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Energia Hidrelétrica e Nucelar W B A 0 5 19 _ V 1. 0 2/201 Energia Hidrelétrica e Nucelar Autoria: Vagner Vasconcellos Como citar este documento: VASCONCELLOS, Vagner. Energia hidrelétrica e nuclear. Valinhos, 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Usinas hidrelétricas – características 06 Assista a suas aulas 23 Unidade 2: Geradores: características e funcionamento 30 Assista a suas aulas 45 Unidade 3: Turbinas hidráulicas: características e operação 52 Assista a suas aulas 74 Unidade 4: Subestações e linhas de transmissão 81 Assista a suas aulas 107 2/201 3/2013 Unidade 5: Usinas nucleares – características, operação e manutenção 115 Assista a suas aulas 130 Unidade 6: Reatores nucleares – funcionamento, combustíveis utilizados e critérios de segurança 137 Assista a suas aulas 149 Unidade 7: Usinas hidrelétricas e nucleares – vantagens e desvantagens, custos e impactos am- bientais 157 Assista a suas aulas 171 Unidade 8: Centrais elétricas nucleares: futuro dessa fonte de energia em nível mundial 179 Assista a suas aulas 194 Sumário Energia Hidrelétrica e Nucelar Autoria: Vagner Vasconcellos Como citar este documento: VASCONCELLOS, Vagner. Energia hidrelétrica e nuclear. Valinhos, 2017. /201 4/201 Apresentação da Disciplina Na disciplina Energia hidrelétrica e nuclear serão apresentados os conceitos e as prin- cipais características dessas fontes de ener- gia elétrica no Brasil e no mundo. Na usina hidrelétrica há o represamento das águas de um rio por meio de uma barragem para a formação do reservatório, umas das par- tes componentes da usina. A água repre- sada pelo reservatório será conduzida por uma turbina que está acoplada ao gerador através de um eixo que o movimenta, trans- formando a energia potencial da água em energia cinética, movimentando o gerador de energia elétrica. No geral, as turbinas utilizadas são do tipo Pelton, Francis e Kaplan, cuja escolha de- pende das características da barragem, cota da queda d’água, regime de operação e porte da usina. O gerador (síncrono ou as- síncrono) é composto por um rotor (eletro- ímã) que se movimenta no interior de um conjunto de bobinas (estator), que gera cor- rente elétrica a partir do efeito da indução eletromagnética. A energia elétrica produ- zida é encaminhada para uma subestação em que estão os transformadores elevado- res, equipamentos utilizados para elevar a tensão, a fim de viabilizar a transmissão da energia gerada para os centros de consumo. As usinas nucleares, também chamadas de centrais nucelares, são usinas termoelétri- cas em que a produção de vapor e ou calor é obtida a partir da reação de fissão nucelar. Nessas usinas, a parte mais importante são os reatores nucleares, responsáveis pela fissão do urânio, principal combustível nes- 5/201 se tipo de instalação. A reação do material radioativo nos reatores gera uma grande quantidade de calor, que em contato com a água produz vapor para movimentar as turbinas. Assim como nas usinas hidrelétri- cas, essas turbinas estão acopladas a gera- dores que irão “produzir” energia elétrica que, posteriormente, alimentarão as su- bestações em que se encontram os trans- formadores. Como toda fonte de energia, as centrais nucleares apresentam vantagens e desvantagens em relação a outras fontes que serão discutidas ao longo desta disci- plina. 6/201 Unidade 1 Usinas hidrelétricas – características Objetivos Apresentar e discutir os seguintes tópicos referentes às usinas hidrelétricas: 1. Definições e tipos construtivos. 2. Usinas de médio e grande porte. 3. Usinas PCH e CGH. 4. Barragens das usinas hidrelétricas. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características7/201 Introdução Segundo dados da Aneel (2016), a energia elétrica atende à aproximadamente 92% dos domicílios no Brasil. Atualmente, as usi- nas hidrelétricas respondem por 62% dessa energia gerada no país, esse montante já chegou a 92% na década passada. Apesar de apresentar o terceiro maior potencial hi- dráulico do mundo (atrás apenas da Rússia e da China), o Brasil importa parte da ener- gia hidrelétrica, já que a Usina de Itaipu, se- gunda maior do mundo em tamanho, não é totalmente brasileira e está situada na divi- sa com o Paraguai e por essa razão, 50% da produção da usina pertence ao país vizinho que, por não consumir esse montante, ven- de o excedente para os brasileiros. Link Como toda fonte energética, as usinas hidrelé- tricas apresentam vantagens e desvantagens que precisam ser mensuradas e avaliadas caso a caso. O Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda apresenta potencial de aumento dessa fonte. O link a seguir apresenta uma interessante reflexão a respeito dessa importante fonte ener- gética brasileira e mundial. Disponível em: <ht- tps://meioambienterio.com/7270/2015/08/ energia-hidreletrica-vantagens-e-desvan- tagens/>. Acesso em: 17 nov. 2017. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características8/201 1. Definições e tipos construti- vos As usinas hidrelétricas são as instalações que transformam a energia potencial da água, armazenada nos reservatórios por meio das barragens, em energia mecânica que impulsiona as turbinas hidráulicas. Essa energia mecânica gerada pelas turbinas aciona os geradores, convertendo a energia mecânica em energia elétrica. Quantos aos tipos básicos, as usinas hi- drelétricas estão divididas da seguinte for- ma, segundo Camargo Corrêa Engenharia (2006) e Reis e Silveira (2001): usinas a fio d´água; usinas com reservatórios; usinas reversíveis ou de bombeamento. As usinas a fio d’água são consideradas usinas hidrelétricas de porte pequeno, nas quais não há a presença de grandes reser- vatórios e operam com queda constante sem controle de vazão. As usinas com re- servatório são instalações que contam com a possibilidade de acumulação de água. De acordo com a função da operação e tama- nho do reservatório, essas usinas são clas- sificadas em: • Nível constante: são usinas com re- servatório que, por questões opera- cionais e ou ambientais, obrigatoria- mente mantêm o nível constante. As- sim sendo, operam de maneira similar às usinas a fio d´água. • Regulação anual: são usinas com re- servatório cuja capacidade de arma- zenamento atinge até 60% da vazão do ano. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características9/201 • Regulação plurianual: são usinas cujo reservatório tem a capacidade de armazenamento superior a 60% da vazão do ano. As usinas reversíveis ou de bombeamento são aquelas que além de gerar energia, também po- dem fazer o trabalho de bombeamento de água entre reservatórios para fins diversos. Nas Figu- ras 1 a 3 são apresentadas as principais partes que compõem uma usina hidrelétrica: Figura 1 | Visão geral da UHE vista 1 Fonte: <http://www.ceee.com.br/pportal/ceee/Component/Controller.aspx?CC=1876>. Acesso em: 14 jan. 2018. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características10/201 Figura 2 | Visão geral da UHE vista 2 Fonte: <http://www.ceee.com.br/pportal/ceee/Component/Controller.aspx?CC=1876>. Acesso em: 14 jan. 2018. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características11/201 • 1. Reservatório: volume de água obti- do a partir do represamento do rio. • 2. Barragem: é uma estrutura cons- truída no leito do rio que acumulará a água para a formação do reservatório. • 3. Vertedouro: responsável pelo con- trole do nível da água do reservatório, principalmente em períodos de cheias. • 4. Tomada d’água: responsável pela condução da água do reservatório para adução das turbinas. Equipada com comportas de fechamento e gra- des de proteção. • 5. Conduto forçado: são os canais que conduzemágua, sob pressão, para as turbinas. Podem ser externos ou sub- terrâneos. • 6. Casa de força: local de onde se ope- ra a usina e estão localizados os gera- dores e equipamentos auxiliares. • 7. Canal de fuga: ponto de saída da água após movimentar as turbinas. • 8. Subestação: instalação que rece- be a energia elétrica gerada na usina, elevando-a para alta tensão, para que possa ser transportada pelas linhas de transmissão aos centros de consumo. • 9. Turbina: dispositivo de acionamen- to do gerador. A água faz a turbina gi- rar ao atingi-la, transformando ener- gia hidráulica em energia mecânica. • 10. Gerador: equipamento acoplado mecanicamente à turbina. A energia mecânica disponível no eixo da turbi- na é transformada em energia elétrica pelo gerador. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características12/201 Figura 3 | Visão geral da turbina Fonte: <http://www.ceee.com.br/pportal/ceee/Component/Controller.aspx?CC=1876>. Acesso em: 14 jan. 2018. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características13/201 2. PCH e CGH A legislação vigente (Resolução Normativa ANEEL 395/1998) define como PCH (Peque- na Central Hidrelétrica) as usinas que pos- suem reservatório de até 3 Km² e potência instalada entre 1 e 30 e CGH (Centrais Ge- radoras Hidráulicas), como usinas com po- tência máxima de até 1 MW. Essas usinas apresentam um processo de licenciamento muito mais simples e prazo de implantação reduzido, sendo em média de cinco anos para uma PCH e dois anos e meio para uma CGH. Atualmente, no Brasil, há 463 PCHs, resultando em uma potência instalada de aproximadamente 4.700 MW, além de 446 CGHs com uma potência no total cerca de 273 MW. Para saber mais A usina hidrelétrica de Itaipu no estado do Para- ná é a segunda maior em tamanho, perdendo so- mente para a usina de Três Gargantas na China. Porém, em função de sua eficiência operacional, é a maior do mundo em produção de energia atra- vés da hidroeletricidade. Link Você pode conferir as dez maiores usinas hidrelé- tricas do mundo visitando: <http://top10mais. org/top-10-maiores-hidreletricas-mun- do/>. Acesso em: 17 nov. 2017. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características14/201 3. Tipos de barragens As barragens apresentam diversos fins, servindo para navegação, turismo, usinas hidrelétricas, retenção de águas e contro- le de cheias. No caso das usinas hidrelétri- cas, as barragens têm papel fundamental já que são as responsáveis pelo represamento da água, armazenando a energia potencial que futuramente se transforma em energia cinética ao movimentar os geradores que produzirão a energia elétrica. Para saber mais Convencionalmente, faz-se a classificação de barragens em rígidas (gravidade ou arco) e não rí- gidas (terra ou enrocamento). No caso de: i) rígida – gravidade: tem-se um paredão que resiste pelo próprio peso à impulsão da água e transmite as forças sentidas ao solo; ii) rígida – arco: constru- ída em valões mais estreitos, apresentando uma altura superior à largura; iii) não rígida – terra: são formadas pela deposição de terra sobre os cursos de água; iv) não rígida – enrocamento: formadas pela deposição de blocos de rocha de diversos ta- manhos. Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características15/201 Quanto aos tipos as barragens estão dividi- das em: • Barragens de concreto: construídas em geral com materiais granulados produzidos de forma artificial com adição de cimento e produtos quími- cos. São basicamente divididas em: • Gravidade: barragens providas de pouca armação e geralmente maci- ças. • Gravidade aliviada: apresentam es- trutura mais leve, exercem menores pressões nas fundações e propiciam redução no consumo de concreto. • Abóbada ou arco: são barragens que apresentam curvaturas, ocorrem em duplo sentido, na horizontal e na ver- tical. Uma parte das pressões hidráu- licas é transmitida por meio dos arcos. A Figura 4 mostra a Usina de Itaipu, que é um exemplo de instalação que contempla uma barragem de concreto. Figura 4 | Barragem de concreto – Usina de Itaipu – PR Fonte: https://www.google.com.br/search?rlz=1C1GGRV_ pt=-BRB751RB751Rbbiw2240=bbih1258=btbm=ischbsa1=bei- P4dXWoSNEsOQwgSJzZ6oCgbq=barragem+de+concre- to+itaipuboq=barragem+de+concreto+itaipubgs Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características16/201 • Barragens de terra: apresentam es- trutura essencialmente formada pelo solo. Estão divididas em homogênea, quando se predomina um único ma- terial ou ainda zonadas, em que há zoneamentos dos materiais devido às características permeáveis do solo. Conforme podemos observar na Figura 5, a UHE Três Marias – MG conta com uma bar- ragem de terra. Figura 5 | Barragem de terra – UHE Três Marias MG Fonte:https://www.google.com.br/search?rlz=1C1GGRV_ pt=-BRB751RB751Rbbiw2240=bbih1258=btbm=ischbsa1=bei- g4ZXWsb-DsGswgTitL6gAQbq=barragem+de+- terra+uhe+tr%C3%AAs+mariasboq=barragem+- de+terra+uhe+tr%C3%AAs+mariasbgs_l=psy ab.3...181525.186295.0.186975.21.19.0.2.2.0.151.1733. 15j4.19.0....0...1c.1.64.psyab..0.6.438...0j0i67k1j0i30k- 1j0i24k1.0.HKTgehZtzsg#imgrc=2aQejzUjWDmrMM: Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características17/201 • Barragens de enrocamento: forma- das por pedaços de rocha montados sob compactação cujo peso e sobre- posição geram a estabilidade da pa- rede da barragem. Podem ter o núcleo ou face impermeável, a fim de garantir a vedação da água e garantir a segu- rança desse tipo de barragem. A Figura 6 ilustra um exemplo de barragem de enrocamento situada na usina de Itaipu. Figura 6 | Barragem de enrocamento em usina de Itaipu Fonte: https://www.google.com.br/search?q=barra- gem+de+enrocamento+itaipubrlz=1C1GGRV_ptBR- BR751BR751bsource=lnmsbtbm=ischbsa=Xbve- d=0ahUKEwimnN6oNDYAhWJIZAKHSa0D6EQ_AUICigBb- biw=2240bbih=1258#imgrc=R4HeMbZpNdEbCM: Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características18/201 Para saber mais A usina hidrelétrica de Itaipu, localizada no esta- do do Paraná, é uma das poucas usinas de grande porte que apresenta em sua construção dois tipos distintos de barragens, enrocamento e concreto. Link Você pode conferir as dez barragens mais altas construídas no mundo no link: <http://gigan- tesdomundo.blogspot.com.br/2013/07/ as-10-barragens-mais-altas-do-mundo. html>. Acesso em: 17 nov. 2017 Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características19/201 Glossário ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica. CGH: central geradora hidráulica. PCH: pequena central hidrelétrica. UHE: usina hidrelétrica. Questão reflexão ? para 20/201 Para a fixação dos conceitos e aumento da compreen- são do tema, faça uma pesquisa a respeito da hidroele- tricidade no Brasil, contemplando as principais usinas e abordando suas características construtivas, barragens empregadas, importância no cenário energético nacio- nal atual e futuro. 21/201 Considerações Finais • A energia gerada por hidrelétricas é uma fonte renovável e limpa que atualmente repre- senta aproximadamente 62% da energia elétrica gerada no Brasil, segundo dados do Atlas Energético – Aneel 2016. • As usinas hidrelétricas, além da geração de energia elétrica, têm a função de regular o nível de vazão das bacias, armazenamento de água, viabilizar a navegabilidade de alguns rios, entre outras. • As usinas hidrelétricas estão classificadas em usinas a fio d’água, as PCHs e CGHs, usinas com reservatório, que são as usinas de grande porte e as usinas de bombeamento ou rever- síveis, que além de gerar energia também fazem o bombeamento de água entre reservató- rios. • As principais partes constituintes de uma usinahidrelétrica são a barragem, o vertedouro, e a casa de força onde se encontram os geradores e a subestação elevadora de transmissão. • As barragens são parte fundamental das usinas hidrelétricas e podem ser de terra, concreto ou de enrocamento. Cada barragem tem sua característica e é escolhida em função do tipo e porte da usina, além das condições do solo em que será construída Unidade 1 • Usinas hidrelétricas – características22/201 Referências ANEEL. Atlas energético. 2016. Disponível em: <www.aneel.gov.br/revistas/-/asset_publisher/.../ atlas-de-energia-eletrica.../656835?...>. Acesso em: 17 nov. 2017. CAMARGO CORRÊA ENGENHARIA. Manual de montagem de usinas hidrelétricas. s.l. 2006. REIS, L. B; SILVEIRA, S. Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: EDUSP, 2001. Resolução Normativa ANEEL 395/1998. PCH e CGH – Definições e Critérios de Acesso. 23/201 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Usinas Hidrelétricas – Caracte- rísticas. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ c86251681cdb49af24412b2e5024ed28>. Aula 1 - Tema: Usinas Hidrelétricas – Caracterís- ticas. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/3ce- c43e18719668f44fe0d5e5710c4f2>. 24/201 1. Em relação à geração hidrelétrica no Brasil, é correto afirmar: a) Fonte de energia pouco relevante no cenário energético nacional. b) Matriz energética de origem limpa, mas sem expressão no cenário nacional e mundial. c) Responsável por mais de 60% da matriz energética brasileira, sendo que no passado repre- sentou quase 95% da energia gerada no país. d) Principal fonte de energia no Brasil, sendo que o país é o maior produtor mundial de energia elétrica a partir dessa fonte. e) Não há impactos ambientais na construção desse tipo de usina. Questão 1 25/201 2. Em relação às usinas hidrelétricas, é correto afirmar: a) São instalações que convertem a energia potencial da água armazenada nos reservatórios em energia cinética que movimenta os geradores de energia elétrica. b) Só existem usinas hidrelétricas de grande porte no Brasil. c) Todas as usinas hidrelétricas devem ter grandes reservatórios. d) As usinas hidrelétricas servem somente para a geração de energia. e) A usina de Itaipu é a maior usina hidrelétrica do mundo em operação. Questão 2 26/201 3. Considerando as características construtivas das usinas hidrelétricas é correto afirmar que: a) Usinas de bombeamento ou reversíveis servem somente para bombear águas entre reserva- tórios. b) Usinas a fio d’água são aquelas que apesar do pequeno porte possuem reservatórios signi- ficativos. c) Usinas de regulação anual são aquelas com reservatório cuja capacidade de armazenamen- to atinge até valores superiores a 60% de sua vazão anual. d) Usinas de regulação plurianual são aquelas com reservatório cuja capacidade de armazena- mento atinge até valores inferiores a 60% de sua vazão anual. e) As usinas a fio d’água são aquelas em que não há a presença de grandes reservatórios e ope- ram com queda constante sem controle de vazão. Questão 3 27/201 4. Considerando as PCHs e CGHs, é correto afirmar: a) As PCHs são usinas hidrelétricas de com potência superior a 30 MW e as CGHs com potência até 30 MW. b) São usinas que apresentam a mesma complexidade de obtenção de licença se comparadas às hidrelétricas de grande porte. c) As PCHs e CGHs têm prazo de implantação médio de cinco e dois anos e meio, respectiva- mente. d) Na matriz energética brasileira quase não há esse tipo de usina. e) As PCHs apresentam reservatório com área superior a 3 Km², caso contrário são considera- das CGHs. Questão 4 28/201 5. Em relação às barragens das usinas hidrelétricas, é correto afirmar: a) Nas barragens de enrocamento há a necessidade de uso de grandes quantidades de concre- to. b) As barragens de concreto são as únicas que podem ser utilizadas nas usinas hidrelétricas. c) No Brasil não há a utilização de barragens de terra em suas usinas hidrelétricas. d) As barragens de enrocamento são aquelas que são construídas a partir de fragmentos de rochas compactadas. e) Todas as barragens de concreto são construídas na forma de arco para minimizar os efeitos da pressão da água do reservatório. Questão 5 29/201 Gabarito 1. Resposta: C. A participação das usinas hidrelétricas na matriz energética brasileira é de aproxima- damente 62%, sendo que em 1985 chegou a valores superiores a 95%. 2. Resposta: A. A alternativa “a” é a definição clássica de geração hidrelétrica. 3. Resposta: E. As usinas a fio d’água são aquelas que não apresentam reservatório e não operam com vazões controladas. São exemplos des- se tipo de usinas as PCHs e grandes usinas como Itaipu e Belo Monte. 4. Resposta: C. Segundo a Resolução Aneel nº 394 (ANE- EL, 1998), o empreendedor tem até cinco anos para implantar uma PCH e dois anos em meio para uma CGH, valores utilizados como referência nos estudos de viabilidade. 5. Resposta: D. Nesse tipo de barragem são utilizados so- mente fragmentos de rochas que são sobre- postas, sendo que o peso e entrelaçamento do material garantem a vedação da água. A maior barragem desse tipo no Brasil fica na usina de Itaipu em Foz do Iguaçu. 30/201 Unidade 2 Geradores: características e funcionamento Objetivos Apresentar e discutir os seguintes tópicos referentes aos geradores elétricos: 1. Princípio de funcionamento. 2. Geradores síncronos e assíncronos. 3. Operação e manutenção dos gera- dores. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento31/201 Introdução O gerador de energia nas usinas é o equi- pamento responsável pela transformação da energia de entrada (mecânica, química, térmica, entre outras) em energia elétrica e, por isso, merece um tema para apresentá- -lo. Em relação à sua classificação, o gera- dor elétrico pode ser síncrono ou assíncro- no. O gerador síncrono é um equipamento cuja velocidade de rotação está em sincro- nismo com a frequência da rede e opera em corrente alternada. Por outro lado, o gera- dor assíncrono opera em qualquer tipo de corrente e não apresenta sincronismo entre a rotação e a frequência da rede (FITZGE- RALD, 2006). Não é adequado classificar os geradores síncronos ou assíncronos em melhor ou pior e sim em mais ou menos vantajoso para cada aplicação. Dessa forma, ao final desse capítulo será possível compreender as prin- cipais características e importância dos ge- radores para as usinas hidrelétricas. 1. Princípio de funcionamento Um gerador elétrico elementar é formado por uma espira plana capaz de se mover sob a ação de um campo magnético uniforme. Tal espira, por sua vez, gira em torno de um eixo perpendicular à direção das linhas de força do campo magnético aplicado (HAYT, 2017). A variação do valor do fluxo magné- tico que atravessa a espira móvel induz nela uma f.e.m que dará origem a uma corrente alternada. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento32/201 Os geradores de energia fundamentam-se no princípio empregado por Faraday e Hen- ry relacionado à indução magnética (HAYT, 2017). O gerador de energia criado por Fa- raday foi concebido a partir de um disco de cobre que girava no campo magnético for- mado pelos polos de um ímã de ferradura e produzia corrente contínua. Em seguida, Henry obteve corrente alter- nada, valendo-se de um gerador com ímãs e enrolamento de fio numa armadura de ferro. A Figura 1 ilustra o princípio de fun- cionamento do gerador elétrico de corrente alternada. Para saber mais Para facilitar o entendimento dos geradores, uti- lizamos oconceito de “espira plana”. Uma única espira é introduzida e movimentada de forma circular em um campo magnético CC constante. Esse movimento da espira no campo magnético gera uma tensão CA nos terminais do gerador, se- gundo a Lei de Faraday. Link O prof. Luiz Ferraz Netto disponibilizou um arqui- vo com conceitos básicos acerca dos geradores de energia elétrica, tais como: finalidade, princí- pios de funcionamento, equações envolvidas, en- tre outros aspectos. Confira em: <http://www. ceee.com.br/pportal/ceee/Component/ Controller.aspx?CC=3332>. Acesso em: 17 nov. 2017. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento33/201 Figura 1 | Gerador de corrente alternada Fonte: Fitzgerald (2006). A partir da Figura 1, observa-se que as duas extremidades da armadura de um gerador de corrente alternada ligam-se a anéis con- dutores, a que se apoiam escovas de carvão. Por outro lado, a armadura gira e a corren- te flui no sentido anti-horário. A escova do anel “A” conduz a corrente para fora da ar- madura, permitindo que uma lâmpada se acenda; o anel “B” devolve a corrente à ar- madura. Observa-se que no momento que a arma- dura gira paralelamente ao campo magné- tico, não há geração de corrente (posição 3 da Figura 1). Porém, no instante posterior, a armadura volta a girar paralelamente ao campo magnético, e a corrente inverte seu sentido: a escova do anel coletor “B” a con- duz para fora da armadura e a do anel “A” faz a devolução à armadura (posição 4 da Figura 1). Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento34/201 2. Geradores síncronos e assín- cronos Os geradores de energia utilizados nas usi- nas são classificados basicamente como síncronos e assíncronos, conforme já men- cionamos na introdução deste capitulo. A partir de agora serão apresentadas as ca- racterísticas principais de cada um desses equipamentos. 2.1 Geradores síncronos O gerador síncrono é uma máquina elétri- ca que faz a conversão da energia mecânica em energia elétrica, se operada como gera- dor, e energia elétrica em energia mecânica, se operada como motor. O termo síncrono vem do fato da máquina operar na velocidade de rotação constante e em sincronia com a frequência da tensão elétrica alternada aplicada aos seus termi- nais. O gerador síncrono é composto pelas seguintes partes: Rotor: parte dinâmica do gerador, usual- mente construído por lâminas de material ferromagnético envolvido por um enrola- mento de cobre, podendo ser em barras ou condutores. Funciona com tensão contínua, pode conter dois ou mais enrolamentos, sempre aos pares, conectados em série e responsáveis pelo aparecimento dos polos do eletroímã. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento35/201 Estator: parte estática do gerador, monta- da ao redor do rotor, possibilitando o giro deste em seu interior. Também construído por lâminas de material ferromagnético en- volvido por enrolamentos distribuídos em ranhuras por sua circunferência e alimen- tados por um sistema trifásico em corrente alternada. Na operação com o gerador, a energia me- cânica é obtida a partir de turbinas, acopla- das aos geradores. Para que ocorra a con- versão da energia mecânica em elétrica, é necessário que as bobinas de campo situa- das no rotor da máquina sejam alimentadas por uma fonte de tensão contínua. O campo magnético gerado pelos polos do rotor imprime um movimento relativo aos enrolamentos localizados no estator, dando origem à tensão alternada em seus termi- nais. Essa tensão depende da frequência de rotação do número de polos do gerador. Assim, pela Lei de Faraday teremos uma tensão induzida gerada pelo movimento relativo do campo magnético dos polos do rotor no campo magnético gerado pelo es- tator. Devido às características construtivas Link Detalhamentos sobre o fluxo de potência, perdas, operação, estabilidade e diagramas fasoriais são apresentados no vídeo. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=eyRbYm-of- FY>. Acesso em: 17 nov. 2017. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento36/201 do gerador e distribuição dos enrolamen- tos no estator e rotor, teremos a geração de corrente alternada trifásica. 2.2 Geradores assíncronos O gerador assíncrono ou de indução é uma alternativa viável para geração de energia elétrica, principalmente devido ao seu bai- xo custo, tanto de aquisição como de ma- nutenção, sua simplicidade construtiva e robustez, quando comparado ao gerador síncrono. Estudos de viabilidade de usinas mostram que seu custo é aproximadamente 40% in- ferior em relação ao gerador síncrono (REIS; SILVEIRA, 2001), mas devido à sua capaci- dade reduzida de geração de potência, sua aplicação fica restrita a micro e mini gera- ção como as PCHs e CGHs (ANEEL, 1998). Com relação ao gerador síncrono utilizado em centrais hidrelétricas, o gerador de in- dução possui várias vantagens, tais como: • Custo reduzido até a potência de 100 kVA. • Robustez devido à estrutura mais sim- ples, devido à ausência de polos sa- lientes. Para saber mais Os geradores síncronos, também chamados de máquinas síncronas, são equipamentos que po- dem operar na condição de motor ou gerador so- mente através da sua forma de excitação. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento37/201 • Simplicidade em função da ausência de bobinas, anéis coletores no rotor e escovas, reduzindo significativamente os custos de manutenção. • Sincronismo já que o gerador de indu- ção dispensa a utilização de colunas de sincronismo, reduzindo o custo de aquisição. • Não necessidade de sistema de exci- tação, simplificando muito a operação e manutenção. O fato do gerador de indução ser um motor assíncrono operando como gerador faz com que esse tipo de máquina seja aplicado em pequenas centrais geradoras ou ainda em caso de usinas de porte maior, como as usi- nas eólicas. Link Na dissertação de Júlio Vítor Kunzler Júnior, Análises teórica e experimental do gerador assíncrono de dupla alimentação – o GEADA, e contribuição à sua operação, é possível verificar os principais concei- tos e cálculos envolvendo geradores assíncronos. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/ bitstream/handle/10183/8686/000586441. pdf?sequence=1>. Acesso em: 17 nov. 2017. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento38/201 3. Operação e manutenção dos geradores Por se tratar da parte mais importante das usinas, os geradores são projetados e con- struídos para operar dentro de certas faixas de tensão e frequência, sendo que operan- do fora desses parâmetros podem apresen- tar funcionamento inadequado ou até mes- mo avarias (REIS; SILVEIRA, 2001). Além de variações de carga previstas, ex- istem outras de natureza aleatória, por ex- emplo, rejeições de carga, energização de bancos de capacitores e ou reatores, des- cargas atmosféricas etc. Todas essas causas podem comprometer a vida útil do gerador ou da usina e, portanto, há a necessidade de elaboração de planos de operação e ma- nutenção desses equipamentos visando à confiabilidade e segurança operacional das instalações. Para se evitar ou mitigar tais variações, as usinas contam com dispositivos de controle de tensão e frequência, visando minimizar os efeitos desses fenômenos para proteger o gerador e demais equipamentos associa- dos. Para saber mais Os geradores assíncronos são máquinas elétricas de constituição mais simples se comparadas aos síncronos e têm utilização frequente em usinas de pequeno porte e usinas eólicas. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento39/201 O quesito mais importante para a corrente alternada é a frequência, no caso do Bra-sil 60 Hz, tendo controle automático nos próprios geradores com o uso dos regula- dores de velocidade. Os reguladores de velocidades são equipa- mentos que dosam o combustível nas turbi- nas acopladas aos geradores, dependendo da variação da carga. O controle de tensão geralmente é feito de forma automática através de transformadores dotados de co- mutadores de tensão sob carga, bancos de capacitores, reatores e compensadores sín- cronos ou estáticos. Fundamental para garantir a vida útil do gerador de energia, o plano de manuten- ção preventiva tem como objetivo garantir a qualidade e o funcionamento correto do equipamento ao longo do tempo. É impor- tante lembrar que o plano de manutenção preventiva do gerador deve ser realizado somente por equipes especializadas e qua- lificadas, respeitando as instruções do fa- bricante. Como já citado, gerador de energia é o equi- pamento mais importante da usina, de alta complexidade, demandando elevado grau de conhecimento. Um plano de manuten- ção preventiva mal executado pode ocasio- nar problemas mais graves no equipamen- to ou na usina. Por questões de garantia do equipamento, lembramos que o não cum- primento das normas estabelecidas pelo fabricante pode anular a cobertura de ga- rantia do gerador de energia. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento40/201 Na sequência, apresentamos algumas van- tagens de se ter um do plano estruturado de manutenção preventiva de geradores: • Aumento da confiabilidade e segu- rança operacional. • Melhoria da qualidade no fornecimen- to de energia. • Aumento da vida útil do gerador de uma maneira geral. • Redução de custos devido à mitigação dos riscos de manutenção corretiva. • Otimização dos custos de operação da usina. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento41/201 Glossário f.e.m: força eletromotriz induzida. CA: corrente alternada. CC: corrente contínua. Questão reflexão ? para 42/201 Para a fixação dos conceitos e aumento da compreensão do tema, realize uma pesquisa a respeito de geradores elétricos utilizados nas usinas em geral, contemplando as suas características construtivas, vantagens, desvan- tagens e um panorama atual desses equipamentos em usinas brasileiras. 43/201 Considerações Finais • O gerador de energia é o equipamento mais importante de uma usina e está classificado como síncrono, que opera em sincronismo com a frequência da rede, e assíncrono, quando isto não ocorre. • As usinas hidrelétricas contam com geradores síncronos, em sua maioria, que operam a par- tir da teoria da indução eletromagnética estudada e desenvolvida por Faraday e Henry. • Os geradores assíncronos são equipamentos que não operam em sincronismo com a fre- quência da rede e geralmente são utilizados em usinas de pequeno porte como as PCHs e CGHs. • Por se tratar do equipamento mais importante da usina, os geradores devem operar dentro de certas faixas de tensão e frequência, a fim de se manter sua confiabilidade e segurança operativa. • Tão importante quanto os geradores, os reguladores de velocidade têm importância fun- damental na operação dos geradores, uma vez que controlam a entrada de combustível na turbina (água, vapor etc.), para a manutenção dos níveis de tensão e frequência do gerador. Unidade 2 • Geradores: características e funcionamento44/201 Referências ANEEL. Resolução nº 394, de 1998. Critérios de enquadramento de centrais hidrelétricas bra- sileiras. 1998. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/cedoc/res1998394.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2017. FITZGERALD, A. E. Máquinas elétricas. 6. ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2006. HAYT, W. H. Eletromagnetismo. 8. ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2017. REIS, L. B.; SILVEIRA, S. Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: EDUSP, 2001. 45/201 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Geradores – Características e Funcionamento. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ef8ca7ec8919d1d3548cd9ad27c8248a>. Aula 2 - Tema: Geradores – Características e Funcionamento. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 6753d2d787e07708bf26653b2bff7235>. 46/201 1. Em relação aos geradores elétricos, assinale a alternativa correta. a) Corresponde a uma parte pouco relevante da usina. b) Todos os geradores de energia são considerados máquinas síncronas. c) São os equipamentos mais importantes da usina e podem ser síncronos ou assíncronos. d) Possuem manutenção simples e não necessitam de planos especiais. e) Podem operar em qualquer faixa de tensão e frequência sem comprometimento de sua vida útil. Questão 1 47/201 2. Em relação aos geradores síncronos, é correto afirmar: Questão 2 a) São equipamentos utilizados nas usinas para geração de energia e não operam em sincro- nismo com a frequência da rede. b) São utilizados somente em usinas de pequeno porte. c) As usinas hidrelétricas utilizam somente geradores síncronos. d) Operam em sincronismo com a frequência da rede. e) São equipamentos de manutenção simples. 48/201 3. Em relação à operação dos geradores, é correto afirmar: Questão 3 a) São equipamentos que devem operar dentro de certos limites de tensão e frequência. b) Os reguladores de velocidade não têm muita importância na manutenção dos geradores. c) Rejeições de carga, variações de tensão e demais fenômenos do sistema elétrico não com- prometem a vida útil dos geradores. d) A frequência de operação dos geradores aqui no Brasil é 50 Hz. e) Os reguladores de velocidade são equipamentos destinados a regular a tensão nas linhas de transmissão. 49/201 4. Em relação à manutenção dos geradores, é correto afirmar: Questão 4 a) Os geradores são equipamentos complexos e necessitam de planos especiais de manuten- ção e devem ser executados por profissionais capacitados. b) Os geradores das usinas não necessitam de planos de manutenção específicos. c) Apesar da complexidade de operação, a manutenção de geradores é simples. d) As informações do fabricante têm pouca relevância no plano de manutenção dos geradores. e) Caso se tenha um plano de manutenção de geradores bem estruturado, não há a necessida- de de mão de obra capacitada para a realização dos serviços. 50/201 5. Em relação ao funcionamento do gerador síncrono, julgue os seguintes itens: Questão 5 I. São máquinas elétricas que podem gerar em CA e CC. II. O gerador síncrono é um tipo de máquina elétrica que pode operar tanto como motor quan- to como gerador. III. O gerador síncrono é o equipamento utilizado somente em usinas hidrelétricas. IV. No Brasil não há a utilização de geradores síncronos nas usinas hidrelétricas. Baseado nas informações anteriores, assinale a alternativa correta. a) Apenas o item I está correto. b) Apenas o item II está correto. c) Apenas o item III está correto. d) Apenas os itens I e II estão corretos. e) Apenas os itens II e III estão corretos. 51/201 Gabarito 1. Resposta: C. De acordo com Fitzgerald (2006) e Reis e Sil- veira (2001), as usinas contam com gerado- res síncronos e assíncronos e estes consti- tuem a parte mais importante da usina. 2. Resposta: D. De acordo com Fitzgerald (2006), o gerador síncrono é aquele que opera em sincronis- mo com a frequência da rede. 3. Resposta: A. Por se tratarem de máquinas elétricas de operação complexa, os geradores devem operar dentro de certos limites de tensão e frequência, a fim de se manter sua confiabi- lidade operativa. 4. Resposta: A. Por se tratarem de máquinas elétricas de construção complexa, a manutenção dos geradoresdeve ser feita por profissionais capacitados e seguindo as instruções do fa- bricante do equipamento, a fim de se man- ter sua confiabilidade operativa. 5. Resposta: B. De acordo com Fitzgerald (2006), o gerador síncrono é um tipo de máquina elétrica que opera como motor ou gerador, dependendo da forma de excitação das bobinas do rotor e estator. 52/201 Unidade 3 Turbinas hidráulicas: características e operação Objetivos Apresentar e discutir os seguintes tópicos refe- rentes às turbinas: 1. Tipos de turbinas hidráulicas. 2. Turbinas nas usinas hidrelétricas brasilei- ras. 3. Operação e manutenção das turbinas hi- dráulicas. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação53/201 Introdução Assim como o gerador, as turbinas são parte fundamental nas usinas hidrelétricas, haja vista que são os equipamentos responsá- veis pelo acionamento dos geradores elétri- cos, transformando a energia mecânica em elétrica. Em relação aos tipos, as principais turbinas hidráulicas utilizadas nas usinas hidrelétricas brasileiras são do tipo Pelton, Francis, Kaplan e Bulbo. Para cada aplicação ou usina hidrelétrica, há a indicação de uma turbina a ser utiliza- da, não sendo, então, adequado classificar os tipos de turbinas em melhores ou piores. Assim, ao final desse capítulo será possível entender as características e importância das turbinas hidráulicas para as usinas hi- drelétricas. 1. Tipos de turbinas hidráulicas Em relação aos tipos, as turbinas são classi- ficadas como de impulso e de reação. O tipo mais encontrado de turbina de impulso é a Pelton, enquanto que as turbinas de reação são classificadas em relação ao seu esco- amento, podendo ser escoamento radial/ misto e escoamento axial. Link O princípio de funcionamento e explicações so- bre turbinas hidráulicas aplicadas para geração de hidrelétrica são discutidas no vídeo a seguir. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=7R3m-zL5d_E>. Acesso em: 17 nov. 2017. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação54/201 Para as turbinas de escoamentos radiais, encontramos com mais frequência a Francis, enquanto que o tipo mais encontrado de turbinas de escoamento axial nas usinas hidrelétrica é a Kaplan. Além das anteriormente citadas, também são exemplos de turbinas de escoamento axial as tur- binas tubulares e bulbo. A Figura 1 ilustra a classificação das turbinas hidráulicas utilizadas nas usinas de geração de energia. Figura 1 | Classificação das turbinas hidráulicas Fonte: adaptado de: <http://rivers.bee.oregonstate.edu/book/export/html/35>. Acesso em: 28 dez. 2017. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação55/201 1.1 Turbinas tipo Pelton A turbina do tipo Pelton foi criada pelo en- genheiro americano Lester Allen Pelton em 1880. Similar a uma roda d’água, tem um bocal como distribuidor que guia a água até as pás do rotor. O rotor é formado por uma série de pás em forma de conchas situadas em periferia, responsáveis pelo giro do rotor (REIS; SILVEIRA, 2001). O controle de vazão e velocidade da turbina é feito a partir de um defletor de jato, que intercepta a água, desviando-a das pás do rotor, em caso de redução significativa da potência demandada pela rede de energia. Esse tipo de atuação do defletor é o mais utilizado nas usinas hidrelétricas, pois evita elevada pressão no bocal, na tubulação for- çada e válvulas em geral. Algumas turbinas Pelton de elevada potência podem ter um bocal direcionado para a parte traseira das pás do rotor para atuação em sua frenagem. A Figura 2 mostra uma turbina do tipo Pel- ton com quatro jatos, utilizada em uma usi- na hidrelétrica. Para saber mais As turbinas hidráulicas utilizadas nas usinas hi- drelétricas no Brasil e no mundo são escolhidas em função das características de cada usina, buscando, sempre, a otimização da produção de energia e mitigação dos impactos ambientais. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação56/201 Figura 2 | Turbina tipo Pelton Fonte: <https://i.pinimg.com/236x/c2/d6/82/c2d6826dd- 2f72840bb680b478ad3935c--hydroelectric-power-mechanical- -engineering.jpg>. Acesso em: 28 dez. 2017. 1.2 Turbina tipo Francis Criada pelo engenheiro inglês James Biche- no Francis, em 1848, resultou do aperfei- çoamento da turbina tipo Dowd, inventa- da em 1838 por Samuel Dowd. Trata-se de uma turbina de reação, cuja eficiência é da ordem de 90% e pode ser utilizada para uma variação de altura entre 20 a 700 m. Devido à elevada faixa de aplicação, esse tipo de turbina é o mais utilizado no mundo (REIS; SILVEIRA, 2001). Nesse tipo de turbina, o rotor fica interno ao distribuidor, fazendo com que a água se aproxime do eixo ao atravessar o rotor. A turbina tipo Francis apresenta vários for- matos de rotores que variam de acordo com a velocidade específica da turbina, classifi- cadas em lenta, normal, rápida ou extra rá- pida (REIS; SILVEIRA, 2001). Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação57/201 Na turbina tipo Francis, o distribuidor conta com uma série de pás localizadas em torno do rotor. Essas pás são orientadas durante a operação da turbina de modo a assumir ângulos adequados às descargas para mitigação das perdas hidráulicas. O eixo de rotação das pás fica paralelo ao eixo da turbina que ao ser girado pode maximizar a seção do escoamento ou fechar totalmente a turbina. A Figura 3 mostra uma turbina do tipo Francis utilizada em uma usina hidrelétrica. Figura 3 | Turbina tipo Francis Fonte: <http://www.alterima.com.br/wa_upload/images/mini_usinas_2.png>. Acesso em: 28 dez. 2017. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação58/201 1.3 Turbina Tipo Kaplan Criada pelo engenheiro austríaco Victor Kaplan, em 1912, a partir do aperfeiçoa- mento da turbina do tipo Hélice, introdu- zindo a orientação e inclinação das pás em substituição ao conceito de pás fixas utili- zado anteriormente. Essa turbina é do tipo axial, de reação e ação total, utilizada para rotações acima de 350 RPM, pode operar em uma ampla faixa de variação de descar- ga e potência sem variações significativas em seu rendimento. O número de pás desse tipo de turbina varia em função da altura da coluna d’água, cujo resumo encontra-se a seguir: • 10 < H < 20m – 4 Pás; • 12 < H < 23m) – 5 Pás; • 15 < H < 35m) – 6 Pás; • H > 35m) – 8 Pás. A turbina do tipo Kaplan tem larga aplicação nas usinas hidrelétricas e, segundo Camar- go Corrêa Engenharia (2006), é composta pelos seguintes componentes: • Distribuidor: similar aos apresenta- dos nas turbinas do tipo Francis, tendo as mesmas finalidades. Suas pás têm variação de inclinação comandada por um sistema externo e se localizam consideravelmente longe das pás do rotor. Nesse tipo de sistema é obriga- tória a sincronização entre os ângulos das pás do distribuidor e rotor. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação59/201 • Rotor: parte da turbina em que es- tão localizadas as pás ajustáveis, res- ponsáveis pela variação do ângulo de acordo com a demanda de potência requerida pela usina. • Tubo de sucção: trata-se da entrada de água da turbina e apresenta fina- lidades e formas similares aos utiliza- dos nas turbinas do tipo Francis. • Caracol: tubulação destinada ao transporte da água, podendo ser construído de transversal circular, re- tangular ou trapezoidal, dependendo da capacidade da turbina, condições de descarga e altura da queda d’água. 1.4 Turbinas tipo Bulbo Quando se tem desníveis hidráulicos muito reduzidos, a utilização de turbinas com eixo vertical, tipo Kaplan, pode não ser possível. Para o aproveitamento desses potenciais hidrelétricos foramdesenvolvidas turbinas com eixo horizontal para a utilização em usinas hidrelétricas do tipo fio d’água. Uma dessas turbinas é a do tipo Bulbo. Nes- se tipo de dispositivo o rotor é composto de pás dotadas de orientação além de uma es- pécie de bulbo inserido dentro do tubo adu- tor de água. No interior desse bulbo, geral- mente existe um sistema de engrenagens que transmite o movimento do eixo gerador. Há casos nesse tipo de turbina que o próprio gerador elétrico se localiza dentro do bulbo. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação60/201 A principal vantagem desse tipo de turbina é o menor espaço utilizado, se comparado a uma do tipo Kaplan, já que se dispensa o caracol e o tubo de sucção. Outra vantagem é que para um mesmo diâmetro de rotor, esse tipo de turbina absorve uma descarga maior, se comparado a uma turbina Kaplan, resultando em maiores potências da usina para um mesmo volume de água. As turbinas do tipo Bulbo podem operar como turbinas ou até mesmo como bombas e são empregadas em usinas maré motrizes ou usinas a fio d’água. Para saber mais As turbinas do tipo tubulares são consideradas precursoras das turbinas tipo Bulbo, utilizadas em locais em que os desníveis hidráulicos são re- duzidos ou a utilização de reservatórios traz ele- vados impactos ambientais. No Brasil, as turbinas do tipo Bulbo são utilizadas nas usinas Santo An- tônio e Jirau, situadas no estado de Rondônia. Link Maiores informações acerca das turbinas do tipo bulbo podem ser obtidas assistindo ao vídeo, dis- ponível em: <https://www.youtube.com/wat- ch?v=Sb8TLo3igxw>. Acesso em: 5 dez. 2017. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação61/201 2. Turbinas nas usinas hidrelé- tricas brasileiras Conforme já apresentado anteriormente, a escolha da turbina a ser utilizada na usina hidrelétrica depende de uma série de fato- res, como altura da queda d’água, potên- cia da usina, tipo dos geradores, custos de operação e manutenção etc. No Brasil, as usinas hidrelétricas utilizam vários tipos de turbinas hidráulicas, sendo que as dos tipos Francis e Bulbo são as mais utilizadas, en- quanto as do tipo Pelton são as menos uti- lizadas. De utilização mais recente, as turbinas do tipo Bulbo fazem parte dos geradores das usinas Santo Antônio e Jirau, pertencen- tes ao complexo hidrelétrico do Madeira em Rondônia, projeto de suma importância para segurança energética nacional. A se- guir, apresentaremos os principais tipos de turbinas hidráulicas utilizadas nas usinas hidrelétricas brasileiras. 2.1 Turbinas tipo Francis Os dados do Quadro 1 mostram as princi- pais usinas pertencentes ao Sistema Inter- ligado Nacional (SIN), supervisionadas pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), em que há a utilização de turbinas hidráulicas do tipo Francis, o segundo tipo mais utiliza- do nas usinas hidrelétricas brasileiras. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação62/201 Quadro 1 | Usinas hidrelétricas que utilizam turbinas do tipo Francis Usina Localização Quantidade Total UHE Itaipu Paraná - PR 20 78 UHE Tucuruí Pará – PA 12 UHE Ilha Solteira Ilha Solteira – SP 20 UHE Itá Itá – SC 5 UHE Itaúba Estrela Velha – RS 4 UHE Castro Alves Nova Roma do Sul – RS 3 UHE Foz da Areia Pinhão – PR 6 UHE Furnas São José da Barra – MG 8 Fonte: Atlas da Energia Aneel Parte II Energias Renováveis (2016) Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação63/201 2.2 Turbinas tipo Pelton Utilizadas quando se tem grandes desníveis e vazão reduzida, os dados do Quadro 2 mostram as principais usinas pertencentes ao SIN, supervisionadas pelo ONS, nas quais há a utilização de turbinas hidráulicas do tipo Pelton. Quadro 2 | Usinas hidrelétricas que utilizam turbinas do tipo Pelton Usina Localização Quantidade Total UHE Henry Borden Cubatão – SP 14 18UHE Pedro Viriato Antonina – PR 4 Fonte: Atlas da Energia Aneel Parte II Energias Renováveis (2016) 2.3 Turbinas tipo Kaplan Caracterizada por sua grande flexibilidade de operação em relação a variações de vazão e desní- veis hidrológicos, o Quadro 3 mostra as principais usinas pertencentes ao SIN, supervisionadas pelo ONS, em que há a utilização de turbinas hidráulicas do tipo Kaplan. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação64/201 Quadro 3 | Usinas hidrelétricas que utilizam turbinas do tipo Kaplan Usina Localização Quantidade Total UHE Ferreira Gomes Ferreira Gomes – AP 3 42 UHE Estreito Pedregulho – SP 8 UHE Aimorés Aimorés – MG 3 UHE Porto Estrela Joanésia – MG 2 UHE Lajeado Lajeado – TO 5 UHE Eng. Souza Dias Três Lagoas – MS 14 UHE Promissão Promissão – SP 3 UHE Monte Claro Veranópolis – RS 2 UHE 14 de Julho Bento Gonçalves – RS 2 Fonte: Atlas da Energia Aneel Parte II Energias Renováveis (2016) Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação65/201 2.4 Turbinas tipo Bulbo Utilizada em pequenos desníveis com médias e grandes vazões, o Quadro 4 mostra as principais usinas pertencentes ao SIN, supervisionadas pelo ONS, nas quais há a utilização de turbinas hi- dráulicas do tipo Bulbo. Tabela 4 | Usinas hidrelétricas que utilizam turbinas do tipo Bulbo Usina Localização Quantidade Total UHE Santo Antônio Porto Velho – RO 50 124 UHE Jirau Porto Velho – RO 50 UHE Canoas I Cândido Mota – SP 3 UHE Canoas II Cândido Mota – SP 3 UHE Igarapava Igarapava – SP 5 UHE Ourinhos Ourinhos – SP 3 UHE Baguari Governador Valadares – MG 4 UHE Belo Monte Altamira – SP 6 Fonte: Atlas da Energia Aneel Parte II Energias Renováveis (2016) Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação66/201 3. Operação das turbinas hidráu- licas Nas usinas hidrelétricas, a geração de ener- gia deve ser realizada em rotação constan- te, a fim de se fixar o valor da frequência em 60 Hz, que é o valor utilizado no Brasil. Para o fornecimento de energia a uma rota- ção constante, as turbinas hidráulicas, atra- vés do controle de vazão, variam a sua po- tência no eixo. Operando em rotação cons- tante e isenta de cavitação, a turbina opera em seu máximo rendimento desde que haja pouca variação da vazão e queda líquida. Em caso de grandes variações dos parâmetros anteriormente citados, a turbina irá operar com baixos rendimentos, podendo levá-la à cavitação, vibração e demais problemas, acarretando em desgaste das máquinas (BORTONI, 2010). A correta operação das usinas hidrelétricas, sobretudo de suas turbinas, faz com que se reduzam significativamente os custos de manutenção, além do aumento do tempo Para saber mais Um dos maiores problemas das turbinas hidráuli- cas é o fenômeno da cavitação. Isso ocorre quan- do se formam bolhas de vapor no material da tur- bina, acarretando sérios problemas. A cavitação traz efeitos agressivos como a erosões, vibrações e ruídos, redução da eficiência das turbinas e di- minuição de produção de energia. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação67/201 de disponibilidade da instalação como um todo. Assim sendo, o planejamento ade- quado de operação das turbinas hidráulicas contribui de forma significativa para a re- dução dos custos de manutenção. 4. Manutenção das turbinas hi- dráulicas A definição de manutenção, segundo a ABNT (1994, s.p.), é a “Combinação de to- das as ações técnicas e administrativas, in- cluindo as de supervisão, destinadas a reco- locar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida”. Nas usinas hidrelétricas isso não é diferen- te e em especial nas turbinas, parte funda- mental da instalação. A manutenção das turbinas e demais equipamentos estápre- sente em todas as usinas independente- mente de seu porte. A função da manuten- ção é manter o funcionamento dos equipa- mentos pelo maior tempo possível de forma segura e confiável. A manutenção, bem como seus planos, são partes essenciais para se agregar valor aos ativos da usina. Assim, a manutenção repre- senta um papel estratégico e não somente operacional, contribuindo para a otimiza- ção de sua operação. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação68/201 4.1 Tipos de manutenção das turbinas hidráulicas As manutenções nas usinas hidrelétricas e demais instalações são classificadas basi- camente em preventiva e corretiva (ABNT, 1994). A manutenção preventiva atua na prevenção prévia de defeitos, a fim de que o funcionamento do equipamento, por exem- plo, das turbinas, não seja afetado. As ati- vidades são geralmente executadas através da detecção de falhas incipientes e peque- nas correções (ABNT, 1994). As manuten- ções preventivas costumam ocorrer em in- tervalos previamente definidos, dando ori- gem ao que chamamos de plano de manu- tenção, cujo objetivo é evitar que as taxas de falha ultrapassem os níveis adequados à manutenção da confiabilidade. A manuten- ção corretiva, que deve ser reduzida pelos planos de manutenção preventiva, ocorre quando há uma falha ou quebra do equipa- mento (ABNT, 1994). Todo tipo de manutenção, preventiva ou corretiva, causa indisponibilidade no equi- pamento, porém nem sempre há a paralisa- ção da usina. No caso de uma usina hidrelé- trica, por exemplo, a utilização de técnicas de detecção sistemática e monitoramento da turbina e demais equipamentos contri- bui para redução da indisponibilidade e au- mento de sua eficiência operacional (ÁLVA- RES, 2007). Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação69/201 Link É importante que você conheça as formas de ma- nutenção de turbinas hidráulicas existentes. Por isso, recomendamos que faça a leitura do arti- go disponível em: <http://www.alvarestech. com/temp/simprebal/Relatorios_Tecnicos- -Publicacoes-Dissertacoes/docs/artigos/ CAIP2007_A76.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2017. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação70/201 Glossário ONS: Operador Nacional do Sistema. SIN: Sistema Interligado Nacional. ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas. Questão reflexão ? para 71/201 Para a fixação dos conceitos e aumento da compreen- são do tema, realize uma pesquisa a respeito de turbinas hidráulicas utilizadas nas usinas em geral, contemplan- do as suas características construtivas, vantagens, des- vantagens e um panorama atual desses equipamentos em usinas hidrelétricas ao redor do mundo. 72/201 Considerações Finais • Assim como o gerador de energia, as turbinas são equipamentos essenciais para o funciona- mento de uma usina e os principais tipos são Francis, Pelton, Kaplan e Bulbo. • A maior parte das usinas hidrelétricas brasileiras utiliza turbinas do tipo Francis e Bulbo, sen- do que os maiores projetos atuais, Complexo do Madeira em Rondônia e Belo Monte no Pará, utilizam turbinas do tipo Bulbo. • Cada usina apresenta uma turbina em função de suas características, mas vale ressaltar que as turbinas do tipo Bulbo têm sido utilizadas com frequência no Brasil por dispensar o uso de grandes reservatórios. • Por se tratar de um dos equipamentos mais importante da usina, as turbinas hidráulicas de- vem operar dentro de certos limites, a fim de se manter sua confiabilidade e segurança ope- racional. • Um plano de manutenção preventiva adequado reduz a necessidade de manutenção correti- va nas turbinas hidráulicas, aumentando a sua vida útil e contribuindo para elevar os níveis de disponibilidade e confiabilidade das usinas. Unidade 3 • Turbinas hidráulicas: características e operação73/201 Referências ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-5462: confiabilidade e mantenabilidade, 1994. ÁLVARES, A. J. Sistema de Manutenção baseada em condição para usina hidrelétrica de Balbina. UNB Congresso de Manutenção Aplicada, Brasília – DF. 2007. ALVES, G. M. Avaliação da viabilidade de aplicação de uma micro central hidrelétrica, para atender aos consumidores localizados em regiões isoladas. 2007. 156 f. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2007. ANEEL. Atlas da Energia. Parte II Energias Renováveis. 2016. Disponível em: <www.aneel.gov.br>. Acesso em: 14 jan. 2018, BORTONI, V. Operação de turbinas hidráulicas e reguladores de velocidade. Itajubá: Editora FUPAI, 2010. CAMARGO CORRÊA ENGENHARIA. Manual de montagem de usinas hidrelétricas. s.l. 2006. REIS, L. B.; SILVEIRA, S. Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: EDUSP. 2001. 74/201 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Turbinas Hidráulicas: Caracterís- ticas e Operação. Bloco I Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a0bad87d6fc56752714f69cb6ffd7136>. Aula 3 - Tema: Turbinas Hidráulicas: Caracterís- ticas e Operação. Bloco II Disponível em: <https://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e9e7942d0d5f6c77b18ba8f91b79db6a>. 75/201 1. Em relação às características das turbinas, julgue os seguintes itens: I. São equipamentos classificados em dois tipos, impulso e reação. II. A turbina do tipo Bulbo é um exemplo de turbina de ação. III. A turbina do tipo Francis é a mais utilizada nas usinas hidrelétricas brasileiras. IV. Para a utilização das turbinas tipo Pelton, há a necessidade de grandes desníveis hidroló- gicos. Baseado nas informações, assinale a alternativa correta. a) Apenas o item I está correto. b) Apenas o item II está correto. c) Apenas o item III está correto. d) Apenas os itens I e II estão corretos. e) Apenas os itens I e IV estão corretos. Questão 1 76/201 2. Em relação às turbinas do tipo Francis, é correto afirmar. a) Tipo de turbina mais utilizada no mundo devido ao seu menor custo em comparação com as demais. b) Apresenta uma elevada faixa de aplicação em relação a desníveis hidrológicos. c) A utilização desse tipo de turbina permite a compactação da usina, se comparada com as turbinas do tipo Bulbo. d) Tipo de turbina utilizada somente para desníveis hidrológicos elevados. e) Esse tipo de turbina é pouco utilizado nas usinas hidrelétricas brasileiras. Questão 2 77/201 3. Em relação à utilização de turbinas hidráulicas nas usinas hidrelétricas brasileiras, julgue os seguintes itens: I. A turbina do tipo Pelton é utilizada no Brasil nas usinas em que há grandes desníveis hidro- lógicos. II. A turbina do tipo Bulbo é a menos utilizada no Brasil. III. A turbina do tipo Francis é uma das mais utilizadas nas usinas hidrelétricas brasileiras. IV. Não há utilização de turbinas do tipo Kaplan nas usinas hidrelétricas brasileiras. Baseado nas informações anteriores, assinale a alternativa correta. a) Apenas o item I está correto. b) Apenas o item II está correto. c) Apenas o item III está correto. d) Apenas os itens I e III estão corretos. e) Apenas os itens I e IV estão corretos. Questão 3 78/201 4. Em relação à operação das turbinas, é correto afirmar: a) São equipamentos que não necessitam operar dentro de limites de vazão e pressão. b) Equipamentos de fundamental importância e devem operar dentro de limites de vazão e pressão, a fim de não comprometer sua vida útil. c) As turbinas hidráulicas não têm muita importância nas usinas hidrelétricas. d) A frequência de 60 Hz nos geradores elétricos das usinas independe da velocidade das tur- binas hidráulicas. e) A variação do rendimentode uma turbina hidráulica não tem relação com os níveis de vazão a qual ela é submetida. Questão 4 79/201 5. Em relação à manutenção das turbinas hidráulicas, é correto afirmar: a) Trata-se de equipamentos de pouca importância e manutenção simples. b) Não necessitam de planos de manutenção específicos. c) A correta manutenção desses equipamentos contribui para o aumento de disponibilidade da usina e redução do seu custo operacional. d) O problema de cavitação das turbinas já foi totalmente sanado no passado e hoje não se observa mais devido às modernas técnicas de manutenção. e) Caso se tenha um plano de manutenção bem estruturado, não há a necessidade de mão de obra capacitada para a realização dos serviços. Questão 5 80/201 Gabarito 1. Resposta: E. As turbinas de ação são do tipo Pelton. A turbina tipo Francis não é a mais utilizada. 2. Resposta: B. De acordo com Reis e Silveira (2001), esse tipo de turbina pode ser aplicado em desní- veis hidrológicos que variam de 20 a 700 m. 3. Resposta: C. De acordo com dados do ONS (s.d.), a tur- bina tipo Francis é a segunda mais utilizada nas usinas hidrelétricas brasileiras, ficando atrás somente das turbinas do tipo Bulbo. 4. Resposta: B. De acordo com Bortoni (2010), por se tra- tarem de equipamentos de operação com- plexa, as turbinas hidráulicas devem operar dentro de certos limites de variação de va- zão, a fim de se manter sua confiabilidade operativa e manutenção de sua vida útil. 5. Resposta: C. A manutenção das turbinas hidráulicas nas usinas hidrelétricas, executada a partir de um plano de manutenção estruturado e com mão de obra especializada, contribui fortemente para a redução dos custos ope- racionais e redução da disponibilidade da instalação. 81/201 Unidade 4 Subestações e linhas de transmissão Objetivos Apresentar e discutir os seguintes tópicos referentes às subestações e linhas de trans- missão: 1. Características e arranjos típicos. 2. Equipamentos da subestação. 3. Operação e manutenção das subesta- ções e linhas de transmissão. Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão82/201 Introdução Nas subestações das usinas estão os equi- pamentos responsáveis pela distribuição da energia elétrica gerada. Parte fundamental das subestações, os transformadores são os equipamentos utilizados para elevar ou reduzir a tensão em níveis que viabilizem a transmissão e distribuição da energia gera- da. As linhas de transmissão, que têm como origem as subestações elevadoras das usi- nas, são as responsáveis pelo transporte da energia gerada até o consumidor final, que por sua vez são alimentados pelas subesta- ções rebaixadoras. Ao se elevar a tensão elétrica, os transfor- madores reduzem as perdas de energia ao longo do transporte da energia gerada pelo sistema elétrico. Ao rebaixar a tensão, já nas áreas urbanas, viabilizam a distribuição da energia nas cidades. A energia gerada nas usinas é transmitida e distribuída através de um grande e comple- xo sistema de subestações, linhas de trans- missão e usinas, denominado Sistema Elé- trico Nacional, operado sob supervisão do Operador Nacional do Sistema. 1. Características e arranjos típi- cos Segundo a definição de Mamede (2016), subestações são instalações elétricas que compreendem máquinas ou aparelhos, ins- talados em ambiente fechado ou ao ar li- vre, destinadas à transformação da tensão, distribuição da energia, seccionamento de Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão83/201 linhas de transmissão e, em alguns casos, à conversão de frequência e conversão de corrente alternada em contínua. As subestações apresentam diferentes ar- ranjos típicos que variam de acordo com sua importância ao SIN. Cada arranjo tem suas características operativas e de confiabili- dade, sendo que para uma maior confiabi- lidade, necessariamente o investimento de construção, operação e manutenção será maior. Os principais arranjos de subestação utili- zados nas usinas e demais instalações elé- tricas são: • Subestação em barra simples. • Subestação em barra simples seccio- nada. • Subestação em anel. • Subestação em barra principal e trans- ferência. • Subestação em barra dupla (4 ou 5 chaves). • Subestação em disjuntor e meio. Na sequência, abordaremos as caracterís- ticas principais, vantagens e desvantagens de cada arranjo apresentado anteriormen- te. 1.1 Subestação em barra sim- ples Esse tipo de arranjo é utilizado em subesta- ções rebaixadoras nos centros urbanos, ge- ralmente na tensão máxima de 138 kV. De Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão84/201 menor custo, apresenta flexibilidade limitada e confiabilidade reduzida, uma vez que o desliga- mento do barramento da subestação leva à perda total da carga atendida. A Figura 1 apresenta um esboço de uma subestação em arranjo de barra simples. Figura 1 | Subestação em arranjo de barra simples Fonte: ONS Procedimentos de Rede Módulo 2.3 Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão85/201 1.2 Subestação em barra simples seccionada Também típico de subestações rebaixadoras dos centros urbanos, é um arranjo derivado do tipo barra simples, porém com maior confiabilidade e custo ligeiramente maior, já que o secciona- mento da barra não leva ao corte total da carga em caso de falha do dispositivo. A Figura 2 ilustra esse tipo de subestação. Figura 2 | Subestação em arranjo de barra simples seccionada Fonte: ONS Procedimentos de Rede Módulo 2.3 Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão86/201 1.3 Subestação em arranjo anel Utilizadas em subestações em que se re- quer maior confiabilidade, esse arranjo uti- liza somente um disjuntor por circuito que conta sempre com dois caminhos de ali- mentação da carga, aumentando sua con- fiabilidade. Seu custo é maior se comparado às soluções em barra simples, devido a uma maior necessidade de área e quantidade de equipamentos. Observe o esboço dessa su- bestação na figura que se segue. Figura 3 | Subestação em arranjo anel Fonte: ONS Procedimentos de Rede Módulo 2.3 Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão87/201 1.4 Subestação em barra princi- pal e transferência Esse tipo de arranjo apresenta maior con- fiabilidade e viabilidade de manutenção em função da existência de chaves que permi- tem o contorno dos disjuntores em carga, permitindo a intervenção no equipamento. Esse tipo de arranjo é exigido pelo ONS para conexão no SIN, para tensões entre 138 kV e 230 kV. A Figura 4 ilustra a subestação em barra principal e transferência. Figura 4 | Subestação em barra principal e transferência Fonte: ONS Procedimentos de Rede Módulo 2.3 1.5 Subestação em barra dupla (4 ou 5 chaves) As subestações de configuração em bar- ra dupla geralmente são utilizadas para a conexão entre sistemas de suprimentos, o Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão88/201 que demanda alta flexibilidade e confiabi- lidade, características desse tipo arranjo. Esse arranjo pode ser construído com qua- tro ou cinco chaves, dependendo do nível de confiabilidade e flexibilidade que se deseja. Além disso, permite que a seleção de barra seja feita sob carga, aumentando a confia- bilidade e flexibilidade da subestação. No caso de perda de uma das barras, os circui- tos da barra de carga podem ser facilmen- te transferidos para a barra remanescente. Na Figura 5 é apresentada a configuração com quatro chaves em que apenas a barra B pode ser utilizada para transferência de cargas. Por outro lado, na Figura 6, observa- mos o arranjo com cinco chaves em que as duas barras podem ser utilizadas. Figura 5 | Subestação em barra dupla (arranjo com quatro chaves) Fonte: ONS Procedimentos de RedeMódulo 2.3 Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão89/201 Figura 6 | Subestação em barra dupla (arranjo com cinco chaves) Fonte: ONS Procedimentos de Rede Módulo 2.3 1.6 Subestação em arranjo disjuntor e meio As subestações concebidas no arranjo disjuntor e meio são utilizadas quando se opera uma grande concentração de cargas, por exemplo, as subestações de rede básica do SIN (345 kV, 440 kV, 500 kV e 765 kV). Essa configuração é exigida pelo ONS para os níveis de tensão anteriores devido ao elevado nível de segurança em relação a cortes de carga. Nesse arranjo, cada dois circuitos estão localizados em uma seção de barra separada em que há três conjuntos de disjuntores e chaves seccionadoras para cada par de circuitos. Para garantia dos altos níveis de confiabili- dade e flexibilidade, todos os disjuntores e Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão90/201 chaves seccionadoras são capazes de ope- rar com corrente de carga de dois circuitos. Esse arranjo apresenta a desvantagem de contar com um disjuntor e meio por circuito, além de um elevado número de manobras para a recomposição do sistema em caso de desligamentos. A construção da subestação nesse arranjo exige elevado investimento que só se jus- tifica em casos em que a confiabilidade é o fator maios importante. A Figura 7 ilustra as situações relatadas anteriormente para esse arranjo. Figura 7 | Subestação em arranjo disjuntor e meio Fonte: ONS Procedimentos de Rede Módulo 2.3 Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão91/201 2. Equipamentos das subesta- ções Após a escolha do arranjo adequado, outro ponto importante das subestações são os equipamentos a serem utilizados. As subes- tações, basicamente, são compostas pelos equipamentos de transformação, opera- ção/manobra e proteção. Classificados como equipamentos de trans- formação, os transformadores são utiliza- dos para a elevação ou redução dos níveis de tensão, a fim de viabilizar a transmissão e distribuição da energia gerada nas usinas. Equipamentos de custo elevado e funda- mental para a subestação, os transforma- dores utilizam isolação a óleo mineral ou vegetal e devem contar com planos de ma- Para saber mais Um tipo de instalação de uso restrito aqui no Bra- sil são as subestações HVDC (High-Voltage Direct Current), que contam com módulos de conversão CA-CC e CC-CA. No Brasil, as usinas hidrelétricas que contam com esse tipo de instalação são UHE Itaipu, UHE Jirau, UHE Santo Antônio e UHE Belo Monte. Link Mais informações sobre as subestações HVDC estão disponíveis em: <https://www.youtube. com/watch?v=GWyMDhs8x4o>. Acesso em: 5 dez. 2017. Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão92/201 nutenção preventiva, a fim de se garantir a sua confiabilidade. Para a operação e manobra das subesta- ções são utilizados disjuntores e chaves seccionadoras, equipamentos de operação sob carga e sem carga respectivamente. Os disjuntores são dispositivos que operam sob corrente de carga e por essa razão necessi- tam de meios de extinção do arco voltaico, como óleo, gás SF 6 , vácuo etc. A fim de se proteger os equipamentos da subestação e ou sistema elétrico, são uti- lizados os dispositivos de proteção. A pro- teção dos sistemas e ou equipamentos das subestações usualmente é feita por meio de relés ou proteção intrínseca dos equipa- mentos como os transformadores (relé Bu- chholz, válvula de alívio etc.). Na sequência, serão apresentados mais detalhes a respeito dos assuntos citados anteriormente, fazendo com que ao final desse módulo você conheça as principais características dos equipamentos das subestações. 2.1 Equipamentos de transfor- mação – transformadores Os equipamentos de transformação, ou simplesmente transformadores, são dis- positivos que operam através da indução eletromagnética e dessa forma elevam ou reduzem os valores de tensão. Geralmente são dotados de dois enrolamentos, primá- rio e secundário, em que a variação de ten- são é diretamente proporcional ao número Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão93/201 de espiras, conforme a equação a seguir. Na equação anterior os valores de tensão v 1 variam diretamente com a quantidade de espiras N 1 , enquanto que os valores de ten- são v 2 variam diretamente com a quantida- de de espiras N 2 . Dessa forma, quanto maior o número de espiras, maior será o valor de tensão e vice-versa. Nas subestações das usinas hidrelétricas há a utilização de transformadores elevado- res, utilizados para a elevação dos níveis de tensão dos geradores (geralmente 13,8 kV) para valores de transmissão (69, 138, 230, 345, 500 kV). Essa elevação de tensão é fundamental para a redução das perdas elétricas e des- sa forma viabilizar a transmissão da energia gerada nas usinas para a utilização nos cen- tros de carga. A Figura 8 ilustra um transfor- mador de potência destacando suas partes principais. Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão94/201 Figura 8 | Transformador de potência utilizado em subestações BUCHAS AT e MT SISTEMAS DE PROTEÇÃO E MEDIÇÃO DE TEMPERATURA COMUTADOR SOB CARGA PAINEL DE CONTROLE CARACTERÍSTICAS BÁSICAS PROJETO ELÉTRICO PROJETO MECÂNICO TIPOS DE RESFRIAMENTO Fonte: Vasconcellos (2007) Adaptado pelo autor. Além dos transformadores elevadores, nas subestações das usinas ainda há os transformadores de serviço auxiliar e transformadores de instrumentos, TP (transformadores de potencial) e TC (transformadores de corrente). Os transformadores de serviço auxiliar são equipamentos de me- Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão95/201 nor porte, responsáveis pelo fornecimen- to de energia para a operação, comando e controle das subestações. Já os transforma- dores de instrumentos TP e TC são os equi- pamentos responsáveis por reduzir os níveis de tensão da subestação a valores compa- tíveis para a utilização em relés, medidores etc. 2.1 Equipamentos de operação e manobra Os disjuntores e chaves seccionadoras são os equipamentos destinados à operação e ou manobra das subestações de energia. Destacaremos os principais aspectos des- tes instrumentos. 2.1.1 Disjuntores Os disjuntores são os equipamentos utili- zados nas subestações para a realização de manobras sob carga nas subestações, uma vez que são dotados de meios de extinção do arco voltaico. Eles devem ter capacida- de de fechamento e abertura sob carga em condições normais e anormais de operação, além de poder operar em alta tensão (AT) e média tensão (MT). Na condição normal de operação, o disjun- tor fechado deve suportar a corrente nomi- nal da linha dentro dos limites de tempe- ratura permitidos. Na condição desligado, a distância de isolamento deve suportar a tensão de operação e sobre tensões inter- nas geradas por surtos de manobra ou des- cargas atmosféricas. Unidade 4 • Subestações e linhas de transmissão96/201 A utilização de disjuntores nas subestações garante a integridade dos equipamentos e, sobretudo, das pessoas responsáveis pela operação nas usinas. Cada tipo de disjuntor demanda um tipo de manutenção e cuida- dos. Por se tratar de um equipamento tão impor- tante, a confiabilidade é fator fundamental para os disjuntores de potência e sua esco- lha deve ser resultado de um projeto e aná- lise rigorosos, de forma a definir o tipo de equipamento mais adequado para a subes- tação. 2.1.2 Chaves seccionadoras Chaves seccionadoras são dispositivos uti- lizados para a realização de manobras, sec- cionamento ou isolamento de um circuito elétrico (MAMEDE, 2016). Elas são dispositivos que não podem operar sob carga e, em condições
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