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Toxicocinética e Toxicodinâmica nteração organismo x toxicanteI : 1º momento - oposição à movimentação (absorção, distribuição) 2º momento - destruição e eliminação (metabolização e excreção) Absorção e distribuição A absorção é a passagem de substâncias do local de contato para a circulação sanguínea. Nessa passagem, os agentes atravessam várias barreiras que são as membranas, tais como epitélio estratificado da pele, dos pulmões, do TGI e endotélios capilares. As membranas celulares geralmente têm a espessura variável de 7 a 9 nm e são constituídas de dupla camada de fosfolipídios com grupos polares voltados para as faces externas e ácidos graxos enfileirados perpendicularmente, voltados para o espaço interno. Os xenobióticos atravessam as membranas por diferentes mecanismos, dependendo da sua propriedade físico-químicas. Mecanismos de transporte Transporte passivo (mais comum): é dependente exclusivamente do gradiente de concentração. Esse processo compreende a filtração, que é a passagem de moléculas polares, hidrossolúveis, pelos poros aquosos da membrana e, a difusão lípidica que é a passagem de moléculas hidrofóbicas por difusão através de membranas. Os eletrólitos fracos, representados pelas substâncias de natureza ácida ou alcalina possuem na sua forma ionizada pouca afinidade por lípidios, impossibilitando assim sua passagem por difusão lipídica. Somente sua forma não ionizada consegue transpor membranas. Transporte ativo: caracterizado pelo consumo de energia, movimento de substâncias contra gradiente de concentração e a existência de proteínas carreadoras de moléculas, as quais apresentam seletividade perante as substâncias e se saturam em altas concentrações. Difusão facilitada: nesse processo, a substância é transportada por carreador, sem contudo haver consumo de energia. A passagem através de membranas se faz a favor do gradiente de concentração. Pinocitose: é um processo especial de passagem de partículas líquidas através de células, por mecanismo de fagocitose, que é a ingestão de partículas sólidas por células especiais. Vias de exposição de toxicantes: Especiais: iv, sc, im (medicamentos) Respiratória: ambientais Dérmicas: ambientais Gastrointestinal: ambientais Distribuição: são transportados pelo sangue e pela linfa para os diversos tecidos. Portanto, a distribuição depende muito dos fluxos sanguíneos e linfáticos nos órgãos. Naturalmente, o equilíbrio de distribuição é atingido rapidamente atingido nos tecidos que recebem grande circulação dos fluidos (coração, cérebro, fígado) e lentamente nos órgãos pouco irrigados (ossos, unhas, dentes). As partículas ou moléculas de substâncias tóxicas saem do leito vascular para os espaços extracelulares, dispersando-se no fluido intersticial. Daí, para atingir o fluído intracelular, devem atravessar as membranas celulares. Os processos fisiológicos determinam a concentração e a velocidade com que a substância tóxica atinge os órgãos-alvo, nos quais vai produzir seu efeito deletério. Fatores que interferem com o volume de distribuição: - fluxo sanguíneo - volume hídrico - integridade de barreiras - ligação às proteínas do plasma - fixação celular preferencial Ligação às proteínas sanguíneas A albumina representa o componente mais importante pela afinidade que tem a grande número de substâncias. Os fármacos de caráter ácido ligam-se quase exclusivamente à albumina, enquanto os de caráter básico ligam-se em menor proporção. A competição entre dois xenobióticos, frente a sítio comum de fixação de moléculas protéicas, tende a impedir mutuamente a fixação, aumentando suas porções livres Esse mecanismo é de suma importância entre os medicamentos, podendo haver potencialização dos seus efeitos terapêuticos e tóxicos. Os xenobióticos livres são transportados aos tecidos, onde podem se fixar aos componentes teciduais. As concentrações alcançadas nos tecidos dependem portanto, do fluxo sanguíneo e da afinidade dos xenobióticos aos componentes teciduais. Nos tecidos, os xenobióticos fixam-se a vários componentes celulares, de acordo com a sua natureza química. Biotransformação e eliminação Biotransformação: modificação química enzimática de endobióticos e xenobióticos dentro do organismo vivo Metabolização - metabólito → subproduto Objetivos: tornar a molécula mais polar; aumentar o tamanho e o peso molecular; facilitar a excreção. Consequências: Diminui a meia vida biológica do toxicante; reduz o tempo de exposição; reduz a possibilidade de acumulação; provável modificação da atividade biológica; alteração na duração da atividade biológica; bioativação. A biotransformação é toda alteração que ocorre na estrutura química da substância, no organismo. A biotransformação de xenobióticos se dá geralmente sob atuação de enzimas inespecíficas. A biotransformação se dá geralmente no fígado, nas enzimas microssomais localizadas no retículo endoplasmático liso. De modo geral, esses agentes são inativados por biotransformação. Fase I: oxidação, redução, hidrólise Fase II: conjugação e síntese Após passar pelos dois tipos de reação, ocorre a excreção dos metabólitos. Reações hepáticas: Sistema citocromo P-450: as enzimas que compõem o sistema citocromo P-450 (CYP) são de maior importância entre as envolvidas nas reações da fase I de biotransformação. Nesse sistema, o citocromo P-450 é a enzima terminal com afinidade aos diversos substratos, enquanto a NADPH citocromo P-450 redutase é a enzima intermediária responsável pela transferência de elétrons provenientes da fonte geradora. Outros sistemas enzimáticos: - Monoaminaoxidades - Ciclo-oxigenases - Hidrolases - Redutases - Flavinas Função: converter compostos lipofílicos (apolares) em compostos hidrofílicos (polares) por introdução de um grupo funcional Enzimas de conjugação - fase II Função: converter compostos eletrofílicos e compostos nucleofílicos, em compostos hidrofílicos (polares) por conjugação com substratos endógenos. Excreção de primeira passagem: é o fenômeno do metabolismo dos fármacos no qual a concentração do fármaco é significantemente reduzida (e inativada) pelo fígado antes de atingir a circulação sistêmica. Fatores que modificam a biotransformação: - constitucionais - etnia - genéticos - sexo (interferência hormonal) - patologias (cirrose, hepatite) - idade - estado nutricional - indução enzimática por fatores externos A inibição enzimática envolve mecanismos múltiplos, desde a inibição da síntese protéica até a competição com os substratos nos centros ativos comuns das enzimas. Síntese “de novo” de proteínas/enzimas - Praguicidas (organoclorados e piretróides) - Álcool - Medicamentos (gardenal) - Benzopireno (cigarro) Excreção: Principais (ou primárias): Renal - substâncias polares e hidrossolúveis Pulmonar - substâncias gasosas ou voláteis Biliar - substância com muita lipossolubilidade Fecal - substâncias não absorvidas quando administradas via oral Secundárias- leite materno (praguicidas, medicamentos, metais) - saliva - lágrima - suor - secreção nasal - fâneros: unhas e cabelos (metais) Toxicodinâmica A parte da toxicologia que estuda a natureza da ação tóxica de substâncias químicas em um sistema biológicos A intoxicação pode ser classificada como agudas e crônicas, conforme o número e a persistência de contato do sistema biológico com o agente. A intoxicação aguda é decorrente de um único contato, ou múltiplos contatos com o agente tóxico, num período de 24 horas. Os efeitos surgem de imediato ou no decorrer máximo de 2 semanas. Os parâmetros mais utilizados para expressar o grau de toxicidade aguda de substâncias químicas são a DL50 e a DL10 . A intoxicação crônica resulta de contatos repetidos com o agente tóxico, num período de tempo prolongado, de meses ou anos. Muitos compostos não chegam a causar danos após alguns contatos, porém, em contatos prolongados, podem promover efeitos lentos e graves, como são os casos de mutagenicidade e carcinogenicidade Mecanismos gerais da toxicidade Passo 1 - fase cinética: transferência do sítio de exposição ao alvo Passo 2 - fase dinâmica: reação do toxicante (metabólito) com o alvo (molecular ou não) Passo 3 - disfunções celulares e toxicidades resultantes Passo 4 - reparação ou não reparação Exemplos de mecanismo de ação que levam à toxicidade: Alteração da energia celular - aumento da permeabilidade da membrana mitocondrial. levando a inibição da respiração celular Ligação à macromoléculas críticas para a vida celular - genotoxicidade e câncer provocados por ligação de agentes ao DNA. Estresse oxidativo - formação de peroxigenados, induzindo peroxidação de lipídeos. Inibição do reparo do DNA. Interferência com a neurotransmissão - piretróides como antagonistas de GABA Interferência com funções de membrana - alteração no fluxo de íons Perturbação da homeostase do cálcio - alteração do cálcio celular por piretróides e organo-clorados Interferência com a produção de energia - desacoplamento da fosforilação oxidativa Ligação com biomoléculas - interferência com funções enzimáticas Efeitos tóxicos especiais Embirofetotoxicidade - mutagênese - teratogênese - reprogramação fetal: os agentes químicos ou ambientais quando expostos a uma rata gestante, podem originar alterações no nascimento e na vida adulta da sua ninhada, podendo ser de caráter comportamental, endócrino, de expressão gênica e modificações epigenéticas. Desregulação endócrina Avaliação de risco e de toxicidade para agentes químicos - prejuízo de uma ou mais funções orgânicas; reversível ou permanente. Tipos de risco Ambiental - população em geral (alimentos, água, ar) Ocupacional - exposições ocupacionais (manufaturadores, misturadores, carregadores, aplicadores, colhedores, manipuladores) Envenenamento - acidental, suicida O que é avaliação de risco? caracterização de efeitos adversos sobre a saúde resultantes da exposição a agentes químicos perigosos Principais áreas e problemas: Agropecuária - praguecidas, metais Atividade industrial em geral - particulados, químicos Oficinas (mecânica/funilaria, soldagem), gráficas, pinturas - particulados, metais pesados, solventes orgânicos. Gasolinas e óleos Limpeza e desinfecção (capina química, dengue, atividade hospitalar, …) - praguicidas, domisanitários, cloro, aldeídos, cetonas. Laboratórios: químicos em geral. Objetivos da avaliação de risco 1. Fazer o balanço risco x benefício: drogas praguicidas, metais pesados, etc 2. Determinar origens e fontes de risco: contaminantes alimentares, poluição de água, solo, ar, etc 3. Estabelecer prioridades de programas: através de agências regulatórias, manufaturadores, organizações ambientais, consumidores, etc 4. Estimar risco residual 5. Promover a redução de dano Problemas: - Limitação de informações - Ignorância fenomenológica - Altos custos Fase 1 - Identificação do perigo Avaliação qualitativa dos efeitos adversos à saúde, provocados por um agente químico em animais ou humanos → avaliação de toxicidade Métodos de avaliação de toxicidade: - relação da estrutura - atividade - bioensaio com animais - testes in vitro - uso de dados epidemiológicos (evidências de uma associação positiva entre a exposição e doença) Fase 2 - Caracterização de risco isco probabilidade de perigo r = Modelos de estudos para caracterização de risco: 1) Avaliação de consequências da exposição: avaliação dose-resposta; observações clínicas; 2) Previsão de risco (pressuposições a partir de modelos matemáticos) 3) Monitorização de exposição (susceptibilidade dos indivíduos) Finalidade da avaliação da exposição: - Definir toxicidade intrínseca do agente - Prever toxicidade para espécies alvo e o perigo para espécies não alvo - Determinar as espécies mais susceptíveis - Identificar órgãos alvo - Prover informações para o sistema médico (poder fazer o diagnóstico e tratamento) Exposição (quanto ao tempo/frequência de exposição) - Aguda (único evento) - Sub-crônica ou subaguda (≤ 10% da vida do indivíduo) - Crônica (10 a 100% da vida do indivíduo) Termos que descrevem a relação dose-efeito Noel - nenhum nível de efeito observado Loel - baixo nível de efeito observado Noael - nenhum nível de efeito adverso observado Loael - baixo nível de efeito adverso observado Fel - alto nível de efeito A classificação toxicológica também usa dados obtidos da: toxicidade a curto (dados sub-crônicos) e a longo prazo (crônicos) - dados sobre lesões oculares - dados sobre lesões dérmicas - dados sobre sensibilização dérmica - dados sobre neurotoxicidade - dados sobre propriedades carcinogênicas; mutagênicas e teratogênicas. - Dados sobre efeitos tóxicos à reprodução e ao desenvolvimento (pré e pós-natal) Observações clínicas (sinais e sintomas) durante o processo de caracterização de risco: respiratórios, atividade motora, convulsão, reflexos, sinais oculares, gastrointestinais e cardiovasculares, salivação, piloereção, dor, analgesia, tônus muscular, pele, etc. Monitorização da exposição: Utilização de bio-indicadores - De exposição (dose interna ou primária): chumbo no sangue; fenol urinário para compostos com anel benzênico - De efeito: atividade da acetilcolinesterase para organosfosforados e carbamatos - De função: comportamento para avaliar a neurotoxicidade - Ambiental: ar respirado, agaricus (Pb), peixes e pássaros (praguicidas) - importância da bioconcentração Fase 3 - Gerenciamento de risco Aplicação de índices de segurança Diminuir ou fazer cessar a incidência de efeitos adversos à saúde humana e animal. Limites de tolerância biológica (ex. valor limite sanguíneo - metais, praguicidas) Limites de tolerância ambiental (ex. valor limite em água de beber - metais, praguicidas, fármacos) Valores limites limiares Concentração máxima permissível - para contaminantes ou aditivos em alimentos ou em água (IDA - ingestão diária aceitável) Para o ambiente de trabalho- % de substâncias no ar inspirado Fase 3- restauração ambiental Métodos biológicos - biorestauração - fitorestauração Métodos químicos - neutralização - desestabilização molecular (ruptura) - extração Confinamento e manejo Uso do biocarvão para enriquecer e proteger o solo: Biocarvão: feito a base da queima de bambu e palha de milho a altas temperaturas e sem oxigênio. Se complexa a metais pesados como chumbo, cádmio, e outros como zinco, impedindo sua solubilização na água dos solos. Risco ocupacional: avalia o ambiente e as condições de trabalho Presença da substância ou metabólito (biondicador primário) + Presença da substância no ambiente (bioindicador ambiental) + investigação clínica positiva - sintamotologia Toxicologia de animais venenosos Animais venenosos: possuem o veneno nos seus tecidos, entretanto, não existe nenhuma estrutura capaz de injetá-lo. Portanto, o envenenamento é passivo, por contato (taturana), compressão (sapo), ingestão (peixe baiacu – toxina produzida pela contaminação de bactérias, portanto, a ingestão sem manipulação correta, culmina na contaminação), etc. Os venenos têm como finalidade a proteção. Animais peçonhentos: produzem substâncias tóxicas e apresentam um aparelho inoculador. As substâncias tóxicas são produzidas e armazenadas em glândulas que se comunicam com o aparelho inoculador – permite a inoculação do veneno. Portanto, o envenenamento é ativo. Tem como finalidade proteção bem como predação. Serpentes, aranhas, escorpiões, etc. O veneno é estudado: - Esclarecimento de fenômenos fisiológicos e fisiopatológicos – a análise do que os venenos promoviam no indivíduo, podem ser úteis para a compreensão da fisiologia e fisiopatologia do indivíduo – permitiu o conhecimento de receptores, como nicotínicos, bem como melhor compreensão de processos de coagulação sanguínea, inflamação. - Novos tratamentos – produção de soros - Novas substâncias terapêuticas produção de fármacos como analgésicos, para hipertensão (Captopril), utilizados para o tratamento de tumores, por sua capacidade citotóxica, fontes de substâncias para análises clínicas (indivíduo faz teste para análise do tempo de coagulação – produto a partir do veneno de serpente), ou seja, interesse investigacional. - Esclarecer relações taxonômicas Alta incidência de acidentes se dá pelo clima (favorece a biodiversidade), população potencialmente agrícola sem condições sanitárias adequadas bem como um crescimento desordenado, ou seja, invasão do homem do ambiente dos animais peçonhentos (grande quantidade é tida como acidente de trabalho). Maior incidência nos últimos anos: crescimento da população. Caracterização dos acidentes facilita o tratamento: - Identificação do animal para soro específico – imunoterapia passiva (específica). Pegar o animal e levar até o local de tratamento não é aconselhado, devido ao fato de que a chance de agravar é grande - Sintomatologia Composição dos venenos: são compostos por uma mistura - Proteínas (enzimas) – tem elevada afinidade e especificidade de alvos críticos – receptores, canais iônicos, enzimas – atuam em diferentes sistemas do organismo simultaneamente, promovendo uma característica de sinergismo ao veneno - Peptídeos - Aminas biogênicas - Carboidratos - Lipídeos - Componentes inorgânicos Ações farmacológicas: Atuam em vários órgãos e sistemas: - Ações diretas ou indiretas – veneno de jararaca causa necrose por ação direta (no veneno, há miotoxinas que são toxinas que tem afinidade pelo tecido muscular) e por ação indireta (no veneno, há hemorraginas – metaloproteinases – que causa lesão de vasos sanguíneos, e, portanto, compromete a chegada de nutrientes, componentes inflamatórios, etc, o que amplia o quando de necrose) - Locais – dor, edema, eritema, necrose - Sistêmico – SNC ou SNP – a maior parte dos venenos são proteínas, portanto, o alcance do SNC é barrado por uma hematoencefálica, portanto, os que tem ação são um número pequeno, entretanto, muito dos venenos atinge o SNP, por tendência a promover paralisia, sistema cardiovascular, renal, muscular. Entretanto, tem um predomínio sempre. Escorpião: - Distribuição geográfica ampla, exceto polos gelados. - No Brasil, é tido como um problema de saúde pública. - Período do ano que ocorre acidente – meses quentes e chuvosos - Grupo de maior risco – crianças maior concentração quando comparado a um adulto - Faixa etária – 15 a 49 anos. - Local da picada – mãos e antebraços (65%). - Principais espécies de importância médica: Tityus serrulatus (letalidade e acidentes de maior gravidade – amarelo), Tityus bahiensis (marrom), Tityus stigmurus (preto) - Apresenta bastante proteínas e peptídeos, além de algumas proteínas de baixo peso molecular, permitindo a passagem pela barreira hematoencefálica além de prejudicar a mesma, quando há uma alta concentração do veneno - Tem efeito nos canais de sódio voltagem-dependentes mudando sua atividade (despolarização das terminalizações nervosas pós-ganglionares, com liberação de catecolaminas e acetilcolina). Permitem que o canal de sódio fique aberto mais tempo, há um maior tempo do potencial de ação – PA em qualquer sinapse há a abertura de canais de cálcio, entrada de cálcio bem como exocitose do neurotransmissor. Nesse contexto, o indivíduo tem a informação ampliada (dor normal dor amplificada). - Manifestações de efeitos simpáticos ou parassimpáticos – sistemicamente, há uma grande quantidade de neurotransmissor sendo liberada. - Quadro clínico: dor local, hipo ou hipertermia, sudorese profusa, náuseas, vômitos, sialorréia, alterações cardiovasculares, insuficiência cardíaca congestiva, alterações respiratórias e edema pulmonar agudo, agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores, priapismo (ereção peniana duradoura e espontânea) – estímulo de SNA simpático e parassimpático - Tratamento – soro anti-escorpiônico - Manutenção das funções vitais quando o quadro é agudo – controle da função cardíaca e respiratório. Aranhas: - Distribuição a nível mundial, exceto regiões muito frias - Phoneutria, Loxoceles (aranha-marrom), Latrodectus (viúva-negra). Phoneutria – não constroem teias, “errantes”, caçam a noite e apresentam-se em posição de ataque quando ameaçadas – é conhecida como armadeira. Aranha de bananeira – comumente encontrada em bananeiras. - Local – é encontrada intra e peridomicílio (áreas urbanas). - Relacionadas ao ato de calçar, no manuseio de frutas e legume. - Veneno – mecanismo de ação: semelhante ao do escorpião, pois também afeta canais de sódio – despolarização das fibras musculares e de terminações nervosas sensitivas, motoras e do SNA – promove a liberação de neurotransmissores do SNA como catecolaminas e acetilcolina – com sintomatologia semelhante (estímulo simpático e parassimpático, como taquicardia, hipertensão, sudorese profusa, agitação psicomotora, visão turva, vômitosocasionais, dores abdominais,priapismo, convulsões, edema pulmonar agudo e parada cardiorrespiratória – crianças, idosos, contato constante). - Tratamento – antiveneno específico e controle dos sinais vitais. - Acidentes leves são mais frequentes Loxoceles – Acidentes mais graves – na hora não causa sintomas e demora para procurar tratamento. - Intradomiciliar (limpeza, calçados), pequena, causa necrose. Não são agressivas e picam quando são comprimidas. - Não causa dor no ato, demora na busca de ajuda e após 12 horas demonstra dor, edema, febre e hiperemia local . - Composição de enzimas – dentre as quais está a esfingomielinase-D (grande importante para o estabelecimento da dermatonecrose). Atua na membrana das células do endotélio e hemácias, promove uma cascata do SC e em etapas da coagulação e formação de plaquetas. - Quadro clínico local: dor, eritema, edema e necrose. Há hemólise intravascular de natureza multifatorial e quando há evolução há uma insuficiência renal aguda. Lesão vascular promove a liberação de mioglobina que se precipitam nos rins. - Tratamento: anti-veneno, corticosteróides e em casos graves é necessária hemodiálise Latrodectus - Podem apresentar hábitos domiciliares. - Não são agressivas, e picam quando são comprimidas contra o corpo. - São pequenas, mas o veneno é potente – mecanismo de ação do veneno (alfa-latrotoxina – atua sobre terminações nervosas sensitivas, provocando quadro doloroso no local da picada e promove liberação de neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos. Altera a permeabilidade aos íons sódio e potássio na terminação nervosa motora) - Causa manifestações locais – dor local, sensação de queimadura, hiperestesia, presença de placa urticaliforme e enfartamento ganglionar. Manifestações sistêmicas – tremores, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaleia, prurido, eritema de face e pescoço - Dor irradiada para membros inferiores, contraturas musculares periódicas, movimentação incessante, contratura facial – trismo dos masseteres, caracteriza o fácies latrodectísmica - Cardiovasculares: opressão precordial com sensação de morte iminente, taquicardia inicial e hipertensão seguidas de bradicardia. Outras: náuseas e vômitos, retenção urinária, dor testicular, priapismo e ejaculação, protse e edema, - Tratamento: soro Serpentes: - Alta incidência - Período do ano – quentes e chuvosas - Grupo de pessoas – trabalhadores do campo e sexo masculino - Faixa etária: 15-49 anos - Local da picada: membros inferiores (62,75%) e superiores (12,15%) - Bothrops (90,5%) (jararaca) – solenóglifas – família viperidae - A maioria dos venenos são constituídos por proteínas (fosfolipase A2, hialuronidases, cininogenase, trombina, esterases, endopeptidases, fosfatases, metaloproteinases, miotoxinas), maioria, e uma fração não proteica (carboidratos, lipídicos, aminas biogênicas e componentes inorgânicos – auxiliam na ação das proteínas). Mecanismo de ação: Ação neurotóxica: coral e cascavel. Alto índice de letalidade. Pode evoluir para paralisia cardiorrespiratória. Agem na junção neuromuscular. Presença de neurotoxinas que interagem com receptores nicotínicos, podendo ter ação pré-sinaptica cascavel- (impedindo a liberação de acetilcolina = não há sinapse) ou pós-sináptica – coral- (bloqueando receptores nicotínicos) - Ação hemorrágica: é mediada por metalo-protínases (hemorraginas), que afetam a lamina basal dos capilares, aumentando a permeabilidade - Bothrops - Ação coagulante: presença da enzima trombina símile, que converte fibrinogênio em fibrina (semelhante a trombina) e quando faz isso gera micro coágulos instáveis, podendo causar hemorragia a longo prazo, pois consome todo o fibrinogênio para a formação de fibrina que não evolui para um coágulo - Bothrops - Ação proteolítica: causada por miotoxinas (fosfolipase A2), que pode causar efeito miotóxico local (difícil de tratar porque a ligação da toxina com o músculo é muito rápida) ou efeito miotóxico sistêmico – Crotalus – (presença de mialgia e urina cor de coca cola – rabidomiólise – pois esse veneno é distribuído, cai na corrente sanguínea e se liga em diversos músculos, causando lesão na membrana desses músculos, liberando mioglobina) - Tratamento: Soroterapia, com soro espécie-específico - Nem toda pessoa picada precisa de soro, pois ele possui riscos por ser uma substância anômala ao indivíduo.É necessária observação prévia, pois, as vezes a serpente fez uma picada branca Lepdópteros: Borboletas (diurnas) e mariposas (noturnas) – asas recobertas por escamas que causam os problemas alérgicos e inflamatórios. Holometabolia (desenvolvimento completo: ovo larva pupa adulto) - Podem promover acidentes na forma larvária (taturana/lagarta) ou formas adulta - Forma larvária – quase 100% dos acidente. - O acidente é denominado erucismo - Principais famílias: megalopygidae, saturniidae ou arctiidae. - Megalopygidae – lagarta de fogo - Cerdas verdadeiras, pontiagudas contendo glândulas basais de peçonha. - Cerdas mais longas, coloridas e inofensivas. - Saturniidae: Espinhos ramificados pontiagudos com glândulas de peçonha nos ápices. Tonalidade esverdeada e o dorso e laterais contém manchas e listas. - Gênero Lonomia – causam a Síndrome Hemorrágica. - Gênero Hylesia sp. e o contato com a pele causa dermatite papuloprurigiona. Quando batem as asas, liberam as cerdas – quadro alérgico e dermatite. - Actiidae:Espécie Premolis semirufa - Na forma larvária, causa a pararamose que é uma doença ocupacional que atinge trabalhadores nos seringais. - Acidentes: Dermatites urticantes: causado por lagartas de vários gêneros. Comum em todo o Brasil e o curso é agudo porém de evolução benigna. As exceções são acidentes com a Lonomia sp. - Ações da peçonha são pouco conhecida, mas se atribui aos líquidos da hemolinfa bem como da secreção das espículas contendo histamina conjunto de substâncias que induz a liberação de histamina pelos mastócito.Consequente a histamina – manifestações dermatológicas, dor local intensa, edema, eritema, prurido local. - Tratamento:compressas frias, analgésicos locais, elevação do membro acometido, corticosteróides tópicos e anti-histamínicos - Dermatite urticante papulopruriginosa: - Fêmeas do gênero Hylesia sp. que liberam as espículas no ambiente e, quando em contato com a superfície cutânea, causam uma dermatite aguda - Causa um intenso prurido e o tratamento é semelhante a dermatite causada pelas lagartas - Periartrite falangeana (pararamose). Causada pela larva da Premolis semirufa (pararama) - 90% dos acidentes comprometem as mãos – localizadas em seringais. - Lesões crônicas que comprometem as articulações falangeadas que leva a deformidade e incapacidade funcional.Não há conduta específica. - Semelhante ao da dermatite urticante no início, mas as formas crônicas tem as alterações. - Síndrome Hemorrágica. - Atinge trabalhadoresrurais sendo as espécies de maior importância: Lonomia achelous e Lonomia obliqua - Mecanismo de ação do veneno: não é esclarecido, tem a presença de fosfolipase A2, substância caseinolítica e ativadora do complemento. Tem ação pró-coagulante moderada (diminuição dos níveis do fator XII que é responsável pela estabilização da fibrina bem como controle da fibrinólise) bem como ação sobre as membranas. Não há alteração das plaquetas - Quadro clínico: equimoses espontâneas a distância do contato com a Lonomia sp., hematúria macroscópica. Intoxicações por medicamentos Os benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e anti-inflamatórios são as classes de medicamentos que intoxicam em nosso país. Pilares do tratamento da intoxicação: - Tratar todas as manifestações clínicas, independente do tóxico - suporte geral - Interromper/diminuir absorção do tóxico - se chegar a tempo - Aumentar a eliminação do tóxico - se for possível - Neutralizar a ação tóxica - se há fármaco adequado Antídoto - conceito: agente terapêutico que age biologicamente diminuindo ou neutralizando a ação de um agente tóxico, ou opondo-se aos seus efeitos, através de diferentes mecanismos. Quando o antídoto age por competição com o agente tóxico pelo mesmo receptor no sítio de ação ele é chamado de antagonista. Mecanismos de ação: - Da ação física de adsorção/absorção - Bloqueadores da biotransformação - Que atuam sobre o receptor - Bloqueadores da ação farmacológica - Que atuam por quelação. Carvão ativado: indicado para a maioria das intoxicações por medicamentos, agrotóxicos ou plantas. Age realizando a adsorção do agente tóxico através de poros presentes na partículas do CA Características: pó finamente dividido, da polpa da madeira e submetido a processos especiais de ativação. A administração é realizada através da v.o ou sonda de lavagem. E possui como principal efeito adverso a constipação intestinal. O carvão ativado é inefetivo contra: álcalis caústicos, lítio, álcoois e sais de ferro. E possui pouca efetividade contra organoclorados e digoxina. Ácido valproico: medicamento utilizado no tratamento da epilepsia, transtorno bipolar e na profilaxia da enxaqueca. Mecanismos de efeitos tóxicos: bloqueia canais de sódio e cálcio voltagem-dependentes, estabilizando a membrana e inibindo a condutância responsável pelas crises epiléticas. Os efeitos tóxicos decorrem da potencialização dos efeitos farmacológicos e resultam em depressão do SNC. Ocorre também alteração no metabolismo liídico e também hiperamonemia. Dose tóxica: - Intoxicação leve > 200mg/kg; depressão do SNC; - Intoxicação moderada: > 400mg/kg, efeitos em múltiplos órgãos. - Intoxicação grave: > 750mg/kg, potencialmente letal. Manifestações clínicas: - Intoxicação leve a moderada: letargia, sedação, vômitos e taquicardia. - Intoxicação grave: depressão do SNC, coma, pupilas podem estar mitóticas, hipotensão, taquicardia. Tratamento: Medidas de suporte: - Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário - Monitorizar sinais vitais - Manter acesso venoso calibroso; - Hidratação adequada - Correção de alterações elitrolíticas. Descontaminação: lavagem gástrica + carvão ativado devem ser realizados precocemente, até 2 horas da exposição. Antídoto: não há antídoto específico Anti-inflamatório não esteróides (AINEs) A maioria dos seus efeitos tóxicos são causados pela inibição da enzima COX. A dose tóxica ocorre após a ingestão de 5 a 10 vezes a dose terapêutica. O uso crônico/inadequado pode trazer maiores prejuízos tais como: alterações gastrointestinais, renais e cardiovasculares. Tratamento Medidas de suporte: - desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário Descontaminação: lavagem gástrica e carvão ativado não têm indicação de rotina, no entanto devem ser considerados para pacientes com ingestão de dose maciça ou uso de preparações de liberação prolongada. Em casos de intoxicações graves, a diálise não é indicada devido alta ligação protéica. Anticolinérgicos: Macanismos de efeitos tóxicos: antagonizam os efeitos da acetilcolina por competição em receptores muscarínicos periféricos e centrais. As glândulas exócrinas e os músculos lisos são frequentemente afetados. A inibição da atividade colinérgica muscarínica no coração leva à taquicardia. Manifestações clínicas Intoxicação leve: sonolência, midríase, rash cutâneo, febre, boca seca, taquicardia … Intoxicação grave: delírio, psicose, alucinações, convulsões, hipertermia e coma. Descontaminação: a lavagem gástrica não é necessária nas pequenas ingestões; pela diminuição da motilidade gastrintestinal a descontaminação pode ser realizada em pacientes que chegam mais tardiamente. Antídoto: fisostigmina Antidepressivos ISRS: medicamento utilizados no tratamento da depressão e de outros transtornos psiquiátricos. Manifestações clínicas: Intoxicação leve a moderada - ataxia e letargia Intoxicação grave: bradicardia, hipotensão, depressão do snc e coma Descontaminação: lavagem gástrica + carvão. Não há antídoto. Antidepressivos tetracíclicos e tricíclicos: medicamentos utilizados no tratamento da depressão maior, insônia e síndromes dolorosas crônicas. Mecanismo de efeitos tóxicos: ações em diversos receptores no organismo, gerando antagonismo colinérgico, bloqueio de canais de sódio e potássio e depressão respiratória e do sistema nervoso central. Síndrome complexa: evidente caráter anticolinérgico Fase 1 (12-24h): excitação, delírios, alucinações, hipertermia, mioclonias, convulsões tônico-clônicas, distonias. Fase 2 (24-72h): coma, depressão respiratória, hipóxia, hiporreflexia, hipotermia e hipotensão. Fase 3 (> 72h): retorno ao quadro de agitação, delírios e marcada síndrome anticolinérgica. Descontaminação: Realizar lavagem gástrica precoce, e posteriormente administrar carvão ativado. Não há antidoto. Paracetamol: Efeito terapêutico: inibe a síntese de prostaglandinas no sistema nervoso central e na periferia através da inibição da COX O subproduto obtido através do sistema P450 é hepatotóxico, normalmente a NAPQI reage com os grupamentos -SH da glutationa (GSH), produzindo o ácido mercaptúrico-cisteina. Em superdosagem, a produção do NAPQI excede a capacidade de conjugação com GSH e o NAPQI reage diretamente com as macromoléculas hepáticas. Manifestações clínicas: Fase 1 (30 min a 24h): Sintomatologia inespecífica Fase 2 ( 24 a 72h): sintomatologia mais evidente → elevação de enzimas hepáticas e bilirrubinas. Função renal começa a alterar Fase 3 (72h a 96h): caracterizada pelas sequelas da lesão hepática → alteração da coagulação sanguínea, icterícia, náuseas e vômitos; insuficiência renal; coma; ÓBITO Fase 4 (4 dias a 2 semanas): recuperação hepática com fibrose residual nos pacientes que sobrevivem. Descontaminação: considerar realização de lavagem gástrica e a administração de carvão ativado após uma ingestãopotencialmente tóxica; É mais eficaz quando realizado no prado de 1 hora após a ingestão. Antídoto: N- acetilcisteina (NAC) Desreguladores endócrinos ambientais Substâncias naturalmente presentes no ambiente ou de origem antropogênica que podem interferir com o sistema endócrino de vertebrados, promovendo ações de desregulação e modulação. Essas interferências dependem do tipo molecular, modo de ação, da concentração do organismo e da frequência e do tempo de exposição Em humanos, a desregulação endócrina foi observada pela primeira vez a partir do uso da Talidomida, no início dos anos 60, esse medicamento tinha como objetivo combater os enjoos matinais no início da gravidez, entretanto, a exposição à esse medicamento causava mal formações congênitas no embrião. No ambiente ecológico, a bióloga Rachel Carson denunciou os efeitos nocivos que os agentes químicos originavam na vida selvagem, e sua luta a favor do meio ambiente inspirou a criação do EPA (agência de proteção ambiental americana). O reparo biológico pode se dar: Molecular: - Proteína - Lipídio - DNA Celular: - Inflamação/Necrose Tecido: - Apoptose - Proliferação - Regulamentação endócrina O sistema endócrino sustenta o equilíbrio biológico, mantendo a homeostasia. Entretanto, esse sistema pode sofrer interferência dos poluentes ambientais. Em animais selvagens, os desreguladores endócrinos podem afetar os processos evulocionários, dentre eles os fatores sócio-sexuais (associados com agressão competitiva, comportamento territorial, selecção do par para acasalamento, cuidado materno) e comportamentos não sociais (exploração e fatores homeostáticos) Os fatores que podem influenciar favorecendo a desregulação endócrina podem ser: espécie, sexo, idade, estresse, desordens herdadas, estado nutricional, hábito de fumar, consumo de álcool, uso de medicação, e a exposição concomitante a outros produtos químicos ou fatores físicos. As fases susceptíveis aos desreguladores endócrinos são: gravidez, infância e puberdade, podendo ter efeitos sobre a reprodução, fertilidade, desenvolvimento e até mesmo câncer do sistema endócrino. Os estrógenos são hormônios sexuais extremamente importantes para o sistema reprodutivo feminino, desempenhando papel chave no: - desenvolvimento fetal masculino e feminino - essenciais para o crescimento, diferenciação e função dos tecidos. A avaliação da alteração nas atividades reprodutivas de fêmeas incluem manifestações como: subfertilidade ou infertilidade, retardamento do crescimento intra-uterino, abortos espontâneos, malformações, defeitos de nascimento, morte pós-natal, deficiências da aprendizagem, alterações do comportamento de filhotes e envelhecimento prematuro. A avaliação da alteração nas atividades reprodutivas de machos incluem: tamanho/peso do testículo, qualidade do sêmen, função secretória da próstata. função secretória das vesículas seminais, função endócrina reprodutiva, impotência ou libido reduzida, câncer de próstata. Os desreguladores endócrinos podem agir em doses de exposição baixissímas, possuindo um efeito sutil e na maioria das vezes tardio que é persistente em seus descendentes. O que são e como agem? São xenobióticos com estrutura química geralmente análoga aos endobióticos, influenciam negativamente os processos fisiológicos e bioquímicos, regulados através de glândulas endócrinas, por serem “confundidos” pelo organismo, alterando assim a homeostase celular. Os estudos recentes com fluoroquímicos (repelem água e óleo simultaneamente, utilizados para revestir papel e placas de papelão, encontrados principalmente em revestimento de embalagens de alimentos) mostraram que eles podem afetar a esteroidogenese, diminuindo o nível de andrógenos e aumentando o nível de estrógenos. Desregulação endócrina por ação sobre os corticoesteróides (menos conhecida) Podem interferir com: - Glucocorticóides: cortisol em humanos e corticoesterona em roedores - Mineralcorticóides - aldosterona e deoxicorticosterona. Podem provocar vários tipos de doença, dentre elas: neurológicas, imunológicas e síndrome metabólica. Agentes com capacidade de desregulação endócrina: - Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PHAs) - Poluentes orgânicos persistentes (POPs) - Dietilstilbestrol (usado na gravidez) - Ftalato de dietila (cosméticos e perfumes) - Bisfenol A (BPA - plásticos) - Benzofenona (fotoquímica) - Cloroflorocarbonados - Praguicidas - Metais - Samicarbazida (embalagens de alimentos) Possuem efeito sobre: o desenvolvimento reprodutivo, comportamental e alterações hormonais diversas. Os metais pesados e praguicidas podem causar desregulação endócrina por: - Ações no SNC que provocam efeitos comportamentais (ansiedade, hiperatividade, agressividade, depressão e emocionalidade alterada) - Perda progressiva de células dopaminérgicas da substância nigra, e consequente perda do controle sobre a função motora (parkinson) Estudos com cádmio mostram que pode ser um importante indutor de câncer de próstata. Em animais, doi testado os herbicidas PARAQUAT (bipiridilo) e MANEB (Mn + carbamato), dos dias 5 ao 19 pós natal, e foi observado sintomas de parkinson quando jovem, e a re-exposição quando adulto intensificou os sintomas. As substância ambientais, podem ainda alterar a programação fetal, afetando assim aspectos do desenvolvimento intra-uterino e pós-natal (imediato ou tardio) Hipótese da origem da saúde e doença durante o desenvolvimento (DOHaD) O início do desenvolvimento da vida é um período extraordinariamente sensível, os estressores (agentes ambientais), podem alterar a expressão gênica, níveis de proteínas, o número, a origem ou a localização de células, causando alterações na função dos tecidos e órgãos. Essas mudanças persistem após o estressor ir embora e provoca susceptibilidade aumentada para e disfunções, que ocorrerão mais tarde na vida adulta do indivíduo. Hipótese da obesidade: DEs agem como agentes obesogênicos Os DEs obesogêncios agem: - aumentando o nº e tamanho das células gordurosas - estocando calorias - alterando a taxa metabólica basal; - alterando a microbiota intestinal para estocar alimento; - alterando o controle hormonal do apetite e da sociedade; - alterando os circuitos cerebrais controladores da ingestão de alimentos e gasto energético. Alguns DEs impactam negativamente os níveis de insulina, e junto, as funções imune, hepática e cardiovascular. Os DEs considerados obesogênicos são: dietil-etil-bestrol, bisfenol A, DDT, tributiltin, perfluorooctanoates, ftalatos. Plásticos Ftalatos: usados em objetos domésticos infantis, para dar mais flexibilidade Bisfenol A: compõe o material das garrafas PET, embalagens de alimentos, cosméticos, insumos médicos e farmacêuticos. Urina Fêmeas de mamíferos eliminam: estrógenos, anticoncepcionais, medicamentos de reposição hormonal. Embora os estrógenos naturais não persistam por muito tempo, a aglomeração urbana garantesua constante renovação no esgoto doméstico. Obs: não são eliminados no tratamento da água Agropecuária ISOFLAVONAS (fitoestrógenos) - São excretadas na urina de humanos e animais, não sendo eliminadas no tratamento da água. INSETICIDAS: Diuron e finopril atualmente utilizados na cultura de cana-de-açúcar, tem atividade estrogênica. Poucos solúveis em água, os praguicidas tentam a se acumular no solo, nos sedimentos aquáticos e na cadeia alimentar, não sendo eliminados na água METAIS: Aparecem como contaminantes de fertilizantes fosfatados (bastante utilizados em grandes culturas) Arsênio, cádmio, chumbo, zinco e cobre: São solúveis em água e se acumulam no solo, nos sedimentos aquáticos e vão parar na cadeia alimentar. São captados por plantas e aparecem em produtos manufaturados. Não são eliminados no tratamento de água. Herbicidas: Atrazina é um dos maiores contaminantes de água, não sendo eliminado no tratamento. Fluídos elétricos São bifenilas policloradas (mais conhecidas como ascarel). Eram usadas como fluidos de equipamentos elétricos (principalmente transformadores), até sua proibição em 1980, entretanto, um grande número de máquinas antigas ainda operam com ascarel. São insolúveis em água e se disseminaram pelo planeta via cadeia alimentar. Transporte marítimo Compostos orgânicos à base de estanho, como tributilestanho (TBT) - conhecida como “tinta envenenada” - Usados no revestimento externo das embarcações - Interferem no desenvolvimento sexual de moluscos e crustáceos, podendo estar causando a extinção de várias espécies. - No brasil são vendidos sem restrições. Poluição atmosférica Queima de combustíveis fósseis e biomassa gera: hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), dioxinas e furanos. Contaminam o ar, água e esgoto e se incorporam à cadeia alimentar (são interferentes endócrinos) Dioxina - cancerígena Uso Abusivo de Drogas e Farmacodependência Grupo de fármacos que afetam o humor e o comportamento: - Fármacos Ansiolíticos e Sedativos (Tranquilizantes menores): reduzem a ansiedade e causam o sono. - Fármacos Antipsicóticos (Neurolépticos ou Tranquilizantes Maiores): são usados para tratar a esquizofrenia. - Fármacos antidepressivos: são usados para tratar depressão. - Psicoestimulantes (Fármacos estimulantes psicomotoroes): produzem estados de alerta e euforia (anfetamina, cocaína e cafeína). - Fármacos alucinógenos e psicodislépticos: causam distúrbios da percepção (alucinações) e do comportamento (dietilaminda do ácido lisérgico – LSD). O uso abusivo de substâncias está relacionado com a via de recompensa – vias neuronais que participam dessa via são a dopaminérgicas. Drogas ilícitas exacerbam as sensações de prazer. Dependência dos fármacos: descreve a situação em que seu consumo assume uma qualidade compulsiva, ocorrendo prioridade sobre outras necessidades e desenvolve-se com resultado da administração repetida do fármaco. Todos os fármacos que causam dependência têm efeitos importantes sobre o Sistema Nervoso Central. Substâncias podem causar dependência física, psicológica e mental, social. Vício aos fármacos: geralmente implica o estado de dependência física. Abuso dos fármacos ou de substâncias: qualquer uso recorrente de substância ilegal ou que causa dano ao indivíduo. O que os une é que as pessoas acham o seu efeito agradável (hedônico): as pessoas tendem a procura-lo para repeti-lo, uma ação que reflete o efeito (comum a todos os fármacos que causam dependência). Natureza da dependência dos fármacos: a característica comum dos fármacos que podem produzir dependência é que produzem um efeito de recompensa, fazendo com que o indivíduo desenvolva um desejo compulsivo e resultando em administração repetida da substância. Característica comum dos fármacos que causam dependência: - Reforço positivo ou “recompensa” (comportamento que leva a nova administração) que leva a nova administração. Aumento da probabilidade de ocorrência de qualquer comportamento que resulta no fármaco sendo administrado (repetidamente), como isolamento, interação com pequenos grupos. Isso causa uma habituação seguida de uma tolerância, que é a diminuição do efeito farmacológico quando a administração é repetida; - Reforço negativo (não administração após uma habituação) que leva a síndrome de abstinência – é possível avaliar as respostas psicobiológicas dos indivíduos, ou seja, efeitos adversos físicos e psicológicos. Efeito aversivo, no qual o indivíduo tentará escapar da autoadministração do fármaco; Indivíduo que utiliza há dias x há anos. O primeiro expressa mais receptores e se torna dependente, ou seja, precisa utilizar uma menor quantidade da droga para ter o mesmo efeito. Após o uso de anos, há a redução dos receptores, logo, maiores quantidades farão o mesmo efeito. Via dopaminérgica: - Via extrapiramidal-nigroestriatal: locomoção e coordenação (Parkinson). Quando há o uso abusivo de drogas, a desinibição das vias dopaminérgicas pertencentes a essa via e o indivíduo apresenta sinais e sintomas de Parkinson (parkinsonismo); - Via mesolímbica-mesocortical: estende-se através do feixe medial do pró-encéfalo, a partir da área tegumentar ventral do mesencéfalo até o núcleo accumbens e região límbica. Integração de emoções e comportamentos. - Quando há o uso de drogas de abuso, há uma hiperativação ou desinibição da via dopaminérgica na região mesolímbica-mesocortical, enquanto que em situações normais essa via está inibida e controlada. As drogas de abuso não se limitam apenas a essa via. - Quando não há o contato com a droga de um usuário, ou seja, durante a crise de abstinência a quantidade de dopamina era baixa e isso causava os sintomas referentes a emoções e comportamentos. Os fármacos que causam dependência aumentam a liberação de dopamina no núcleo accumbens. Ativação da via dopaminérgica: a tirosina é um precursor para a formação da dopamina (tirosina DOPA dopamina) que é armazenada em vesículas e liberada para atuar em neurônios pós-sinápticos. Endogenamente, há um transportador de dopamina responsável pela receptação que é responsável por inibir a via. Quando há o uso contínuo de drogas de abuso, como cocaína, anfetamina (fármaco estimulante anorexígeno), há a inibição desse transportador e a dopamina fica mais tempo na fenda sináptica (desinibe a via dopaminérgica, por agir sobre o inibidor da via). Efeito hedônico dos fármacos que causam dependência resulta da ativação desta via. Além da ativação da via dopaminérgica, alguns fármacos também ativam a via noradrenérgica: a ativação da via noradrenérgica é responsável por outros efeitos como: alerta e desinibição. Morfina – é um fármaco opioide analgésico que tem capacidade de causar dependência – inibe a adenil ciclase que é responsável por mediar a conversão de ATP em AMPc, ou seja, reduz a formação do AMPc. Com o uso da morfina, a expressão daadenilato ciclase aumentou e a formação do AMPc diminuiu, inicialmente, entretanto, com o uso contínuo, posteriormente, há o aumento da produção de AMPc, pois passa a expressar mais a enzima e a necessidade da concentração da morfina deve aumentar, ou seja, desenvolve tolerância e a dose anterior não tem o mesmo efeito. Após a interrupção do uso contínuo da morfina, a expressão da adenilato ciclase e do AMPc voltam próximos da normalidade. É nessa fase que o indivíduo passa a ter abstinência. Efeitos farmacológicos e tóxicos do etanol agem sobre o SNC e o SNP. Efeitos farmacológicos do álcool: promove variação do humor (normal excitação [liberação da dopamina] depressão [liberação de dopamina e GABA] ausência de álcool plasmático). A faixa de concentração plasmática necessária para promover efeitos farmacológicos varia de 10 mmol/L até 100 mmol/L. Excitação em doses baixas (desinibição sobre neurônios dopaminérgicos da via mesolímbica). Depressão (doses altas) potencialização da inibição mediada pelo GABA. Caso a dose se mantenha alta, há a inibição da entrada de Ca pelos canais de cálcio voltagem-dependentes. Inibição da função do receptor NMDA. O receptor do GABA é do tipo canal iônico (o GABA é um neurotransmissor inibitório) que interage com o álcool por meio de um sítio alostérico (etanol interage seletivamente com o subtipo de receptor GABAA). Dessa forma, aumenta a afinidade do receptor com o GABA através do sítio central que induz uma transmissão sináptica inibitória rápida, através do SNC. Etanol inibe a liberação do neurotransmissor em resposta despolarização das terminações nervosas, ao inibir a abertura dos canais de cálcio sensíveis à voltagem nos neurônios. O local envolve a membrana pré-sináptica redução da liberação de neurotransmissor ao nível das vesículas interrupção da exocitose interferem na formação de neurotransmissor interferem na atividade de receptores pós-sinápticos. Os efeitos excitatórios do glutamato são inibidos pelo etanol (em concentrações que produzem depressão do SNC). Após uma série condicionada de estímulos, ocorre liberação suficiente do glutamato (NT excitatório). NO facilita a liberação de glutamato. A intoxicação crônica pode causar disfunções neurológicos irreversíveis: alcoólatras mostram um grau de demência e degeneração do cerebelo (deficiência de tiamina). Intoxicação por etanol: limites para efeitos brandos e não visíveis é de 50mg para cada 100ml de sangue. Conforme a concentração sobe, como entre 50-100mg, há alterações na fala, coordenação motora, autoconfiança aumentada, euforia, sendo que esses efeitos podem variar entre os indivíduos (maioria falantes ou alguns melancólicos e reservados), em 300mg há o coma alcoólico e entre 400-500mg há falência respiratória e morte. O organismo metaboliza o álcool que implica na presença de enzimas, como álcool desidrogenase, que converte etanol em acetaldeído. Depois, há a participação da acetoaldeído desidrogenase há a formação do acetato, através de uma reação de oxidação. O metabolismo ocorre no fígado. Efeitos periféricos após a intoxicação pelo etanol (aguda ou crônica): A intoxicação se dá principalmente pelo etanol e por seu metabólico. No fígado, há três principais enzimas responsáveis pela conversão de etanol em acetaldeído, como a álcool desidrogenase, catalase e acetaldeído desidrogenase é responsável pela conversão de acetaldeído em acetato é convertido em acetil-CoA e é utilizada para a produção de energia. No fígado: - Há a elevação de lactato e acidose metabólica. Como o lactato, inibe a secreção renal de ácido úrico, pode precipitar ataques de gota; - O aumento de NADH, estimula a síntese de ácidos graxos no fígado, enquanto que a oxidação via ciclo de Krebs está bloqueada; - Acúmulo de triglicerídeos neutros no fígado e lipidemia. - O aumento de NADH e a diminuição de piruvato provocam redução de gliconeogênese. Consequentemente, se o suprimento de glicogênio hepático estiver depletado pela falta de uma ingesta alimentar adequada, o etanol pode causar hipoglicemia (na metabolização do etanol, há um consumo muito grande de glicose, portanto, se o indivíduo não estiver bem alimentado, há o recrutamento de toda a energia para essa metabolização). Se o nível glicêmico abaixa, há o coma alcoólico, pois o SNC não há reserva energética de glicose; A ingestão crônica e acentuada de álcool aumenta o consumo de O2. Consequentemente, o risco de hipóxia no fígado está aumentado causando necrose das células hepáticas nos alcoólatras. Ação irritante do etanol promove lesão da mucosa gástrica, gastrite crônica, hemorragias gástrica e intestinal, lesão duodenal e pancreatite. 50% dos asiáticos apresentam variante genética ALDH-1 inativa e aldeído desidrogenase com atividade reduzida (polimorfismo no gene que promove atividade inexistente ou reduzida). Causa a sensação, mas na realidade aumenta a perda de calor corporal. Caracterizado por vasodilatação cutânea rubor facial.
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