; o degelo das calotas polares elevando o do nível do mar e inundando regiões litorâneas; afetando o equilíbrio ambiental com o surgimento de epidemias. Considerando que toda atividade econômica humana está centralizada na produção de dióxido de carbono, principalmente a indústria americana e chinesa, devido ao uso intensivo de fontes energéticas que na sua queima liberam CO2, como petróleo, carvão, hulha principalmente, faz com que medidas efetivas que corrijam esta distorção necessitem de tempo para serem implementadas, pois mexe com a economia dos países e consequentemente no “nível de qualidade de consumo” de suas populações. O grande projeto de reorientação da organização industrial mundial, com enfoque na redução do nível de emissão de CO2, é o Protocolo de Kyoto (Japão) – Vide anexo 1. » Chuva Ácida A queima incompleta dos combustíveis fosseis (petróleo, carvão mineral) pelas indústrias e pelos automóveis, resulta na emissão de gás carbônico junto com outros gases, principalmente o dióxido de enxofre (SO2) e formas oxidadas de nitrogênio (NOx) que são liberados para a atmosfera. O dióxido de enxofre junto com o vapor d’água forma ácido sulfúrico que precipitando cai sobre a superfície terrestre em forma de chuva ácida. Como consequência ocorre a acidez dos lagos ocasionando o desaparecimento das espécies que vivem neles, o desgaste do solo pela acidificação e diminuição e alteração da microfauna, na liberação de metais potencialmente tóxicos (do solo) para o lençol freático, como chumbo, cádmio e alumínio, da vegetação e dos monumentos, além de desgastar e corroer a infraestrutura baseada em concreto armado ou outros metais. A chuva ácida pode ser reduzida, de forma significativa, com a alteração do modo de produção industrial adotada, assim como 7 A energia solar que nos chega a Terra, vem em vários comprimentos de onda, variando de ondas com comprimento de microns até de quilômetros, mas da faixa de comprimento dos 100mn até 1mm, com destaque para a luz visível (400nm até 700nm), passa pela atmosfera terrestre sem problemas, mas quando absorvida pelo solo, ela é reenviada para a atmosfera em comprimento de onda diferente, entre 750nm-1mm (infravermelho ou onda de calor), que devido a esta característica é refletida pela molécula de CO2, ficando portanto, presa na atmosfera terrestre até perder sua energia, o que aumenta a temperatura do planeta e quanto maior a quantidade de gás carbono, maior a intensidade de reflexão e “aprisionamento “ deste calor. É bom lembrar que não é a luz solar incidente direta que aumenta a temperatura e sim a sua absorção/refl exão pela superfi cie terrestre 43 a utilização em larga escala de filtros industriais compatíveis com a carga de poluição emitida para a atmosfera. QUADRO 4: Emissão de gases poluidores que aquecem a atmosfera em %: SETOR GÁS CARBÔNICO METANO ÓXIDO DE NITROGÊNIO OUTROS TOTAL Energia 35 4 4 6 49 Desmatamento 10 4 14 Agricultura 3 8 2 13 Industria 2 22 24 Participação no efeito estufa 50 16 6 28 100 O problema da chuva ácida ganhou contornos internacionais, pois os gases tóxicos liberados pela indústria do leste americano, tem-se precipitado na Europa ocidental, causando grandes prejuízos, reforçando a tese de que todos são responsáveis por tudo, e que a soberania de um país não pode prejudicar a qualidade de vida de outro em função da poluição gerada por este. Os maiores emissores de dióxido de enxofre (SO2), são: EUA com 21 milhões de toneladas, ex-URSS com 18,0; a China com 14,0, a Alemanha com 6,7 e a Polônia com 3,9 milhões de toneladas. Os maiores emissores de dióxido de nitrogênio são: EUA com 19,8 milhões de toneladas ano, seguido da Ex-URSS com 6,3; Alemanha com 3,7; Inglaterra com 2,7 e o Canadá com 1,9. » Buraco na Camada de Ozônio A camada de ozônio atua como um protetor da Terra dos raios ultravioletas do sol, que são extremamente prejudiciais à vida de plantas, animais e do ser humano. Os gases como os clorofluorcarbonos (CFC), mistura de átomos de carbono e cloro, são compostos altamente nocivos a este escudo natural da Terra. O CFC, presente no ar poluído, é transportado até elevadas altitudes onde é bombardeado pelos raios solares ocasionando a separação do cloro e do carbono. O cloro por sua vez tem a capacidade de destruir as moléculas de ozônio, bastando um átomo de cloro para
Compartilhar